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APS RECURSO ESPECIAL 2

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1 
 
 
 
 
 
RECURSO ESPECIAL Nº 1.654.249 - GO (2017/0031133-3) 
 
 
 
 
 
OSVALDO LUIS NANNICKEL 
RA – B955GE4 
 
 
ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS 
 
 
 
 
Trabalho apresentado como 
exigência para a avaliação do 
Segundo bimestre em disciplinas 
do curso de Direito da 
Universidade Paulista sob 
orientação dos professores do 
semestre. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SOROCABA 
2021 
 
 
 
 
2 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A coisa mais indispensável a um homem é reconhecer 
o uso que deve fazer do seu próprio conhecimento.” “A 
punição que os bons sofrem, quando se recusam a agir, 
é viver sob o governo dos maus. Platão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
3 
 
SUMÁRIO 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO........................................................,,,,,,,,,,,,.................................,,,.....,.......5 
1. Identificar o problema fático discutido na decisão 
judicial.........................................,,,,,,,,,,,,............................................,.................,,,...........6 
 2. Identificar a decisão do Superior Tribunal de Justiça e quais os fundamentos 
utilizados;...............................................................................................................,,..,....,...7 
3. Pesquisar os fundamentos legais que dão fundamento a assembleia de credores 
na recuperação de empresas e sua importância como órgão do instituto da 
recuperação judicial......................................................................................................,..16 
4 CONCLUSÃO.........................................................................................................,........27 
REFERÊNCIAS............................................................................................................,,....31 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
4 
 
 
PROBLEMA APRESENTADO 
 
 
Problema Apresentado Pesquise o Agravo de Instrumento no Recurso Especial n. 1654249 
(2017/0031133-3-28/11/2017), que se encontra anexo, disponível em 
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado 
. 
 
a) Identificar o problema fático discutido na decisão judicial; 
b) Identificar a decisão do Superior Tribunal de Justiça e quais os fundamentos 
utilizados; 
c) Pesquisar os fundamentos legais que dão fundamento a assembleia de credores 
na recuperação de empresas e sua importância como órgão do instituto da 
recuperação judicial. O texto deverá conter no máximo 60 linhas e conter referência 
bibliográfica de obras e artigos pesquisados pelo grupo. 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
RELATORA: MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI AGRAVANTE: VISAO 
DISTRIBUIDORA DE MATERIAIS DE CONSTRUCAO - EIRELI - ME - EM 
RECUPERAÇÃO JUDICIAL ADVOGADOS: MURILLO MACEDO LÔBO E OUTRO(S) - 
GO014615 FÁBIO SANTANA NASCIMENTO - GO026358 WALDÊ DE SOUZA FARIA 
JÚNIOR - GO038831 AGRAVADO: BANCO DO BRASIL S/A ADVOGADO: LUIZ 
GONZAGA SOARES GIL - GO024200 INTERES: DUX ADMINISTRAÇÃO JUDICIAL 
ADVOGADO: DIOGO SIQUEIRA JAYME - GO027769 EMENTA AGRAVO INTERNO. 
RECURSO ESPECIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. APROVAÇÃO DO PLANO DE 
RECUPERAÇÃO. NULIDADE DA ASSEMBLEIA. POSSIBILIDADE DE IMPUGNAÇÃO 
PELA VIA JUDICIAL. 
REEXAME DE PROVA. 1. Ressalvada a viabilidade econômica da empresa em 
recuperação judicial, submete-se ao crivo do Poder Judiciário, nos termos da Lei 
11.101/2005, o exame da legalidade dos procedimentos para a fruição do favor legal, entre 
eles as formalidades necessárias à validade da assembleia de credores que aprovou o 
plano de recuperação judicial. Precedentes. 2. Inviável a análise do recurso especial 
quando dependente de reexame de matéria fática da lide (Súmula 7 do STJ). 3. Agravo 
interno a que se nega provimento. 
 
Este trabalho integra as Atividades Práticas Supervisionadas (APS), sendo este 
semestral, interdisciplinar, extraclasse e em equipe, do Curso de Direito da Universidade 
Paulista – UNIP – CIDADE/UF.O presente trabalho tem por objetivo principal analisar e 
apresentar soluções cabíveis no caso exposto regido pelo tema do Contrato em geral e a 
Função Social do Contrato. O cerne de questão que será analisada primeiramente com 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado
5 
 
5 
 
base na lei e posteriormente buscando entendimento jurisprudencial para que seja feita 
dessa forma um aprofundamento em relação ao tema. Por fim, será apresentado um 
parecer jurídico sobre a possível solução para o caso concreto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
6 
 
ANÁLISE 
 
 
a) Identificar o problema fático discutido na decisão judicial; 
 
VISAO DISTRIBUIDORA DE MATERIAIS DE CONSTRUCAO - EIRELI – ME entrou com 
recuperação judicial com agravo interno tendo seu provimento negado por unanimidade 
pela quarta turma TRF 5º região. 
 
Alega que foram utilizadas premissas errôneas, diante do que se pretende, diversamente 
do percebido, é a atuação do Poder Judiciário para evitar as violações cometidas pelo 
julgado estadual. Sustenta que ocorreu o prequestionamento do art. 35, inciso I, alínea "f", 
da Lei 11.101/2005, porque o dispositivo legal constou da ementa do acórdão recorrido. 
Adiciona que o contexto fático descrito pelo TJGO deturpa a verdade real acerca da 
existência de prejuízo aos demais credores e de excessos praticados pelo administrador 
judicial, não se aplicando a Súmula 7/STJ à questão. Afirma que os temas relativos à 
ilegitimidade passiva do Banco do Brasil para arguir a nulidade e a necessidade o quórum 
mínimo de 25% dos credores para convocar a assembleia são matérias de ordem pública, 
portanto dispensam o prequestionamento, que de todo modo está presente. Insiste que há 
equívoco quanto à delimitação da controvérsia porque, contrariamente ao consignado, é a 
aprovação de aditivo e não a substituição da proposta do plano de recuperação judicial, o 
que dispensa a publicação de edital, conforme autorizado pelo art. 56, § 3º, da Lei 
11.101/2005, sem causar prejuízo aos credores ausentes, premissa que não foi afastada 
pelo decisório agravado, devendo proporcionar a reforma do julgado estadual por este 
fundamento. Por fim, reitera o pedido de concessão de efeito suspensivo porque a 
assembleia está prevista para ocorrer nos dias 30 de maio e 7 de junho de 2017. Intimado, 
o Banco do Brasil S.A. se manifesta às fls. 277/680, em impugnação, no sentido de que 
não foram combatidos na integralidade os fundamentos da decisão agravada, cabendo a 
incidência da Súmula 182/STJ, com aplicação dos arts. 1.021, § 4º, e 85, §§ 1º e 11, do 
Código de Processo Civil atual. 
 
1. Ressalvada a viabilidade econômica da empresa em recuperação judicial, submete-se 
ao crivo do Poder Judiciário, nos termos da Lei 11.101/2005, o exame da legalidade dos 
procedimentos para a fruição do favor legal, entre eles as formalidades necessárias à 
 
 
7 
 
7 
 
validade da assembleia de credores que aprovou o plano de recuperação judicial. 
Precedentes. 
2. Inviável a análise do recurso especial quando dependente de reexame de matéria fática 
da lide (Súmula 7 do STJ). 
3. Agravo interno a que se nega provimento. 
ACÓRDÃO. A ministra ao analisar o processo analisou que a recuperação judicial deverá 
ocorrer por via judicial e nos trâmites legais. 
O problema fático é não provimento do agravo interno por unanimidade da quarta turma a 
Quarta Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo interno, nos termos do voto 
da Sra. Ministra Relatora. 
Os Srs. Ministros Antônio Carlos Ferreira (Presidente), Marco Buzzi, Lázaro Guimarães 
(Desembargador convocado do TRF 5ª Região) e Luis Felipe Salomão votaram com a Sra. 
Ministra Relatora. Após a decisão doa cordão. 
 
2- Identificar a decisão do Superior Tribunal de Justiça e quais os fundamentos 
utilizados; 
 
MINISTRA MARIA ISABELGALLOTTI (Relatora): Não merece reforma a decisão 
agravada. Constou claramente na decisão ora agravada que o requisito da legalidade não 
obteve observância estrita na assembleia que aprovou o plano de recuperação judicial, 
circunstância que exige a interferência do Poder Judiciário, eis que não se trata meramente 
na análise da viabilidade econômica do empreendimento. Para rechaçar as conclusões a 
que chegou o Tribunal de origem, somente com o reexame do contexto fático e probatório, 
tentame de impossível realização em razão do enunciado 7 da Súmula desta Corte. Dessa 
forma, a agravante não trouxe novos elementos tendentes à reforma da decisão, que reitero 
por seus próprios fundamentos (fls. 648/658): Cuida-se de recurso especial interposto com 
fulcro nas alíneas "a" e "c" do inciso III do art. 105 da Constituição Federal, visando à 
reforma de acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás que deu provimento a agravo 
de instrumento manejado pelo Banco do Brasil S.A. em face da decisão do Juízo que 
homologou o plano de recuperação judicial e concedeu o favor legal. A ementa possui a 
seguinte redação (fls. 461/462): 
As deliberações tomadas pelos credores, não impedem o Judiciário de promover um 
controle quanto à licitude das providências decididas em assembleia, devendo a vontade 
8 
 
8 
 
dos credores ser respeitada nos limites da lei, diante do que, Documento: 1658382 - Inteiro 
Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 28/11/2017 Página 3 de 4 Superior Tribunal de 
Justiça o plano de recuperação aprovado poderá ser considerado nulo, sendo-lhe negada 
a homologação judicial pretendida. 2. Existindo a implementação de aditivo ao plano de 
recuperação judicial originário e sendo explicadas as mudanças ocorridas na própria 
assembleia geral de credores realizada, com nítido prejuízo aos credores ausentes e que 
porventura tinham concordado com o plano inicialmente apresentado, há nulidade do 
procedimento por ofensa ao artigo 36 e artigo 56, § 3º, ambos da Lei nº 11.101/2005. 3. O 
administrador judicial excedeu as suas atribuições legais, ao indeferir os pedidos de 
votação, atinentes às teses suscitadas nas objeções opostas por alguns credores, sendo 
que tais matérias são de atribuição da assembleia geral de credores e não do administrador 
judicial, portanto, deveriam ser colocadas em votação, separadamente, a fim de que os 
credores deliberassem sobre cada irregularidade apontada, havendo nítida ofensa ao artigo 
22 e artigo 35, inciso I, alínea "f", ambos da Lei nº 11.101/2005. 4. Concernente às teses 
de ilegalidade do plano de recuperação judicial apresentado pela Agravada, relativas à 
carência de 24 (vinte e quatro) meses para começar o pagamento aos credores, ao deságio 
de 50% (cinquenta por cento) do critério pertencente aos credores quirografários, à 
atualização da dívida sem juros legais, mas, somente, correção monetária pela TR e juros 
de 1% (um por cento) ao ano, ao pagamento total em somente 96 (noventa e seis) meses 
ou 8 (oito) anos, entendo que elas se afiguram prejudicadas, diante da declaração de 
nulidade da assembleia geral de credores, devendo tais questões serem novamente 
apreciadas e votadas na nova assembleia a ser realizada. Opostos embargos de 
declaração pela ora recorrente, foram rejeitados às fls. 478/490. Nas razões do especial, 
Visão Distribuidora de Materiais de Construção - EIRELI - ME - em recuperação judicial, 
alega a violação dos arts. 35, inciso I, alíneas "a" e "f", 36, § 2º, 37 e 56, § 3º, da Lei 
11.101/2005, além de divergência com julgado do TJMG, ao ensejo de que quando da 
alteração do plano de recuperação na assembléia geral de credores não ocorreu violação 
do direito dos Documento: 1658382 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 
28/11/2017 Página 4 de 4 Superior Tribunal de Justiça credores ausentes, estando o 
colegiado autorizado a promover os ajustes que entender necessários, diante de que se 
cuida de direitos disponíveis, como consta do acórdão paradigmático, aliás, de modo que 
não existe a necessidade de publicação de outro edital convocatório. Adiciona que apenas 
9 
 
9 
 
os credores presentes sofreram a diminuição dos seus créditos, de modo que o Banco do 
Brasil, que compareceu à sessão, não é parte legítima para questionar o resultado, devendo 
se submeter à vontade da maioria. Sustenta que o administrador judicial não se excedeu e, 
ainda que houvesse irregularidades, ficariam sanadas pela aprovação. Alega que apenas 
25% dos credores de determinada categoria podem fazer a convocação da assembleia, de 
modo que não é admissível o acórdão se substituir ao quorum legal para determinar que 
outra seja realizada. Por fim, aduz que eventuais irregularidades não eram objeto da 
assembleia geral de credores, por isso não havia espaço para discussão. Nas 
contrarrazões de fls. 583/588, o Banco do Brasil S.A. assere que a recorrente não 
demonstrou a violação dos dispositivos legais; que a peça possui motivação deficiente, 
sendo-lhe aplicável o Verbete 284 da Súmula do STF; que o propósito é o reexame dos 
fatos, vedado pela Súmula 7/STJ; e que a divergência não está comprovada, sujeitando o 
recurso à incidência da Súmula 83 desta Corte. Às fls. 596/612, Dux Administração Judicial 
se manifesta em apoio à insurgência. A admissibilidade positiva deveu-se à decisão de fls. 
616/620, que não expõe os motivos da conclusão favorável. Por intermédio da Petição 
159.543/2007, a recorrente comunica a existência de fato novo, consistente no 
agendamento de nova assembleia geral de credores para os dias 30.5.2017 e 7.6.2017, 
circunstância que, no seu entender, pode tornar prejudicado o especial, por perda de objeto, 
motivo por que formula pedido de concessão de efeito suspensivo, baseando-se na 
viabilidade do recurso, a título de fumus boni juris, enquanto a possibilidade de sofrer 
prejuízo e despender vultosos gastos com a realização de outra sessão, sendo válida a 
anterior, confere-lhe o periculum in mora (fls. 636/646). Assim delimitada a questão, aprecio 
o apelo. Documento: 1658382 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 28/11/2017 
Página 5 de 4 Superior Tribunal de Justiça Inicialmente, destaco que o acórdão recorrido 
foi publicado antes da entrada em vigor da Lei 13.105, de 2015, estando o recurso sujeito 
aos requisitos de admissibilidade do Código de Processo Civil de 1973, conforme 
Enunciado Administrativo 2/2016 desta Corte. Incide o enunciado 211 da Súmula do STJ 
quanto à alegada violação dos arts. 35, inciso I, alínea "f", e 36, § 2º, da Lei 11.101/2005, 
assim como aos temas relativos à legitimidade da instituição financeira para questionar a 
aprovação do plano e ao quorum mínimo de 25% por categoria de credores para 
convocação de outra, por ausência de prequestionamento, nada obstante a oposição dos 
embargos de declaração, não encontrando, assim, condições de análise na instância 
10 
 
10 
 
especial, mormente porque não levantada a negativa de vigência do art. 535 do Código de 
Processo Civil de 1973. Verifica-se, por outro lado, que foi consignado no julgamento da 
apelação cível, às fls. 450/457, que, apesar de o Poder Judiciário não estar autorizado a se 
imiscuir no exame da viabilidade econômica do plano de recuperação judicial, deve zelar 
pela legalidade do procedimento, requisito que não ficou satisfeito na hipótese dos autos, 
conforme as irregularidades que foram assim descritas, verbis: Conquanto a assembleia 
geral de credores seja soberana para apreciar o plano de recuperação judicial, afirmam 
Luiz Roberto Ayoub e Cássio Cavalli, "o juiz deverá controlar a legalidade da assembleia. 
Vale dizer, o juiz deverá controlar a regularidade do procedimento de deliberação 
assemblear, verificando a regularidade do exercício do direito de voto pelos credores, bem 
como depurar do plano aprovado as cláusulas que não observem os limites legais. 
Conforme se lê do Enunciado44 da Primeira Jornada de Direito Comercial do Conselho da 
Justiça Federal: A homologação de plano de recuperação judicial aprovado pelos credores 
está sujeita ao controle judicial de legalidade" (in A Construção Jurisprudencial da 
Recuperação Judicial de Empresas, Ed. Forense GV-RIO, 2013, pág. 2454). Grifei. No 
caso, não obstante a convicção que tenho de que o Tribunal não deve inferir no negócio 
aprovado na assembleia geral de credores, salvo nas hipóteses apontadas, e muito 
Documento: 1658382 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 28/11/2017 Página 
6 de 4 Superior Tribunal de Justiça embora o plano de recuperação judicial da Agravada 
tenha sido aprovado pela maioria expressiva dos credores, não é possível a sua 
manutenção, portanto houve irregularidades que feriram a norma de regência (Lei 
11.101/2005 - Regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da 
sociedade empresária). DAS NULIDADES OCORRIDAS NA ASSEMBLEIA GERAL DOS 
CREDORES A priori, diante das várias nulidades suscitadas pelos credores, eventualmente 
ocorridas durante a assembleia geral, a ensejar a reforma da decisão que homologou, com 
ressalvas, o plano de recuperação judicial apresentado pela Insurgida, reporto-me, 
diretamente, às nulidades que ora reconheço pertinentes. A primeira nulidade a ensejar a 
ilegalidade da assembleia geral de credores ocorrida no dia 27/11/2014 (fl. 275), refere-se 
à ausência de retificação ou publicação de novo edital com prazo hábil, delimitando o novo 
plano de recuperação judicial apresentado pela Recorrida, pois houve a realização de um 
"aditivo" ao plano original, modificando, com efetivo prejuízo aos credores, principalmente 
aos ausentes na assembleia, haja vista que houve a alteração em relação ao deságio, 
11 
 
11 
 
carência, forma de pagamento e prazo para cumprimento do plano de recuperação. Nestes 
termos, existiu descumprimento da regra do aritgo 36 e artigo 56, § 3º, ambos da Lei nº 
11.101/2005, verbis: "Art.36. A assembleia-geral de credores será convocada pelo juiz por 
edital publicado no órgão oficial e em jornais de grande circulação nas localidades da sede 
e filiais, com antecedência mínima de 15 (quinze) dias, o qual conteráI: I - local, data e hora 
da assembleia em 1ª (primeira) e em 2ª (segunda) convocação, não podendo esta ser 
realizada menos de 5 (cinco) dias depois da 1ª (primeira); II - a ordem do dia; III - local onde 
os credores poderão, se for o caso, obter cópia do plano de recuperação judicial a ser 
Documento: 1658382 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 28/11/2017 Página 
7 de 4 Superior Tribunal de Justiça submetido à deliberação da assembleia. Art. 56. 
Havendo objeção de qualquer credor ao plano de recuperação judicial, o juiz convocará a 
assembleia-geral de credores para deliberar sobre o plano de recuperação § 1º- A data 
designada para a realização da assembleia-geral não excederá 150 (cento e cinquenta) 
dias contados do deferimento do processamento da recuperação judicial. § 2º- A 
assembleia-geral que aprovar o plano de recuperação judicial poderá indicar os membros 
do Comitê de Credores, na forma do art. 26 desta Lei, se já não estiver constituído. § 3º- O 
plano de recuperação judicial poderá sofrer alterações na assembleia-geral, desde que haja 
expressa concordância do devedor e em termos que não impliquem diminuição dos direitos 
exclusivamente dos credores ausentes". Grifei. No caso em epígrafe, o Edital de 
Convocação dos Credores foi publicado antes da apresentação do "aditivo ao Plano de 
Recuperação Judicial", tanto que as novas cláusulas foram apresentadas aos credores 
somente na própria assembleia realizada (fls. 277/278), não conferindo prazo suficiente 
para a análise das novas disposições, violando os princípios do contraditório e da ampla 
defesa. A segunda nulidade da assembleia realizada, volta-se às decisões tomadas pelo 
administrador judicial da recuperação judicial em voga. Prescreve o artigo 22 da Lei nº 
11.101/2005, ad litteram: "Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do 
juiz e do Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe: I - na recuperação judicial 
e na falência: a) enviar corresnpondência aos credores constantes na relação de que trata 
o inciso III do caput do art. 51, o Documento: 1658382 - Inteiro Teor do Acórdão - Site 
certificado - DJe: 28/11/2017 Página 8 de 4 Superior Tribunal de Justiça inciso III do caput 
do art. 99 ou o inciso II do caput do art. 105 desta Lei, comunicando a data do pedido de 
recuperação judicial ou da decretação da falência, a natureza, o valor e a classificação dada 
12 
 
12 
 
ao crédito; b) fornecer, com presteza, todas as informações pedidas pelos credores 
interessados; c) dar extratos dos livros do devedor, que merecerão fé de ofício, a fim de 
servirem de fundamento nas habilitações e impugnações de créditos; d) exigir dos credores, 
do devedor ou seus administradores quaisquer informações; e) elaborar a relação de 
credores de que trata o § 2º do art. 7º desta Lei; f) consolidar o quadro-geral de credores 
nos termos do art. 18 desta Lei; g) requerer ao juiz convocação da assembleia-geral de 
credores nos casos previstos nesta Lei ou quanto entender necessária sua ouvida para a 
tomada de decisões; h) contratar, mediante autorização judicial, profissionais ou empresas 
especializadas para, quando necessário, auxiliá-lo no exercício de sua funções; i) 
manifestar-se nos casos previsto nesta Lei; II - na recuperação judicial: a) fiscalização as 
atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperação judicial; b) requerer a 
falência no caso de descumprimento de obrigação assumida no plano de recuperação: c) 
apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatório mensal das atividades do devedor; d) 
apresentar o relatório sobre a execução do plano de recuperação. de que trata o inciso III 
do caput doa art. 63 desta Lei". Grifei. Analisando a ata da assembleia geral de credores 
(fl. 288), vislumbro que o administrador judicial excedeu as suas atribuições legais, 
indeferindo os pedidos de votação, atinentes às teses suscitadas nas objeções opostas por 
alguns credores, sendo que tais matérias é de atribuição da Documento: 1658382 - Inteiro 
Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 28/11/2017 Página 9 de 4 Superior Tribunal de 
Justiça assembleia geral de credores e não do administrador judicial, portanto, devem ser 
colocadas em votação, separadamente, a fim de que eles deliberem sobre cada 
irregularidade apontada. Senão vejamos: "Art. 35. A assembleia-geral de credores terá por 
atribuições deliberar sobre: I - na recuperação judicial: a) aprovação, rejeição ou 
modificação do plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor; b) a constituição 
do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e sua substituição; c) (VETADO) d) o 
pedido de desistência do devedor, nos termos do § 4º do art. 52 desta Lei. e) o nome do 
gestor judicial, quando do afastamento do devedor; f) qualquer outra matéria que possa 
afetar os interesses dos credores". Grifei Esclareço que as demais teses suscitadas neste 
e nos agravos de instrumento interpostos por outros credores (alterações contratuais 
ilícitas, fraudes, contratos simulados, extensão dos efeitos da recuperação judicial ao grupo 
econômico da empresa recuperanda, etc), além de serem de atribuição exclusiva da 
assembleia geral de credores (artigo 35, inciso I, alínea "f", da Lei nº 11.101/2004, não 
13 
 
13 
 
ensejam a nulidade desta, mas, somente, a destituição do administrador da empresa 
recuperanda e a possível nomeação de um gestor judicial, que assumirá a administração 
das atividades da devedora. A conclusão do Tribunal revisor foi obtida pela análise do 
conteúdo fático dos autos, que se situa fora da esfera de atuação desta Corte, nos termos 
dos enunciado 7 da Súmula do STJ. Nesse mesmo sentido, o seguinteprecedente: 
DIREITO PROCESSUAL CIVIL E FALIMENTAR. RECURSO ESPECIAL. RECUPERAÇÃO 
JUDICIAL. PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULAS 211/STJ E Documento: 
1658382 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 28/11/2017 Página 10 de 4 
Superior Tribunal de Justiça 282/STF. FUNDAMENTOS DO ACÓRDÃO NÃO 
IMPUGNADOS. SÚMULA 283/STF. ASSEMBLEIA-GERAL DE CREDORES. PLANO DE 
RECUPERAÇÃO EMPRESARIAL. CONDIÇÕES PRÉVIAS. EXIGÊNCIAS LEGAIS. 
CONTROLE JURISDICIONAL. POSSIBILIDADE. REEXAME DE FATOS E PROVAS. 
INADMISSIBILIDADE. APROVAÇÃO DO PLANO. REQUISITOS. REJEIÇÃO DA 
PROPOSTA. CREDORES DE MESMA CLASSE. TRATAMENTO DIFERENCIADO. 
IMPOSSIBILIDADE. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE 
INTERPOSIÇÃO DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ARTIGOS ANALISADOS: 35, 45 E 
58 DA LFRE. 1. Recurso especial, concluso ao Gabinete em 17/7/2013, no qual se discute 
a possibilidade e os limites do controle jurisdicional sobre os atos praticados pela 
assembleia-geral de credores no procedimento de recuperação judicial. Ação ajuizada em 
27/1/2009. 2. A ausência de decisão acerca dos dispositivos legais indicados como violados 
e quanto aos argumentos deduzidos nas razões recursais obsta o exame da insurgência. 
3. A existência de fundamentos não impugnados do acórdão recorrido – quando suficientes 
para a manutenção de suas conclusões – impede a apreciação do recurso especial. 4. 
Submete-se a controle jurisdicional a análise do preenchimento das condições prévias à 
concessão da recuperação judicial e das exigências legais relativas à elaboração e à 
aprovação do plano. Inteligência do art. 58, caput, da Lei n. 11.101/2005. 5. A proposta de 
recuperação apresentada pelo devedor - por disposição expressa constante dos arts. 45, § 
1º, e 58, caput, da Lei n. 11.101/2005 - deve ser aprovada, na classe dos credores com 
garantia real, pela maioria simples daqueles que comparecerem à assembleia. Não sendo 
aprovado o plano na forma estipulada nos precitados artigos, a Lei n. 11.101/2005, em seu 
art. 58, § 1º, prevê a possibilidade de a recuperação ser concedida mediante a verificação 
de um quórum alternativo. A viabilização dessa hipótese, todavia, exige que o plano não 
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implique concessão de tratamento diferenciado aos credores - integrantes de uma mesma 
classe - que tenham rejeitado a proposta (art. 58, § Documento: 1658382 - Inteiro Teor do 
Acórdão - Site certificado - DJe: 28/11/2017 Página 11 de 4 Superior Tribunal de Justiça 2º, 
da LFRE). 6. A alteração das premissas fáticas assentadas pelo acórdão recorrido não é 
possível na presente via recursal. Incidência da Súmula 7/STJ. 7. A insurgência é 
inadmissível quando o acórdão recorrido decide também com base em fundamento 
constitucional e a parte vencida não interpõe recurso extraordinário. Súmula 126/STJ. 8. 
Negado provimento ao recurso especial. (Terceira Turma, REsp 1.388.051/GO, Rel. 
Ministra NANCY ANDRIGHI, unânime, DJe de 23.9.2013) Tal óbice, por lógica, é extensível 
à divergência (TJMG, AI 10702073476369016 - fl. 512), que, de todo modo, não apresenta 
a indispensável similitude fática, pois a questão em debate não é a possibilidade de a 
assembleia promover alterações no plano de recuperação judicial, é a alteração da 
proposta do plano que seria submetida à assembleia sem a publicação de novo edital, o 
que é coisa diversa. Acolher a tese levantada no especial, portanto, implicaria retirar 
completamente do processo de recuperação judicial a presença do Poder Judiciário, o que 
tornaria desnecessária a edição da Lei 11.101/2005, conforme ponderou o Ministro Paulo 
de Tarso Sanseverino: No mérito, porém, não verifico fumus boni iuris em torno das 
alegações cautelares. Se, de um lado, é certo que o conteúdo do plano de recuperação 
judicial não pode, em princípio, ser objeto de controle por parte do Poder Judiciário, de outro 
não menos certo é que o procedimento adotado pela recuperanda no âmbito do processo 
de recuperação pode e deve ser objeto de apreciação. Não tendo, a princípio, a 
recuperanda atuado antes e durante a assembléia geral em conformidade com a boa-fé 
objetiva, as conclusões do acórdão recorrido merecem ser mantidas até o julgamento final 
do recurso interposto. Tal fundamentação consta do voto do AgRg na MC 20.819/SP, cuja 
ementa é a seguinte: Documento: 1658382 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 
28/11/2017 Página 12 de 4 Superior Tribunal de Justiça AGRAVO REGIMENTAL. MEDIDA 
CAUTELAR. RECURSO ESPECIAL. RECUPERAÇÃO JUDICIAL. ANULAÇÃO DA 
ASSEMBLEIA-GERAL DE CREDORES EM QUE APROVADO O PLANO. "FUMUS BONI 
IURIS". AUSÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. (Terceira Turma, unânime, 
DJe de 9.5.2013) É o que consta da pacífica jurisprudência deste Tribunal Superior, de que 
serve como exemplo o seguinte acórdão: DIREITO EMPRESARIAL. PLANO DE 
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. APROVAÇÃO EM ASSEMBLEIA. CONTROLE DE 
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LEGALIDADE. VIABILIDADE ECONÔMICO-FINANCEIRA. CONTROLE JUDICIAL. 
IMPOSSIBILIDADE. 1. Cumpridas as exigências legais, o juiz deve conceder a recuperação 
judicial do devedor cujo plano tenha sido aprovado em assembleia (art. 58, caput, da Lei n. 
11.101/2005), não lhe sendo dado se imiscuir no aspecto da viabilidade econômica da 
empresa, uma vez que tal questão é de exclusiva apreciação assemblear. 2. O magistrado 
deve exercer o controle de legalidade do plano de recuperação - no que se insere o repúdio 
à fraude e ao abuso de direito -, mas não o controle de sua viabilidade econômica. Nesse 
sentido, Enunciados n. 44 e 46 da I Jornada de Direito Comercial CJF/STJ. 3. Recurso 
especial não provido. (Quarta Turma, REsp 1.359.311/SP, Rel. Ministro LUÍS FELIPE 
SALOMÃO, unânime, DJe de 30.9.2014) Em face do exposto, nego seguimento ao recurso 
especial. Fica prejudicado o pedido incidental de efeito suspensivo (fls. 636/646), por 
incompatibilidade com a presente decisão. Esclareço que em sede de recurso especial se 
examina a controvérsia com base no substrato fático delineado pelas instâncias ordinárias, 
que não pode ser alterado nesta Corte. O mesmo ocorre em relação a questões de ordem 
pública, que não Documento: 1658382 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 
28/11/2017 Página 13 de 4 Superior Tribunal de Justiça dispensam o requisito do 
prequestionamento (Quarta Turma, AgInt no AREsp 53.760/SP, Rel. Ministro Raul Araújo, 
unânime, DJe de 24.5.2017; AgInt no AREsp 362.110/RJ, Rel. Ministro Marco Buzzi, 
unânime, DJe de 23.3.2017; Terceira Turma, AgInt nos EDcl no REsp 1.613.722/PR, Rel. 
Ministro Marco Aurélio Bellizze, unânime, DJe de 1.6.2017; EDcl no REsp 1.545.840/SC, 
Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, unânime, DJe de 30.5.2017). Mantenho, pois, a 
decisão agravada. Por fim, afasto o pleito deduzido em impugnação porque foram 
impugnados os fundamentos da decisão agravada e o processo, que na origem é agravo 
de instrumento, não admite a fixação de verba honorária. Em face do exposto, nego 
provimento ao agravo interno. É como voto. Documento: 1658382 - Inteiro Teor do Acórdão 
- Site certificado - DJe: 28/11/2017 Página 14 de 4 Superior Tribunal de Justiça CERTIDÃO 
DE JULGAMENTO QUARTA TURMA AgInt no Número Registro: 2017/0031133-3 
PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.654.249 / GO Números Origem: 
03604395320158090000 201491156163 201593604394 36043953 
3604395320158090000 PAUTA: 21/11/2017 JULGADO: 21/11/2017 Relatora Exma. Sra. 
Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro ANTONIO 
CARLOS FERREIRA Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. NICOLAO DINO DE 
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CASTRO E COSTA NETO Secretária Dra. TERESA HELENA DA ROCHA BASEVI 
AUTUAÇÃO RECORRENTE : VISAO DISTRIBUIDORA DE MATERIAIS DE 
CONSTRUCAO - EIRELI - ME - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL ADVOGADOS : MURILLO 
MACEDO LÔBO E OUTRO(S) - GO014615 FÁBIO SANTANA NASCIMENTO - GO026358 
WALDÊ DE SOUZA FARIA JÚNIOR - GO038831 RECORRIDO : BANCO DO BRASIL S/A 
ADVOGADO : LUIZ GONZAGA SOARES GIL - GO024200INTERES. : DUX 
ADMINISTRAÇÃO JUDICIAL ADVOGADO : DIOGO SIQUEIRA JAYME - GO027769 
ASSUNTO: DIREITO CIVIL - Empresas - Recuperação judicial e Falência AGRAVO 
INTERNO AGRAVANTE : VISAO DISTRIBUIDORA DE MATERIAIS DE CONSTRUCAO - 
EIRELI - ME - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL ADVOGADOS : MURILLO MACEDO LÔBO 
E OUTRO(S) - GO014615 FÁBIO SANTANA NASCIMENTO - GO026358 WALDÊ DE 
SOUZA FARIA JÚNIOR - GO038831 AGRAVADO : BANCO DO BRASIL S/A ADVOGADO 
: LUIZ GONZAGA SOARES GIL - GO024200 INTERES. : DUX ADMINISTRAÇÃO 
JUDICIAL ADVOGADO : DIOGO SIQUEIRA JAYME - GO027769 CERTIDÃO Certifico que 
a egrégia QUARTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta 
data, proferiu a seguinte decisão: A Quarta Turma, por unanimidade, negou provimento ao 
agravo interno, nos termos do Documento: 1658382 - Inteiro Teor do Acórdão - Site 
certificado - DJe: 28/11/2017 Página 15 de 4 Superior Tribunal de Justiça voto da Sra. 
Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Antonio Carlos Ferreira (Presidente), Marco Buzzi, 
Lázaro Guimarães (Desembargador convocado do TRF 5ª Região) e Luis Felipe Salomão 
votaram com a Sra. Ministra Relatora 
 
Cumpridas as exigências legais, o juiz deve conceder a recuperação judicial do 
devedor cujo plano tenha sido aprovado em assembleia (art. 58, caput, da Lei n. 
11.101/2005), não lhe sendo dado se imiscuir no aspecto da viabilidade econômica da 
empresa, uma vez que tal questão é de exclusiva apreciação assemblear 
 
3-Pesquisar os fundamentos legais que dão fundamento a assembleia de credores 
na recuperação de empresas e sua importância como órgão do instituto da 
recuperação judicial. 
 
A assembleia geral de credores é órgão deliberativo, formado pelos credores sujeitos 
ao processo concursal e de formação obrigatória na recuperação judicial, salvo no caso de 
micros e pequenas empresas, mas de formação facultativa na falência. 
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É importante na recuperação da empresa e dos pagamentos das dívidas 
obedecendo a ordem deliberativa conforme a norma legal. 
Conforme Alberto Camiña Moreira1, é órgão de deliberação e expressão da vontade 
dos credores, considerando que o problema da crise da empresa é um problema que 
envolve a relação débito-crédito de modo coletivo: daí o necessário envolvimento dos 
interessados. 
Segundo Fábio Ulhoa Coelho2, a tarefa de interpretar a vontade da comunhão de 
interesses dos credores é exercida normalmente pelo juiz no momento em que, por 
exemplo, decide sobre a venda de ativos, e pelo administrador judicial, quando, por 
exemplo, realiza a cobrança de créditos da massa falida ou apresenta um plano alternativo 
de recuperação judicial. Entretanto, em algumas hipóteses a lei confere aos próprios 
credores a prerrogativa de expressar suas vontades. São os casos legais de convocação 
da Assembleia Geral de Credores. 
Conforme dispõe o art. 35 da Lei 11.101/2005, a Assembleia Geral de Credores tem 
funções específicas e diversas na recuperação judicial e na falência. Atribuições da 
assembleia geral de credores na Recuperação Judicial 
Na recuperação judicial, caberá à Assembleia Geral de Credores a deliberação 
sobre: aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial apresentado 
pelo devedor. Essa é a principal função da AGC na recuperação judicial. 
Haverá necessidade de convocação da AGC se, apresentado o plano de 
recuperação judicial pela devedora, existir objeção apresentada por qualquer credor, nos 
termos do que dispõe o art. 56 da Lei 11.101/2005. Inexistindo objeção, o plano se 
considera aprovado independentemente de deliberação dos credores em AGC. 
Vale destacar que não há previsão de AGC nos procedimentos especiais de 
recuperação de micro e pequenas empresas. 
Nos procedimentos de recuperação judicial de médias e grandes empresas a AGC 
é o seu ponto central, na medida em que o plano apresentado pela devedora, deverá ser 
discutido e deliberado pelos credores reunidos em Assembleia. 
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Caso aprovado o plano, com observação do quórum legal, o juiz poderá conceder a 
recuperação judicial à devedora, passando-se à fase de fiscalização de seu cumprimento. 
Caso rejeitado o plano, convola-se a recuperação judicial em falência. Há, ainda, a 
possibilidade de alteração do plano, como resultado das discussões havidas em assembleia 
e visando a sua aprovação pelos credores. 
 Deve-se observar, entretanto, que os credores não podem impor modificações ao 
plano, de modo que se a devedora não concordar com as alterações propostas, deve-se 
votar o plano original apresentado pela devedora, cabendo aos credores, se o caso, rejeita-
lo. 
A constituição do comitê de credores, a escolha de seus membros e sua substituição. 
O comitê de credores, cujas funções serão estudadas oportunamente, é formado a partir 
da vontade dos credores que, reunidos em AGC, decidem pela sua formação e composição. 
Trata-se de órgão de rara constituição no processo de recuperação judicial, tendo em vista 
que seus membros estão sujeitos à responsabilidades e não possuem remuneração. 
O pedido de desistência do devedor, nos termos do § 4º do art. 52 da Lei 
11.101/2005. O devedor poderá pedir a desistência da ação de recuperação judicial. 
Se o pedido de desistência foi feito antes da decisão judicial que defere o 
processamento do pedido, poderá o juiz homologa-lo independentemente da vontade dos 
credores. Entretanto, se o processo já teve início, com a decisão de processamento do 
pedido, a desistência deixa de ser ato unilateral da devedora. Caberá à AGC decidir sobre 
o pedido de desistência da ação. Caso o pedido não seja homologado, o processo de 
recuperação deve seguir seus termos com a apresentação e votação do plano de 
recuperação judicial. 
(d) o nome do gestor judicial, quando do afastamento do devedor. Normalmente, 
o devedor continua na gestão de seus negócios, ou seja, não existirá, como regra, a 
interferência do Poder Judiciário na gestão da empresa em recuperação judicial. 
Entretanto, estando presentes as hipóteses previstas no art. 64 da Lei 11.101/2005 
(prática de atos ilícitos e prejudiciais aos credores), o gestor poderá ser substituído por 
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decisão judicial. E caberá aos credores, em AGC, deliberar sobre quem será nomeado 
gestor judicial da empresa. 
Qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores. Além das 
hipóteses elencadas expressamente em lei, poderá o juiz convocar a AGC para deliberação 
de qualquer outra matéria que seja de interesse dos credores na recuperação judicial. 
Nesse sentido, poderá haver deliberação da AGC sobre a necessidade de venda de uma 
UPI e/ou análise de propostas oferecidas pelos interessados na aquisição da UPI. 
Há também a possibilidade dos credores deliberaram pela suspensão da AGC e 
continuação dos trabalhos para data futura, em razão da necessidade de maior negociação. 
Também é possível que os credores deliberem em AGC sobre a modificação de um plano 
já previamente aprovado em AGC anterior. A jurisprudência dos Tribunais vem aceitando o 
aditamento do plano com aprovação da AGC. 
Por fim, vale mencionar que o Congresso Nacional vetou dispositivo que concedia à 
AGC o poder de votar a substituição do administrador judicial e a indicação do nome do seu 
substituto. Isso porque, pretendeu-se deixar ao exclusivo critério do juiz a escolha do 
administrador judicial, reforçando o poder do juiz na condução do processo recuperacional. 
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Atribuições da assembleia geral de credores na falência. 
 
No processo de falência ou de liquidação, a AGC também tem funções específicas 
e distintas daquelas exercitadas durante o processo de recuperação judicial de empresas, 
conforme dispõe o art. 35 da Lei 11.101/2005. 
Nesse sentido, na falência a Assembleia Geral de Credores terá a atribuição de deliberar 
sobre os seguintes temas: 
A constituição do Comitê de Credores, a escolha de seus membros e a sua 
substituição.Assim como no processo de recuperação judicial, também será possível a 
constituição do Comitê de Credores na falência, onde exercerá suas funções deliberativas 
e fiscalizatórias. 
Na prática, sua constituição não se mostra muito frequente, visto que se trata de uma 
fiscalização adicional ao processo, além daquela que já é feita pelo administrador judicial 
nomeado pelo juiz. Ademais, os membros do Comitê de Credores não possuem 
remuneração e estão sujeitos a responsabilidades. 
 A adoção de outras modalidades de realização do ativo, na forma do art. 145 
da Lei 11.101/2005. Em regra, na falência deverão ser empregados os meios típicos de 
venda de ativos, que são aqueles previstos no art. 142 da Lei 11.101/2005, ou seja, leilão, 
propostas ou pregão. Entretanto, considerando as especificidades do caso concreto, é 
possível a adoção de qualquer outra forma de venda, desde que aprovada em AGC pelos 
credores por maioria qualificada de 2/3 dos créditos presentes à AGC, nos termos do que 
dispõe o art. 46 da Lei 1.101/2005. De toda forma, ainda que a forma de venda alternativa 
não seja aprovada pela AGC, caberá ao juiz decidir sobre esse tema, levando em 
consideração os pareceres do administrador judicial e do comitê de credores, se houver. A 
própria lei cita, como forma alternativa de alienação do ativo, a constituição de sociedades 
de credores ou de empregados da devedora, com ou sem participação de terceiros e/ou 
dos atuais sócios. Além disso, na prática se afigura comum a possibilidade de venda direta 
de ativos peculiares, que interessam especificamente a um agente do mercado. Nesses 
casos, deverá haver a concordância dos credores reunidos em AGC. 
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Qualquer outra matéria de interesse dos credores na falência. Da mesma forma que 
ocorre nas recuperações judiciais, conforme já visto, também na falência os credores 
poderão deliberar em AGC qualquer outra matéria que seja de seu interesse. Cita-se como 
exemplos frequentes desse tipo de deliberação em casos de falência, a conveniência de 
alienação de ativos por valores muito inferiores ao da avaliação, a doação de ativos e a 
deliberação sobre proposta de pagamento parcial com encerramento da falência. 
Por fim, destaca-se que também em relação à falência, foi vetado dispositivo que 
concedida à AGC o poder de votar a substituição do administrador judicial e a indicação de 
seu substituto. Dessa forma, o legislador pretendeu deixar essa questão ao critério 
exclusivo do juiz, reforçando seus poderes de condução do processo. 
 Convocação da assembleia geral de credores 
O art. 36 da Lei 11.101/2005 regula, em detalhes, como deverá ser feita a 
convocação da AGC. 
Conforme Ana Cristina Baptista Campi e Fabrício Passos Magro3, “para que a 
assembleia geral de credores seja convocada, é necessário que sejam atendidos alguns 
requisitos previstos na Lei 11.101/2005 sem os quais não haverá possibilidade de se 
convocar o conclave, convocação esta que sempre será efetuada pelo juiz-presidente do 
processo”. 
A assembleia geral de credores deverá ser convocada pelo juiz por edital publicado 
no órgão oficial e em jornais de grande circulação nas localidades da sede e filiais, com 
antecedência mínima de 15 dias. 
O juiz pode convocar a AGC nas hipóteses legais ou sempre que entender que a 
convocação dos credores possa lhes ser útil. 
Além do juiz, também os credores que representem mais de 25% dos créditos em 
uma determinada classe podem convocar a realização da AGC. 
A publicação do edital na imprensa oficial e em jornais de grande circulação nos 
locais onde estão a sede e as filiais da devedora tem por objetivo garantir que todos os 
interessados tenham efetiva ciência da realização da AGC e possam, dessa forma, 
comparecer e participar das deliberações. Para reforçar essa comunicação, cópias do aviso 
de convocação também devem ser afixados na sede e nas filiais da devedora. 
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Considerando a finalidade dessa norma, a jurisprudência tem determinado que a 
convocação da AGC também seja publicada no site de internet da empresa devedora e/ou 
do administrador judicial nomeado para o caso. 
Quanto maior for a divulgação do conclave, maior será a participação dos credores 
na AGC. 
A antecedência mínima deve ser observada como garantia de que os credores não 
sejam surpreendidos com a convocação às vésperas do ato, o que acabaria por 
impossibilitar a sua participação efetiva na AGC. 
Os editais devem conter: 
I – local, data e hora da assembleia em 1ª (primeira) e em 2ª (segunda) convocação, 
não podendo esta ser realizada menos de 5 (cinco) dias depois da 1a (primeira); 
II – a ordem do dia; e 
III – local onde os credores poderão, se for o caso, obter cópia do plano de 
recuperação judicial a ser submetido à deliberação da assembleia. 
Tratando-se de recuperação judicial, é a própria devedora quem deve arcar com as 
despesas de convocação e realização da AGC. Tratando-se de falência, é a própria massa 
falida quem deve arcar com essas despesas. Entretanto, em qualquer caso, se a AGC for 
convocada pelos credores, são eles que deverão arcar com os custos de convocação e 
realização da AGC. 
 Instalação e funcionamento da assembleia geral de credores 
O art. 37 da Lei 11.101/2005 regula a instalação e o funcionamento da AGC. 
A AGC será presidida pelo Administrador Judicial, que designará um dos credores 
presentes para ser o secretário. Deve-se reforçar que não é o juiz quem preside a AGC, 
seja porque a lei determinar que o ato seja presidido pelo administrador judicial, seja porque 
isso seria de todo inconveniente, já que caberá ao juiz julgar eventuais impugnações de 
fatos ocorridos durante a AGC. 
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Nas AGC em que o objeto de deliberação seja o afastamento do administrador 
judicial, ou em outras em que haja incompatibilidade deste, a assembleia será presidida 
pelo credor presente que seja titular do maior crédito. 
A AGC é sempre convocada para ser realizada em 1ª e 2ª convocação. Haverá 
efetiva instalação da assembleia em 1ª convocação quando comparecerem ao ato os 
credores titulares de mais da metade dos créditos de cada uma das classes de credores. 
Não sendo atingido esse quórum, a assembleia será instalada em 2ª convocação com a 
presença de qualquer número de credores. 
Os credores deverão assinar a lista de presença até o momento da instalação da 
AGC, sob pena de não poderem participar do ato. Vale dizer, somente participará da AGC 
o credor que tiver assinado a lista antes da instalação do ato. 
É possível que, caso não seja instalada a AGC em 1ª convocação por falta de 
quórum, os credores presentes aproveitem a ocasião para fazerem uma reunião informal a 
fim de debater assuntos de seus interesses, registrando em ata suas conclusões ou 
pretensões. A isso se dá o nome de Reunião de Credores. Tal documento, que não está 
previsto em lei, mas vem sendo aceito pela jurisprudência dos Tribunais, poderá auxiliar a 
composição dos interesses dos credores. Entretanto, a reunião de credores (e a respectiva 
ata) não tem força de AGC. 
O exercício do direito de voto do credor na assembleia geral de credores 
 
Comitê de Credores 
O Comitê de Credores é órgão deliberativo, de formação facultativa, composto por 
representantes das classes de credores e com função predominantemente fiscalizadora, 
mas também consultiva (como, por exemplo, impugnação de crédito, pedido de restituição, 
alienação extraordinária de ativos etc.) e de gestão no caso de afastamento da 
administração da sociedade em recuperação judicial. 
Conforme Afonso Henrique Alves Braga4, “a nova lei de falências trouxe como mais 
uma de suas inovações, a previsão legal da possibilidade de instituição do comitê de 
credores com função fundamentalmente administrativa. Como se nota, sua instituição é 
facultativa pelos credores e, em caso de sua inexistência, caberá ao administrador judicial 
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exercersuas funções legalmente estipuladas e, no caso de impedimento deste, suas 
funções serão exercidas pelo juiz. Essa preocupação do legislador quando da elaboração 
da nova lei de falências se deu, pois, pelas normas legais anteriormente vigentes, os 
credores tinham pouca ou quase nenhuma insurgência nos rumos do processo falimentar, 
já que a assembleia só era prevista para o caso de deliberação acerca do pagamento do 
ativo, como previsto nos arts. 122 e 123 do Decreto-lei 7.661/1945”. 
Constituição e composição do comitê de credores 
 
O art. 26 da Lei 11.101/2005 trata da constituição e da composição do Comitê de 
Credores, estabelecendo que esse órgão será constituído por deliberação de qualquer das 
classes de credores na assembleia-geral e terá a seguinte composição: 
I. 1 (um) representante indicado pela classe de credores trabalhistas, com 2 (dois) 
suplentes; 
II. 1 (um) representante indicado pela classe de credores com direitos reais de garantia 
ou privilégios especiais, com 2 (dois) suplentes; 
III. 1 (um) representante indicado pela classe de credores quirografários e com 
privilégios gerais, com 2 (dois) suplentes. 
IV. 1 (um) representante indicado pela classe de credores representantes de 
microempresas e empresas de pequeno porte, com 2 (dois) suplentes. 
Caso não haja a indicação de representantes por alguma das classes, ainda assim o Comitê 
de Credores poderá ser constituído e funcionará com número inferior ao previsto pelo art. 
26. 
Os credores, que representem a maioria dos créditos de sua respectiva classe, 
poderão requerer ao juiz que seja feita a nomeação de representante e suplentes de classe 
ainda não representada no Comitê, bem como a substituição do respectivo representante 
ou de seus suplentes. Tal indicação independe de realização de assembleia. 
O Comitê de Credores deve ter um presidente, que será indicado por seus próprios 
membros. 
Atribuições do comitê de credores 
O art. 27 da Lei 11.101/2005 trata das atribuições do Comitê de Credores na 
recuperação judicial e na falência. 
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Existem atribuições comuns na recuperação judicial e na falência. Vale dizer, tanto 
na falência quanto na recuperação judicial, o Comitê desempenha atividades idênticas. 
Entretanto, também há funções e atividades a serem desempenhadas pelo Comitê 
especificamente na recuperação judicial. 
São atribuições comuns do comitê de credores, tanto na recuperação judicial, como 
na falência: 
(a) fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial; 
(b) zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei; 
(c) comunicar ao juiz, caso detecte violação dos direitos ou prejuízo aos interesses dos 
credores; 
(d) apurar e emitir parecer sobre quaisquer reclamações dos interessados; 
(e) requerer ao juiz a convocação da assembleia-geral de credores; e 
(f) manifestar-se nas hipóteses previstas nesta Lei. 
Na falência, deve-se destacar que o Comitê de Credores deverá opinar 
sobre fixação de honorários dos advogados contratados pelo administrador judicial para 
representar a massa falida (art. 22, III, n); acordos sobre direitos e obrigações da massa 
falida e concessões de abatimento de dívidas (art. 22, §3º); forma de alienação de bens da 
massa falida (art. 142); locação ou celebração de contrato com o objetivo de produzir renda 
para a massa (art. 114); cumprimento de contratos que reduzem ou evitem a majoração do 
passivo da massa (arts. 117 e 118) e modalidade de alienação de ativos diversa das 
modalidades previstas no art. 142 (art. 144). 
Na recuperação judicial, além das funções comuns, o Comitê de Credores também 
exercerá as seguintes atribuições específicas: 
(a) fiscalizar a administração das atividades do devedor, apresentando, a cada 30 (trinta) 
dias, relatório de sua situação; 
(b) fiscalizar a execução do plano de recuperação judicial; e 
(c) submeter à autorização do juiz, quando ocorrer o afastamento do devedor nas 
hipóteses previstas nesta Lei, a alienação de bens do ativo permanente, a constituição de 
ônus reais e outras garantias, bem como atos de endividamento necessários à continuação 
da atividade empresarial durante o período que antecede a aprovação do plano de 
recuperação judicial. 
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A fim de que o Comitê possa exercer a sua atribuição de fiscalização, a Lei 
11.101/2005 impõe à devedora, que permanece na condução dos negócios, o dever de 
prestar as informações solicitadas pelos membros do Comitê de Credores, sob pena de 
afastamento da gestão, conforme se observa no art. 64, V, da Lei 11.101/2005. 
Na recuperação judicial, o Comitê de Credores ainda terá atribuição consultiva sobre 
a alienação ou oneração de bens do ativo permanente do devedor, exceto em relação aos 
bens previamente relacionados no plano de recuperação judicial, nos termos do que dispõe 
o art. 66 da Lei 11.101/2005. 
Discute-se na doutrina se o Comitê de Credores teria ou não competência para 
elaboração de plano alternativo de recuperação judicial. 
Segundo Fábio Ulhoa Coelho5, “a lei não a menciona especificamente, mas deve-se 
admiti-la em qualquer caso. Sempre que o Comitê tiver um plano de recuperação diferente 
do apresentado pelo devedor, pode e deve tomar a iniciativa de submetê-lo à Assembleia 
Geral de Credores. Convém que indique as diferenças entre seu plano e o do requerente 
da recuperação judicial, bem como as vantagens que nele enxerga”. 
Por outro lado, Marlon Tomazette6 sustenta que “tal competência não existe, na 
medida em que não há previsão legal nesse sentido. O projeto abarcava tal competência, 
que acabou não sendo incorporada ao texto definitivo da lei. Ademais, a competência para 
elaboração do plano de recuperação judicial é atribuída exclusivamente ao próprio devedor, 
permitindo-se aos credores apenas a proposição de alterações”. 
Penso que seja mesmo ilegal que o Comitê de Credores tenha o poder de submeter 
plano de recuperação judicial alternativo à assembleia-geral de credores. Embora o Comitê 
de Credores, assim como qualquer outro credor tenha a possibilidade de apresentar 
sugestões de alteração do plano (ou mesmo um plano alternativo), tal sugestão ou plano 
alternativo somente será submetido à votação pela assembleia-geral de credores se houver 
a concordância da devedora. 
Na hipótese de não existir o Comitê de Credores, caberá ao administrador judicial 
ou, na incompatibilidade deste, ao juiz exercer suas atribuições, conforme dispõe o art. 28 
da Lei 11.101/2005. 
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 Remuneração dos membros do comitê de credores 
Nos termos expostos pelo art. 29 da Lei 11.101/2005, os membros do Comitê não 
terão sua remuneração custeada pelo devedor ou pela massa falida, mas as despesas 
realizadas para a realização de ato previsto nesta Lei, se devidamente comprovadas e com 
a autorização do juiz, serão ressarcidas atendendo às disponibilidades de caixa. 
No sistema brasileiro, não cabe à devedora em recuperação judicial ou à massa 
falida custear a remuneração dos membros do Comitê de Credores. Isso porque, as 
funções exercidas pelo comitê podem ser exercidas pelo próprio administrador judicial, que 
já é remunerado pela devedora em recuperação judicial ou pela massa falida. O Comitê de 
Credores é órgão de formação facultativa e que se destina a realizar uma fiscalização 
adicional sobre o trabalho do administrador judicial e sobre a conduta da recuperanda. 
Assim sendo, não cabe à devedora em recuperação ou à massa falida pagar duas vezes 
pelo exercício das mesmas atribuições. Nesse sentido, cabem aos credores, interessados 
nessa fiscalização adicional, realizar o pagamento da remuneração dos integrantes do 
Comitê de Credores. 
A Assembleia-Geral de Credores poderá deliberar sobre a remuneração dos 
membros do Comitê de Credores. Entretanto, tal deliberação deverá especificar o valor e 
quem deverá arcar com o pagamento, ficando vedado atribuir ao devedor ou à massafalida 
a responsabilidade por esse pagamento. 
Conforme Fábio Ulhoa Coelho: 
“se, por outro lado, a Assembleia dos Credores aprovar alguma remuneração aos 
membros do Comitê, ela deve votar o valor e quem deverá arcar com o pagamento. 
Quanto a esse último aspecto, proíbe a lei que a remuneração dos membros do 
Comitê seja paga pelo devedor em recuperação judicial ou pela massa falida. 
Quer dizer, os credores devem se cotizar para levantar recursos necessários ao 
pagamento que a Assembleia aprovou. 
Mesmo o credor que votou vencido é obrigado a entrar com a sua parte, a menos 
que o valor aprovado pela maioria não seja razoável tendo em vista a importância do 
passivo ou o trabalho dos membros do Comitê”. 
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É importante destacar que também as despesas que o Comitê de Credores tiver para 
exercer suas atribuições deverão ser arcadas pelos credores. Assim, por exemplo, se o 
Comitê pretende contratar um contador para analisar documentos financeiros-contábeis da 
empresa em recuperação, tal despesa não poderá ser carreada à devedora. 
Tratando-se de recuperação judicial, caso algum credor seja prejudicado pela 
atuação do comitê de credores, admite-se que atue em nome próprio e busque 
individualmente responsabilizar o membro do comitê, tendo em vista que inexiste o conceito 
de massa ou de universalidade de fato aplicável à recuperação judicial. 
Conforme o art. 33 da Lei 11.101/2005, os membros do Comitê de Credores, logo 
que nomeados, serão intimados pessoalmente para, em 48 (quarenta e oito) horas, assinar, 
na sede do juízo, o termo de compromisso de bem e fielmente desempenhar o cargo e 
assumir todas as responsabilidades a ele inerentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 CONCLUSÃO 
 
 A empresa VISAO DISTRIBUIDORA DE MATERIAIS DE CONSTRUCAO - EIRELI 
- ME - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL alegando que foram utilizadas premissas errôneas, 
diante do que se pretende, diversamente do percebido, é a atuação do Poder Judiciário 
para evitar as violações cometidas pelo julgado estadual. 
Sustenta que ocorreu o prequestionamento do art. 35, inciso I, alínea "f", da Lei 
11.101/2005, porque o dispositivo legal constou da ementa do acórdão recorrido. Adiciona 
que o contexto fático descrito pelo TJGO deturpa a verdade real acerca da existência de 
prejuízo aos demais credores e de excessos praticados pelo administrador judicial, não se 
aplicando a Súmula 7/STJ à questão. 
Afirma que os temas relativos à ilegitimidade passiva do Banco do Brasil para arguir 
a nulidade e a necessidade o quórum mínimo de 25% dos credores para convocar a 
assembleia são matérias de ordem pública., portanto dispensam o prequestionamento, que 
de todo modo está presente. Insiste que há equívoco quanto à delimitação da controvérsia 
porque, contrariamente ao consignado, é a aprovação de aditivo e não a substituição da 
proposta do plano de recuperação judicial, o que dispensa a publicação de edital, conforme 
autorizado pelo art. 56, § 3º, da Lei 11.101/2005, sem causar prejuízo aos credores 
ausentes, premissa que não foi afastada pelo decisório agravado, devendo proporcionar a 
reforma do julgado estadual por este fundamento. 
Por fim, reitera o pedido de concessão de efeito suspensivo porque a assembleia 
está prevista para ocorrer nos dias 30 de maio e 7 de junho de 2017. Intimado, o Banco do 
Brasil S.A. se manifesta às fls. 277/680, em impugnação, no sentido de que não foram 
combatidos na integralidade os fundamentos da decisão agravada, cabendo a incidência 
da Súmula 182/STJ, com aplicação dos arts. 1.021, § 4º, e 85, §§ 1º e 11, do Código de 
Processo Civil atual. 
Considerando analise fática a MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI (Relatora): Não merece 
reforma a decisão agravada. 
Constou claramente na decisão ora agravada que o requisito da legalidade não 
obteve observância estrita na assembleia que aprovou o plano de recuperação judicial, 
circunstância que exige a interferência do Poder Judiciário, eis que não se trata meramente 
na análise da viabilidade econômica do empreendimento. Para rechaçar as conclusões a 
 
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que chegou o Tribunal de origem, somente com o reexame do contexto fático e probatório, 
tentame de impossível realização em razão do enunciado 7 da Súmula desta Corte. Dessa 
forma, a agravante não trouxe novos elementos tendentes à reforma da decisão, que reitero 
por seus próprios fundamentos (fls. 648/658): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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