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Avaliação Direito Administrativo III

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a. Explique qual a diferença prática entre considerar a afetação e a desafetação como atos e/ou como fatos jurídicos. Exemplifique com casos hipotéticos. [2,0]
a. As mudanças de natureza jurídica de um bem público dependem da desafetação e da afetação, existe uma espécie de liberdade para um bem público mudar de status jurídico, de natureza jurídica. A desafetação é quando um bem que possuía uma destinação pública deixa de possui-la e a afetação ocorre quando um bem que não possuía uma destinação pública passa a ter. De modo geral, a doutrina discute a respeito da natureza jurídica da desafetação e da afetação. Caso elas sejam consideradas como atos jurídicos, a autoridade máxima do órgão responsável pelo bem público precisará, por meio de lei ou ato administrativo, manifestar sua vontade para afetá-lo ou desafetá-lo. A maior parte da doutrina entende que a afetação e a desafetação se dão por atos jurídicos, pois, desse modo, é garantida uma maior segurança. Um exemplo de desafetação por ato jurídico é quando, por meio de um decreto ou lei, é feita a desafetação de um terreno e construído uma escola pública nele. 
Entretanto, caso a afetação e a desafetação sejam tidas como atos administrativos, não é necessária a manifestação da vontade da autoridade máxima do órgão responsável pelo bem público, ela é colocada para segundo plano junto ao formalismo. Ou seja, o administrador do bem não precisa declarar expressamente a mudança da natureza do bem jurídico, ela ocorre de forma tácita. É necessária apenas a constatação da mudança fática do status do bem público. Um exemplo é o abandono de um prédio onde funcionava uma escola pública, o prédio passa a ser um bem desafetado de finalidade específica, passa e a ser um bem dominical. 
b. A enfiteuse é uma relação jurídica, contratual e imobiliária, que existiu até o Código Civil de 2002. O Código Civil de 2002, embora tenha preservado os efeitos das enfiteuses que já haviam sido constituídas, proibiu a constituição de novas. O instituidor da enfiteuta (senhorio) era dono de um terreno de área grande e não conseguia dar uma destinação útil para sua totalidade. Desse modo, ele dividia o seu terreno em vários pedaços e essas áreas eram dadas em enfiteuses para um beneficiário (enfiteuta). Esses beneficiários se tornavam detentores do domínio direto, útil, sobre esses imóveis. Esse domínio direto dava a eles o direito de tratarem aquele bem como se proprietários fossem. A vantagem do instituidor da enfiteuta em dar em enfiteuse parte do seu terreno é que ele passava a ter dois direitos patrimoniais em face aos enfiteutas. O primeiro direito é o direito de foro, que é um pagamento anual feito pelo enfiteuta para o senhorio, o valor do foro não é exageradamente alto, porém com a junção de todos os foros recolhidos, o total adquirido pelo instituidor da enfiteuta se tornava alto. O segundo direito é o laudêmio, que é um valor devido pelo enfiteuta ao senhorio sempre que o enfiteuta fizer uma alienação onerosa intervivos, ou seja, sempre que ele vender o imóvel terá que pagar um percentual sobre o valor dessa transação imobiliária para o instituidor da enfiteuta. 
A relação jurídica que a União tem em face dos particulares que tem imóveis situados em terrenos de marinha se assemelha a relação jurídica de enfiteuse. A União tem o direito de cobrar desses particulares foro e laudêmio, pois se considera que a União tem domínio indireto sobre os terrenos de marinha, da mesma forma que o senhorio tem o domínio indireto sobre os imóveis dados em enfiteuse. Também, se considera que os particulares têm o domínio direto sobre os bens situados em terrenos de marinha. Portanto, embora o termo enfiteuse não seja o utilizado na lei, na prática a relação entre a União e os particulares com imóveis em terrenos de marinha se aproxima do que seria uma situação de enfiteuse. 
O instituidor da enfiteuta ou senhorio 
Enfiteuta é o beneficiário
(0,6% sobre o valor do domínio do alienador da região da enfiteuse, deduzido eventuais benfeitorias)
(valor de 5% do valor atualizado do imóvel)
c. As pessoas jurídicas de direito privado, prestadoras de serviço público, respondem objetivamente pelos prejuízos que causarem a terceiros não usuários do serviço público? Qual a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal a respeito deste tema? [2,0]
c. As pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público são aquelas outorgadas pelo Estado para a prestação daquela atividade pública. A reponsabilidade civil objetiva é aplicável as concessionárias de serviço público até caso elas causem prejuízos a terceiros não usuários do serviço público. Um dos precedentes que consolidou esse entendimento foi o caso do ônibus que atropelou um ciclista. Esse ciclista não era um usuário do serviço, não tinha nenhum tipo de relação com a empresa concessionária de serviço público, entretanto, o STF entendeu que o risco administrativo da concessionária se estende para toda a sociedade. Portanto, a circunstância de ser ou não um usuário do serviço não é relevante para o âmbito de incidência da responsabilidade objetiva que está positivada no art. 37°, §6º, CF/88. Em suma, a responsabilidade objetiva das concessionárias alcança danos causados em face de não usuários do serviço público e usuários de serviço público, a abrangência é grande. 
d. As empresas estatais são empresas públicas e sociedades de economia mista que possuem natureza jurídica de direito privado, apesar de integrarem a Administração Pública indireta. Essas empresas públicas e as sociedades de economia mista podem atuar em regime de concorrência, ou seja, podem atuar no mercado concorrendo com empresas privadas. Por outro lado, as empresas estatais também atuam na execução de serviços públicos em regime de monopólio, como os Correios exercendo as atividades postais. Visto isso, o STF entendeu no RE 881.665 que só são considerados bens públicos os bens das empresas estatais que se destinarem à prestação de serviços públicos. Portanto, as empresas estatais que desenvolvem atividades em regime de concorrência possuem bens que não são considerados bens públicos, mas sim bens privados (têm o regime jurídico dos bens comuns). 
Entretanto, o STF não tratou dos bens das empresas estatais que simultaneamente atuam em regime de concorrência e na prestação de serviços públicos, como os Correios e a Caixa Econômica Federal. Desse modo, uma alternativa seria, caso fosse possível separar o patrimônio de acordo com a sua finalidade, os bens que se destinarem a prestação de atividades públicas seriam considerados bens públicos e o patrimônio que é destinado às atividades em regime de concorrência seria bem privado. Diante da impossibilidade de separar os patrimônios, a alternativa seria considerar a atividade que é exercida predominantemente pela empresa estatal, ou seja, se a empresa estatal prestar predominantemente serviços públicos, seus bens seriam públicos.

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