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Auditoria e Investigação de Fraudes Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Rodrigo de Souza Marin Revisão Textual: Prof. Me. Luciano Vieira Francisco Evolução Histórica da Auditoria • Origem da Auditoria; • Desenvolvimento Histórico da Auditoria no Exterior e no Brasil; • Necessidade da Revisão e Atualização das Normas de Auditoria Independente; • Perspectivas da Auditoria. · Discutir a evolução histórica da auditoria, abordando a sua trajetó- ria tanto no Brasil como no mundo; a categorização entre auditoria interna e externa – independente –; seus objetivos e sua função para a sociedade. OBJETIVO DE APRENDIZADO Evolução Histórica da Auditoria Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Evolução Histórica da Auditoria Origem da Auditoria Para compreender como foi a origem da auditoria, precisamos entender que primeiramente tudo surgiu como parte da evolução do capitalismo, sendo que, no início, as empresas eram fechadas e pertenciam a grupos familiares. Com a expansão do mercado, houve a necessidade de a companhia ampliar as suas instalações, investir em tecnologia e focar em controles e procedimentos internos, visando à redução de custos (ALMEIDA, 2010). As mesmas causas responsáveis pelo surgimento da auditoria são hoje determinan- tes de sua grande evolução. A grandeza econômica e comercial da Europa e América, onde atualmente a profissão é mais desenvolvida, determinou a evolução da auditoria e, como consequência, o crescimento das organizações (CREPALDI, 2009). Nota-se que, em todos os países do mundo, o desenvolvimento da profissão de contador é consequência do aperfeiçoamento econômico, este que exige, cada vez mais, a utilização da auditoria, em virtude de dois fatores principais: o crescimento das grandes empresas e as exigências estatais, cada vez maiores. O investimento de capitais, por parte das nações economicamente mais abas- tadas, é responsável pelo grande foco dado atualmente à profissão do auditor. Ao criar filiais em outros países, os auditores tornam-se necessários para manter os controles e procedimentos de acordo com as diretrizes traçadas pela matriz. Esses auditores, por sua vez, utilizando os elementos locais, concorrem decisivamente à criação e ao desenvolvimento da profissão, com as características do contador (CREPALDI, 2009). Tais mudanças tiveram um preço, pois para obter financiamentos a longo pra- zo, as empresas necessitavam estar com os controles financeiros e operacionais em dia. Os investidores que financiavam as operações futuras queriam os seus riscos minimizados, de modo que as organizações precisavam dos recursos para manterem-se competitivas. Os investidores necessitavam, portanto, conhecer as demonstrações financeiras, a capacidade geradora de caixa e como era efetuada a gestão – administrativa e financeira – da companhia tomadora dos recursos. Com isso, toda contabilidade começou a ter um papel extremamente importante aos futuros investidores e, como medida cautelar, a empresa contrataria um profissional independente, de reconhecida capacidade técnica, a fim de examinar e opinar – emitir um parecer – sobre todos os aspectos relevantes às demonstrações financeiras. Desenvolvimento das Técnicas de Auditoria O profissional que entende de contabilidade é o contador; portanto, o auditor externo teria, em sua essência, de ser um contador. Existem raríssimas exceções de profissionais de outras especialidades que, com uma profundidade técnica apurada em Ciências Contábeis, podem exercer o ofício de auditor. 8 9 Nos primórdios das técnicas de auditoria surgiram muitas dúvidas, principalmente relacionadas à quantidade dos testes, sendo que a principal era a seguinte: O auditor externo, para dar a sua opinião sobre as demonstrações contábeis, teria de examinar todos os lançamentos contábeis referentes aquele exercício social?Ex pl or Se examinasse tudo, o trabalho seria muito caro e demoraria muito tempo. As- sim, a opinião do auditor não teria utilidade, pois demoraria muito para ser emitida. Importante! Primeiramente, o auditor externo deve se preocupar com erros que, individual ou cumu- lativamente, possam levar os leitores das demonstrações contábeis a uma interpretação errônea sobre as quais. Portanto, o valor desses erros teria de ser signifi cativo em relação às demonstrações contábeis. Exemplifi cando, um erro de R$ 10.000 em um lucro líquido do exercício de R$ 5.000.000 não infl uenciaria a decisão do investidor de comprar ou não ações da empresa em questão. Em segundo lugar, normalmente a empresa já tem um conjunto de procedimentos internos com o objetivo de evitar a ocorrência de erros. Esse conjunto de procedimentos internos é chamado, na prática, de sistema de controle interno (ALMEIDA, 2010). Importante! Quanto melhor o sistema de controle inter- no, menor será a possibilidade de ocorrência de erro relevante e significativo. O auditor externo analisa o Sistema de Controle Interno (SCI) da organização para determinar a quantidade de testes de auditoria. Evolução da Auditoria Externa no Brasil Muitas empresas internacionais de auditoria instalaram-se no Brasil. Esse fato ocorreu em função da obrigação legal. Tais companhias praticamente iniciaram a auditoria em nosso país e trouxeram todo o seu arcabouço teórico. Vejamos algumas importantes datas relacionadas à evolução histórica da auditoria no Brasil: • 1965: pela Lei n.º 4.728 foi mencionada pela primeira vez na legislação bra- sileira a expressão auditores independentes. Após tal fato, o Banco Central do Brasil (Bacen) estabeleceu uma série de regulamentos, tornando obrigatória a auditoria externa ou independente em companhias abertas; • 1972: o Bacen estabeleceu também, por meio da Circular n.º 179, de 11 de maio de 1972, as normas gerais de auditoria; Se o controle interno for bom, o auditor fará menor volume de tes- tes; caso contrário, o auditor exe- cutará maior volume de testes. 9 UNIDADE Evolução Histórica da Auditoria • 1976: a Lei das sociedades por ações (Lei n.º 6.404/76, Art. 177) determi- nou que as Demonstrações Financeiras (DF) serão obrigatoriamente auditadas por profissionais independentes e registradosna Comissão de Valores Mobili- ários (CVM); • 1999: a CVM emitiu a Instrução n.º 308, que dispõe sobre o registro e exer- cício da atividade de auditoria independente, definindo os deveres e as respon- sabilidades das entidades auditadas; • 2009: fase de harmonização com as normas de auditoria internacional – International Financial Reporting Standards (IFRS). Origem da Auditoria Interna no Exterior As atividades de verificação das transações realizadas e do produto auferido das mesmas remontam a tempos remotos, pois desde que exista dinheiro e pessoas, deve haver conferência. A mais antiga referência de uma empresa de auditoria interna foi no ano de 1854, na Worshipful Pewters Co., companhia que promoveu quatro de seus membros para examinarem as partes financeira, contábil e operacional. Após 1941, a auditoria interna, como um contro- le administrativo, cuja função é medir e avaliar a eficácia de outros controles, passou a vigorar efe- tivamente na Inglaterra. E naquele ano, 24 auditores internos em exercício em empresas daquele país con- gregaram-se e fundaram, em Nova Iorque, o The Institute of Internal Auditors. Origem da Auditoria Interna no Brasil O lema “progresso pelo intercâmbio” foi adotado em 1967 pelo Instituto dos Auditores Internos do Brasil. Com o desenvolvimento da indústria e do comércio, verificou-se que os auditores internos tinham mais funções que somente ser os “olhos” do dono da empresa; na realidade, tratavam-se de funções mais amplas, de força atuante para obter controles internos funcionais, análise de contas de despesas e rendas (CREPALDI, 2009). Atualmente, o estágio buscado pelo auditor interno está em franca expansão, pois o profissional de auditoria interna é cada vez mais requisitado nas empresas tanto nacionais, quanto multinacionais, visando à melhoria contínua no ambiente de controle interno. Em 1941, foi fundado o The Institute of Internal Auditors (The IIA). 10 11 Desenvolvimento Histórico da Auditoria no Exterior e no Brasil No século XVIII, os primeiros auditores se autonomeavam “contadores públicos”, tendo a função básica de um contador comum. No século XIX apareceu o termo perito contador, cuja função básica era descobrir erros e fraudes. A partir de 1900, a carreira de auditor tomou maior impulso por meio do de- senvolvimento do capitalismo, tornando-se uma profissão propriamente dita. Em 1934, com a criação do Security and Exchange Comission (SEC), nos Estados Unidos, a profissão do auditor recebeu um novo estímulo, pois as companhias que transacionavam ações na bolsa de valores foram obrigadas a utilizar-se dos serviços de auditoria, a fim de dar maior fidedignidade às suas demonstrações financeiras (CREPALDI, 2009). No Brasil, o desenvolvimento da auditoria teve influência de: • Filiais e subsidiárias de firmas estrangeiras; • Financiamento de empresas brasileiras mediante entidades internacionais; • Crescimento das organizações brasileiras e necessidade de descentralização e diversificação de suas atividades econômicas; • Diversificação de suas atividades econômicas; • Evolução do mercado de capitais; • Criação das normas da auditoria, as quais promulgadas pelo Bacen em 1972; • Criação da CVM e da Lei das sociedades anônimas, em 1976; neste mesmo ano houve a criação da Lei n.º 6.404, determinando que as DF das companhias abertas deveriam ser auditadas por auditores independentes e registrados na CVM, obrigatoriamente. Tratam-se de fatores que atualmente exigem a atuação do auditor, de modo especial, no Brasil. Importante! Auditoria é a técnica contábil por meio da qual são confi rmados os registros realizados pela contabilidade. Importante! 11 UNIDADE Evolução Histórica da Auditoria Ademais, a atuação da auditoria interessa a algumas pessoas em especial, a saber: • Executivos de empresas, os quais não podem ter acesso a todos os atos de seus funcionários; • Investidores, que conhecem a gestão da empresa; • Financiadores e fornecedores que querem receber os valores negociados; • Fisco, que tem a auditoria como recurso para coibir a sonegação fiscal; • Poder Público, dado que todas as empresas devem sofrer controle e fiscalização do Estado (CREPALDI, 2009). O surgimento e progresso da auditoria verificaram-se, em todos os países do mundo, como consequências dos seguintes fatores: • Crescimento de empresas, cuja complexidade e ramificações tornam impossível aos administradores controlar todos os atos de seus subordinados; • Aparecimento, cada vez em maior número, das sociedades abertas; • Utilização, sempre crescente, de capitais de terceiros por parte das empresas, principalmente de financiamentos de entidades particulares e empréstimos junto ao público; • Crescimento da importância do imposto de renda – baseado no resultado do exercício – na receita pública de muitos países; • Controle, cada vez maior, do Poder Público sobre as empresas particulares e entidades que exercem atividades relacionadas ao interesse público. Auditoria Independente no Brasil nos Últimos Anos e o Mercado Atual Eis alguns fatos importantes ocorridos no cenário da auditoria no Brasil: • 1976: Aprovação da nova Lei das sociedades por ações; • 1976: Criação da CVM, a qual passando a cadastrar e controlar os auditores independentes na área do mercado de capitais; • 1981: Aprovação, pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC); • 1991: Inclusão e aprovação, pelo CFC, das normas de auditoria independente das demonstrações contábeis e normas profissionais de auditoria (resoluções n.º 700 e 701), que substituíram a Resolução n.º 321/72; referendadas tam- bém pela CVM e Bacen; • Exigência de auditoria independente nas empresas incluídas no programa de privatização, inclusive a auditoria do processo (CREPALDI, 2009). 12 13 O cenário de auditoria no Brasil está em posição de vanguarda, não apenas nas normas, como também no avanço da atividade, sendo modelo para os demais países do Mercado Comum do Sul (Mercosul). Os escândalos contábeis que atingiram gigantes como a Enron, WorldCom e Parmalat têm ajudado no surgimento de outras organizações de auditoria quanto à absorção de uma fatia de mercado, anteriormente focada apenas nas grandes do setor, as chamadas “Big-Four” – Deloitte, PwC, EY e KPMG. As normas mais rígidas de controle têm contribuído para essa descentraliza- ção, onde as grandes absorviam 80% do mercado; pensando, então, no futuro de 60% – estima-se – e deixando os outros 40% para empresas pequenas e locais (CREPALDI, 2009). Pelas novas regras, uma auditoria não pode prestar serviços de consultoria em uma mesma companhia. Logo, na parte de consultoria, por serem mais flexíveis, as pequenas e médias organizações são muito procuradas; contudo, na auditoria isto é mais difícil, uma vez que as marcas contam muito no momento da escolha. O segmento de pequenas e médias empresas também representa um importante filão para as auditorias: essas organizações perceberam que auditoria não serve apenas para apontar problemas; ajudam a fazer a empresa crescer, de modo que são cerca de 8.000 potenciais clientes. Necessidade da Revisão e Atualização das Normas de Auditoria Independente As normas de auditoria independente atendem em quase tudo às regras in- ternacionais, estando, no entanto, adaptadas às nossas circunstâncias brasileiras, denominando-se, portanto, tropicalização das normas. Como as normas aprovadas pelas resoluções n.º 700/91 e 701/91 do CFC foram redigidas de maneira a dar uma regra geral para cada etapa do processo de uma auditoria, torna-se necessário que se agilizem as interpretações técnicas sobre cada item das referidas normas, a fim de que a classe contábil e os usuários dos serviços de auditoria independente tenham realmente um trabalho técnico do mais alto nível e de grande utilidade (ALMEIDA, 2010). Recentemente, o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) emi- tiulongo pronunciamento sobre o parecer do auditor, o qual está sob análise do grupo de trabalho de normas contábeis do CFC para ser utilizado como interpre- tação técnica. 13 UNIDADE Evolução Histórica da Auditoria Quando da regulamentação da atividade da auditoria independente, em 1972, pelo Bacen, uma primeira relação de firmas de auditoria registradas apontava para um total de 44 empresas, das quais oito eram as chamadas “multinacionais” ou “Big-Eight” – “oito grandes” –, hoje “Big-Four”, dado que restaram somente quatro, a saber: 1. PwC; 2. Ernst & Young (EY); 3. KPMG; e 4. Deloitte. Após a criação da CVM, responsável pelo cadastramento de todos os auditores independentes, esse número chegou a mais de 2.000 empresas. Embora muitas das 44 iniciais tenham se extinguido, seja por venda para uma firma maior, seja pelo falecimento de seus sócios, apenas nos últimos anos mais de cem firmas de auditoria de pequeno porte foram vendidas às “Big-Four” (CREPALDI, 2009). As principais características da grande maioria dessas 2.000 firmas de auditoria são: • Pequenos escritórios, com um responsável técnico, apenas; em geral, são escritórios de contabilidade que também fazem, esporadicamente, auditoria; • Pessoal oriundo de firmas de auditoria maiores, que ganharam experiência e resolveram montar o próprio negócio; • São firmas com atuação em mercados regionais, limitadas, em geral, a seu Estado de origem. Na realidade, as empresas de auditoria que hoje têm maior expressão no mercado e que surgiram após a época pioneira são de ex-gerentes das “Big-Four” que se reuniram para abrir o próprio empreendimento, levando consigo, na maioria das vezes, uma carteira de clientes nacionais que possibilitava a base para um crescimento posterior. São raros os casos de firmas formadas e que tenham uma presença marcante no mercado fora das circunstâncias supramencionadas; isso se deve aos seguintes fatores: • As nossas universidades e faculdades não preparam adequadamente nossos bacharéis em Ciências Contábeis para enfrentar tais desafios; • As firmas de auditoria já existentes em 1972 ocuparam os espaços e concen- traram para si um mercado cada vez mais crescente; • As novas empresas que tiveram êxito têm origem nas grandes firmas de audi- toria, de gerentes com experiência de muitos anos, e onde muitos dos novos empreendedores fizeram estágios no exterior, nas “Big-Four”, ou tiveram lon- go tempo de treinamento e formação profissional em empresas nacionais de médio e grande portes (CREPALDI, 2009). Dentro dessas circunstâncias, estes são os componentes do mercado atual: 14 15 • As maiores do setor, conhecidas como “Big-Four” – Price Water House Coopers, Ernst & Young, KPMG, Deloitte Touche Tohmatsu –; de modo que qualquer coligação ou acordo operacional entre uma dessas organizações e uma empresa nacional é mera forma de transição para uma futura incorporação; • Empresas nacionais com atuação em vários Estados mantêm presença perma- nente no mercado nacional de auditoria. Essas companhias têm tido presença sig- nificante no mercado, ocupando espaços com muita competência e tenacidade; • Organizações nacionais com atuação regionalizada ou profissionais – pessoas físicas – que atendem a empresas de menor porte. Cabe ressaltar que a auditoria independente é o único mercado em que, há pelo menos vinte anos, sofre com processos desfavoráveis de licitação, enquanto que empresas de publicidade, já na década de 1980, cresceram pelos anúncios públicos, de modo que na auditoria foi totalmente ao contrário: as auditorias multinacionais sempre tiveram privilégios nas contas do governo em relação às empresas nacionais (CREPALDI, 2009). Por outro lado, as “Big-Four”, sendo empresas nacionais, mas quando necessi- tam de experiências técnicas aprofundadas, autointitulam-se como “empresas mul- tinacionais”. Nesse ponto, a luta tem sido desigual; mas os auditores genuinamente nacionais têm conseguido lidar bem com algumas vantagens competitivas e apro- veitar melhor o seu potencial. Esta é a realidade do mercado de auditoria no Brasil: uma forte concentração de todos os serviços entre as “Big-Four”. Ainda que não existam estatísticas oficiais, há certo consenso, entre os sócios das principais firmas de auditoria, de que essas quatro organizações estrangeiras influenciam na maioria do faturamento dos serviços de auditoria no Brasil. Todavia, tal concentração é preocupante. A tendência para um futuro próximo é de que as empresas nacionais ficarão reduzidas a, no máximo, seis ou sete; como também se especula, no mercado mundial de auditoria, alguma fusão entre as “Big-Four”. Perspectivas da Auditoria Apesar de ter crescido muito nos últimos tempos, o mercado de auditoria ainda possui muito espaço para se estender – basta verificar algumas áreas em que a atuação do auditor independente é muito pequena ou mesmo inexistente, vejamos: • Administração direta – federal e estadual; • Prefeituras; • Universidades, faculdades isoladas e escolas; 15 UNIDADE Evolução Histórica da Auditoria • Clubes sociais e esportivos; • Fundações e associações sem fins lucrativos; • Hospitais; • Estatais estaduais – exceções feitas a São Paulo, Paraná e Santa Catarina, onde a auditoria independente é obrigatória (CREPALDI, 2009). A ideia primordial é a criação de uma lei específica para regular a auditoria independente, a exemplo do que existe em outros países, dentro de um princípio básico: onde há interesse público, deve haver a transparência aos interessados e à comunidade em geral (CREPALDI, 2009). É inadmissível que não se obrigue prefeituras de cidades a partir de determinada demografia – por exemplo, com mais de 50.000 habitantes – a divulgar, semestral ou anualmente, as suas contas aos interessados. Somente em empresas privadas de capital fechado vemos que existe um mercado muito amplo ainda a ser explorado pelos auditores. Esses parâmetros poderiam ser: • Valor do patrimônio líquido; • Faturamento; • Volume de impostos e contribuições sociais que recolhe; • Número de funcionários; • Controle acionário ou societário por capital estrangeiro. O que se questiona é se a estrutura atual das firmas de auditoria independente atenderia a essa demanda. A obrigatoriedade da auditoria independente deve ser exigida por segmentos diversos da sociedade e do interesse público corporativo, considerando a desejada consciência política dos governantes em legislar em causa da transparência e governança corporativa. A auditoria deve focar nas suas mudanças e adequações futuras, a fim de consolidar o seu conhecimento e aumentar o seu campo de atuação. Para tanto, uma série de fatores fazem-se necessários, vejamos: • Aspectos conjunturais – como será a nossa economia? Por que o merca- do de capitais reage desta maneira? Quais são as tendências? De tal análise, torna-se importante determinarmos o produto que o auditor deve oferecer; • Cenário do conhecimento – na nova Era do Conhecimento, como serão as formações cultural, acadêmica e profissional de um futuro auditor? Representa 16 17 dizer que um pedaço de papel, por mais bonito que seja, na parede ou na gaveta, terá o seu valor ressignificado; • Cenário técnico – a auditoria, muito mais sistêmica, demandará um enfoque do auditor na estratégia da empresa. As evidências de auditoria serão outras e os padrões todos adaptados e condicionados para acompanhar a nova Era, pois somente terá sucesso o auditor que dominar completamente a dinâmica e sensibilidade do novo sistema. Assim, o foco principal da auditoria será interpretar os eventos econômicos de maneira prospectiva e seus efeitos no ambiente empresarial; • Cenário disciplinar – a constituição acadêmica terá mudanças significativas. A formação generalizada será intensificada, enquanto a especialização terá a sua importância minimizada. Na verdade, não será mais admissível que um profissional entenda de todas as áreas de conhecimento da Contabilidade,podendo ser, ao mesmo tempo, contador, perito-contador, auditor, controller ou consultor. Daqui para frente o foco será único e com atenção na formação generalista inicial e posteriormente em uma Especialização única e focada; • Cenário ético – com relação à ética, podemos identificar três tipos de profis- sionais, ou seja, aqueles que: 1. Não estão preparados; 2. Estão parcialmente preparados; 3. Estão preparados. O ceticismo profissional do auditor que é pago para opinar deverá ter um sentido de ética mais apurado, sendo constantemente atualizado; • Cenário pessoal – tudo deve interessar ao auditor, não somente temas técni- cos; devendo se tornar um “cidadão do mundo”, focado, claro, em assuntos técnicos, embora toda cultura geral será de fundamental importância a este novo profissional, que a utilizará como grande veículo e instrumental de comu- nicação junto à administração; • Expectativas técnicas – o parecer de auditoria mudará substancialmente: ex- pressões tais como “exceto por”, “não representam”, “não nos foi possível opinar” deixarão de existir; a divulgação por incerteza, seja por assunto não resolvido ou por continuidade operacional, não será mais utilizada nos atuais e futuros moldes. O importante será expressar o que está certo e errado, o quanto o investidor está perdendo ou deixando de ganhar, bem como as pers- pectivas da entidade, de maneira direta e objetiva. 17 UNIDADE Evolução Histórica da Auditoria Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos A Origem e a Evolução da Auditoria Contábil https://youtu.be/gdRPKw6QzII Leitura Origem, evolução e desenvolvimento da auditoria https://goo.gl/inf8xg A evolução histórica da Auditoria Independente no Brasil: Lei 4.728/65 à Resolução CMN 3.198/04 https://goo.gl/1khDQ6 Auditoria: uma abordagem histórica e atual https://goo.gl/nF5HZo 18 19 Referências ALMEIDA, M. C. Auditoria: um curso moderno e completo. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. CREPALDI, S. A. Auditoria Contábil: teoria e prática. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2009. GRAMLING, A. A.; JOHNSTONE, K. M.; RITTENBERG, L. E. Auditoria. São Paulo: Cengage Learning, 2012. 19