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Adaptações Fisiológicas ao Treinamento Aeróbio

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FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Fernanda Letícia de Souza 
 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
A prática de exercícios físicos é fundamental para a manutenção da 
saúde e elevação do nível de qualidade de vida. Não há idade para começar – 
ou para encerrar – e os benefícios proporcionados vão muito além da estética, 
apesar de este ser um grande motivador para a procura por uma atividade. 
Pesquisas mostram que o exercício físico é capaz de melhorar até o 
nosso humor, elevando os níveis de endorfina e baixando os níveis do 
hormônio do estresse. Ao movimentar o corpo, provocamos em nosso 
organismo diversas adaptações cardiorrespiratórias, musculares e metabólicas 
que, somadas, contribuem para o fortalecimento da saúde, da autonomia e da 
qualidade de vida. 
Há no mercado diversos tipos de treinamento, e o mundo fitness está 
sempre se atualizando e lançando novas opções para que não haja desculpa 
para não praticar exercício. A escolha depende do objetivo de cada um, pois 
cada tipo de treinamento provoca diferentes respostas e adaptações 
fisiológicas no organismo. 
A seguir, veremos as principais adaptações fisiológicas do organismo 
aos treinamentos aeróbio, intervalado de alta intensidade, de força, concorrente 
e ao período de polimento. 
TEMA 1 – ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS INDUZIDAS PELO TREINAMENTO 
AERÓBIO 
O treinamento aeróbio, como o próprio nome já diz, é aquele que ativa o 
metabolismo aeróbio de produção de energia. Como vimos nas aulas 
anteriores, o metabolismo aeróbio ocorre com a presença de oxigênio nas 
reações químicas de geração de energia, com os substratos energéticos sendo 
oxidados nas mitocôndrias durante o ciclo de Krebs. 
Assim, como o oxigênio demora um tempo para chegar até os músculos 
em atividade, o treinamento aeróbio se caracteriza por atividades de duração 
média a prolongada e com intensidade moderada a baixa, para que o 
metabolismo aeróbio seja ativado e o glicogênio e os lipídios sejam utilizados 
como substratos energéticos para ressíntese do ATP. 
Exemplos de treinamento aeróbio são: caminhadas, corridas, natação, 
esportes coletivos, como o futebol e o basquete, aulas de dança, como zumba, 
 
 
3 
entre outras atividades que mantenham um ritmo e o corpo em movimento por 
um tempo relativamente mais longo. 
1.1 Adaptações cardiorrespiratórias 
Todo treinamento provoca no organismo adaptações agudas – imediatas 
– e adaptações crônicas – com efeito a longo prazo. O treinamento aeróbio é 
responsável por várias adaptações cardiorrespiratórias crônicas, uma vez que 
sua duração mais prolongada e a utilização do metabolismo aeróbio de 
produção de energia acabam por ativar com mais efetividade a frequência 
cardíaca e a captação de oxigênio pelas vias respiratórias. 
Um dos efeitos desse tipo de treinamento sobre a frequência cardíaca é 
a redução da frequência cardíaca (FC) de repouso. Uma FC de repouso mais 
baixa é sinônimo de boa saúde, enquanto uma FC de repouso elevada 
representa riscos de mortalidade mais elevados. O treinamento aeróbio reduz a 
FC cardíaca de repouso por meio da melhora do retorno venoso e do aumento 
do volume sistólico. 
Durante a prática de um exercício aeróbio, o coração precisa bombear 
sangue oxigenado para os músculos e sugar o sangue com gás carbônico de 
volta ao coração para as trocas gasosas no pulmão. Quanto mais treinado o 
coração estiver para isso, melhor será seu desempenho e menos esforço ele 
fará para executar suas funções. Assim, o treinamento aeróbio é capaz de 
provocar as adaptações crônicas de melhora do volume sistólico – 
bombeamento do sangue pelas artérias – e do retorno venoso – retorno do 
sangue ao coração pelas veias –, reduzindo a FC de repouso pelo aumento da 
eficiência do coração. 
O treinamento aeróbio também melhora a FC pós-exercício, outro fator 
importante para a diminuição dos riscos de doenças cardíacas. Quanto menor 
a variação da FC após o exercício, maior é o risco relativo, ou seja, quanto 
mais rápido a FC retornar ao seu estado pré-exercício, menores serão os 
riscos para a saúde cardiovascular. O treinamento aeróbio é capaz de melhorar 
este desempenho também, no entanto, essa adaptação é perdida em poucas 
semanas se o treinamento for abandonado. 
O débito cardíaco, que pode ser definido como o volume de sangue 
bombeado pelo coração em um minuto (FC x volume sistólico), também sofre 
adaptações positivos ao treinamento aeróbio. Durante o exercício físico, o 
 
 
4 
coração precisa bater mais rápido para levar sangue oxigenado aos músculos. 
Em pessoas normais, o débito cardíaco aumenta quatro vezes durante o 
exercício. Já em indivíduos treinados, esse aumento chega a seis vezes em 
relação ao débito cardíaco de repouso. 
Associada a essa adaptação, temos a hipertrofia do coração. Como já 
estudamos, o coração é um músculo e, portanto, pode ser aumentado de 
volume quando exposto a uma carga de trabalho. Com o trabalho realizado no 
treinamento aeróbio, o tamanho das câmaras e o volume da massa cardíacas 
são aumentados, melhorando a eficácia de bombeamento do sangue em até 
40% em pessoas treinadas. 
Por último, mas muito importante, é a adaptação sofrida pelo VO2 
máximo. O VO2máx é a capacidade máxima do corpo do organismo de 
transportar e metabolizar oxigênio durante um exercício físico, constituindo-se 
na variável fisiológica que melhor reflete o condicionamento aeróbio de um 
indivíduo. Normalmente, nos primeiros dois meses de treinamento aeróbio, é 
possível observar um incremento de 5% a 30% no VO2máx. Essa melhora 
continua ocorrendo no decorrer do treinamento, porém de forma mais lenta. 
1.2 Adaptações musculares e metabólicas 
A principal adaptação muscular sofrida pelo praticante do treinamento 
aeróbio é o aumento do número de mitocôndrias na fibra muscular. Este 
aumento é maior nas fibras vermelhas, do tipo I, classificadas como fibras de 
contração lenta e mais resistentes à fadiga. Por suas características, tais fibras 
são mais recrutadas no exercício aeróbio e, portanto, sofrem as maiores 
adaptações, aumentando consideravelmente o número de mitocôndrias em seu 
interior e melhorando a eficiência da oxidação de carboidratos e lipídios. Como 
vimos anteriormente, o metabolismo aeróbio de oxidação de substratos 
energéticos acontece no interior da matriz mitocondrial. No entanto, essa 
adaptação não ocorre somente nas fibras vermelhas, atingindo também, 
apesar da menor intensidade, as fibras brancas de contração rápida, que 
participam no exercício aeróbio. 
O treinamento aeróbio provoca ainda o aumento da capilaridade 
muscular, ou seja, da quantidade de capilares (vasos sanguíneos bem finos) ao 
redor da fibra muscular. Esta adaptação proporciona o aumento da capacidade 
 
 
5 
de difusão do oxigênio durante o exercício, encurtando a distância necessária 
para que este elemento se difunda no músculo. 
Como vimos anteriormente, o organismo, durante o exercício físico, 
utiliza primeiramente o glicogênio (carboidrato) como fonte de energia para a 
ressíntese do ATP, para depois começar a utilizar os ácidos graxos (lipídios) no 
metabolismo aeróbio. Por isso, há a indicação de exercícios aeróbios de média 
a longa duração e intensidade moderada a leve quando o objetivo é o 
emagrecimento. No entanto, quanto mais treinado aerobicamente for o 
indivíduo, maior será sua capacidade de metabolizar ácidos graxos no ciclo de 
Krebs, fazendo com que a queima dos lipídios ocorra mais cedo durante o 
exercício e o glicogênio seja poupado. 
Assim, o treinamento aeróbio é capaz de eliminar o excesso de tecido 
adiposo do organismo, contribuindo para melhor distribuição da gordura 
corporal e favorecendo um padrão mais saudável. 
TEMA 2 – ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS ADVINDAS DO TREINAMENTO 
INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE 
O treinamento intervalado de alta intensidade, conhecido pela sigla HIIT 
(do inglês High IntensityInterval Training), é um método de treinamento que 
envolve sessões de exercícios aeróbios de alta intensidade com intervalos que 
podem ser ou não ativos. Quando falamos em alta intensidade, estamos 
falando em executar a atividade a 90% do seu VO2máx, ou seja, é preciso ficar 
totalmente sem fôlego durante os minutos de exercício aeróbio. 
Assim, são intercaladas sessões que podem variar de 20 segundos a 1 
minuto de exercícios aeróbios (corrida, bicicleta etc.) intensos, com intervalos 
que podem ser ativos – como uma caminhada bem leve – ou simplesmente 
descanso parado. O HIIT promete ótimos resultados, mas é preciso que o 
praticante realmente esteja disposto a dar o seu máximo, caso contrário, o 
método perde um pouco da eficiência. 
2.1 Adaptações cardiorrespiratórias 
Como o HIIT utiliza curtos períodos de exercícios aeróbios realizados em 
intensidade máxima, as adaptações cardiorrespiratórias são muito próximas às 
provocadas pelo treinamento aeróbio. 
 
 
6 
O aumento do débito cardíaco é uma adaptação bastante significativa 
desse tipo de treinamento, pois os períodos de alta intensidade exigem muito 
do coração e do sistema respiratório, e o sangue oxigenado precisa chegar 
muito rapidamente aos músculos em atividade. 
Já a melhora do VO2máx deve ser a adaptação cardiorrespiratória mais 
importante proporcionada pelo treinamento intervalado de alta intensidade, 
uma vez que os períodos de exercício aeróbio são realizados quase no limite 
da capacidade máxima de captação e de transporte de oxigênio do indivíduo. 
Como as adaptações do VO2máx são maiores nos primeiros dois meses de um 
treinamento, os ganhos com o HIIT são realmente impressionantes. 
Além disso, o fator mais importante do treinamento intervalado é que ele 
proporciona os ganhos cardiorrespiratórios num intervalo de tempo muito mais 
curto que o treinamento aeróbio. Os mesmos ganhos de um treinamento 
aeróbio de 60 minutos realizado 5 vezes na semana podem ser obtidos por um 
treinamento intervalado de alta intensidade de 27 minutos realizado 3 vezes na 
semana. 
2.2 Adaptações musculares e metabólicas 
As características únicas do treinamento intervalado de alta intensidade 
podem proporcionar adaptações musculares específicas tanto no metabolismo 
não-oxidativo (anaeróbio) como do metabolismo oxidativo (aeróbio). 
Isso pode ser mais bem explicado se considerarmos uma sessão de 
treinamento em bicicleta, por exemplo, com a execução de 30 segundos de 
pedalada de alta intensidade (90% do VO2máx) com intervalos de 4 minutos de 
recuperação. No primeiro esforço intenso, 80% da energia para ressíntese do 
ATP será proveniente do metabolismo anaeróbio. No entanto, lá pela terceira 
sessão de pedalada, cerca de 90% da energia para o suprimento de ATP será 
proveniente do metabolismo aeróbio. De acordo com Santos e Guimarães, 
o aumento da contribuição do metabolismo oxidativo durante esforços 
repetidos de alta intensidade se deve tanto ao aumento da taxa de 
transporte de oxigênio e de sua utilização, como à redução da 
capacidade de estimular a produção de ATP por meio da quebra de 
fosfocreatina e de glicogênio. 
Assim, o HIIT proporciona adaptações musculares referentes ao 
metabolismo aeróbio, como o aumento do número de mitocôndrias nas fibras 
musculares e da efetividade das enzimas mitocondriais que atuam no ciclo de 
 
 
7 
Krebs, melhorando o desempenho do praticante em atividades que dependem 
exclusivamente do metabolismo oxidativo. Também é capaz de produzir 
adaptações musculares ligadas ao metabolismo anaeróbio, incrementando a 
atividade máxima das enzimas que atuam no provimento de energia não-
oxidativa e melhorando o desempenho do praticante em sprints e atividades de 
explosão e potência muscular. 
Uma adaptação metabólica importante do HIIT é o resultado de expor o 
organismo, durante as sessões de treino, a um déficit de oxigênio maior do que 
o sofrido em um exercício moderado ou leve. Após qualquer exercício físico, o 
organismo passa por um período chamado EPOC – excesso de consumo de 
oxigênio pós-exercício – para restaurar os níveis de estoque de oxigênio no 
corpo ao que era antes do exercício. Após o HIIT, o EPOC é maior, o que 
aumenta o metabolismo e contribui para uma queima de calorias entre 6% e 
15% maior que a obtida em um treinamento aeróbio. 
TEMA 3 – ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS ADVINDAS DO TREINAMENTO DE 
FORÇA 
O treinamento de força, também conhecido como treinamento resistido – 
popularmente, a musculação –, consiste em uma sequência de exercícios 
divididos por grupamentos musculares, sendo cada exercício repetido em duas 
ou três séries, geralmente de 8 a 15 repetições em cada série, dependendo do 
objetivo do treino. Como o tempo de execução de cada série é curto, o 
treinamento de força utiliza exclusivamente o metabolismo anaeróbio, ou seja, 
sem a presença do oxigênio na utilização dos substratos energéticos para 
ressíntese do ATP. 
Existem basicamente três tipos de treinamento de força: treinamento de 
resistência muscular localizada (RML), com séries de 15 repetições com carga 
mais baixa; treinamento de hipertrofia, com séries de 8 a 12 repetições com 
cargas mais elevadas e treinamento de força pura, com séries de 1 a 6 
repetições com carga máxima. 
Como o treinamento de força utiliza somente o metabolismo anaeróbio, 
poucas são as adaptações do sistema cardiorrespiratório a esse tipo de treino 
e, por tal motivo, vamos tratar das adaptações musculares dos treinamentos de 
resistência muscular localizada (RML) e de hipertrofia. 
 
 
8 
3.1 Adaptações musculares ao treinamento de resistência muscular 
localizada (RML) 
O treinamento de resistência muscular localizada, como o próprio nome 
já diz, tem como objetivo treinar a resistência do músculo. A resistência 
muscular é a capacidade do músculo para suportar uma determinada carga por 
mais tempo. Portanto, os treinos de RML são compostos de séries de, pelo 
menos, 15 repetições com carga moderada. 
O treinamento de RML é sempre indicado para iniciantes, mesmo que o 
objetivo do praticante seja a hipertrofia, pois este é considerado um treino 
preparatório. A primeira adaptação muscular ao treinamento de RML é o ganho 
de força provocado, principalmente, pelas adaptações neurofisiológicas. 
As adaptações neurofisiológicas acontecem pelo aprimoramento da 
relação entre o estímulo do sistema nervoso central e o recrutamento das 
unidades motoras. Assim, o rápido aumento da força muscular após o início de 
um treinamento de RML ocorre pela maior frequência de estímulos 
neuromotores, pela melhora da coordenação intramuscular – diminuição do 
tempo entre a liberação do potencial de ação e o recrutamento das unidades 
motoras – e pelo aperfeiçoamento da coordenação intermuscular – com a 
capacidade de inibir a interferência negativa do músculo antagonista durante a 
execução de um movimento específico. 
Além disso, o fortalecimento de tendões e ligamentos, por meio da 
aplicação de uma sobrecarga nos treinamentos, é outra adaptação importante 
desse tipo de treino, e justifica sua indicação a principiantes antes do aumento 
da sobrecarga para um treino de hipertrofia, por exemplo. 
O treinamento de RML provoca ainda a melhora da definição e do tônus 
musculares. Esta adaptação ocorre, principalmente, pelo princípio da 
supercompensação. Chamamos o estado de equilíbrio do corpo humano de 
homeostase. Todo treinamento tende a gerar um estresse no organismo e este 
estresse leva à quebra da homeostase. Sempre que a homeostase é quebrada, 
ocorre um processo adaptativo e a supercompensação é a base de tal 
adaptação. 
No treinamento de RML, como em qualquer treinamento de força, há 
uma depleção dos estoques de glicogênio muscular, pois o metabolismo 
predominante é o anaeróbio. Assim, após o encerramento do treino, o 
 
 
9 
organismo busca se recuperar e se regenerar para voltar à homeostase o maisrápido possível. No entanto, como uma forma de “segurança”, o corpo não 
recupera as reservas energéticas ao nível em que estavam antes do estresse 
provocado pelo treino. Ele faz uma espécie de reserva, armazenando um 
pouco além dos níveis da homeostase inicial. 
Assim, após um treino de RML, pelo princípio da supercompensação, o 
corpo armazena, no interior do músculo exercitado, glicogênio, além do que 
aquele músculo apresentava antes do treino, melhorando sua definição e 
aumentando o seu tônus. Para que os benefícios sejam mantidos e 
melhorados, é importante que um novo estímulo seja aplicado no momento em 
que o indivíduo está no ponto mais elevado da curva de supercompensação. 
Caso isso não aconteça, ocorre uma involução e a musculatura volta ao 
estágio em que estava antes do treino. 
Veja abaixo um gráfico explicativo do princípio da supercompensação. 
Gráfico 1 – Supercompensação 
 
Fonte: Total Training. Disponível em: <https://www.totaltraining.com.br/post/voc%C3%AA-pula-
os-treinos-de-sexta-feira> Acesso em: 25 mar. de 2020. 
 
 
10 
3.2 Adaptações musculares ao treinamento de hipertrofia 
O treinamento de hipertrofia tem como objetivo hipertrofiar a musculatura 
do corpo. Portanto, estes treinos são compostos de séries de 8 a 12 repetições 
com carga elevada. Hipertrofiar significa aumentar o volume das células e, no 
caso do treinamento de força, das fibras musculares. Assim, a maior adaptação 
do treino de hipertrofia é o aumento ou ganho de massa muscular. 
O tamanho médio dos músculos de uma pessoa é determinado, em 
grande parte, por características hereditárias somadas ao nível de testosterona 
do organismo, o que explica o volume muscular em homens ser 
consideravelmente maior do que em mulheres. 
No entanto, estudos apontam que, com o treinamento adequado, é 
possível hipertrofiar os músculos em 30% a 60% do volume original. A 
hipertrofia é resultado do aumento do diâmetro das fibras musculares, que 
pode acontecer por dois processos: hipertrofia sarcoplasmática e hipertrofia 
miofibrilar. 
Algumas pesquisas indicam a possibilidade de, em alguns casos, fibras 
musculares muito aumentadas pelo treinamento se dividirem ao longo de seu 
comprimento, formando novas fibras. Este processo é chamado de hiperplasia 
muscular, mas sua ocorrência ainda não é completamente comprovada 
cientificamente. 
A hipertrofia sarcoplasmática é a primeira a acontecer e ocorre pelo 
aumento das concentrações de nutrientes e enzimas do sarcoplasma da fibra 
muscular. Como vimos no princípio da supercompensação, durante o 
treinamento de força ocorre a depleção de glicogênio muscular, fosfocreatina, 
ATP e alguns íons e, durante a recuperação, o organismo tende a elevar o 
armazenamento de tais nutrientes e moléculas acima dos níveis em que 
estavam antes do exercício físico. Dessa forma, o músculo vai aumentando sua 
capacidade de armazenamento e, consequentemente, seu volume. 
A hipertrofia miofibrilar é a que de fato buscam os praticantes do treino 
de hipertrofia. A partir de certo ponto, é necessário o estímulo correto ao 
músculo e uma dieta proteica equilibrada para que ocorra o anabolismo do 
tecido muscular e os objetivos propostos sejam alcançados. O treinamento de 
hipertrofia, com aplicação de cargas elevadas, provoca microlesões nas 
miofibrilas, gerando um processo inflamatório. A fibra muscular tem, ligada à 
 
 
11 
sua membrana, uma série de células satélites – células que podem se 
multiplicar e se especializar em diversos tecidos. O processo inflamatório das 
microlesões provocadas pelo treinamento ativa as células satélites, que se 
multiplicam e se especializam em mioblastos – células precursoras das fibras 
musculares –, e se dirigem para as lesões cobrindo as partes lesionadas. Por 
isso, a dieta rica em proteínas é fundamental. É preciso fornecer aminoácidos 
essenciais para serem sintetizados nessas novas células musculares – a 
chamada síntese proteica – aumentando, assim, o volume do tecido muscular 
naquele local. 
Apesar do treinamento de força ou treinamento resistido não utilizar 
diretamente o metabolismo aeróbio e, por esse motivo, não queimar ácidos 
graxos durante sua execução, uma adaptação metabólica importante deste tipo 
de treinamento e que auxilia na perda de peso é o aumento da taxa do 
metabolismo basal. Com o progressivo aumento da massa muscular, o 
organismo “gastará” cada vez mais energia para manter a massa aumentada, 
quando em repouso. Durante o repouso, o metabolismo predominante é o 
aeróbio, com a utilização dos ácidos graxos como principal substrato 
energético para ressíntese do ATP. Assim, o treinamento de força não ativa a 
metabolização dos ácidos graxos durante sua execução, mas potencializa a 
metabolização no repouso para manutenção da massa muscular adquirida. 
TEMA 4 – ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS DO TREINAMENTO CONCORRENTE 
Treinamento concorrente nada mais é do que a junção, na mesma 
sessão de treino, de um treinamento de força ou treinamento resistido com um 
treinamento aeróbio, ou seja, cardiovascular. 
Já vimos que a especificidade das adaptações pós-treino depende da 
especificidade do treino praticado. Assim, as características do treinamento são 
definidas com base nos objetivos do praticante, uma vez que para cada tipo de 
adaptação apresentada pelo organismo há um tipo de estímulo (treinamento). 
A grande vantagem do treinamento concorrente parece ser a união de 
dois tipos de treinamento em uma mesma sessão, o que poderia potencializar 
os ganhos dos metabolismos anaeróbio e aeróbio em um tempo reduzido de 
prática. 
No entanto, alguns autores apontam para o fato de que o treinamento 
aeróbio poderia interferir nos ganhos de força do treinamento anaeróbio, assim 
 
 
12 
como o treinamento de força poderia interferir negativamente nos ganhos 
cardiorrespiratórios e adaptações musculares do treinamento aeróbio. 
4.1 Adaptações cardiorrespiratórias e musculares 
Já vimos que o treinamento aeróbio provoca adaptações 
cardiorrespiratórias como diminuição da FC de repouso, aumento do débito 
cardíaco e aumento do VO2máx, assim como adaptações musculares relativas 
à ativação do metabolismo aeróbio, por exemplo, o aumento do número de 
mitocôndrias na fibra muscular e de sua capilarização. 
Já o treinamento de força, que utiliza exclusivamente o sistema 
anaeróbio, provoca uma série de adaptações musculares, como o incremento 
da atividade das enzimas não-oxidativas, mas, principalmente, o aumento do 
volume muscular. 
No treinamento concorrente, o praticante busca aliar todos estes ganhos 
em uma única sessão de treinamento, realizando um treino aeróbio e um treino 
de força. Muitos são os estudos que analisam a interferência de um treino 
sobre o outro, e os resultados apontam para o fato de o treinamento aeróbio 
interferir mais negativamente no ganho de força do que vice-versa. 
Muitos estudos apontam a fadiga aguda causada pelo treinamento 
aeróbio como um dos fatores mais limitantes ao treinamento de força durante 
uma sessão de treinamento concorrente. Segundo Rosa, “o efeito agudo do 
exercício aeróbio prejudicaria o grau de tensão desenvolvido durante a sessão 
de treinamento de força”. Consequentemente, o estímulo para o 
desenvolvimento de força seria menor quando comparado com a sessão de 
força não precedida por atividade de caráter aeróbio. 
Além disso, os estudos apontam que a intensidade do treinamento 
aeróbio teria ligação direta com a queda de desempenho do treinamento de 
força, de maneira que uma intensidade moderada – de 60% a 80% do VO2máx 
– provocaria adaptações mais centrais – cardiovasculares –, causando menos 
adaptações periféricas – musculares – e interferindo menos do treinamento de 
força. 
Quanto ao efeito contrário, interferência do treinamento de força do 
treinamento aeróbio, os estudos parecem unânimes em apontar que não há 
uma relação negativa. Muito pelo contrário,o treinamento de força 
aparentemente potencializa os efeitos e adaptações do treinamento aeróbio. 
 
 
13 
Apesar de tudo isso, muitos atletas e praticantes têm obtido bons 
resultados com o treinamento concorrente. Tudo depende do objetivo do 
praticante e das cargas e intensidades prescritas para cada sessão. A 
determinação da ordem dos treinamentos numa sessão de treinamento 
concorrente também deve estar ligada diretamente ao objetivo do praticante. 
Assim, para praticantes que buscam perda de peso, por exemplo, talvez a 
realização do treinamento de força antes, com depleção considerável dos 
estoques de glicogênio muscular, possa potencializar a oxidação dos ácidos 
graxos na sessão de treinamento aeróbio. 
TEMA 5 – ASPECTOS FISIOLÓGICOS DECORRENTES DO PERÍODO DE 
POLIMENTO 
Antes de falarmos das adaptações fisiológicas ocorridas neste período, 
precisamos entender no que consiste o período de polimento. Este período de 
treinamento é muito utilizado por equipes ou atletas de alto rendimento e pode 
ser definido como o treinamento executado no período que antecede uma 
importante competição. 
Assim, de acordo com Le Meur, Hausswirtch e Mujika, o período de 
polimento seria “uma redução progressiva e não-linear da carga de treinamento 
durante um período de tempo variável que visa reduzir estresses fisiológicos e 
psicológicos do treinamento diário e otimizar a performance esportiva”. 
Esse é um período que gera muitas incertezas nos técnicos e 
profissionais que trabalham com atletas. A maioria dos profissionais trabalha 
com uma perspectiva de tentativa e erro, procurando ajustar a carga de treino 
para que haja redução do estresse sem prejuízo das condições físicas e 
técnicas e sem perdas significativas das adaptações produzidas pelo 
treinamento. 
Somente mais recentemente, cientistas esportivos têm aprofundado 
seus conhecimentos e pesquisas sobre a relação da redução da carga de 
treinamento no período que antecede competições esportivas importantes com 
a mudança na performance dos atletas. 
 
 
 
 
14 
5.1 Características e adaptações fisiológicas 
A carga de um treinamento pode ser definida como a combinação de 
três varáveis principais: intensidade, volume e frequência. Assim, no período de 
polimento, os profissionais precisam adequar essas variáveis a fim de reduzir 
os níveis de fadiga física e emocional de seus atletas. 
Estudos demonstram que reduções de intensidade ou frequência de 
treinamento no período de polimento não trazem melhoras de performances 
nas competições. Quanto à intensidade, melhores resultados de performance 
são obtidos quando a variável é mantida ou até levemente aumentada no 
período de polimento. Já em relação à frequência, os atletas são beneficiados 
com a manutenção do número de sessões de treinamento semanais no 
período de polimento. 
Assim, o ajuste da carga de treinamento no período de polimento deve 
ser feito pela variável volume. A redução de 41% a 60% do volume de treino 
aplicado no pré-polimento traz resultados significativos na performance 
competitiva, e essa redução é mais eficiente quando feita por meio da 
diminuição do tempo de cada sessão de treinamento, em vez da redução do 
número de sessões. 
É possível identificar três tipos de treinamento no período de polimento: 
período de polimento linear – queda progressiva e linear da carga de treino –, 
período de polimento exponencial – queda da carga de treinamento mais 
acentuada nos primeiros dias –, e período de polimento de degrau – em que se 
reduz a carga de treino no primeiro dia do período e se mantém esta mesma 
carga até o final. 
Já quanto à duração do período de polimento, a maioria dos estudos traz 
entre 8 e 14 dias como um período capaz de promover resultados significativos 
na redução da fadiga sem que a performance sofra as consequências 
negativas de um possível destreinamento. 
Não há adaptações fisiológicas do organismo específicas ao período de 
polimento. As análises seguem mais em torno de como recuperar o atleta da 
fadiga física e psicológica para melhorar a performance na competição sem 
comprometer adaptações e ganhos conseguidos com o treinamento pré-
polimento. Assim, algumas estratégias associadas ao treinamento no período 
de polimento podem potencializar a redução da fadiga, como a inclusão, nos 
 
 
15 
treinamentos, de rotinas de massagem para recuperação de dor muscular 
tardia e a utilização de roupas compressivas durante os treinamentos para 
reduzir o risco de lesões musculares no período que antecede as competições. 
Além disso, cuidados com a hidratação, que deve ser sempre mantida 
em nível elevado neste período, e com a alimentação, que deve ser 
balanceada e ter seu nível calórico reduzido de acordo com a redução do 
volume de treino, auxiliam na potencialização dos efeitos do período de 
polimento. Quanto à alimentação, além da redução da ingestão de calorias 
para evitar alterações indesejadas na composição corporal, é recomendado 
que, nos dias que antecedem a competição, a ingestão de carboidratos seja 
aumentada a fim de otimizar os estoques de glicogênio muscular. 
Por fim, é imprescindível que sejam analisadas as condições do local de 
competição a fim de utilizar o período de polimento para adaptação a 
temperaturas elevadas ou muito baixas ou aos efeitos da altitude no VO2máx 
dos atletas, por exemplo. 
NA PRÁTICA 
O conhecimento das adaptações fisiológicas – cardiorrespiratórias, 
musculares e metabólicas – do organismo aos diversos tipos de treinamento é 
fundamental para a prescrição do exercício físico mais adequado aos objetivos 
do praticante. 
Assim, o primeiro passo para definir uma rotina de treinamento é a 
anamnese, em que são coletados dados do praticante e traçados os objetivos 
que se pretendem alcançar com a prática do exercício físico. 
As adaptações provocadas por cada tipo de treinamento têm relação 
direta com a bioenergética do exercício físico, ou seja, com o tipo de 
metabolismo utilizado para o suprimento de energia para a ressíntese do ATP 
durante o esforço. 
Tenha sempre em mente que toda prescrição parte do objetivo do 
praticante, passando pela definição do tipo de treinamento que será aplicado 
para chegar às adaptações fisiológicas do organismo pretendidas. 
OBJETIVO TIPO DE TREINAMENTO ADAPTAÇÕES 
 
 
 
16 
FINALIZANDO 
Nesta aula, vimos que cada tipo de treinamento provoca diferentes 
adaptações fisiológicas no organismo. 
Estas adaptações podem ser musculares, cardiorrespiratórias ou 
metabólicas e têm relação direta com o tipo de metabolismo utilizado no 
exercício para a ressíntese do ATP: sistema ATP-CP, metabolismo anaeróbio 
ou metabolismo aeróbio. 
A importância da prática de exercício físico para melhora e manutenção 
da qualidade de vida é indiscutível e todo treinamento trará algum tipo de 
adaptação positiva ao organismo, seja ele um treinamento aeróbio, intervalado 
de alta intensidade, de força, concorrente ou de período de polimento, que 
foram mais profundamente analisados nesta aula. 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
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