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Autor: Prof. Sérgio Leite Colaboradores: Prof. Rodrigo Stolf Prof. Welliton Donizeti Popolim Cozinha Internacional I Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 Professor conteudista: Sérgio Leite Graduado em Gestão de Recursos Humanos (2007) e pós‑graduado em Empreendedorismo e Práticas Gastronômicas (2011). Tem experiência como docente desde 2001 em algumas instituições. Atua hoje como professor no curso de Gastronomia da Universidade Paulista (UNIP), na área de educação em Gastronomia e na produção de livros‑textos. É especialista em cozinha brasileira, garde manger, cozinha internacional, cortes de aves e carnes e técnicas básicas de cozinha, também presta consultoria para bares e restaurantes. Trabalhou em restaurantes renomados, como: Jean‑Jacques (franco‑suíço), Café Antique (francês), Chef du Jour (franco‑italiano), Giorno e Badebec (contemporânea internacional). Comandou a cozinha do restaurante Inconfidência Mineira, e passou também pelo Hotel Renaissance, onde foi cozinheiro de banquetes, eventos e garde manger. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) L633c Leite, Sérgio. Cozinha Internacional I. / Sérgio Leite. – São Paulo: Editora Sol, 2017. 152 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXIII, n. 2‑067/17, ISSN 1517‑9230. 1. Gastronomia. 2. Cozinha Internacional. 3. Pratos típicos I. Título. CDU 641(100) A‑XIX Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona‑Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Rose Castilho Fabrícia Carpinelli Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 Sumário Cozinha Internacional I APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9 Unidade I 1 AMÉRICAS .......................................................................................................................................................... 11 1.1 América espanhola .............................................................................................................................. 12 2 AMÉRICAS: MÉXICO E ESTADOS UNIDOS .............................................................................................. 13 2.1 México ....................................................................................................................................................... 13 2.1.1 Ingredientes mais utilizados pelos mexicanos ............................................................................ 15 2.1.2 Alguns dos pratos típicos mexicanos ............................................................................................. 16 2.1.2.1 Huachinango yucateco .............................................................................................................. 17 2.1.3 Bebidas típicas mexicanas ................................................................................................................... 20 2.1.3.1 Guacamole ..................................................................................................................................... 20 2.1.3.2 Fajitas .............................................................................................................................................. 21 2.1.3.3 Tex‑mex chili com carne ............................................................................................................ 22 2.2 Estados Unidos ...................................................................................................................................... 24 2.2.1 Jambalaya .................................................................................................................................................. 25 2.2.2 Clan chowder............................................................................................................................................ 28 2.2.3 Baked potatoes ........................................................................................................................................ 30 Unidade II 3 EUROPA: ESPANHA, PORTUGAL E ITÁLIA .............................................................................................. 34 3.1 Espanha .................................................................................................................................................... 34 3.1.1 Fabada asturiana ..................................................................................................................................... 35 3.1.2 Características regionais ...................................................................................................................... 36 3.1.2.1 A cozinha do sul ........................................................................................................................... 36 3.1.2.2 Paella valenciana.......................................................................................................................... 37 3.1.2.3 A cozinha do norte ...................................................................................................................... 39 3.1.2.4 Zarzuela de pescados e mariscos ............................................................................................. 40 3.1.3 Tapas ............................................................................................................................................................ 41 3.1.3.1 Tortilha espanhola ....................................................................................................................... 42 3.1.4 A cozinha mediterrânea ....................................................................................................................... 43 3.1.5 A bebida ...................................................................................................................................................... 43 3.2 Portugal .................................................................................................................................................... 43 3.2.1 Breve história ............................................................................................................................................ 43 3.2.2 A cozinha portuguesa ...........................................................................................................................44 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 3.2.2.1 Caldeirada de sardinhas ............................................................................................................. 46 3.2.2.2 Caldo verde .................................................................................................................................... 47 3.2.3 Os vinhos .................................................................................................................................................... 48 3.2.3.1 O vinho verde ................................................................................................................................ 48 3.2.3.2 O vinho do Porto .......................................................................................................................... 49 3.2.3.3 O vinho Madeira ........................................................................................................................... 49 3.2.4 O azeite português ................................................................................................................................. 49 3.2.4.1 Bolinho de bacalhau ................................................................................................................... 50 3.2.4.2 Arroz de pato à moda de Braga ............................................................................................... 51 3.3 Itália ........................................................................................................................................................... 53 3.3.1 Risoto Milanês .......................................................................................................................................... 56 3.3.2 Risotto alla zucca .................................................................................................................................... 57 3.3.3 Os queijos italianos ................................................................................................................................ 58 3.3.4 A origem da massa ................................................................................................................................. 60 3.3.4.1 Molho à bolonhesa ...................................................................................................................... 63 3.3.4.2 Molho à carbonara ...................................................................................................................... 64 4 EUROPA: ALEMANHA, FRANÇA E GRÉCIA ............................................................................................. 65 4.1 Alemanha ................................................................................................................................................. 65 4.1.1 Linseneintope: lentilhas guisadas .................................................................................................... 67 4.1.2 Leberkase .................................................................................................................................................... 68 4.1.3 Gemüse ....................................................................................................................................................... 69 4.2 França ........................................................................................................................................................ 69 4.2.1 A contribuição dos chefs ..................................................................................................................... 70 4.2.2 Os produtos franceses ........................................................................................................................... 75 4.2.2.1 Confit de pato ............................................................................................................................... 75 4.2.2.2 A charcutaria................................................................................................................................. 77 4.2.2.3 A trufa ............................................................................................................................................ 78 4.2.2.4 As ostras ......................................................................................................................................... 78 4.2.2.5 Ostras gratinadas ......................................................................................................................... 79 4.2.3 Os queijos franceses .............................................................................................................................. 80 4.2.3.1 Coq au vin ...................................................................................................................................... 80 4.2.3.2 Cassoulet ........................................................................................................................................ 82 4.2.3.3 Medalhão de mignon com mostarda Dijon .......................................................................... 83 4.3 Grécia ........................................................................................................................................................ 84 4.3.1 As mezédes ................................................................................................................................................ 86 4.3.2 Keftedhes ................................................................................................................................................... 87 4.3.3 Tzatziki – molho de iogurte com pepino ...................................................................................... 88 4.3.4 O azeite grego .......................................................................................................................................... 88 4.3.5 Stifado ......................................................................................................................................................... 89 Unidade III 5 OCEANIA ............................................................................................................................................................. 94 5.1 Austrália ................................................................................................................................................... 94 5.1.1 Molho ranch .............................................................................................................................................. 95 5.2 Nova Zelândia ........................................................................................................................................ 96 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 5.3 Polinésia e Nova Caledônia .............................................................................................................. 97 5.3.1 Poé banana ................................................................................................................................................ 98 5.3.2 Principais produtos ................................................................................................................................ 99 5.3.2.1 Os legumes e frutas mais utilizados ....................................................................................... 99 5.3.2.2 Peixe com cerveja ......................................................................................................................100 6 ÁSIA: ÍNDIA E JAPÃO ...................................................................................................................................101 6.1 Índia .........................................................................................................................................................1016.1.1 Sopa mulligatawny ..............................................................................................................................103 6.1.2 Raita de pepino .....................................................................................................................................104 6.1.3 Raita de tomate picante ....................................................................................................................105 6.1.4 Os produtos indianos ..........................................................................................................................106 6.1.5 Algumas especiarias indianas ..........................................................................................................107 6.1.6 As bebidas ................................................................................................................................................108 6.1.7 Curry de madras ....................................................................................................................................108 6.2 Japão .......................................................................................................................................................109 6.2.1 Sukiyaki ......................................................................................................................................................111 6.2.2 Yakissoba ..................................................................................................................................................114 6.2.3 Sopa Missoshiro ..................................................................................................................................... 115 6.2.4 Alguns produtos japoneses ............................................................................................................... 115 6.2.5 As raízes .................................................................................................................................................... 116 6.2.6 As algas .....................................................................................................................................................117 6.2.7 Bebidas ......................................................................................................................................................117 6.2.8 Algumas tradições ................................................................................................................................ 118 Unidade IV 7 ÁSIA: TAILÂNDIA, VIETNÃ, LAOS E CAMBOJA ....................................................................................123 7.1 Tailândia .................................................................................................................................................123 7.1.1 Frango ao curry verde ........................................................................................................................ 124 7.1.2 Alguns produtos tailandeses ........................................................................................................... 126 7.1.3 Os utensílios ........................................................................................................................................... 127 7.2 Vietnã, Laos e Camboja ....................................................................................................................128 7.2.1 Alguns produtos do Vietnã .............................................................................................................. 130 7.2.1.1 Ensopado de porco vietnamita .............................................................................................. 130 7.2.1.2 Frango com abacaxi e castanhas de caju ............................................................................131 8 ÁSIA: CHINA ....................................................................................................................................................132 8.1 China .......................................................................................................................................................132 8.1.1 Frango xadrez ........................................................................................................................................ 135 8.1.2 Produtos chineses ................................................................................................................................ 139 8.1.3 Rolinhos primavera ............................................................................................................................. 142 8.1.4 Molho agridoce..................................................................................................................................... 143 8.1.5 Banana caramelada ............................................................................................................................ 143 9 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 APRESENTAÇÃO Este livro‑texto tem como objetivo expor o conteúdo teórico da disciplina e levar ao aluno o conhecimento sobre os fatos registrados da cozinha internacional e seus termos relevantes, assim como apresentar os aspectos culturais das Américas, Europa, Ásia e Oceania e suas principais diferenças e características. Serão abordados temas como a influência das guerras e dos imigrantes e suas consequências, e também os nativos, que deixaram um grande legado, sobretudo aos ingredientes e suas propriedades gastronômicas. A disciplina também objetiva levar ao aluno a possibilidade de conhecer e se aprimorar na capacidade de executar uma receita com embasamento teórico e histórico do prato e da cultura do povo que a criou, bem como entender as suas influências e até mesmo algumas adaptações e alterações, entre outros aspectos. INTRODUÇÃO Grande parte das pessoas possui uma visão limitada da gastronomia do mundo. Muitos não conhecem as tradições e costumes dos povos de outros países, sendo assim, se limitam a saber apenas aquilo que é apresentado pela mídia ou o que sua vivência ao longo do tempo lhe permitiu conhecer. Um grande exemplo disso é quando perguntamos para alguém sobre a comida de um determinado país e a pessoa responde aquilo que tem de referência sobre o assunto. Ao perguntar a um amigo o que lhe vem à memória sobre a comida árabe, por exemplo, ele responderá: quibe, esfiha e homus. No entanto, sabemos que esses pratos não fazem parte do cotidiano da maioria dos árabes ou, se fazem, não é só disso que eles se alimentam. A culinária pelo mundo é muito mais ampla do que cinco ou seis pratos de cada país, e é tão vasta que cada região tem o seu jeito de cozinhar, os seus temperos, cheiros e sabores particulares. O tipo de solo e os fatores climáticos exercem uma profunda e determinante influência sobre a forma e a maneira como um determinado povo constrói seus hábitos. Mas uma coisa é certa: a fome é a principal razão de tantas variações de maneiras e costumes de comer. O início das civilizações está intimamente relacionado com a procura dos alimentos, com os rituais e costumes de seu cultivo e preparação, e com o prazer de comer. O prazer de comer é a sensação de satisfazer uma necessidade que temos em comum com os animais. Comer, o instinto que mais cedo desperta, constitui a base da vida animal. Fome é a carência biológica de alimento que se manifesta em ciclos regulares. Apetite é fundamentalmente um estado mental, uma sensação que tem muito mais de psicológico do que de fisiológico. 10 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 É impossível precisar quando o alimento, necessidade humana sempre presente, se transformou em prazer da mesa. Osanimais comem até se saciarem. O homem logo inventou o ritual social básico que é a refeição e, mais adiante, o festim, este frequentemente realizado para ganhar a proteção e o favor dos deuses (FRANCO, 2001, p. 21). Sendo a culinária internacional tão variada, sempre é possível conhecer algo novo e diferente daquilo a que estamos acostumados ou que temos como referência. Este livro‑texto tem como objetivo apresentar um pouco dos costumes e da cultura de alguns países e também as bases da cozinha mundial, que vai muito além do que conhecemos no dia a dia. Este trabalho inclui uma passagem por diferentes países para que você tenha um ponto de referência quando decidir preparar os pratos e poderá estudar e entender as técnicas de uso de utensílios de cada país, com suas peculiaridades e diferenças. Você também poderá identificar os diversos tipos de ingredientes, temperos e pratos típicos, bem como utilizar esses ingredientes. 11 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 COZINHA INTERNACIONAL I Unidade I 1 AMÉRICAS Ninguém sabe ao certo quem descobriu primeiro a América, mas, oficialmente, esse título é reconhecido ao navegante genovês Cristóvão Colombo, mas alguns arqueólogos afirmam que ele não foi o primeiro a chegar às terras do Novo Mundo. Eles revelam que há vestígios da passagem dos vikings e até dos chineses pela América muito antes dos europeus. O próprio Colombo não sabia que havia encontrado outras terras, pois, em suas anotações em uma carta de março de 1493, fica claro que não se deu conta de que havia descoberto um novo continente, achava que tinha chegado à China ou ao Japão e talvez às “Índias”. Somente posteriormente é que o mundo soube que se tratava do continente americano, até então desconhecido. Cristóvão Colombo nasceu em Gênova, província italiana da região de Ligúria, no ano de 1451, de família rica e artesãos. Gostava dos assuntos e conhecimentos referentes à navegação e sua primeira experiência no mar foi aos 10 anos de idade. Aos 25 anos de idade, em 1476, sofreu um naufrágio em Algarves, região ao sul de Portugal. Após o incidente, Colombo resolveu ir para Lisboa viver com seu irmão Bartolomeu e casou‑se com uma portuguesa. A Europa, com destaque para Portugal e Espanha, buscando ampliar seus territórios e o comércio com suas mercadorias, resolveu descobrir novos caminhos marítimos como alternativas para driblar a concorrência e obter maiores lucros, já que os turcos cobravam altas taxas para os navios europeus que usavam o mar Mediterrâneo. Foi assim que, no ano de 1492, com 41 anos de idade, Colombo é autorizado a explorar os mares, com o consentimento dos Reis de Aragão e Castela, Fernando II e Isabel I, que lhe deram autonomia e liberdade para agir. É que os turcos haviam tomado a cidade de Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente, e passaram a dominar o comércio no Mar Mediterrâneo. Com isso, eles impuseram altas taxas sobre as mercadorias que a Europa comprava no Oriente, e os preços aumentaram de modo exorbitante, diminuindo os lucros dos comerciantes. No entanto, se os europeus comprassem as mercadorias diretamente na fonte, não precisariam pagar taxas ou pedágios pela sua circulação, tornando o seu custo mais baixo e os lucros maiores. Então, eles resolveram encontrar um novo caminho para chegar ao Oriente, passando pelo Oceano Atlântico, e contornando a África. Foi desse modo que alguns países da Europa acabaram se envolvendo em grandes aventuras marítimas, no decorrer dos séculos XV e XVI (LEAL, 2004, p. 37). 12 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 Unidade I O Brasil foi descoberto por Pedro Alvares Cabral no ano de 1500, e entre 1503 e 1513 o mercador Américo Vespúcio e outros navegadores chegaram ao litoral atlântico mais ao sul, na parte dos territórios recém‑descobertos. Em 1508, eles chegaram à península de Yucatán, no México, mas somente em 1519 se deu a invasão do atual território mexicano. No ano de 1512 chegam à Flórida (EUA). Devido às evidências, concluíram que se tratava de um novo continente e, em homenagem a Américo Vespúcio, todo o território, de norte a sul, é denominado América, sendo banhado a oeste pelo Oceano Pacífico e a leste pelo Atlântico. O continente possui aproximadamente 42.560.270 quilômetros quadrados, o segundo maior do mundo. Esse território foi repartido geograficamente em América do Norte (Canadá, Estados Unidos, México e Groenlândia), América Central (Belize, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Panamá, Antígua e Barbuda, Bahamas, Barbados, Cuba, Dominica, República Dominicana, Granada, Haiti, Jamaica, Santa Lúcia, São Cristóvão e Névis, São Vicente e Granadinas, Trinidad e Tobago) e América do Sul (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia, Peru, Chile, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana e Suriname). A descoberta e a colonização da América se realizou primeiramente por quatro povos: espanhóis, portugueses, ingleses e franceses. Como se sabe, a colonização se deu de duas formas diferentes: colônias de povoamento, cujas características eram pequenas propriedades e de trabalho familiar, alimentando e fazendo crescer o mercado interno; colônias de exploração, cujas características eram a predominância da monocultura (um só tipo de cultivo) e grandes propriedades, utilizando‑se do trabalho escravo, e com o objetivo de alimentar o mercado europeu. 1.1 América espanhola Para Leal (2004), a América Central é chamada de América Espanhola, que compreende todos os países do continente, do México à Terra do Fogo, que foram colonizados pela Espanha e cujo idioma é o espanhol. A cozinha dos países da América Espanhola foi fortemente influenciada pelas cozinhas das várias regiões da Espanha e também pela culinária dos indígenas. Os nativos deixaram suas heranças nos inúmeros pratos preparados com milho, aipim, trigo e batatas de toda espécie. Dentre esses pratos, o destaque é para a pamonha, preparada com milho e recheada com carnes variadas, cerejas, passas, azeitonas ou alcaparras. É uma iguaria comum em quase toda a América Espanhola, embora apresente variações de um país para outro. Na Guatemala e México, por exemplo, elas são salgadas e muito condimentadas, enquanto na República de El Salvador são doces, ainda que levem algum tipo de carne. As ilhas descobertas pelo navegador espanhol Cristóvão Colombo são literalmente um caldeirão de fusões e influências gastronômicas. Os produtos nativos se misturam aos levados pelos colonos europeus, escravos africanos e até pelos orientais. O resultado é uma cozinha popular, vigorosa, colorida e plena de aromas. As ilhas do caribe são um dos destinos turísticos mais cobiçados do mundo por motivos justos. A começar pelo deslumbre da natureza combinado ao clima tropical. A região é palco de uma mistura interessante de culturas, 13 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 COZINHA INTERNACIONAL I que deu origem a estilos de vida variados e a uma gastronomia fortemente marcada por influências da época colonial. Desde que o navegador espanhol Cristóvão Colombo descobriu, em outubro de 1492, uma das atuais ilhas das Bahamas, a história do Caribe foi influenciada pela colonização dos europeus, pela mão de obra escrava e pela luta pela independência. A gastronomia caribenha se assenta sobre essa base comum. No entanto, cada ilha combinou as suas próprias receitas, aquelas que foram criadas pelas tribos nativas com técnicas e ingredientes levados pelos colonizadores. O resultado é um balaio rico de heranças espanholas, francesas, holandesas, britânicas e orientais. Pode‑se afirmar que o caribe é umaverdadeira Babel culinária (CARIBE, 2010, p. 12‑13). Também é de El Salvador o gallo en chicha, o prato nacional preparado com aguardente de milho, temperos, cenoura, ameixa, azeitonas, passas e pimenta. Todos os países da América Central têm o seu gallo en chicha, embora com variações. A paella, mundialmente conhecida, típica da Espanha, aparece na culinária de Cuba e da República Dominicana, em versões locais, enriquecida com os peixes e crustáceos da região, que são muito fartos e variados. Os peixes, aliás, também são apreciados crus e marinados em limão, em especial no Equador, Peru e México. As batatas, outro produto da terra, são largamente utilizadas por diferentes povos e preparadas das mais diversas maneiras. As frutas mais consumidas são o abacaxi, a laranja e a banana, sendo também ingredientes para vários pratos. O abacate é bem popular, sendo utilizado em saladas temperadas com azeite, vinagre, mostarda e sal, ou então em molhos para frutos do mar ou em recheios de aves. Quanto às bebidas, são excelentes a aguardente mexicana, conhecida por tequila, o vinho chileno, o rum paraguaio e o café colombiano (LEAL, 2004). 2 AMÉRICAS: MÉXICO E ESTADOS UNIDOS 2.1 México Os mexicanos formam uma nação muito rica e curiosa, resultado de diversas misturas que se deram ao longo dos últimos seis séculos. A culinária mexicana, uma das mais elaboradas do mundo, soube absorver com muito refinamento os melhores produtos e tradições culinárias das civilizações maia, asteca, espanhola e até um pouco dos mouros (LAROUSSE..., 2005a). Essa riqueza gastronômica é pouco conhecida fora do México, e não é em um restaurante que se pode encontrar a melhor comida mexicana, que também não deve ser confundida com a culinária “tex‑mex”, nascida da imigração mexicana para os Estados Unidos, nitidamente menos refinada. O México é um país de muitas festas e tradições, onde a convivência é levada a sério. No centro dessas festividades, o mole poblano ocupa lugar de honra. Esse prato, cujo nome poderia ser traduzido 14 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 Unidade I como “ensopado de Puebla”, foi inventado por religiosas do convento dessa cidade. A composição desse prato mostra a riqueza da culinária mexicana pelos seus ingredientes: peru ou frango, pimentas (chilis), amendoins, tomates, chocolate, cebolas, anis, uva‑passa e tortilla grelhada. Aliás, a tortilla é a base da alimentação cotidiana dos mexicanos, além de muitos tipos de feijões, de tamanhos e cores variados. Outras coisas foram levadas para o México pelos colonizadores espanhóis, tais como: cabras, cavalos, gado, galinhas, porcos e outros animais, além de alguns ingredientes, como canela, especiarias, orégano, salsa, algumas pimentas e várias frutas e vegetais. A verdadeira alvorada da cozinha mexicana principiou quando os espanhóis permitiram aos índios subjugados que criassem algumas galinhas, um porco, uma cabra ou mesmo, ocasionalmente, um carneiro ou uma vaca. O porco foi especialmente preferido e todas as partes do animal eram consumidas com o mesmo apetite. A principio, os espanhóis só cozinhavam as suas próprias receitas, mas em breve a imaginação das cozinheiras índias alargou os seus horizontes culinários, e as duas culturas alimentares fundiram‑se: os pratos de masa e os chilis enriqueceram as mesas espanholas, enquanto os ovos, a carne, os queijos e os citrinos foram rapidamente adaptados pelos índios e mestiços. Para os espanhóis não bastava subjugar os índios; era igualmente importante salvar as suas almas. A igreja católica participou desde o início na conquista do México. Com o estabelecimento de conventos, as freiras comecaram a desempenhar um papel crucial no desenvolvimento da cozinha do país, usando a sua imaginação para transformar os ingredientes que encontravam no mercado em pratos complexos e exóticos, como os moles e muitos doces e sobremesas, que em breve se serviam nas casas das abastadas e aristocráticas famílias crioulas e espanholas (PALAZUELOS; TAUSEND, 1993, p. 18). Muitas receitas de aromas exóticos provêm da herança pré‑hispânica (LAROUSSE..., 2005a). Como o caso dos cerca de oitenta tipos de cogumelos que entram na preparação de saladas, sopas e tacos (creme de milho). Também fazem parte dessa herança o carneiro cozido em folhas de agave ou de bananeira, os brotos de cactos e até os vermes de agave fritos. As sobremesas retratam a influência do açúcar, trazido pelos espanhóis, porém a geleia de goiaba, a pasta de gergelim e os sorvetes de abacate, feijão ou milho verde são o resultado de um casamento feliz entre as duas tradições. Como em muitos países, a alimentação mexicana varia com a região, dependendo da origem da população indígena local e das influências dos espanhóis e de outros imigrantes a que essas regiões foram expostas ou colonizadas. A extensão territorial e a diversidade geográfica do México são peças‑chave para explicar as inusitadas diferenças e variantes da sua culinária. A extensa fronteira com os Estados Unidos e a proximidade com a América Central resultam em uma extraordinária mistura de influências. Um exemplo disso é o norte do México, que possui uma grande preferência por pratos de carne devido à produção de carne de vaca, enquanto no sudeste (mais caribenha), encontra‑se pratos mais condimentados e baseados em vegetais e carne de galinha. 15 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 COZINHA INTERNACIONAL I A cozinha mexicana tem uma característica mais de intuição e estado de espírito do que quantidade ou qualidade de ingredientes e de sabores. Os mexicanos gostam de cozinhar e preparar os seus pratos básicos com seus princípios gastronômicos, cozinhando carnes por longos períodos antes de acrescentar os legumes, molhos picantes ou, às vezes, achocolatados. 2.1.1 Ingredientes mais utilizados pelos mexicanos Abacate: é cultivado na América desde cerca de 8000 a.C. Seu nome vem do espanhol aguacate. Mas foi por volta do século XX que essa fruta de casca verde e lisa ou marrom e granulosa tornou‑se conhecida mundialmente. Cacto: ingrediente típico da cozinha mexicana, possui um sabor diferente a cada prato. O cacto é utilizado nos pratos, mas também é muito comum encontrá‑lo em sucos. Coentro: o coentro fresco está presente em diversos pratos mexicanos, pode ser usado fresco ou em molhos e cozidos, bem como recheios e saladas. Também chamado de “salsinha chinesa” e “cilantro”, em espanhol, é utilizado em diversas preparações chamadas de salsas (condimentos), possui um sabor forte e característico. Chayote: é uma espécie de chuchu e tem um formato de pera. Chilis (pimentas ou pimentões picantes): há uma imensa variedade de chilis, pimentas às quais os povos pré‑hispânicos atribuíram virtudes curativas. Existem cerca de cem variedades reconhecidas na culinária mexicana; os nomes variam de uma região a outra e são divididas em categorias conforme sua intensidade. Assim, encontram‑se pimentas ancho, mulato (pequena e vermelha), colorado (comprida e púrpura), cascabel (redonda e vermelha), verde (relativamente similar ao pimentão verde), pássaro (pequena e verde), jalapeño (verde‑oliva), güero (mais amarela), serrano (prima da jalapeño), semiforte (de tamanho médio, vermelha), brava (bem pequena) ou ainda guajillo (grande e escura). Para torná‑las menos picantes, é preciso retirar as sementes e os filamentos. Chocolate: a América Central é a região de maior produção do chocolate. É consumido principalmente como bebida, mas é também utilizado para preparar o mole (molho para pratos salgados) e leva uma variedade de especiarias. O prato mais famoso talvez seja o Guajolote ao Mole Poblano (galinha d’angola ao molho Poblano). Na receitatradicional não se trata do chocolate refinado e em barras, vendidas em supermercado, mas sim um chocolate puro e rústico produzido diretamente do cacau. Hominy: é uma espécie de milho branco, geralmente é preparado cozido, sem tempero. Existe muitos tipos, o mais comum é o hominy grits (milho cozido e em conserva). Com este se prepara o pozole (um cozido com carne de porco). Jicama: um ingrediente também muito conhecido no México é a jicama, um tubérculo de sabor parecido com a batata ou o nabo. O interior é branco e macio, tem uma textura crocante que lembra um pouco a de uma pera ou de uma batata crua e é levemente doce. 16 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 Unidade I Masa: é a massa de milho pronta, encontrada seca e em pó, utilizada para preparar tortillas de milho, tamales e pupusas. Milho: de origem mexicana, o milho é a base da alimentação do país. Os índios se desenvolveram em torno dessa cultura. É servido em diversas formas: cozido, assado, em farinha ou grão, como legume, com arroz e pimentões, sopas, sorvetes, omeletes e saladas. Tamarindo: originário da África, possui sabor bastante ácido e é utilizado para preparar sucos e bebidas aromáticas. É uma fruta muito usada na cozinha mexicana. Tomatillos: originário do México, é um alimento básico da culinária mexicana e são essenciais em muitos pratos. São utilizados crus ou cozidos, principalmente na salsa verde. Não podem ser substituídos por tomates verdes, pois os tomatillos têm um sabor muito característico. As técnicas de cozinha mexicana não são difíceis. A técnica de base é, na realidade, muito simples. O essencial é trabalhar com os ingredientes nativos que a tornaram conhecida em todo o mundo, como as diversas pimentas, as ervas e especiarias aromáticas, os mais variados tipos de frutas e legumes. Na culinária mexicana não se gasta muito para comer, pelo contrário, ela concorre com outros inúmeros temas de banquetes e eventos por um custo bem abaixo. O importante é explorar os sabores e surpreender a todos pela simplicidade e requinte dessa cozinha. 2.1.2 Alguns dos pratos típicos mexicanos Tortilla: é um tipo de “pão” feito de farinha de milho ou trigo, sendo um item indispensável na alimentação mexicana. É comum ser servida como entrada e acompanhada de salsa, ou com burritos, fajitas, tacos e tostadas. Nachos: são tortillas cortadas em chips, fritas e cobertas com molho de queijo cheddar e pimenta (jalapeño). São acompanhados de frijoles fritos (pasta de feijão preto temperado), carne e queijo. São frequentemente servidos como um lanche ou entrada. Quando bem elaborados, com mais ingredientes, podem ser servidos como prato principal. Quesadilla: é um tipo de tortilla grelhada de milho ou trigo e recheada com queijo, carne bovina, frango ou porco. Burritos: um preparado de carne e feijões que serve como recheio para tortillas de trigo. Chalupas: são tortillas em formato de canoa (chalupa), acompanhadas de feijões ou carne, ou ambos, e também com molhos e cebola. Enchiladas: são também conhecidas como tortillas com chili. Enchilar significa cobrir, envolver ou rechear com chili, são geralmente servidas como um pequeno almoço. 17 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 COZINHA INTERNACIONAL I Fajitas: são rolinhos de carne grelhados e condimentados. Acompanhadas de vegetais, servidas em tortilhas e guarnecida de guacamole, creme azedo, alface e tomate. Salsas: são molhos essenciais na cozinha mexicana e acompanham diversos pratos. Possuem consistência variada, de acordo com o prato, podendo ser frescos ou em conservas. Tacos: o taco é um prato mexicano preparado a base de tortilha. Esta recebe recheios diversos e se come com as mãos. É um prato versátil, que se pode encontrar nas ruas, em barracas ou em restaurantes pelo país, pode ser recheado com carnes de todos os tipos, queijos, verduras, molhos e alguns condimentos apimentados a gosto. Apesar dos tacos parecerem iguais, a variação se dá através do tamanho, tipo da tortilha e do recheio. Basicamente, são classificados de duas maneiras: • Quando feito com a tortilha de trigo, recebe o nome de Taco Mole, ou “taco de harina”. Este taco é mais tradicional no México. • Quando feito com a tortilha de milho, preparada em formato de “U”, recebe o nome de Taco Dourado (Taco Shell). Este taco é mais tradicional nos Estados Unidos. Tostadas: são tortillas de milho ou de trigo servidas abertas e recheadas com diversos sabores, como minipizzas de exemplo. 2.1.2.1 Huachinango yucateco Ingredientes 1/3 de pimentão vermelho cortado em cubos 1/3 de pimentão amarelo cortado em cubos ½ cebola cortada em cubos 60 g de manteiga sem sal 2 ramos de coentro fresco picado Cominho em pó a gosto Raspas de meia laranja 50 ml de suco de laranja 300 g de filé de badejo, namorado ou pintado 18 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 Unidade I 5 azeitonas pretas em fatias Sal e pimenta branca moída a gosto Modo de Preparo 1. Refogue o pimentão e a cebola com a metade da manteiga. 2. Adicione o suco de laranja e deixe cozinhar por uns 5 minutos. 3. Acrescente o coentro, o cominho, as azeitonas e as raspas de laranja. 4. Corrija o tempero com sal e pimenta. 5. Tempere o peixe e refogue‑o no restante da manteiga. 6. Deixe cozinhando até o seu ponto ideal. Cubra com o molho. No México também é muito comum fazer refeições rápidas fora de casa. São chamadas antojitos. Segundo Palazuelos e Tausend (1993), os antojitos são comidas de rua e dos mercados, com séculos de tradição. A masa é uma delas e talvez a mais antiga. Feita de masa, a tortilla é o pão, o prato e a colher dos mexicanos. Um prato rápido, preparado numa comal, dobrada sobre queijo sempre com um raminho de epazote, torna‑se uma quesadilla. Simples, mas requintada. Os tacos, tortillas macias ou estaladiças servem para comer com praticamente tudo o que for comestível; as tostadas em camadas, as gorditas e os panuchos recheados, os sopes e garnachas, com as bordas apertadas para segurar o recheio, as enchiladas mais complicadas, com vários recheios e cada região tem a sua especialidade (PALAZUELOS; TAUSEND, 1993). Para Palazuelos e Tausend (1993), onde quer que se comam antojitos, há sempre por perto grandes jarros de águas frescas – bebidas refrescantes de polpas de frutas misturadas; as de cores verdes‑vivas são de lima; as rosadas e cor‑de‑laranja, de melões doces. Elas apresentam‑se em fileiras coloridas, servem para refrescar o ardor e a picância dos pratos de tacos e salsas. As mais escolhidas e preferidas são as de água de tamarindo, feita com a vagem pegajosa do tamarindo, e a água de Jamaica, cor de rubi, feita da flor do hibisco. Um dos ingredientes muito importante para os mexicanos é o chocolate. Segundo a lenda, Quetzalcoatl, o deus da luz, desceu à terra nos raios da estrela da manhã para ajudar os índios toltecas empobrecidos. Depois de os conhecer e começar a amá‑los, ensinou‑os as técnicas de cultivo do cacau e a preparar o chocolate, a bebida sagrada dos deuses. Quando os outros deuses descobriram isto, ficaram muito zangados e enviaram à terra o deus da escuridão, que enganou Quetzalcoatl e o levou a beber uma grande quantidade de pulque, uma bebida forte que o fez ficar embriagado diante do seu povo. Muito envergonhado, Quetzalcoatl retornou à sua casa, a estrela vespertina. Mas antes, segundo 19 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 COZINHA INTERNACIONAL I Palazuelos e Tausend (1993), como um gesto de amizade com os índios, espalhouas sementes de cacau que lhe restavam pelas terras do estado de Tabasco, onde cresceram e se espalharam como uma dádiva do deus da luz. As sementes de cacau eram torradas e moídas, misturadas com água, adoçadas com mel e aromatizadas com calicanto ou baunilha, uma bebida feita apenas para os privilegiados. O governante asteca Montezuma II bebia em grandes taças de ouro, e logo a bebida foi levada para a Europa, onde, com algumas alterações, se tornou a bebida das elites (PALAZUELOS; TAUSEND, 1993). Uma bebida alcoólica originária do México é o pulque, na qual a seiva é extraída do agave ou piteira, que cresce nos planaltos, e é naturalmente fermentada. Para Palazuelos e Tausend (1993), nos tempos anteriores à conquista espanhola, os sacerdotes utilizavam a bebida nos seus rituais para celebrar os feitos dos bravos. Os seus efeitos embriagantes eram bem conhecidos e duramente condenados e castigados. A pena por embriaguez era a sentença de morte! Ainda hoje é encontrado nos planaltos centrais, onde é temperado com frutos diversos para equilibrar os alimentos picantes que geralmente acompanha. Mas foram os espanhóis, acostumados com bebidas mais fortes, que decidiram adaptar ou modificar o pulque dos índios. Utilizando o processo de destilação aprendido com os mouros, assavam, esmagavam e fermentavam os enormes corações em forma de ananás das espécies menores de agave (40 a 100 kg) para produzir os potentes e populares mescal e tequila. Palazuelos e Tausend (1993) dizem que, atualmente, a tequila é bebida em copos pequenos, sendo o seu gosto alterado e intensificado por um pouco de sal colocado na mão e um pouco de lima. Pode ser servido com um pouco de sangrita, originalmente uma mistura de xarope de romã e sumo de laranja amarga, com uma pitada de chili. Os mexicanos produzem e consomem muita cerveja; existem diversas marcas, as quais são reconhecidas e premiadas no mundo inteiro. Segundo Palazuelos e Tausend (1993), o vinho também está presente em alguns restaurantes mexicanos, porém, são inconsistentes. Outra bebida que, embora não seja de origem mexicana, geralmente se serve ao final das refeições é o café. Este se adaptou facilmente às encostas da Sierra Madre, em Vera‑cruz e Chiapas. A maior parte das pessoas pede o café bem torrado com leite, mas o café expresso e o simples, ao estilo americano, também são populares. Lembrete O chocolate é um dos ingredientes principais da alimentação mexicana. As sementes de cacau eram torradas, moídas, misturadas com água e adoçadas com mel. Era uma bebida feita para os privilegiados (abastados). Mais tarde foi levada para a Europa, onde, com algumas alterações, se tornou a bebida das elites. 20 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 Unidade I 2.1.3 Bebidas típicas mexicanas Mezcal: no México destilam‑se diferentes bebidas extraídas de ervas e plantas. O mezcal, por exemplo, é engarrafado com um tipo de verme proveniente da larva de uma borboleta chamada de gusano, que se desenvolve na mesma planta. É uma bebida destilada, produzida a partir do sumo fermentado do agave. A diferença entre o mezcal e a tequila é que o mezcal é uma bebida mais “rústica”, geralmente destilada uma única vez, e a tequila, duas ou três vezes. Tequila: como aperitivo, a tequila é o preferido. É obtida através da destilação do mel de agave fermentado do agave azul (aguamiel), que, no Brasil, pode ser encontrado em algumas lojas de produtos naturais. Começou a ser produzida a partir do século XVII e, atualmente, é uma das bebidas mais internacionais. Existem muitas qualidades de tequila: a branca, de sabor forte, é a mais utilizada para preparar drinks, embora possa ser consumida pura; a envelhecida, mais escura e suave de sabor. O agave, também chamado de maguey, é uma planta típica do deserto mexicano, muito parecida com a babosa, de origem africana e muito comum no Brasil, da qual também se produz o mezcal. Aliás, a tequila é um tipo de mezcal. Pulque: bebida antiga, com mais de 2.000 anos de história. Sua fermentação é delicada e sua vida útil é de até 24 horas, o que o torna muito difícil de armazenar e transportar por grandes distâncias. Isso porque a fermentação é contínua, mesmo depois de pronto, inclusive no estômago, ao ingerir. Possui uma textura viscosa, sabor um pouco ácido e baixo teor alcoólico. O pulque é uma bebida muito procurada por turistas de todo o mundo ao visitar o México, justamente por ser difícil encontrá‑lo fresco. A produção do pulque requer um processo demorado, pois o agave pulquero leva no mínimo 10 anos para crescer e alcançar a maturidade, em seguida a extração do aguamiel que leva em torno de 4 meses para então (finalmente) se transformar em pulque após alguns dias de fermentação. 2.1.3.1 Guacamole Ingredientes 1 abacate maduro ½ cebola 1 tomate 3 ramos de salsa 3 ramos de coentro 1 pimenta dedo‑de‑moça 21 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 COZINHA INTERNACIONAL I ½ limão Nachos a gosto Modo de Preparo 1. Corte os tomates concassé e a cebola em cubinhos. 2. Corte o abacate em cubos e em seguida amasse com o auxílio de um garfo. 3. Pique o coentro e a salsa. 4. Misture o abacate, os tomates e a cebola delicadamente. 5. Acrescente o coentro e a salsinha. 6. Acrescente o sumo do limão e o sal. Ajuste temperos, se necessário. Observação O Guacamole não deve ser feito com abacate verde ou não muito maduro. A textura pode variar de acordo com o gosto pessoal, alguns preferem o abacate bem amassado ou batido, outros, com pedaços. Outra variação é o acréscimo de azeite, porém, não é comum nem clássico. 2.1.3.2 Fajitas Ingredientes Para a marinada de limão verde: 60 ml de caldo de carne ½ limão taiti 30 ml de molho inglês (worchestershire) 30 ml de tequila 1 dente de alho 2 ramos de coentro picado 22 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 Unidade I Para a carne: 300 g de filé mignon cortado em tiras de 5 a 7 cm ½ pimentão verde cortado em tiras de 5 a 7 cm ½ cebola roxa cortada em finas tiras 1 tomate Débora cortado em tiras Sal e pimenta branca moída a gosto 25 ml de óleo vegetal para refogar Alecrim, manjericão, sálvia, tomilho, orégano, cominho picados a gosto Modo de Preparo 1. A marinada escolhida fará um efeito extraordinário de sabor à carne, pois o suco de limão se prende a ela, a tequila lhe fornece um excelente sabor, o molho inglês também ajuda numa pequena acidez. Marine por 1 a 2 horas. 2. Seja numa salteadora ou uma placa de ferro bem quente, refogue a carne já temperada com sal e pimenta branca. 3. Acrescente primeiro os legumes mais duros: pimentão e cebola. Depois, acrescente as tiras de tomates para não murcharem muito. 4. Polvilhe as ervas picadas e misturar bem. Despeje um pouco da marinada para obter um “suco”. 5. Sirva com tortillas, guacamole, folhas de alface, abacates, creme azedo ou arroz mexicano. 2.1.3.3 Tex‑mex chili com carne Ingredientes 1 cebola picada 3 dentes de alho picados 20 ml de azeite de oliva 500 g de patinho moído duas vezes 23 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 COZINHA INTERNACIONAL I Pimenta chili em pó ou tabasco a gosto 350 g de tomates Débora picados Cominho a gosto 2 folhas de louro 200 ml de caldo de carne 15 g de extrato de tomate 300 g de feijão roxinho ou rosinha cozido Sal e pimenta branca moída a gosto Modo de Preparo 1. Numa grande caçarola, refogue a cebola picada e o alho em óleo bem quente. 2. Acrescente a carne moídae cozinhe por uns 10 minutos para que a carne fique bem dourada. 3. Junte a pimenta chili em pó e misture bem. 4. Acrescente os tomates picados (sem pele ou semente) e todos os ingredientes, com exceção dos feijões. 5. Deixe ferver e cozinhe por 1 hora. 6. Numa panela de pressão, cozinhe o feijão de forma comum. Deixe o feijão al dente. 7. Junte tudo numa mesma panela, porém tenha cuidado agora, pois o feijão não pode sofrer tanto cozimento. 8. Sirva com arroz branco e tortillas. Saiba mais Você pode encontrar mais informações sobre comida mexicana no livro: PALAZUELOS, S.; TAUSEND, M. O mais belo livro da cozinha do México. Lisboa; São Paulo: Verbo, 1993. (Coleção O Mais Belo Livro da Cozinha). 24 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 Unidade I 2.2 Estados Unidos A raiz da culinária dos EUA é indígena, portanto se baseia em três ingredientes principais: abóbora, feijão e milho, que, inclusive, são consumidos até os dias de hoje. Com a chegada dos europeus, principalmente dos colonos ingleses, que se estabeleceram no nordeste do país, esses ingredientes se tornaram parte de suas tradições culinárias através de adaptações e aprendizados. Foi assim que nasceu uma verdadeira gastronomia norte‑americana e que se propagou em direção ao oeste, acompanhando as ondas migratórias (LAROUSSE..., 2005a). Com o passar do tempo, todos os grupos de imigrantes trouxeram aos poucos sua contribuição e seus hábitos alimentares que colaboraram para a elaboração da culinária dos Estados Unidos. Portanto, houve, naquele país, diversas adaptações dos costumes e tradições de origens diferentes e que também foram influenciadas pelas condições geoclimáticas específicas de cada região dos EUA. Assim, se pudéssemos definir esta culinária em duas palavras, certamente seriam: regionalismo e diversidade. As tradições trazidas pelos primeiros colonos ingleses juntaram‑se a outras, que contribuíram para a elaboração de uma gastronomia variada. Diversas seitas protestantes de origem germânica, tais como a dos menonitas (entre os quais os amish são os mais conhecidos), se estabeleceram no fim do século XVII. Assim como as tradições culinárias dos índios, as dessas seitas incluíam o sabor doce‑salgado, também encontrado entre os imigrantes poloneses (LAROUSSE..., 2005a, p. 102). Alguns produtos mais comuns encontrados são: milho, grits (de aveia), pão de milho e Hoppin John no sul; tortillas no sudoeste; feijões cozidos e succotash no nordeste; e torta de abóbora (pumkin pie) em todo o país na época de Ação de Graças, o Thanksgiving Day (um dia especial em que as pessoas se juntam para agradecer a Deus pelas bênçãos e graças recebidas durante o ano, e reúnem os familiares e amigos. É considerado um dos feriados mais importantes dos Estados Unidos e Canadá, assim como o Natal e a Passagem de Ano). As heranças dos escravos africanos também são marcantes; entre elas, ficaram os churrascos e grelhados, as frituras e o consumo de vários legumes como acompanhamentos, além dos molhos condimentados. Outra influência marcante para a culinária americana é a dos italianos, que começaram a chegar ao país em meados do século XIX e foram a segunda maior imigração do país, ficando atrás somente dos alemães. Os italianos sofreram forte segregação, o que os obrigou a formar comunidades em bairros onde viviam grandes famílias e parentes. Isso, posteriormente, fez com que se preservassem as tradições italianas, inclusive, e principalmente, seus hábitos alimentares. As comidas que mais se destacaram e se tornaram comuns no país foram: ossobuco, minestronne, pizza e pastas. A culinária cajun é uma adaptação americana da tradição camponesa francesa, importada pelos colonos que, expulsos do Canadá, se fixaram em Louisiana. E os créoles de Nova Orleans são os descendentes dos colonos espanhóis, franceses, africanos, italianos e índios, portanto, a culinária créole americana é uma mistura das culinárias caribenha e europeia, acrescida de ingredientes indígenas e africanos (LAROUSSE..., 2005a). 25 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 COZINHA INTERNACIONAL I A grande mistura de povos e tradições resultou em uma grande diferença de características culturais dos cajuns do restante da população americana. Essas diferenças são percebidas além da língua, na música, na culinária e na postura festiva daquelas tradições. Essa postura festiva se percebe também pelo fato de que em toda manifestação cultural estão presentes a comida, a bebida e a dança, e tem um algo de carnavalesco, gostam de fantasias, enfeites e folguedos. Talvez por isso, o Mardi Gras (nome de origem francesa) é considerado o carnaval mais importante dos Estados Unidos. A culinária cajun tem alguns pratos típicos e conhecidos pelo mundo, como o gumbo (um ensopado de quiabo), a jambalaya (camarão com molho picante e outras variações), o consumo de carne de jacaré, o peixe enegrecido (esse peixe é frito a ponto de ficar bem escuro por fora) e diversos tipos de linguiça. Na cultura cajun, no estado da Louisiana, o camarão é usado como símbolo, tamanha sua utilização e preferência local. Observação A culinária cajun nasceu em Louisiana, estado localizado no sul dos Estados Unidos. Essa culinária tem nítidas influências francesa e espanhola, além de portuguesa, africana, caribenha e outras. Muitos pratos dessa influência usam uma variedade própria do mirepoix para a base dos molhos: cebola, aipo e pimentão. E possuem diversos temperos, como pimenta‑vermelha, orégano, páprica e alho. A cozinha cajun surgiu de uma culinária francesa rústica e simples. 2.2.1 Jambalaya Ingredientes 50 g de bacon em cubos pequenos 100 g de peito de frango em cubos pequenos 100 g de linguiça defumada 350 g de camarões sem casca ½ pimentão verde picado 1 cebola a brunoise 100 g de salsão a brunoise 26 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 Unidade I 2 dentes de alho 1 tomate concassé 150 g de arroz 250 ml de caldo de carne ou frango Salsinha picada a gosto Cebolinha em rodelas finas a gosto Sal e pimenta‑do‑reino a gosto Molho de pimenta vermelha (opcional) a gosto Azeite de oliva para refogar Páprica picante a gosto Para o tempero crioulo: 20 g colheres de chá de alho em pó 20 g colheres de chá de cebola em pó 20 g colheres de chá de pó de páprica doce 15 g colheres de chá de tomilho seco 10 g colher de chá de orégano seco 10 g colher de chá de manjericão seco 10 g colher de chá de pimenta caiena Sal e pimenta preta moída a gosto Modo de Preparo Tempero crioulo: 1. Triture todas as especiarias no moedor no momento de usar. 27 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 COZINHA INTERNACIONAL I Jambalaya: 1. Tempere o frango com o tempero crioulo. Refogue o frango em uma frigideira até dourar e reserve. 2. Em uma panela, coloque o bacon para refogar no azeite até dourar levemente. Acrescente o frango e a linguiça e refogue até dourar levemente. 3. Agregue o salsão, o pimentão, a cebola e o alho. Abaixe o fogo e refogue por 10 minutos. Adicione o arroz e refogue por cerca de 3 minutos. 4. Acrescente os tomates e o caldo de carne. Tempere com sal, pimenta‑do‑reino e páprica picante. Deixe cozinhar até o caldo reduzir pela metade. 5. Agregue os camarões e misture levemente até reduzir o caldo. Acrescente a salsinha e a cebolinha. Misture e sirva. Os asiáticos começaram a emigrar com os operários de construção dos caminhos de ferro e um pouco depois, nos anos 1960 e 1970, em massa para os EUA,mas não foi tão fácil conquistar a confiança e o paladar do americano, pois os chineses sofreram uma forte segregação social e foram, durante muito tempo, separados da sociedade americana, o que os levou a viver em verdadeiros guetos, chamados de Chinatowns. Mas, com o tempo, conseguiram espaço e ensinaram bastante da sua culinária, com influência de sabores agridoces, salgados e picantes. Nos anos 1990 houve um considerável aumento da popularidade da comida chinesa no país. Na região sudoeste dos EUA há uma forte influência da América Latina. Essa influência pode ser notada sobretudo com os chilis, tortilhas, guacamoles e do uso frequente de tomate na preparação de pratos culinários, o que também é muito comum na região sudeste e sudoeste. Um exemplo clássico dessa influência está na fronteira do estado do Texas com o México, onde surgiu o que os americanos chamam de Tex‑Mex. São os burritos, nachos, tacos, chili beans e outros pratos apimentados da cozinha mexicana. A região da Califórnia possui algumas características próprias na culinária; parte disso se deve à população (na maioria espanhóis e mexicanos), que impediu que se perdessem as tradições da culinária local, mantendo o verdadeiro espírito patriótico. Na Californiana, é comum a utilização de alimentos sazonais e de produtos frescos. Na região centro‑oeste é muito marcante e mais forte a influência alemã, que tornou, por esse motivo, Milwaukee (cidade do estado de Wisconsin) na capital nacional da cerveja. Nessa região, o consumo de carnes de porco e de vaca é alto, não devido aos alemães, mas sim aos espanhóis. A culinária do nordeste americano possui uma simplicidade que reflete uma marcante influência da culinária inglesa. Essa região é conhecida como New England (Nova Inglaterra) e é formada pelos estados de Maine, New Hampshire, Vermont, Massachusetts, Rhode Island e Connecticut, que contribuem com pratos clássicos como: cranberry pudding (pudim de frutas vermelhas), Maine lobster roll (sanduíche de lagosta), clam chowder (sopa clássica americana), corn chowder (sopa de milho), johnnycakes (panquecas) e a aple pie (torta de maçã). 28 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 Unidade I 2.2.2 Clan chowder Ingredientes 300 g de moluscos 40 g de bacon em cubos ½ cebola picada 1 batata média cortada em cubos de aproximadamente 1,5 cm Tomilho e folha de louro a gosto Sal e pimenta‑do‑reino branca a gosto ¼ de pimentão vermelho em cubos pequenos 100 ml de água 100 ml de creme de leite fresco 15 g de manteiga 1 cálice de xerez (opcional) Molho de pimenta tabasco a gosto Modo de Preparo 1. Lave bem os moluscos escolhidos e coloque‑os em uma panela. Coloque água até cobri‑los e tampe a panela. Cozinhe em fogo baixo até que os moluscos abram as conchas e soltem seus líquidos. Apague o fogo e acrescente mais uma xícara de água. Elimine os moluscos cujas conchas não se abrirem. Reserve o líquido. 2. Coloque os cubos de batata para ferver no líquido reservado dos moluscos e cozinhe até que estejam macias. Reserve. 3. Retire os moluscos das conchas e reserve, eliminando as conchas. 4. Numa panela aquecida, coloque o bacon e refogue até que esteja bem dourado (sem queimar). Retire o bacon da panela e reserve. 29 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 COZINHA INTERNACIONAL I 5. Acrescente a cebola picada e refogue na gordura do bacon até estar bem macia. Adicione as batatas com o líquido, tomilho, folha de louro, pimenta branca, pimentão picado e a água. Misture bem e cozinhe, mexendo sempre (com delicadeza), até que esteja começando a ferver. Adicione o creme de leite. Deixe cozinhar um pouco. 6. Em seguida, acrescente os moluscos e junte a manteiga, o xerez e o tabasco, cozinhando por mais uns dois minutos. 7. Coloque em pratos de sopa, salpique com salsinha e cebolinha picadas e sirva bem quente com pão. Lembrete Os créoles de Nova Orleans são os descendentes dos colonos espanhóis, franceses, africanos, italianos e índios, portanto, a culinária créole americana é uma mistura das culinárias caribenha e europeia, acrescida de ingredientes indígenas e africanos. Isso explica tanta mistura de ingredientes e temperos utilizados pelos moradores daquela região. A região sudeste é formada pelos estados do Alabama, Arkansas, Carolina do Norte, Geórgia, Kentucky, Mississipi, Tennessee e Virgínia. Na maior parte dessa região é forte a presença dos descendentes das antigas colônias de negros, escravos das plantações de algodão, que contribuem com pratos como: pecan pie (torta de nozes), stewed chicken (cozido de galinha), livermush (fatia de fígado empanado com farinha de milho), grits (papa de milho), que na maioria dos casos substitui o arroz, Kentucky burgoo (cozido de esquilo), mud pie (torta de chocolate), stack cake (bolo recheado) e o brunswick stew (ensopado). Além de outros costumes, como os fumeiros da Virgínia ou mesmo o consumo de bacon. Obviamente, sempre que mencionamos comida dos Estados Unidos, não tem como não lembrar de fast‑food, snack‑bar, enlatados, fritas, hambúrgueres e hot‑dogs. Essa referência é marcante no que se refere à alimentação típica americana. De fato, o dia a dia corrido, o desenvolvimento da indústria de alimentos, do micro‑ondas e do estilo de vida em que tempo é dinheiro contribuíram para esse tipo de alimentação. A variedade e a quantidade de restaurantes especializados em “comidas rápidas”, também conhecidos por junk food, estão espalhados por todo o país, com redes famosas como Burguer King, McDonald’s, Pizza Hut e Subway, além da opção de poder comprar comida em um drive‑thru para viagem. No café da manhã dos americanos é muito comum encontrarmos bacon, cereais, ovos mexidos, panquecas, pães e pasta de amendoim. O almoço é mais leve devido à falta de tempo disponível dos estudantes e trabalhadores, muitas vezes um simples e único sanduíche. Em muitos casos, o jantar é o principal prato do dia. 30 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 Unidade I Saiba mais Você pode encontrar mais informações sobre comida norte‑americana no livro: CHILD, J.; NUSSBAUM, D. A arte culinária de Julia Child: técnicas e receitas essenciais de uma vida dedicada à cozinha. São Paulo: Seoman, 2013. 2.2.3 Baked potatoes Ingredientes 2 batatas grandes 80 g de presunto fatiado Salsa picada a gosto 15 g de manteiga 15 g de farinha de trigo 150 ml de leite Páprica picante a gosto 40 g de queijo parmesão Sal a gosto Modo de Preparo 1. Pré‑aquecer o forno a 200 °C. 2. Lavar as batatas. Embrulhá‑las em papel alumínio e assar por aproximadamente 40 minutos ou até que fiquem macias. 3. Cortar o presunto em tiras. 4. Numa panela, derreter a manteiga e acrescentar a farinha de trigo, mexer bem e colocar o leite aos poucos, até que fique um “molho” bechamel. Acrescentar o presunto, a salsa e a páprica. Ajustar o sal. 31 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 COZINHA INTERNACIONAL I 5. Retirar as batatas do forno. Cortá‑las em duas no sentido do comprimento, com cuidado para não rasgar a pele. Retirar a polpa do centro com uma colher e acrescentar um pouco do miolo ao molho bechamel. Misturar. 6. Rechear as batatas com o creme. Salpicar com queijo parmesão ralado e levá‑las para gratinar por alguns minutos. 7. Servir quente. Resumo Nesta unidade destacamos as principais influências culturais das Américas. Abordamos os hábitos e os ingredientes e pratos típicos. Também apresentamos alguns dos pratos mais importantes destaregião que integram a culinária mundial. Você pôde perceber que a cozinha das Américas se desenvolveu fortemente a partir da chegada dos imigrantes europeus, que colaboraram com conhecimentos de técnicas de agricultura e novos ingredientes, e que não se limita apenas à execução de receitas, mas envolveu algo muito mais abrangente e complexo, que até hoje continua em desenvolvimento. Esses fatos históricos, juntamente com as técnicas, fazem parte de um conjunto de conhecimentos fundamentais que um pesquisador – e, acima de tudo, um cozinheiro – deve ter e servem como base para entender melhor a cozinha das Américas. Exercícios Questão 1. (Enade 2015). Leia o texto a seguir: A sub‑região andina inclui a Bolívia, a Colômbia, o Equador, o Peru e a Venezuela e apresenta uma característica geográfica importante – a cordilheira dos Andes. O clima dessa região é bastante variado. Os principais produtos cultivados são o cacau e o café. Entretanto, há uma grande variedade de produtos nativos, como tubérculos, raízes e grãos que não são cultivados para exportação, mas para subsistência. INSTITUTO AMERICANO DE CULINÁRIA. Chef profissional. 4. ed. São Paulo: Senac, 2011 (adaptado). Considerando que o Peru exerce grande influência na formação da culinária da América do Sul, avalie as seguintes afirmativas e a relação proposta entre elas. I – Com sua gastronomia de terra e mar, o Peru dispõe de cardápios variados, compostos de alimentos como batatas, milho, castanha‑de‑caju e coco. No que se refere ao cardápio do mar, existem algumas variedades de peixes e frutos do mar que dão origem a um dos mais famosos pratos peruanos, o ceviche. 32 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 Unidade I PORQUE II – Parte das influências culinárias peruanas é baseada nos ingredientes dos nativos pré‑colombianos, elementos emprestados dos espanhóis, havendo, ainda, influência asiática no preparo de frutos do mar e peixes. A respeito dessas afirmativas, assinale a alternativa correta. A) As afirmativas I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I. B) As afirmativas I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I. C) A afirmativa I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. D) A afirmativa I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. E) As afirmativas I e II são proposições falsas. Resposta correta: alternativa D. Análise das afirmativas I) Afirmativa incorreta. Justificativa: não há referências (veja texto da justificativa da afirmativa II) sobre o consumo de castanha‑de‑caju e coco no Peru, o que faz da asserção I ser uma proposição falsa. II) Afirmativa correta. Justificativa: a história da cozinha peruana começa com o Império Inca, no qual já se plantava e consumia a batata, além de diversos tipos de pimentas e ervas. Os conquistadores europeus trouxeram novas espécies de animais e plantas. O arroz, o trigo e a cevada foram introduzidos junto com azeitonas, óleos, vinagres, condimentos e uma grande variedade de verduras e frutas, principalmente a uva. Dentre os primeiros conquistadores estão os espanhóis que levaram para o Peru o cominho, o coentro e a canela. A influência asiática chegou no Peru em 1849 com os chineses para trabalhar nas estradas de ferro, nas fazendas de cana‑de‑açúcar e algodão e na indústria de guano (esterco de aves marinhas utilizado na agricultura). Esses imigrantes chineses trouxeram novos produtos para o Peru, o jolantau (um tipo de ervilha), o gengibre e o molho de soja. Como as fazendas eram no interior do país, só depois de algum tempo os chineses começaram a mudar para as cidades litorâneas abrindo pequenos estabelecimentos que vendiam comida. Tais aspectos históricos tornam a afirmativa II verdadeira. Questão 2. (Enade 2015) Leia o texto a seguir: Desde agosto de 2010, o México se tornou o primeiro país a ter sua culinária reconhecida como patrimônio cultural imaterial da humanidade, título concedido pela Organização das Nações Unidas 33 Re vi sã o: R os e - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 23 /0 1/ 20 18 COZINHA INTERNACIONAL I para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) para preservar expressões culturais como saberes, modos de fazer, formas de expressão, celebrações, festas e danças populares, lendas, músicas, costumes e outras tradições. Conhecida pelo sabor picante, a culinária mexicana é variada e cercada de tradições. Muitas das receitas ultrapassaram as fronteiras do país, caso dos nachos, dos burritos, do guacamole, dos tacos e da famosa tequila. Disponível em: <http://unesco.org>. Acesso em: 15 jul. 2015 (adaptado). Em face do exposto e a respeito da cozinha mexicana, avalie as afirmativas a seguir: I – A cozinha mexicana foi muito influenciada pelas civilizações da América Central, ou civilizações do milho, que detinham grande conhecimento agrícola e produziam uma variedade de tubérculos, grãos e cacau – fonte de alimento, poder e riqueza para as culturas maia e asteca. II – O guacamole, prato mexicano conhecido internacionalmente, é composto por creme de abacate misturado com cebola, suco de limão, tomate picado, creme de leite fresco e pimentas chilis. III – A tequila, famosa bebida mexicana obtida da fermentação da cana‑de‑açúcar, é ingerida acompanhada de sal e limão. Também é usada para preparar a Margarida (Marguerita) e a Tequila Sunrise. IV – O mole poblano é um molho espesso preparado com vários ingredientes, entre os quais se destacam pimentas chilis, especiarias e chocolate. V – A baunilha foi uma das ricas contribuições da culinária mexicana aos confeiteiros, que a utilizam para aromatizar doces, sorvetes, sobremesas e chocolate. É correto apenas o que se afirma em: A) IV. B) I e III. C) II e III. D) II e V. E) I, IV e V. Resolução desta questão na plataforma.
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