Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Mariana Marques – T29 INTRODUÇÃO Vesícula biliar: • É um órgão oco em forma de saco, localizado abaixo do lobo direito do fígado, com superfície interna revestida por mucosa • Função - vesícula: armazenamento, concentração (absorção de água) e liberação da bile • Função da bile: emulsificação de gordura da dieta, eliminação de colesterol • A bile é produzida no fígado • O ducto colédoco é responsável por levar a bile até o intestino delgado, onde encontra-se com o ducto pancreático principal Fígado → Ductos hepáticos direito e esquerdo → ducto hepático comum → ducto cístico → vesícula biliar → ducto cístico → ducto colédoco → intestino delgado • Um desequilíbrio nos componentes da bile (lectina, sais biliares, eletrólitos, bilirrubinas, proteínas e colesterol), pode torná-los insolúveis favorecendo o acúmulo • Problemas para produção de lecitina ou de sais biliares não permitem a formação das micelas, favorecendo a precipitação do colesterol • Histologia: ▪ Mucosa, lâmina própria, submucosa, serosa ou adventícia (parte em contato com o fígado) ▪ Epitélio colunar simples ciliado LITÍASE BILIAR Generalidades: • Doença mais comum das vias biliares • A colelitíase é mais frequente e a maioria dos casos são assintomáticos • Os sintomas surgem devido aos processos obstrutivos e suas complicações gerando inflamação (colecistites) • Ocorre principalmente no gênero feminino Natureza dos cálculos: • Colesterol: Originados na vesícula biliar – puros (concentrações crescentes de colesterol) ou mistos (colesterol + bilirrubinato de cálcio) • Os mistos são os mais comuns • Pigmentares: Na vesícula ou colédoco – compostos principalmente por bilirrubinato de cálcio (pouco colesterol) Fatores de Risco: • Cálculos de colesterol: ▪ Idade avançada (a partir dos 40-50 anos devido ao aumento as secreção do colesterol e redução das formações de sais biliares) ▪ Hormônios sexuais femininos (gênero feminino, anticoncepcionais orais e gravidez – quanto maior a quantidade de estrógenos circulantes, maior a secreção de colesterol na bile) ▪ Obesidade, resistência à insulina e dislipidemia (maior secreção de colesterol na bile) Doenças da Vesícula Biliar Mariana Marques – T29 ▪ Rápida perda de peso (ocorre hipomotilidade da vesícula e maior secreção de colesterol) ▪ Estase da vesícula biliar ▪ Doenças congênitas do metabolismo de sais ▪ Dieta hipercalórica e jejum prolongado: causa estase ▪ Hereditariedade (histórico familiar e as alterações genéticas podem causar desequilíbrio da síntese e secreção dos componentes biliares) • Cálculos de pigmento: ▪ Hemólise crônica (anemia falciforme, esferocitose hereditária) ou infecções biliares (maior quantidade de bilirrubina não conjugada na bile) ▪ Doenças gastrointestinais (doenças do íleo causam a diminuição da recaptação entérica de sais biliares) ▪ Desordens gastrointestinais, interferem na recirculação de bilirrubina ▪ Insuficiência hepática, por cirrose, hepatite Fisiopatogenia: • Patogênese dos Cálculos de Colesterol: ▪ Formação de bile supersaturada de colesterol por aumento da secreção de colesterol (redução de sais biliares e lecitina) ▪ Hipomotilidade da vesícula biliar ▪ Nucleação (pode ser proteico, células inflamatórias, colesterol) e cristalização (deposição de cálculos) ▪ Hipersecreção de muco na vesícula biliar • Patogênese dos Cálculos Pigmentares: ▪ Maior quantidade de bilirrubina não conjugada - bile ▪ Precipitação da bilirrubina com sais cálcio ▪ pretos: mais associados à hemólise crônica ▪ marrons: associados às infecções (β-glicuronidases bacterianas)4 Manifestações Clínicas: • Normalmente assintomáticos • Obstrução vias biliares – dor em hipocôndrio direito (ponto de Murphy) ou epigástrica, podendo irradiar para dorso • Febre discreta, náuseas, inapetência • Associação com dieta lipídica (CCK) • Exames de imagem: variações associadas ao tamanho e radiopacidade dos cálculos • Complicações: Colecistites agudas e crônicas, Fístulas CCK: colecistocinina ou colecistoquinina é um hormônio gastrointestinal que estimula a contração da vesícula biliar e secreção de enzimas do pâncreas, com digestão da gordura - normalmente o paciente com dieta rica em lipídeos terá dor em cólica decorrente da litíase biliar, pois, ao ingerir esses alimentos, a vesícula contraí muito e, assim, o cálculo pode ficar parado nos canais, causando dor. COLECISTITE AGUDA Generalidades: • É uma inflamação aguda da mucosa da vesícula biliar • Maioria dos casos: ligados à obstrução por cálculos (90%) – colecistite aguda litiásica0 • Uma pequena parcela (10%) são vinculados à eventos isquêmicos (traumas, hipovolemia, vasculites e obstruções não litiásicas) – colecistite aguda alitiásica Fisiopatogenia: • Ocorre impactação do cálculo, gerando, obstrução da drenagem, retenção biliar e aumento da pressão luminal • Podendo causar duas situações ▪ Estase da bile: bile não consegue mais ser liberada → lecitina (componente da bile) é convertida em lisolecitina por meio da hidrólise (lisolecitina é tóxica) causando ruptura da barreira de muco → alteração da camada de muco gerando inflamação ▪ Ocorre distensão da vesícula e compressão dos vasos da parede: isquemia → erosão epitelial gerando inflamação • Em ambos os casos, ocorre exposição direta do epitélio aos sais biliares, causando inflamação Mariana Marques – T29 Morfologia: • Macroscopia: distensão, aumento volume, parede espessa, áreas hemorragia, úlceras na mucosa, deposição fibrina na serosa ▪ Há perda de pregueamento ▪ Conteúdo: bile, pus e sangue ▪ Em casos graves ocorre necrose da parede, causando gangrena, perfuração e fístulas (pode gerar sepse) • Microscopia: edema acentuado, congestão, áreas de hemorragia, deposição de fibrina e infiltrado neutrofílico Complicações: • Colangite ascendente e sepse • Perfuração e ruptura da vesícula (coleperitônio = presença de bile dento do peritônio e peritonite) • Empiema da vesícula e disseminação para o fígado, pus dentro da vesícula (cavidade neoformada) • Fístula entérica COLECISTITE CRÔNICA Generalidades: • Inflamação da vesícula biliar por longos períodos • Maioria dos casos: associados à litíase (95%) • Mais comum em mulheres de idades avançadas • Não há necessariamente um processo obstrutivo Morfologia: • Macroscopia: vesícula em porcelana (vesícula contraída com fibrose extensa e hialinização e calcificação da parede) – ocorre na minoria dos casos (0,5%) e em 20% dos casos está associado a carcinomas • Microscopia: infiltrado inflamatório linfocitário, fibrose ▪ Na mucosa: hiperplasia, metaplasia pilórica e intestinal (pode evoluir para progressão neoplásica – adenocarcinoma) ▪ Na camada muscular: há hipertrofia ▪ Seios de Rockitansky-Aschoff: ocorre devido à herniações diverticulares da mucosa por entre feixes de fibras musculares lisas devido a invaginação do epitélio, que fica preso na camada muscular Mariana Marques – T29 ▪ Colegranulomas: bile impactada nos Seios de Rockitansky-Aschoff, fazendo com que os macrófagos xantomatosos apresentam-se esboçando um arranjo granulomatoso, com cristais de colesterol e células Gigantes tipo corpo estranho, nesses casos, chamamos de colecistite xantogranulomatosa COLESTEROLOSE Generalidades: • Acúmulo de colesterol nos macrófagos subepiteliais e células epiteliais fazendo com que haja concentração elevada de colesterol na bile • Pode formar pólipos de colesterol na luz da vesícula • Ocorre alteração do transporte lipídico da mucosa • Predominantemente em mulheres de idade avançada devido a maior concentração de colesterol na vesícula biliar Morfologia: • Macroscopia: numerosos depósitos puntiformes difusos – vesícula em morango ▪ Pólipos de colesterol• Microscopia: Mucosa hiperplásica com agregado de macrófagos xantomatosos
Compartilhar