Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP CURSO DE PEDAGOGIA O USO DE JOGOS E BRINQUEDOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Aluna: Mirabelli, Aline Cristiane da Silva RA: 1709296 Aluna: Mansano, Daiane de Oliveira RA: 1734047 Aluna: Gonçalves , Flávia Cristina Duarte RA: 1747635 Aluna: Sanches ,Rosana Cristina da S. Mirabelli RA: 1709302 LINS/SP 2019 UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP CURSO DE PEDAGOGIA Aluna: Mirabelli, Aline Cristiane da Silva RA: 1709296 Aluna: Mansano, Daiane de Oliveira RA: 1734047 Aluna: Gonçalves , Flávia Cristina Duarte RA: 1747635 Aluna: Sanches ,Rosana Cristina da S. Mirabelli RA: 1709302 O USO DE JOGOS E BRINQUEDOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a conclusão do curso de licenciatura em Pedagogia na Universidade Paulista sob a orientação da Profª Ana Beatriz Lopes Françoso. LINS/SP 2019 O USO DE JOGOS E BRINQUEDOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Aprovado em __ de____________ de 2019. Banca Examinadora ______________________________________________ Prof.ª Ana Beatriz Lopes Françoso (Orientadora) ______________________________________________ Prof. ______________________________________________ Prof. LINS – SP 2019 DEDICAÇÃO Dedicamos este trabalho de conclusão de Curso aos nossos familiares e amigos que, de muitas maneiras nos incentivaram e nos ajudaram para que fosse possível a concretização desse objetivo. AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar a Deus nosso Pai Que iluminou o nosso caminho durante esta jornada. A minha família Pela confiança e motivação. Aos meus pais, Antónia Oliveira e Pedro Mansano, por me ajudar e me apoiar durante essa caminhada, estando sempre ao meu lado em todos os momentos durante esse tempo. ( Daiane de Oliveira Mansano ) Ao meu esposo Marcos Antonio dos Santos e a minha irmã Alice Aparecida da Silva Mirabelli, que foram os meus grandes incentivadores. Agradeço por todas as vezes que aguentaram o meu estresse e me incentivaram com palavras e ações. ( Aline Cristiane da Silva Mirabelli ) Aos meus pais, Jõao e Maria, meus filhos e esposo, agradeço por entenderem muitas vezes as minhas ausências. ( Flávia Cristina Duarte Gonçalves ) Á minha irmã Alice Aparecida da Silva Mirabelli Ferreira e a minha filha Bianca Fernanda Mirabelli Sanches, que sempre acreditaram, me acompanharam e apostaram no meu potencial. ( Rosana Cristina da S. Mirabelli Sanches ) Aos amigos e colegas Pela força em relação a essa jornada. Á Professora orientadora Ana Beatriz Lopes Françoso Pela dedicação e competência no aconselhamento técnico e teórico, nos indicando o melhor caminho a seguir em todas as suas etapas. “ Um livro é um brinquedo feito com letras. Ler é brincar”. ( ALVES, Rubem). RESUMO Este trabalho tem como objetivo abordar o lúdico como forma de resgatar o gosto pelo aprender, justifica-se este estudo com o intuito de compreender o lúdico, sua importância, explorando os elementos lúdicos como o jogo, o brinquedo e a brincadeira na construção de saberes e como e como grande recurso para o ensino aprendizagem. Analisando os propósitos teóricos e metodológicos que trás a importância dos jogos e brincadeiras como referência no desenvolvimento da criança na educação Infantil. Para a realização deste trabalho a pesquisa dentro da literatura foi fundamental. Procurar saber o que os autores apontam com relação à temática sobre o desenvolvimento da criança e o processo da construção da aprendizagem oportunizou a construir a relação existente entre ensino aprendizagem e o lúdico em oportunidades de aprendizagem. Analisamos que a preocupação dos educadores é ensinar de forma tradicional deixando de lado a forma lúdica, sem perceber a importância de utilizar métodos criativos para uma melhor absolvição do conhecimento. Fazendo com que a criança desperte dentro de si a vontade de aprender. Através da leitura constatamos a importância do uso de atividades lúdicas no desenvolvimento da criança e permitiu compreender a aplicação de atividades lúdicas no processo de ensino e aprendizagem. A instituição escola tem que ter como objetivo possibilitar ao educando a aquisição do conhecimento formal e propor o desenvolvimento dos processos do pensamento, a brincadeira na escola não é igual ao brincar em outras ocasiões, visto que a vida escolar é direcionada por algumas regras que controlam as ações das pessoas e as interações entre elas e, naturalmente, estas regras estão presentes, também, na atividade da criança. Desta forma, as brincadeiras e os jogos têm uma particularidade quando ocorrem na escola, pois são mediadas pelas regras da instituição. Brincar como recurso pedagógico tem sido muito empregado pelos educadores na Educação Infantil a fim de realizar conhecimentos na vida cotidiana e escolar das crianças. Hoje existem alguns cursos sendo realizados na área da educação com o intuito de aproveitar os jogos e brincadeiras como uma nova ferramenta de ensino e aprendizagem. Palavra-chave: Brinquedo, Jogos, Lúdico, Aprendizagem. ABSTRACT This work aims to approach the playful as a way to rescue the taste for learning, this study is justified in order to understand the playful, its importance, exploring the playful elements such as play, toys and play in the construction of knowledge. and how and how great resource for teaching learning. Analyzing the theoretical and methodological purposes that brings the importance of games and play as a reference in the development of children in early childhood education. For the accomplishment of this work the research within the literature was fundamental. Seeking to know what the authors point to in relation to the theme of child development and the process of learning construction has provided the opportunity to build the relationship between teaching and learning in learning opportunities. We analyze that the concern of educators is to teach in a traditional way leaving aside the playful form, without realizing the importance of using creative methods for a better acquittal of knowledge. Making the child arouse the desire to learn within himself. Through reading we realized the importance of the use of playful activities in child development and allowed to understand the application of playful activities in the teaching and learning process. The school institution must aim to enable the student to acquire formal knowledge and propose the development of thought processes, playing at school is not the same as playing at other times, since school life is guided by some rules that control people's actions and interactions between them and, of course, these rules are also present in the child's activity. Thus, games and games have a particularity when they occur in school, as they are mediated by the rules of the institution. Playing as a pedagogical resource has been widely used by early childhood educators in order to gain knowledge in the daily and school life of children. Today there are some courses taking place in the area of education inorder to enjoy games and play as a new teaching and learning tool. Keyword: Toy, Games, Playful, Learning. SUMÁRIO 1.INTRODUÇÃO..................................................................................................8 2. O BRINCAR NO DECORRER DA HISTÓRIA E CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA........................................................................................................ 12 2.1 Cuidar e Educar........................................................................................ 14 2.2 Desenvolvimento infantil e suas fases.................................................. 16 2.2.1 De 0 a 2 anos: Período Sensório Motor...............................................17 2.2.2 Período Pré Operatório: 2 a 7 anos.......................................................19 3. A CONSTRUINDO A DIMENSÃO LÚDICA NA INFÂNCIA........................20 3.1 Cultura Lúdica...........................................................................................20 3.2 Fases da aprendizagem............................................................................21 3.3 O Brincar e a criança................................................................................21 3.3 O Jogo e a Educação................................................................................22 4. OS PROJETOS TEMÁTICOS NA EDUCAÇÃ INFANTIL..........................26 4.1 O Lúdico na Infância e a Pedagogia ......................................................27 4.1.1 Aspectos físicos.....................................................................................28 4.1.2 Aspectos emocionais.............................................................................28 4.1.3Aspectos sócios culturais......................................................................28 4.2 O Brincar na Educação Infantil.................................................................32 4.3 O Lúdico e a Cultura escolar...................................................................39 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................42 1. INTRODUÇÃO Ainda nos primeiros anos de vida, somos estimulados e apresentados aos jogos, brinquedos e brincadeiras, proporcionando estímulos que favorecem nossa interação com o mundo ao nosso redor. Se analisarmos a importância que brincadeira traz para as crianças, não podemos deixar de pensar na grande dificuldade que os professores encontram hoje para trabalhar na sala com o lúdico e como pode ser transmitido a eles a forma de aprendizagem, mostrando que a mesma o faz torná-la mais prazerosa e motivadora. Percebe- se que a criança, sendo um ser diferente do adulto, possui necessidades, medos, anseios, gostos, enfim têm direitos, têm possibilidades diferentes e que deve ser respeitada como um ser humano em formação, precisando de cuidados, carinho e atenção. Por isso os jogos, brinquedos e brincadeiras são ferramentas que devem estar presentes de forma ativa pelos profissionais da educação para estimular, repassar conceitos e conhecimentos e proporcionar a aprendizagem sobre regras e convívio em sociedade. Este documento foi desenvolvimento através da bibliografia de livros, revistas e Tem como objetivo elencar conceitos aos referenciais teóricos e clarear a importância que norteia o tema brinquedo, brincadeiras e jogos na educação. Percebe-se que através do brinquedo, o aluno constrói o seu universo, manipulando-o e trazendo para o seu contexto situações inusitadas do seu mundo imaginário. O uso do brinquedo e das Brincadeiras possibilita ainda mais o desenvolvimento sócio emocional, não sendo somente um instrumento didático facilitador para o aprendizado, fortalece o desenvolvimento infantil como a psicomotricidade, inteligência, sociabilidade, afetividade e criatividade, potencializando assim, a exteriorização de seu poder criativo. O ser humano, segundo Dallabona (s/a. p. 1) “[...] nasceu para aprender, para descobrir e apropriar-se dos conhecimentos, desde os mais simples até os mais complexos, e é isso que lhe garante a sobrevivência e a integração na sociedade como ser participativo, crítico e criativo”. Definir a importância do brinquedo na educação infantil somente como uma atividades para dar prazer a criança é menosprezar todo o desenvolvimento que o individuo apresenta durante essa ação, desde a linguagem, as imitações, as historias e a criatividade em produzir cenas vivenciadas e até mesmo inéditas para ela. Para Chimelli: “ brincar é uma palavra muito rica em conteúdo, é mais que uma palavra, é uma atividade, uma forma de ação e expressão.Assim, o problema que embasa este estudo consistiu em discutir e analisar de que modo os educadores pensam nas atividades lúdicas e qual a sua importância para a contribuição desta aprendizagem. O estudo que terá o uso dos jogos e brinquedos na educação infantil, . especificando os referencias teóricos existentes em relação ao jogo, brinquedo e brincadeiras na educação; As formas de brincar: jogo, brinquedo e brincadeiras, e por fim, elencar a importância destes na educação. No decorrer desta pesquisa serão abordados assuntos como: jogo, brinquedo e brincadeiras na educação, história do brinquedo, conceito de brinquedo, conceito de jogo, conceito de brincadeiras, e a importância do jogo, brinquedo e brincadeira Destacaremos os jogos e as brincadeiras como uma forma enriquecedora de aprendizagem, podendo facilitar ainda mais o conhecimento e maneira de assimilar da criança, desde a pré-escola até a adolescência. O lúdico pode ajudar a construir a partir do irreal e do imaginário para o real, de uma forma exclusiva e única de cada indivíduo. No brincar se estabelece e desenvolve um relacionamento, um contato, muitas vezes afetivo, interagindo assim mesmo nas adversidades e diferenças e sabendo lidar com todas elas, inclusive solucionando alguns conflitos com os outros e consigo mesmo. Podemos dizer que alguns autores que consideramos importantes e necessários, embasam teoricamente este assunto, de maneira a elucidar suas pesquisas e observações, trazendo o processo de desenvolvimento da criança e a importância da brincadeira bem como do jogo para a sua formação psíquica, emocional e social. . O estudo será dividido da seguinte forma, em um primeiro momento será analisado os conceitos de jogos e brincadeiras, como vem sendo observado ao longo da História. Será apresentado as fases do desenvolvimento da criança, estabelecendo um elo entre essas fases e a importância da brincadeira, dos jogos e brinquedos em cada etapa e foi destacado a importância de se utilizar os brinquedos e o lúdico em sala de aula, pois dessa forma as crianças aprendem brincando. Atividades dinâmicas de motivação, utilização de jogos pedagógicos, bem como os momentos de socialização e afetividade. CAPÍTULO I 1.1 O BRINCAR NO DECORRER DA HISTÓRIA E CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA Pensando numa melhor compreensão do brincar, do papel do lúdico, mostraremos a seguir aspectos sobre o seu conteúdo histórico, desde a antiguidade até a contemporaneidade. Entender o lúdico através de muitas maneiras e várias formas, neste sentido, abordaremos as concepções do lúdico e de seus elementos e sua importância para a educação infantil. O ato de brincar vem de geração em geração, e temos a certeza que muitos objetos não nasceram como brinquedos, mas foram transformados ao longo do processo de construção, os jogos e os brinquedos trazem a história a engenhosidade que a humanidade levou anos para constituir . Quando uma criança está de posse de um brinquedo ou toma parte de um jogo, ela tem a possibilidade de apropriar se da cultura produzida por sua geração e por gerações anteriores a ela. Por isso que ,ao tomarmos posse de um brinquedo ou um jogo que se constitui uma brincadeira, aparentemente não temos nada de novo, no entanto, se olharmos mais atentamente podemos verificar que nos apropriamos de elementos que foram constituídos anteriormente como regras, matérias, costumes, a ponto de podermos identificar por meio de objeto o mesmo tipo de jogo de nossos antepassados, porém, ao serem adaptados ao momento atual ganha uma nova forma. Portanto podemos afirmar que o lúdico faz parte da vida do ser humano em vários períodos históricos, apenas o que mudou que as brincadeiras passaram a ser educativas. Este brincar acabou sendo cada vez mais alvo de investigação. No entanto, sempre foi visto como "algo" sem valor. Lúdico vem do latim ludus que, de acordo com Huizinga (2008, p.11): “'Todo jogo é capaz, a qualquer momento, de absorver inteiramente o jogador'”. Acrescenta que os jogos têm um profundo cunho estético, uma intensa e fascinante capacidade de excitar. Com essa afirmação, podemos dizer que a atividade lúdica ajuda a despertar a concentração e está envolvido ao momento, de forma envolvente e inteira''. Muito antes, segundo Àries (1981), tanto crianças, quanto adultos participavam de atividades lúdicas e isso representava um aspecto essencial na vida dos indivíduos. Na realidade, na antiguidade todos sem distinção de idade participavam das mesmas brincadeiras, por isso que se tinha o brincar como fator importante no desenvolvimento infantil, já que aproveitavam-se das brincadeiras e jogos com a intenção de estreitar os laços afetivos e coletivo. Dessa forma o brincar passou a ter outra visão perante a sociedade da época, começou a ser visto como base disciplinar para a educação , porém, nas sociedades ocidentais as crianças foram afastadas das atividades consideradas adultas, criando assim momentos para o brincar, dando com isso início ao sentimento de infância. O brinquedo e a brincadeira passaram a ser vistos numa dicotomia, por um lado como algo específico das crianças e por outro como algo sem necessidade. Em meados do século XX, é que aumentam as pesquisas que ressaltam a importância do brinquedo e da brincadeira para o desenvolvimento infantil gerando um leque de discussões que se confirmam que brincar é essencial não só para o desenvolvimento infantil em seus aspectos psíquico, social, afetivo, mas também para todo o ser humano. O recurso concedido à experiência da infância pela sociedade adulta contemporânea pode ser representada como antagônico. Ao mesmo tempo em que aprecia os estágios iniciais da infância, menospreza um tratamento infantilizado às crianças em estágios posteriores, fazendo-se valer do adjetivo "infantil" para reprovar ações e comportamentos de ordem inadequada. Essa maneira de pensar na criança e suas várias manifestações e comportamentos pode estar sujeito a uma incompreensão da formação humana no sentido histórico-social. Hoje a preocupação do homem na sociedade está voltada para a produção material, por isso se observa adultos que criticam as crianças quando desejam realizar algo próprio da sua fase. É uma tarefa hoje e urgente considerar que o brinquedo e a brincadeira representam a relação pensamento-ação e logo, centro de toda prática lingüística, ao possibilitar o uso da fala, do pensamento e da imaginação. É necessário e significativo destacar a fim de se compreender os fundamentos que possibilite o desenvolvimento da criança considerando que o primeiro brinquedo da criança é o próprio corpo, onde ela começa a descobrir nos primeiros meses de vida. Depois explora sua volta, os instrumentos que produzem estimulação visual, auditiva e em relação ao tato. A partir de então o brinquedo sempre fará parte da vida, da rotina da criança, do adolescente e até mesmo do adulto. Segundo Almeida (1990), o mundo do brinquedo é um mundo de imaginação, imitação, representação, fazendo parte de uma vontade de crescer e de se desenvolver. “Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia”. (LOPES, 2006, p. 110) A brincadeira é a única ferramenta que a criança possui para compreender o mundo e interferir na vida. Brincando, a criança desenvolve o corpo e seus ritmos, o relacionamento com as pessoas e seus limites. Ao brincar, a criança insere-se no processo natural de apropriação do conhecimento empírico que se constituirá a base mais fundamental na construção de sua personalidade. Antes mesmo de aprender a falar, a brincadeira assume o caráter de uma forma de linguagem através da qual ela se expressa e estabelece os níveis profundos de relacionamento com o meio e com o outro. (ANDRADE E MARQUES, 2003, p. 41). 1.2 Cuidar e Educar Como analisamos no decorrer do texto , o entendimento de infância vem sofrendo transformações ao longo da história. Mas a partir do século XX, as análises sobre a criança começaram a contemplá-la enquanto sujeito social de plenos direitos. Esses conflitos permitem uma visão ampla sobre a relação existente entre o cuidar e o educar, e a forma diferenciada que ela assume na visão de pais, creches e pré-escola. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) vem trazer uma verdade sobre a necessidade de que as instituições públicas de Educação Infantil se libertarem, por assim dizer, da ideia de que são escolas para pobres e de que somente o cuidar seja oferecido. Por tanto, a concepção educacional era marcada por características assistencialistas, sem considerar as questões de cidadania ligadas aos ideais de liberdade e igualdade.Mudar essa concepção de educação assistencialista significa observar várias interrogações que vão muito além dos aspectos legais. Abrange principalmente, características da educação infantil e rever concepções sobre a infância, as relações entre classes sociais, as responsabilidades da sociedade e o papel do Estado diante das crianças pequenas. (BRASIL, 1998, p. 18, v.1).A partir daí existe a quebra de paradigma acentuada no documento, podemos dizer que anteriormente a educação infantil tinha caráter compensatório, hoje já se tem a certeza da questão dessa etapa da educação ter suas especificidades, as quais devem ser respeitadas. Cerisara (1999) oferece uma reflexão que comprova essa mudança de paradigma. Transformação esta que muito contribui para que a educação infantil valorize a criança em seu desenvolvimento cognitivo, mesmo embora o cuidar ainda se faça presente, ele ainda não tem como condição primordial, mas sim como parte da função do professor desse nível de ensino. A compreensão de que as instituições de educação infantil têm como função educar e cuidar de forma indissociável e complementar as crianças de 0 a 6 anos é relativamente recente.[...] O desafio está acima de tudo estreitamente ligado às relações creches-família, que precisam ser enfrentadas urgentemente no sentido de explicitar qual o papel que estas duas instituições devem ter no atual contexto histórico, a fim de que as professoras de educação infantil e as famílias – pais e mães das crianças – possam assumir suas responsabilidades com maior clareza dos seus papéis que, mesmo sendo complementares um em relação ao outro, são diferentes e devem continuar sendo (CERISARA, 1999, p.12). Olhando por esta perspectiva, a avaliação que se faz então dos papéis dos pais e dos profissionais de educação infantil, mesmo que estes encontrem dificuldades quanto as vivências metodológicas a serem utilizadas, a função de cada um deve ser complementar e de responsabilidade única, ou seja: O entendimento de que creche e família são instituições que se complementam nas funções de “cuidar‟ e “educar‟ resultará em mais tranqüilidade para as crianças, uma vez que elas assumem uma situação de „duplo pertencimento‟,pois na realidade pertencem ao mesmo tempo a estes dois mundos (MAISTRO apud FERMINO, 2002, p.23, grifos do autor). Embasado nesta reflexão,em saber o real papel das famílias na educação dos filhos, ou mesmo, quanto ao nível de envolvimento que devem ter, até onde vai às responsabilidades das creches e pré-escolas e começam as das famílias, tudo isso vem sendo amplamente discutido. [...] a participação das famílias na creche, se reduz ao espaço de reunião de pais. Isso evidencia que a compreensão do que é participar parece restringir-se a “vir quando são chamados” pela instituição, o que revela a inexistência de um espaço mais efetivo e cotidiano de inclusão no contexto da creche (MAISTRO apud FERMINO, 2002, p.28). Também neste sentido, o RCNEI (BRASIL, 1998, p. 61) evidencia que “os pais também, têm o direito de acompanhar o processo de aprendizagem de seus filhos, interagindo dos avanços e conquistas, fazendo com que tudo torne de fácil compreensão aos objetivos e as ações desenvolvidas pela instituição”. Ir a instituição apenas uma vez ao semestre, mas sim de acompanhar as ações da escola voltadas para o desenvolvimento cognitivo e social da criança. Com base no RCNEI (BRASIL, 1998), observa-se que o objetivo principal desse documento não é o de permitir que a educação infantil tenha caráter assistencialista, antes, porém o que se pretende é apontar metas de qualidade que contribuam para que as crianças tenham um desenvolvimento integral de suas identidades, capazes de crescerem como cidadãos cujos direitos à infância são reconhecidos. Visa, também, contribuir para que possa realizar, nas instituições, o objetivo socializador dessa etapa educacional, em ambientes que propiciem o acesso e a 17 ampliação, pelas crianças, dos conhecimentos da realidade social e cultural (BRASIL, 1998, p. 7). Diante disso, a relação cuidar e educar na educação infantil torna-se complementar à família. Toda via, definir o papel a ser exercido por cada uma das partes é necessário, visto que para uma completa educação das crianças pequenas torna-se necessário que o cuidado familiar e o cuidado na escola sejam complementares e alinhados. Sem que uma instituição venha a substituir a outra. 1.3 Desenvolvimento Infantil e suas fases. Analisando os estudos de Piaget (1973), podemos verificar que o crescimento humano realiza se através de período, fases, na mesma sequência para todos os indivíduos que possuem o mesmo desenvolvimento habitual, e passam por essas fases, podendo muitas vezes até variar as idades. No entanto podemos afirmar que o desenvolvimento é o encontro do equilíbrio superior, como processo de equilíbrio constante. Através desse processo surgem novas estruturas de pensamento, novas formas de conhecimento, e mesmo assim, as funções do desenvolvimento serão as mesmas. Para que possamos entender melhor essas relações, podemos utilizar o seguinte exemplo: a função do lar é refugiar os seres humanos, das tempestades, o homem está em constante mudança como construção de novas moradias em vários lugares, ou seja, alterando as estruturas ambientais. Piaget (1999) afirma ainda que, o desenvolvimento psíquico do ser humano inicia desde o nascimento e estabiliza se na fase adulta. Para melhor entendimento desse processo, pode-se comparar o crescimento orgânico da criança, que se encontra em evolução chegando a atingir o nível estável na sua fase adulta. 1.3.1 De 0 a 2 anos, Período sensório motor: Na fase de zero a dois (0 a 2) anos, a criança conquista o mundo por meio da percepção e dos movimentos, o recém-nascido reduz-se ao exercício dos reflexos. O seu desenvolvimento é rápido dando suporte para as suas novas descobertas e habilidades motoras como, por exemplo: segurar, caminhar, olhar, apontar entre outros. Quando ocorre esse estágio, os reflexos podem ser progressivamente substituídos pelos esquemas e somados aos símbolos lúdicos. Dessa forma, a criança começa a diferenciação entre o seu eu e o mundo e isso ocorre também no aspecto afetivo, ou seja, o bebê passa das emoções primárias para a escolha efetiva dos objetos, demonstrando suas preferências. Do mesmo modo a criança aprende a organizar suas atividades em relação ao ambiente, feito isso, passa a organizar as informações recebidas dos sentidos e, com isso, a aprendizagem vai progredindo com acertos e erros na tentativa de resolver os problemas. (PIAGET, 1973). O período sensório motor está relacionado ao desenvolvimento mental iniciado a partir da capacidade de reflexo da criança e vai até quando inicia a sua própria linguagem ou outros meios simbólicos para representar o mundo pela primeira vez. As emoções das crianças funcionam como um canal importante para o contato com os adultos, tanto pelo toque corporal, mudança no tom de voz e nas expressões faciais, assim dando sentido ao processo de aprendizagem. A criança imita os adultos e dessa forma vai criando suas próprias reações como: balançando o corpinho, batendo palminhas etc. Logo que a criança começa aprender a andar ela se move de um lado para o outro sem rumo específico, assim começa a amadurecer o sistema nervoso e aperfeiçoando seu andar se tornando mais segura e instável. Com o passar do tempo, ela vai adquirindo sua própria confiança. A criança nessa fase é curiosa, sem se preocupar com o objeto. Para ela, tanto faz pegar uma xícara como um copo, isso não faz diferença. (PIAGET, 1973). No aparecimento da função simbólica, no final do segundo ano de vida, tem entre outras consequências a possibilidade de ações características da inteligência sensório-motor podendo converter-se em elemento de aprendizagem da criança. Há situações em que ela revive uma cena e imita com gesto como levantando os braços, pondo as mãos em posição de reza ou mesmo balançando a cabeça quando não quer algo oferecido por um adulto. Entre 0 a 2 anos, a criança começa reconhecer, ou seja, conhecer a imagem do seu próprio corpo. O que ocorre geralmente com a criança por meio das interações sociais e das 19 brincadeiras que geralmente ocorrem diante do espelho. Nessa fase a criança aprende a reconhecer suas próprias características físicas, o que é fundamental para construção da identidade da criança de acordo com (PIAGET, 1973). 1.3.2 Período pré-operatório: 2 a 7 anos Podemos chamar de período pré-operatório, o momento marcado pelo aparecimento da linguagem oral, ou seja, por volta dos dois anos de idade, onde a criança apresenta além da inteligência a prática construída na fase anterior, possibilitando a ação interiorizada, chamada de esquemas representativos. A criança constrói uma ideia a respeito de algo em que poderá substituir um objeto por outro, como por exemplo, poderá pegar um cabo de vassoura e pensar que ele é um cavalo. Entretanto, o pensamento pré-operatório aponta inteligência seguida de ações. Segundo Piaget (1973), a partir do momento em que a criança consegue realizar jogos sensórios motor desligado do seu meio o esquema simbólico já garante a superação da ação pela pura representação, possibilitando a criança de adquirir meios para a assimilação do elemento real. Assim, com base no autor supracitado, tem-se que a função simbólica resulta uma diferenciação entre significantes e significados nos quais os símbolos ou sinais, permitem evocar objetos ou situações não percebidas até então, o que constitui o começo da representação. A representação de dois aspectos: o aspecto figurativo do pensamento, em posição as transformações, e guiado pela percepção e sustentado pela imagem mental, e o aspecto operativo, que é relativo às transformações e se dirige a tudo que modifica o objeto, a partir da ação até as operações. (PIAGET, 1973). Durante essa faixa-etária, ocorre o desenvolvimento do pensamento simbólico, ou seja, torna-sepossível alguns avanços importantes do estágio pré-operacional, sendo assim, não será mais necessário a indicação sensorial para que a criança possa pensar em elementos. Ela por si só pode lembrar de algum objeto que caracterize função simbólica, por meio da imitação, o jogo simbólico da linguagem, ou seja, o símbolo favorece a criança pensar e a falar sobre 20 produto e suas qualidades mesmo que não esteja presente como elemento concreto. De acordo com as considerações de Hermida (2009, p. 179), os conduz ao entendimento de que por meio do brincar “a criança põe em jogo seu amplo mundo de experiências motoras, sua afetividade, suas fantasias, seu mundo simbólico, sua personalidade.” Por esse motivo, as especificidades do período pré- operatório devem ser consideradas em toda a sua complexidade de modo que se possa preservar os valores que a caracterizam. A partir do momento em que a criança conhece um objeto novo a mesma pode agir de uma ou mais maneiras: construir uma imagem do novo objeto, e acomodando-se a ele através de um conjunto de ações sensório motor (predomínio da acomodação sobre a assimilação). 2. CONSTRUINDO A DIMENSÃO LÚDICA NA INFÂNCIA Para Kishimoto (2002, p. 62) afirma que: “O renascimento vê a brincadeira como conduta livre que favorece o desenvolvimento da inteligência e facilita o estudo. Por isso, foi adotada como instrumento de aprendizagem de conteúdos escolares. Para se contrapor aos processos verbalistas de ensino, à palmatória vigente, o pedagogo deveria dar forma lúdica aos conteúdos”. 2.1 CULTURA LÚDICA “A atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança sendo por isso, indispensável à prática educativa.” (Jean Piaget). A palavra lúdico vem do latim, deriva de ludere, que significa ilusão, simulação, envolvendo sonhos, a capacidade de compreender e desenvolver da criança. Vamos tentar definir as características de cultura lúdica, antes de examinar as relações que ela estabelece com o conjunto da cultura e a influência que isso pode ter sobre a relação da criança com a cultura numa perspectiva não mais psicológica, mas antropológica. Cultura lúdica é, antes de tudo, um conjunto de procedimentos que permitem tornar o jogo possível ou viável. Desfrutar de uma cultura lúdica é possuir um certo número de referências que permitem interpretar como jogo atividades que poderiam não ser vistas como tais por outras pessoas. Não dispor dessas referências é não poder brincar. Seria, como reagir com socos de verdade a um convite para uma briga lúdica. Se o jogo é questão de interpretação, a cultura lúdica fornece referências intersubjetivas a essa interpretação. Podemos assim considerar o jogo como uma atividade de segundo grau, isto é, uma atividade que supõe dar a vida, um outro sentido, o que pode remeter à ideia do faz de conta, de ruptura com as significados da nossa vida comum. Não dispor dessas referências é não poder brincar. Composta de um certo número de estratégias que permitem iniciar a brincadeira, podemos assim denominar a cultura lúdica, produzindo uma realidade diferente daquela da vida diária. É através do lúdico que a criança adquire conhecimento não de uma forma repetitiva, mas participativa, compreendendo o saber e criando sua forma de visão da realidade. De acordo com Teixeira (2012, p.13): "Jogos, brinquedos e brincadeiras sempre ocuparam um lugar importante na vida de toda criança, exercendo um papel fundamental no desenvolvimento. Desde os povos mais primitivos aos mais civilizados, todos tiveram e ainda tem seus instrumentos de brincar. Em qualquer país, rico ou pobre, próximo ou distante, no campo ou na cidade, existe a atividade lúdica". 2.2 FASES DA APRENDIZAGEM De acordo com Bandioli & Mantovani, a criança aprende a brincar construindo uma relação do espaço do jogo entre o adulto e ela, para isso foram identificadas três fases. Primeira fase: O adulto representa para a criança seu principal brinquedo, ele é um objeto na qual se relaciona e atende suas indagações, por isso tenta dominar e controlar. Segunda fase: Olha o corpo como brinquedo, tudo vai da mão diretamente para a boca, nestes momentos o jogo é um prazer que envolve todo seu corpo e também o da mãe, brinca com seu corpo em quase todas as atividades diárias, nos momentos como banho, sono, alimentação, além desses movimentos tem também o engatinhar, arrastar se segurar e levar objetos a boca. Terceira fase: A descoberta do objeto Neste período, dos quatro aos oito meses de idade, começa a despertar na criança a atenção para tudo que esta a sua volta e principalmente ao alcance de suas mãos, neste momento a curiosidade toma conta, vivenciando as formas dos objetos e a sua ação nos mesmos. As brincadeiras de esconde-esconde vão aparecendo nos seus aspectos cognitivos, afetivos, através da interação do objeto com a criança, ligando inteligência e afetividade. 2.3 O BRINCAR E A CRIANÇA Aqui vamos destacar a importância do brincar na infância, conceituando jogos, brinquedos e brincadeiras. Apresentaremos a infância e sua relação com a sociedade. Devemos compreender a criança como sujeito de direitos, especialmente o direito ao brincar, visando à importância dessa atividade no seu desenvolvimento, as crianças iniciam a aprendizagem quando desenvolvem imaginação, imitação através da brincadeira. Jogo: ação de jogar, folguedo, brinco, divertimento. Seguem-se alguns exemplos: jogo de azar, jogo de empurra. Brinquedo: objeto destinado a divertir uma criança. Brincadeira: ação de brincar, divertimento, gracejo, zombaria, festinha entre os amigos e parentes. A ambiguidade entre os termos se consolida com o uso que as pessoas fazem deles. (BERTOLDO, 2000, p. 10) 2.4 O Jogo e a educação Harmonizando com o pensamento de Kishimoto (2011), podemos elencar três concepções que marcam a ligação jogo infantil e educação, em primeiro lugar esta a recreação; a segunda ao uso do jogo para favorecer o ensino escolar e a terceira como uma forma de harmonizar o ensino para as deficiências infantis e também como um análise da personalidade das crianças. Dessa forma acredita se que o jogo como recreação na antiguidade servia como relaxamento das atividades, intelectuais , físicas e escolares – e assim, possuía uma característica contraria à seriedade, faziam ligação com jogos de azar que tinha grande repercussão na época.. Enquanto facilitador do sistema de aprendizagem referente aos conteúdos escolares, assim a brincadeira era utilizada principalmente para se referenciar apenas princípios morais, éticos e bem como conteúdos da nossa história e geografia. Dessa forma, podemos dizer que a partir do Renascimento onde o período de compulsão lúdica ou seja o jogo e a brincadeira sempre foram vistos como um facilitador na hora da aprendizagem ajudando no desenvolvimento intelectual e adequando assim a criança dentro dos conteúdos escolares suprindo assim as dificuldades das crianças. “Assim, para se contrapor aos processos verbalistas de ensino, à palmatória vigente, o pedagogo deveria dar forma lúdica aos conteúdos” (KISHIMOTO, 2011, p.32). Essa maneira de entender o jogo como caráter espontâneo da vivencia infantil. Acontece no período do Romantimo, onde a criança é assistida socialmente de modo diferente, ela é valorizada e identificada sendo de boa natureza, podendo expressar se livremente através do jogo. Analisando as brincadeiras em especial as infantis, a capacidade de percepção e imitação das crianças no século XVIII apresenta o conhecimento da criança como um acesso e a liberdade em relação a origem da humanidade. Imaginando que possa existir uma igualdade entre povos primitivos e a infância, poder-se-ia entender a infância como idade do imaginário dentro do Romantismo, uma vezque foi um movimento artístico, político e filosófico que surgiu no final do século XVIII na Europa e assim se estendeu por grande parte do século XIX. É notório que a brincadeira e a infância nos mostram diferentes características de acordo com a sociedade, o contexto social e o período histórico em que vivemos, e as suas funções parecem ir ao encontro dos aspectos da espontaneidade, do prazer, da frivolidade no decorrer da brincadeira. Isto é observado isso em alguns tipos de brincadeiras, onde há a presença marcante do imaginário, encantando crianças com narrativas, imagens e ações que expressam mundos longínquos e fabulosos, com seres muitas vezes diferentes do mundo real. Os jogos simbólicos possuem um papel de magia e fantasia na mente das crianças, por meio da flexibilidade de suas brincadeiras de faz-de-conta, mostrando de forma corporal o imaginário, deixando clara a presença da situação imaginada. Ensaiar novas combinações de eventos, objetos, papéis comportamentos para a brincadeira, através do faz de conta, entoando diferentes formas de exploração, novas alternativas de se alcançar um mundo imaginário. É como se desenvolvessem um enredo de um filme onde todos os elementos são definidos e redefinidos conforme o andamento da brincadeira, e para o observador atento, esse faz-de-conta demonstra o lugar do simbolismo no imaginário da criança, as representações a flexibilidade e os improvisos desempenhados por ela, significando o mundo sob o seu ponto de vista. Para Kishimoto (1999, p. 61), “A brincadeira de faz- de-conta é uma forma da criança satisfazer seus desejos dinamicamente”. Sendo assim, o poder de imaginação faz a criança construir e reconstruir o que ela deseja principalmente o que conseguiu entender da realidade, e assim, aguça suas capacidades intelectuais, motoras, culturais, afetivas e sociais, além de dar sentido a realidade. A importância dessa modalidade de brincadeira justifica-se pela aquisição do símbolo. É alterando o significado dos objetos, de situações, é criando novos significados que se desenvolve a função simbólica, o elemento que garante a racionalidade ao ser humano. Ao brincar de faz-de-conta a criança está aprendendo a criar símbolos. (KISHIMOTO, 1999, pp. 39-40). E essa brincadeira de devanear reproduz muitas vezes episódios do seu cotidiano, de suas experiências anteriores, reproduzindo com o quê, com quem e onde a criança brinca ou gostaria de brincar, revelando seus desejos, medos, angústias e sua energia, se auto expressando por meio de seu imaginário e elementos lúdicos em movimento. Como Kishimoto (1999,) definiu a brincadeira [...] é a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica. Pode-se dizer que é o lúdico em ação, dessa maneira, a noção de imaginário é entendido como algo não verdadeiro, ou seja, fantasioso, metafórico, não-sério com características de desconstrução e de flexibilidade, traduzindo um caráter da brincadeira que está em constante mudança. Passamos a entender que a noção de imaginário como uma construção e reconstrução do real através do que conseguem captar dos acontecimentos em seus pensamentos. Isso acontece por que o desenvolvimento de suas condutas, sua criatividade, incentivando o seu conhecimento, representando diferentes papéis com diversos significados, fortalecendo ainda mais o seu imaginário e aumentando o grau de fantasia. Portanto, o imaginário não se limita apenas ao poder de fantasiar, mas também de representar simbólicamente, pelo fato do homem ser observado por vários ponto de vista, que é moldado nos domínios bio-psíquico-sociais por meio do qual se configura a representação humana do homem. Segundo SUTTON- SMITH, 2001, p. 127 tanto a flexibilidade como a transformação é a mais fundamental característica da brincadeira, é o ato de fazer o que está presente ficar ausente e o que está ausente ficar presente. Podemos dizer que o aprendizado e o espaço para a fantasia pode ser apreendido por meio da socialização da própria criança e de suas brincadeiras, sendo aproveitada pelo professor, sem suprimir a banalidade do jogo que reflete a ambiguidade da seriedade do trabalho pedagógico. A brincadeira mesmo que aparente ser banal permite que a criança exercite suas potencialidades, experimente habilidades novas, experiências e assim ver o mundo com outros olhos. Por sua vez a seriedade, possibilita realizar suas brincadeiras com mesmo vigor que outras atividades de seu dia a dia, assumindo papéis e sendo cada vez mais consumida pelos momentos das brincadeiras. De acordo com Château (1987, p. 20) complementa que a criança em sua brincadeira absorver-se tão bem no seu papel que ela se identifica momentaneamente com a personagem que representa‖, pela tamanha entrega ao jogo, uma espécie de arrebatamento que transcende a trivialidade. Por tanto, a banalidade se mostra como uma transcendência da referência comum, sendo sagrada por seus participantes, uma forma de ludicidade, assumida de uma maneira escondida em suas brincadeiras através das mudanças, obtendo poder para que os mesmos se sintam aptos de transcender a realidade para além do imaginário. Após a discussão sobre as retóricas do imaginário e da frivolidade, faz-se necessário refletir sobre a relação do jogo com a educação que cria diversas situações que podem ser analisadas, porém, neste estudo focaremos esta ligação no sentido de tentar compreender o aspecto do imaginário e de seu valor educativo. De acordo com Brougère (1998), existem três maneiras importantes de relacionar o jogo e a educação: recreação, artifício pedagógico e conhecimento sobre a personalidade infantil. Assim a recreação é um momento em que há um relaxamento tanto do esforço físico como cognitivo, permitindo que a criança apresente mais eficiência, concentração e atenção depois de um momento de recreação, devido à mesma recuperar suas energias, e assim, potencializar suas atividades escolares. É assim nesse momento que elas colocam em prática suas brincadeiras, fantasias esse interagem com outras crianças, dividindo suas experiências brincantes. Assim é a importância de haver a ligação entre o esforço e o repouso, para ter uma educação saudável física e intelectualmente. Porém, Brougère (1998b, p. 54) expõe que o jogo é o momento do tempo escolar que não é consagrado à educação, mas ao repouso necessário antes da retomada do trabalho, (...) a pausa é um ingrediente importante do trabalho, descortinando a oposição do momento de aula e do divertimento, considerando o primeiro como trabalho e o segundo como recreação. TRATADO SOBRE O BRINCAR (Comentário à Ética a Nicômaco, Livro IV, 16)- O brincar, porém, algum caráter de bem possui, na medida em que é útil para a vida humana. Pois, assim como o homem necessita, de vez em quando, interromper o trabalho e descansar da atividade física, assim também, de vez em quando, necessita subtrair-se à tensão de ânimo exigida pelas atividades sérias, para repouso da alma: e isso é o que se faz pelo brincar. Outra forma de utilizar a brincadeira como um artifício pedagógico formando um elo para a aprendizagem e percebendo assim os interesses das crianças, conversar sobre a realidade de cada um, fazer relações do seu mundo infantil ao mundo escolar, contextualizando assim as situações de aprendizado, auxiliando para exercitar sua inteligência, enriquecendo suas brincadeiras. 3 PROJETOS TEMÁTICOS LÚDICOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL 3.1 O Lúdico na Infância e a Pedagogia Uma grande e forte aliada á fonte de conhecimento é o brincar, provocando prazer e lazer para a criança, dupla perfeita para fazer parte integrante do sistema de aprendizado. Neste método utilizando jogos, brinquedos e brincadeiras com a intenção pedagógica, levando em consideraçãoas discordâncias que existem entre as caracteristicas que são inerentes aos brinquedos , jogos e brincadeiras e até a alguns objetos educacionais. A atividade didática é diferente da atividade lúdica, esta acaba por possuir um fim em si mesma e não tem como destinatário a realização de um objeto pré estabelecido. Quando falamos de educação infantil, temos as atividades realizadas com objetivos específicos, como se tivesse algo a ser preenchido., alguma coisa pra se prestar conta. Tem se estudado muito na pedagogia sobre jogos e brinquedos, para que se utilize nas praticas de ensino aprendizagem, brincando a criança passa a constituir significados para assimilação de seu papel social e compreendendo a afetividade que acontece em seu meio e assim construir seu conhecimento, apoderando se dele. Segundo Wallon (2007), o brincar passa por estágios que vão das brincadeiras puramente funcionais, passando pelas brincadeiras de ficção, de aquisição e de fabricação. .As brincadeiras funcionais são movimentos muito simples, como estender e encolher os braços ou as pernas, agitar os dedos, tocar objetos, produzir ruídos ou sons. Com as brincadeiras de faz-de-conta, em que um dos exemplos mais típicos é o brincar de boneca e montar no cabo de vassoura como se fosse um cavalo, intervém uma atividade cuja interpretação é mais complexa, mas também mais próxima de certas propostas muito interessantes de definição do brincar. .As brincadeiras de aquisição, a criança fica “toda olhos e toda ouvidos”. Ela olha, escuta, esforça-se para perceber e compreender coisas e seres, cenas, imagens, relatos, canções que demonstram captar toda a sua atenção. Nas brincadeiras de fabricação, diverte-se em juntar, combinar entre si objetos, modifica los, transformá-los e criar novos (WALLON, 2007, p. 54) Através da atividade lúdica a criança realiza, constrói e se apropria de conhecimento das mais diversas ordens. Ela possibilita, igualmente, a construção de categorias e a ampliação dos conceitos das áreas do conhecimento. Neste sentido o brincar assume um papel didático e pode ser explorado pela pedagogia. Pestalozzi, importante educador com vasta prática no ensino às crianças, defendia uma educação que pudesse unir o trabalho manual aos conhecimentos elementares. Segundo ele o princípio fundamental de seus métodos era a sensação de descoberta que deveria acontecer no momento da manipulação dos objetos concretos. Desta forma , sustentava que a educação deveria realizar-se com base nos objetos concretos. Neste segmento foi Froebel (apud KISHIMOTO 2010), continuador de Pestalozzi, que defendia a ideia de que as crianças deveriam aprender pela experiência e pela prática diária. Conhecido como o educador das crianças, Friedrich Froebel (1782-1852) foi um dos primeiros educadores a considerar o início da infância como uma fase decisiva na formação das pessoas, ressaltando ainda que o jogo constitui o mais alto grau de desenvolvimento da criança, a manifestação espontânea e natural do mundo intuitivo, imediatamente provocada por uma necessidade interior. Deixando claro que quando a criança brinca, ela fica imersa em um mundo de alegria, contentamento, paz e harmonia, proporcionadas pelo brincar espontâneo. Por este motivo Froebel (apud TEIXEIRA, 2010) considera dois tipos de jogos: a) Os jogos livres e interativos: Com um fim em si mesmos: São atividades simbólicas e imitativas que a criança desenvolve espontaneamente e em liberdade, definidas à socialização, como as brincadeiras de faz-de-conta; b) E os dons e as ocupações: Estão entre eles os jogos de construção: são pequenos objetos geométricos, como bola, cilindro, cubo, triângulo, esfera, blocos de construção, anéis, argila, desenhos e dobraduras, suporte de ação para educadores trabalharem com conhecimento e habilidades sensoriais, cognitivas, sociais e afetivas. E as ocupações são atividades orientadas com materiais e objetos educativos específicos. Em seu livro “Jogo e educação”, Brougère coloca algumas teorias de Froebel afirmando: Froebel defende a ideia de que o professor deve explorar a capacidade criadora da criança, permitindo que ela tenha ações espontâneas e prazerosas. A partir de objetos de seu cotidiano, a criança tem capacidade para criar significações e representar seu imaginário por si mesmo. Por isso, o brincar é representar, é prazer, autodeterminação, seriedade, expressão de necessidades e tendências internas. “A criança não é uma argila, moldável, é uma força mágica dotada de movimento, de resistência, de certa autonomia” (BROUGÉRE, 1998, p.63). Froebel não cansa de lembrar que o objetivo é exatamente “a atividade autônoma”, “a ocupação autônoma” da criança com o jogo: o sentido da educação é que se torna supérflua. O critério dessa realização da natureza da criança será a alegria como manifestação sensível da conformidade da educação à essência íntima da criança. Uma forma de garantir a liberdade desse movimento será deixar a criança mesma inventar seus próprios jogos, pois, na mesma medida em que a imitação enfraquece, a criação revigora a força autônoma (BROUGÈRE, 1998, p.70). 50 Para Soares (apud TEIXEIRA, 2010, p. 46). Maria Montessori ultrapassou os pressupostos de Froebel, quando discutiu a possibilidade de uma escola que permitir o desenvolvimento das manifestações espontâneas da criança. O método montessoriano consiste no exercício sensorial e no seu aproveitamento no processo lúdico e pedagógico. No Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998), é ressaltada a importância da brincadeira quando vem afirmar que educar significa “propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas” (RCNEI, p.23). Quando brinca, as crianças potencializam e praticam os quatro pilares da educação propostos por Jaques Delors (1996) à UNESCO, como forma integral de desenvolvimento: ela aprende a conhecer, aprende a fazer, aprende a conviver e aprende a ser. Por meio da brincadeira, a criança aprende a seguir regras, experimenta formas de comportamento e se socializa, descobrindo o mundo ao seu redor. Brincando com outras crianças, encontra seus pares e interage socialmente, descobrindo, desta forma, que não é o único sujeito da ação, e que para alcançar seus objetivos, precisa considerar o fato de que outros também têm objetivos próprios (TEIXEIRA, 2010, p. 49). A atividade lúdica é, portanto, uma das formas pelas quais a criança se apropria do mundo, e pela qual o mundo humano entra em seu processo de constituição, na qualidade de sujeito histórico. O brincar representa então um suporte para a educação, para a aprendizagem, e para a solução de problemas, mas também precisamos considerar a função da brincadeira como um todo e lembrar que há inúmeros tipos de jogos, brinquedos e brincadeiras que, apesar de propiciar uma ação no mundo imaginário da criança, também podem vir acompanhados de desprazer e frustração. Quanto aos diferentes aspectos dos jogos, dos brinquedos e das brincadeiras, na educação infantil, eles são descritos da seguinte forma por TEIXEIRA (2010): ASPECTOS FÍSICOS: são os componentes de ordem cognitiva, afetiva e social que acompanham o ato motor. Neste sentido, Neto (apud TEIXEIRA, 2010, p. 54) diz que a criança tem em si uma grande necessidade de se movimentar, pois da qualidade do seu comportamento motor, vai depender todo o seu processo de desenvolvimento. É por essa razão que, dos dois aos sete anos de idade, os brinquedos assumem grande importância, já que são, ao mesmo tempo, instrumentos de brincadeira e jogo e meios de desenvolvimento. Pode-se dizer então que as crianças, por meio dos jogos, brinquedos e brincadeiras, exercitam seu corpo como um todo, conhece seus limites, exploram a realidade e coordenam seus movimentos. Alicia Fernàndez, em seu livro “A Inteligência Aprisionada”,afirma que “Desde o princípio até o fim, a aprendizagem passa pelo corpo” e acrescenta uma aprendizagem nova vai integrar a aprendizagem anterior; ainda quando aprendemos equações, temos o corpo presente no tipo de numeração e não se inclui somente como ato, mas também como prazer; porque está no corpo, sua ressonância não pode deixar de ser corporal, porque sem signo corporal de prazer, este desaparece (FERNÀNDEZ, 1991, p.59). ASPECTOS EMOCIONAIS: Quando está brincando, a criança tem a possibilidade de extravasar suas emoções, reproduzir situações que lhe foram traumáticas, expressar seus desejos e suas angústias, assumir diversos papéis, reviver, refazer e reorganizar situações indesejadas. É o que a Psicanálise chama de função catártica da atividade lúdica (TEIXEIRA, 2010, p.53). A teoria psicanalítica de Freud (apud TEIXEIRA, 2010, p. 55), representa uma grande contribuição na compreensão dos estudos sobre os jogos infantis. No texto “Além do Princípio do Prazer”, Freud anuncia que o brincar é a primeira atividade normal da mente, sendo que as crianças reproduzem em seus jogos, brinquedos e brincadeiras o que lhes causou maior impressão na vida. Por meio das atividades lúdicas, os indivíduos podem romper as barreiras do superego estabelecidas pela sociedade, expandindo seus instintos primitivos, sendo que os tipos de jogos, brinquedos ou brincadeiras não são tão importantes quanto a situação que é reproduzida pela criança. Pode-se dizer que a atividade lúdica expressa, sem consciência alguma da criança, algumas das fantasias primitivas das relações por ela vivenciadas. De acordo com o psicanalista Erik Erikson (apud TEIXEIRA, 2010, p.55), o jogo inclui todo o tipo de expressão, como a corporal, ideativa, gráfica, afetiva, espacial e verbal. É importante para a análise psicológica a qualidade da relação função catártica, catarse significa alívio das tensões. Função purificadora, libertadora, função de longa tradição. Tem por objetivo a compensação terapêutica e a transposição da personalidade, que a criança estabelece com o objeto utilizado como brinquedo. Para Erikson, este tipo de jogo tem forte carga projetiva, sendo que o modo de relação com os objetos pode fornecer informações importantes sobre a relação que a criança estabelece com os pais e com o mundo à sua volta. Psicologicamente, os jogos, os brinquedos e as brincadeiras servem para ajudar a superação dos sentimentos de perda e a ansiedade depressiva, típicas da infância. A dramatização de papéis dos jogos infantis cumpre pelo menos duas funções, assim caracterizadas por Machado (apud TEIXEIRA, 2010, p.56): possibilita o diagnóstico de um conflito que a criança esteja vivenciando e tem uma função curativa, por levar à diminuição da ansiedade, funcionando como uma válvula de escape. O autor destaca ainda que, de acordo com os princípios da ludoterapia, existem brinquedos terapêuticos que tem como base a função catártica, buscando aliviar a ansiedade gerada por experiências ameaçadoras. ASPECTOS SOCIOCULTURAIS: Alguns autores como pesquisaram os aspectos socioculturais contidos nos jogos infantis, mas coube a Johan Huizinga a autoria de um dos mais representativos estudos sobre o jogo como expressão cultural. Na obra “Homo Ludens”, cuja primeira edição data de 1938, Huizinga afirma que a cultura não “nasce do jogo” como um recém- nascido se separa do corpo da mãe. “Ela surge no jogo, e enquanto jogo, para nunca mais perder esse caráter”. (HUIZINGA, 2010, p.191). O autor define como jogo uma atividade voluntária exercida dentro de certos determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria e de uma consciência de ser diferente da vida cotidiana. O jogo da criança não é equivalente ao jogo para o adulto, pois não é uma simples recreação. Quando joga, o adulto se afasta da realidade, enquanto a criança, ao brincar/jogar, avança para novas etapas de domínio do mundo que a cerca (apud TEIXEIRA, 2010, p. 57). Huizinga conclui que as manifestações lúdicas da cultura estão em decadência desde o século XVIII e afirma que o autêntico jogo teria desaparecido da civilização atual, existindo apenas um falso jogo. Ele fundamenta essa ideia baseando-se na análise do esporte, que apesar de ainda possuir características lúdicas, perdeu parte delas, as mais puras, dada a excessiva sistematização a que o sujeitou como competição esportiva (apud TEIXEIRA, 2010, p. 57). Brougère (2010) em sua obra sobre brinquedo e cultura, relata que a brincadeira é uma forma de comportamento social, que se destaca do trabalho e do ritmo cotidiano da vida, reconstruindo-os para que se possa compreendê-los segundo sua própria lógica, organizada no tempo e no espaço. Segundo Brougère (apud TEIXEIRA, 2010, p. 58), uma das possibilidades de utilização do brinquedo é a brincadeira, quando a criança tem a possibilidade de conferir ao brinquedo novos significados, sem que ele condicione sua ação. Nessa medida, o brinquedo é fornecedor de representações manipuláveis. Os brinquedos e as brincadeiras são atividades culturalmente pertencentes ao ser humano. Para Brougère (2010), a criança está inserida, desde o seu nascimento, em um contexto social, e seus comportamentos estão impregnados por essa imersão inevitável. Por essas razões, acredito que o brinquedo utilizado na escola não deve ser muito diferente daqueles com os quais as crianças estão acostumadas a brincar fora do espaço escolar; deve ser algo que elas já conheçam que faça parte de sua realidade. A escola deve, portanto, resgatar os brinquedos pertencentes à cultura lúdica dos alunos e proporcionar ressignificações, mudanças de materiais adaptados, novos jogos, novas brincadeiras. O ambiente coletivo permite que essas sejam realizadas com sucesso, pois a interações com outras crianças possibilita que culturas sejam compartilhadas e novas ideias sejam expostas e apreendidas. Assim, na escola, o principal objetivo da utilização de jogos, brinquedos e brincadeiras é sugerir ideias, despertar a imaginação e ultrapassar os limites da criatividade. Afinal, trata-se da cultura lúdica do aluno, que é compartilhada entre as crianças, dentro da esfera real e imaginária vivenciada no momento do brincar. Essa diversidade de culturas é encontrada em ambientes que concentram um determinado número de crianças e que, além disso, estimulam a brincadeira de forma livre e ao mesmo tempo direcionada. Um ambiente importante que pode oferecer essas características é, justamente a escola. 3.2 O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL Quando se atua na educação Infantil é importante que se conheça as crianças, suas características e seus direitos, conhecer a metodologia para atuar como mediador, bem como toda a legislação que ajude na formação de um cidadão na atualidade e que respalde um trabalho pedagógico. Acredito que as atividades lúdicas proporcionam oportunidades às crianças para que internalizem alguns conteúdos curriculares por meio daquilo que faz parte de seu cotidiano, que é o brincar. ...Citando a lei de Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil em relação às propostas pedagógicas: 1- Educar e cuidar de crianças de zero a seis anos supõe definir previamente como se desenvolverão as práticas pedagógicas, para que as crianças e suas famílias sejam incluídas em uma vida de cidadania plena. Para que isto aconteça, é importante que as propostas Pedagógicas de Educação Infantil tenham qualidade e definam-se a respeito dos seguintes fundamentos norteadores: a) Princípios Éticos da Autonomia, da responsabilidade, da Solidariedade e do Respeito ao Bem Comum; b) Princípios Políticos dos Direitos e Deveres de Cidadania, do Exercício da Criticidade e do Respeito à Ordem Democrática;c) Princípios Estéticos da sensibilidade, da Criatividade, da Ludicidade, da Qualidade e da Diversidade de Manifestações Artísticas e Culturais. 2- Ao definir suas Propostas Pedagógicas, as instituições de Educação Infantil deverão explicitar o reconhecimento da importância da identidade pessoal dos alunos, suas famílias, professores e outros profissionais e a identidade de cada unidade educacional no contexto de suas organizações. 3- Propostas Pedagógicas para as Instituições de Educação Infantil devem promover em suas práticas de educação e cuidados, a integração entre os aspectos físicos, emocionais, afetivos, cognitivos/ linguísticos e sociais da criança, entendendo que ela é um ser total completo e indivisível. Desta forma, ser, sentir, brincar, expressar-se, cuidar-se, agir e responsabilizar são partes do todo de cada indivíduo, menino ou menina, desde bebês vão gradual e articuladamente, aperfeiçoando estes processos nos contatos consigo próprios, com as pessoas, coisas e o ambiente em geral . 4- Ao reconhecer as crianças como seres íntegros, que aprender a ser e conviver consigo próprias, com os demais e o meio ambiente de maneira articulada e gradual, as Propostas Pedagógicas das Instituições de Educação Infantil devem buscar a interação entre as diversas áreas de conhecimento e aspectos da vida cidadã, como conteúdos básicos para a constituição de conhecimentos e valores. Desta maneira, os conhecimentos sobre espaço, tempo, comunicação, expressão, a natureza e as pessoas devem estar articulados com os cuidados e a educação para saúde, a sexualidade, a vida familiar e a social, o meio ambiente, a cultura, as linguagens, o trabalho, o lazer, a ciência e a tecnologia. 5- As propostas Pedagógicas para a Educação Infantil devem organizar suas estratégias de avaliação, através do acompanhamento e registros de etapas alcançadas nos cuidados e educação para crianças de zero a seis anos, “sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental” (LDBEN, art.31). 6- As propostas pedagógicas das creches para crianças de zero a três anos, de classes e centros de educação infantil para as crianças de quatro a seis anos devem ser concebidas, desenvolvidas, supervisionadas e avaliadas por educadores, com pelo menos o diploma de curso de formação de Professores, mesmo que da Equipe Educacional participem outros profissionais das áreas de Ciências Humanas, Sociais e Exatas, assim como familiares das crianças. Da direção das instituições de Educação infantil devem participar, necessariamente, um educador, também com, no mínimo, Curso de Formação de Professores 7- As instituições de Educação infantil devem, através de suas propostas pedagógicas e de seus regimentos, em clima de cooperação, proporcionar condições de funcionamento das estratégias educacionais, do espaço físico, do horário e do calendário, que possibilitem a adoção, a execução, a avaliação e o aperfeiçoamento das demais diretrizes (LDBEN, art. 12 e 14). Desta forma, brincar, expressar-se, cuidar-se, agir e responsabilizar são partes do todo ser humano e de forma gradual vão se aperfeiçoando nestes processos no contato consigo mesmo, com outras pessoas, coisas e com o meio em que vive. Importante também destacarmos que as instituições infantis que se desenvolveram nas primeiras décadas deste século, tiveram influencias por princípios oriundos de Froebel e de escolanovistas como Claparède, Dewey, Decroly e Montessori. É interessante verificar como tais estudos repercutiram na introdução de jogos, concebidos ora como ação livre da criança, ora como atividade orientada pelo professor na busca de conteúdos escolares (KISHIMOTO, 2010, p. 99). Este modelo proposto por Froebel orientou muitas experiências pioneiras no Brasil, da mesma forma que Montessori e Decroly também integram grande parte das práticas que proliferam no país, modelo este que privilegia o cuidar, em detrimento do educar, num jardim em que a criança é a semente e a professora a jardineira. A teoria pedagógica de Piaget para a prática da Educação Infantil também merece destaque porque alguns princípios básicos que a orientam e destacam a importância da ação, o simbolismo, a atividade de grupo, a integração das áreas do conhecimento, tem como eixo central as atividades corporais. Em seus estudos, Piaget (apud GOULART, 2005, p. 14), tentou buscar as raízes e o processo de formação dos conceitos de tempo, espaço, causalidade, sem os quais o mundo exterior não seria assimilável e revelou o fato surpreendente de que cada criança desenvolve espontaneamente esses conceitos que, posteriormente, podem ser reencontrados sob a forma de uma elaboração formal e acabados no corpo das diferentes ciências. Os jardins-de-infância criados no Brasil no século XIX divulgaram a pedagogia dos jogos froebelianos, alguns absorvendo a ideia de jogos livres nas brincadeiras cantadas, outras o jogo orientado, incluindo materiais com bola, cilindro e cubo (KISHIMOTO, 2010, p.99). Todos os jogos froebelianos (KISHIMOTO, 2010, p.102) relatam o movimento das crianças de acordo com os versos por elas cantados. O conteúdo das músicas, em conformidade com os movimentos, tornando facilitador o conhecimento espontâneo sobre todos os elementos do ambiente. É este exatamente o papel educativo do jogo. Quando a criança é livre para desenvolver o jogo surte seus efeitos positivos na parte cognitiva, social e moral. Várias das dificuldades de utilização dos jogos, dos brinquedos e das brincadeiras, com o sentido pedagógico, acontecem em função das divergências existentes entre as características que são inerentes aos jogos, aos brinquedos e às brincadeiras e aos objetivos educacionais. É de fundamental importância esclarecer que o uso de jogos, os brinquedos e as brincadeiras são vistos de variadas formas e interpretações, por diferentes características e aspectos. Ao olhar o jogo como elemento da cultura, devemos analisar e apontar características como: prazer, a falta de seriedade, a liberdade, a separação dos fenômenos do dia a dia, as regras, o caráter figurado ou representativo e sua limitação no tempo e no espaço. Muitas vezes prevaleçe na maioria das situações, o prazer como marca do jogo, há casos em que o desprazer é o elemento que o caracteriza. Vygotsky é um dos que afirma que as vezes o jogo possui essa característica, porque em certos eventos, há esforço e descontentamento na busca do objetivo da brincadeira.. No momento em que a criança brinca, ela o faz de modo bastante concentrado. A pouca seriedade a que faz referência está mais relacionada ao cômico, ao riso que acompanha, na maioria das vezes, o ato lúdico e se contrapõe ao trabalho, considerado atividade séria. Ao postular a natureza livre do jogo, Huizinga a coloca como atividade voluntária do ser humano. Se obrigada, deixa de ser jogo. Existência. O fato de ter regras em todos os jogos é uma característica marcante. Há regras explícitas, como no jogo de xadrez ou no jogo de amarelinha, e regras implícitas, como na brincadeira de faz de conta, em que a menina se faz de mãe que cuida da filha. São regras internas, ocultas que ordenam e conduzem a brincadeira. Kishimoto (2011, p.29), utiliza-se de estudos de Garvey, King, Rubin e outros, elabora alguns critérios para identificar as características do lúdico na Educação Infantil mostrando os seguintes traços: A. não literalidade: as situações de brincadeira caracterizam-se por um quadro no qual a realidade interna predomina sobre a externa. O sentido habitual é substituído por um novo. São exemplos de situações em que o sentido não é literal, o ursinho de pelúcia servir como filhinho e a criança imitar o irmão que chora; B. efeito positivo: o jogo infantil é normalmente caracterizado pelos signos do prazer ou da alegria, entre os quais o sorriso. Quando brincalivremente e se satisfaz, a criança o demonstra por meio do sorriso. Esse processo traz inúmeros efeitos positivos aos aspectos corporais, moral e social da criança; C. flexibilidade: as crianças estão mais dispostas a ensaiar novas combinações de ideias e de comportamentos em situações de brincadeira que em outras atividades não recreativas. A ausência de pressão do ambiente cria um clima propício para investigações necessárias à solução de problemas. Assim, brincar leva a criança a tornar-se mais flexível e buscar alternativas de ação; D. Prioridade do processo de brincar: enquanto a criança brinca, sua atenção está concentrada na atividade em si e não em seus resultados ou efeitos. O jogo infantil só pode receber esta designação quando o objetivo da criança é brincar. O jogo educativo, utilizado em sala de aula, muitas vezes, desvirtua esse conceito ao dar prioridade ao produto, à aprendizagem de noções e habilidades; E .livre escolha: o jogo infantil só pode ser considerado jogo, quando escolhido livre e espontaneamente pela criança, caso contrário, terá a função de trabalho ou ensino; F.controle interno: no jogo infantil, são os próprios jogadores que determinam o desenvolvimento dos acontecimentos. Os tipos de atividades e brincadeiras que são escolhidos pelas crianças, estão muito relacionados com a capacidade motriz e a capacidade de participação social que cada criança estabelece com o grupo. Seja no contexto educacional, familiar ou social, a atividade lúdica para a criança de educação infantil pode acontecer de forma solitária, ou de forma solitária compartilhada, cooperativa, e de forma cooperativa complexa (MALUF, 2009, p. 71- Podemos falar nas brincadeiras solitárias, esse brincar é individual e pode prender totalmente a atenção da criança. Tem muito que descobrir ao seu redor, as formas, as texturas, os sons, as cores, os espaços, as percepções de seu corpo .Com a proximidade de uma outra criança, parece não oferecer nada de novo, mas apesar de estar absorta em suas próprias atividades, muitas vezes silenciosa, outras falando consigo mesma. Sempre acontece de se notar uma brincadeira solitária em paralelo com outras crianças, mas estão sempre envolvidas em seu próprio mundo lúdico, movimentando-se em função do brinquedo e da brincadeira solitária na qual escolheram. A criança se satisfaz em brincar ao lado de outras crianças, mas permanece ali em sua própria atividade. As vezes , ocorre uma disputa em defesa de seu espaço e seus brinquedos. Neste momento em que a criança está conhecendo e descobrindo seu próprio eu, estabelece relações entre seu corpo e os objetos manipulados. É um momento importante para o desenvolvimento psicomotor, pois a criança faz uma ligação do movimento com a subjetividade, ou seja, ela assimila seu movimento com a percepção dos objetos exteriores. Já nas brincadeiras solitárias compartilhadas, é possível observar uma mudança desse comportamento da criança, brinca sozinha, mas passa a mostrar interesse nas atividades de outras crianças. Observa atenta o que o outro está fazendo perdendo às vezes um bom tempo nesta observação. Nota se, porém, que essa observação vai além de uma simples “olhada” sem compromisso na brincadeira do outro. Ela já estará muito envolvida, muito absorvida em sua observação. Não há diálogo entre elas... Os dois tipos de características de brincadeiras nessa fase que estão ligados ao desenvolvimento psicomotor, quando a criança organiza suas experiências. O primeiro envolve fazer o que todos estão fazendo, apenas para não ser diferente. É o que ocorre quando um pequeno grupo de crianças está correndo, umas atrás das outras, e gritando qualquer palavra. O segundo surge quando todas as crianças do grupo estão empenhadas numa mesma atividade, como por exemplo, montando um quebra-cabeça, empilhando cubos de madeira etc. e como principal interesse, conversar entre si. As brincadeiras cooperativas quase sempre estão relacionadas com o jogo e com suas regras propriamente determinadas. Na brincadeira cooperativa é importante para a criança pertencer ao grupo ter um lugar definido, bem diferente daquela atividade individual que caracteriza as brincadeiras solitárias, e diferentes até da simples socialização peculiar ao processo de se juntar a um grupo, as brincadeiras cooperativas podem ser constituídas simplesmente de uma atividade conjunta como fazer castelos de areia, brincar com carrinhos, boneca, ou ainda, brincar com os objetos colecionados por ela. A criança toma parte em atividades compartilhadas, fazendo as mesmas atividades, dividindo os brinquedos, esperando sua vez e trabalhando em grupo. A conversa é principalmente em torno da própria prática, este tipo de brincadeira está diretamente ligado em ordenar aspectos corporais com os espaços temporais. Esta atividade prepara a criança para a elaboração de conceitos fundamentais ligados a evolução das aprendizagens escolares (FONSECA, 1996). O tipo de brincadeira em que as crianças assumem papéis espera a sua vez de falar e participar, e todas as atividades feitas dependem do desempenho conjunto do grupo, é uma brincadeira de cooperação mais complexa. A criança participa de jogos com regras mais variadas, tem um desempenho motor mais seguro e rápido, locomove-se com destreza, situando- se sem dificuldades no espaço, brinca de faz de conta e assume um papel, um personagem e o representa. Como o cotidiano da criança está repleto de representações da cultura lúdica, parte dessas representações internalizadas pelas crianças sofre influências outras, principalmente televisivas: “pelas ficções, pelas diversas imagens que mostra, a televisão fornece às crianças conteúdo para suas brincadeiras” (BROUGÈRE, 2010, p. 32). afirma que a televisão amplia as referências das quais as crianças dispõem, porém isto não significa que as brincadeiras infantis sejam apenas imitação do que ocorre na televisão, até porque nem todo o conteúdo televisivo pode ser incorporado ao universo da criança. Para o autor, o grande valor da televisão para a infância é oferecer uma linguagem comum às crianças que pertencem a ambientes diferentes, também afirma que: “Quem brinca se serve de elementos culturais heterogêneos para construir sua própria cultura lúdica com significações individualizadas”. Muitas vezes, o brinquedo não apresenta realmente a função que parece ter, mas a imagem atrai a representação e induz aos significados do mundo real, inserindo a criança em um meio social. No entanto, se observarmos as relações que a criança estabelece com o conteúdo da televisão e com o brinquedo, percebemos que, no brinquedo, ela tem a possibilidade de criar e recriar ativamente, porque pode manipulá-lo para continuar brincando, e assim conduz a brincadeira para o caminho que desejar. 3.3 O LÚDICO E A CULTURA ESCOLAR Ainda muito cedo na escola, a criança tem a necessidade de brincar para se socializar e inteirar-se com a experiência sócio-histórica dos adultos e do mundo por eles criado. Desta forma, a brincadeira é uma atividade humana em que as crianças são colocadas, para assimilar e recriar a experiência sócio cultural na qual os adultos estão inseridos. Mas percebemos que, embora algumas escolas tenham adotado um espaço para que o brincar possa ocorrer, com a criação de brinquedotecas , espaços criados para promover a brincadeira espontânea ou dirigida, que visa o desenvolver e à aprendizagem global da criança, os professores parecem estar perdidos nesta tarefa , por estarem mais preocupados com objetivos elencados pelos programas escolares para cada faixa etária. Com isso, o brincar fica restrito a intervenção entre atividades. O Referencial Nacional para a Educação Infantil (1998) orienta aos professores de Educação Infantil que considere os vários significados que pode ter a atividade
Compartilhar