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Os ossos são derivados do mesoderma, que origina o mesênquima, um tecido conjuntivo frouxo rico em células mesenquimais pluripotenciais. Na quinta semana de desenvolvimento embrionário, forma-se o esboço mesenquimal daquilo que será o esqueleto. Na sexta semana, instala-se o processo de condrificação hialina do modelo mesenquimal. Forma-se então o esqueleto cartilaginoso, que entre a sétima e a décima segunda semana começa a se ossificar, um processo denominado ossificação endocondral. A maior parte dos ossos do crânio e da porção diafisária das clavículas sofre um outro tipo de transformação, denominado ossificação intramembranosa, no qual surge primeiramente o periósteo em volta do esboço mesenquimal e dele forma-se diretamente o tecido ósseo, sem passar pela fase cartilaginosa. Nos ossos longos, a ossificação endocondral começa na diáfise (centro de ossificação primário). Neste centro, o tecido cartilaginoso primeiro se calcifica, provocando a morte dos condrócitos e, em seguida, é invadido por um tecido mesenquimal rico em vasos sanguíneos e osteoblastos. O centro de ossificação primário vai se expandindo em direção às extremidades e, ao nascimento, as diáfises já estão totalmente ossificadas. Logo antes ou por ocasião do nascimento, um novo processo de ossificação endocondral começa nas epífises (extremidades dos ossos longos), surgindo os primeiros centros de ossificação epifisários ou secundários nas epífises distal do fêmur e proximal da tíbia. Após o nascimento, os demais centros de ossificação epifisários vão surgindo e se expandindo, deixando uma placa cartilaginosa entre a epífise e a metáfise ossificadas. Esta é a placa epifisária, ou placa de crescimento ou simplesmente phisis. É através da placa epifisária que a diáfise do osso cresce em comprimento. Na fase adulta, a placa epifisária desaparece, quando então o ser humano para de crescer. Inicialmente, até os 30 meses a criança tem genovaru fisiológico. Após esse período, entre os 30-60 meses, a criança apresenta genovalgo fisiológico que será corrigido até os 7 anos. Contudo, nós temos 3 diagnósticos diferenciais desse processo de evolução fisiológico. Doença osteometabólica: derfomidade acentuada no MI + deformidade do MS, alargamento da placa hipofisária, baixo peso, baixa estatura. Displasia esquelética: doença congênita na placa de crescimento que é caracterizada por baixa estatura, peso normal, deformidade vertebral, deformidade do MS. Tibia vara de Blount: doença da porção póstero- medial proximal da tíbia sem sintomas. Deformidade em valgo na adolescência: tratamento cirúrgico, pois pode causar artrose precoce. Alterações rotacionais dos membros inferiores: Anterversão do colo femoral nas crianças devido ao colo cervico-diafisário de 50-70° (o normal é 5°). Aumento da rotação interna no quadril. Se normaliza entre 10-12 anos. O termo “displasia” em ortopedia significa desenvolvimento anormal de um osso que, durante o processo de maturação, se torna deformado. Para que o quadril se desenvolva, a cabeça do fêmur precisa estar em contato com a cartilagem trirradiada do acetábulo, estimulando o desenvolvimento. Caso isso não ocorra, o acetábulo não vai se desenvolver e a cabeça do fêmur vai luxar. Antes também era chamada de Luxação/displasia congênita do quadril. Contudo, sabemos hoje em dia que a luxação ou subluxação do quadril da criança desenvolve-se geralmente nos primeiros dois meses após o nascimento, sendo rara ao nascimento. Em outras palavras, dizemos que é relativamente comum o quadril do recém-nascido ser luxável, mas ainda não luxado. Dos casos de instabilidade do quadril, 60% evoluem com estabilização na primeira semana e 90%, nos primeiros dois meses de vida. Os 10% restantes desenvolvem subluxação, displasia ou mesmo luxação, esta última ocorrendo em um a cada mil recém-nascidos. Algumas crianças já nascem com o quadril luxado, neste caso o termo “luxação congênita do quadril” é bem aplicado. Outras crianças apresentam displasia acetabular sem luxação ou subluxação prévia; neste caso, o termo “displasia congênita do quadril” pode ser usado. Ocorre em 1 de 1000 nascimentos, é mais comum em meninas (5:1), é bilateral em 60% dos casos e é mais comum ter apresentação pélvica Fatores predisponentes: frouxidão cápsulo ligamentar, má posição intrauterina, história família, sexo feminino. Deformidades associadas: pé torno congênito ou torcicolo congênito. Segundo o Nelson de Pediatria, a DDQ é classificada em dois grupos: (1) típica (a mais comum); e (2) teratológica, quando associada a problemas neurológicos, como a espinha bífida e a artrogripose. Neste caso, a luxação é sempre congênita e o prognóstico muito pior. Exame físico (0-3 meses) Ortolani (saber se o quadril está luxado): abdução do quadril (“abrir a perna”) ao mesmo tempo que tracionamos a coxa para cima. Se o examinador observar pela palpação uma espécie de “clique” (da cabeça femoral voltando para seu lugar no acetábulo), o teste é positivo, confirmando o diagnóstico de luxação congênita do quadril. Barlow (saber se o quadril é luxável): (1) com a criança em decúbito dorsal, o examinador faz uma adução da coxa enquanto força-a para baixo. Se houver instabilidade, isto provocará uma luxação, sentida pela palpação pelo “clique”; (2) para reduzir o quadril, faz-se o movimento oposto (tal como na manobra de Ortolani). Observar assimetria das pregas cutâneas dos membros inferiores, um excesso de rotação externa e uma dificuldade em abduzir o membro inferior afetado. O diagnóstico precoce feito na maternidade, o tratamento é um suspensório por 4 meses, com 99% de chance de bom resultado. Diagnóstico clínico a partir dos 2 meses: As manobras anteriores não têm mais efeito, agora predomina a contratura em adução do quadril. Percebemos a limitação da abdução e circundação (movimento composto) do quadril, além de um encurtamento do membro inferior. Assimetria de pregas glúteas. Manobra de Galeazzi: altura inferior do joelho do lado afetado quando a criança está em decúbito com as coxas e os joelhos fletidos, devido ao deslocamento posterior da cabeça femoral, discrepância aparente dos MMII. Pistonagem: na compressão do quadril, há um movimento anormal. Diagnóstico clínico a partir dos 4 meses: Bacia mais ossificada vista pelo raio x. Na fase de deambulação, verificaremos a alteração da marcha, que se apresenta claudicante, tipo gingado de pato (o tronco balança para o lado afetado). Sinal de Trendelenburg: ao ficar de pé no membro inferior afetado o quadril cai para o lado oposto e o tronco desvia-se para o lado afetado. O paciente apresentará também, excesso da rotação externa do membro acometido e lordose lombar excessiva. Tratamento: tração prévia, redução sob anestesia geral. Há o risco de necrose da cabeça femoral. Diagnóstico pelo Raio X Nos primeiros três meses de vida, a epífise femoral é cartilaginosa e, portanto, radiotransparente. A partir desta idade começa a aparecer um pequeno núcleo de ossificação. Para diagnosticarmos a luxação/subluxação, devemos traçar algumas linhas. ▪ A linha de Hilgenreiner é uma reta horizontal traçada entre as cartilagens do acetábulo (trirradiadas), utilizada para comparar a altura das epífises femorais. ▪ A linha de Perkins é uma reta traçada perpendicularmente à primeira, tangenciando o rebordo ósseo lateral do acetábulo. ▪ Estas duas linhas formam os quatro quadrantes de Ombredane. ▪ No quadril normal, a porção medial da metáfise (ou o núcleo de ossificação epifisário) deverá estar no quadrante inferior interno. Arco Menard-Shenton: porção superior do forame obturador com a porção medial do colo femoral. Índice acetabular: é um ângulo agudo formado pela linha de Hilgenreiner e uma segunda linha traçada no teto acetabular. Caso este ângulo seja > 30°, isto sugere displasia acetabular. Diagnóstico pela USG (padrão-ouro) Método de Graf Diagnóstico a partir dos 18 meses: redução aberta por cirurgia com 20% de chance de normalizar. Tratamento Recém nascidos: o objetivo é manter a cabeça centrada no acetábulo utilizando-se aparelhos fixos (travesseiro de Frejka) ou dinâmicos (tirantes de Pavlik). Estes últimos mantêm os membros inferiores da criança em flexão e ligeira abdução (“posição humana”). 1-6 meses: O tratamento de escolha é feito com a utilização dos tirantes de Pavlik. Se a redução não ocorrer nas próximas 3-4 semanas, a redução incruenta está indicada: mantemos a criança em tração abdutora por aproximadamente 1-3 semanas e tenotomia percutânea dos adutores, após o qual a criança será anestesiada no centro cirúrgico e uma redução fechada é realizada. Em seguida, é colocada num aparelho gessado flexão e ligeira abdução. 6-18 meses: deve ser tentada a redução incruenta e, caso não tenha sucesso, está indicada a cirurgia aberta (redução cruenta). Após a redução, a criança é mantida na imobilização gessada em abdução por vários meses. 18 meses-1 ano: a redução cruenta (cirurgia aberta) está sempre indicada, associada à tenotomia adutora e a uma osteotomia corretiva. Após os oito anos de idade, a correção da DDQ não tem mais benefício. Deformidade lateral e rotacional da coluna. Exame físico: teste do minuto – olhar altura dos ombros, altura das escápulas e triângulo de Talhe – e manobra da gibosidade. A escoliose mais comum é a idiopática do adolescente quando há o “estirão”. Tratamento: Em fase de crescimento e curva entre 20-40°: coletes. Parou de crescer e/ou curva mais acentuada: cirurgia. Escoliose congênita: presente em crianças bem pequenas e não possui tratamento. Anamnese: pesquisa de trauma, infecções (< 4 anos), localização, sintomas associados. Nos adolescentes, pesquisar espondilolistelise. Exame físico: procurar estigmas cutâneos, encurtamento dos isquiotibiais. Quando radiografar? < 4 anos Sintomas > 2 meses Acorda com dor durante à noite Sintomas constitucionais Quando a radiografia + exame neurológico são normais, é indicado cintilografia. Se houver qualquer alteração neurológica, fazer RNM. Ao nascer, todos os ligamentos são mais moles. Nós ganhamos a rigidez ligamentar com o passar do tempo. É muito comum que no início da marcha, não haja arco plantar quando há carga, pois ainda há frouxidão ligamentar. A rigidez ligamentar, que faz o arco plantar, vai estar presente a partir dos 8 anos de vida da criança. Por isso, muitas vezes, ao começar a andar, ela não vai estar presente, comumente chamado de pé chato. Jack Test normal: na flexão do hálux, há formação do arco. Na ponta dos pés: há formação do arco. Diagnóstico diferencial: Quando não há o movimento normal do ligamento, pensamos em coalisão tarsal, que é a formação óssea de uma barra entre 2 ossos do tarso, dificultando a mobilidade de pé. Quando a criança é pequena, essa barra ainda é formada por cartilagem, ou seja, há um pé plano, com menor mobilidade, mas sem dor. Quando a criança vai crescendo, essa cartilagem vira osso e trava o movimento, fazendo com que o paciente começa a ter dor. O tratamento nesse caso é cirúrgico. O pé é dividido em três regiões: Retropé: calcâneo e tálus; Mediopé: demais ossos do tarso (navicular, cuboide e os três cuneiformes); Antepé: metatarsos e falanges. Os principais movimentos executados pelo pé são os de dorsiflexão e flexão plantar e inversão e eversão do pé. Ele permite também um pouco de adução e abdução, além de discreta rotação externa e interna, embora estes sejam movimentos secundários, realizados apenas em conjunto com os outros, nos movimentos de pronação e supinação do pé. Outros termos: Pé plano: redução/perda do arco (concavidade) do pé; Pé cavo: aumento do arco (concavidade) do pé; Pé equino: pé em flexão plantar excessiva; Pé calcâneo: pé em dorsiflexão excessiva. O que significa “varo” e “valgo” em ortopedia? O termo “VARO” indica uma deformidade que faz a extremidade distal do osso se aproximar do centro do corpo. O termo “VALGO” indica uma deformidade que faz a extremidade distal do osso se afastar do centro do corpo. No caso do joelho, temos geno varum (joelho apontando para fora) e geno valgo (joelho apontando para dentro). No caso do quadril, temos coxa vara (joelho apontando para dentro) e coxa valga (joelho apontando para fora). No caso do pé, temos o retropé varo (geralmente associado ao pé cavo e equino, ou pé equinovaro), no qual o calcanhar (extremidade distal) está voltado para dentro; já no retropé valgo (geralmente associado ao pé plano e calcâneo, ou pé plano valgo) o calcanhar está voltado para fora. Pé torto congênito Pode ser definido como a deformidade em inversão do pé ao nascimento. Incidência de 1 caso em 500 nascimentos. É caracterizado por: Pé em equino (para baixo) Cavo (aumento do arco plantar) Varo (calcanhar para dentro) Adulto (antepé para dentro) Supinado *Essas deformidades + não é possível colocar o pé para a normalidade = diagnóstico A alteração básica esquelética do PTC é o desvio medial e plantar do colo do tálus. Em pés normais, o ângulo formado pelo eixo do colo do tálus com o do corpo varia entre 150° e 155°, enquanto no PTC diminui para valores entre 115° e 135°. Já é possível visualizar o pé torto no 2º trimestre de gestação na USG. O que podemos ver? Espessamento de todos os ligamentos mediais e mal posicionamento dos ossos do tarso (talus em flexão plantar, navicular subluxado medial e calcâneo aduzido e invertido). É mais comumente unilateral, do lado direito e pode ser bilateral na metade dos casos. O diagnóstico é clinico. Com etiologia ainda desconhecida, foram propostas várias teorias para explicar a origem do PTC, considerando-se causas intrínsecas ou extrínsecas, entre as quais: posição intrauterina do feto, compressão mecânica ou aumento da pressão hidráulica intrauterinas; parada no desenvolvimento fetal; infecções virais; deficiências vasculares; alterações musculares; alterações neurológicas; defeito no desenvolvimento das estruturas ósseas e defeitos genéticos. Pode estar associado a outras deformidades como torcicolo congênito e luxação congênita do quadril. Idiopático: sem doenças associadas, ou seja, tratou o pé, vida normal. Incidência de 1:1000 nascimentos. É menor em comprimento e possui panturrilha atrofiada, condições mantidas por toda a evolução dos pés, mesmo após corrigidos por qualquer método terapêutico. Teratológico: com doenças associadas. Por exemplo: mielomeningocele, sequência de moebius, artrogripose. É muito importante diferenciar o PTC isolado (idiopático) das deformidades em inversão que fazem parte de condições que afetam o aparelho locomotor de forma mais geral, como as causas teratológicas. Radiologia A subluxação talonavicular só pode ser comprovada após os 3 anos de idade, quando aparece o núcleo do navicular. Todavia, pode ser suspeitada pela comparação da posição do núcleo do primeiro cuneiforme, que aparece perto dos 2 anos de idade. As relaçõesentre os eixos longos do tálus e do calcâneo entre si e destes com o antepé são referidas com frequência no estudo do PTC e nas avaliações de resultados de tratamento. Esses eixos longos traçados na projeção antero- posterior vão formar o ângulo de Kite. As imagens dos núcleos do tálus e do calcâneo estão, em geral, sobrepostas, e seus eixos longos tendem ao paralelismo, com angulação que varia entre 20-40°. Tratamento conservador Técnica de Panseti (1 semana-28 meses): é baseada em gessos seriados, em que cada gesso se tenta uma redução talus-navicular. Ao se obter a redução, faz-se uma tenotomia percutânea do Aquiles. A principal vantagem desse método, é o grau de mobilidade obtido ao final do tratamento em relação às outras opções. O problema desse tratamento é a adesão, pois ele é contínuo até os 4 anos. Regras para o tratamento conservador o Iniciar o tratamento na primeira semana de vida. o Realizar as sessões de manipulação e imobilização gessada de 4 em 4 dias no primeiro mês. o Trocas gessadas semanais após o primeiro mês, totalizando 10-12 gessos, o que equivale 3 meses de tratamento. o Tenotomia percutânea do tendão do calcâneo. o Após o período de correção total com imobilização gessada, utilizar férula de rotação externa, com botas altas no nível dos tornozelos até a idade da marcha. Manter seu uso noturno até os 2 anos de idade. o Quando iniciar a marcha, usar calçados comuns, tipo botas, sem modificações especiais até os 3 anos. Um parâmetro radiológico bastante usada na avaliação de resultados de tratamento é o índice talanocalcâneo de Beatson e Pearson, formado pela soma dos ângulos entre os eixos talocalcâneos nas projeções em AP e em perfil. Seu limite mínimo de normalidade é 40°, o qual, quando inferior no PTC, indica correção radiográfica insuficiente. De incidência semelhante à do pé equino-varo, o metatarsus adductus é definido pelo desvio medial (adução) dos metatarsos (antepé) em relação ao retropé. Pode ser unilateral, bilateral (forma mais frequente) ou associado ao pé equino-varo do lado oposto. Pode ocorrer isoladamente ou estar associada a graus variáveis de supinação do antepé, de valgismo do retropé ou de rotação interna da perna. Metatarso Varo Congênito x PTC o Clinicamente, o pé metatarso varo não tem alterações do retropé, como equinismo e varismo do calcâneo. o Radiograficamente, a diferença básica está no retropé, no qual os eixos longos do tálus e à divergência no pé metatarso-varo. O tratamento deve ser precoce e conservador, usando-se o mesmo princípio do que foi dito para o pé torto congênito, iniciando-se com imobilizações gessadas sequenciais e depois um período com a férula de Denis Browne. O tratamento é determinado pelo grau de flexibilidade: Flexível (o antepé pode ser abduzido passivamente além da linha média): para crianças com metatarsos adutivos flexíveis, o tratamento não é necessário. O metatarso aduto flexível se resolve espontaneamente ao longo do tempo, geralmente com a idade de um ano. Exercícios de alongamento não são recomendados; não se provou ser mais eficaz que a observação. Semiflexível (o antepé pode ser abduzido passivamente apenas para a linha média): para bebês com metatarsus aductus semiflexível, sugerimos observação por seis meses. Algumas famílias preferem ser mais ativas nesse processo e, para esses pacientes, ensinamos a eles como realizar alongamentos passivos. O alongamento consiste na pressão direcionada lateralmente na cabeça do primeiro metatarso para corrigir o desalinhamento; a posição deve ser mantida por 10 segundos; deve ser realizada cinco vezes por pé sempre que a fralda do bebê for trocada. Rígido (o antepé não pode ser abduzido passivamente para a linha média): engessamento seriado é indicado. A cirurgia raramente é necessária, a não ser em crianças mais velhas que não foram tratadas adequadamente na infância.