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TCC I ADEILDA OK

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19
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNINTA – POLO ESPERANÇA
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
ADEILDA FREIRE BEZERRA
serviço social e adoção no brasil
ESPERANÇA
2021
serviço social e adoção no brasil
Trabalho de Conclusão de Curso de Serviço Social apresentado ao Centro Universitário UNINTA, Polo de Esperança, como requisito para a obtenção do título de bacharel em Serviço Social.
Orientador: Prof. Isabele Duarte
ESPERANÇA
2021
	
“Adotar uma criança é dar a luz a uma esperança”.
(Aline Ignácio Pacheco)
AGRADECIMENTOS
	
Agradeço a Deus pai todo poderoso, por ter me permitido trilhar este caminho até aqui, por ter me dado à força necessária para seguir em frente quando eu pensava em desistir;
Ao meus pais , meus exemplos de honestidade, amor e humanidade. 
Ao meu esposo Hamilton, pelo companheirismo, compreensão e força para comigo durante toda essa trajetória. 
Aos meus filhos Luiz Miguel e Maria Luiza, pelas ausências, eles são a razão pela qual busco a mudança de vida. 
Aos amigos que sempre me apoiariam, por todo carinho e força ofertados. 
As amigas Elisangela e Vitoria Daiane por compartilhar comigo vivencias e aprendizado. 
A coordenadora Marilda da Universidade UNINTA, Polo de Esperança- PB;
Ao professore Cristiano e a supervisora Acadêmica Lúcia de Fátima e aos tutores que me guiaram e ensinaram nesta longa e difícil caminhada. 
Enfim, a todos aqueles que passaram pela minha jornada e sonharam comigo minha muito obrigada!	
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO	6
2. CAPÍTULO I :O CONTEXTO DO SERVIÇO SOCIAL............................. ................9
2.1 Defesa e Ampliação dos Direitos Sociais ......................................................9
 2.2 Instrumentalidade....................................................................................... 14
3. CAPÍTULO II: A IMPORTÂNCIA DO SERVIÇO SOCIAL E O DIREITO DA FAMILIA......................................................................................................................00
3.1. Direito da Família..........................................................................................00
3.2 O Estatuto e a Rede de Proteção a Criança e o Adolescente....................00
 3.3 Atribuições do Conselho Tutelar....................................................................00
4. CAPÍTULO III: MINÍSTERIO PÚBLICO, DEFENSORIA PÚBLICA E JUSTIÇA DA INFÂNCIA.................................................................................................................00
 4.1 Acolhimento Institucional....................................................................00
 4.2 O Serviço Social no processo de Adoção. ......................................00
 4.3 Adoção..............................................................................................00
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................00
REFERÊNCIAS........................................................................................................19
1 INTRODUÇÃO
O instrumento de planejamento para a construção do Trabalho de Conclusão de Curso - TCC I foi o projeto de pesquisa que descreveu o roteiro de planejamento do TCC I sobre o tema Serviço Social e Adoção no Brasil. Nele se descreve com rigor, observando as normas técnicas e diretrizes para a construção de uma pesquisa científica, apresentado a delimitação e formulação do problema, o objetivo geral e específico, que se quer alcançar com a pesquisa, a justificativa que responde o por quer do trabalho, a metodologia que diz como o trabalho será feito. O cronograma diz quando vai ser feito o custo do projeto também é apresentado. 
O desenvolvimento deste trabalho tem a finalidade de explanar sobre o processo de adoção no Brasil, na perspectiva do serviço social. Faz um recorte da questão social no processo de atuação do assistente social, bem como a instrumentalidade do serviço social. O direito da família e da criança e do adolescente e a atuação do Assistente Social no processo de adoção.
Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça, há 617 menores com 07 anos de idade aptos para adoção, mas somente 2% dos pretendentes brasileiros estão dispostos a construir uma família com crianças nessa idade. Para crianças de 8 anos, há 305 disponíveis, a chance é ainda menor de serem adotados, somente 1% dos pretendentes estariam dispostos. As crianças acima de 9 anos, em um universo de 600 jovens contam com o interesse de 0% dos pretendentes para adoção. 
A justificativa para escolha deste tema ocorreu em razão da adoção representar um grande significado diante da sociedade, pois por meio dessa ação é possível promover uma família através de crianças e adolescentes que não chegou a conhecer o conforto de um lar, dando-lhes uma nova oportunidade para se tornarem melhores, no seio de um ambiente familiar e sadio com a finalidade de fazer essa criança se sentir integrante na família, sendo amado como filho, garantir a criança à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, o amor, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão e tudo mais que se faz necessário a um filho, tudo previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
Sendo assim, o trabalho tem como objetivo geral analisar quais as dificuldades e também as peculiaridades de um processo para a colocação de uma criança ou de um adolescente em uma família substituta, deixando pra traz as cicatrizes de ter sido abandonada, rejeitada pela sociedade, deixada de lado pelo seu meio familiar, ganhando assim um lar sadio e apto a uma criança que necessita de carinho e proteção acima de tudo.
Diante disso o atual estudo vem responder algumas perguntas sobre o processo de adoção, na ótica do serviço social no brasil. Porque é importante a atuação do serviço social no auxílio à justiça na adoção? Como o estado mínimo pode garantir os direitos das crianças e adolescente? Como o assistente social auxilia a justiça com os instrumentais técnicos? 
	
Para responder a estas questões, a pesquisa ocorreu por meio de revisão bibliográfica, através de dados coletados em referencias como livros, estudos jurídicos, doutrinários, legislação nacional pertinente, jurisprudência e decisões relevantes. Outras fontes de pesquisa foram os bancos de dados disponibilizados por sítios eletrônicos de universidades públicas (federais, estaduais e municipais), institutos e centros de pesquisa.
Para melhor compreender o tema desenvolvido, a metodologia divide-se em quatro capítulos: 
O primeiro capitulo faz um breve contexto sobre o Serviço Social, conhecimentos teóricos, metodológicos e éticos que fundamentam a busca pela defesa e ampliação dos direitos sociais e das políticas sociais, sob a atuação do Assistente Social.
A segunda seção nos remete a instrumentalidade, que visa condição necessária para o trabalho social.
O segundo capitulo busca conhecer o direito da família, de acordo com a Convenção Americana sobre Direitos Humanos “a família é o elemento natural e fundamental da sociedade e deve ser protegido pela sociedade e polo Estado”.
O terceiro capitulo refere-se ao Estatuto da Criança e do Adolescente, juntamente a da Infância e Juventude, a atuação do assistente social se dá com o objetivo de contextualizar e proceder à análise das condições vivenciadas por crianças e adolescentes em situação especial e o processo de adoção.
Por fim, o quinto reflete o serviço social no processo de adoção, já que o assistente social tem um relevante papel a desenvolver, permeado de desafios à atuação profissional.
cAPITULO i: Serviço social
2.1 defesa e ampliação dos direitos sociais
O Serviço Social e seus vínculos com a Questão Social é praticamenteum consenso entre os teóricos e os profissionais de Serviço Social que a Questão Social seja o seu objeto de intervenção. Isso acontece porque os assistentes sociais surgiram para responder às manifestações da Questão Social emergente do capitalismo e da revolução industrial.
 O assistente social surgiu para ser o solucionador das necessidades humanas. A Questão Social comporta o conceito de necessidades Humanas, podendo ser encontrada nas diversas camadas da sociedade e nos diversos sistemas de governo e econômicos. A Questão Social não é apenas vivenciada pelos pobres e não se identifica única e exclusivamente com o sistema capitalista. A Questão Social apreendida como o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz comum à produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a apropriação dos seus resultados mantém-se privada, monopolizada por uma parte da sociedade. (IAMAMOTO, 2009). 
O serviço social tem na questão social a base de sua fundação como especialização do trabalho. O esforço profissional em tentar solucionar a Questão Social não deve ser tomado como uma tentativa de destruir a profissão e que muito menos ele deve deixar de lutar contra os problemas que surgirem sob o argumento de manter a profissão. A permanência da Questão Social não necessariamente implica que ela permaneça com as mesmas manifestações. O homem é uma conquista histórica do gênero humano, o que inclui o enriquecimento de seus sentidos; logo, também depende de sua apropriação de manifestações e exigências que possam motivar e ampliar suas capacidades de modo a se apropriar da riqueza humana. (BARROCO, 2010)
Necessidades humanas sempre existirão e, portanto, acabar com algumas manifestações existentes implica que outros desafios aparecerão, sendo os assistentes sociais chamados a responder a novas expressões. As propostas imediatas para enfrentar a questão social atualizam a articulação assistência focalizada, com o reforço do poder coercitivo do Estado em detrimento da construção do consenso necessário ao regime democrático.
 Na análise da questão social quando suas múltiplas e diferenciadas expressões são desconectadas de sua gênese comum, desconsiderando os processos sociais contraditórios, na sua dimensão de totalidade, que as criam e as transformam. A pulverização e fragmentação das questões sociais, atribuindo unilateralmente aos indivíduos singulares a responsabilidade por suas dificuldades e pela sua pobreza, isentando a sociedade de classes de sua responsabilidade na produção das desigualdades sociais. Perde-se assim a dimensão coletiva da questão social que se expressa na vida dos indivíduos singulares. (CFESS, 2012).
As sequelas da questão social passam a ser objeto de ações eventuais, fragmentárias, transferidas a organismos e entidades privadas e cidadãos solidários, ou objeto de pontuais iniciativas governamentais movidas por interesses clientelistas e eleitorais, impulsionando o desmonte dos direitos sociais universais. Apoia-se na autonomização das múltiplas expressões da questão social em detrimento da perspectiva de unidade. “A questão social é expressão do processo de produção e reprodução da vida social na sociedade burguesa, da totalidade histórica concreta”. (IAMAMOTO, 2009, p.114). A origem da questão social imanente à organização social capitalista, o que não elimina a necessidade de apreender as múltiplas expressões e formas concretas que assume.
A difusão de um discurso genérico e uma visão unívoca e indiferenciada da questão social, prisioneira das análises estruturais e segmentadas da dinâmica conjuntural, da vida e da luta dos sujeitos sociais. Só é possível avançar na definição da matéria do Serviço Social, na particularização das competências e atribuições do assistente social ao se considerar as expressões específicas da questão social. O rebaixamento dos custos do fator trabalho tem peso importante, envolvendo o embate contra a organização e as lutas sindicais, os cortes de salário, cortes na contratação e direitos conquistados.
 A necessidade de redução de custos para o capital revela-se na figura do trabalhador polivalente, em um amplo enxugamento das empresas, com a terceirização dos serviços e a decorrente redução do quadro de pessoal, tanto na esfera privada quanto governamental. A concorrência entre os capitais estimula um acelerado desenvolvimento científico e tecnológico, que revoluciona a produção de bens e serviços. Reduz-se assim a demanda de trabalho vivo ante o trabalho passado, incorporado nos meios de produção, com elevação da composição técnica e de valor do capital.
 As intervenções estatais a serviço dos interesses privados articulados no bloco do poder, contraditoriamente, conclamam-se, sob inspiração liberal, a necessidade de reduzir a ação do Estado ante a questão social mediante a restrição de gastos sociais, em decorrência da crise fiscal do Estado. A resultante é um amplo processo de privatização do setor público, resultado em um Estado cada vez mais submetido aos interesses econômicos e políticos dominantes no cenário internacional e nacional, renunciando a dimensões importantes da soberania da nação, em nome dos interesses do grande capital financeiro e de honrar os compromissos morais com as dívidas interna e externa. (CFESS, 2012).
O campo do Serviço Social é demarcado e tensionado pela conjunção de uma dupla dinâmica: a que decorre do confronto entre os protagonistas sócios históricos na emersão da ordem monopólica e a que se instaura quando, esbatendo mediatamente aquele confronto na estrutura sócio ocupacional, todo um caldo cultural se instrumentaliza para dar corpo às alternativas de intervenção social profissionalizadas. (NETTO, 1996). 
O assistente social, que é chamado a implementar e viabilizar direitos sociais e os meios de exercê-los, vê-se tolhido em suas ações, que dependem de recursos, condições e meios de trabalho cada vez mais escassos para operar as políticas e serviços sociais públicos. Ao lado da naturalização da sociedade ativam-se os apelos morais à solidariedade, no contra face da crescente degradação das condições de vida das grandes maiorias. As configurações assumidas pela questão social são condicionadas pela formação cultural brasileira, em seus traços de clientelismo, em que os trabalhadores foram historicamente tratados como súditos receptores de benefícios e favores e não cidadãos, portadores de direitos. Mas aquelas configurações passam também pelas suas expressões singulares presentes na vida de cada um dos indivíduos atendidos pelo assistente social. (CFESS, 2012).
É a partir da compreensão do Serviço Social enquanto trabalho e do entendimento da “questão social” enquanto seu objetivo de ação e fundamento histórico da profissão, que a categoria pode direcionar seus esforços para a consolidação do projeto ético-político profissional – um projeto que visa a garantia de direitos e a ampliação da cidadania, contribuindo para a construção de uma sociedade igualitária e justa. (BRAVO E MATOS, 2010, p.133)
A questão social se apresenta como um eixo central capaz de articular a gênese das expressões inerentes ao modo de produzir-se e reproduzir-se do capitalismo contemporâneo, o que envolve as mudanças no mundo do trabalho, as estratégias de seu enfrentamento articuladas pelas classes sociais e o papel do Estado nesse processo, em que se destaca a política social e os direitos sociais. Os desafios teóricos, políticos e técnico-operativos postos ao Serviço Social para seu desvelamento e inserção em processos de trabalho coletivos.
Uma intepretação da questão social como elemento constitutivo da relação entre o serviço social e a realidade, tendo como mediação as estratégias de enfrentamento adotados pelo estado e pelas classes - o que engue a política social como um elemento central - tem algumas implicações. (BEHRING e BOSCHETTI, 2008, p. 53)
Como decorrência das formas lógicas de reprodução da ordem burguesa e como modalidadesócia históricas de tratamento da questão social, o Estado passa a desenvolver um conjunto de medidas econômicas e sociais, demandando ramos de especialização e instituições que lhe sirvam de instrumento para o alcance dos fins econômicos e políticos que representa, em conjunturas sócias históricas diversas. A questão social está sendo entendida como “expressão do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e do seu ingresso no cenário da sociedade, exigindo seu reconhecimento enquanto classe por parte do empresariado e do Estado”. Instrumentalização das pessoas é o processo pelo qual a ordem burguesa, por meio de um conjunto de inversões transforma os homens de sujeitos em objetos, meios e instrumentos a serviço da valorização do capital. 
É no estágio monopolista do capitalismo, dadas às características que lhe são peculiares, que a questão social vai se tornando objeto de intervenção sistemática e contínua do Estado. A utilidade social de uma profissão advém das necessidades sociais. Numa ordem social constituída de duas classes fundamentais tais necessidades, vinculadas ao capital e ao trabalho, são não apenas diferentes, mas antagônicas. As políticas sociais conceber que as políticas e o serviço social constituem-se nos espaços sócio ocupacionais para os assistentes sociais.
 As políticas sociais, além de sua dimensão econômico-política constituem-se também num conjunto de procedimentos técnico-operativos, cuja componente instrumental põe a necessidade dos profissionais.
A intencionalidade estatal sobre a “questão social” se realiza, com as características que já anotamos, fragmentando-a e parcializando a tomar a “questão social” como problemática configuradora de uma totalidade processual específica – é remetê-la concretamente à realização capital/trabalho. (NETTO, 1996, p.28).
O Estado passa a desenvolver um conjunto de medidas econômicas e sociais, demandando ramos de especialização e instituições que lhe sirvam de instrumento para o alcance dos fins econômicos e políticos que representa, em conjunturas sócio históricas diversas. 
É no estágio monopolista do capitalismo, dadas às características que lhe são peculiares, que a questão social vai se tornando objeto de intervenção sistemática e contínua do Estado. A utilidade social de uma profissão advém das necessidades sociais, instaura-se um espaço determinado na divisão social e técnica do trabalho para o Serviço Social, numa ordem social constituída de duas classes fundamentais vinculadas ao capital e ao trabalho, são não apenas diferentes, mas antagônicas. A utilidade social da profissão está em responder às necessidades das classes sociais, que se transformam, por meio de muitas mediações, em demandas para a profissão.
2.1 INSTRUMENTALIDADE
As dimensões que constituem a prática profissional do assistente social foram historicamente construídas com o desenvolvimento da história do Serviço Social. Quando nos referimos ao termo dimensão para designar a intervenção do assistente social através de seu fazer profissional, estamos aplicando este termo no sentido de dar um lugar ao Serviço Social, onde ele possa buscar as suas direções, seus princípios fundamentais, sua fundamentação para concretizar as ações objetivadas durante o processo de mediação. A escolha dos instrumentos é subjetiva, pois depende da formação individual do sujeito, onde a questão dos valores é fundamental para nortear as múltiplas direções que se constituem na trajetória deste indivíduo. Esta emancipação real consiste dentro das possibilidades impostas pelo modo de produção capitalista.
As ações profissionais do assistente social envolvem aspectos ético-políticos, a teórico-metodológico e a técnico-operativo que norteiam a direção social da prática cotidiana (CFESS, 2005, p.54). Estas dimensões não podem ser entendidas se consideradas separadamente, mas na unidade, não podemos anular que cada uma possui a sua particularidade. Constituindo a prática do assistente social.
O projeto ético-político foi reconhecido no Código de Ética de 1993, em uma conjuntura totalmente adversa à elaboração da Constituição de 1988. No início da década de 1990, o país aderia ao projeto neoliberal através da cartilha do Consenso de Washington, onde é previsto a diminuição do papel do Estado e o avanço do mercado. A entrada do neoliberalismo no Brasil incide diretamente na dimensão ético-política da prática profissional, pois irá instigar ações discriminatórias, pragmáticas e moralistas, voltando-se assim ao início da história do Serviço Social.
A dimensão teórico-metodológica exige do profissional de Serviço Social o conhecimento da realidade, dos instrumentos e do reconhecimento da importância de suas ações e do que elas podem causar na vida dos usuários. É preciso que o assistente social exerça a sua ação fundamentada em uma teoria social.
 No decorrer da história do Serviço Social várias foram as teorias que influenciaram a profissão. Como primeira delas, a teoria do positivismo, que exerceu influência no início da profissão e consequentemente, no agir profissional dos primeiros assistentes sociais. Como contraposição a essa teoria, temos o método crítico dialético elaborado por Marx, que tem como princípio o questionamento e a crítica ao sistema capitalista e as contradições inerentes a ele. Este método foi adotado no final do Movimento de Reconceituação, fazendo parte do projeto profissional da profissão. Existem outras teorias sociais que são utilizadas na academia servindo de embasamento para os assistentes sociais. 
A dimensão técnico-operativa da prática profissional do assistente social é a que mais tem destaque na história da profissão. O período que marca a dominação da dimensão técnico-operativa foi a partir da influência das teorias norte-americanas no Brasil, datada nas décadas de 1940 a 1960. Neste período o exercício profissional era realizado através da teoria positivista de Émile Durkheim. No caso brasileiro essa prática funcionalista misturou-se com a herança católica-europeia, fazendo com que em nosso país essas teorias positivistas adquirissem um caráter moralizador e pragmático, caracterizando o problema no indivíduo através da aplicação da técnica em si de forma a educar o sujeito.
 Podemos apontar a aplicação do Serviço Social de Caso, Grupo e Comunidade. Na década de 1960, esta dimensão sofre pequenos abalos, pois encontrava-se em curso o “Movimento de Reconceituação” do Serviço Social, dividido de acordo com NETTO (2008) em três direções: perspectiva modernizadora, reatualização do conservadorismo e intenção de ruptura. 
A complexidade da questão social e seu tratamento por parte do Estado fragmentam e recortam a questão social a serem atendidas pelas políticas sociais, instituiu-se um espaço na divisão sócio técnica do trabalho para um profissional que atuasse na fase terminal da ação executiva das políticas sociais, instância em que a população vulnerável recebe e requisita direta e imediatamente respostas fragmentadas através das políticas sociais setoriais.
 É nesse sentido que as políticas sociais contribuem para a produção e reprodução material e ideológica da força de trabalho e para a reprodução ampliada do capital. Como resultado destas determinações no processo de constituição da profissão, a intencionalidade dos assistentes sociais passa a ser mediada pela própria lógica da institucionalização, pela dinâmica da instauração da profissão e pelas estruturas em que a profissão se insere.
O assistente social adquire a condição de trabalhador assalariado com todos os condicionamentos que disso decorre. Na reflexão do significado sócio histórico da instrumentalidade como condição de possibilidade do exercício profissional, é importante, resgatar a natureza e a configuração das políticas sociais que, como espaços de intervenção profissional, atribuem determinadas formas, conteúdos e dinâmicas ao exercício profissional. A razão dialética considera que os processos sociais têm em si uma objetividade, uma lógica as quais podemser apreendidas pela via do pensamento. Considera que os processos sociais fazem parte de uma totalidade e são em si mesmo totalidades complexas compostas de múltiplas determinações. 
A razão dialética incorpora à contradição, o movimento, a negatividade, a própria totalidade e as mediações, buscando, desta forma, a lógica de constituição dos fenômenos e sua essência. A concepção de instrumentalidade do Serviço Social construída na base da racionalidade crítico-dialética, considerada como uma totalidade, resultado de múltiplas determinações histórico-sociais. 
Da relação dialética entre continuidade e rupturas, das inflexões que mobilizam a lógica racionalista do pensamento burguês moderno, irradiaram-se as possibilidades de compreensão das particularidades históricas do serviço Social – entendidas como campo de mediações, com dimensões e níveis de complexidade diferenciados, que me levou a analisar tanto as dimensões materiais constitutivas e constituintes da profissão quanto as expressões teóricas e metodológicas predominantes no Serviço Social. (GUERRA, 1999, p.17).
 O redimensionamento conceitual do acervo técnico-instrumental da profissão no sentido em que compreende a construção de sua instrumentalidade baseada em um conjunto de saberes específicos, composto tanto do desenvolvimento da competência técnico operativa, quanto da teórico-metodológica e da ética-política, vinculados ao contexto sócio histórico que o envolve. 
A instrumentalidade é uma capacidade que a profissão vai adquirindo na medida em que concretiza objetivos. Ela possibilita que os profissionais objetivem sua intencionalidade em respostas profissionais. O cotidiano profissional e o cotidiano das classes sociais que demandam a sua intervenção, modificando as condições, os meios e os instrumentos existentes, e os convertendo em condições, meios e instrumentos para o alcance dos objetivos profissionais, os assistentes sociais estão dando instrumentalidade às suas ações. A instrumentalidade é tanto condição necessária de todo trabalho social quanto categoria constitutiva, um modo de ser, de todo trabalho. 
 O processo de trabalho é compreendido como um conjunto de atividades prático-reflexivas voltadas para o alcance de finalidades, as quais dependem da existência, da adequação e da criação dos meios e das condições objetivas e subjetivas. Os homens utilizam ou transformam os meios e as condições sob as quais o trabalho se realiza para o alcance de suas finalidades. Este processo implica em domínio e controle de uma matéria natural que resulte na sua transformação. Este movimento de transformar a natureza é trabalho. Mas ao transformar a natureza, os homens transformam-se a si próprios. 
O desenvolvimento das conquistas materiais e espirituais do gênero humano, determinado fundamentalmente pelas forças produtivas e pelo domínio dos homens sobre a natureza, permite a liberação das capacidades humanas, concebidas por Marx como a riqueza humana, produto material e espiritual das conquistas produzidas pela humanidade. (BARROCO, 2010, p.29)
O que ocorre com a instrumentalidade com a qual os homens controlam a natureza e convertem os objetos naturais em meios para o alcance de suas finalidades, é que ela é transposta para as relações dos homens entre si, interferindo em nível da reprodução social. Mas isso só ocorre em condições sócio histórica determinada. Os homens tornam-se instrumentos de outros homens.
 
O exemplo mais desenvolvido de conversão dos homens em meios para a realização de fins de outros homens é o da compra e venda da força de trabalho como mercadoria, de modo que a instrumentalidade, convertida em instrumentalização das pessoas, passa a ser condição de existência e permanência da própria ordem burguesa, via instituições e organizações sociais criadas com este objetivo. Como decorrência das formas lógicas de reprodução da ordem burguesa e como modalidade sócia históricas de tratamento da chamada questão social, o Estado passa a desenvolver um conjunto de medidas econômicas e sociais, demandando ramos de especialização e instituições que lhe sirvam de instrumento para o alcance dos fins econômicos e políticos que representa, em conjunturas sócias históricas diversas. 
A instrumentalidade do serviço social coloca-se não apenas como a dimensão constituinte e constitutiva da profissão mais desenvolvida, diferenciada pela prática social e histórica dos sujeitos que a realizam, mas, sobretudo, como campo de mediação no qual os padrões de racionalidade e as ações instrumentais se processam. (GUERRA, 1999, p. 38) 
Na instrumentalidade a mediação permite a passagem das ações meramente instrumentais para o exercício profissional crítico e competente. Como mediação, a instrumentalidade permite também o movimento contrário: que as referências teóricas, explicativas da lógica e da dinâmica da sociedade, possam ser remetidas à compreensão das particularidades do exercício profissional e das singularidades do cotidiano. 
A instrumentalidade posta na relação dos com o objetivo do trabalho, no ato da produção, é transporta para a relação com outros homens e cria o domínio daquele que não produz sobre a produção e o respectivo produto. (GUERRA, 1999, p. 104)
 A instrumentalidade sendo uma particularidade no campo de mediação é o espaço no qual a cultura profissional se movimenta. Da cultura profissional os assistentes sociais recolhem e na instrumentalidade constroem os indicativos teórico-práticos de intervenção imediata, o instrumental-técnico ou as metodologias de ação. Reconhecer a instrumentalidade como uma particularidade, um campo de mediações, que porta a capacidade tanto de articular estas dimensões, quanto de ser o conduto pelo qual as mesmas traduzem-se em respostas profissionais.
REFERÊNCIAS
BARROCO, Maria Lúcia S. Ética: fundamentos sócio-históricos. 3ª. Ed. São Paulo: Cortez, 2010.
BEHRING, Elaine Rossetti. BOSCHETTI, Ivanete. Política social: fundamentos e história. 5. Ed –São Paulo: Cortez, 2008. (Biblioteca básica de serviço social; v.2)
BRASIL. Resolução CNAS n° 109, de 11 de novembro de 2009 Aprovar a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais. Brasília, 25 nov. 2009. 48 p.
, 2012.
______, Constituição Federal, 1988, Vade Mecum do Serviço Social. Org. por Cinthia Fonseca Lopes e Erivânia Bernardino Cruz. 4ª Ed. Fortaleza: Premius, 2013.
CFESS, (Conselho Federal de Serviço Social). Atribuição privativa do/a assistente Social em questão. 1ª edição ampliada, Brasília: CFESS, 2012. 
GUERRA, Yolanda, A instrumentalidade do Serviço Social, 2ª ed. Revista – São Paulo: Cortez, 1999.
IAMAMOTO, Marilda Villela. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 16.ed – São Paulo, Cortez, 2009.
NETTO, José Paulo, 1947, Ditadura e serviço social: uma análise do serviço social 
No Brasil pós-64. 12. Ed. – São Paulo: Cortez, 2008.

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