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AVE - SEMANA 1 – MORFOLOGIA 1) REALIZAR UM DESENHO ESQUEMÁTICO DAS ARTÉRIAS CEREBRAIS, COM FOCO NO POLÍGONO DE WILLIS: O polígono de Willis é um círculo de artérias que suprem o cérebro. As artérias que constituem o círculo arterial do cérebro são: a. cerebral anterior, a. cerebral média, a. comunicante anterior, a. comunicante posterior, a. cerebral posterior e a. basilar. Artéria cerebral anterior: ramo da artéria carótida interna. A artéria cerebral anterior está localizada na face medial do telencéfalo, curvando-se superiormente ao corpo caloso (formando a artéria pericalosa). Distribui ramos para os lobos frontal e parietal (na face medial), face inferior do lobo frontal e, parte superior, próximo a fissura longitudinal do cérebro para os lobos frontal e parietal (na face súpero-lateral). Artéria comunicante anterior: ramo da artéria cerebral anterior. A artéria comunicante anterior comunica as artérias cerebrais anteriores. Localiza-se anteriormente ao quiasma óptico e, em alguns casos pode estar ausente. Artéria cerebral média: ramo da artéria carótida interna. A artéria cerebral média se desloca lateralmente para percorrer o sulco lateral do cérebro. Em seu trajeto distribui ramos para os núcleos da base e lobo insular. Após percorrer o sulco lateral, alcança a face súpero-lateral do cérebro, distribuindo ramos para os lobos frontal, parietal e temporal. Artéria comunicante posterior: ramo da artéria carótida interna. A artéria comunicante posterior anastomosa com a artéria cerebral posterior (do sistema vértebro-basilar). Artéria cerebral posterior: ramo da artéria basilar. A artéria cerebral posterior contorna os pedúnculos cerebrais, dirigindo-se para a face inferior do telencéfalo. Supre os lobos temporal e occipital. Artéria basilar: (do grego BÁSILON – apoiada): origina-se da anastomose entre as duas artérias vertebrais, na altura do sulco bulbopontino. Após sua origem, ascende no sulco basilar da ponte. 2) CORRELACIONAR AS ARTÉRIAS, SEUS TERRITÓRIOS DE IRRIGAÇÃO E O QC ASSOCIADO AO (AVE). Os dois grandes territórios são: Território carotídeo (relacionado às artérias carótidas interna, cerebral média e cerebral anterior): podem ocorrer déficit motor, déficit sensitivo, dificuldade na articulação. Território vertebrobasilar (relacionado às artérias vertebral, basilar, cerebelares e cerebrais posteriores): podem ocorrer déficit motor, déficit sensitivo, dificuldade na articulação da palavra, alterações visuais, alterações de coordenação e alterações de nervos cranianos localizados no tronco encefálico (diplopia, ptose palpebral, anisocoria, paralisia facial periférica, nistagmo, vertigem, disartria e disfagia).da palavra, déficit. AVE - SEMANA 1 – MORFOLOGIA AVE - SEMANA 1 – MORFOLOGIA 3) DESCREVER SUCINTAMENTE A FISIOPATOLOGIA DA ISQUEMIA CEREBRAL, EXPLICANDO O CONCEITO DE PENUMBRA ISQUÊMICA. Alterações estruturais e funcionais começam a ocorrer após a agressão isquêmica. Surge uma região de infarto cerebral propriamente dito, na qual o dano funcional e estrutural é irreversível, e uma outra região funcionalmente comprometida, porém estruturalmente viável, denominada zona de penumbra isquêmica. Um AVE trombótico é a causa mais comum de AVE. Em um AVE trombótico, a aterosclerose nos grandes vasos do cérebro causa estreitamento progressivo e agregação plaquetária. A agregação plaquetária resulta no desenvolvimento de coágulos sanguíneos dentro da artéria cerebral (Trombose cerebral). Quando os coágulos sanguíneos ganham tamanho suficiente para obstruir o fluxo sanguíneo da artéria, a área que era previamente abastecida pela artéria torna-se isquêmica. A isquemia ocorre porque o tecido abastecido pela artéria obstruída não recebe oxigênio nem os nutrientes essenciais necessários para uma função cerebral normal. Em um AVC embólico, material proveniente de uma área fora do cérebro (tal como o coração, a aorta ou outra artéria principal) desprende-se e viaja através da corrente sanguínea até o cérebro (embolia cerebral). O material embólico pode consistir de fragmentos de válvulas, tumores, ou placas; ar; gordura; líquido amniótico; um corpo estranho; ou um coágulo de sanguíneo. Um êmbolo tende a se alojar onde artérias se ramificam, já que o fluxo sanguíneo é mais turbulento nestas áreas. Fragmentos do êmbolo podem se alojar em vasos de menor calibre. Assim como em AVCs trombóticos, os sinais e sintomas do paciente dependem da localização da artéria afetada e das áreas de isquemia cerebral. EVOLUÇÃO DE UM AVC ISQUÊMICO: A obstrução completa da artéria pode levar á morte celular de uma área no cérebro, porque o fluxo sanguíneo está interrompido (infarto isquêmico). Em um AVC isquêmico, existem duas áreas principais de lesão. A primeira área é a zona de isquemia. Devido à obstrução da artéria, há pouco fluxo sanguíneo nesta área. Como resultado, o tecido cerebral previamente abastecido pelos vasos obstruídos é privado de oxigênio, glicose e outros nutrientes essenciais. A menos que o fluxo seja reestabelecido rapidamente, células nervosas e outras células de apoio do sistema nervoso serão irreversivelmente danificadas ou mortas (infarto) em poucos minutos após a obstrução. A segunda área de lesão é chamada de penumbra isquêmica ou zona de transição. A penumbra é uma borda do tecido cerebral que circunda a zona da isquemia. O tamanho da penumbra depende do número e da patência das artérias colaterais. O fluxo sanguíneo para o tecido cerebral nesta área está reduzido de 20% a 50% do normal, mas não é ausente. O tecido cerebral na penumbra está ‘’perturbado’’, mas ainda não está irreversivelmente danificado. 4) DESCREVER AS PRINCIPAIS CAUSAS/FATORES ETIOLÓGICOS RELACIONADOS AO AVE ISQUÊMICO: Aterosclerose de grandes vasos/aterotrombótico: estenose de vasos intra ou extracranianos c/ estenose > 50%. Uma estenose carotídea > 70% ↓ o lúmen distal p/ ≅1,5 mm, passando a comprometer a capacidade de autorregulação da perfusão cerebral. Cardioembólico: oclusão de artérias cerebrais por êmbolos cardíacos – pensar em fibrilação atrial Oclusão de pequenas artérias (lacunas): síndromes lacunares c/ lesão de até 1,5cm em território de artérias perfurantes AVE - SEMANA 1 – MORFOLOGIA Outras etiologias: vasculopatias não ateroscleróticas, trombofilias, vasculites, entre outras. Para pesquisa etiológica: ECG em repouso, ecocardiograma, ecodoppler de carótidas e rastreio p/ DM e dislipidemias. 5) DESCREVER O QUE SÃO ANEURISMAS CEREBRAIS SACULARES, SUA APRESENTAÇÃO CLÍNICA E COMPLICAÇÕES ASSOCIADAS. DEFINIÇÃO : é a dilatação de um vaso sanguíneo, usualmente uma artéria, tendo o tipo mais frequente o “sacular”. Geralmente se localizam nas artérias do polígono de willis. O local mais comum de ruptura do aneurisma e a Art Comunicante Anterior. QC CLÁSSICO: inicia com CEFALEIA HOLOCRANIANA de início súbito é forte intensidade. Pode evoluir, na metade dos casos, com síncope (perda súbita e transitória da consciência). Rigidez de nuca aparece geralmente após o primeiro dia. Fundoscopia mostra hemorragias sub-hialoides. O déficit neurológico focal pode ou não ocorrer nessa fase. Um dos mais importantes e relacionado a rotura do aneurisma de comunicante posterior, quando o jato hemorrágico comprime o III par craniano, paciente chega com anisocoria (midríase do lado da lesão) diplopia e estrabismo divergente. Após o terceiro dia ocorre vasoespasmo. Complicações: Ressangramento: 20% nos primeiros sete dias Vasoespasmo: 20-30% dos casos entre 4-14 dias; provoca infarto e isquemia cerebral, sendo o principal fator para o mau prognóstico neurológico. Exige acompanhamento diário com Doppler. Hidrocefalia: 15% dos casos. Aguda ou crônica. Decorrente do entupimento da drenagem liquórica pela fibrina mas granulações aracnóides. Pode levar à hipertensãointracraniana. Hiponatremia: comum nas 2 primeiras semanas, decorrentes de duas síndromes: SIADH (paciente euvolemico) e cerebropatia perdedora de sal (hipovolêmico) 6)DESCREVER AS PRINCIPAIS CAUSAS E FISIOPATOLOGIAS ASSOCIADAS À HEMORRAGIA INTRACEREBRAL. Sangramento intraparenquimatoso hipertensivo: O tipo mais comum é o AVE hemorrágico hipertensivo. Ocorre nas regiões mais profundas do cérebro (dentro do parênquima), sendo elas o putâmen, cerebelo, ponte e tálamo. Os locais mais acometidos são, por ordem decrescente de frequência: Putâmen: 30-50% dos casos; Tálamo: 15-20% dos casos; Cerebelo: 10-30% dos casos; Ponte: 10-15% dos casos. Angiopatia Amiloide: É a deposição de placas amiloide (aumentam com o envelhecimento) em vários pontos do cérebro, ocorrendo principalmente nas áreas distais do cérebro, como na frontal, parietal. Geralmente a hemorragia é lobar. A hemorragia lobar (substância branca subcortical em lobo frontal, parietal, temporal ou occipital) geralmente ocorre em idosos > 70 anos, sendo uma importante causa de AVE hemorrágico nesta faixa etária. A causa é a angiopatia amiloide. Malformações arteriovenosas e fístulas durais: Uma conexão entre a vascularização arterial e venosa, causando alteração da pressão, essa conexão se rompe e o pct sangra. Tumores intracranianos, principalmente: glioblastomas e metástases (de melanoma, pulmão e rim são as que mais sangram). Discrasias sanguíneas (problemas de coagulação). Ex.: Hemofilias em menores de 18 anos. Fisiopatologia: O sangue de uma hemorragia intracerebral acumula-se como uma massa que pode dissecar e comprimir tecidos cerebrais adjacentes, causando disfunção neuronal. Grandes hematomas aumentam a pressão intracraniana. A pressão dos hematomas supratentoriais e o edema que os acompanham podem causar herniação transtentorial (herniação cerebral), comprimindo o tronco encefálico e causando geralmente hemorragias secundárias no mesencéfalo e na ponte. Quando há rupturas hemorrágicas no interior do sistema ventricular (hemorragia intraventricular), o sangue pode causar hidrocefalia aguda. Os hematomas cerebelares podem expandir-se e bloquear o 4º ventrículo, causando hidrocefalia aguda, AVE - SEMANA 1 – MORFOLOGIA ou dissecar o interior do tronco encefálico. Hematomas cerebelares com > 3 cm de diâmetro podem causar desvio da linha média ou herniação. 7) IDENTIFICAR AS ALTERAÇÕES NA TOMOGRAFIA DE CRÂNIO ASSOCIADAS AO AVE ISQUÊMICO. Fase Hiperaguda (<12h): Neste momento, a TC de crânio é importante para excluir hemorragia e para detecção de achados precoces de isquemia cerebral. São eles: a) perda do contorno insular b) indefinição dos núcleos cinzentos c) perda da diferenciação substância branca e cinzenta d) artéria cerebral hiperdensa Na maioria das vezes, a lesão correspondente ao AVE isquêmico só aparece tardiamente (30% dos casos podem ser vistos nas primeiras 3 horas, 60% nas primeiras 24 horas, e quase 100% nos primeiros 7 dias). Fase subaguda: pode apresentar lesão hipodensa em forma de cunha, envolvendo substância branca e cinzenta e respeitando o limite vascular, bem como edema perilesional e sinais de efeito de massa (desvio de estruturas da linha média para o hemisfério contralateral, apagamento de sulcos e cisternas, compressão ventricular). Fase crônica: é uma lesão focal hipodensa, bem delimitada, respeitando limites vasculares, com proeminência de sulcos e alargamento dos ventrículos ipsilaterais. 8) IDENTIFICAR AS ALTERAÇÕES NA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA ASSOCIADAS AO AVE ISQUÊMICO Fase inicial e ponderação T1 – lesão hipointensa com edema cortical e perda da distinção da substancia branca e da substancia cinzenta Ponderação T2 e FLAIR (ainda em fase inicial) – edema cortical, lesão se apresenta hiperintensa em relação ao parênquima. Com a evolução do quadro pode surgir efeito de massa Fase tardia – lesao isointensa em relação ao líquor em T1 e T2. No FLAIR encontramos áreas hiperintensas e áreas de encefalomalácia (hipointensa) 9) IDENTIFICAR AS ALTERAÇÕES NA TOMOGRAFIA DE CRÂNIO ASSOCIADAS À HEMORRAGIA SUBARACNÓIDE. A hemorragia subaracnóidea (HSA) é uma emergência neurológica caracterizada pelo extravasamento de sangue para os espaços que cobrem o sistema nervoso central que são preenchidos com fluido cerebrospinal/líquor. A TC deve ser o primeiro estudo realizado em qualquer paciente com suspeita de HSA, tendo como achados: Lesão hiperdensa nos sulcos e cisternas encefálicas (característica do sangue extravasado) Hematomas intraparenquimatosos, hidrocefalia e edema cerebral AVE - SEMANA 1 – MORFOLOGIA A TCC tem seu valor prognóstico, pois fornece dados que podem ser usados em escalas que predizem a possibilidade de ocorrência de vasoespasmo, como a escala de Fischer, sendo também importante no diagnóstico de áreas de infarto cerebral decorrente do vasoespasmo Pequenas quantidades de sangue podem passar despercebidas, sendo necessário que todas as verificações sejam realizadas com cortes finos através da base do crânio. Uma TC de qualidade revela HSA em 100% dos casos dentro de 12 horas de apresentação e mais de 93% dos casos dentro de 24 horas. Ademais, a TC pode ajudar a prever o local da ruptura do aneurisma, particularmente em pacientes com aneurismas na artéria cerebral anterior ou artéria comunicante anterior. Devida à rápida eliminação de sangue, a tomografia pode ser normal, apesar de uma história sugestiva, e a sensibilidade cai para 50% em 7 dias. 10) IDENTIFICAR AS ALTERAÇÕES NA TOMOGRAFIA DE CRÂNIO ASSOCI ADAS À HEMORRAGIA INTRACEREBRAL. Hemorragia intracerebral é o sangramento focal de um vaso sanguíneo no interior do parênquima cerebral, ocorrendo nos núcleos da base, lobos cerebrais, cerebelo ou ponte → também pode ocorrer em outras partes do tronco encefálico ou no mesencéfalo. Os achados tomográficos de sangramento intraparenquimatoso encefálico espontâneo são traduzidos por lesão densa com ou sem halo hipondeso circundantes (edema). Nos estágios agudos os hematomas são hiperdensos, localizados no tecido intraparenquimatoso. Após o terceiro dia, a atenuação do sangramento vai diminuindo progressivamente, da periferia para o centro. De forma geral, a TC de crânio permite a diferenciação entre três grandes grupos de HIC: lobares, profundas e de fossa posterior. Alguns achados tomográficos podem sugerir a etiologia do sangramento: a) Hematoma hipertensivo: é o diagnóstico mais provável quando a hemorragia está localizada nos núcleos da base; b) Suspeita-se de angiopatia amilóide quando existe um ou mais hematomas lobares associados à leucoaraiose; c) Ruptura de aneurisma é sugerida pela presença de sangue no espaço subaracnóideo; d) HIC por coagulopatias pode se acompanhar de níveis de fluidos dentro do hematoma e, nas hemorragias traumáticas, costumam-se encontrar contusões e fraturas ósseas associadas Os estágios evolutivos do sangramento intraparenquimatoso são divididos em: HIPERAGUDO: até 12 horas do ictus AGUDO: de 12 a 48 horas SUBAGUDO PRECOCE: 2 a 7 dias SUBAGUDO TARDIO: 8 a 30 dias CRÔNICO: período superior a 1 mês
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