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LIVRO_ZOOTECNIAGERAL_REVISÃO_02_12_2020

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ZOOTECNIA GERAL 
Animal Science 
 
Gabrimar Araujo Martins. 
 
Professor da disciplina “Introdução a Zootecnia” 
(AF0733) – Universidade Federal do Ceara - UFC. 
Doutor em Ciência Animal – UFMG-MG 
 
 
 
FORTALEZA-CE 
13 de maio de 2020 
 
2 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Este trabalho foi elaborado com o objetivo de facilitar o acesso dos estudantes ao 
material didático para o acompanhamento e condução do curso de Introdução à Zootecnia 
(AF0733) do Curso de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará (45h). Além destas 
“Notas de Aula” a disciplina esta ancorada nos livros: O Ensino Superior Agrícola de 
CAPDEVILLE, G. O, (1991); História da Sociedade Brasileira de Zootecnia de autoria de 
PEIXOTO, A.M., (2001), que discorre sobre a fundação da Sociedade Brasileira de 
Zootecnia e o surgimento do Curso de Zootecnia no Brasil; COSTA, R. S. com o livro: 
Tópicos de zootecnia geral, 2000 e Elementos de Zootecnia Tropical de 1986 e Introdução 
à Zootecnia publicada em 1968, ambos de autoria de Octávio Domingues, que resumem os 
conhecimentos da origem e domesticação das espécies e descreve as diversas raças criadas 
no Brasil. Alem dos trabalhos de MADALENA, F.E. La utilizacion sostenible de 
hembras F1 em La produccion Del ganado lechero tropical. (1993) e MARTINS, G.A. 
e XIMENES, L.J.F. com o capítulo de Melhoramento genético de novilhas leiteiras no livro 
de Novilhas leiteiras, publicado por PEREIRA em 2010, que adicionam conhecimentos do 
Melhoramento Genético Animal. 
Essa versão deve ser ampliada e revisada, sempre que houver necessidade. 
 
 
 
 
 
 
3 
 
SUMÁRIO 
 
1. CONCEITO 
1.1. Conceitos de Oleson et. al. (2000); Gibson, et. al. (1999); Priorr, (2003). 
1.2. Conceito de Domingues (1929). 
1.3. Compilação do autor. 
1.4. Compilação do autor. 
2. ZOOTECNIA COMO ARTE E COMO CIÊNCIA 
2.1. Zootecnia como arte 
2.2. Zootecnia como ciência 
3. DIVISÃO DA ZOOTECNIA 
3.1. Zootecnia geral 
3.2. Zootecnia especial 
4. OBJETIVO 
5. OBJETO 
6. BREVE HISTÓRICO 
7. A ESPÉCIE EM ZOOTECNIA 
7.1. Evolução da espécie 
7.1.1. Homologia 
7.1.2. Analogia 
7.2. Estudo dos fosseis 
7.2.1. Importância do estudo dos fosseis para a evolução 
7.3. Teorias evolutivas 
7.3.1. Teoria de Lamark 
7.3.2. Teoria de Darwin 
7.4. Aspectos fundamentais das principais teorias evolutivas 
7.5. Teoria sintética da evolução 
7.5.1. Pontos básicos da teoria moderna 
7.6. Sistemas de classificação zoológica das espécies domésticas 
7.7. Classificação dos mamíferos 
7.7.1. Ordem perissodátila 
4 
 
7.7.2. Ordem arthiodactila 
7.7.3. Ordem digitígrada 
7.8. Classificação dos não mamíferos 
7.8.1. Classe dos peixes 
7.8.2. Classe dos insetos 
7.8.3. Classe das aves 
7.8.4. Classe dos batráquios 
8. DOMESTICAÇÃO DAS ESPÉCIES 
8.1. Simbiose durável com o homem para fins econômicos 
8.2. Quando surgiram os animais domésticos 
8.3. Importância do animal doméstico 
8.4. Domesticidade e domesticação 
8.5. Fases da domesticação 
8.5.1. Primária 
8.5.2. Secundária 
8.6. Variação no grau de domesticidade 
8.7. Como se processou a domesticação 
8.8. Atributos necessários à domesticação 
8.9. Fatores que influenciaram a domesticação 
8.10. Efeitos da domesticação e como se manifestam 
8.11. Causas das transformações 
9. A DOMESTICAÇÃO E ORIGEM DAS ESPÉCIES 
9.1. O cão doméstico 
9.2. Caprinos e ovinos 
9.3. Bovinos 
9.4. Suínos 
9.5. Equinos 
9.6. Aves 
 
 
 
5 
 
10. UTILIZAÇÃO DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS 
10.1. Atributos associados à função e aptidão 
10.2. Classificação das utilidades 
 
 
11. SISTEMA DE PRODUÇÃO 
11.1. Conceito 
11.2. Fatores que afetam o sistema de produção 
11.3. Classificação dos sistemas de produção 
12. ASPECTOS PRODUTIVOS ENDÓCRINOS E FISIOLÓGICOS DA 
ADAPTAÇÃO DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS AO CLIMA TROPICAL 
12.1. Zona de conforto térmico 
12.2. Adaptabilidade 
12.3. Sistema de termorregulação 
12.4. Síndrome da adaptação geral 
12.5. Atributos anatômofisiológicos de bovinos 
13. ZOOTECNIA DE EXTERIOR OU EXOGNÓSIA 
13.1. Divisão do estudo do exterior dos animais 
13.2. Conhecimentos básicos da exognósia 
13.3. Regiões do corpo ou bases anatômicas 
14. AVALIAÇÃO DA IDADE PELA DENTIÇÃO 
14.1. Classificação da dentição dos eqüinos 
14.2. Fórmula dentária 
14.3. Avaliação da idade pela observação das trocas e desgaste dos incisivos 
15. RAÇAS DE IMPORTÂNCIA ECONÔMICA PARA A ZOOTECNIA 
15.1. Conceito 
15.2. Raças de equinos 
15.3. Raças de bovinos 
15.4. Raças de ovinos 
15.5. Raças de caprinos 
15.6. Raças de bubalinos 
6 
 
15.7. Raças de suínos 
15.8. Raças de aves 
 
 
 
16. MELHORAMENTO GENÉTICO ANIMAL 
16.1. Conceitos 
16.2. Modo de ação dos genes 
16.3. Parâmetros genéticos 
16.4. Recursos genéticos para produção de leite 
16.5. Alternativas para a utilização dos recursos genéticos 
17. REFRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
7 
 
CONCEITO DE ZOOTECNIA 
1.1. Modernamente podemos definir ou conceituar a Zootecnia como a ciência 
responsável pela produção animal de forma lucrativa e sustentável, em que a 
sustentabilidade corresponde a um conceito baseado em uma filosofia 
holística, com uma serie de princípios, valores e praticas especificas, que 
envolvem impactos econômicos, ecológicos e sociais em longo prazo 
(OLESON et al. 2000, GIBSON et al. 1999, PRIORR, 2003) 
1.2. Zootecnia é a ciência aplicada, que estuda e aperfeiçoa os meios de 
promover a adaptação econômica do animal ao ambiente criatório e deste à 
aquele. (DOMINGUES, O., 1929); 
1.3. Do ponto de vista bioeconômico, a ênfase é para as características 
biológicas de importância econômica com o objetivo de maximizar o lucro 
através da utilização racional dos recursos disponíveis como genótipo, terra, 
capital e trabalho, obedecendo ao princípio da sustentabilidade. 
1.4. É a ciência que estuda os animais domésticos e silvestres de importância 
zootécnica, com objetivos econômicos e sociais, sendo uma ciência aplicada 
que trata da criação lucrativa e sustentável dos animais adaptando ao ambiente 
criatório e destes à aquele, como descrito por Octávio Domingues. 
 
 
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2. Zootecnia como arte e como ciência 
 
2.1. Zootecnia como Arte 
A arte de criar animais constitui uma das primeiras realizações do homem 
primitivo quando deixou de ser nômade (predominantemente extrativista, caçador e 
pescador) para criar animais domésticos (pastor) e cultivar vegetais (agricultor). 
Inicialmente os animais foram criados para satisfazer o desejo de totemismo (Zoolatria), 
seguido da produção de alimentos, força de trabalho e proteção. A arte de criar para 
satisfazer as primeiras necessidades da humanidade, não tinha a função de produzir renda, 
mas para suprir a necessidade de alimentação, trabalho e transporte. 
 
2.2. Zootecnia como Ciência 
Criar animais domésticos data da idade da pedra lascada, mas a distinção formal 
entre produzir vegetais e animais foi feita por Adrien Etienne Pierre intitulado “Conde de 
Gasparin” que publicou o livro “Cours d´Agriculture” (1844), no qual fazia a distinção 
formal entre a agricultura relacionada ao cultivo das plantas e a Zootecnia que tinha por 
objetivo a criação dos animais domésticos. O vocábulo Zootecnia vem do grego, sendo 
que o termo ZOON (ζωον), significa animal e TECHNÊ (τέχνη), a arte ou técnica de 
criar os animais. 
O termo generalizou-se em povos de língua neo-latina e na Alemanha, porém na 
Inglaterra e EUA ficou ignorada. Em 1907 a Associação das Escolas de Agricultura dos 
Estados Unidos em sua “Cyclopedia of American Agriculture” que estabelecia a exploração 
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do gado no Curso de Agricultura, adotou o termo “Zootechny”, relacionado a criação dos 
animais domésticos, atualmente “Animal Science”. 
 
3. DIVISÃO DA ZOOTECNIA 
 
3.1. Zootecnia Geral 
Considera os animaisdomésticos como seres vivos que evoluíram e apresentam 
características de natureza étnica e zootécnica, influenciando-se por fatores ambientais de 
ordem natural ou artificial e que se reproduzem sujeitos às leis da hereditariedade, capazes 
de sofrer melhoramento genético. 
 
3.2. Zootecnia Especial 
Estuda os processos e sistemas de criação variáveis com a finalidade da produção 
e destino dos produtos, diferenciando as qualidades dos animais que se deseja multiplicar e 
primando pelas possibilidades do meio criatório ser adaptado aos animais e estes ao meio, 
para a otimização de sistemas bio-econômicos de criação, que possibilitem a obtenção de 
lucro. A Zootecnia e uma ciência aplicada que precisa da contribuição de ciências puras e 
seus ramos, como a Biologia, Botânica, Genética, Física, Matemática, Química, 
Bioquímica, Zoologia, Estatística e Informática. E das ciências aplicadas como a 
Bioclimatologia, Etologia, Nutrição de ruminantes, Nutrição de monogástricos, 
Forragicultura, Higiene e Profilaxia animal, Economia e Administração Rural, Engenharia 
de Alimentos, Bioclimatologia, Bovinocultura (bovinos), Equideocultura (equinos e 
asininos), Ovinocultura (ovinos), Caprinocultura (caprinos), Suinocultura (suínos), 
Avicultura (aves de postura e corte), Bubalinocultura (búfalos), Apicultura (abelhas com 
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ferrão), Meliponicultura (abelhas sem ferrão), Strutiocultura (avestruz), Carcinocultura 
(camarão), Cunicultura (coelhos), Psicultura (peixes), Ranicultura (rãs), Sericicultura 
(bicho da seda), Helicicultura (Scargot). 
 
4. OBJETIVO 
Estudar o animal doméstico visando o perfeito conhecimento deste e dos demais 
fatores envolvidos no seu processo produtivo, sempre visando alto grau de especialização 
com animais adaptados. 
 
5. OBJETO DA ZOOTECNIA 
O animal doméstico e animais silvestres de importância econômica para a 
Zootecnia. 
 
6. BREVE HISITORICO 
A arte da produção agrícola é atribuída aos povos que habitavam o oriente médio, 
particularmente as regiões montanhosas e semiáridas próximas aos vales férteis da 
mesopotâmia e centros importantes da primitiva civilização. O homem começou a colher 
grãos a aproximadamente 8.000 anos a.C. sendo que a pouco mais de 7.000 anos a.C., 
cultivava esses grãos e possuía animais domésticos (HEISER JR., 1977). 
Criar animais domésticos data da idade da pedra lascada, mas a distinção formal 
entre produzir vegetais e animais foi feita por Adrien Etienne Pierre intitulado “Conde de 
Gasparin” que publicou o livro “Cours d´Agriculture” (1844), no qual fazia a distinção 
formal entre a agricultura relacionada ao cultivo das plantas e a Zootecnia que tinha por 
objetivo a criação dos animais domésticos. Em 1848 foi instalado em Paris na França o 
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“Instituto Agronômico de Versailles” (IAV) em que foi Adotada a distinção proposta pelo 
“Conde Gasparin”, para o ensino teórico da exploração dos animais domésticos, sendo que 
foi estabelecida a Cátedra de Zootecnia e assim, a Zootecnia como ciência surgiu em 1849 
com a tese apresentada pelo naturalista Émile Baudement, em concurso para a Cátedra de 
Zootecnia do IAV. Emile Baudement em sua tese estabeleceu o princípio teórico que 
consiste em considerar o animal doméstico como uma “Máquina viva transformadora e 
valorizadora dos alimentos”, fundamento de todos os conhecimentos zootécnicos. 
No Brasil em 1907, Nicolau Athanassof graduado em Gembloux na Belgica 
chegou ao Brasil, para integrar o grupo de professores da Escola Agrícola Luiz de Queiroz 
em Piracicaba-SP e em 1929, o Profº Octavio Domingues conceituou a Zootecnia, como a 
“Ciência aplicada que estuda e aperfeiçoa os meios de promover a adaptação econômica do 
animal ao ambiente criatório e deste ambiente ao animal”, sendo a Zootecnia ensinada 
como disciplina especial nos cursos de agronomia até 1966. Em 1966 foi criado na PUC de 
Uruguaiana-RS, o primeiro curso de graduação em Zootecnia, sendo a primeira aula 
ministrada em 13 de maio de 1966, razão pela qual se comemora o dia do Zootecnista. A 
profissão foi regulamentada em 04 de dezembro de 1968 pela lei federal nº. 5.550. Quem se 
forma no curso de zootecnia recebe o título acadêmico-profissional de Zootecnista. 
Segundo esta lei pode exercer a Zootecnia, também, o graduado em Medicina Veterinária e 
o graduado em Agronomia, conforme transcrito a seguir: 
 
 
 
 
 
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Art. 2º Só é permitido o exercício da profissão de Zootecnista: 
a) ao portador de diploma expedido por escola de zootecnia oficial 
ou reconhecido e registrado na Diretoria do Ensino Superior do 
Ministério da Educação e Cultura; 
b) ao profissional diplomado no estrangeiro, que haja revalidado e 
registrado seu diploma no Brasil, na forma da legislação em vigor; 
c) ao agrônomo e ao veterinário diplomados na forma da lei. 
 O segundo Curso de Zootecnia autorizado no Brasil foi o da Universidade Federal Rural 
do Rio de Janeiro em 1969, seguido do Curso de Zootecnia da Universidade Federal de 
Santa Maria – RS em 1970 e da Universidade Federal Rural de Pernambuco, também em 
1970. No estado do Ceara o primeiro Curso de Zootecnia autorizado foi o da Universidade 
Estadual Vale do Acaraú em 1995, seguido do Curso de Zootecnia da Universidade Federal 
do Ceara em 2000. 
O ensino de graduação em Zootecnia no Brasil contava ate 1988, dois anos antes da criação 
do Curso de Zootecnia da UFC, com 31 cursos, sendo cinco na região sul, quinze na 
sudeste, quatro na centro-oeste e sete na região Nordeste. A Estimativa projeta para o final 
de 1988, a graduação de 8.456 profissionais. 
 
 
 
 
 
 
 
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7. A ESPÉCIE EM ZOOTECNIA 
“São considerados da mesma espécie os indivíduos que apresentam grandes 
semelhanças morfológicas e fisiológicas e são capazes de acasalar-se ou cruzar-se 
naturalmente entre si, gerando descendentes férteis”. 
Ex.: Felis catus (gato doméstico). O primeiro termo (Felis) trata-se do gênero e o segundo 
(catus) do nome da espécie na classificação de Lineu. Outros exemplos do mesmo gênero, 
mas de espécies diferentes são: Felis silvestris (gato selvagem), Felis pardalis (jaguatirica). 
Nos exemplos citados o gênero é o mesmo, mas de espécies diferentes. Logo, por definição 
os acasalamentos diferenciariam as espécies, ou por não acontecerem ou por não 
produzirem descendentes férteis. 
 
7.1. Evolução das espécies 
Evolução é o processo através do qual ocorrem as mudanças ou transformações 
nos seres vivos ao longo do tempo, dando origem as espécies novas. Este processo faz com 
que as populações de organismos mudem ao longo do tempo a partir das características 
hereditárias decorrentes da expressão dos genes que são passados aos descendentes durante 
a reprodução. 
O estudo da evolução é baseado em evidências cuja base é o estudo comparativo 
dos organismos a partir de estruturas preservadas do tecido ósseo ou molecular. Chamamos 
o objeto de estudo às evidências evolutivas em que se aplicam os estudos de anatomia 
comparada, embriologia comparada, bioquímica e paleontologia. Sendo a embriologia 
comparada a responsável pela classificação das espécies em homologa e análogas. 
 
 
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7.1.1. Homologia 
Podemos dizer que uma espécie é homologaquando as estruturas de organismos 
diferentes possuem a mesma origem embriológica, sendo que essas estruturas podem ou 
não ter a mesma função. As estruturas homólogas sugerem ancestralidade comum. 
O apêndice vermiforme (apêndice cecal) no homem é considerado apenas um 
órgão vestigial e sem função ficando localizado no ponto onde o intestino delgado se liga 
ao intestino grosso. Já nos mamíferos roedores, o ceco é uma estrutura bem desenvolvida, 
na qual a parede celular dos alimentos é parcialmente digerida, sendo a celulose degradada 
por bactérias, protozoários e fungos especializados. Em alguns animais o ceco é uma bolsa 
contínua e em outros, como o coelho, apresenta extremidade final mais estreita, 
denominada apêndice a exemplo do apêndice vermiforme humano. Mas essa estrutura nos 
diferentes animais citados possui a mesma origem embrionária. 
Podemos acrescentar como exemplo a asa do morcego e a asa da ave que possuem 
a mesma origem embriológica e mesma função (similaridade funcional). E o braço do 
homem, a pata do cavalo e a nadadeira da baleia são estruturas de mesma origem 
embrionária, mas não possuem a mesma função. 
 
7.1.2. Analogia 
Nesse caso existe similaridade funcional, mas as estruturas dos diferentes 
organismos são de origem embrionária diferente, sendo considerado resultado da evolução 
convergente. Como exemplo pode citar, as asas dos insetos e das aves que são estruturas 
diferentes quanto à origem embriológica, mas apresentam a mesma função (voar). 
 
 
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7.2. Estudo dos fosseis 
Qualquer indício da presença de organismos que viveram em tempos remotos da 
Terra, incluindo as partes duras do corpo (mais conservadas) e em alguns casos a parte 
mole do corpo também pode estar preservada, no todo ou em parte e pode ser considerado 
fóssil. 
Ex.: Fósseis congelados do mamute (Sibéria do norte) e os fósseis de insetos encontrados 
em âmbar (resina dos pinheiros). Também são consideradas fósseis impressões deixadas 
por organismos que viveram em eras passadas como as pegadas de animais extintos e 
impressões de folhas, de penas de aves extintas e da superfície da pele dos dinossauros. 
 
7.2.1. Importância do estudo dos fósseis para a evolução 
 
Conhecer organismos que viveram na Terra em tempos remotos sob condições 
ambientais distintas das atuais é fundamental para fornecer indícios de parentesco com as 
espécies atuais. 
 
7.3. Teorias evolutivas 
7.3.1. Teoria de Lamarck (1744-1829) – naturalista Francês 
Jean Baptiste Lamarck foi o primeiro cientista a propor uma teoria sistemática da 
evolução, publicada em 1809 (Filosofia zoológica). Explicou o principio evolutivo baseado 
em duas Leis fundamentais 
Primeiro apresentou a Lei do Uso ou Desuso (1ª Lei) e segundo a Lei da Transmissão dos 
Caracteres Adquiridos (2ª Lei). Para explicar suas teorias utilizou como exemplo, as aves 
aquáticas pernaltas, justificando a característica pelo esforço para esticar as pernas evitando 
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que seu corpo e suas penas fossem molhados durante locomoção na água e que as gerações 
futuras herdariam essa característica adquirida. Essa teoria foi rejeitada e atualmente graças 
aos resultados dos experimentos de Gregor Mendel publicados em 1865, sabemos que a 
transmissão de características depende de unidades hereditárias posteriormente batizadas de 
genes. Mas o código genético e o DNA só foram descobertos em 1953 por Watson e Crick. 
Logo as características adquiridas não são hereditárias, embora a epigenética explique a 
influencia do meio na herança através de dois processos, que são a metilação do DNA e 
acetonização dos estomas. 
 
7.3.2. Teoria de Darwin (1809-1882) – naturalista Inglês 
Propôs a teoria da seleção natural, mais aceita que, a base da evolução esta na 
vantagem seletiva, em que, os organismos mais adaptados possuem maior chance de 
sobrevivência e, portanto podem deixar mais descendentes. Na mesma espécie os 
indivíduos possuem variações nos caracteres e mesmo que todo organismo tenham 
vantagem reprodutiva (muitos descendentes), apenas alguns chegam à idade adulta. 
Portanto a “grande luta" pela sobrevivência mantém o número de indivíduos de uma 
espécie, mais ou menos constante, ao longo das gerações. Desta forma, organismos com 
variações favoráveis as condições do ambiente tem maiores chances de sobreviver e deixar 
descendentes (transmissão de caracteres). Sabe-se também que a seleção natural, ao longo 
das gerações, mantém ou melhora a adaptação dos indivíduos ao meio, mantendo a 
vantagem seletiva, segundo as informações de Charles Darvin publicadas em 1859 no 
livro, “A Origem das Espécies” e posteriormente, na publicação; “A Descendência do 
Homem”. Após debates e controversias, seus conceitos foram considerados 
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fundamentalmente corretos e sua obra foi complementada e corrigida pelos evolucionistas 
do século XX (teoria moderna da evolução). 
Wallace e Weismann corroboraram com as ideias de Darwin, sendo que 
Weismann, Weldon, Pearson e outros contribuíram para o Neodarwinismo. 
 
7.4. Aspectos fundamentais das principais teorias evolutivas de Lamark e 
Darwin e Wallace. 
Na tabela 1, foram destacadas algumas características inerentes à teoria da 
evolução de Lamark e Darwin-Wallace. 
Tabela 1. Características diferenciais entre as teorias evolutivas do século XIX. 
AUTOR TEORIA 
LAMARK Lei do uso e desuso 
 Lei do uso e desuso, facilmente refutada pelo biólogo alemão, August 
Weismann (Século XIX); 
 Geração espontânea em que os organismos mais simples surgiam de matérias 
não vivas 
DARWIN-WALLACE Seleção natural em que o meio ambiente tem papel fundamental na frequencia 
dos genes herdados 
 Seleção natural e adaptação competitiva 
 Herança influenciada pelas mutações 
 Interação genótipo-ambiente como fator da seleção adaptativa 
 
7.5. Teoria sintética da evolução (neodarwinismo) 
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Vários pesquisadores usaram a base da teoria de Darwin (seleção natural), mais os 
conceitos de hereditariedade de Mendel (1865), para explicar e corroborar com os escritos 
de Charles Darvin. 
O conceito de população foi baseado no fato de um grupo de indivíduos de uma 
mesma espécie, ocorrer em uma mesma área geográfica e em um mesmo intervalo de 
tempo deixando descendentes férteis e semelhantes na forma. Já para definir a espécie 
partiu-se de populações naturais, real ou potencialmente intercruzantes e reprodutivamente 
isolados de outros grupos de organismos, mantendo a capacidade de reprodução dentro e 
isolamento reprodutivo entre espécies. Sendo baseada em quatro processos básicos da 
evolução, como a mutação, recombinação gênica, seleção natural e isolamento reprodutivo. 
Podemos atribuir à mutação, recombinação gênica e a seleção natural, a variabilidade 
genética, responsável diferenças entre espécies, mantidas por isolamento reprodutivo e 
características adaptativas diferenciais. 
 
7.5.1. Pontos básicos da teoria moderna 
a) As variações de uma espécie dependem de mutações; 
b) As mutações ocorrem ao acaso; 
c) A luta pela vida dá-se entre os indivíduos e o meio ambiente; 
d) Da luta pela vida, resulta a seleção natural dos mais aptos ou adaptados às 
condições do meio; 
e) O isolamento geográfico ou sexual impede que as características do tipo novo 
misturem-se com as características do tipo primitivo; 
f) A diversidade de fenótipos na população conduz a variabilidade genética; 
g) A evolução decorre da transformação estatística das populações ao longo do tempo. 
19 
 
Como exposto, a seleção natural segundo o neodarvinismo teria sido responsável pela 
evolução das espécies, com base em mutações genéticas. 
Mas a partir do estudo do genoma humano em que a suposição era de encontrar mais de 
100 mil genes responsáveis pelatransmissão da característica e que na verdade foram 
encontrados bem menos, ou seja, aproximadamente 30 mil genes foram elucidados 
diferentes cominhos associados à herança nuclear, mitocondrial e modificações na 
cromatina, hoje conhecido como epigenética e que podem contribuir para a elucidação de 
alguns pontos da teoria da evolução, inclusive adicionar mutações epigenéticas, às 
mutações genéticas, como causas da evolução. 
A epigenética é definida como as modificações no genoma durante a divisão celular, 
independente da sequência do DNA herdado (silenciar genes ativos e ativar genes inativos) 
podendo ser entendidos como mutações epigenéticas e podem ser herdadas, sendo o termo 
epigenética cunhado pelo biólogo C. H. Waddington em 1942. Modificações no DNA ocorrem 
a partir da acessibilidade da cromatina pela regulação transcricional devido ao rearranjo de 
nucleossomos. Os princípios básicos dos mecanismos epigenéticos são alterações nos 
histonas e metilação do DNA. Ambos produzem modificações na cromatina, associadas ao 
rearranjo nos nucleossomos. Os nucleossomos e as histonas são estruturas associadas ao 
DNA, com a função de organização da cromatina, intimamente associado à expressão dos 
genes. A cromatina aberta permite a expressão dos genes e condensada a inativação dos 
mesmos. Eventos epigenéticos, como a desacetilação das histonas e metilação do DNA são 
responsáveis pela condensação da cromatina. O DNA nuclear encontra-se associado às 
histonas que formam os nucleossomos ou estrutura básica de condensação do DNA. O 
nucleossomo é a unidade básica da cromatina composto por duas unidades básicas com 
quatro proteínas histonas cada, formando um octâmero. A acetilação de histonas e 
20 
 
demetilação do DNA (DNA hipometilado) mantém a cromatina aberta e a desacetilização 
de histonas e metilação do DNA (DNA hipermetilado) mantém a cromatina condensada 
(MULLER et. al., 2008, FRANCIS, 2011). Alem desses eventos, os RNAs não 
codificadores podem interferir na transcrição dos genes. 
7.6. Sistemas de classificação zoológica das espécies domésticas 
Foi estabelecido desde 1758 o sistema de classificação binomial do Sueco Carollus 
Linnaeus (1707 a 1778), em que o gênero deve ser grafado em letra latina maiúscula e a 
espécie em letra latina minúscula, sendo esta sempre escrita completa (gênero e espécie) e o 
gênero abreviado quando se refere a espécies diferentes dentro deste (Canis familiares e C. 
lúpus). Darwin em 1859 propôs a classificação com base em relacionamento evolutivo, 
alem dos sistemas de Henning (1966), conhecido como Sistema filogenético ou Cladista. 
WILL Hennig em 1966, introduziu um método objetivo e conectado com a teoria evolutiva 
de Charles Darwin. A filogenética hennigiana visa a apresentação de uma sistema 
classificatório em que apenas grupos monofiléticos eram naturais, pelo fato de seguir em 
direção a um ancestral comum. Um grupo monofilético é definido como a reunião de todos 
os descendentes do ancestral comum com este incluso. Hennig acreditava seguir a mesma 
filosofia do ramo da “Teoria Sintética da Evolução”, conhecido como Taxonomia Clássica 
Evolutiva de Mayr e Simpson. A teoria sistemática de Hennig foi entendida posteriormente 
como Cladista e era baseada em relações de parentesco entre espécies, avaliada pela 
similaridade de caracteres especiais. Esses caracteres considerados homólogos entre grupos 
taxonimicos, mas morfologicamente divergentes ou não, de geração para geração. São 
exemplos de estruturas homologas, os membros anteriores dos cavalos, o braço do homem 
e a asa das aves (SANTOS, 2004). 
21 
 
O Sistema Filogenético (Cladista), cuja identificação das espécies e baseada na 
identificação do estado primitivo ou ancestral (Plesiomorficos) e derivado (Apomorficos), 
tendo como objetivo reconstruir a genealogia dos membros de um determinado grupo 
taxonômico. Serão listados a seguir os conceitos mais frequentes em Cladista. 1. Unidade 
Evolutiva (EU) – unidade base em Cladista. 2. Cladista – identificação dos estados 
Plesimorficos (primitivos) e Apomorfos (derivados). 3. Plesimorfia – estado primitivo de 
um dado Clado ou Taxa. 4. Apomorfia – estado derivado de um dado caractere. 5. 
Sinapomorfia – Apomorfia compartilhada por dois ou mais Taxa de um mesmo ancestral. 
6. Simplesiomorfia – Plesimorfia compartilhado por dois ou mais Taxa. 7. Autapomorfia – 
caracteres únicos a um Taxa. 8. Clado ou grupo monofiletico – ramo da arvore filigenetica 
correspondente a uma Taxa que compartilham Sinapomorfias derivadas de um ancestral 
comum. 9. Grupo parafiletico – todos os Taxa do grupo apresentam o mesmo ancestral 
comum, mas o ramo não inclui somente os descendentes desse ancestral. 10. Grupo 
polifilético – Taxa de diversos locais da arvore. 11. Grupo irmão – dois Taxa com o mesmo 
ancestral comum. 12. “Outgroup” ou grupo externo – incluso na analise filogenética para 
estabelecer o estado primitivo. 
 
7.7. Classificação dos mamíferos 
Todos os mamíferos estão inclusos na Classe Mamalia e surgiram há 225 milhões 
de anos (antes das aves) a partir de repteis primitivos endotérmicos. A classificação de 
Linnaeu organizou as espécies em Reino, Filo, Grupo, Classe, ordem, família, gênero e 
espécie. A seguir está apresentado um exemplo de classificação dos mamíferos de 
importância econômica: Reino Animal; Filo Chordata; Grupo Craniata; CLASSE 
22 
 
MAMMALIA; Sub-classe Theria (Infraclasse: 1. Ornithodelphia (monotremados); 2. 
Methatheria (marsupiais); 3. Eutheria (mamíferos placentários). 
A infraclasse Eutheria se divide em 19 ordens sendo constituída pelos mamíferos 
placentários (95% dos mamíferos) que possuem sistema digestivo semelhante, mas com 
algumas diferenças produzidas pelo habito alimentar. Boca – Faringe – Esôfago – 
Estômago – Intestino delgado – Intestino grosso – Anus. Como exemplo de diferenciação 
do estômago pode ser citado os ruminantes com estômago dividido em quatro câmaras: 
Rumem (pança), Reticulo (barrete), Omaso (folhoso) e o Abomaso (coagulador ou 
estômago verdadeiro). No Rumem esta presente bactérias, protozoários e fungos que 
produzem a enzima celulase responsável pela digestão da massa alimentar, que na 
sequencia passa para o reticulo no qual os micro-organismos continuam a digestão. A partir 
daí o bolo é regurgitado para uma segunda mastigação e digestão passando em seguida para 
o omaso, onde ocorre a absorção do excesso de água da massa alimentar, seguindo para o 
abomaso para a digestão enzimática do bolo e dos micro-organismos. 
Entre os animais Ungulados (animais que possuem casco) podemos citar algumas ordens de 
maior importância para a Zootecnia. 
 
7.7.1. Ordem Parisseodactila – dedos impares. 
7.7.1.1. Familia Equidae: Genero Equus. 1. Espécie Equus caballus (Cavalos); 2. Especie E. 
asinus (Jumentos); 3. E. Zebra. 
7.7.1.2. Familia Rhinocerotidae: Rhinoceros (Rinocerante de Java); Dicerorhinos 
(Rinocerante de Sumatra); Cerototherium (Rinoceronte branco); Diceros (Rinocerante 
negro). 
23 
 
7.7.1.3. Familia Tapiridae: Tapirus terrestres (Anta); Tapirus pinchaque (Tapir da 
montanha); Tapirus indicus (Tapir amarelo); Tapirus bairdi (Centro americano). 
 
 
 
7.7.2. Ordem Arthiodactila – dedos pares. 
7.7.2.1. Subordem Suína. 7.7.2.1.1. Família Suidae; Sus scrofa domesticus (porco); Sus 
scrofa (javali); 7.7. 2.1.2. Tayassuidae; 7.7.2.1.3. Hippopotamidae (Hipopótamo). 
7.7.2.2. Subordem Ruminantia (são os ruminantes verdadeiros e possui seis famílias). 
7.7.2.2.1. Família Tragulidae, composta por três gêneros e quatro espécies, conhecida como 
servo rato ou pequeno cervo asiático e africano; 7.7.2.2.2. Família Moshidae (Cervo 
Almiscarado (Moshus cupreus), nativo do Afeganistão, Índia e Paquistão, em risco de 
extinção devido à glândula produtora de odor forte, utilizado na indústria de perfume 
(Almíscar)); 7.7.2.2.3. Família Giraffidae (girafas); 7.7.2.2.4. FamíliaCervídea; (Rangifer 
tarandus (Rena). 2.2.5. Família Antilocapridae (Subfamília Ovídio (Ovis Áries – Ovinos; 
Capra hircus – cabra)); 7.7.2.2.6. Família Bovidae (Subfamília Bovideos - Bubalus bubalis 
(búfalo); Bos taurus taurus (boi europeu); Bos taurus indicus (boi indiano ou Zebu); Bison 
bonasus (bisão europeu); Bison americanus (bisão americano). 
A subordem Ruminantia se caracteriza por seus animais apresentarem estomago com 
quatro câmaras, como descrito anteriormente, uma composta por rumem funcional e outra 
pelo reticulo responsáveis pela digestão microbiana e duas outras como o omaso onde é 
absorvida a maior parte da água da massa alimentar e o abomaso responsável pela digestão 
enzimática. Os ruminantes verdadeiros regurgitam o alimento para uma segunda 
mastigação e ação microbiana e enzimática facilitando o fracionamento dos alimentos por 
24 
 
não possuírem incisivos e caninos superiores, sendo estes semelhantes na forma aos 
incisivos, compondo uma linha dentaria uniforme. 
7.7.2.3. Subordem Tylopoda (falsos ruminantes ou camelideos. 7.7.2.3.1. família 
Camelidae; 7.7.2.3.1.1 Subfamília camelideos - Três gêneros e seis espécies: Camellus 
bactrianos (duas corcovas - Camelo); Camellus dromedarius (uma corcova – Dromedário); 
Lama glama (Lhama); Lama guanicoe (Huanaco); Lama pacos (Alpaca); Vicugna vicugna 
(Vicunha). 
A Subordem Tylopoda se diferencia da Ruminantia por serem falsos ruminantes em que o 
estomago se divide em três câmaras: 1. Câmara de fermentação com epitélio estratificado 
escamoso (Ph 6,4 a 7,0 e capacidade de 83% do volume total); 2. Câmara de fermentação 
com epitélio glandular (Ph 6,4 a 7,0 e tem capacidade de 6% do volume total); 3. Câmara 
de digestão química com epitélio glandular e secreção enzimática (HCL), com Ph 3,0 e tem 
capacidade de 11% do volume total. 
Estudos paleontológicos documentam que os Tylopodas se originaram e evoluíram na 
America do Norte e desapareceram há 10.000 anos, no final da era Eoceno ate o final do 
Pleistoceno. Do médio Plioceno ate Pleistoceno, na Europa; No fim do Plioceno a era 
recente, no norte da Africa; do médio Plioceno ate época recente, na Asia; do final do 
Pleistoceno ate recentemente na America do Sul (PACHALY, 2001). 
 
7.7.3. Ordem Digitígrada. 
7.7.3.1. Família roedores: Subfamília leporídeos (Oryctolagus cuniculus – coelho); Sub-
familia cavlideos (Cavea cobaya – cabaia) 
7.7.3.2. Família carnívora: Subfamília canídeos (Canis familiares – cão domestico; Vulpes 
orgentatus (raposa prateada); Sub-familia felídeos (Felis domesticus – gato). 
25 
 
 
7.8. Classificação dos animais não mamíferos de importância econômica. 
7.8.1. Classe dos Peixes - Ordem Teleóstea: Família caprinideos 
(Cyprinus carpio – carpa); Família ciclideos (Tilapia melanopleura – tilápia); Família 
salmonelideos (Salmo lancustris – truta). 
7.8.2. Casse dos Insetos – Ordem lepidóptera: Família 
bombicideos; Ordem himenóptera; Ordem Apídeos: Apis melífera (abelha comum); Apis 
melífera linguística (abelha italiana); Apis melífera adonsoni (abelha africana). 
7.8.3. Classe das Aves - Ordem anseriforme: Família Anatideos 
(Ciprinus ciprinus – cisne; Cairina moschata – pato; Anas boscha – marreco; Anas anser 
domesticus – ganso); Ordem galiforme: Família faslanideos (Gallus gallus domesticus – 
galinha; Phasianus colchios – faisão; Pavo chistratus – pavão; Numideo galeata – galinha 
D’angola (capote); Cotunix cotunix – codorna); Família penelopideos (Meleagris galopavo 
– peru); Ordem Columbiforme: Família columbídeos (Columbia domesticus – pombo); 
Ordem reiformes: Família strutionideos (Strutio camelus – avestruz); Familia reideos (Rhea 
americana – Ema). 
7.8.4. Classe dos Batráquios - Ordem anura: De importância econômica 
para a Zootecnia podemos citar a espécie, Rana cotesbiana genericamente conhecida como 
rã touro gigante e a Rana exculenta ou rã domestica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8. A DOMESTICAÇÃO DAS ESPÉCIES 
A domesticação consiste no ato de tornar doméstico animais selvagens. Price 
(1984) definiu domesticação como um processo de adaptação ao cativeiro combinado com 
mudanças genéticas ao longo de gerações. A origem do termo doméstico é o vocábulo 
latim, “domus” que significa “casa” e corresponde ao ato de uma espécie animal sair do 
estado selvagem para passar a viver com o homem e depender dele em estado de 
domesticidade (instinto de mansidão, reprodução em cativeiro e sociabilidade hereditária). 
Podemos justificar a domesticação através do desejo do homem primitivo, de mudar de 
nômade (7.000 a.c) para gregário e com isso satisfazer novas necessidades básicas. Desta 
forma podemos observar o meio e o fim do processo de domesticação, por que o início da 
domesticação começou com o cão bem antes da domesticação das plantas e do homem 
deixar de ser nômade, sendo todo o processo de domesticação da grande maioria dos 
animais que conhecemos finalizado há aproximadamente 6.000 anos antes de cristo (a.c.). 
8.1. Simbiose durável com o homem para fins econômicos 
 Domínio do homem (geração), e mansidão hereditária fez os candidatos a 
domésticos mudar do extrato de animal aprisionado para animal domestico. A diferença 
entre animal doméstico e não doméstico e que este não apresenta descendência domestica. 
O animal doméstico produz filhos domésticos e o amansado produz descedência selvagem, 
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como o papagaio, macaco, cotia, focas, elefantes e outros, enquanto que bois, cabras, 
carneiros e galinhas são domésticos e sua descendência também se mantém assim. Os 
índios possuíam animais amansados para companhia, denominados xerimbabos ou nimbos 
 
 
8.2. Quando surgiram os animais domésticos 
Em eras geológicas distintas, pois enquanto que o cão foi o primeiro animal a ser 
domesticado no período haloceno, os animais como a cabra e o carneiro foram 
domesticados no período oligoceno. O processo de domesticação foi conduzido pelo 
homem primitivo por instinto seguido de experiência, sendo que na era da pedra polida 
foram encontrados evidência do convívio do homem com o cão, cabra, carneiro, porco e o 
boi. Na idade do bronze o cavalo foi domesticado segundo estudos de fosseis. 
Tabela 2. Centro de domesticação de plantas e animais 
Região Plantas Animais 
Mediterrâneo Ervilha, azeitona, trigo duro, menta 
Próximo oriente Trigo, lentilha, aveia, cevada, mostarda, 
luzerna, couve, uva 
Cabra, ovelha, vaca, porco, 
dromedário, gato, búfalo 
Médio oriente Amêndoa, pêssego, linho, couve, alho, 
cenoura, uva, ervilha, algodão, maça 
Cavalo, camelo, ovelha e cabra 
Extremo oriente Cebola, soja, maça, alface, nabo, Porco, galinha, cabra, búfalo 
Índia Arroz, laranja cana de açúcar, pimenta 
preta, pepino, manga, banan coco 
Vaca, galinha 
Nordeste africano Café, ocre, sorgo Jumento, vaca 
México Milho, papaia, batata doce, algodão, 
amaranto 
Perú 
28 
 
Andes Algodão, batata, abobora, mandioca, 
amendoim, ananás 
Porco da guiné, lhama, alpaca 
 
8.3. Importância do animal doméstico 
O animal doméstico foi extremamente importante na vida dos povos primitivos em 
que os beneficio marcaram os pilares fundamentais do progresso da civilização humana. 
Essa evolução em que inicialmente os animais domésticos faziam parte das tribos humanas 
e de seus hábitos tribais, também fazia parte da divisão de trabalho. Fez parte desta 
evolução a descoberta fogo, a invenção da roda e a eletricidade que permitiu um grande 
salto para era nuclear atual. Desta forma ainda nos dias atuais os animais domésticos alem 
de fomentar a economia da produção de alimentos, atendem as necessidades por transporte, 
lavra da terra, agasalho, afetividade e diversão. 
 
8.4. Domesticação e domesticidade 
A domesticação corresponde ao ato de tornar doméstico o animal selvagem, 
enquanto que a domesticidade é o estado de doméstico. Podemos dividir as fazes de 
domíniodo homem sobre os animais em três: estado de cativeiro; estado de mansidão e 
estado de domesticidade. O estado de cativeiro trata o animal como material de estudo ou 
embelezamento, sendo o estado de mansidão caracterizado pela convivência pacífica com 
finalidade especifica de ades6tramento para o trabalho e montaria a exemplo do Elefante 
treinado em algumas regiões do mundo. No estado de domesticidade fica estabelecida a 
relação do homem com o animal de uma simbiose harmônica em que os dois se beneficiam. 
 
8.5. Fases da domesticação: primária e secundária 
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8.5.1. Primária 
Corresponde a fase da pré-história, em que os grandes animais assumiram 
importância na vida do ser humano. 
8.5.2. Secundária 
Na fase secundária tudo foi mais recente, sendo representada pelos pequenos 
animais como pato, galinha d’angola, avestruz, faisão, coelho e médios como a rena e 
grande como o búfalo, considerados semidomésticos ou de domesticação duvidosa a 
exemplo de determinados animais com os peixes, ostras, abelhas e bicho da seda. 
 
8.6. Variações no grau de domesticidade 
Podemos classificar quanto ao grau de domesticação, desde os grupos de animais 
domesticos que quando soltos na natureza jamais voltam ao estado selvagem, ate aqueles 
semi-domesticos, caracterizados pela volta ao estado selvagem toda vez que são soltos na 
natureza. 
1º grupo: cão, carneiro, cabra, boi, porco, gato, galinha, cavalo, jumento, camelo, 
dromedário. 
2º grupo: zebu, marreco, ganso, peru, pombo, cisne, pavão, cobaia, lhama. 
3º grupo: búfalo, rena, galinha d’angola, avestruz, pato, faisão, alpaca, coelho e bicho da 
seda. 
4º grupo: abelha e carpa. 
 
8.7. Como se processou a domesticação 
A ausência de documentação das conquistas do homem pré-histórico torna difícil 
determinar com precisão como precisamente se processou a domesticação. Sabe-se que os 
30 
 
primeiros animais foram domesticados no oriente médio e que o homem europeu primitivo, 
não possuía animais domésticos (caçava). Os povos asiáticos eram mais evoluídos e foram 
as primeiras civilizações a dominarem a arte de produzir os metais e a pólvora, sendo 
responsáveis por inúmeras invasões na Europa. Desta forma pontos diferentes em épocas 
distintas podem ser apontados como a disseminação da domesticação das espécies. As 
hipóteses mais prováveis foram o processo pacífico e o emprego da força em alguns casos. 
Provavelmente os animais mais curiosos podem ter se aproximado das civilizações 
humanas a exemplo dos cães que obtinham alimento nas proximidades das habitações 
humanas, possibilitando a aproximação do homem com estes animais, os quais a cada 
geração eram selecionavam pela docilidade e outras características de comportamento. A 
despeito de inicialmente alguns animais serem criados como animais de companhia ou por 
razões religiosas associadas ao sacrifício, sendo que o emprego utilitário veio logo a seguir 
com a domesticação dos cães (caça) e herbívoros (transporte e alimentação). Outros, a 
supertição considera como animais relacionados com a sorte como: os papagaios, 
periquitos, macaquinhos-de-cheiro (saguis). Os Druidas adoravam os cavalos brancos, os 
Egípcios o Boi ápis, carneiro, gato, ganso e crocodilos. Na Índia o gado Zebu e considerado 
sagrado e os Gregos adoravam a cabra, os Judeus o pombo branco e os Romanos o galo. 
Os mamíferos e aves foram pouco molestados pelo homem, mas relevos em 
Esparta sugerem o emprego da força a 1.500 anos a.C. Provavelmente a domesticação se 
deu pelo emprego da força e de forma pacifica dependendo da espécie. Podemos destacas 
que o cavalo foi domesticado quando instrumentos de contenção (metal) foram 
desenvolvidos a despeito de ainda hoje seja necessário doma-los e adestra-los para 
determinado fim. 
 
31 
 
8.8. Atributos necessários à domesticação 
São imprescindíveis três faculdades ou atributos para tornar um animal selvagem 
em domestico: 1. Sociabilidade; 2. Tendência hereditária à mansidão; 3. Conservação da 
fecundidade em cativeiro. Alem da função de especialização e facilidade de adaptação ao 
ambiente. 
A Sociabilidade pode ser caracterizada pela predileção da vida em companhia a 
partir da organização dos rebanhos em grupo ou bandos com a presença da figura de um 
líder. Sendo a mansidão associada a ausência de instinto selvagem nas progênies 
(hereditariedade). 
Sabe-se que para cada 1.000 animais selvagens existem um domestico. E que os atributos 
acima mais a fecundidade foram responsáveis pela perpetuação da espécie no estado 
doméstico. Sabemos também que alguns animais possuem algum grau de domesticidade, a 
exemplo da rena, búfalo e abelha. 
 
8.9. Fatores que influenciaram a domesticação 
Segundo Fox (1968), os fatores inatos do processo de domesticação foram: 
1. Trocar o ambiente natural por outro artificial ou natural similar; 
2. Seleção genética 
2.1. A favor da docilidade, temperamento, comportamento e redução da interação genótipo 
x ambiente. 
2.2. Seleção para características adaptativas; 
2.3. Seleção para o aumento do crescimento, fertilidade, conversão alimentar e produção de 
leite; 
2.4. Seleção para prolongar o estado infantil; 
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2.5. Cruzamento entre raças produtivas e adaptadas. 
Para Prince (1999), os mecanismos seletivos foram: a. A seleção artificial; b. Diminuição 
da pressão de seleção do ambiente natural (reprodução); c. Endogamia que favorece a 
redução da variabilidade genética e a homozigose, levando a prepotência com a 
desvantagem de aumentar as taxas de descartes devido aos efeitos deletérios decorrentes do 
aumento da frequência de genes recessivos indesejáveis. 
 
8.10. Efeitos da domesticação e como se manifestaram 
Os efeitos da domesticação puderam ser avaliados através de estudos de 
comparação transversais e longitudinais entre espécies selvagens e domesticas em 
condições padrões. As diferenças encontradas podem ser de caráter morfológico, 
comportamental e fisiológico. 
Quanto mais o animal se afastou do ambiente de origem e quanto mais 
aperfeiçoados os métodos zootécnicos de exploração, maior foi a diferenciação dos 
caracteres morfológicos, comportamentais e fisiológicos. 
Desta forma as espécies domésticas diferem das selvagens quanto a morfologia 
para a redução do tamanho da cabeça, dos órgãos dos sentidos e do corpo, com padrão de 
crescimento do tamanho mantendo a forma, alem da redução do aparelho digestivo 
(HABER e DAYAN, 2004). A modificação da estrutura dos animais produziu 
consequências na função. A pelagem dos animais domésticos é mais fina, sedosa, colorida 
descartando-se animais despigmentados. Nos selvagens os pelos são grosseiros, de cor 
uniforme predominantemente pardo podendo mudar com a estação (tamanho maior no 
inverno) e apresentarem o fenômeno de mimetismo. As orelhas dos animais domésticos 
possuem posições variadas enquanto que os dos animais selvagens são moveis e eretas, 
33 
 
com função auditiva aguçada. A ossatura dos animais domésticos e mais leve e curta, sendo 
nos animais selvagem mais grosseira. 
Para o comportamento houve redução do medo pela redução dos órgãos dos 
sentidos, de defesa (a abelha e a exceção) e aumento da sociabilidade, sendo as diferenças 
quantitativas mais importantes que as qualitativas, sendo a ênfase para as características de 
limiares (PRINCE, 1999). As características fisiológicas foram afetadas pela redução da 
idade a puberdade, da velocidade (o cavalo e exceção) e endocrinologia do ciclo 
reprodutivo (estacionalidade) de ovinos, suínos e bovinos (SETCHELI, 1992; JENSEM, 
2006). Lembrar que para ovelhas domesticas a influencia da estação do ano sobre a 
reprodução e menor do que nas selvagens. E que vacas e porcas não estão sujeitas ao efeito 
da estacionalidade hormonal, enquanto que as búfalas não alteram o equilíbrio hormonal 
devido a ofertade alimento, mas devido ao fotoperiodo. Geralmente os animais domésticos 
são poligâmicos e os selvagens monogâmicos, existindo copetição pelo macho ou pela 
fêmea. 
Em ovelhas domesticas algumas características foram reduzidas pela domesticação 
com: a. Isolamento dos animais durante o parto; b. Lambidas imediatas no recém-nascido; 
c. Defesa do cordeiro contra predadores; d. Ovelhas de linhagem ou raças pouco 
selecionadas vocalizam mais em ralação ao afastamento dos cordeiros; e. Os cordeiros de 
linhagens mais selecionadas vocalizam mais ao afastamento de suas mães; f. Os cordeiros 
de linhagens mais selecionadas demoram mais a ficar de pe, reconhecer as mães e mamar; 
g. No entanto o colostro de mães selecionadas possui maior teor de lipídios que os das 
selvagens. No entanto o aumento da produção de leite e carne foi incorporado no animal 
domestico. De uma maneira geral genes de efeito maior (Herança monofatorial) foram 
identificados em algumas espécies domesticas e estão apresentados na tabela a seguir. 
34 
 
 
 
 
Tabela 3. Genes de efeito maior detectado em algumas espécies de animais 
domésticos 
Animal Característica Animal Característica 
Galinhas Crista de ervilha, crista rosa, crista 
dupla, crista grande, pele amarela, 
penas barradas 
Ovinos Aumento da taxa de ovulação e concepção, 
gene booroola. 
Cães Pele enrugada, comprimento da 
perna, tamanho corporal, textura e 
comprimento dos pelos. 
Cavalo Andamento marchado 
Gado Crescimento muscular, odor do leite, 
produção de leite, composição do 
leite. 
Porco Glicogênio muscular, tamanho da orelha, 
hipertermia maligna, espessura do toucinho e 
maciez da carne. 
 
 
8.11. Causas das transformações 
Pode ser indireta, decorrente do clima, ambiente artificial e seleção artificial e 
direta devido às variações espontâneas, mistura de espécies e raças. Lembrando que a 
persistência da domesticidade depende da relação com o homem. 
 
 
 
 
35 
 
 
 
 
9. A DOMESTICAÇÃO E A ORIGEM DAS ESPÉCIES 
 
9.1. O Cão doméstico 
Segundo Vila et al. (1997), Tsuda (1997) e Leonard (2002), pesquisas relacionadas 
a morfologia, comportamento, vocalização e biologia molecular em 1950 apontam o lôbo 
cinzento Holártico (Canis lúpus) como o ancestral do cão domestico (teoria monofilética). 
Vila et al (1997) também disseram que o cão ficou geneticamente diferente do lôbo a cerca 
de 135.000 anos, na mesma época em que apareceram os primeiros registros fosseis do 
Homo sapiens. No entanto Saudainen et al (2002) consideram mais recente a separação 
datada de 15.000 anos, pela dificuldade de estabelecer a veracidade dos estudos 
comparativos dos fosseis. Robert Wayne (2010) da Universidade da Califórnia descobriu a 
partir de estudos do DNA mitocondrial de 900 cães e 85 raças de lobos de três continentes, 
que o gene IGF1 é responsável pelo desenvolvimento do esqueleto do cão doméstico,. Eles 
conseguiram definir o local onde os primeiros lôbos foram domesticados e atribuíram ao 
Oriente Médio e não do Extremo Oriente os primeiros sítios de origem da domesticação. 
Para Greg Lasson (2011) os cães e a maioria dos animais domésticos ajudaram na sua 
própria domesticação aproximando-se dos seres humanos antes que estes tivessem ação 
proativa sobre eles. 
Coppinger e Smith (1983) sugerem a possibilidade dos primeiros animais 
domésticos serem neotênicos, que segundo Goodwin (1997) corresponde à retenção de 
características juvenis no estado adulto em relação ao ancestral. Explicaram que a neotênia 
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Realce
36 
 
pode ser por redução dos estádios de crescimento quando comparado aos estádios de 
crescimento de ancestrais adultos, nos quais ocorre inicio tardio de desenvolvimento e 
antecipação do final do desenvolvimento, conhecido por progênese. Segundo Lark (2011) 
os animais domésticos possuem um conjunto de características neotônicas em comum e 
tendem a possuir orelhas caídas, cauda encurvada e pelagem colorida. Segundo Denis 
(2007) na classificação de Magnin (1989), os cães que apresentassem características 
morfológicas do tipo lobo seriam denominados lupóides e possuíam particularidades como 
o crânio piramidal, olhos pequenos, orelhas eretas e tiveram sua origem no Nordeste da 
Eurásia. Outro grupo de classificação são os cães bracóides que representam um grupo mais 
heterogênio de corpo atlético e crânio oval, olhos pronunciados, sendo originados da 
Europa Meridional. Os classificados como molussóides, tiveram sua origem na cadeia de 
montanhas da Eurásia e possuía estrutura óssea e muscular forte, cabeça grande, crânio 
redondo, peito largo e profundo. Os cães classificados como graóides representam o grupo 
mais heterogênio e são os cães do tipo Galgo originários das vastas regiões de estepes e 
desérticas com linha corporal longa, cabeça em forma de cone, orelhas pequenas e 
musculatura larga. Rodero e Herrera (2000) disseram que para as raças serem formadas 
havia a necessidade de variabilidade genética e que três processos como a domesticação, 
seleção artificial e fixação de características desejáveis descritas em um padrão racial 
seriam necessários. 
Segundo a teoria polifilética, hoje superada, o cão doméstico tem origem em 
diversas espécies de lobos. Além do Canis lúpus ou lobo cinzento europeu, teoria 
atualmente aceita podemos citar o Lobo pallipes (pequeno lobo indiano); Canis aureus 
(chacal); Canis simensis (Absínia - galgos); Canis lupus occidentalis ( lobo americano); 
37 
 
Canis latrans (íncolas americanos); Canis ingae (Incas); Canis cancrivorus (Guianas) e 
Canis mesomelas (África meridional). 
 
 
9.2. Caprinos e ovinos 
A cabra foi o segundo animal a ser domesticado e o primeiro para produção de 
leite, sendo a sua domesticação datada de aproximadamente 12.000 anos a.c. a partir da 
forma selvagem Capra aegagrus, no próximo oriente. Evidências recentes apontam a 
origem do gênero Ovis para a região Central da Ásia (Rezaei et al., 2010), sendo a 
domesticação dessa espécie (Ovis Aries) atribuída à região do Crescente Fértil, no Oriente 
Médio cerca de 10.800 anos, a partir do Ovis orientalis (Ovis Musimom) (BEIJA-
PEREIRA, 2006). E para autores como Ryder, (1984) e Meadows et al.(2010), a 
domesticação dos ovinos data de 9.000-8.000 anos a.c. 
 
9.3. Bovinos 
Os bovinos são hoje representados por cerca de 800 raças, estando algumas em 
perigo de extinção. Destas 480 são taurinos e no Brasil encontram-se 60 raças entre 
taurinos e zebuínos (7,5%). É universalmente aceito que o gado moderno descende de um 
ancestral comum, o extinto Auroque ou Bos primigenius (9.000 ano a.c.). Os dois eventos 
de domesticação separados para as duas subespécies de Auroques ocorreram no final do 
pleistoceno e começo do haloceno. Um dos eventos aconteceu no Oriente Próximo ou 
Sudoeste da Ásia, correspondente hoje á Turquia (Anatólia), Síria, Líbano, Jordânia, 
Chipre, Israel e Palestina, entre o Mar Mediterrâneo e o Irã. O outro evento ocorreu no 
Beluquistão (Paquistão), dando origem ao zebuíno. Baseado em DNAmt, Troy et al. (2001) 
38 
 
sugerem que toda as raças européias e africanas pertencem a uma linhagem e as zebuínas a 
outra. Provavelmente duas subespécies de Bos primigenius deram origem a dois eventos de 
domesticação dos taurinos europeus e africanos (BRADLEY et al, 1998). Luftus et al. 
(1999), demonstraram que taurinos e zebuínos tiveram origem separada e que o Oriente 
Próximo foi o centro de domesticação do gado taurino, enquanto que o zebuíno teve seu 
centro de domesticação ligado ao Vale do Rio Indo. A divergência entre taurinos e zebuíno 
provavelmente ocorreu a 1,7 a 2,0 milhões de anos atrás e que as sequências de DNAmt 
separam as duas espécies em 237 posições (16.339 e 16.339), segundo Hiendleder et al 
(2008). 
 
9.4. Suínos 
O suíno doméstico tem provavelmente dois sítios de domesticação distintos, o 
próximo oriente e o extremo oriente. A data de domesticaçãoé próxima e posterior à dos 
ovinos (10.800 anos a.c.) e da vaca (9.000 ano a.c.) e se deu a partir da espécie selvagem 
Sus scrofa ou javali euro-asiático. 
 
9.5. Equinos 
Nos eqüinos prevalece a teoria monofilética de ancestralidade, em que todos os eqüídeos 
(cavalo, jumentos e zebras) possuem um ancestral comum. O eqüídeo pré-histórico 
correspondente ao Eohipus ou Hiracoterium, o qual era um animal de pequeno porte (35-
50cm) e possuía quatro dedos ou artelos nas mãos e três nos posteriores (pés). Evoluíram 
para o gênero Equus originando três espécies descritas com o Equus cabalus, Equus Asinos 
e Equus Zebra. A zona de domesticação dos eqüinos foi a mesma do camelo e jumento, 
provavelmente o crescente fértil, especificamente o oriente próximo. 
39 
 
 
 
 
 
9.6. Galinha 
A galinha doméstica Gallus domesticus tem origem mais provável na forma selvagem 
Gallus gallus, galinha de Bankiva ou galinha vermelha selvagem . A sua domesticação data 
de 3.000 anos a.c., sendo encontrada a pelo menos 2.000 anos a.c. na suméria. 
Segundo Smith e Daniel (2000) citado por Guelber Sales (2005) atualmente quatro espécies 
selvagens contribuíram para o desenvolvimento da galinha (Gallus domesticus), sendo 
primeiramente a espécie Gallus gallus ou galinha de Bankiva; em segundo Gallus varius ou 
galinha de Java; em terceiro a Gallus sonneratii ou galinha sonnerat da índia ocidental e 
meridional; e em quarto a Gallus lafayetti ou galinha do Ceilão. 
As raças provavelmente tiveram origem no cruzamento da galinhas asiáticas e européias e 
didaticamente foram divididas em quatro troncos: 1. Americano; 2. Asiático; 3. Inglês; 4. 
Mediterrâneo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
 
 
 
10. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DA UTILIZAÇÃO DOS ANIMAIS 
DOMESTICOS 
 
10.1. Atributos associados à função e aptidão 
10.1.1. Função e Aptidão 
A aptidão e de origem genética e a função, consequência da aptidão do animal no 
sentido da especialização. 
10.1.2. Crescimento 
O crescimento dos animais pode ser descrito por uma curva sigmoide em 
determinada fase de sua vida, em que existe um crescimento acelerado após o nascimento e 
uma desaceleração com a idade, passando pela puberdade ate a idade adulta quan o anomal 
para de crescer. 
10.1.3. Período de gestação 
Entre os mamíferos de importância econômica para a zootecnia podemos citar vacas, 
caprinos, ovinos, eqüinos, asininos, muares, e bubalinos. No quadro a seguir estão 
resumidos os períodos de gestação e de incubação de algumas espécies de importância 
econômica (domésticas e silvestres). 
Quadro 1. Périodo de gestação e incubação em dias para animais domésticos e silvestres de 
importância econômica 
Período de gestação 
Animais doméstico Dias Animais silvestre Dias 
Bovinos – Bos taurus carne 285±3,8 Macaco (Mico) 180 
Bovinos – Bos taurus leite 283±5,2 Bisão 270 
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41 
 
Brahman 292 Alce 245 
Ovelhas 150 Servo 245 
Cabras 150 Rena 230 
Éguas pesado 335 Elefante 630 
Éguas leve 341 Hipopotamo 233 
Asinino 365 Rinocerante 540 
 
 
Quadro 1. Continuação. 
Período de gestação 
Animal doméstico Dias Animal silvestre Dias 
Camelo 410 Anta 395 
Lhama 330 Girafa 430 
Suíno 114 Canguru vermelho 38 
Cão 64 Porco espinho 112 
Gato 61 Guaxinim 63 
Coelho 33 Gambá 14 
Chinchila 115 Lebre 38 
 Esquilo 35 
 Leopardo 94 
 Leão 108 
 Pantera 92 
 Tigre 109 
 Foca 330 
 Morsa 350 
 Cachalote 490 
 Sagui 145 
Período de incubação 
Aves domésticas Dias Aves silvatres Dias 
Galinha 21 Pato silvestre 35 
Pato 28 Periquito australiano 18 
Ganso 28 Tentilhão 14 
Galina D”Angola 28 Papagaio 28 
Peru 28 Faisão 24 
Cisne 35 Codorniz 22 
 Pombo 18 
 
 
 
 
10.1.4. Lactação 
42 
 
Entre os mamíferos de importância econômica podemos citar os bovinos em que o 
período de lactação varia de raça para raça e entre animais dentro da mesma raça. Por essa 
razão quando se quer comparar a produção de leite por lactação deve-se ajustar a produção 
para a lactação padrão de 305 dias. Para isso se faz necessário dividir a quantidade de leite 
produzida pelo número de dias da lactação correspondente. Dessa forma se obtém a 
produção de leite diária e depois se multiplica por 305 dias para obtenção da produção de 
leitete por lactação de 305 dias para todas as vacas em comparação. Além disso, é 
necessário corrigir a produção de leite pelo teor de gordura. Nesse caso existe a fórmula de 
Gaines-Davidson para correção do teor de gordura do leite para 4% de gordura. Com isso 
teremos a produção diária de leite corrigida para 4% de gordura. 
Fórmula de Gaines e Davidson para correção do leite para 4% de gordura (PLC): 
PLC= (0,4 X PL) + (0,15 X PL X G%). PLC=Produção de leite corrigida; PL=produção 
diária de leite; G%= teor de gordura do leite. . 
Ou a fórmula de SKALAN et. al. (1992) para correção da produção diária de leite 
para 3,5% de gordura (PLC3,5%): PLC3,5%= 0,432 + 0,1625 X G%) X PL. Em que a 
PLC3,5%=Produção de leite corrigida para 3,5% de gordura; PL=Produção de leite (kg/dia) 
e G%=Teor de gordura do leite. 
 
10.2. Classificação das utilidades 
10.2.1. Contexto produtivo 
1- Produção de alimentos: carne, leite, ovos, gordura, pele... 
2 – Subprodutos: pelos, chifres, pele, penas, adubo.... 
3 – Subprodutos para alimentação: farinha de carne, sangue, viceras e ossos... 
4 – Trabalho esporte e lazer... 
43 
 
5 – Animais de companhia: pet’s: cães, gatos, aves.... 
 
 
 
 
10.2.2. Contexto econômico 
Os dados do CEPEA de julho de 2017 apontam o preço do quilograma de peso 
vivo do cordeiro, negociado a R$ 7,50 (Bahia), 5,38 (Ceara), 6,50 (Mato Grosso do Sul), 
6,63 (Mato Grosso), 8,10 (Paraná), 6,29 (Rio Grande do Sul) e 8,86 (São Paulo). 
A produção pecuária no Brasil e diversificada, competitiva e expressiva colocando o pais 
em primeiro lugar na produção de frangos de corte, quarto na produção de ovos (Produção 
Animal, 3º Trimestre de 2008). 
 
10.2.2.1. Bovinos 
Foram abatidos 7,142 milhões de cabeça no terceiro trimestre de 2007 com 
variação negativa de 6,3% (2º trimestre de 2008), provavelmente por causa da entressafra, 
abate de vacas (613 mil, queda de 22,7%), de novilhos e vitelos. Particularmente houve 
aumento no abate 5,4% nos bois e em setembro de 2008, Goiás voltou a exportar carne 
bovina para a Rússia suspensão essa datada de 27 de junho de 2008 devido aos eventos de 
focos de estomatite vesicular no município de Cavalcante, anteriormente. O abate total 
acumulado em 2008 foi de 22 milhões de cabeças e para a Secretaria de Comércio Exterior 
(SECEX), 293,1 mil toneladas foram exportadas (aumento de 8,7% em relação ao trimestre 
anterior) e houve queda de 4,4% (3º trimestre de 2007). 
44 
 
Em agosto de 2017 a arroba do boi gordo foi negociada a R$ 128,07. O bezerro foi 
negociado a R$ 1.077,05 ou US$ 344,77 para um peso médio de 212,86 kg. 
Leite: 4,672 milhões de litros – queda de 0,5% (2º trimestre) e aumento 5,2% (3º trimestre 
2007) 
 Com relação ao 3º trimestre 2007 – maior aumento na região Sul (14,9%) 
Paraná: aumento de 21,9% 
Santa Catarina: aumento de 17,9% 
Rio Grande do Sul: aumento de 9,8% 
 Região Nordeste – queda de 2,7% 
Pernambuco: queda de 29,6% (passou de 2º a 3º maior na aquisição de leite) 
Ceará: 2º 
Bahia: líder com aumento de 10,5% 
 Comércio exterior 
– leite in natura - aumento 100% (2º trimestre 2008) e aumento de 
faturamento (107,6%) 
– leite em pó: aumento de 2,5% e aumento de faturamento de 12,0%. 
Para a aquisição de Couro 8,649 milhões de unidades – queda de 13,4%(2º 
trimestre 2008) e de 17,0% (3º trimestre 2007). Baixa oferta de animais para abate – menor 
oferta de couro. Curtumes deixaram de funcionar – falta de matéria prima ou dificuldade 
financeira. Estoques de couro usados para atender empresas 
 
10.2.2.2. Frangos 
Nos dados do Cepea (2017) o consumo de carne de frango no Brasil e de 41,10 kg 
/ habitante ano com um preço pago aoprodutor de R$3,45/kg de frango congelado. A caixa 
45 
 
com 30 dúzias de ovos nas regiões de São Paulo, Rio de Janeiro e grande Belo Horizonte 
foi vendida respectivamente a R$ 95,78; 97,60 e 96,74. 
Foram abatidos no terceiro trimestre de 2007, 1,247 bilhão de unidades de frango (aumento 
de 13,9%). O abate acumulado no ano de 2008 foi de 3,629 bilhões de cabeças, 12,6% 
superior ao mesmo período do ano anterior. Desde o terceiro trimestre de 2006 houve 
variação positiva no abate, sendo os líderes os estados Paraná e Santa Catarina, com 
crescimento positivo de 16,2% e 9,6%, respectivamente. No mercado externo houve uma 
queda na comercialização (< 3,5%) e aumento no faturamento maior do que 16%, com as 
exportações principalmente para Ásia e União Europeia. 
 
 
10.2.2.3. Poedeiras 
Produção de 577,250 milhões de dúzias de ovos - aumento de 5,9% (3º trimestre 
de 2007) e 1,6% (2º trimestre 2008) 
Produção acumulado em 2008 – 1,706 bilhões de dúzias 
 
 
10.2.2.4. Suínos 
Abate de 7,337 milhões de cabeças – aumento de 4,8% (3º trimestre de 2007) e de 
1,2% (2º trimestre de 2008) 
 Comércio exterior – redução de 7,15% (2º trimestre 2008) e de 7,0% (3º trimestre 
2007) – maior faturamento – aumento de 4,4% (2º trimestre 2008) e 50% (3º 
trimestre 2007) 
 Embargo União Européia – falta de condições sanitárias 
46 
 
10.2.3. Produtos industriais utilizados pela Pecuária 
Aumento de 2,0%: Rações (maior peso) – aumento de 3,0%; Produtos veterinários 
– queda de 2,9%. 
 
 
 
11. SISTEMA DE PRODUÇÃO 
11.1. Conceito 
Conjunto de técnicas e procedimentos para criação de animais, divergentes na 
forma, objetivos, recursos financeiros e mão de obra. 
As diferenças entre produtores, suas habilidades, recursos, preferências, ambiente e 
objetivo determinam o sistema de produção mais apropriado para cada caso em particular. 
Spedding (1979) sugere nove características que devem ser observadas na definição de um 
sistema de produção 
1 – Propósito: define as características principais para o funcionamento do sistema 
(produção de bezerros, rentabilidade, raças, recursos, comercialização); 
2 – Limite: define a extensão e as partes relevantes (perímetro da fazenda, solo, 
invernadas...); 
3 – Contorno: Ambiente externo (físico e econômico) e fatores limitantes externos 
(pantanal, paioaguas, ambiente, precipitações, mercado, insumos...); 
4 – Componentes: Partes principais (podem ser inclusive subsistemas mais rebanho de 
vacas, novilhas, touros...); 
5 – Interações consequências e efeitos entre componentes (fertilidade, taxa de lotação, mão 
de obra...); 
47 
 
6 – Recursos: componente de dentro do sistema (naturais e adquiridos (tratores, poços, 
instalações...); 
7 – Insumos: input (entradas do sistema); 
8 – Produtos: output (saídas do sistema ou produção); 
9 – Subprodutos: produtos de atividade biológica que permanecem dentro do sistema e/ou 
convertido em outro processo (alternativa de manejo, novilhas de reposição...) 
11.2. Fatores que afetam o sistema de produção 
1 – Política de credito, ambiente, clima, produz diferenças em curto prazo; 
2 – Estratégia de manejo e o mais fácil de modificar; 
 
11.3. Classificação dos sistemas de produção 
 
11.3.1. Sistemas extensivos contínuos 
Pasto nativo ou cultivado mais suplementação mineral a pasto com baixa taxa de 
lotação (0,5 a 1,0 UA/há), baixa produção de leite, acabamento de carcaça tardio, baixa 
rentabilidade e baixa remuneração da mão de obra. Esse sistema permite modificações 
quanto à sustentabilidade do meio ambiente especialmente do uso do solo. 
 
11.3.1.1. Sistema lavoura pecuária (LP) 
Esse sistema é baseado no consócio do pasto com a lavoura temporária (milho, 
feijão...) em que a cultura de grãos pode reduzir o custo de implantação da pastagem. 
 
11.3.1.2. Sistema Silvipastoril 
48 
 
Consócio de pasto e floresta, em que ganhos imediatos provêm do pasto e em 
longo prazo da implantação da floresta para exploração de madeira ou simplesmente 
permitir o sombreamento do pasto. 
 
11.3.1.3. Sistema Agosilvipastoril 
Ou sistema lavoura, floresta e pecuária com aproveitamento dos recursos 
disponíveis com ganhos a curto, médio e longo prazo. 
11.3.2. Sistemas semi-intensivos 
Pasto mais suplementação alimentar e mineral no cocho ou semi-estabulação com 
suplementação volumosa e alimento concentrado no cocho na hora da ordenha; 
11.3.2.1. Sistema de semi-confinamento a pasto – Uso de piquetes com uma gramínea de 
boa qualidade e com estrutura de cochos de água e ração para suplementação concentrada. 
Vale salientar que os cochos de água e ração devem ficar separados de pelo menos 200 
metros para evitar deposição de ração no cocho de água. Outro fator importante é que os 
cochos de ração devem ter pelo menos 33 a 40 cm de espaço em linha por animal.. 
11.3.2.2. Terminação tradicional – Uso do pasto com suplementação de concentrado 
correspondente a 1% do peso vivo (PV). Na terminação em semi-confinamento, o consumo 
estimado é de 2% do peso vivo em matéria seca (MS) por animal/dia, sendo 50% das 
necessidades nutricionais diárias por animal atendidas pelo volumoso (1% do PV em MS 
de pasto) e 50% atendidas pela suplementação concentrada (1% do PV de ração 
concentrada). Se a terminação ocorrer no período seco, quando o pasto é mais pobre em 
nutrientes, a ração concentrada deve possuir pelo menos 18% de proteína bruta (PB). Caso 
a terminação ocorra no período chuvoso, a quantidade de PB na mistura do concentrado 
pode ser inferior a 20% de PB, mas de acordo com a demanda diárias exigida em proteína e 
49 
 
a oferta do mesmo nutriente no pasto. Quando os níveis de proteína no pasto são muito 
baixos e a ração concentrada (com mais de 20% de PB) é requerida em quantidades 
inviáveis economicamente é necessário usar sal mineral proteínado com adição de uréia 
(baixo custo), ou suplementar com silagem de milho no cocho além do concentrado para 
redução de custos com alimentação. 
 
11.3.2.3. Terminação com intensificação no fornecimento de concentrado – Nesse sistema a 
quantidade de concentrado na participação da dieta diária dobra para 2% da quantidade de 
matéria seca ofertada diariamente. A taxa de lotação do pasto também dobra. Isso equivale 
ao aumento da utilização do pasto e do concentrado, sendo mais apropriado quando se 
trabalha com animais cruzados que comem mais, mas ganham mais carcaça para 
compensar o aumento no consumo. Vale salientar que os dois sistemas de semi-
confinamento descritos, também podem ser utilizados para a recria de novilhas e novilhos e 
no gado de leite para as vacas adaptadas ao ambiente de criação. 
 
 
11.3.3. Sistema intensivo 
Uso intensivo do pasto, em que são utilizadas altas taxas de lotação, elevada carga 
de nutriente no solo e alta produtividade do pasto com ou sem irrigação. 
11.3.3.1. Piquetes rotacionados irrigados. 
Alta taxa de lotação, período de ocupação e de descanso fixo, com três dias de 
ocupação e 27 dias de descanso com aproximadamente 50 a 60 ovinos ou 05 a 10 (UA) 
vacas de leite por hectare. 
11.3.3.2. Piquetes rotacionados com grande número de piquetes. 
50 
 
Alta taxa de lotação e período de descanso e de ocupação de acordo com a planta, 
o solo, estação do ano e animais. Como exemplo desse sistema tem o “Pastoreio 
Rotacionado Voisin”, no qual a mudança de pastoreio nos piquetes depende da estação do 
ano com utilização múltipla no período chuvoso com cada piquete utilizado varia vezes ao 
ano (alta taxa de lotação) e poça vezes no período seco, mas sempre com grande numero de 
divisões de pasto ou piquetes. Esse sistema esta regulamentado por quatro leis. A primeira 
lei ou lei do repouso consiste em um período de descanso suficiente para que o pasto possa 
armazenar energia suficiente para permitir maior vigor necessário ao rebrote e grande 
produção diária de massa verde (Labareda de crescimento”). Na segunda lei ou lei daocupação tem como fundamentação os danos que os animais possam causar nos tecidos de 
crescimento das plantas. Nesse caso um dia de ocupação por piquete é fundamental para 
reduzir os danos nas zonas de crescimento das planta. A lei da ajuda ou terceira lei, orienta 
a utilização dos animais de acordo com as categorias de exigência nutricional. Nesse caso 
os animais com maiores necessidades diárias de nutrientes entram primeiro (um dia ou 
meio dia) e comem o melhor do pasto ou seja as pontas das folhas. A lei dos rendimentos 
regulares ou quarta lei, preconiza que os animais não passem mais do que três dias no 
mesmo piquete, sendo que o máximo rendimento é alcançado, com um dia ou menos de 
pastoreio. (SÓRIO JUNIOR, H., 2015). 
11.3.3.3. Pastoreio diferido: podem ser utilizados poucos ou muitos piquetes e 
sempre terão alguns piquetes vedados em determinada época do ano para lotes de animais 
estratégicos na fazenda. 
11.3.4. Confinamento convencional: Utilização de ração total com alimentação volumosa 
mais suplementação concentrada no cocho, constituindo em confinamento propriamente 
dito. Esse sistema geralmente é destinado a animais de alta produção, como vacas com 
51 
 
produção acima de 20 kg de leite/dia ou terminação (acabamento) de novilhos precoces. 
Nesse caso o confinamento pode ser em área de céu aberto ou sombreada, mas com 
restrição de tamanho ou estabulação propriamente dita; 
11.3.4.1. Free stall (estabulação livre): utilizados para vacas de media a alta produção (mais 
de 20 kg de leite por dia) livre acesso ao cocho, área de repouso individual, alto custo da 
instalação, oferta de 100% de ração total no cocho; 
11.3.4.2. Tie stall (estabulação presa): confinamento total, vacas presas por correntes 
(cordas) e livres durante apenas uma hora diária após a ordenha para fazer exercício, alta 
produtividade (> 25 kg de leite/dia), regiões de clima frio, ração total (volumoso com mais 
de 18% de fibra bruta; concentrado com mais de 60% de NDT); 
11.3.4.3. Loose housing: área de descanso coletivo sombreada, com ou sem uso de piquetes 
anexos. Esse sistema também exige alimentação total no cocho (volumoso mais 
concentrado). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
52 
 
 
 
 
 
 
 
ASPECTOS PRODUTIVOS, ENDÓCRINOS E FISIOLÓGICOS DA ADAPTAÇÃO 
(BIOCLIMATOLOGIA) DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS AO CLIMA TROPICAL. 
 
O ambiente tropical constitui 1/3 da superfície terrestre localizada entre os trópicos 
de câncer e capricórnio (30ºN e 30ºS) e abriga aproximadamente 30% da população 
humana, 65% de bovinos, 36% dos ovinos, 67% dos caprinos, 53% dos equinos e 80% dos 
bubalinos. O efeito do ambiente tropical sobre os animais pode ser dividido em efeito 
direto, relacionado com a temperatura radiação e umidade e efeito indireto relacionado com 
a qualidade das forrageiras, sistemas de criação e grupos genéticos. 
11.4. Zona de conforto térmico 
A zona de conforto de animais europeus de corte possui temperatura entre 0,5 e 16 ºC e 
para os animais leiteiros (Bos taurus taurus) de 10 a 20ºC. Os bovinos indianos de 15 a 
26ºC e o ser humano de 18 A 27ºC, sendo a ordem decrescente de tolerância ao calor igual 
a: Equinos, bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos, suínos, aves e coelhos. 
11.5. Adaptabilidade 
A adaptabilidade dos animais corresponde à capacidade dos animais se adaptarem aos 
ambientes médios assim como aos extremos. Sendo um fator determinado pela herança de 
características anatomofisiologicas que afetam a termogênese e a termolise. A 
53 
 
adaptabilidade pode ser dividida em duas classes sendo uma relacionada com a 
adaptabilidade fisiológica que corresponde à tolerância dos animais aos ambientes quentes 
mediante modificações no seu equilíbrio térmico e outra a adaptabilidade de rendimento 
quando descreve as modificações do rendimento do animal em ambientes quentes. 
 
 
11.6. Sistema de termorregulação 
Nos animais o sistema de termorregulação pode ser homeotermo ligado à capacidade de 
regulação da temperatura corporal (temperatura corporal constante) e os poiquilotérmicos 
em que a temperatura corporal varia com a temperatura ambiental. 
O mecanismo termorregulador da temperatura em animais homeotérmicos consiste em 
respostas ao estimulo de calor ou frio a partir de termorreceptores específicos localizados 
no hipotálamo anterior e posterior que identificam a sensação de calor e frio 
respectivamente. Quando o neuro receptor de calor for estimulado a ordem é para “perder 
calor”, logo o mecanismo de termorregulação ordena que o organismo aumente sua 
frequência respiratória, seus vasos sanguíneos ficam mais calibrosos para facilitar a perda 
de calor por convecção e ocorre aumento da capacidade de suar. Quando a sensação é de 
frio o organismo é induzido a conservar e produzir o calor, reduzir o calibre dos vasos 
sanguíneos distanciando-os da superfície da pele e ocorre uma redução da frequência 
respiratória. 
11.7. Síndrome da Adaptação Geral 
Esse conjunto de resposta é denominado de “Reações intraespecíficas do mecanismo 
termorregulador” ou “Sindrome da Adaptação Geral”, que consiste de um conjunto de 
reações não especificas desencadeadas quando o organismo e exposto a um estímulo 
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ameaçador a manutenção da homeostase. Selye (1936) definiu estresse como sendo o 
estado do organismo que, após a atuação de agentes de quaisquer naturezas, responde com 
uma série de reações não específicas de adaptação e nessa ocasião foi citada pela primeira 
vez a palavra inglesa “stress”, decorrente de qualquer agente estressor interno (doença, dor, 
medo...) ou esterno (calor, frio, umidade, radiação solar, fotoperiodo...), que produzam 
reações sistêmicas conhecidas por “Sindrome da Adaptação Geral”. Em Selye (1959) esta 
descrito que essas manifestações se expressão em três fases: 1. Fase de alarme que 
corresponde ao estresse agudo caracterizado pela secreção de hormônios na corrente 
sanguínea pela glândula suprarrenal (adrenalina e noradrenalina) em consequência do eixo 
hipotálamo-hipofise-suprrenal, liberando ACTH que quando muito intensa estimula a 
secreção dos glicocorticoides pelo córtex da suprarrenal. No entanto anterior a liberação, 
pode haver tendência ao equilíbrio pela ação “feed-back” negativo do ACTH no 
hipotálamo. Parte dessa fase é devido a descarga de cotecolaminas e glicocorticoides 
conhecida como “Reação de Emergência de Cannon”, descrito por Rodrigues (1989) e 
Pontes (1987), existindo o estimulo do sistema nervoso simpático que pode exaurir as 
cotecolaminas e levar a fadiga em caso crônico. 2. A segunda fase ou fase de resistência e 
adaptação, sendo caracterizada pelo estresse crônico sendo o principal gerador de respostas 
a glândula adrenal com secreção permanente de glicocorticoides. Existe um aumento da 
atividade do córtex da suprarrenal com tendência de atrofia do baço, estruturas linfáticas, 
leucocitose, diminuição de eosinofilos e ulcerações. Nessa fase as reações são localizadas 
dependendo da agressão, a exemplo da perda de encapsulamento e inflamações. Caso o 
estressor permaneça a fase também permanece embora modificada e o mecanismo de 
defesa possa falhar e o individuo entra na terceira fase. 3. Corresponde a fase de exaustão 
em que praticamente há um retorno a primeira fase ou de alarme e as reações se 
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desenvolvem novamente como catater protetor podendo causar doenças e ate a morte. A 
reação psicossomática ao estresse pode ser considerada uma falha na defesa e um alerta aos 
sistemas somáticos produzindo alterações no corpo. 
Na figura 1, esta apresentada a capacidade de reações intraespecíficas decorrente 
do mecanismo desencadeado e conhecido como “Sindrome da Adaptação Geral”, em que 
na parte central da figura é representada pela zona de conforto, correspondente a uma faixa 
de respostas neutra representada por um mecanismo termorregulatório eficaz. À esquerda e 
à direita dessa zona, estão representadas

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