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Por Geovanna Costa Bloco FÍGADO E VESÍCULA BILIAR Vesícula biliar e suas Patologias ANATOMIA DA VESÍCULA BILIAR • É um saco em forma de pera que está localizado em uma depressão da face posterior do fígado. • Mede de 7 a 10 cm de comprimento. • Normalmente pende da margem inferior e anterior do fígado. • FUNÇÃO: armazenar e concentrar a bile produzida pelo fígado (até dez vezes) até que ela seja necessária no intestino delgado. • No processo de concentração, a túnica mucosa da vesícula biliar absorve água e íons –> a bile fica concentrada ➱Armazena e concentra a bile (capacidade de armazenar 50ml de bile) *Ducto hepático comum direciona a bile até a vesícula biliar, desemboca dentro do duodeno HISTOLOGIA DA VESÍCULA BILIAR ➱Camada MUCOSA; composta por epitélio colunar simples e uma fina lâmina própria, além da presença de glândulas produtoras de MUCO, protegem a mucosa da bile que é armazenada e concentrada nesse órgão ➱Camada MUSCULAR; composta de musculo liso e tecido conjuntivo ➱Camada ADVENTÍCIA; composta de tecido conjuntivo denso, local onde a vesícula se fica a superfície hepática ➱Camada SEROSA; composta por mesotélio e tecido conjuntivo, superfície não aderida a vesícula BILE - Fígado produz 1l de bile por dia. FUNÇÕES: ➱METABOLISMO DE GORDURA ➱VEÍCULO DE EXCREÇÃO DE COLESTEROL, BILIRRUBINA, FERRO E COBRE - Contração da vesícula biliar - Relaxamento de Oddi; contribui para a saída da bile até o intestino delgado - Alimentos gordurosos; triacilgliceróis colesterol fosfolipídeos ácidos graxos de cadeia longa vitaminas lipossolúveis - Colecistocinina produzida por células duodenais Componentes da bile: *Mesmo após a retirada da bile, precisa ter um cuidado maior, pois o processo de digestão é mais trabalhoso – principalmente em alimentos gordurosos *Logo, vesícula biliar saudável, precisa haver um equilíbrio entre os componentes. SAIS BILIARES Características dos SAIS BILIARES; responsáveis por ajudar na quebra de grandes gotículas lipídicas que compõe o bolo alimentar – os glóbulos de gordura chegam no duodeno ainda muito grandes, precisam ser quebrados, através da lipase pancreática é quebrado em ácidos graxos e monoglicerideos. Através de um processo chamado de EMULSIFICAÇÃO, causado pelos sais biliares, são anfipáticos, lembrando que eles possuem uma porção hidrofílica exteriormente e uma hidrofóbica que se liga ao glóbulo de gordura – estrutura chamada de micela. Essa quebra é feita através da fragmentação, formando ácidos graxos e monoglicerideos. - É uma pedra (KHOLĒ (BILE) + LÍTHOS (PEDRA)) - É a PRINCIPAL PATOLOGIA envolvendo a vesícula biliar e trato biliar. *Pode levar a uma INFLAMAÇÃO vesícula biliar - 10 á 20% população adulta países desenvolvidos américa latina - 3 á 4% população adulta países asiáticos - ⅔ dos diagnosticados são submetidos a cirurgia, 25-50 toneladas de cálculos por ano! - Excesso de colesterol; o fígado não dá conta de processar todo esse colesterol então ele vai pra bile, quando chega na vesícula biliar esperando CCK, esse colesterol começa a sedimentar, gotículas de colesterol se juntam e ficam nas rugas da mucosa e forma pequenos cálculos de colesterol *Pacientes com sobrepeso, obeso, dislipidêmico - Cálculos negro devido ao excesso de bilirrubina; também sofre processo de sedimentação. Pacientes com bilirrubina não conjugada; pois é insolúvel logo sedimenta, condições que comprometem os hepatócitos – hepatite, anemia e doença hemolítica. PATOGENIA ➱CALCULOS DE COLESTEROL são os mais comuns 75 a 90% - Acúmulo de colesterol na bile, precisa ser agregado aos sais biliares e lecitinas, precisa ter um equilíbrio, para que esse colesterol fique solúvel e não se acumule na bile. Quando há uma saturação de colesterol, colesterol não se liga aos sais biliares, não ficando soluceis e as goticulas se juntam em grandes gotas de colesterol, ficando preso na mucosa, dando início aos cálculos. Essa formação é auxiliada pela HIPOMOTILIDADES da vesícula biliar, ou seja, a vesícula biliar fica muito tempo parada em ESTASE, isso aumenta a produção de muco gerando uma HIPERSECREÇÃO de muco, deixando as partículas de colesterol presas no muco e facilita a deposição desses cálculos. *HIPOMOTILIDADE; muito comum em pacientes bariátrico, passando de uma alimentar rica em calorias para uma alimentação pobre em calorias, a vesícula biliar tinha muito estímulo de CCK e agora tem muito menos – gerando o desbalanço. ➱CALCULOS PIGMENTARES - São negros, decorrente do acúmulo de bilirrubina Pois a bilirrubina tem o pigmento escuro. - Na doença hemolítica: lise das hemácias pelos macrófagos, bilirrubina conjugada e a não conjugada são secretadas na bile. - A bilirrubina não conjugada começa a se precipitar com sair de cálcio, quando se juntam, se solidificam. *Por isso é visualizado no raio-x, já os cálculos de colesterol não são radiopacos pois não tem cálcio, logo só vistos no ultrassom. Por isso USG é sempre o exame de escolha. ➱CÁLCULOS CASTANHOS ou amarromzados - Decorrentes de uma INFECÇÃO - Quando há proliferação de microrganismos na vesícula biliar, por exemplo a e. coli, realiza a quebra da bilirrubina conjugada, aumentando a bilirrubina não conjugada, precipita e desencadeia a formação de cálculos amarromzados COLESTEROLOSE ➱Acúmulo de colesterol LIPIDEOS, que ficam presos nas mucosas, além da formação dos cálculos. - Colesterol interagem com os MACROFAGOS, acúmulo gera em 50% dos casos formação de litíase biliar. Porém pode ser ausente os cálculos. Apenas com o acúmulo na mucosa - CONCENTRAÇÃO ELEVADA DE COLESTEROL NA BILE OU ALTERAÇÕES NO TRANSPORTE DE LIPÍDEOS NA MUCOSA MORFOLOGIA MACROSCOPICAMENTE DEPÓSITOS PUNTIFORMES DIFUSOS NA MUCOSA; Vesícula em aspecto de morango MICROSCOPICAMENTE - MACRÓFAGOS XANTOMATOSOS ou ESPUMOSOS; abaixo do epitélio – são esbranquiçados, causando projeções na mucosa - MUCOSA HIPERPLÁSICA - PÓLIPOS DE COLESTEROL GERALMENTE MÚLTIPLOS *10% DOS CASOS DE COLESTEROLOSE DIFUSA PEQUENOS 0,4 -1,0 cm PEDICULADOS FATORES DE RISCO CALCULOS DE COLESTEROL CÁLCULOS DE PIGMENTO Idade avançada >40 Mulheres, devido aos hormônios, anticonceocionais e gravudez Obesidade e resistência a insulina Rápida perda de peso estase da vesícula biliar Doenças congênitas Síndromes de dislipidemias Hemólise crônica Infecção biliar Doenças gastrointestinai CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS - Grande maioria são assintomáticos, descoberto geralmente no USG - Desenvolve sintomas ao longo do tempo, pois vai comprimindo - Apresenta uma DOR no quadrante superior direito ou região epigástrica - DOR BILIAR; refere-se a uma OBSTRUÇÃO da vesícula ou arvore biliar pela inflamação - COMPLICAÇÃO: empiemas; gerando uma fricção na mucosa, pode acontecer uma PERFURAÇÃO, FÍSTULA, INFLAMAÇÃO E COLESTASE OBSTRUTIVA OU PANCREATITE - Quanto MAIOR os cálculos, MENOR a chance de ocorrer a obstrução, os pequenos tem mais chance de sair e obstruir ➱É uma INFLAMAÇÃO da vesícula biliar Pode ser: AGUDA, CRÔNICA OU SUPERPOSTA -Epidemiologia paralela à COLELITÍASE e quase sempre ocorre em ASSOCIAÇÃO COLECISTITE CALCULOSA AGUDA ➱INFLAMAÇÃO AGUDA na vesícula que contêm CÁLCULOS. - Principal causa: obstrução do colo (região mais estreita) ou ducto cístico ou ducto colédoco *principal causa de COLECISTECTOMIA de emergência ➱Gera o acúmulo de BILE na vesícula biliar, o que leva a uma lesão da mucosa; desencadeando IRRITAÇÃO e INFLAMAÇÃO. - Ocorre uma distensão das PAREDES e AUMENTO da PRESSÃO, gerando a OBSTRUÇÃO do FLUXO SANGUÍNEO, gerando uma hipoxia e pode necrosasgerando um ISQUEMIA ➱A vesícula não é estéril, com a bile estagnada, pode ocorrer uma PROLIFERAÇÃO BACTERIANA (principalmente E.coli, Bacteroides, Clostridium) ocorre uma RESPOSTA INFLAMATÓRIA. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Dor biliar - Dor após refeições, produção de CCK pelas duodenais, contração da vesícula - Fica SENSÍVEL, ficando distendida e até palpável - Pode ter febre, náuseas e leucocitose Bile estagnada na vesícula biliar ↓ Compensa aumentando a secreção de muco ↓ Fosfolipases presente no muco promovem hidrolise da lecitina ↓ Com essa hidrolise, gera uma molécula toxina chamada de LISOLECITINA ↓ Ela rompe o epitélio, danificando a mucosa ↓ Gerando um processo inflamatório ↓ Gera distensão das paredes da vesícula biliar ↓ Gerando edema, dilatação, estase sanguínea - Aumento de bilirrubina HIPERBILIRRUBINEMIA, gerando uma ICTERIA (obstrução do ducto comum/colédoco) morfologia - Cálculos presentes mais comum OBSTRUIR o colo da vesícula ou ducto cístico - Alteração na cor da vesícula, para vermelho vivo ou manchada, pode ser decorrente de hemorragias subserosa (precisa tratar primeiro o paciente, com antibióticos, diminuir a inflamação e depois é feito a retirada) - Luz vesicular; bile TURVA contendo fibrina, sangue e pus (empiema) Além disso: - CASOS BRANDOS: Parede da vesícula espessa, edematosa e hiperemica - CASOS GRAVES: colecistite gangrenosa (necrose) MICROSCOPICAMENTE - PADRÕES INFLAMATÓRIOS (EDEMA, INFILTRAÇÃO LEUCOCITÁRIA, CONGESTÃO VASCULAR, FORMAÇÃO DE ABSCESSO OU NECROSE) *Macrófagos xantomatosos Vasos sanguíneos cheio de neutrófilos, tentativa de curo e reparo - 5 á 12% vesículas removidas por colecistite não contém cálculos - Cirurgia não biliar, trauma grave, queimaduras e sepses - Estase da vesícula biliar - Comprometimento vascular - Infecção bacteriana - O cálculo pode se mover e chegar a parte do colo, impactar e ficar preso durante um tempo, esse cálculo pode se soltar e a próxima vez que contrair, pode ocorrer obstrução, ficando preso e não soltando mais. Isso provoca a estase da bile, parada danificando a mucosa – alterando a camada de muco. *Ou aumento da pressão lumial, gerando uma lesão epitelial. COLECISTITE CRÔNICA - Consequência quadros repetidos de colecistite aguda *quase sempre associada à presença de cálculos - Supersaturação da bile - Pode haver infecção (⅔ cultura positiva) - Não é necessária a obstrução cirurgias eletivas de colecistectomia por colelitíase = características crônicas * sintomas biliares aparecem após a coexistência de cálculos e inflamação baixo grau CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS *sem manifestações notáveis - Ataques recorrentes de dor epigástrica ou no quadrante superior direito - Náuseas, vômito e intolerância a alimentos gordurosos - COMPLICAÇÕES: superinfecções, sepse, perfuração da vesícula e formação de abscesso, ruptura da vesícula com peritonite aguda fístula colecistoentérica com drenagem de bile para órgãos adjacentes ➱AGUDA = DIAGNÓSTICO BASEADO NA DETECÇÃO DE CÁLCULOS POR US + ESPESSAMENTO DA PAREDE DA VESÍCULA BILIAR ➱CRÔNICA = DIAGNÓSTICO VESÍCULA BILIAR COM ASPECTO RESSECADO MORFOLOGIA MACROSCOPIA - VESÍCULA EM PORCELANA (Parece uma ostra aberta) - FIBROSE E CALCIFICAÇÃO DA MUCOSA (aspecto esbranquiçado/opaco) - CICATRIZAÇÃO OU PELO ACÚMULO DE CÁLCIO NAS PAREDES DEVIDO A ESTAGNAÇÃO DA BILE Bem evidente na radiografia: MICROSCOPIA - SEIOS DE ROKITANSKY-ASCHOFF; é uma invaginação do epitélio para dentro da camada muscular Pode ocorrer a formação de granulomas de corpo estranho e cristais de colesterol: - Proliferação benigna do epitélio revestimento que invagina na camada muscular podendo ter infiltrado inflamatório - Processo secundário ao aumento da pressão intraluminal - 65 a 85% lóbulos de glândulas de padrão pilórico dispersos na lâmina própria - Metaplasia epitélio gástrico foveolar menos comum caracterizado por células cubóides com maior quantidade de mucina 12- 52% PRESENÇA DE CÉLULAS CALICIFORMES (MUITO RARA!) - Muito raros! - Pode ser pedicular ou séssil - 0,3 até 2,5cm - Tubular, tubularvilosos ou viloso - Aumento do volume celular, hipercromasia nuclear e displasia *Já foi uma vesícula, perdem o formato regular, núcleos irregulares, - 7ª DÉCADA - Mais frequentes em mulheres - CÁLCULOS BILIARES E INFLAMAÇÃO CRÔNICA (90% CASOS) - Perceptível uma TRANSIÇÃO METAPLASIA INTESTINAL → DISPLASIA → ADENOCARCINOMA MORFOLOGIA DOIS PADRÕES DE CRESCIMENTO: - PADRÃO INFILTRANTE: é mais comum, usualmente aparece como área pouco definida de espessamento e endurecimento difusos da parede vesicular que pode cobrir vários centímetros quadrados ou comprometer toda a vesícula. - PADRÃO EXOFÍTICO: cresce para dentro da luz como massa irregular em couve-flor, mas ao mesmo tempo invade a parede subjacente. a maioria é adenocarcinoma, pode ser papilar ou pouco diferenciado. MECANISMO MOLECULAR - Similaridades com adenocarcinomas do cólon - Mutações do gene kras, p53 - Expressão aumentada de p27 e p21 - melhor prognóstico ESTADIAMENTO CASO CLÍNICO Paciente, feminina 48 anos, hipertensa controlada, obesa. Relata dieta com altas quantidades de gordura, carboidratos refinados e que não tem o hábito de comer frutas e verduras. No último ano apresentou vários episódios de dor moderada no quadrante abdominal superior direito, que iniciava logo após o jantar e apresentava melhora espontânea. Como no último episódio a dor foi mais intensa, procurou por atendimento no pronto socorro. A paciente foi submetida a um exame de US (imagens abaixo) e encaminhada a um cirurgião. *quanto mais esbranquiçado mais solido, cálculos biliares Referências Robbins & Cotran – Bases patológicas 9ª edição Capítulo: 18 Página: 1496 Bogliolo patologia 9ª edição Capítulo: 23 – Fígado e Vias biliares Página: 1144
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