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PR O CE SS O P EN AL A Ç Ã O P E N A L P R I N C I P A I S A R T I G O S S Ú M U L A S 2 4 , 2 5 , 2 8 , 2 9 , 3 8 , 3 9 , 4 2 , 4 5 , 4 6 , 4 8 , 4 9 , 5 0 , 5 1 , 6 0 D O C P P S ú m u l a 1 4 6 S T F S ú m u l a 5 4 2 S T J A T E N Ç Ã O P A R A A S A L T E R A Ç Õ E S L E G I S L A T I V A S D A L E I 1 3 . 9 6 4 / 2 0 1 9 ( P A C O T E A N T I C R I M E ) I M P O R T A N T E : S a b e r a s e s p é c i e s d e a ç ã o p e n a l , b e m c o m o o s p r i n c í p i o s q u e n o r t e i a m c a d a u m a . A l é m d i s s o o b s e r v a r o c a b i m e n t o d a r e t r a t a ç ã o , r e n ú n c i a e e x i s t ê n c i a d e p e r e m p ç ã o e m c a d a e s p é c i e . A l é m d i s s o s e a t e n t a r p a r a o s p r a z o s . 1. AÇÃO PENAL Quando alguém pratica um fato criminoso, surge para o Estado o poder-dever de punir o infrator. Esse poder-dever, esse direito, é chamado de ius puniendi. Entretanto, o Estado, para que exerça validamente e legitimamente o seu ius puniendi, deve fazê-lo mediante a utilização de um mecanismo que possibilite a busca pela verdade material (não meramente a verdade formal), mas que ao mesmo tempo respeite os direitos e garantias fundamentais do indivíduo. Esse mecanismo é chamado de Processo Penal. Mas, onde entra a Ação Penal nisso? A ação penal é o ato inicial desse mecanismo todo chamado processo penal. É O DIREITO SUBJETIVO DE PEDIR AO ESTADO-JUIZ A APLICAÇÃO DO DIREITO PENAL OBJETIVO A UM CASO CONCRETO. A ação penal é um instituto fundamental no Estado Democrático, se manifestando em um direito essencial de solicitar a prestação jurisdicional e a aplicação do Direito Penal ao caso concreto. PR O CE SS O P EN AL A Ç Ã O P E N A L O fluxo da persecução penal (persecutio criminis), em regra, começa com a conduta delituosa do indivíduo, passa pela busca da materialidade e indícios de autoria (suporte probatório mínimo), que é utilizado na ação penal que será intentada com o objetivo de punir o infrator. Vamos relembrar: PR O CE SS O P EN AL O I N D I V Í D U O P R A T I C A A I N F R A Ç Ã O P E N A L E M R E G R A , O E S T A D O U T I L I Z A O I N Q U É R I T O P O L I C I A L P A R A B U S C A R O L A S T R O P R O B A T Ó R I O M Í N I M O O L A S T R O P R O B A T Ó R I O M I N I M O É U T I L I Z A D O P A R A D A R I N Í C I O À A Ç Ã O S E H O U V E R J U S T A C A U S A , A D E N Ú N C I A É O F E R E C I D A E O A C U S A D O É J U L G A D O E P U N I D O D E A C O R D O C O M O D E V I D O P R O C E S S O L E G A L . L A S T R O P R O B A T Ó R I O M Í N I M O : p r o v a d e m a t e r i a l i d a d e e i n d í c i o s d e a u t o r i a Desse modo, note que o próximo passo após a colheita de provas suficientes para garantir a justa causa (seja através do Inquérito Policial ou de outros meios lícitos) é a ação penal! PR O CE SS O P EN AL D E N Ú N C I A 2. INÍCIO DA AÇÃO PENAL De posse das condições necessárias para o ingresso em juízo (ou seja, havendo justa causa), a ação penal poderá ser iniciada, basicamente de duas formas: IMPORTANTE! Embora na maioria das vezes, o Inquérito Policial seja a peça que dá suporte à justa causa para a ação penal, ele não é obrigatório. Se já houver prova de materialidade e indícios suficientes de autoria por outros meios, a ação penal poderá ser iniciada de forma independente do IP! 2.1. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL DA AÇÃO PENAL O direito à ação penal está previsto na Constituição Federal, no art. 5º, XXXV, como verdadeiro direito fundamental: XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. Q U E I X A - C R I M E A Ç Ã O P E N A L P Ú B L I C A A Ç Ã O P E N A L P R I V A D A PR O CE SS O P EN AL 2.2. CARACTERÍSTICAS DA AÇÃO PENAL A ação penal, assim como o Inquérito Policial, possui suas características, que também podem ser cobradas em sua prova. Gosto bastante das definições trazidas pelo mestre Leonardo Alves, as quais estão apresentadas a seguir: Segundo a doutrina, o inciso XXXV também manifesta o chamado princípio da inafastabilidade de jurisdição, que tem por objetivo garantir que somente o poder Judiciário seja capaz de dizer o direito com força de coisa julgada. O direito a solicitar a prestação jurisdicional não depende da existência do direito de punir. Mesmo antes de existir o direito de punir já existirá o direito de solicitar a prestação estatal. INSTRUMENTAL Cria uma maneira de exercício do jus puniendi estatal. Assim, é um verdadeiro instrumento acionador do Estado. AUTÔNOMO DIREITO PÚBLICO É um direito exercido em face do Estado que é responsável pela prestação jurisdicional. PR O CE SS O P EN AL 2.3. FUNDAMENTO LEGAL A ação penal possui sua fundamentação infraconstitucional prevista tanto no Código Penal (CP) quanto no Código de Processo Penal (CPP). E como sempre, alguns artigos costumam ser cobrados em sua literalidade pelo examinador, motivo pelo qual serão listados a seguir. Entretanto, irei trazer as normas do CP e do CPP, para que você possa fazer tanto a leitura quanto a revisão de uma forma mais organizada. ABSTRATO A ação penal não depende de um resultado positivo para o seu exercício.. SUBJETIVO A ação penal possui uma titularidade identificável. Em alguns casos será do Ministério Público (regra) e em alguns, excepcionais será do ofendido. PR O CE SS O P EN AL 2.4. CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL Tal qual ocorre no processo civil, no processo penal a ação também deve obedecer a algumas condições. Sem elas a ação penal ajuizada deve ser rejeitada de imediato pelo Juiz. Ação Penal - CP Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. § 1º A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. § 2º A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para representá-lo. § 3º A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal. § 4º No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. DA AÇÃO PENAL Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. § 1º No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. § 2º Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública. Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia Ação Penal - CPP PR O CE SS O P EN AL Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Redação dada pela Lei nº 11.719, de 2008). (...) II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008). São condições da ação penal: CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL Possibilidade jurídica do pedido Interesse de agir Legitimidade das partes justa causa INTERESSE DE AGIR Se no processo civil o interesse de agir é caracterizado como a necessidade da prestação da tutela jurisdicional, devendo a parte autora comprovar que não há outro meio para a resolução do litígio que não seja a via judicial, no processo penal é um pouco diferente. PR O CE SS O P EN AL O interesse de agir é uma condição que está vinculada a três exigências básicas: Utilidade, adequação enecessidade: INTERESSE DE AGIR UTILIDADE ADEQUAÇÃO NECESSIDADE A MÁQUINA ESTATAL NÃO DEVE SER MOVIDA SE SUAS AÇÕES NÃO TIVERES UTILIDADE. A AÇÃO PENAL DEVE RESPEITAR OS DITAMES DA LEGISLAÇÃO PENAL. A NECESSIDADE NA AÇÃO PENAL É PRESUMIDA, JÁ QUE NÃO HÁ OUTRO MEIO DE SE APLICAR UMA SANÇÃO PENAL SENÃO ATRAVÉS DE UM PROCESO PENAL. PR O CE SS O P EN AL LEGITIMIDADE DAS PARTES A legitimidade (e aqui nos aproximamos do processo civil) é o que se pode chamar de pertinência subjetiva para a demanda. Assim, a presença do MP no polo ativo de uma denúncia pelo crime de homicídio é pertinente, pois a Constituição o coloca como titular exclusivo da Ação Penal, o que é corroborado pelo CPP. Também deve haver legitimidade passiva, ou seja, quem deve figurar no polo passivo (ser o réu da ação) é quem efetivamente praticou o crime, ou seja, o sujeito ativo do crime. No polo ativo da ação figura, em regra, o Ministério Público (art. 129. I, CF) já que a maioria da infrações penais tem a sua persecução por meio de ações penais públicas. Já nas ações penais privadas, o autor será o ofendido (vítima) denominado querelante, que é a pessoa física ou jurídica titular de um interesse. No polo passivo, figura o réu (ação penal pública) ou querelado (ação penal privada). PR O CE SS O P EN AL LEGITIMIDADE AD CAUSAM AÇÃO PENAL PÚBLICA MINISTÉRIO PUBLICO LEGITIMIDADE AD CAUSAM ATIVA OFENDIDO OU QUERELANTE AÇÃO PENAL PRIVADA LEGITIMIDADE AD CAUSAM PASSIVA É SEMPRE O ACUSADO AÇÃO PENAL PRIVADA: QUERELADO É A LEGITIMIDADE PARA A CAUSA LEGITIMIDADE AD PROCESSUM AÇÃO PENAL PÚBLICA MINISTÉRIO PUBLICO LEGITIMIDADE AD PROCESSUM ATIVA OFENDIDO OU QUERELANTE REPRESENTADO PELO ADVOGADO AÇÃO PENAL PRIVADA PASSIVA É SEMPRE DO AUTOR O AUTOR MAIOR DE IDADE EM AMBAS AÇÕES É A LEGITIMIDADE PARA A CAUSA LEGITIMIDADE AD PROCESSUM PR O CE SS O P EN AL JUSTA CAUSA Para o exercício da ação penal não bata que o pedido seja juridicamente possível, que a ação seja necessária, adequada e útil, e proposta pelo legítimo titular em face do legítimo ofensor. A presença de todos esses requisitos será suficiente se existir o lastro probatório mínimo quanto à autoria e a materialidade do fato. É o que descreve o art. 395, II, CPP. JUSTA CAUSA é o fumus comissi delicti ou seja a identificação de que há elementos probatórios concretos acerca da materialidade do fato delituoso e indícios razoáveis de autoria. JUSTA CAUSA PROVA DA MATERIALIDADE DELITVA INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA 2.5. ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL A ação penal pode ser pública incondicionada, pública condicionada, ou privada. Nos termos do quadro esquemático, para facilitar a compreensão de vocês: PR O CE SS O P EN AL AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA CONDICIONADA REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA PRIVADA EXCLUSIVA PERSONALÍSSIMA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA PR O CE SS O P EN AL Assim pode se resumir, graficamente, as espécies de ação penal previstas no CPP . Vamos estudar, agora, cada uma das seis espécies de ação penal: A) Ação penal pública incondicionada É a regra no ordenamento processual penal brasileiro. Sua titularidade pertence ao Ministério Público, de forma privativa, nos termos do art. 129, I da Constituição da República. IMPORTANTE! Quando o legislador não informar qual o tipo de ação penal para um determinado delito, a ação penal será pública incondicionada! NÃO SE PREOCUPE! Observe o esquema abaixo: PR O CE SS O P EN AL CARACTERÍSTICAS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA A característica mais importante deste tipo de ação penal é bastante direta: Ela independe de autorização do ofendido para ser iniciada. Sendo assim, ela é regida pelo princípio da oficiosidade, ou seja, o Estado pode agir de ofício – sem provocação! Nos crimes apurados com esse tipo de ação penal, portanto, basta que a autoridade pública fique sabendo da ocorrência do crime para que tome as providências que o caso requer. Não dependerá de autorização da vítima ou de nenhum órgão Estatal para dar andamento à persecução penal! O DELEGADO DE POLÍCIA PODERÁ INSTAURAR O IP DE OFÍCIO SEM DEPENDER DE AUTORIZAÇÃO DO OFENDIDO. O MP PODERÁ OFERECER A DENÚNCIA SEM AUTORIZAÇÃO DO OFENDIDO DESDE QUE TENHA JUSTA AUSA. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA Para a ação penal pública incondicionada, temos os seguintes princípios: PR O CE SS O P EN AL A ação penal tem que ser ofertada em face do autor da infração penal. PESSOALIDADE Denota que os responsáveis pela persecução penal são autoridades públicas. AUTORITARIEDADE DIVISIBILIDADE Havendo mais de um infrator (autor do crime), pode o MP ajuizar a demanda somente em face um ou alguns deles, reservando para os outros, o ajuizamento em momento posterior, de forma a conseguir mais tempo para reunir elementos de prova. A ação penal pública incondicionada será exercida por órgãos oficiais do Estado. OFICIALIDADE PR O CE SS O P EN AL A Polícia Judiciária e o Ministério Público estão obrigados a agir se tiverem notícia de crime que deverá ser processado como ação penal pública incondicionada. OBRIGATORIEDADE OFICIOSIDADE A ação penal pública incondicionada deve ser exercida de ofício, assim como IP para apurar essa categoria de infrações penais. B) Ação penal pública condicionada (à representação do ofendido e à requisição do Ministro da Justiça) Temos, aqui, duas hipóteses pertencentes à mesma categoria de ação penal, a ação penal pública condicionada. Aplica-se a esta espécie de ação penal tudo o que foi dito a respeito da ação penal pública, havendo, no entanto, alguns pontos especiais. PR O CE SS O P EN AL Aqui, para que o MP (titular da ação penal) possa exercer legitimamente o seu direito de ajuizar a ação penal pública, deverá estar presente uma condição de procedibilidade , que é a representação do ofendido ou a requisição do Ministro da Justiça, a depender do caso. Frise-se que, em regra, a ação penal é pública e incondicionada. Somente será condicionada se a lei expressamente dispuser neste sentido. AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO A ação penal pública condicionada à representação é muito parecida com a incondicionada. Seu titular continua sendo o Ministério Público (afinal de contas, ela ainda é uma espécie de ação penal pública). A diferença principal é simples: em crimes de ação penal pública condicionada a representação, as autoridades públicas dependerão da representação da vítima ou de quem tenha capacidade para representá-la para que possam atuar na persecução penal! O DELEGADO DE POLÍCIA SÓ PODERÁ INSTAURAR O IP SE FOR AUTORIZADO PELO OFENDIDO OU POR SEU REPRESENTANTE LEGAL O MP SÓ PODERÁ OFERECER A DENÚNCIA SE FOR AUTORIZADO PELO OFENDIDO OU POR SEU REPRESENTANTE LEGAL PR O CE SS O P EN AL IMPORTANTE! A representação do ofendido, nesse caso, é chamada de condição de procedibilidade! PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO Vejamos quais são os princípios que regem especificamente a ação penal pública condicionada à representação do ofendido: A ação penal tem que ser ofertada em face do autor da infração penal. PESSOALIDADE Denota que os responsáveis pela persecução penal são autoridades públicas. AUTORITARIEDADE PR O CE SS O P EN AL DIVISIBILIDADE Havendo mais de um infrator (autor do crime), pode o MP ajuizar a demanda somente em face um ou alguns deles, reservando para os outros, o ajuizamento em momento posterior, de forma a conseguir mais tempo para reunir elementos de prova. A ação penal pública incondicionada será exercida por órgãos oficiais do Estado. OFICIALIDADE O ofendido só irá representar pela prestação jurisdicional se tiver interesse. OPORTUNIDADE Na ação condicionada à representação, não estão presentes os princípios da oficiosidade nem da obrigatoriedade, pois este tipode ação penal depende essencialmente da representação do ofendido! Devemos frisar as seguintes diferenças: 1. PR O CE SS O P EN AL 2. No lugar dos princípios anteriores, surge o princípio da oportunidade, visto que o ofendido só irá representar se tiver interesse (se considerar oportuno o exercício desse direito). IMPORTANTE! Embora a ação penal pública condicionada à representação seja regida pela oportunidade e não pela obrigatoriedade, se o ofendido representar e existir justa causa para a ação penal, o MP não poderá deixar de atuar! O prazo para que o ofendido ofereça a representação é em regra de 6 meses, a contar da data do conhecimento da autoria. A representação admite retratação, mas somente até o oferecimento da denúncia (cuidado! Costumam colocar em provas de concurso que a retratação pode ocorrer até o recebimento da denúncia. Isto está errado! É uma pegadinha!) PROCEDIMENTOS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO PR O CE SS O P EN AL Admite-se, ainda, a retratação da retratação. Ou seja, a vítima oferece a representação e se retrata (volta atrás). Posteriormente, a vítima resolve oferecer novamente a representação. Em casos de crimes que envolvam violência doméstica contra a mulher, o procedimento de retratação muda um pouco: Caso ajuizada a ação penal sem a representação, esta nulidade processual pode ser sanada posteriormente, caso a vítima a apresente em Juízo (desde que realizada dentro do prazo de seis meses que a vítima possui para representar, nos termos do art. 38 do CP). Não se exige forma específica para a representação, bastando que descreva claramente a intenção de ver o infrator ser processado. A representação não pode ser dividida quanto aos autores do fato. Ou se representa em face de todos eles, ou não há representação, pois esta não se refere propriamente aos agentes que praticaram o delito, mas ao fato. • Nesse caso, excepcionalmente, a retratação pode se dar até o recebimento da denúncia. • No entanto, será necessária a realização de uma audiência específica para que a vítima retrate a representação, diante do Juiz PR O CE SS O P EN AL A legitimidade para oferecer a representação é do ofendido, se maior de 18 anos e capaz (art. 34 do CP). Embora o dispositivo legal estabeleça que se o ofendido tiver mais de 18 e menos de 21 anos tanto ele quanto seu representante legal possam apresentar a representação, este artigo perdeu o sentido com o advento do Novo Código Civil em 2002, que estabeleceu a maioridade civil em 18 anos. Se ofendido falecer, aplica-se a ordem de legitimação prevista no art. 24, § 1° do CPP . É importante observar que essa ordem deve ser observada. A Doutrina equipara o companheiro ao cônjuge. Se o ofendido for menor de idade, o prazo, para ele, só começa a fluir quando este completar 18 anos. Se a vítima vier a falecer, o prazo começa a correr para os legitimados (cônjuge, ascendente, etc.) quando tomarem conhecimento do fato ou de sua autoria (art. 38, § único do CPP) ou, no caso de já ser conhecido, da data do óbito da vítima. A representação pode ser oferecida perante o MP, a autoridade policial ou mesmo perante o Juiz. PR O CE SS O P EN AL AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REQUISIÇÃO Para que o Ministério Público possa agir, certos crimes exigem a necessidade de autorização por parte do Ministro da Justiça. A requisição nada mais é do que um ato de conveniência política a respeito da persecução penal. Nessa hipótese, a possibilidade de intervenção punitiva está submetida inicialmente à discricionariedade do Ministro da Justiça. Prevista apenas para determinados crimes, nos quais existe um juízo político acerca da conveniência em vê-los apurados ou não. São poucas as hipóteses, citando, como exemplo, o crime cometido contra a honra do Presidente da República (art. 141, I, c/c art. 145, § único, do CP). Diferentemente do que ocorre com a representação, não há prazo decadencial para o oferecimento da requisição, podendo esta ocorrer enquanto não estiver extinta a punibilidade do crime. A maioria da Doutrina entende que não cabe retratação dessa requisição, ao contrário do que ocorre com a representação do ofendido, por não haver previsão legal e por se tratar a requisição, de um ato administrativo. O MP não está vinculado à requisição, podendo deixar de ajuizar a ação penal. PR O CE SS O P EN AL REQUISIÇÃO DO MJ REQUISIÇÃO AQUI NÃO TEM SINÔNIMO DE ORDEM Trata-se de mera autorização do MJ para que o MP possa atuar. A LEGITIMIDADE É DO MINISTRO DA JUSTIÇA PRAZO: NÃO HÁ PREVISÃO LEGAL. RETRATAÇÃO: NÃO HÁ PREVISÃO LEGAL. Predomina na doutrina a impossibilidade de retratação. C) Ação penal pública privada É aquela modalidade de ação penal em que o legislador por questão de política criminal, atribuiu a titularidade à vítima (querelante). O legislador atribuiu a atitularidade a vítima nesses crimes por entender que aqui viola-se a intimidade da vitima sendo superior ao interesse público. PR O CE SS O P EN AL DIFERENÇAS DA AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO E A AÇÃO PENAL PRIVADA A titularidade é do Estado; A representação do ofendido é condição de procedibilidade; A ação é iniciada pela denúncia. A titularidade é do ofendido; O ofendido é chamado de querelante e o autor é o querelado; Se procede mediante queixa e não representação. APP CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO AÇÃO PENAL PRIVADA IMPORTANTE! O direito de punir continua sendo do ESTADO, o que se transfere é a legitimidade para o oferecimento da ação penal. PR O CE SS O P EN AL APP CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO O OFENDIDO REPRESENTA O MP OFERECE A DENÚNCIA AÇÃO PENAL PRIVADA O OFENDIDO OFERECE QUEIXA O PRÓPRIO OFENDIDO É QUE INGRESSA EM JUIZO IMPORTANTE! A queixa-crime por sua vez é o instrumento de oferecimento da ação penal privada, que deve ser realizada pelo querelante (ofendido), devidamente representado por advogado. Ela se equipara à denúncia na ação penal pública! PR O CE SS O P EN AL LEGITIMIDADE DA AÇÃO PENAL PRIVADA Cabe ao ofendido ou ao seu representante - art. 30, CPP. Mas se o ofendido morrer ou for declarado ausente, o direito de oferecer queixa ou prosseguir na ação já intentada passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 31, CPP), nesta ordem de preferência. No caso de ofendidos menores de 18 anos (ou incapazes por outro motivo, tais como pessoas com enfermidades mentais que lhes restrinjam a capacidade de entendimento), estes podem ser representados por curador especial, que pode ser nomeado a requerimento do MP ou até mesmo de ofício, pelo Juiz. PRINCÍPIOS DA AÇÃO PENAL PRIVADA INDIVISIBILIDADE Em caso de concurso de agentes, o querelante está obrigado a oferecer a ação penal contra todos aqueles que praticaram o fato delituoso contra si. O particular possui o direito de desistência da ação penal privada. DISPONIBILIDADE Note, portanto, que a ação penal privada não é regida pela oficialidade, obrigatoriedade, oficiosidade e autoritariedade, que são princípios relacionados com a titularidade do estado sobre a ação penal! OBRIGATORIEDADE DE ADVOGADO O ofendido irá intentar a ação penal privada diretamente. Entretanto, este em regra não possui capacidade postulatória, que é a capacidade de praticar atos processuais, conferida por lei ao advogado. Nesse sentido, é obrigatório que o querelante se faça representar por advogado para que possa oferecer a ação penal iIMPORTANTE! Se o próprio ofendido for advogado (regularmente inscrito na OAB), poderá representar a si próprio, tendo em vista que não lhe faltará capacidade postulatória. PR O CE SS O P EN AL PESSOALIDADE A ação penal tem que ser oferecida em face do autor do delito. O ofendido só irá oferecer queixa pela prestação jurisdicional se tiver interesse. OPORTUNIDADE Se o querelante não dispuser de meios para pagar um advogado em causaprópria, bastará que este comprove sua pobreza para que o juiz nomeie um advogado que promova a ação penal privada em seu nome. Art. 32. Nos crimes de ação privada, o juiz, a requerimento da parte que comprovar a sua pobreza, nomeará advogado para promover a ação penal. § 1ºConsiderar-se-á pobre a pessoa que não puder prover às despesas do processo, sem privar-se dos recursos indispensáveis ao próprio sustento ou da família. § 2º Será prova suficiente de pobreza o atestado da autoridade policial em cuja circunscrição residir o ofendido. PR O CE SS O P EN AL ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL PRIVADA Inicialmente precisamos compreender que existem três espécies: a regular, a personalíssima e a subsidiaria da pública. AÇÃO PENAL PRIVADA EXCLUSIVA É a modalidade de ação penal privada clássica. É aquela na qual a Lei entende que a vontade do ofendido em ver ou não o crime apurado e o infrator processado são superiores ao interesse público em apurar o fato. PR O CE SS O P EN AL O prazo para ajuizamento da ação penal privada (queixa) é decadencial de seis meses, e começa a fluir da data em que o ofendido tomou ciência de quem foi o autor do delito. O STF e o STJ entendem que se a queixa foi ajuizada dentro do prazo legal, mas perante juízo incompetente, mesmo assim terá sido interrompido o prazo decadencial, pois o ofendido não ficou inerte. A queixa pode ser oferecida pessoalmente ou por procurador, desde que se trate de procuração com poderes especiais, nos termos do art. 44 do CPP. Caso o ofendido venha a falecer, poderão ajuizar a ação penal: Cônjuge Ascendente Descendente Irmão Deve ser respeitada esta ordem Se já foi ajuizada a ação penal – Possuem o prazo de 60 dias, sob pena de perempção. Se ainda não foi ajuizada a ação penal – O prazo começa a correr a partir do óbito do ofendido, exceto se ainda não se sabia, nesse momento, quem era o provável infrator. Quando o começa a correr o prazo para estes legitimados? O prazo, neste caso, varia: PR O CE SS O P EN AL No caso de já ter se iniciado o prazo decadencial de seis meses, com a morte do ofendido esse prazo recomeça do zero? Não. Os sucessores, neste caso, terão como prazo aquele que faltava para o ofendido. Ex.: Se havia transcorrido 04 meses do prazo, os sucessores terão apenas 02 meses para ajuizar a ação penal. O ofendido pode renunciar ao direito de ajuizar a ação (queixa), e se o fizer somente a um dos infratores, a todos se estenderá, por força do art. 49 do CPP: Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá. A renúncia só pode ocorrer antes do ajuizamento da demanda e pode ser expressa ou tácita. Com relação à renúncia tácita (decorrente da não inclusão de algum dos infratores na ação penal), o STJ firmou entendimento no sentido de que a omissão do querelante (ausência de inclusão de algum dos infratores) deve ter sido VOLUNTÁRIA, ou seja, ele deve ter, de fato, querido não processar o infrator. Em se tratando de omissão INVOLUNTÁRIA (mero esquecimento, por exemplo), não se pode considerar ter ocorrido renúncia tácita, devendo o MP requerer a intimação do querelante para que se manifeste quanto aos demais infratores.12 Após o ajuizamento da demanda o que poderá ocorrer é o perdão do ofendido. Nos termos do art. 51 do CPP: Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar. PR O CE SS O P EN AL O perdão, à semelhança do que ocorre com a renúncia ao direito de queixa, também pode ser expresso ou tácito. No primeiro caso, é simples, decorre de manifestação expressa do querelante no sentido de que perdoa o infrator. No segundo caso, decorre da prática de algum ato incompatível com a intenção de processar o infrator (ex.: Casar-se com o infrator). O perdão pode ser: • Judicial (processual) – quando oferecido pelo querelante dentro do processo • Extrajudicial (extraprocessual) – quando o querelante oferece o perdão FORA do processo (não o faz em manifestação processual) Diferentemente da renúncia, que é ato unilateral (não depende de aceitação), o perdão é ato bilateral, ou seja, deve ser aceito pelo querelado: Art. 58. Concedido o perdão, mediante declaração expressa nos autos, o querelado será intimado a dizer, dentro de três dias, se o aceita, devendo, ao mesmo tempo, ser cientificado de que o seu silêncio importará aceitação. Parágrafo único. Aceito o perdão, o juiz julgará extinta a punibilidade. Assim, uma vez oferecido o perdão, o querelado será intimado para, em 03 dias, dizer se aceita o perdão, valendo o silêncio como aceitação. Todavia, é importante ressaltar que, em razão do princípio da indivisibilidade da ação penal privada, o perdão oferecido a um dos infratores se estende aos demais. Porém, se algum deles recusar, isso não prejudica o direito dos demais. PR O CE SS O P EN AL Na ação penal privada pode ocorrer, ainda, a perempção da ação penal, que é a perda do direito de prosseguir na ação como punição ao querelante que foi inerte ou negligente no processo. As hipóteses estão previstas no art. 60 do CPP. AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA O direito a esse tipo de ação penal surge quando o MP, no exercício de sua titularidade da ação penal pública, não cumpre os prazos impostos por lei. Ou seja: Uma ação penal pública deveria ter sido intentada pelo órgão ministerial no prazo, e não foi. Com isso, a vítima passa a ter o direito de ela própria ingressar em juízo, visto que não é obrigada a aguardar indefinidamente que o MP ofereça a denúncia. DELITO DE AÇÃO PENAL PÚBLICA É PRATICADO O IP É FINALIZADO E ENCAMINHADO AO MP O MP PERDE O PRAZO LEGAL PARA MANIFESTAR-SE SURGE O DIREITO DE AP PRIVADA SUBSIDIÁRIA PARA O OFENDIDO PR O CE SS O P EN AL É importante notar que, embora o MP tenha “pisado na bola” e não tenha se manifestado em tempo, a ação de origem ainda é pública, e a titularidade da ação penal pública é do MP, motivo pelo qual o MP ainda possuirá muito mais influência no trâmite da ação penal privada subsidiária da pública do que ele possui na ação penal privada comum. Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal Por fim, não é admissível o perdão do ofendido na ação penal privada subsidiária da pública, pois se trata de ação originariamente pública, na qual só se admitiu o manejo da ação privada em razão de uma circunstância temporal. O MP requer a realização de novas diligências Promove o arquivamento do IP Adota outras providências IMPORTANTE! Para que surja o direito de ajuizamento da queixa-crime subsidiária, é necessário que haja INÉRCIA do MP. Assim, não cabe ação penal privada subsidiária da pública se: PR O CE SS O P EN AL Trata-se de modalidade de ação penal privada exclusiva, cuja única diferença é que, nesta hipótese, somente o ofendido (mais ninguém, em hipótese nenhuma!) poderá ajuizar a ação. Assim, se o ofendido falecer, nada mais haverá a ser feito, estando extinta a punibilidade, pois a legitimidade não se estende aos sucessores, como acontece nos demais crimes de ação privada. Além disso, se o ofendido é menor, o seu representante não pode ajuizar a demanda. Assim, deve o ofendido aguardar a maioridade para ajuizar a ação penal privada. AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA
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