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Desenho Arquitetônico Erika Diniz Araújo dos Santos Curso Técnico em Design de Interiores Educação a Distância 2019 Desenho Arquitetônico Erika Diniz Araújo dos Santos Curso Técnico em Design de Interiores Educação a Distância Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa Recife - PE 1.ed. | out. 2019 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISDB S237d Santos, Erika Diniz Araújo dos. Desenho Arquitetônico: Curso Técnico em Design de Interiores: Educação a distância / Erika Diniz Araújo dos Santos. – 1.ed. Recife: Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa, 2019. 107 p.: il. Inclui referências bibliográficas. Caderno eletrônico produzido em outubro de 2019 pela Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa. 1. Desenho arquitetônico. 2. Edificações. 3. Projeto de arquitetura. I. Título. CDU – 72.012 Elaborado por Hugo Carlos Cavalcanti | CRB-4 2129 Catalogação e Normalização Hugo Cavalcanti (Crb-4 2129) Diagramação Jailson Miranda Coordenação Executiva George Bento Catunda Renata Marques de Otero Manoel Vanderley dos Santos Neto Coordenação Geral Maria de Araújo Medeiros Souza Maria de Lourdes Cordeiro Marques Secretaria Executiva de Educação Integral e Profissional Escola Técnica Estadual Professor Antônio Carlos Gomes da Costa Gerência de Educação a distância Professor(es) Autor(es) Erika Diniz Araújo dos Santos Revisão Erika Diniz Araújo dos Santos Danyelle de Holanda Beltrão Coordenação de Curso Danyelle de Holanda Beltrão Coordenação Design Educacional Deisiane Gomes Bazante Design Educacional Ana Cristina do Amaral e Silva Jaeger Helisangela Maria Andrade Ferreira Izabela Pereira Cavalcanti Jailson Miranda Roberto de Freitas Morais Sobrinho Descrição de imagens Sunnye Rose Carlos Gomes Sumário Introdução .............................................................................................................................................. 6 1.Competência 01 | Noções Básicas de Desenho Arquitetônico ........................................................... 7 1.1 Desenho Técnico, Desenho Artístico e Desenho Arquitetônico .................................................................7 1.2 Instrumentos e materiais de desenho ..................................................................................................... 14 1.3 Pranchas de desenho ............................................................................................................................... 18 1.4 Tipos de linhas .......................................................................................................................................... 24 1.5 Caligrafia técnica ...................................................................................................................................... 25 1.6 Escalas do desenho .................................................................................................................................. 26 2.Competência 02 | Representação de Projetos Arquitetônicos ........................................................ 30 2.1 Desenhos de um Projeto Arquitetônico................................................................................................... 30 2.1.1 Planta baixa ........................................................................................................................................... 30 2.1.2 Cortes .................................................................................................................................................... 32 2.1.3 Vistas ..................................................................................................................................................... 37 2.2 Etapas do desenho de planta baixa, cortes e vistas (fachadas e elevações) ........................................... 42 2.2.1 Plantas baixas ........................................................................................................................................ 43 2.2.2 Cortes .................................................................................................................................................... 45 2.2.3 Vistas (fachadas e elevações) ................................................................................................................ 47 2.3 Fases da Representação de um Projeto Arquitetônico............................................................................ 48 2.3.1 Estudo preliminar .................................................................................................................................. 48 2.3.2 Anteprojeto ........................................................................................................................................... 49 2.3.3 Projeto Executivo .................................................................................................................................. 50 3.Competência 03 | Dimensionamento e Circulação Vertical ............................................................. 52 3.1 Definição de dimensionamento no Desenho Técnico ............................................................................. 52 3.1.1 Cotagem ................................................................................................................................................ 52 3.2 Elementos de cotagem............................................................................................................................. 53 3.2.1 Linha de cota ......................................................................................................................................... 53 3.2.2 Linha auxiliar ......................................................................................................................................... 54 3.2.3 Limite da cota ........................................................................................................................................ 55 3.2.4 Cotas...................................................................................................................................................... 56 3.3 Circulação vertical .................................................................................................................................... 57 3.3.1 Escadas .................................................................................................................................................. 58 3.3.2 Rampas .................................................................................................................................................. 65 3.3.3 Elevadores ............................................................................................................................................. 67 4.Competência 04 | Instalações Prediais ............................................................................................. 70 4.1 Projetos de instalações prediais .............................................................................................................. 70 4.1.1 Representação das instalações elétricas ..............................................................................................71 4.1.2 Representação das instalações hidráulicas ........................................................................................... 77 4.1.3 Representação das instalações sanitárias ............................................................................................. 80 5.Competência 05 | Especificações Técnicas e Detalhamento ............................................................ 86 5.1 Detalhamento técnico .............................................................................................................................. 86 5.1.1 Detalhamento de ambientes ................................................................................................................ 87 5.1.2 Detalhamento de objetos ..................................................................................................................... 94 5.2 Especificação técnica ............................................................................................................................... 98 5.2.1 Lista de Materiais .................................................................................................................................. 98 5.2.2 Quadro de Acabamentos .................................................................................................................... 100 5.2.3 Planta Falada ....................................................................................................................................... 101 Conclusão ........................................................................................................................................... 105 Referências ......................................................................................................................................... 106 Minicurrículo do Professor ................................................................................................................. 107 6 Introdução Olá, Estudante! Seja bem-vindo (a) à disciplina de Desenho Arquitetônico! Neste e-book, você vai estudar sobre a representação gráfica de projetos de arquitetura e de noções sobre a representação de projetos complementares e de especificações técnicas e detalhamento. Aprender a linguagem do desenho arquitetônico é base essencial na sua formação como Técnico em Design de Interiores, de forma que você possa aprender a ler e interpretar os projetos de uma maneira geral. A disciplina está dividida em 05 (cinco) competências, onde na primeira semana serão estudadas por você, as noções básicas do Desenho de Arquitetura ou Desenho Arquitetônico, assim como, os principais instrumentos e materiais de desenho. Na segunda semana, terá o contato com os desenhos e as etapas de execução, além das fases de um projeto arquitetônico. Em seguida, você verá noções dos projetos complementares com a representação das instalações prediais. E por fim, na quinta e última semana, será visto como se dá a representação de projetos de interiores, a especificação de materiais e o detalhamento técnico. Ao final da disciplina, você será capaz de compreender a linguagem arquitetônica, como também, de elaborar um projeto de design de interiores. Bons estudos! Competência 01 7 1.Competência 01 | Noções Básicas de Desenho Arquitetônico Nesta primeira semana você vai estudar sobre as noções básicas do Desenho de Arquitetura voltado para a área de Design de Interiores. Iniciaremos abordando sobre as definições dos diferentes tipos de desenho: Desenho Técnico, Desenho Arquitetônico e Desenho de Interiores. O objetivo é compreender as diferenças e as semelhanças entre eles e, em seguida, adentrar nos pormenores do Desenho Arquitetônico. 1.1 Desenho Técnico, Desenho Artístico e Desenho Arquitetônico A primeira coisa que você precisa diferenciar nesse momento são os tipos de desenho que existem. O desenho talvez seja a forma de linguagem gráfica mais antiga que existe. Possivelmente, o homem das cavernas, bem antes de se comunicar com palavras, tenha utilizado de rabiscos para registrar histórias e representar figuras. Um exemplo desse tipo de utilização são os desenhos rupestres de Lascaux, na França (Figura 1). Figura 1: Inscrições rupestres na caverna de Lascaux, na França. Fonte: https://www.auladehistoria.org/2015/11/comentario-cueva-de-lascaux-arte.html Descrição: desenhos de animais, como bois, no interior de uma caverna. Ao longo dos séculos, o desenho evoluiu de acordo com os povos que o utilizavam e a função daquela representação para eles, culminou em tipos distintos de linguagem gráfica. No Antigo Egito, por exemplo, os hieróglifos e as figuras humanas desenhadas frontalmente (Figura 2) tinham o objetivo de registrar a vida e os fatos históricos ligados aos deuses. Competência 01 8 Figura 2: Escritos hieróglifos egípcios, no antigo Egito. Fonte: https://www.descobriregipto.com/quem-escreveu-os-hieroglifos/ Descrição: quadro com uma pessoa e diversas figuras: animais, facas, todos com formatos de desenho antigo. Deste modo, a linguagem gráfica pode se concretizar, basicamente, através de dois tipos distintos de desenho: o Desenho Artístico e o Desenho Técnico. O Desenho artístico é aquele que, embora possa ser preciso e exato na representação do mundo (paisagens, pessoas, animais, edificações, etc.) não tem como ser mensurado pela forma como as coisas se apresentam na tela, geralmente em perspectivas que não representam a verdadeira grandeza dos objetos, por outro lado, o desenho artístico também possui uma vertente abstrata que não tem como ser mensurada e cuja interpretação é mais subjetiva ainda. Por sua vez, o Desenho Técnico, tem como objetivo retratar a realidade com precisão e exatidão através de vistas que permitem a mensuração de suas partes através de sistemas geométricos de representação das verdadeiras grandezas dos objetos, apesar de não serem representados nos seus tamanhos originais, mas através de relações de proporção conhecidas como escalas. Estudante, observe abaixo que o desenho Drawing Hands (Figura 3), do artista M. C. Escher, ainda que retrate a realidade através da representação de duas mãos, não há a intenção de ser preciso, mas de refletir a sensibilidade e o gosto de seu autor. Em contraposição, o desenho do Fiat 147 (Figura 4), ilustra uma representação gráfica verdadeira, objetiva e precisa com o objetivo de transmitir todas as características do objeto para sua execução. Competência 01 9 Figura 3: Desenho Drawing Hands de M. C. Escher. Fonte: http://www.wikiart.org/en/m-c-escher/drawing-hands Descrição: duas mãos, segurando lápis, em posições opostas, por cima de uma folha na cor branca, presa nas quatro pontas por alfinetes. Figura 4: Projeto do Fiat 147. Fonte: https://www.pinterest.es/explore/esqueleto-para-armar/ Descrição: desenho de um carro, onde apresenta 4 vistas: lateral, frontal, posterior e superior, e todos os desenhos possuem as dimensões de elementos do carro. Logo em seguida, é apresentado um quadro resumo com as principais diferenças entre o Desenho Artístico e o Desenho Técnico. DESENHO ARTÍSTICO DESENHO TÉCNICO – É pessoal e reflete o gosto e a sensibilidade do artista; – É subjetivo e pode ter várias interpretações, de acordo com o observador; – É impreciso e inexato, não tem o compromisso de refletir a realidade. – Deve ser impessoal e transmitir com precisão todas as características do objeto; – Deve ser objetivo e ter interpretação única, não podendo ser dúbio; – É preciso e deveretratar a realidade seguindo regras e normas técnicas. Competência 01 10 No curso, você irá se concentrar apenas no Desenho Técnico, ok!? Mas você deve estar se perguntando: mas qual a relação entre desenho e linguagem? Então, caro estudante, é preciso que você compreenda que qualquer desenho é um tipo de linguagem que tem o intuito de passar uma mensagem ou ideia, ou seja, é um tipo de comunicação. Para que ela seja eficiente, devem existir três personagens: “aquele que comunica” (emissor), a mensagem propriamente dita (código) e “aquele que recebe” a mensagem (receptor). Para que a comunicação seja efetiva, é importante que tanto o emissor quanto o receptor conheçam os códigos e símbolos dessa linguagem. É como se fôssemos aprender um novo idioma! Se para aprender um novo idioma é preciso conhecer as palavras e a gramática, no desenho – como não temos palavras – é necessário conhecer que pontos e linhas são a base para construção da mensagem ou ideia que se queira transmitir. Ao combinar esses três elementos básicos de diferentes formas, aquele que desenha consegue obter formas, planos, volumes e símbolos variados. Atente estudante, para o fato de que falamos a respeito de diferentes formas, e não de modo aleatório ou de qualquer maneira. No desenho também existe uma gramática própria na qual a combinação e a posição dos elementos básicos influenciam igualmente na comunicação. Ou seja, no desenho técnico existem regras e normas que devem ser seguidas para a construção daquilo que se quer comunicar. Visualize o exemplo da Figura 5, a seguir: Figura 5: Seguimentos de retas aleatórios e depois combinados formando um objeto (triângulo). Fonte: A autora, 2019. Descrição: três desenhos, cada um com três traços na cor preta. O primeiro, os três traços estão próximos e aleatórios. O segundo, os três traços estão no formato de um triângulo, mas que não estão juntos. E o terceiro, é um triângulo. Então no Desenho Técnico, as regras e normas são indispensáveis para uma boa execução e compreensão da ideia ou mensagem transmitida. Para tal, e a fim de tornar o desenho técnico uma linguagem universal, houve a necessidade de padronizá-lo em todo o mundo, o que deu origem às normas técnicas internacionais e suas consequentes normas nacionais. Elas são uma forma de facilitar Competência 01 11 a compreensão de desenhos e projetos em meio a atuação de profissionais de diversas áreas: arquitetura, engenharia, mecânica, marcenaria, entre eles, o campo do Design de Interiores. Mas você, estudante, deve estar se perguntado: de que maneira eu utilizo símbolos, regras e normas no Curso Técnico de Design de Interiores? Como isso, vai ajudar na minha vida profissional? Figura 6: Logotipo da ABNT. Fonte: http://www.portaldotcc.com.br/abnt/. Descrição: dois círculos não completos, na cor azul, com as letras ABNT dentro deles. A própria Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) tem uma definição própria para o Desenho Técnico: GLOSSÁRIO: DESENHO TÉCNICO desenho resultante de projeções do objeto sobre um ou mais planos que fazem coincidir com o próprio desenho, compreendendo vistas ortográficas figuras resultantes de projeções cilíndricas ortogonais do objeto, sobre planos convenientemente escolhidos, de modo a representar, com exatidão, a forma do mesmo com seus detalhes; ou perspectivas, que são figuras resultantes de projeção cilíndrica ou cônica, sobre um único plano, com a finalidade de permitir uma percepção mais fácil da forma do objeto (NBR 10.647,1989, p. 01). Ou seja, é a representação gráfica cujo objetivo é a representação da forma, dimensão e posição de objetos tridimensionais em espaços bidimensionais, de acordo com as necessidades de diversas áreas do conhecimento, sobretudo na Arquitetura e nas Engenharias (RIBEIRO, 2011 apud NOTA: NORMAS TÉCNICAS Você já deve ter ouvido falar em ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) (Figura 6). Se não, ela é o órgão brasileiro responsável por normalizar a execução dos desenhos técnicos através de normas. Para isso, os procedimentos adotados abordam desde a denominação e classificações dos desenhos até a representação gráfica. Competência 01 12 MARQUES, 2015). Essa representação bidimensional é aquela que advém do Sistema Mongeano o qual utilizada de projeções ortogonais através de projetantes retas e paralelas, sendo possível obter as verdadeiras grandezas do objeto. Existem algumas Normas Brasileiras (NBR), desenvolvidas pela ABNT, que auxiliam tecnicamente no desenvolvimento da representação gráfica dos desenhos e projetos em Design de Interiores. Relacionamos algumas das normas abaixo, para conhecimento seu conhecimento, estudante: • NBR 6492/1994: Representação de Projetos de Arquitetura; • NBR 8196/1999: Desenho Técnico – Emprego de Escalas; • NBR 8403/1984: Aplicação, Tipos de linhas e Larguras das linhas; • NBR 10067/1995: Representação em Desenho Técnico; • NBR 10068/1987: Folha de Desenho e Leiaute e Dimensões; • NBR 10126/1987: Cotagem de Desenho Técnico; • NBR 10582/1988: Apresentação da Folha para Desenho; • NBR 10.647/1989: Desenho Técnico; • NBR 13142/1999 – Dobramento de Cópia. VAMOS PENSAR UM POUCO! Estudante tente imaginar como seria se não existisse a linguagem gráfica e você quisesse descrever para alguém como é o ambiente em que você está nesse momento. Como você comunicaria a essa pessoa as características dele? Quantas palavras seriam utilizadas? Competência 01 13 Figura 7: Ambiente de um escritório de arquitetura de interiores. Fonte: https://mariliaveiga.com.br/projetos-corporativos Descrição: ambiente com uma mesa transparente, uma cadeira branca de um lado, e no lado oposto, duas cadeiras transparentes, e um jarro com flores, em cima da mesa. Por trás da mesa, uma estante na cor branca com diversos objetos, como: livros, porta-retratos, vasos com flores. Dessa forma, dominar o Desenho Técnico é essencial para a atividade profissional de um Técnico em Design de Interiores, pois permite que o profissional expresse ideias e troque mensagens de objetos e espaços através da representação gráfica. É a partir da elaboração e execução de projetos de interiores que você, estudante, vai lidar todos os dias na sua atividade profissional. Além disso, você também vai trocar informações com diversos profissionais, bem como vai orientar a execução dos projetos. Agora que você viu mais sobre o Desenho Técnico, vai entender melhor o que é o Desenho Arquitetônico e como ele se aplica à área do Design de Interiores. Então, o Desenho Arquitetônico é uma especialização do Desenho Técnico aplicado à representação gráfica de projetos de arquitetura, engenharias e interiores. Ele surgiu ainda durante o período do Renascimento para atender à necessidade de se representar as relações volumétricas e espaciais das edificações, como também os pormenores e acabamentos. A partir da Revolução Industrial, com o surgimento das normas técnicas e da Geometria Descritiva, esta necessidade foi ainda maior em virtude dos processos de industrialização e padronização. O Desenho Arquitetônico ou Desenho de Arquitetura é o emprego dos conhecimentos do Desenho Técnico não apenas na área específica da Arquitetura, mas também de algumas Engenharias e do Design de Interiores. Competência 01 14 Seguindo o mesmo raciocínio de que o Desenho Arquitetônico é uma aplicação específica do Desenho Técnico na área de arquitetura, o Desenho de Interiores, por sua vez, é a aplicaçãoconjunta do Desenho Técnico e do Desenho Arquitetônico no campo do Design de Interiores. Essa relação entre os três diferentes tipos de desenho pode ser observada na Figura 8, o que demonstra que existem características que são próprias e específicas. Figura 8: Esquema com a relação entre os três tipos de desenhos: técnico, arquitetônico e interiores. Fonte: Gusmão & Seabra, 2017, p.14. Descrição: três círculos, um dentro do outro, cada um com uma cor diferente. O maior na cor roxa, com a descrição Desenho Técnico, o seguinte, na cor marrom, com a descrição Desenho Arquitetônico, e o menor círculo, na cor azul, com a descrição Desenho de Interiores. No próximo item, você vai conhecer os materiais e instrumentos de desenho necessários para o desenvolvimento das atividades do Desenho Arquitetônico voltado para o Design de Interiores. 1.2 Instrumentos e materiais de desenho Para a boa execução do Desenho Técnico e do Desenho Arquitetônico é importante você, futuro técnico em Design de Interiores, conhecer alguns dos instrumentos e materiais de trabalho que serão utilizados durante a disciplina. • Lápis grafite: utilizado para riscos, ele tem características especiais e não pode ser confundido com o lápis comum para fazer anotações costumeiras. Os lápis para desenho são classificados em macios, médios e duros, e recebem letras e números, conforme a dureza das grafitas (Figura 9): Competência 01 15 Figura 9: Escala de dureza do lápis grafite. Fonte: https://betaeq.com.br/index.php/2019/07/17/grafite/ Descrição: diversos lápis grafite, na cor preta. Abaixo, vários quadrados pequenos, lado a lado, riscados com traços na cor preta e variando do escuro para o claro. • Borracha: é o instrumento de desenho que serve para apagar os traços feitos com o lápis (Isso você já sabia, não é!?). Ela deve ser macia, flexível e ter as extremidades chanfradas para facilitar o trabalho de apagar. • Folha de papel: é um dos componentes básicos do desenho. Existem diversos tipos de papel, mas os mais comuns utilizados na prática são: papel transparente (papel manteiga, papel vegetal, etc.) e papel opaco (canson, sulfite, etc.), sendo o primeiro o mais utilizado, pois auxilia no estudo de alternativas de projetos, devido a sua transparência, fazendo a sobreposição de desenhos. • Par de esquadros: eles têm formato triangular, e são utilizados para traçar linhas verticais, horizontais ou inclinadas com precisão (Figura 10). São usados em pares (esquadro de 45° e esquadro de 30°/60°). A combinação deles permite obter vários ângulos comuns no desenho. É recomendável que sejam de material transparente e sem graduação. NOTA: FORMATOS DOS PAPÉIS Os papéis a serem empregados no Desenho Arquitetônico devem corresponder a um dos formatos da série “A” normatizados pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Logo em seguida, no item 1.3, você conhecerá os formatos de papel mais utilizados e o porquê. Competência 01 16 Figura 10: O par de esquadros e a sua combinação. Fonte: A autora, 2019. Descrição: desenho de um par de esquadros, mostrando os movimentos que realiza, quando se faz um desenho. • Régua milimetrada: serve para medir o modelo e transportar as medidas obtidas no papel. Deve ser de preferência de material transparente ou metálica. • Escalímetro: é o instrumento de desenho utilizado para determinar, sem cálculos, a distância natural ou dimensão real de objetos ou desenhos, em diferentes escalas mais comumente utilizadas, no papel (Figura 11). As escalas mais utilizadas nos desenhos do curso de Design de Interiores são: para representar detalhes de desenhos e objetos, normalmente as escalas de 1/5 e 1/10; e para os desenhos mais extensos, onde não se precisa representar tantos detalhes, a de 1/50, 1/75, 1/100. Apesar, estudante, que as demais escalas também são utilizadas pelo designer. Figura 11: Os tipos de escalímetros mais utilizados no desenho técnico. Fonte: A autora, 2019. Descrição: dois tipos de escalímetros, um no formato de régua com três faces, e o outro escalímetro possui seis réguas finas presas em uma de suas extremidades. NOTA: UNIDADES DE MEDIDA A unidade de medida utilizada em desenho técnico, geralmente, é o milímetro. Em projetos de arquitetura, o metro é a unidade mais utilizada. Por sua vez, nos projetos de interiores, o centímetro é mais comumente utilizado. Competência 01 17 • Compasso: é o instrumento de metal utilizado para traçar arcos e circunferências, além de tomar e transportar medidas (Figura 12). É possível encontrar no mercado também os compassos plásticos. Sendo mais comumente, utilizados os metálicos pela sua resistência e facilidade de manuseio. Figura 12: Passo-a-passo de como utilizar o compasso. Fonte: https://pt.slideshare.net/GutierryPrates/introduo-ao-desenho-tcnico-apostila Descrição: mostra como usar o compasso. Tem três figuras de uma mão segurando um compasso. • Fita crepe: serve para fixação do papel na prancheta ou na mesa de desenho. Onde colocar o papel, e como colá-lo?! Você vai ver em seguida, como fazer, para que o papel não solte da prancheta ou fique folgado (Figura 13). Figura 13: Posição do papel na prancheta de desenho. Fonte: Montenegro, 2001, p.11. Descrição: o primeiro desenho apresenta a ordem correta de colar o papel, assim como, o local que o papel precisa ser fixado. O segundo desenho mostra, a forma incorreta. Os desenhos possuem uma régua, e um papel colado a uma mesa. Competência 01 18 Agora que você já conhece os instrumentos e materiais de desenho e como utilizá-los, irá estudar as demais regras e normas do Desenho Técnico nos itens da próxima seção. Vai começar pelas características das pranchas para o desenho, onde serão abordados temas como: formatos, tipos de papel, margens, carimbos e sobre como realizamos o dobramento das pranchas. Vamos continuar aprendendo? 1.3 Pranchas de desenho Bom, apesar de existirem vários tipos e formatos de papel, no Desenho Técnico comumente é utilizado o papel sulfite dentro dos formatos da série A, normatizados pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Conforme a NBR 10.068 (1987), as dimensões e o layout das pranchas de desenho devem seguir e respeitar a escala escolhida para a execução do desenho e a grandeza da representação gráfica de forma a manter a clareza e a legibilidade. Mas você deve estar se perguntando: o que é a série “A” e por quê utilizá-la? Todos os formatos de papel da série “A” derivam-se do formato A0 (A zero), que possui 841mm x 1189 mm de lados, com 1m² de área total – o chamado retângulo harmonioso (Figura 14). Desse formato básico, através de bipartições sucessivas de suas dimensões, originam-se todos os demais tamanhos de papel, como você pode observar na Figura 14 abaixo. VÍDEO AULA: INSTRUMENTOS DE DESENHO Agora estudante pare um pouquinho a leitura, para assistir ao vídeo que mostra a utilização e a importância dos instrumentos e materiais do Desenho Técnico, para o desenvolvimento dos projetos de interiores. Competência 01 19 Figura 14: Dimensões dos formatos de papel da série A e o retângulo harmonioso. Fonte: NBR 10.068, 1987, p.2. Descrição: tabela com as dimensões dos diversos papéis. Os formatos mais empregados no Desenho Arquitetônico são os seguintes: A0, A1, A2, A3 e A4, sendo os dois últimos mais comuns no Desenho de Interiores. Na Figura 15, é possível perceber a relação que existe entre os formatos. Por exemplo, ao combinar duas folhasem formato A1 têm-se uma folha no formato A0, ou uma folha A3 origina-se a partir da combinação de duas folhas tamanho A4. Figura 15: Relações de bipartição ou duplicação sucessivas das dimensões dos formatos de prancha. Fonte: NBR 10.068, 1987, p.2. Descrição: divisão dos papéis, proveniente do papel A0. NOTA: ORIENTAÇÃO DO PAPEL É importante destacar que as dimensões do formato das folhas devem ser consideradas com a folha de papel na orientação horizontal. Competência 01 20 Então, ao escolher o formato adequado à escala pretendida e à grandeza de representação, é necessário seguir para o desenho das margens do papel e da legenda (ou carimbo), pois existe uma normativa com algumas medidas pré-estabelecidas e alguns itens obrigatórios. No caso das margens, a NBR 10.068/1987 estipula um padrão que deve se adequar em função do tamanho da folha. “As margens são limitadas pelo contorno externo da folha e quadro. O quadro limita o espaço para o desenho” (NBR 10.068, 1987, p.3). Observe na tabela abaixo (Figura 16) que as margens esquerda e direita, assim como as larguras das linhas, devem ter as dimensões constantes. Essa padronização deve ser respeitada. Figura 16: Relações de bipartição ou duplicação das dimensões dos formatos. Fonte: NBR 10.068, 1987, p.3. Descrição: tabela com os formatos, as margens e a largura das linhas. NOTA: QUADRO E MARGENS Estudante, cuidado para não confundir o quadro com as margens! Você deve estar atento para não desenhar nas margens do papel, mas sim dentro do quadro, como está ilustrado na Figura 17 abaixo. Competência 01 21 Figura 17: Relações de bipartição ou duplicação das dimensões dos formatos. Fonte: NBR 10.068, 1987, p.3. Descrição: apresenta uma parte da folha de papel, e a localização da margem do papel. Com relação à legenda ou carimbo, a NBR 10.068 (1987, p.2) estabelece que ele deve ser desenhado no canto inferior direito dentro do quadro, tanto nas folhas posicionadas na horizontal quanto na vertical, como você pode observar na Figura 18. A legenda é um retângulo com dimensões pré-estabelecidas e que deve conter informações básicas de identificação e numeração dos desenhos. A direção de leitura da legenda coincide geralmente com a direção de leitura do desenho (SILVA et. al., 2012, p.31). Figura 18: Posição da legenda de acordo com a orientação da folha de papel. Fonte: NBR 10.068, 1987, p.2. Descrição: duas folhas de papel, uma na horizontal, e outra na vertical, mostrando a posição das margens e carimbo na folha. Então, ao desenhar a legenda, você deve observar que o tamanho dela precisa estar de acordo com o formato do papel escolhido. Ao trabalhar, por exemplo, com o formato A3 ou A4, o carimbo deve medir 178 mm de comprimento. Já nos formatos A0, A1 e/ou A2, ele necessita ter 175 mm (NBR 10.068, 1987, p.3). A largura é variável e depende da quantidade de informações que serão consideradas na legenda. Competência 01 22 Porém, você pode estar se perguntando: qual a largura do carimbo e quais informações devem estar contidas dentro dele? De acordo com a norma, a NBR 6492 (1994, p.2), o carimbo precisa conter algumas informações básicas, sendo elas: 1. Identificação da empresa e do profissional responsável pelo projeto; 2. Identificação do cliente, nome do projeto ou empreendimento; 3. Título do desenho; 4. Indicação sequencial do projeto; 5. Escalas; 6. Data; 7. Autoria do desenho e do projeto; 8. Indicação da revisão. Assim, além dessas informações, outras podem ser acrescidas de modo a trazer novos dados sobre os desenhos. Isso vai influenciar diretamente na largura da legenda, que para os formatos A0, A1, A2 e A3 não tem uma medida mínima nem máxima, podendo se ajustar a critério do profissional responsável pelo projeto. Mas para o formato A4, a largura deve ser de 4 mm e o comprimento, 185 mm, conforme Figura 19. Figura 19: A posição e as dimensões da legenda no caso específico do formato A4 na posição vertical. Fonte: NBR 6492, 1994, p.3. Descrição: papel no formato A4, e com as dimensões e local do carimbo, com o nome legenda dentro da área do carimbo. Competência 01 23 Você também deve atentar para o dobramento das pranchas (papéis). Independente do formato escolhido para a elaboração do desenho, o papel deve ser dobrado de forma que seu formato final seja o tamanho A4 para fins de arquivamento, fixação em pastas e/ou encadernação. Nos dois casos, o carimbo deve ficar o mais visível possível para facilitar a identificação das informações constantes em cada prancha, sobretudo, a numeração delas. A NBR 6492 (1994, p.4) traz os procedimentos de dobramento, que podem ser observados nas Figuras 20 e 21. Veja as instruções em seguida. Figura 20: Dobramentos dos formatos A0 e A1, respectivamente. Fonte: NBR 6492, 1994, p.4. Descrição: apresenta a dobragem de dois papeis, o A0 e A1, com as suas respectivas dimensões. Figura 21: Dobramentos dos formatos A2 e A3, respectivamente. Fonte: NBR 6492, 1994, p.4. Descrição: apresenta a dobragem de dois papeis, o A2 e A3, com as suas respectivas dimensões. Competência 01 24 1. O dobramento das folhas é feito levando-se em conta as linhas tracejadas que aparecem nas figuras acima (Figuras 20 e 21). Essas linhas são imaginárias e a marcação do dobramento ocorre somente nas margens; 2. Após fazer as marcações, dobra-se o papel no sentido vertical e somente depois no sentido horizontal, de maneira sanfonada, como ilustrado nas Figuras 20 e 21, até chegar ao padrão do formato A4; 3. Quando as folhas de formatos A0, A1 e A2 forem perfuradas para arquivamento, o canto superior esquerdo deve ser dobrado para trás conforme aparece nas Figuras 20 e 21. Ao final, as pranchas podem ser abertas mesmo estando arquivadas e ordenadas dentro da pasta, o que facilita a verificação de informações, como também o carregamento delas. 1.4 Tipos de linhas Caro estudante, não são só as pranchas que têm normas e regras a serem seguidas no Desenho de Arquitetura, mas também as linhas utilizadas nos desenhos. A NBR 8403 (1984) trata sobre a aplicação de linhas em desenhos, tipos de linhas e larguras das linhas, de modo a facilitar e emprego delas. Lembra que o Desenho Técnico é uma linguagem que comunica uma mensagem? O emprego correto dos tipos de linhas facilita a leitura e a interpretação dos desenhos. Por isso, é importante ficar atento a cada tipo de linha e suas diferentes aplicações para reconhecer aquilo que está sendo transmitido. No geral, existem duas espessuras de linhas: o traço grosso e o traço fino, e os diferentes tipos podem ser vistos na Figura 22. LINHA DENOMINAÇÃO APLICAÇÃO Contínua grossa Contornos e arestas visíveis Contínua fina Linhas auxiliares, linhas de cota, linhas de chamada, hachuras Contínua fina à mão livre Limites de vistas ou cortes parciais Tracejada fina Contornos não-visíveis (projeções) Competência 01 25 Traço e ponto fino Linhas de simetria, Linhas de centro Traço e dois pontos fino Contornos de peças adjacentes Traço ponto fino, largas nas extremidades e na mudança de direção Planos de corte Figura 22: Diferentes tipos de linhas e suas aplicações no desenho. Fonte: NBR 8403, 1984, p.2. Descrição: tabela com os tipos de linha, suas denominações e aplicações no desenho técnico. Então, você deve ter percebido que existe a necessidadede utilizar tipos de linhas diferentes de acordo com o objeto ou elemento a ser representado. De acordo com Silva (2012, p.28), “a espessura do traço deve ser escolhida de acordo com a dimensão do papel e o tipo de desenho, dentro da seguinte gama: 0.18, 0.25, 0.35, 0.5, 0.7, 1.4 e 2.0 mm (...). E as espessuras devem ser as mesmas para todas as vistas desenhadas na mesma escala”. Agora que você já aprendeu sobre as pranchas de desenho e tipos de linhas, se concentre em seguida, na caligrafia técnica. 1.5 Caligrafia técnica É importante que você compreenda que o projeto de arquitetura é um documento constituído por uma parte escrita e um conjunto de peças gráficas. Então, além de se preocupar com a boa representação do desenho, você deve atentar para os cuidados com a escrita técnica. Para isso, a consulta das normas relacionadas é relevante. A ABNT possui pelo menos duas normas que tratam a respeito da caligrafia técnica, as quais serão abordadas aqui. Uma delas é a NBR 8402 (1994), que fixa as condições exigíveis para a escrita em todas as áreas de aplicação do Desenho Técnico. Já a NBR 6492 (1994), não trata apenas da escrita técnica, mas traz o tema voltado especificamente para o campo dos projetos de arquitetura. Como estamos trabalhando com Desenho Arquitetônico, vamos considerar as informações desta segunda norma. Assim, toda informação escrita num desenho, deve seguir os padrões e normas estabelecidas com o objetivo básico de atingir a uniformidade, a legibilidade e a reprodução dos Competência 01 26 desenhos sem a perda de qualidade. Por isso, os caracteres devem ser claramente distinguíveis entre si, para evitar qualquer troca ou algum desvio mínimo da forma ideal (NBR 6492, 1994, p.1). Segundo a NBR 8402 (1994, p.1), as letras e números da escrita técnica podem ser escritos na vertical ou com uma leve inclinação, em um ângulo de 15° para a direita em relação à vertical, como representado na Figura 23. Porém a NBR 6492 (1994, p.12), a qual estamos focados, considera que a caligrafia técnica deve ser sempre maiúscula e não-inclinada, ou seja, escrita apenas na vertical. A espessura das linhas da caligrafia é a mesma tanto para letras maiúsculas quanto minúsculas. Figura 23: Exemplo de caligrafia técnica não inclinada. Fonte: NBR 6492, 1994, p.12. Descrição: apresenta o alfabeto e os números, e as alturas que precisam ter. Desse modo, no Desenho Arquitetônico, os caracteres alfanuméricos devem ser claramente distinguíveis entre si de modo a tornar a escrita clara, uniforme e legível. 1.6 Escalas do desenho Agora, além de escolher adequadamente o formato e a orientação da prancha do desenho e a forma de utilizar os tipos e as espessuras das linhas, você deve ter atenção quanto à escala mais adequada de representação gráfica do objeto ou projeto arquitetônico. Lembra que foi comentado anteriormente, que é preciso adequar o desenho com o formato da prancha a fim de tornar a representação mais clara e precisa possível? Mas você, caro estudante, deve estar se perguntando: o que é escala e para que ela serve? Bem, no Desenho Técnico é preferível que os objetos sejam desenhados em tamanho real. Entretanto, na maioria das vezes, isso não é possível pois os objetos são maiores que os formatos de papel. Imagine só desenhar um carro ou uma casa em tamanho real numa folha de papel... Não é algo impossível, dependendo do formato da prancha, mas fica complicado manusear a folha, e imagina o trabalho que daria ao desenhista ou projetista. Como resolver essa problemática? Competência 01 27 Para tal, foram criadas as escalas de desenho, as quais também são normatizadas pela ABNT através da NBR 8196 (1999), a qual aborda o emprego de escalas e suas designações em desenhos técnicos. Ou seja, a escala é uma convenção utilizada para estabelecer uma relação de proporção entre as dimensões reais de um objeto real (ou parte dele) e suas dimensões ao ser representado graficamente, de modo que se obtenha a informação de quantas vezes, o seu tamanho real foi reduzido, ou em outros casos ampliado, para poder ser representado no papel. Essa convenção pode ser expressa matematicamente, conforme fórmula abaixo: E = __D__ Onde: E = escala R D = medida do desenho do objeto R = medida real do objeto Através dessa convenção foi possível determinar a existência de três tipos de escalas diferentes, em virtude de ser aceitável utilizar qualquer número como relação de semelhança. Assim, ao escolher a escala de representação, você deve estar atento para o fator e o objetivo a que se pretende o desenho. Segue abaixo, os três tipos de escala: - Natural = aquela em que o tamanho do desenho técnico é igual ao tamanho real da peça; - De Redução = aquela em que o tamanho do desenho técnico é menor que o tamanho real da peça; - De Ampliação = aquela em que o tamanho do desenho técnico é maior que o tamanho real da peça. Além disso, a escolha da escala também depende: 1. Do nível de complexidade do objeto, pois quanto mais detalhes o objeto possuir, é importante que a escala permita que esses detalhes apareçam no desenho; 2. Do objetivo do desenho, pois se você for entregar o desenho para execução (projeto executivo), quem vai executar precisa ter muitas informações, logo a escala deve ser uma maneira de gerar uma representação detalhada. Mas, se você for apresentar o projeto para a análise de um GLOSSÁRIO: ESCALA GRÁFICA Segundo a NBR 6492 (1994, p. 2), “escala é uma relação dimensional entre a representação de um objeto no desenho e suas dimensões reais”. Competência 01 28 cliente (estudo preliminar), não há tanto interesse em representar tantos detalhes do objeto, mas sim com relação à forma, volumetria ou composição das partes, o que favorece um desenho menor com ênfase no volume como um todo. Algumas escalas numéricas são mais utilizadas na área de Design de Interiores, são elas: 1:10, 1:20, 1:25 e 1:50. No Desenho de Arquitetura já são mais comuns as escalas: 1:50, 1:100, 1:250 e 1:500, mas as escalas 1:10 e 1:5 também podem ser utilizadas quando forem necessários detalhes específicos. Figura 24: Exemplos de escala gráfica. Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/geografia/escalas.htm Descrição: desenho com duas linhas retas horizontais. A primeira linha horizontal, possui quatro traços verticais com os números em ordem: 0, 50, 100 e 150, e a palavra metro. A segunda linha horizontal, possui os mesmos números. NOTA: INDICAÇÃO DAS ESCALAS NA PRANCHA As escalas devem ser indicadas no carimbo da prancha do respectivo desenho. Se numa mesma folha existirem desenhos em diferentes escalas, essas devem ser indicadas em caligrafia menor na mesma zona da legenda. Entretanto é preferível que a escala esteja indicada junto da respectiva representação (desenho), enquanto a escala geral deve constar na legenda, conforme indica a NBR 8196 (1994, p.2). A mesma norma fixa que a palavra “ESCALA” pode ser abreviada na forma “ESC”. VOCÊ SABIA: ESCALA GRÁFICA Além da escala numérica vista anteriormente, existe também a escala gráfica, que nada mais é do que um segmento de reta subdivido em partes menores que indicam a correspondência entre os tamanhos reais e os tamanhos representados. Observe na Figura 24 abaixo, que cada intervalo entre um número e outro representa uma distância específica, que é devidamente apontada pela escala. Esse tipo de escala possui o mérito de aumentar e reduzir juntamente ao desenho.Competência 01 29 Bom, você chegou ao final do conteúdo da primeira semana de estudo na disciplina Desenho Arquitetônico. Caso tenha dúvida em relação a algum dos temas abordados, acesse novamente o conteúdo, explore as atividades complementares e participe dos fóruns. Também é possível consultar os professores e tutores. Na próxima semana de estudos, você vai entender como se representa um projeto de interiores. Bons Estudos! Competência 02 30 2.Competência 02 | Representação de Projetos Arquitetônicos Caro estudante, a partir desta segunda semana de curso, você vai aprender sobre as diferentes fases de um projeto de arquitetura e a sua representação gráfica, a fim de compreender a linguagem arquitetônica, além de aplicar os conhecimentos vistos na semana anterior. O Projeto de Arquitetura é desenvolvido em fases que se sucedem e são interdependentes umas das outras, ou seja, são organizadas em sequência predeterminada. De acordo com as normas da ABNT, existem três fases principais que você verá nesta competência. 2.1 Desenhos de um Projeto Arquitetônico Antes de qualquer coisa, é importante você relembrar que o Projeto de Arquitetura é um documento constituído de uma parte escrita e uma parte gráfica. Essa última, é o chamado Desenho de Arquitetura ou Desenho Arquitetônico, o qual é constituída por um conjunto de desenhos que têm como objetivo representar os componentes construtivos e a configuração volumétrica e espacial da edificação. Apresentam-se sob a forma de plantas baixas, cortes e vistas (elevações). Vamos agora, aprender cada uma destas etapas do desenho arquitetônico! 2.1.1 Planta baixa Em um Projeto de Arquitetura, o principal desenho é a planta baixa, a qual constitui uma das várias plantas (desenhos) da edificação. Ela consiste em uma vista superior do plano secante horizontal, geralmente localizado a uma altura de 1,50 m do piso principal de referência (térreo, superior, subsolo, sótão, cobertura, entre outros). “A altura desse plano pode ser variável para cada projeto de maneira a representar todos os elementos considerados necessários” (NBR 6492, 1994, p.1), comumente condicionada pela altura dos vãos de portas e janelas de modo a incluí-los (SILVA et.al., 2012, p. 184). Observe na Figura 25 que a edificação está sendo “cortada” em duas porções (superior e inferior), através de um plano imaginário, a uma altura de 1,50 m do piso, de modo que a parte superior da casa é retirada (Figura 26) para mostrar os elementos construtivos “cortados” (paredes, janelas e portas) (Figura 27). Esses elementos vão gerar a configuração do desenho da planta baixa Competência 02 31 (Figura 28) o qual é utilizado como base para a construção dos demais desenhos do Projeto de Arquitetura: os cortes e as vistas (elevações). Todos os desenhos devem receber as convenções mínimas, de acordo com as regras e normas. Figura 25: Plano secante imaginário a 1,50 m de altura da edificação. Fonte: Montenegro, 2001 p. 48. Descrição: casa sendo cortada pelo plano. Figura 26: Duas porções da edificação originadas após o plano secante horizontal. Fonte: Montenegro, 2001, p. 48. Descrição: casa dividida em duas partes. Figura 27: Resultado da seção horizontal da edificação: planta baixa ainda não normatizada. Fonte: Montenegro, 2001, p. 49. Descrição: desenho da base das paredes de uma casa, em uma folha de papel. Figura 28: Planta baixa final normatizada resultante do plano secante horizontal a 1,50 m de altura. Fonte: Montenegro, 2001, p. 49. Descrição: desenho de uma casa, mostrando o terraço, depósito e sala. Competência 02 32 As escalas mais utilizadas na representação de plantas baixas no projeto de arquitetura são: 1:50, 1:100 e 1:200. Já no Design de Interiores, as escalas mais comuns são: 1:20, 1:25 e 1:50. 2.1.2 Cortes Se o plano secante horizontal origina a planta baixa da edificação, o plano secante vertical dá origem ao que chamamos de cortes. Os cortes nada mais são do que as representações gráficas das duas porções que se originam através deste plano vertical imaginário que corta a edificação, o qual pode se dá em duas posições: longitudinal e transversal. O longitudinal é feito no sentido do comprimento da edificação, enquanto o transversal, no sentido da largura, como pode ser observado na Figura 29. Figura 29: Plano secante vertical imaginário, no sentido transversal da edificação. Fonte: Montenegro, 2001, p. 50. Descrição: uma casa sendo cortada pelo plano vertical. Figura 30: Duas porções da edificação originadas com o corte transversal. Fonte: Montenegro, 2001, p. 50. Descrição: uma casa dividida em duas partes. Observe que na Figura 30, a edificação foi dividida em duas partes distintas, o que originou consequentemente dois cortes diferentes: o Corte AB e o Corte BA. Essa distinção é uma convenção didática na qual a ordem das letras indica a direção escolhida pelo profissional para evidenciar o corte que será representado graficamente. Essa escolha se dá em virtude das informações construtivas que necessitam ser demonstradas para a melhor execução do projeto. De NOTA: O Projeto de Arquitetura ainda é composto pelas seguintes plantas: a planta de situação, a planta de locação (ou implantação) e a planta de cobertura, as quais não serão abordadas nesse material. Competência 02 33 acordo com a NBR 6492 (1994, p.1), “o corte, ou cortes, deve ser disposto de forma que o desenho mostre o máximo possível de detalhes construtivos”. Então, como a planta baixa é um desenho que não mostra todos os detalhes internos do projeto, sobretudo as alturas, nem todas as informações necessárias e suficientes para a execução, os cortes servem como desenhos complementares, que evidenciam as alturas dos elementos construtivos, por exemplo: janelas, portas, forros, peitoris, entre outros (Figura 31). Figura 31: Corte AB com destaque para os elementos construtivos a serem evidenciados. Fonte: Montenegro, 2001, p. 52. Descrição: exemplo de elementos de um corte: beiral, embasamento, água, verga, peitoril e pé-direito. Uma vez escolhido o sentido, a direção e a posição do corte, você deve ficar atento para a forma de marcação dos cortes na planta baixa. Foi visto anteriormente, que os cortes foram identificados com letras, mas recomenda-se que eles sejam representados através de uma seta direcional com o número do corte, além do número da prancha na qual o corte será representado, como na Figura 32. Competência 02 34 Figura 32: Corte AB com destaque para os elementos construtivos a serem evidenciados. Fonte: NBR 6492, 1994, p. 18. Descrição: representação da marcação do corte numa planta baixa. Observe que na Figura 33, os cortes longitudinal e transversal foram indicados com o símbolo nomeados com números (Corte 1-1 e Corte 2-2). Além do símbolo indicativo do corte, “a marcação da linha de corte deve ser suficientemente forte e clara para evitar dúvidas e mostrar imediatamente onde ele se encontra” (NBR 6492, 1994, p. 18). Para tal, a linha deve ser do tipo traço e ponto, conforme NBR 8403/1984. Figura 33: Planta baixa de arquitetura de um escritório com marcação dos cortes transversal e longitudinal. Fonte: https://desenhoarquitetonicosite.wordpress.com/2016/06/06/exercicio-aula-3-07-de-maio-de-2016-desenho- arquitetonico-simbolos-representacoes-e-caligrafia-tecnica/ Descrição: desenho de uma planta baixa, com a marcação dos cortes, transversal e longitudinal.Competência 02 35 De acordo com a NBR 6492 (1994, p.7), o desenho dos cortes no projeto de arquitetura deve conter (Figura 34): a) simbologias de representação gráfica; b) eixos do projeto; c) sistema estrutural; d) indicação das cotas verticais; e) indicação das cotas de nível em osso e acabado dos diversos pisos; f) caracterização dos elementos de projeto: • fechamentos externos e internos; • circulações verticais e horizontais; • áreas de instalações técnicas e de serviço; • cobertura/telhado e captação de águas pluviais; • forros e demais elementos significativos; g) denominação dos diversos compartimentos seccionados; h) marcação dos detalhes; i) escalas; j) notas gerais, desenhos de referência e carimbo; k) marcação dos cortes transversais nos cortes longitudinais e vice-versa. NOTA Pode haver deslocamentos do plano secante onde necessário, devendo ser assinalados, de maneira precisa, o seu início e final (na planta baixa). Nos cortes transversais, podem ser marcados os cortes longitudinais e vice-versa (NBR 6492, 1994, p. 1-2). Competência 02 36 Figura 34: Corte AB normatizado e cotado verticalmente, em escala adequada. Fonte: Montenegro, 2001, p. 70. Descrição: representação de um corte transversal, com as cotas de alturas, em suas laterais. Na representação gráfica dos cortes, as escalas mais utilizadas no desenho arquitetônico são: 1:50 e 1:100. Já nos projetos de Design de Interiores, as escalas mais comuns são: 1:20, 1:25 e 1:50. A escala escolhida para o desenho da planta baixa deve ser a mesma para os cortes e vistas (elevações). Figura 35: Tipo da linha de corte indicativa de desvio. Fonte: NBR 8403, 1984, p. 2. Descrição: linha representada em ponto e traço. VOCÊ SABIA? Em algumas situações, ao fazer a marcação do corte na planta baixa, pode ser necessário realizar um desvio na direção da linha do corte afim de destacar detalhes e/ou elementos construtivos que estão fora da linha de corte escolhida ou ainda para diminuir o número de cortes no desenho. O desvio é representado conforme a Figura 35 e tem-se um exemplo de aplicação em planta baixa na Figura 36. Competência 02 37 Figura 36: Planta baixa com linha de corte com mudança de direção. E representação do Corte com mudança de direção. Fonte: Montenegro, 2001, p. 57. Descrição: representação de uma marcação de corte desviado em uma planta baixa e, um corte longitudinal. No próximo item você vai conhecer sobre as vistas e aprender a diferença entre as elevações internas e as elevações externas do Desenho Arquitetônico e como elas se aplicam ao Desenho de Interiores. 2.1.3 Vistas Caro estudante, a conceituação de vistas não é muito clara nas normas de desenho, por exemplo, como na NBR 6492 (1994, p. 2). Já na NBR 10.067 (1995, p. 2), também não aparece um conceito definido de vistas, mas apenas como elas são obtidas através das projeções ortográficas do objeto arquitetônico. Partindo desse princípio, é dito que elas são representações gráficas de planos verticais dispostos a partir de um cubo imaginário que envolve a construção. Desse modo, o objeto é projetado em cada uma das faces do cubo, como pode ser observado nas Figuras 37, 38 e 39. Competência 02 38 Figura 37: Obtenção das quatro vistas ou projeções ortográficas de uma edificação. Fonte: Montenegro, 2001, p. 42. Descrição: uma casa com portas e janelas, e setas apontadas para ela, indicando as diversas vistas. Figura 38: Obtenção das vistas ou projeções ortográficas de uma edificação através do cubo imaginário. Fonte: Montenegro, 2001, p. 42. Descrição: uma casa e demais vistas externas da mesma. Figura 39: Cubo imaginário planificado com as seis vistas de uma edificação. Fonte: Montenegro, 2001, p. 42. Descrição: seis vistas externas da casa, distribuídas cada uma, em um quadrado, como um cubo aberto. Competência 02 39 Figura 40: Fachada frontal de uma edificação. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/791057/apartamento-bento-semerene-arquitetura-interior Descrição: fachada de uma edificação de dois pavimentos. NOTA: FACHADAS E ELEVAÇÕES No Desenho de Arquitetura é importante não confundir as fachadas com as elevações. As fachadas são representações gráficas de planos verticais externos da edificação, diferentemente das elevações, que são os planos verticais internos da edificação (NBR 6492, 1994, p. 2). No Desenho Arquitetônico é mais comum o uso das fachadas, enquanto no Desenho de Interiores, são mais comuns as elevações. Em ambos os casos, o objetivo é de expor os detalhes externos e internos, respectivamente. Ver os exemplos das Figura 40 (fachada) e Figura 41 (elevação) abaixo. Competência 02 40 Figura 41: Elevação interna de uma cozinha. Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/801296/residencia-act-cf-arquitetura/584e633de58eceb19a000212- residencia-act-cf-arquitetura-fachada Descrição: parede interna de uma cozinha, apresentando elementos, como: geladeira, micro-ondas, bancada, armários. Então, o projeto de interiores deve conter as elevações internas para expor detalhes internos dos ambientes. Conforme a NBR 6492 (1994, p. 9), as elevações, bem como as fachadas, devem conter alguns elementos mínimos, tais como: a) simbologias de representação gráfica; b) eixos do projeto; c) indicação de cotas de nível acabado; d) indicação de convenção gráfica dos materiais; e) marcação e detalhes; f) escalas; g) notas gerais, desenho de referência e carimbo; A simbologia utilizada em planta baixa para indicar a orientação das elevações se faz através de triângulos com setas direcionais voltadas para a respectiva parede, conforme exemplificado na Figura 42. A Figura 43, mostra a representação da elevação que foi marcada na planta baixa, e os elementos necessários, exigidos pela NBR 6492 (1994). Competência 02 41 Figura 42: Exemplo de simbologia indicativa de elevação na planta baixa. Fonte: Valadares & Matoso, 2002 p. 20 e 24. Descrição: desenho de uma planta baixa, mostrando bacia sanitária, chuveiro, armários, espelhos, entre outros. Figura 43: Exemplo de elevação referente ao que está sendo indicado pela seta na planta baixa. Fonte: Valadares & Matoso, 2002 p. 20 e 24. Descrição: desenho de uma elevação de um banheiro, mostrando bacia sanitária, chuveiro, armários, espelhos, entre outros. Competência 02 42 Figura 44: Simbologia indicativa das elevações na planta baixa com as dimensões mínimas. Fonte: NBR 6492, 1994, p. 22. Descrição: representação das elevações numa planta, que pode ser um triângulo, ou triângulo dentro de um círculo, com números, que são as informações dos cortes. Do mesmo modo que os cortes, as escalas mais utilizadas na representação gráfica das elevações no desenho arquitetônico são: 1:50 e 1:100. Já nos projetos de Design de Interiores, as escalas mais comuns são: 1:20, 1:25 e 1:50. Ou seja, no mesmo projeto deve haver uma equivalência em termos de escala entre os desenhos de planta baixa, cortes e elevações. 2.2 Etapas do desenho de planta baixa, cortes e vistas (fachadas e elevações) A seguir, você aprender como elaborar os principais desenhos utilizados para apresentação de um projeto de interiores: plantas baixas, cortes e vistas (elevações). Eles são produzidos em uma sequência de etapas que não devem ser quebradas, conformediz Montenegro (2001). NOTA: DESENHO POR INSTRUMENTO X DESENHO ASSISTIDO POR COMPUTADOR Esse processo de representação do desenho pode ser utilizado tanto através do uso de instrumentos técnicos, quanto através de desenho por computador. Nesse material, você vai aprender através do desenho por instrumento, mas as normas precisam também serem seguidas, caso o desenho seja feito em computador. Competência 02 43 2.2.1 Plantas baixas Para a primeira etapa do desenho da(s) planta(s) baixa(s), temos o seguinte (Figura 45): 1. É feita a marcação do contorno externo da edificação ou ambiente através de traços finos; 2. Depois segue para a demarcação da espessura das paredes externas; 3. Em seguida, são desenhadas as divisões dos ambientes internos com representação das paredes internas; Figura 45: Desenho das paredes externas e internas do projeto. Fonte: Montenegro, 2001, p. 67. Descrição: desenho das paredes de uma edificação. Mostra as espessuras das paredes, por meio de traços. Na segunda etapa do desenho, temos o seguinte (Figura 46): 1. Fazer o desenho dos vãos (aberturas) nas paredes, para indicação ou não das esquadrias (portas e janelas). As portas de abrir são indicadas abertas para mostrar o vão de abertura, enquanto as janelas são desenhadas fechadas; 2. Em seguida, são desenhados os elementos de projeto, sejam eles fixos ou móveis, tais como: balcões, bacias sanitárias, pias, tanques, banheiras, como também os eletrodomésticos, como: geladeira, fogão, máquina de lavar roupas, etc.; Competência 02 44 3. Por fim, desenhar a linha de piso externo, no caso de uma planta baixa de edificação. Figura 46: Desenho dos vãos, esquadrias e dos elementos fixos e móveis do projeto. Fonte: Montenegro, 2001, p. 68. Descrição: desenho de uma planta baixa, com a representação de paredes, portas, janelas, mobiliário. Na terceira etapa do desenho da planta baixa, segue a sequência de seu desenvolvimento (Figura 47): 1. Desenhar a projeção da cobertura (para edificações. Não desenhar quando for uma planta baixa para um projeto de interiores) e todos os elementos construtivos que estejam acima do plano secante horizontal a 1,50m do piso, com linha do tipo tracejada; 2. Depois, as linhas que representam as paredes são engrossadas; 3. Em seguida, desenhar as linhas de cotas gerais e específicas e os valores das cotas; Competência 02 45 4. Depois são colocados os nomes dos ambientes, geralmente centralizados; 5. Finalmente, são feitas as indicações das linhas dos cortes e os símbolos dos níveis de piso. Figura 47: Desenho dos nomes dos ambientes, das linhas dos cortes e das linhas de cotas. Fonte: Montenegro, 2001, p. 69. Descrição: desenho de uma planta baixa completa, com a divisão dos ambientes, portas, janelas e demais elementos necessários. 2.2.2 Cortes Para o desenho dos cortes, a sequência que você deve seguir é a seguinte: 1. Primeiro, utilizar papel transparente (na posição horizontal) sobre o desenho da planta baixa orientado no sentido de marcação do corte, como ilustrado na Figura 48; Competência 02 46 2. Em seguida, deve ser desenhada a linha de altura do piso térreo e a linha referente ao nível do terreno; 3. As linhas de parede externas e internas cortadas pela linha de corte são desenhas a seguir; 4. Logo, os vãos de portas e janelas devem ser desenhados, de modo que agora, as portas são representadas fechadas. Aqui também, podem ser desenhados aqueles elementos que são “vistos” e não “cortados” pelo plano de corte, sendo indicados com traço contínuo mais fino que o traço dos elementos cortados; 5. Depois as linhas que marcam os elementos “cortados” pelo plano de corte devem ser engrossadas de modo a evidenciá-las, como exemplo, as paredes cortadas. Também deve ser feita a cotagem. Figura 48: Desenho do corte através do uso de papel transparente para transposição das medidas. Fonte: Montenegro, 2001, p. 70. Descrição: desenho de uma planta baixa com a marcação do corte AB. O desenho ao lado, é do corte AB. Como resultado final desse processo, você pode ver o resultado do corte final como deve ser apresentado, conforme Figura 49. NOTA: COTAS VERTICAIS X COTAS HORIZONTAIS As cotas nos cortes são exclusivamente indicadas no sentido vertical, enquanto as cotas horizontais se destinam a cotar a planta baixa. Competência 02 47 Figura 49: Desenho final do corte com as indicações mínimas necessárias. Fonte: Montenegro, 2001, p. 71. Descrição: desenho do corte, com seus respectivos elementos representados e as cotas. Agora no item a seguir, você vai aprender a desenhar as vistas (fachadas e elevações) e sua aplicação no campo do Design de Interiores. 2.2.3 Vistas (fachadas e elevações) O desenho das vistas é feito após a obtenção da representação gráfica dos cortes já que eles servem como base para o desenho das fachadas e elevações. Não é à toa que o mesmo procedimento utilizado anteriormente para obtenção dos cortes, é utilizado para obtenção das vistas, com uma diferença: agora o papel transparente é colocado sobre o corte e não mais sobre a planta baixa. Estudante, vamos conhecer as etapas! 1. Primeiro, desenhar a linha do terreno e o nível do piso térreo; 2. Em seguida, transpor as medidas horizontais e as alturas dos elementos construtivos; 3. Finalmente, utilizar diferentes espessuras de linhas para os elementos construtivos que estão em primeiro e segundo plano: linhas mais grossas, no plano da frente, e linhas mais finas, no plano de fundo. Linhas médias podem ser utilizadas para elementos intermediários. Por fim, observe que na Figura 50 não são indicadas as linhas de cotas na fachada, uma vez que as informações referentes às alturas já foram identificadas anteriormente nos cortes. Competência 02 48 Figura 50: Desenho final de uma fachada com as indicações mínimas necessárias. Fonte: Montenegro, 2001, p. 71. Descrição: fachada externa de uma residência. 2.3 Fases da Representação de um Projeto Arquitetônico O Projeto de Arquitetura é desenvolvido em diferentes fases que se sucedem e são interdependentes umas das outras, ou seja, são organizadas em sequência predeterminada. De acordo com as normas da ABNT, existem três fases principais, que você verá em seguida. 2.3.1 Estudo preliminar Como o próprio nome sugere, o estudo preliminar é aquele que vem antes de qualquer outra etapa, antecedendo as demais fases do projeto. É um “estudo da viabilidade de um programa e do partido arquitetônico a ser adotado para sua apreciação e aprovação pelo cliente” (NBR 6492, 1994, p. 5). Ou seja, nessa fase são apresentados os desenhos preliminares ou iniciais elaborados pelo profissional com o intuito de experimentar a viabilidade técnica e/ou financeira do programa de necessidades e do partido de projeto adotado. Nessa etapa há alguns desenhos básicos que o Designer de Interiores deve apresentar, tais como: planta de layout, cortes, vistas e perspectivas. VÍDEOAULA: ELABORAÇÃO DE CORTES E VISTAS (ELEVAÇÕES) Agora vamos parar um pouquinho a leitura, para assistir ao vídeo que mostra como é o processo de elaboração de cortes e vistas (Elevações), no desenho instrumental e no desenho computacional. Competência 02 49 GLOSSÁRIO: PROGRAMA DE NECESSIDADES E PARTIDO DE PROJETO Programa de Necessidades É um documento preliminar que caracteriza as necessidades e expectativas do cliente quanto ao projeto,objeto de estudo. Ele serve para coletar as informações mínimas necessárias a fim de nortear as decisões de projeto. Pode conter “a relação dos setores que o compõem, suas ligações, necessidades de área, características gerais e requisitos especiais, posturas municipais, códigos e normas pertinentes” (NBR 6492, 1994, p. 2). Também pode conter estimativas de custos (orçamento) e prazos (cronograma). Partido de Projeto É uma expressão que designa um “conceito de projeto” ou as intenções e escolhas tomadas a partir das informações coletadas no programa de necessidades. Já o partido são as técnicas utilizadas para alcançar os objetivos do conceito, ou seja, são as projetuais tomadas para se conseguir transmitir o conceito. 2.3.2 Anteprojeto O anteprojeto é a etapa que se sucede ao estudo preliminar. Ele se constitui nos desenhos da fase anterior, após serem aceitos e aprovados pelo cliente, mas com os ajustes e adaptações determinados pelo projeto. Ou seja, o anteprojeto é composto pelos mesmos documentos típicos da fase anterior, porém com desenhos mais coloridos, com diferentes texturas, figuras humanas, etc. Nessa fase são apresentadas: a planta de layout, os cortes, as vistas e perspectivas. Também é comum nessa fase a entrega da planta de layout (Figura 51) e/ou da planta humanizada (Figura 52), sendo a primeira mais simples e técnica, muitas vezes de difícil entendimento por parte do cliente; enquanto a segunda, possui cores, texturas, iluminação e cotas gerais, de modo a refletir como o ambiente ou o edifício ficará o mais próximo da realidade. NOTA O estudo preliminar pode servir à consulta prévia para aprovação em órgãos governamentais, no caso do Projeto de Arquitetura, já que o Projeto de Design de Interiores não é submetido a tal. Competência 02 50 Figura 51: Exemplo de planta de layout. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/292734044507728626/ Descrição: planta baixa, apenas nas cores branca e preta, de um apartamento mobiliado. Figura 52: Exemplo de planta humanizada. Fonte:https://www.maquetizando.com.br/fullscreen -page/comp-js27jljv/51713cff-c4ec-4e22-9281- 45e139afe769/0/%3Fi%3D0%26p%3Dd34uk%26s%3 Dstyle-jemmuvhd Descrição: planta baixa, colorida, de um apartamento. Apresenta cotas básicas dos ambientes. 2.3.3 Projeto Executivo Essa é a terceira e última etapa do projeto e “apresenta, de forma clara e organizada, todas as informações necessárias à execução da obra e todos os serviços inerentes” (NBR 6492, 1994, p. 5). Ou seja, se constitui na fase onde os pormenores devem ser detalhados e especificados VAMOS PENSAR! Por que fazer uma planta humanizada? Imagine que um cliente lhe contrate para fazer um projeto de reforma. Você faz o projeto de acordo com as normas e cheio de detalhes técnicos para apresentar ao cliente. Você acha que ele vai entender de forma clara o que está ali? Não seria mais interessante fazer uma planta colorida e realística deixando o cliente encantado com o seu trabalho? Pense nisso! Confira as diferenças entre uma planta mais técnica e uma planta mais humanizada a seguir. Competência 02 51 devidamente de modo a expor. Nessa fase, o Designer de Interiores deve apresentar os seguintes desenhos: planta de layout, cortes, elevações e perspectivas, além das especificações técnicas, os detalhes do projeto e o orçamento analítico. Finalizado o conteúdo da segunda semana de estudos da disciplina Desenho Arquitetônico. Não deixe de participar dos fóruns, e de sanar suas dúvidas antes de dar prosseguimento ao conhecimento que será exibido para você na próxima semana, o qual abordará do dimensionamento em Desenho Arquitetônico e da representação da circulação vertical. Bons Estudos!!! Competência 03 52 3.Competência 03 | Dimensionamento e Circulação Vertical Nessa terceira semana de estudos, primeiramente você vai aprender sobre o dimensionamento ou cotagem dos objetos (elementos) no Desenho Arquitetônico. A segunda parte, irá tratar da representação gráfica dos elementos de circulação vertical (escadas, rampas, elevadores) que permitem a circulação de pessoas e objetos nas edificações. 3.1 Definição de dimensionamento no Desenho Técnico 3.1.1 Cotagem No Desenho Técnico, a cotagem corresponde à indicação do dimensionamento dos objetos (elementos) representados. Ou seja, são as medidas referentes à altura, ao comprimento, à largura ou à profundidade dos objetos e que recebem a denominação de cotas. Ao ter as medidas indicadas no desenho, evita-se que cálculos precisem ser realizados. Elas são comumente utilizadas nas plantas baixas, cortes e elevações, de um projeto de interiores, e devem ser desenhadas de forma clara e legível. GLOSSÁRIO: COTAGEM A cotagem é a “representação gráfica no desenho da característica do elemento, através de linhas, símbolos, notas e valor numérico numa unidade de medida” (NBR 10.126, 1987, p. 1). Para a cotagem utilizam-se as cotas. GLOSSÁRIO: COTAS As cotas são números que indicam as dimensões lineares ou angulares do elemento ou objeto acabado. Seus elementos constituintes são os seguintes: linha da cota, linha de auxiliar, limite da linha de cota e a cota (Figura 53). Você verá a seguir no item 3.2 cada um deles com mais detalhes. Figura 53: Esquema com os elementos de cotagem. Fonte: NBR 10.126, 1987, p. 3. Descrição: representação dos elementos de cotagem. Competência 03 53 É importante destacar que, qualquer que seja a escala do desenho, as cotas sempre vão representar as verdadeiras grandezas das dimensões reais do objeto representado, como você irá ver mais adiante. Outro ponto, é que as cotas indicam apenas as medidas e não as unidades do desenho. Ou seja, para todas as cotas não se emprega o símbolo da unidade: m para metro, cm para centímetro e mm para milímetro. “Se for necessário, para evitar mau entendimento, o símbolo da unidade predominante para um determinado desenho deve ser incluído na legenda” (NBR 10.126, 1987, p. 2). Num projeto é recomendado utilizar a mesma unidade em todos os desenhos. Além da legibilidade, é preciso estudante, você estar atento para que não haja a repetição de cotas num mesmo desenho. Cotas supérfluas ou duplicadas devem ser evitadas de modo que a representação gráfica não fique confusa ou sobrecarregada de informações. O cruzamento de linhas de cota com outras linhas do desenho também deve ser evitado. 3.2 Elementos de cotagem Como ilustrado anteriormente na Figura 53, os elementos de cotagem compreendem: linha de cota, linha auxiliar, limite da linha de cota e cota. Você irá aprender cada um deles e como aplicá-los ao desenho. 3.2.1 Linha de cota As linhas de cota são desenhadas com linhas finas e contínuas, em todo o comprimento do objeto, como recomenda a NBR 10.126 (1987, p. 3). A linha de cota não deve ser interrompida mesmo que o elemento tenha sido interrompido no desenho, como mostra na Figura 54 abaixo. NOTA: DIMENSÕES LINEARES X DIMENSÕES ANGULARES As dimensões angulares são utilizadas quando o objeto representado tiver ângulos a serem cotados. Nesse caso, a unidade de medida passa a ser o grau, e o símbolo (°) deve estar presente junto à cota. Com exceção de coberturas e rampas, onde a inclinação deve ser indicada através da porcentagem (%) Competência 03 54 Figura 54: Exemplo de linha de cota para elemento interrompido. Fonte: NBR 10.126, 1987, p. 4. Descrição: linha de cota contínua num desenho. 3.2.2 Linha auxiliar As linhas auxiliares devem
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