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1 SP 01: “PLANTADA NO VASO” OBJETIVOS 1) DEFINIR DIARREIA E CLASSIFICAR QUANTO A DURAÇÃO, MAGNITUDE E LOCAL DE ACOMETIMENTO PRIMÁRIO; Diarréia = eliminação excessivamente frequente de fezes moles ou malformadas, a ocorrência está relacionada a questões fisiológicas e patológicas, classificam-se como agudas (menor de 4 dias quando causadas por agentes infecciosos e tem evolução autolimitada) ou crônicas. Há aumento no peso de fezes, em homens maior que 235g por dia e mulheres maior que 175g por dia e mais que duas vezes ao dia. -AGUDA: começa subitamente, persistindo por pelo menos duas semanas, causada por agente infecciosos, podem ser divididas em não inflamatórias (aquosas) (volumes grandes) e inflamatórias (disenteria) (volumes pequenos). A não inflamatória, há eliminação de fezes líquidas volumosas, sem sangue, cólicas periumbilicais, distensão abdominal por gases e náuseas ou vômitos. Esse tipo muito causado por bactérias que produzem toxinas como, S. aureus, E. coli enterotoxigênica, Cryptosporidium parvum, Vibrio cholerae, ou por vírus, Giardia, etc, que interrompem a absorção ou secreção normal do intestino delgado. Vômitos abundantes sugerem enterite viral ou intoxicação alimentar por S. aureus. Diarreia originada no intestino delgado, há maior volume e causa desidratação com hipopotassemia e acidose metabólica. Não há lesão tecidual da mucosa, por isso não há leucocitose. A inflamatória, há presença de febre e diarreia sanguinolenta, disenteria, nesse tipo de diarreia há invasão do tecido intestinal por agentes como, Shigella, Salmonella, Yersinia e Campylobacter, ou por toxinas vinculadas a C. difficile ou E. coli. Geralmente, esse tipo de diarreia aguda afeta mais o intestino grosso, por isso, há evacuação frequente, com volume pequeno, associada a cólicas no quadrante inferior esquerdo, urgência para defecar e tenesmo. Diarreia com período superior a 14 dias pode ser causada por bactéria C. difficile, ou outra causa. -SUBAGUDA: ou persistente, ocorre com duração de 2 a 4 semanas. -CRÔNICA= quando sintomas persistem por 4 semanas ou mais, associada a distúrbios como Doença Inflamatória Intestinal (DII) ou Síndrome do Cólon Irritável (SCI), síndrome de má absorção, doenças endócrinas como hipertireoidismo, neuropatia autônoma diabética e, ainda, colite pós-irradiação. Tipos de diarreia crônica, conteúdo intraluminal hiperosmótico, aumento dos processos secretórios do intestino, DII e infecções. Diarreia factícia, causada por uso excessivo ou errôneo de laxantes ou alimentos laxantes. Na diarréia osmótica, a água é atraída para o lúmen intestinal, pela concentração hiperosmótica do seu conteúdo, fazendo com que o cólon não consiga absorver o líquido em excesso, esse processo ocorre quando partículas osmóticas não são devidamente absorvidas, como ocorre em deficientes de lactase. A diminuição do trânsito intestinal também contribui para alterações na absorção e pode causar diarreia crônica. 2 -SECRETÓRIA= esse tipo de diarreia se desenvolve quando os processos secretórios intestinais estão exacerbados. Ocorre quando ácidos biliares estão em em maiores concentrações no intestino e se acumulam no cólon, essa alteração ocorre com doenças no íleo, porque segmentos biliares são absorvidos nessa porção intestinal. Proliferação bacteriana excessiva no intestino delgado também pode ocasionar esse tipo de diarreia, pois interfere na absorção da bile. Tumores também podem interferir na secreção intestinal, pois produzem hormônios que promovem hiperatividade secretória, alguns tumores com Zollinger-Ellison e síndrome carcinóide. Secretagogos mantêm taxas elevadas de transporte de líquido para dentro do lúmen intestinal, não se interrompe essa diarreia com jejum. Essa diarréia ocorre também quando a capacidade de absorção do intestino grosso é excedida pela secreção aumentada do intestino delgado, causas infecciosas e tóxicas causam esses distúrbio. -OSMÓTICA= disabortiva. Causada por nutrientes ou eletrólitos mal-absorvidos que retêm água no lúmen intestinal. Ocorre quando a capacidade de digerir ou absorver um nutriente está deficiente, pode ser consequência de distúrbio de mistura, por alteração da motilidade, insuficiência pancreática, lesão de enterócitos ou dos transportadores da superfície luminal. Essa diarréia é amenizada com jejum. -INFLAMATÓRIA= inflamação aguda ou crônica, doença intrínseca ao intestino grosso como colite ulcerativa ou doença de Crohn. Esse tipo de diarreia ocorre por maior frequência e urgência das evacuações e dor abdominal sob forma de cólicas, pode acompanhar tenesmo, escapes de fezes na roupa e despertos com urgência para evacuar a noite. Os parasitas mais associados à diarreia crônica, são os protozoários Giardia, E. histolytica e Cyclospora. Pacientes imunossuprimidos podem desenvolver diarréia crônica ou aguda, incluindo portadores de Cryptosporidium, citomegalovírus (CMV) e complexo Mycobacterium avium-intracellulare. -DIARREIA: alta: proveniente do intestino delgado; os episódios diarreicos são mais volumosos, e a causa é a síndrome disabsortiva associada com esteatorreia; baixa: evacuações em pouca quantidade, frequentes, associadas a tenesmo e urgência fecal; funcional: causada por hipermotilidade intestinal (p. ex., síndrome do intestino irritável). 3 2) DESCREVER OS PROCESSOS FISIOPATOLÓGICOS DAS DIARREIAS, CORRELACIONANDO COM AS FASES DA DIGESTÃO. -SECRETORA: intestino delgado. Ocorre quando a secreção de Cl- da mucosa intestinal é ativada, no interior das células da mucosa a concentração de Cl- aumenta por uma carreador basolateral do tipo simporte (duas substâncias são transportadas entre membranas na mesma direção) de Na+-k+-2cL-, na qual o cloro é secretado por canais luminais de cloro, que abrem-se com mais frequência quando a concentração intracelular de AMpc eleva-se, esse, formado em quantidades maiores quando há presença de laxantes e toxinas bacterianas, como Clostridiium difficile e Vibrio cholerae. Peptídeo Intestinal Vasoativo (VIP) por células de tumores das ilhotas pancreáticas também causa aumento nas quantidades de AMPc nas células intestinais, levando a diarreia grave. Em processos de ressecção ileal, sais biliares são conduzidos mais rapidamente ao cólon, onde são desidroxilados por bactérias, gerando metabólitos que promovem secreção de NACl e água no cólon. As infecções elaboram enterotoxinas que agridem receptores específicos na membrana das células absortivas, induzindo o sistema adenilciclase/AMP cíclico. As toxinas são absortivas nas células presentes nas vilosidades e criptas da mucosa intestinal, promovendo estímulo de transporte de eletrólitos e água, aumentando secreção de cloro e bicarbonato e reduzindo absorção de sódio e cloro. O Rotavírus promove danos aos enterócitos e destruição das microvilosidades reduzindo a absorção enquanto que as criptas secretam íons e fluídos. E. coli enterotoxigênica, se adere por fímbrias à superfície da células enterócita, desenvolvendo enterotoxinas que estimulam os sistemas adenilciclase e guanil-ciclase. São enteretoxinas produzidas pela E. coli, Termolábil que estimula a via AMPc e outra termoestável que age pela via GMPc. Causas mais comuns de diarreia secretora: 4 A toxina da bactéria Vibrio cholerae se liga às células epiteliais do intestino e penetra nelas. A subunidade ativa da toxina transloca-se para a membrana basolateral ativando proteína G estimuladora, acumulando AMPc, resultando em secreção descontrolada de cloreto e transbordamento de líquido no lúmen intestinal. O peptídeo endógeno regulador da secreção de cloreto, a guanilina, produzida por determinadas cepas de E. coli patogênica, a principal causa da diarreiado viajante. Essa toxina liga-se a um receptor apical nas células epiteliais e provoca secreção de cloreto por meio de um aumento no GMPc. Existe também um ligante natural para esse receptor; de fato, a toxina bacteriana exibe uma homologia estrutural com a guanilina e, portanto, representa um exemplo de “mimetismo molecular”. Na doença de Crohn e colite ulcerativa, o epitélio intestinal é exposto a mediadores imunológicos e inflamatórios promovendo inibição da absorção de sódio e cloreto. 5 Regulação da secreção de cloreto por agonistas dependentes de AMPc, como o VIP e as prostaglandinas. Esses agonistas ativam a adenilato-ciclase (AdC) por meio de uma proteína G estimuladora (GS), levando a um aumento do AMPc intracelular. Isso, por sua vez, ati- va a proteína- quinase dependente de AMPc (proteína-quinase A), causando a dissociação de suas subunidades catalíticas (C) das subunidades reguladoras (R). Por conseguinte, as subuni- dades catalíticas são liberadas para fosforilar o CFTR, levando à abertura do canal, além de esti- mular a inserção de moléculas adicionais do cotransportador NKCC1 na membrana basolater 6 DIARREIA OSMÓTICA: intestino grosso. Provocada por excesso de osmolaridade no lúmen intestinal, desenvolvendo pressão osmótica maior que a pressão do plasma, determinando passagem de água e eletrólitos para a luz intestinal. Esse distúrbio supera a capacidade de absorção do cólon, o que determina a emissão de fezes líquidas. Os solutos presentes no lúmen do intestino são determinantes ainda para promover peristalse. São fatores determinantes para promover diarreia osmótica: -Carboidratos: uma superalimentação dessa substância sobrecarrega o intestino em relação a sua própria capacidade de absorção destas moléculas (monossacarídeos e dissacarídeos). -Solutos não absorvíveis: se incluem nesse tipo, a ingestão de laxantes com presença de magnésio, sulfato e lactulose. -Deficiência de enzimas: as dissacaridases são as principais, promovem digestão de açúcares que promovem aumento da pressão osmótica quando não absorvidos. Nesse tipo, enquadra-se a lactase. Em infecções há reparação da mucosa intestinal, de forma lenta, na porção final do intestino os açúcares sofrem ação das bactérias que os fermentam, produzindo ácido láctico acompanhado de diminuição do pH fecal e promovendo estímulo secretor, agravando o quadro. DIARREIA INFLAMATÓRIA: inferior do intestino delgado e intestino grosso 7 Exsudativa. Ocorre com invasão do patógeno na mucosa intestinal como E. coli, Salmonella, Shigella, etc, ou por agressão imunomediada, promovendo agressão e perda da integridade da mucosa intestinal, citólise (é a destruição de uma célula viva por dissolução dos seus elementos devido ao excesso de água provocado por um desequilíbrio osmótico. A presença de uma parede celular impede que a membrana se desintegre, pelo que a citólise ocorre apenas em células animais e protozoárias que não tenham paredes celulares) e morte celular, exsudando muco, sangue e células inflamatórias. A mucosa intestinal inflama, desenvolve ulceração ou congestiona-se e libera proteínas, sangue, muco, aumentando volume e conteúdo das fezes. Doença de Crohn, Câncer podem provocar. DIARREIA MOTORA: provocada por alterações na motilidade intestinal, que é influenciada por sistema nervoso autônomo e central. Hipertireoidismo e diabetes provocam esse tipo de diarreia. No hipertireoidismo há excesso de T3 e T4, hormônios que se ligam às células intestinais e promovem aumento no peristaltismo e consequentemente diarreia. 8 9 3) IDENTIFICAR O QUADRO CLÍNICO, EPIDEMIOLOGIA E ETIOLOGIA DA DIARREIA AGUDA E CRÔNICA EM ADULTOS; -ETIOLOGIA: O fluxo gastrointestinal é constante e envolve a secreção de líquido para dentro e absorção no lúmen intestinal. Anormalidades no processo de absorção e secreção promove desenvolvimento de diarreias. A osmolaridade pode estar alterada com a ingesta de carboidratos por exemplo, por substratos convertidos em osmoles como no caso de bactérias que promovem inibição de digestão de carboidratos causando diarreia no colo, como manifestação de doença genética. No caso da secreção pode estar aumentada por secretagogos carreados pelo sangue ou intralumiais. Estes incluem produtos endócrinos endógenos (superprodução de VIP por um tumor), exotoxinas resultantes de ingestão direta (intoxicação alimentar aguda) ou infecção (cólera), ou substância no lúmen GI (ácidos biliares) que estimulam secreção. em relação a absorção, pode estar diminuida por fatores como efeitos tóxicos do álcool e lesão epitelial do lúmen intestinal por agentes infecciosos e por suas toxinas. As citocinas liberadas em respostas imunes também inibem a absorção. As citocinas são liberadas por células imunes e outras células (p. ex., em resposta à infecção). Agentes que aumentam a motilidade intestinal promovem menos tempo para absorção. As doenças diarreicas agudas (DDA) podem ser causadas por diferentes microrganismos infecciosos (bactérias, vírus e outros parasitas, como os protozoários) que geram a gastroenterite – inflamação do trato gastrointestinal – que afeta o estômago e o intestino. A infecção é causada por consumo de água e alimentos contaminados, contato com objetos contaminados e também pode ocorrer pelo contato com outras pessoas, por meio de mãos contaminadas, e contato de pessoas com animais. 10 11 DIARREIA AGUDA ETIOLOGIA Em países em desenvolvimento, como o Brasil, as bactérias representam ate 50% dos casos da população adulta. Sendo, Salmonella, Shigella, Campylobacter e Yersinia são agentes invasivos frequentes. Em regiões endêmicas Vibrio choleare apresenta quadro grave de diarreia aquosa e desidratação profusa. Em caso de sangramento, Escherichia coli entero-hemorrágica deve ser considerada. Escherichia coli acomete principalmente viajantes. Os vírus acometem principalmente crianças de países desenvolvidos, sendo Rotavírus principalmente, gerando diarreia de intensidade variável, com vômito e febre. Presença de sangue nas fezes e tenesmo, provável etiologia não viral. Por parasita Giardia lamblia causa diarreia na fase aguda, Entamoeba histolytica pode provocar diarreia aguda grave com sangue e muco, cólica abdominal e pouco febre. Ascaris lumbricoides, causa obstrução intestinal, Strongyloides causam pouca diarreia aguda. Esse tipo de diarreia pode ser provocado por drogas, antibióticos, lactulose, laxantes, colchicina, patologias sistêmicas ou outras doenças. EPIDEMIOLOGIA Nesse cenário diversificado das regiões do país, relacionado ao desenvolvimento socioeconômico, às condições de saneamento, ao clima e às situações adversas, como os desastres, ocorrem anualmente, mais de 4 milhões de casos e mais de 4 mil óbitos por DDA, registrados por meio da vigilância epidemiológica em unidades sentinelas e pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM). Entre os viajantes a diarreia aguda é a doença mais previsível, sendo conhecida como “diarreia dos viajantes”. As infecções causadas por bactérias representam de 80 a 90% e as virais de 5 a 8%. QUADRO CLÍNICO Apresentar no mínimo três episódios de diarreia aguda no período de 24 horas podendo passar de 10, apresentando diminuição da consistência das fezes, fezes líquidas ou amolecidas e aumento da frequência de evacuação e urgência em evacuar, acompanhados de cólicas abdominais, dor abdominal, febre, sangue, muco, náusea, vômitos, desidratação, má nutrição, perda de peso, deficiência vitamínica e flatulência. DIARREIA CRÔNICA ETIOLOGIA Em paísesdesenvolvidos, síndrome do intesitno irritável, doença inflamatória intestinal idiopática e síndromes abortivas são as principais etiologias no quadro da diarreia crônica. Nos países em desenvolvimento, infecções são as principais causas da diarreia crônica. 12 EPIDEMIOLOGIA A diarreia crônica é um sintoma relativamente comum, sendo descrita em 3 a 5% da população adulta. QUADRO CLÍNICO Diarreia há mais de 4 semanas. Pode haver presença de sangue nas fezes. Hematoquezia (sangue vermelho nas fezes) ou Melema (sangue escuro nas fezes). Perda de peso, apresenta diminuição da consistência das fezes, fezes líquidas ou amolecidas e aumento da frequência de evacuação e urgência em evacuar, acompanhados de cólicas abdominais, dor abdominal, febre, sangue, muco, náusea, vômitos, desidratação, má nutrição, perda de peso, deficiência vitamínica e flatulência. 4) EXPLICAR O MECANISMO DE AGRESSÃO ENVOLVIDO NA DIARRÉIA AGUDA E AS MANIFESTAÇÕES ABDOMINAIS; Os mecanismos de agressão pelos agentes enteropatogénicos (que podem ser bactérias, vírus e parasitas) são variados, e podem ir da produção de toxinas com diferentes formas ou locais de atuação, até à invasão da mucosa intestinal com entrada na circulação sanguínea e disseminação extra-intestinal. Enterocolite Infecciosa Cólera Vibrio cholerae, bactéria Gram-negativa em forma de vírgula. Endêmica ao Vale do Ganges. Crustáceos e plâncton podem ser reservatórios da bactéria, que possui crescimento rápido em locais quentes. Permanecem na luz intestinal e liberam uma toxina composta de cinco subunidades B e uma subunidade A. As subunidades B se ligam ao gangliosídeo GM1 na superfície epitelial das células intestinais, posteriormente por endocitose é transportada até o retículo endoplasmático (transporte retrógrado). A subunidade A é reduzida a proteína dissulfeto isomerase, e um fragmento peptídico é desenrolado, liberado e transportado para o citoplasma células onde se reenovela para evitar a degradação, e interage com fatores citosólicos de ribosilação de ADP, para ribosilar e ativar proteína G estimulatória, Gsα, promovendo estimulação a adenilato ciclase e aumentos AMPc cíclico intracelular abrem reguladores de condução transmembrana da fibrose cística, CFTRs, liberando cloreto para o lúmen intestinal, absorção de sódio e cloreto é inibida pelo AMPc. Promovendo diarreia osmótica causando diarreia grave. 13 Transporte e sinalização da toxina do cólera. Após o transporte retrógrado da toxina até o retículo endoplasmático (ER), a subunidade A é liberada pela ação da proteína dissulfeto isomerase (PDI), sendo então capaz de acessar o citoplasma das células epiteliais. Em conjunto com um fator de ribosilação do ADP (ARF), a subunidade A então realiza a ADP-ribosilação de GSα, sendo mantida em seu estado ativo, ligado ao GTP. Isso leva à ativação da adenilato ciclase (AC), sendo que o AMPc produzido abre o CFTR para que haja secreção de cloretos e diarreia. -Clínica:assintomáticos ou apresentam diarreia branda. Nos casos graves, há início abrupto de diarreia aquosa e vômitos com posterior período de incubação de 1 a 5 dias. Fezes volumosas semelhantes água de arroz e odor de peixe, pode haver 1 Litro de diarreia por hora, promovendo desidratação grave hipotensão, choque e morte. Enterocolite por Campylobacter Campylobacter jejuni, bactéria entérica,causa diarréia de viajantes. Água contaminada, frango mal cozido e leite não pasteurizado. Quatro propriedades causam a infecção, motilidade, aderência, toxinas e invasão. Flagelos fazem com que a bactéria seja móvel, promovendo aderência, colonização e aderência da mucosa. Citoxinas produzidas pelas bactérias causam danos epiteliais e uma enterotoxina pode ser liberada. A diarreia hemorrágica ocorre pela invasão e apresenta-se em poucas cepas. -CLÍNICA: A febre pode estar presente quando há proliferação na lâmina própria e nos linfonodos mesentéricos. 14 Shigelose Shigella, bactéria anaeróbica, Gram-negativa não encapsulada, não apresenta motilidade, pertence à família Enterobacteriaceae, relacionada a E. coli enteroinvasiva. É uma bactéria resistente ao ambiente ácido hostil do estômago, no intestino são resgatados por células M (microfold) (epiteliais) especializadas em amostragem e apresentação de antígenos do lúmen intestinal, se proliferam intracelularmente, escapam para a lâmina própria e são fagocitadas por macrófagos, e promovem apoptose. Posteriormente, há inflamação que danifica o epitélio permitindo acesso da bactéria à membrana basolateral das células epiteliais. Essas bactérias possuem plasmídeos virulentos, que podem codificar sistema de secreção tipo III que injeta proteínas bacterianas no citoplasma do hospedeiro. Sorótipo 1 da S. dysenteriae libera ainda, toxina Shiga Stx, que inibe síntese de proteína eucariótica, promovendo então lesão e morte das células hospedeiras. -CLÍNICA: causa diarreia inicialmente aquosa e posteriormente disentérica, febre e dor abdominal. Período subagudo pode apresentar fezes céreas e escassas. Salmonella Enterobacteriaceae Gram-negativa, possuem dois tipos, a Salmonella typhi, causa febre tifoide e não tifoide que causa salmonelose, dividida em S. enteritidis. Essas bactérias codificam um sistema secertório tipo III que transfere proteínas bacterianas para células M e enterócitos, que ativam as Rho GTPases da célula hospedeira, promovendo o rearranjo da actina e endocitose bacteriana, possibilitando crescimento das bactérias nos endossomas. A flagelina, proteína do centro dos flagelos, ativa TLR5 nas células intestinais promovendo maior inflamação local. Lipossacarídeos de algumas bactérias ativa TLR4. Há também secreção de moléculas que promovem liberação de ecosanoide hepoxilina A3 pelas células do epitélio inteestinal, atraindo neutrófilos para o lúmen intestinal e aumentando a lesão da mucosa intestinal. Linfócitos Th17 e Th1 limitam a infecção. -CLÍNICA: fezes moles, febre na fase inicial (2 dias), diarreia profusa, semelhante à provocada pela cólera, e disenteria. Febre Tifoide Febre entérica, subtipos typhi e parathyphi (mais comuns em viajantes). Sobrevivem ao ácido gástrico, captadas por células M na qual invadem e são ingeridas por células no tecido linfóide, podendo se disseminar pelo tecido linfático e sanguíneo, causando hiperplasia de fagócitos e tecidos linfóides pelo organismo. -CLÍNICA: anorexia, dor abdominal, distensão, náusea, vômito e diarreia sanguinolenta, período assintomático, bacteremia, febre e sintomas de resfriado. Pode haver sinais parecidos com apendicite. Complicações como encefalopatia, convulsões, endocardite, miocardite, pneumonia e colecistite. 15 Escherichia coli Bacilos Gram-negativos, um subgrupo causa doenças humanas. E. coli Enterotoxigênicas Principal causa de diarreia de viajantes, ocorre por água e alimentos contaminados. Produzem toxinas lábeis ao calor e toxinas estáveis ao calor, que induzem a secreção de cloreto e água e inibem absorção de fluido intestinal. A toxina lábel ao calor, semelhante toxina da cólera, ativa adenil ciclase, que aumenta AMPc intracelular, que estimula secreção de cloreto e inibe absorção. Toxina estável ao calor, semelhante a guanilina, se liga à guanilato ciclase e promove aumento de GMPc intracelular produzindo efeitos sobre o transporte intracelular. -CLÍNICA: diarreia secretória, desidratação, não há inflamação e pode levar a choque. E. coli Enteropatogênicas Prevalentes em países desenvolvidos e em desenvolvimento, promovem diarreia endêmica e surtos de diarreia. Promovem lesão de aderência e de perda, na qual a bactéria adere firmemente às membranas apicais do enterócito causando perda local (apagamento dos microvilos). Uma ilha patogênica genômica, locus do apagamento dos enterócitos,produz proteínas que promovem as lesões, como Tir, inserida na membrana das células epiteliais, e age como receptor para proteína intimina na membrana externa da bactéria. A Tir é codificada pelo gene espE, utilizado para diagnóstico da patologia. No local da lesão há sistema de secreção tipo III, que insere proteínas efetoras bacterianas no citoplasma das células epiteliais. E. coli Êntero-hemorrágicas Sorótipos E. coli O157:H7 e não O157:H7. Carne moída, leites e vegetais podem transmitir quando manuseados de forma incorreta. Produzem toxinas tipo Shiga, que levam a lesões, e desenvolvem sintomas como a S. dysenteriae. -CLÍNICA: diarreia sanguinolenta, síndrome hemolitico-urêmica, colite isquêmica, fortes cólicas abdominais, forte diarréia, com possível presença de sangue, vômitos e febre. E. coli Enteroinvasivas Similares a Shigella, transmitidos por alimentos, água e contato interpessoal. Invadem células do epitélio, se multiplicam e invadem outros enterócitos, promovendo morte celular e causam características não específicas de colite aguda autolimitada. -CLÍNICA: arrepios, febre, fezes com sangue, dores abdominais e dor de cabeça. E. coli Enteroagregativas As bactérias aderem aos enterócitos por fimbrias de aderência, ajudados pela proteína dispersina, que neutraliza a carga negativa dos lipossacarídeos da superfície. Enterotoxinas 16 similares a Shigella e E. coli enterotoxigênica (toxina estável ao calor), provocando mínimas lesões de superfície. -CLÍNICA: diarreia não sanguinolenta, persistente por mais de 14 dias. Colite Pseudomembranosa C. difficile, principal causador, associada a antibióticos, se prolifera com rompimento da microbiota normal do intestino, provocado por uso de antibióticos prinicpalmente. Toxinas causam ribosilação de GTPases (Rho) resultando em rompimento do citoesqueleto epitelial, perda de barreira, citocinas e apoptose. -CLÍNICA: febre, leucocitose, dor abdominal, cólicas, diarreia aquosa e desidratação. Gastroenterite Viral Norovírus Causa comum de gastroenterite não bacteriana, ficam atrás do Rotavírus em diarreia grave. Associado a água e alimentos contaminados e a contato interpessoal. Anormalidades no intestino delgado como encurtamento de vilosidades, vacuolização epitelial, perda de microvilos da borda em escova, hipertrofia de criptas e infiltração de lâmina própria por linfócitos. -CLÍNICA: aparecimento repentino de náuseas seguido de vômitos em projétil e diarréia forte, podem apresentar febre, dor de cabeça, câimbras no estômago e dores nos membros. Rotavírus Vírus encapsulado, RNA em fita dupla, comum em diarreia grave. O virus destroi enterócitos no intestino delgado e, a superfície das vilosidades são repovoadas por células secretórias imaturas. A lesão é provocada por proteína não estrutural 4 (NSP4) induzindo apoptose. Provoca então, menor absorção e aumenta secreção de eletrólitos e água, desenvolvendo diarréia osmótica. -CLÍNICA: diarreia osmótica, limitação abdominal, dor muscular e desidratação. Adenovírus Afeta pacientes imunocomprometidos, crianças e adultos. Degeneram epitélio superficial, atrofiam vilosidades e hiperplasia da cripta. -CLÍNICA: diarreia, dor abdominal, febre e perda de peso. 17 Enterocolite Parasitária Ascaris lumbricoides Nemátodo, contaminação fecal-oral, ovos eclodem no intestino e larvas penetram no intestino, migram para circulação sistêmica, pulmões onde se desenvolvem nos alvéolos. Após, larvas são engolidas, e viram adultas no intestino delgado e promovem inflamação. -CLÍNICA: febre, dor de barriga, diarreia, náuseas, bronquite, pneumonia, convulsões e esgotamento físico e mental. Strongyloides Larvas, penetram na pele, migram aos pulmões e residem no intestino até a vida adulta. Ovos eclodem no intestino e larvas penetram mucosa intestinal para realizar o ciclo. -CLÍNICA: tosse, sibilos, diarreia e dor abdominal. Necator duodenale e Ancylostoma duodenale Larva penetra na pele, desenvolve-se nos pulmões, migram para intestino. No duodeno, aderem à mucosa, suam sangue e se reproduzem. Causando erosão epitelial, hemorragia, inflamação e anemia. -CLÍNICA: dor abdominal, diarreia, amarelão. Cestódeos Intestinais Três espécies primárias que afetam os humanos: Diphyllobothrium latum, as tênias de peixes; Taenia solium, as tênias de porcos; e Hymenolepis nana, tênias anãs. Habitam o lúmen intestinal, contaminam por ingestão de peixe, carne, ou carne de porco crus ou malcozidos que contenham larvas encistadas. Larvas aderem à mucosa intestinal através de sua cabeça, ou escólex. O verme retira seus nutrientes do fluxo de alimentos e aumenta por meio da formação de segmentos repletos de ovos, chamados de proglótides. O verme não penetra na mucosa intestinal, a eosinofilia periférica geralmente não ocorre. -CLÍNICA: dor abdominal, diarreia e náusea, mas a maioria dos casos é assintomática. Entamoeba histolytica Contaminação fecal-oral. Os cistos da E. histolytica, possuem uma parede de quitina e quatro núcleos, resistentes ao ácido gástrico, os cistos então colonizam a superfície epitelial do cólon e liberam trofozoítos, formas ameboides que se reproduzem sob condições anaeróbicas. Afeta principalmente o ceco e o cólon ascendente. Disenteria ocorre quando ameba se conecta ao epitélio intestinal e induz apoptose, invade as criptas e acomoda-se nas laterais da lâmina 18 própria. Promove recrutamento de neutrófilos, causa danos teciduais e cria uma úlcera em forma de cantil com entrada estreita e base larga. -CLÍNICA: dor abdominal, diarreia acompanhada de sangue e perda de peso. Giardia lamblia Disseminados por água e alimentos contaminados por fezes. A infecção pode ocorrer após a ingestão de apenas 10 cistos. Infecção pode ocorrer pela rota fecal-oral, e como os cistos são estáveis, eles podem ser acidentalmente deglutidos durante a natação em água contaminada. Protozoários flagelados, causam depleção na expressão das enzimas da borda em escova, como a lactase. Desenvolvem lesões aos microvilos e morte das células epiteliais do intestino delgado. Respostas da mucosa com IgA e IL-6 são importantes para eliminar as infecções por Giardia. Encurtamento das vilosidades com maior quantidade de linfócitos intraepiteliais e exsudato misto na lâmina própria pode se desenvolver em pacientes com infecções acentuadas. -CLÍNICA: dor abdominal, diarreia aguda ou crônica, perda de peso, ciarreia osmótica. Cryptosporidium Causa importante de diarreia pelo mundo. Sendo, diarreia persistente em residentes de países em desenvolvimento como o Brasil. Água contaminada é o principal meio de transmissão. Infecção humana por C. hominis e C. parvum. Oócito libera esporozoítas após a ativação das proteases pelo ácido gástrico. Os esporozoítas possuem motilidade e capacidade em se aderir ao epitélio borda em escova do intestino, causam mudanças no citoesqueleto do enterócito. O qual induz ao enterocitos a ingerir o parasita, que se fixa dentro do microvilos. Promovendo má absorção de sódio, secreção de cloreto e permeabilidade aumentada da junção oclusiva (tight junction), Pormovendo diarreia osmótica. -CLÍNICA: diarreia osmótica, dor abdominal em cólica, fraqueza e febre. 5) DESCREVER AS HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS E TERAPÊUTICAS DAS DIARREIAS AGUDAS; -HIPÓTESES DIAGNÓSTICAS: retocolite ulcerativa inespecífica (fezes amolecidas com sangue, muco ou pus), colites retites actínicas (ausada no reto por radiações ionizantes), doença de Crohn, CA de intestino grosso. Além de afecções por Salmonella, Shigella, Campylobacter, Yersinia, C. difficile e E. coli produtora de toxina Shiga em pacientes com diarreia febril, com presença de muco ou sangue, dor e irritação abdominal ou sinais de sepse. Yersinia 19 entorocolitica em quadro de diarreia com dor abdominalpersistente. E. coli, produtora de Shiga, com apresentação de diarreia sanguinolenta, menor possibilidade febre (testar por cultura E. coli enterohemorrágica (O157:H7). Portadores de síndrome da imunodeficiência com quadro de diarreia persistente, analisar Cryptosporidium, Cyclospora, Cystoisospora, Microsporidia, Mycobacterium avium complex (MAC). Em viajantes com presença de diarreia por mais de 14 dias, pesquisar parasitas, C. difficile com diarreia e uso recente de antimicrobianos, epidemiologia do local da viagem e considerar doença inflamatória intestinal, síndrome do intestino irritável pós-infecciosa. -TERAPÊUTICA: Fundamenta-se na prevenção e correção da desidratação, por ingesta de líquidos e solução de sais de reidratação oral ou fluídos endovenosos. Dependendo do estado clínico do paciente, segue-se um dos Planos, A, B ou C. Avaliação clínica e estado de desidratação devem ser avaliados de maneira qualificada, por isso, anamnese, com ordem cronológica dos fatos, início, evolução, características das fezes, presença de febre, náuseas e vômitos, doenças crônicas, familiares com quadro parecido nos últimos dias, devem ser interrogados. Exame físico avalia- se desidratação, por perfusão periférica, mucosas secas, sede, falta de lacrimejamento, tontura, fraqueza, olhos fundos, perda de elasticidade da pele e dor de cabeça. Plano A Cinco etapas para pacientes hidratados, realizadas em domicílio: 1- aumentar ingesta de água, solução de sais de reidratação oral, orientar para realizar esses procedimentos após episódios de diarreia. 2- manter alimentação habitual. 3- retorno em caso de não remissão ou exacerbação dos sintomas e sinais em dois dias, exacerbação de desidratação, higienização dos alimentos e do corpo e fazer uso interno oral de Zinco uma vez ao dia, de 10 a 14 dias. Plano B São realizadas três etapas, ao paciente com desidratação sem gravidade que permanece na Unidade de Saúde com tratamento de solução de sais de reidratação oral até reidratação completa: 1- solução de sais de reidratação oral, com aumento da oferta e da frequência no decorrer do tempo. 2- reavaliação constante até não haver sinais e sintomas de desidratação quando adota-se Plano A. 3- paciente ou responsável reconhecer sinais de desidratação, administrar solução de sais de reidratação oral e realizar higiene pessoal e alimentar. Plano C Apresenta duas fases de reidratação endovenosa, ao paciente com desidratação grave. Paciente deve receber primeiros cuidados e ser transferido em sequência para hospital. 1- reidratação endovenosa (fase rápida e de manutenção). 2- reavaliação a cada duas horas se persistirem sinais de choque, repetir prescrição ou iniciar balanço hídrico com soluções preconizadas. 3- Via oral de solução de sais de reidratação oral se possível. 4- Suspender reidratação venosa se houver hidratação e não apresentar vômitos. 20 Utilizar antibiótico em caso de diarreia aguda sanguinolenta ou disenteria, em casos de cólera com desidratação grave. 21 22 23 6) CARACTERIZAR AS SÍNDROMES DE MÁ ABSORÇÃO; O processo de digestão e absorção normais consistem nos seguintes passos em série: 1. Processamento mecânico dos alimentos (mastigação, peristalse gástrica distal); 2. Digestão luminal (sucos gástrico, intestinal e pancreático; bile); 3. Digestão mucosa por enzimas da borda em escova; 4. Absorção pelo epitélio da mucosa; 5. Processamento na célula da mucosa; 6. Transporte para o sangue e para a linfa, por meio dos quais as substâncias absorvidas chegam ao fígado e à circulação sistêmica, respectivamente. Síndrome de má absorção Os pacientes portadores dessa síndrome apresentam sinais e sintomas relacionados ao sistema digestório, como diarreia, flatulência, dor e/ou cólica abdominal, distensão, ascite. Podem surgir ainda, fraqueza, perda de massa muscular e perda de peso mesmo sob alimentação calórica normal. Fezes esteatorreicas podem estar presentes, a gordura pode formar fezes volumosas, amarelo-cinzentas e fétidas. Vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K), não são absorvidas, como ocorre com as gorduras. Há formação de equimoses e sangramentos, dores ósseas, predisposição a fraturas e tetania (deficiência de cálcio e Vitamina D), anemia macrocítica, glossite (deficiência de ácido fólico). Essa síndrome se refere a distúrbios diversos que não permitem a absorção de nutrientes no intestino delgado. Distúrbios estes, infecções e procedimentos cirúrgicos. Causa, diarreia, perda de peso e fezes volumosas e fétidas. Diagnóstico, sintomas característicos, exame de amostra de fezes e se necessário biópsia da mucosa do intestino delgado. Essa síndrome pode ocorrer com alterações na digestão alimentar, que impedem a mistura dos alimentos com as enzimas digestivas e ácidos gástricos, produção ineficiente de enzimas digestivas, menor produção da bile, exacerbação na produção de ácido gástrico e presença e colônia de bactéria errada no intestino delgado. Alterações também na absorção de nutrientes. Cirurgia com extração de parte do estômago, há mistura inadequada dos alimentos. Doenças pancreáticas há produção diminuída de enzimas digestivas utilizadas para a decomposição alimentar. Ou, intolerância a lactose, quando há deficiência de lactase no intestino delgado. 24 Já a absorção, pode ocorrer por lesão do revestimento do intestino delgado, remoção cirúrgica (síndrome do intestino curto) ou alterações no fluxo linfático do intestino. Lesão das vilosidades e microvilosidades por infecções, doença celíaca e doenças de Crohn. Alteração no fluxo linfático do intestino em direção a corrente sanguínea, como na Linfangiectasia intestinal, obstrução de vasos por neoplasias ou comprometimento da entrada do líquido linfático na corrente sanguínea por alterações cardíacas, podem comprometer a condução das gorduras oriundas da absorção intestinal. SINTOMAS: diarreia crônica. Fezes claras, moles, volumosas, gordurosas e fétidas (esteatorreia). Podem flutuar ou ficar grudadas no vaso sanitário, com dificuldade em desaparecer após descarga. Pode haver diarreia explosiva, distensão abdominal e flatulência. Deficiência nutricional geral ou seletiva ocorre, perda de peso, amenorréia. Deficiência de proteínas, pode desenvolver inchaço e edema corporal, pele ressecada e queda de cabelo. A anemia, pela deficiência de vitaminas ou ferro, causa fraqueza e fadiga. 1. Má absorção de ferro: doença de Crohn, retocolite ulcerativa e doença celíaca. 2. Má absorção de gorduras: obstrução de ducto biliar, doença celíaca, pancreatite, espru tropical. 3. Má absorção de Vitamina B12: gastrite atrófica, cirurgia bariátrica, causa anemia perniciosa. 4. Má absorção de proteínas: doença de Crohn, retocolite ulcerativa e acrodermatite enteropática. 5. Má absorção de lactose: deficiência da enzima lactase, intolerância a lactose, adquirida ou genética. DIAGNÓSTICO: anamnese, histórico da doença, sintomas, exames para confirmar (sangue e fezes) e exames para diagnosticar a causa, biópsia e exame de imagem. Há suspeita com perda de peso, diarreia crônica, anemia e deficiências nutricionais. Exames laboratoriais: medir a quantidade de gordura nas fezes (dos últimos 3 dias, confiabilidade alta, pois está má absorção está presente em todos distúrbios de má absorção, mais de 7g é diagnóstico), exame visual de fezes (fragmentos alimentares demonstra trânsito rápido intestinal, se há icterícia, indica que diminuição da produção e secreção da bile, presença de ovos de parasitas que promovem infecção), e exame de sangue (análise de lactose ou vitamina B12). 25 Após confirmação de distúrbio de má absorção, exames para diagnosticar a causa, como biópsia, para detectar anormalidades na mucosa intestinal. Examede imagem e exames de função pancreática. Processos que levam a Má absorção: -Ressecção gástrica e/ou vagotomia, a estimulação da secreçãohormonal entérica (CCK) é reduzida, e a sincronização da distribuição do quimo com a secreção pancreática, o esvaziamento da vesícula biliar e a colerese estão alterados. Ainda, o trânsito pelo intestino delgado é acelerado, e o pH no lúmen duodenal é muito ácido, de forma que o processo digestivo pode ser muito perturbado (inativação enzimática, precipitação de sais biliares). Um gastrinoma (síndrome de Zollinger-Ellison) pode causar má absorção pela mesma razão. -As doenças pancreáticas, como a pancreatite crônica, carcinoma de pâncreas, fibrose cística ou ressecção do pâncreas, promovem a falta de enzimas como as lipases, colipases, trpsina, quimiotrpsina e amilase, bem como de Bicarbonato que realiza tamponamneto do quimo ácido. -A gastrite atrófica com acloridria, inicialmente diminuirá a digestão gástrica e,após, promoverá a colonização do intestino delgado por bactérias. Isso pode também ser causado por estase no intestino delgado devido à diverticulose ou a um shunt do intestino delgado (síndrome da alça cega). As bactérias desconjugam os sais biliares e rompem as ligações entre cobalamina e fator intrínseco. Como consequência a má absorção leva à deficiência de cobalamina, como ocorre em uma ingestão reduzida, na deficiência de fator intrínseco (acloridria), na falta de liberação enzimática da cobalamina de sua ligação com outras proteínas (pH gástrico alto, deficiência de tripsina) ou na ressecção do íleo terminal, o sítio de absorção do complexo cobalamina-fator intrínseco. -A falta de dissacaridases na borda em escova causa má absorção dos dissacarídeos. Como a que ocorre na lactase. -Os defeitos de carreadores específicos da mucosa causam má absorção específica, como na doença de Hartnup, na qual a defeito em carreadores de certos aminoácidos. -Álcool, insuficiência pancreática, doença crônica no fígado, fármacos. Colchicina inibe divisão celular das criptas e dissacaridases. Neomicina e antibióticos inibem as mesmas células que a colchicina e precipitam sais biliares e ácidos graxos micelares. -Isquemia e vasculite arterial intestinal. As consequencias da má absorção: -Proteínas, pode levar à atrofia muscular e perda de peso, enquanto a hipoproteinemia (baixa quantidade de proteínas no sangue) resultante produzirá edema. 26 -Carboidratos, resulta em metabolização em ácidos graxos de cadeias curtas e gases, promovendo flatulência e distensão. Mais de 80g por dia de carbos deixarem de ser absorvidos, ocorre diarreia osmótica. -Gorduras: esteatorréia, perda de peso, anormalidade na formação de micelas promove má absorção de vitaminas lipossolúveis. Deficiência de Vit K, altera a coagulação. Deficiência de Vit S, raquitismo e osteomalacia. Vit A, hiperceratose e cegueira noturna. Vit B12 e folato, ocorre anemia microcítica, deficiência de cobalamina promove degeneração de nervos. 27 28 29 30 8) DISCUTIR A IMPORTÂNCIA DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL NA DOENÇA CELÍACA; É importante enfatizar a necessidade da atenção por equipe multiprofissional e interdisciplinar aos portadores de doença celíaca. Os profissionais da Atenção Básica devem estar atentos aos usuários que apresentem os sintomas e quando necessário ordenar o acesso desses usuários a outros pontos de atenção à saúde para confirmação do diagnóstico e tratamento adequado, mantendo a coordenação do cuidado. O enfermeiro deve enfatizar o esclarecimento da doença e de seu tratamento ao paciente, pois o conhecimento transmitido ao paciente sobre a importância do tratamento é fator importante para que o paciente obtenha sucesso no tratamento. O acompanhamento deve iniciar na suspeita e permanecer durante toda a vida, promovendo condutas alimentares e controle ou amenização das consequências biopsicossociais. Orientações profissionais são o caminho para a reinserção social e adaptação com sucesso à nova realidade de vida. Desenvolvendo responsabilidade pelo tratamento, sem frustração ou rejeição, aliviar alterações na qualidade de vida e inserir a família no entendimento dessa patologia, diminuindo doenças associadas como depressão. A principal função do profissional de saúde é readaptar o paciente e a família ao modo de vida. As fragilidades emocionais, familiares e cotidianas envolvidas no diagnóstico da doença celíaca devem ser valorizadas pelos profissionais de saúde, por meio do acompanhamento multiprofissional, avaliações periódicas e avaliação de possíveis agravos, para a manutenção do quadro. A ausência de grupos de apoio e a precariedade do atendimento psicoterápico e nutricional contribuem para evolução restrita. Quanto aos profissionais de saúde, lhes cabe serem orientados sobre a doença, seus sintomas, diagnóstico e tratamento, devem interferir promovendo saúde.
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