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Fisiopatologi� Litíase biliar, colecistite e carcinoma de vesícula. Cas� ��ín��o Paciente, feminina 48 anos, hipertensa controlada, obesa. Relata dieta com altas quantidades de gordura, carboidratos refinados e que não tem o hábito de comer frutas e verduras. No último ano apresentou vários episódios de dor moderada no quadrante abdominal superior direito, que iniciava logo após o jantar e apresentava melhora espontânea. Como no último episódio a dor foi mais intensa, procurou por atendimento no pronto socorro. A paciente foi submetida a um exame de US (imagens abaixo) e encaminhada a um cirurgião. - Diagnóstico de cálculo biliar. Visã� ���al * A vesícula biliar possui corpo, colo * A vesícula biliar possui aproximadamente 10 cm e a capacidade de armazenar aproximadamente 50 mls de bile; * Bile: - A bile é produzida pelos hepatócitos mas quem a concentra é a vesícula biliar; - A bile é muito importante para a metabolização de lipídios; - É através da bile que é possível fazer excreção de colesterol, bilirrubina, ferro e cobre; - Caminho da bile: 1. Hepatócitos produz a bile que cai nos canalículos; 2. Os canalículos vão tributando em ductos intra hepáticos até chegar no ducto intralobular; 3. O ducto intralobular leva a bile até o ducto hepático direito e esquerdo que se unem, formando no ducto hepático comum. 4. O ducto hepático comum leva a bile ou para o ducto colédoco que vai até o duodeno ou para o ducto cístico que vai para a vesícula biliar; - A bile fica por pouco tempo na vesícula biliar, ela dentro da vesícula biliar por longo tempo se torna tóxica para o epitélio da vesícula biliar; - Componentes da bile * Os alimentos ricos em triacilglicerídeos, colesterol, fosfolipídeos, ácidos graxos de cadeia longa e vitaminas lipossolúveis passam pelo duodeno que produz o hormônio CCK que vai ser responsável e pela contração da vesícula biliar (que libera bile) ou pelo relaxamento do esfíncter de Oddi. * Um desequilíbrio nos componentes da bile vai desencadear cálculos biliares. * Histologia: - Epitélio colunar simples glandular (possui glândulas produtoras de muco); - Possui lâmina própria; - Possui camada muscular externa; - Possui camada serosa; 1. Lití��� �il��� e ��l��i�í�s� - Principal patologia (95%) envolvendo a vesícula biliar e trato biliar; - Cálculos de colesterol ➢ Patogenia: ● Quando os componentes da bile estão em equilíbrio e um indivíduo ingere alimentos ricos em colesterol, o colesterol precisa estar em sua forma solúvel para que não se precipite. Para chegar na forma solúvel é necessário que o colesterol se una à sais biliares e a lectina (fosfolipídeos); A formação de cálculos de colesterol envolve quatro condições simultâneas: 1. A hipersaturação de colesterol (aumento exagerado) pode causar o desequilíbrio dos componentes da bile, eles se precipitam e formam cálculos; 2. A diminuição dos sais biliares também representa um desequilíbrio dos componentes da bile, que desencadeia a formação de cálculos pois não houve a união de colesterol lectina+ sais biliares. 3. A hipomotilidade da vesícula biliar (estase) desencadeia a hipersecreção de muco, essa hipersecreção favorece a formação de cálculos, pois o colesterol se adere ao muco; 4. A hipersecreção de muco na vesícula biliar aprisiona os cristais nucleados, levando a sua agregação e, cálculos. - Cálculos pigmentares ➢ É um precipitado de bilirrubina com o cálcio; ➢ Patogenia ● No aumento da bilirrubina não conjugada (não é tão solúvel e tem maior afinidade ao cálcio) há maiores chances de ela se unir ao cálcio na vesícula biliar, unindo -se formam cálculos pigmentares; ➢ São cálculos visíveis ao raio x pois o cálcio é um componente muito radiopaco que permite enxergar o cálcio no cálculo pigmentado, diferentemente dos cálculos de colesterol que só podem ser visualizados em ultrassom; - Cálculos castanhos ➢ Patogenia ● A vesícula biliar não é um ambiente estéril; ● Muitas vezes pode acontecer de uma bactéria que compõem a flora intestinal ascender na vesícula biliar e quando a bile for liberada a bateria é excretada junto; ● Em uma situação não tão comum essa bactéria se prolifera na vesícula biliar. A bactéria possui enzimas hidrolíticas que vão transformar a bilirrubina conjugada em bilirrubina não conjugada, essa bilirrubina não conjugada tem afinidade por cálcio, ambos se precipitam formando cálculos pigmentados; - Morfologia ➢ Colesterolose ● Acúmulo de lípideos (ésteres de colesterol) macrófagos subepiteliais e nas células epiteliais; ● 50% dos casos associada a litíase biliar ● Manifestações clínicas mesmo na ausência de litíase; ● Concentração elevada de colesterol na bile ou alterações no transporte de lipídeos na mucosa; ● Macroscopicamente = Depósitos puntiformes difusos na mucosa “vesícula em morango”. ● Microscopicamente =Mucosa hiperplásica, marófagos xantomatosos na lâmina própria/ Pólipos de colesterol geralmente múltiplos / 10% dos casos de colesterolose pode ser difusa, pólipos pequenos, pediculados. - Fatores de risco ● Idade = maior que 40 anos; ● Mulheres = influência estrogênica de anticoncepcionais orais e gestação (aumento da captação e síntese de colesterol = secreção biliar excessiva); ● Obesidade e hipercolesterolemia; ● Hereditariedade (síntese, secreção e reabsorção prejudicadas de sais biliares); ● Hipomotilidade da vesícula biliar (rápida perda de peso); - Características clínicas ● 70 - 80% Assintomáticos; ● Menor chance de desenvolver sintomas ao longo do tempo; ● Dor excruciante no quadrante superior direito e região epigástrica; ● “Dor biliar” = a dor biliar tende a ser excruciante e constante e “em cólica” como resultado da natureza obstrutiva dos cálculos na árvore biliar e talvez da própria vesícula biliar. ● Complicações = empiemas, perfuração, fístulas, inflamação e colestase obstrutiva ou pancreatite; ● Quanto maior o cálculo, menor a chance de obstrução; 2. Col����ti�� ��l�u��s� a���� * Inflamação aguda da vesícula que contém cálculos; * Resulta da irritação química e inflamação da vesícula biliar obstruída. * Ocorre por três mecanismos: a) Aumento da pressão luminal - Obstrução do ducto cístico faz com que a bile não consiga sair, acumulando-a assim na vesícula biliar, porém os hepatócitos continuam produzindo bile. - Durante a contração da vesícula para que ocorra a saída da bile, ocorre a distensão das paredes da vesículas e o aumento da pressão pela contração da bile causando assim, uma obstrução do fluxo sanguíneo que pode desencadear a isquemia. b) Obstrução do ducto cístico faz com que a bile não consiga sair, acumulando-a assim na vesícula biliar: 1. Ocorre um aumento da secreção de muco, o muco aumenta o risco de ocorrer a precipitação das moléculas de colesterol. 2. E as fosfolipases das células da mucosa vão fazer hidrólise da lecitina que vai formar a lisolecitina, que é tóxica para a vesícula biliar. 3. Essa lisolecitina rompe a camada de glicoproteínas, expondo o epitélio à ação detergente dos ácidos biliares que vai desencadear a inflamação; 4. A inflamação distende as paredes da vesícula biliar liberando prostaglandina; c) Infecção bacteriana - A vesícula não é estéril, logo há presença de bactérias como: E. coli; Bacteroides; Clostridium; - No momento em que o cálculo obstrui e prende a bile nas vesícula biliar as bactérias que estão lá começam a se proliferar desencadeando a inflamação; * Fatores de risco: - Sepse com hipotensão e falência de múltiplos sistemas orgânicos; - Imunossupressão; - Trauma de grande porte e queimaduras; - Diabetes melito; - Infecções; * Características clínicas - Dor biliar menor que 6 horas; - Dor intensa, constante, localizada na região superior do abdome; - Vesícula sensível distendida e palpável; - Febre; - Náuseas; - Leucocitose; - Hiperbilirrubinemia = obstrução do ducto comum. * Morfologia - Cálculos presentes frequentemente obstruindo o colo da vesícula e ducto cístico; - Alteração de cor vermelho vivo e manchada =hemorragia subserosa; - Luz vesicular = bile turva contendo fibrina, sangue e pus (empiema) - Casos brandos = parede da vesícula espessa, edematosa e hiperêmica; - Casos graves = colecistite gangrenosa (necrose); - Microscopia = padrões inflamatórios (edema, infiltração leucocitária, congestão vascular, formação de abscesso e necrose) 3. Col����ti�� ��al����sa ����a - 5 - 12% Vesículas removidas por colecistite sem a presença de cálculo; - Cirurgia não biliar, trauma grave, queimaduras e sepse; - Estase da vesícula biliar; - Comprometimento vascular; - Infecção bacteriana; - A vesícula não está conseguindo expelir a bile que está dentro dela ( bile acumulada - tóxica para a vesícula); 4. Col����ti�� ��al����sa ��ôn��� * É a consequência de quadros repetidos de colecistite aguda * Quase sempre associada à presença de cálculos; * Supersaturação da bile; * Pode haver infecção (⅔ cultura positiva); * Não é necessária a obstrução; * Cirurgias eletivas de colecistectomia por colelitíase = características crônicas; - Sintomas biliares aparecem após a coexistência de cálculos e inflamação de baixo grau. * Características clínicas (sem manifestações notáveis): - Ataques recorrentes de dor epigástrica e no quadrante superior direito; - Náuseas, vômito e intolerância a alimentos gordurosos - Aguda = diagnóstico baseado na detecção de cálculos por US + espessamento da parede da vesícula biliar - Crônica = diagnóstico - vesícula biliar com aspecto ressecado. - Complicações = superinfecções, sepse, perfuração da vesícula e formação de abscesso, ruptura da vesícula com peritonite aguda / fístula colecistoentérica com drenagem de bile para órgãos adjacente. * Morfologia - Vesícula em porcelana; - Fibrose e calcificação da mucosa; - Calcificação da mucosa ou pelo acúmulo de cálcio nas paredes devido a estagnação da bile; - Microscopia: ● Seios de Rokitansky - Ascho�; ● Presença de infiltrado inflamatório crônico; ● Presença de neoplasia; - Metaplasia ● Gástrica = 65 - 85% / Lóbulos de glândulas de padrão pilórico dispersos na lâmina própria / Metaplasia de epitélio gástrico foveolar menos comum caracterizado por células cubóides com maior quantidade de mucina intestinal; ● Intestinal = 12- 52% - presença de células caliciformes; ● Escamosa = muito rara; 5. Car����ma �� ��sí�u�� b��i�� * O carcinoma da vesícula biliar é o tumor maligno mais frequente do trato biliar; * Mais frequente em mulheres = 70 anos; * Presença de cálculos biliares de 60-90%; * Trauma recorrente e inflamação crônica; * Morfologia - Transição metaplasia intestinal → displasia → adenocarcinoma; - Possui dois padrões de crescimentos: ● O padrão infiltrante é mais comum, usualmente aparece como área pouco definida de espessamento e endurecimento difusos na parede vesicular que pode cobrir vários centímetros quadrados e comprometer toda a vesícula; ● O padrão exofítico cresce para dentro da luz como massa irregular em couve flor, mas ao mesmo tempo invade a parede subjacente. A maioria é adenocarcinoma, pode ser papular ou pouco diferenciado. * Aspectos clínicos: - Dor abdominal; - Icterícia; - Anorexia; - Náuseas; - Vômitos; * Estadiamento * Mecanismos moleculares - Similaridade com adenocarcinoma do cólon; - Mutações do gene Kras, p53 - Expressão aumentada de p27, Ep21 - melhor prognóstico. Ref��ê�c�a - FÍGADO E VESÍCULA BILIAR: Patologia – Bases Patológicas das Doenças; Robbins & Cotran; 9ª ed.; 2016; Capítulo 18. - Patologia; Bogliolo; 7ª ed.; 2006; Capítulo 22.
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