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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS BIÓLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA COMPONENTE CURRICULAR: DISCUSSÃO DE CASOS CLÍNICOS EM BIOQUÍMICA METABÓLICA Caroline Santos Pereira ANÁLISE DE CASO CLÍNICO: Síndrome metabólica CAMPINA GRANDE - PB OUTUBRO DE 2020 CASO CLÍNICO Paciente do sexo masculino, 47 anos, iniciou acompanhamento ambulatorial nove meses após ter apresentado quadro de acidente vascular encefálico isquêmico (AVEi) cerebelar. Na ocasião foram realizados os diagnósticos de HAS, DM tipo 2 e dislipidemia. Negava tabagismo e etilismo e referia possuir pai hipertenso e coronariopata, além de irmã hipertensa e mãe diabética. Na ocasião estava assintomático, com pressão arterial (PA) = 150 x 100 mmHg (média de 3 medidas), índice de massa corpórea (IMC) = 35 kg/m 2 . Avaliação laboratorial: Colesterol total=260 mg/dL, HDL-colesterol = 31 mg/dL, LDL-colesterol = 172 mg/dL, Triglicerídeos = 320 mg/dL, Creatinina = 1,2 mg/dL, Glicemia jejum = 210 mg/dL e Hemoglobina glicada (HbA1c) = 7,3%. Foi realizada orientação dietética, estimulada a prática de exercícios físicos e iniciado tratamento com propranolol (80 mg/dia), captopril (75 mg/dia), metformina (1 g/dia); atorvastatina (10 mg/dia) e aspirina (81 mg/dia). Após um ano de acompanhamento, a monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) evidenciava média de PA nas 24 horas dentro da normalidade. O exame de fundo de olho apresentava sinais de retinopatia diabética; Cineangiocoronariografia evidenciou obstrução importante da artéria descendente anterior apresentava obstrução de 70%. O paciente evoluiu com episódio de dor precordial em aperto, sem irradiação, com duração de cinco minutos, durante esforço físico uma semana após este exame. Apresentou troponina normal e alteração na curva de CKMB e, após estabilização do quadro clínico, foi submetido a revascularização do miocárdio (mamaria para DA e tronco, safena em primeira diagonal e ramo marginal da artéria circunflexa). Obteve alta com atenolol (100 mg/dia), hidroclorotiazida (25 mg/dia), aspirina (100 mg/dia), sinvastatina (40 mg/dia), metformina (1,7 g/dia) e glicazida (30 mg/dia). Evoluiu com melhora dos níveis lipídicos e glicídicos, apresentando, IMC = 31,8 kg/m2; colesterol total = 105 mg/dL, HDL-colesterol = 43 mg/dL, LDL-colesterol = 34 mg/dL, creatinina = 1,2 mg/dL; glicemia de jejum = 101 mg/dL e HbA1c = 6,5%. Questões do caso clínico SM 1) Quais são os valores de referência, dos exames laboratoriais do caso clínico em estudo? Os valores de referência para os exames laboratoriais submetidos a paciente são: 1. Colesterol total: menor que 190 mg/dL é desejável 2. Colesterol HDL: Considerado baixo quando inferior a 40 mg/dL, considerado bom quando acima de 40 mg/dL e considerado ideal acima de 60 mg/dL. 3. Colesterol LDL: Considerado alto acima de 130 mg/dL em pessoas com risco cardiovascular baixo. Já para pessoas com risco cardiovascular intermediário, o ideal é que fique abaixo dos 100mg/dL. 4. Triglicerideos: Acima de 19 anos, têm-se que um valor menor que 150 mg/dL é considerado normal, enquanto que um valor de 150 a 199 mg/dL é considerado limítrofe e um valor de 200 a 499 mg/dL é considerado elevado. E, por fim, um valor superior a 499 mg/dL é considerado muito elevado. 5. Creatinina: Os valores normais de creatinina no sangue podem variar de acordo com o laboratório, mas normalmente são: Nas mulheres, entre 0,5 a 1,1 mg/dL. Nos homens, entre 0,6 a 1,2 mg/dL. 6. Glicemia em jejum: A glicemia em jejum maior ou igual a 126mg/dl atesta um diagnóstico de diabetes mellitus. 7. Hemoglobina glicada: A hemoglobina glicada (HbA1c) avaliada entre 5,7 e 6,4% configura um alto risco para o desenvolvimento de diabetes. Acima de 6,5%, conjuntamente com uma glicemia igual ou acima de 200 mg/dl (em jejum ou não), atesta-se um diagnóstico de diabetes mellitus. 2) Quais os parâmetros, utilizados para o diagnóstico de síndrome metabólica se encontram alterados nesse paciente? Para diagnóstico de síndrome metabólica, é analisado várias diretrizes como a da OMS (Organização Mundial de Saúde), da IDF (International Diabetes Federation) e da NCEP- ATPIII (National Cholesterol Education Program), nesse sentido, ambas apontam como critérios de diagnóstico a obesidade abdominal, a alta taxa de glicose plasmática, a alta taxa de triglicerídeos, o baixo HDL, além de uma pressão sistólica variando de maior ou igual a 130 mmHg (IDF e NCEP) ou maior ou igual a 140 mmHg (OMS), juntamente com uma pressão diastólica de maior ou igual a 85 mmHg (IDF e NCEP) ou maior ou igual 90 mmHg (OMS). A OMS também analisa uma taxa de albuminúria maior ou igual a 20 mcg/min ou uma relação de albumina/creatinina maior ou igual a 30 mg/g. Nesse sentido, de acordo com os valores de referencias postos na questão anterior e os valores de diagnóstico da SM de acordo com a OMS, IDF e NCEP-ATP III, a paciente, apresenta um alto colesterol total de 260 mg/dL, um baixo colesterol HDL de 31 mg/dL, além de um alto risco cardiovascular mediante um colesterol LDL de 172 mg/dL. Acerca dos triglicerídeos, têm-se um valor considerado elevado de 320 mg/dL, configurando um caso de dislipidemia, mediante valores de colesterol HDL baixo e triglicerídeos elevados. Além desses, a creatinina no sangue está levemente alta de 1,2 mg/dL. Acerca da glicemia e hemoglobina glicada, atesta-se valores absurdos de 210 mg/dL para glicemia em jejum e 7,3% para hemoglobina glicada o que configura um diagnóstico de diabetes mellitus. Outros valores como a pressão arterial alta de 150 mmHg x 100 mmHg, além de um IMC de 35 kg/m² configuram um quadro de hipertensão arterial sistêmica e obesidade grau II. Portanto, todos os valores dos dados laboratoriais (Colesterol total, HDL-colesterol, LDL-colesterol, triglicerídeos, creatinina, glicemia de jejum e hemoglobina glicada) se encontram alterados e confirmam a presença da SM de acordo com as diretrizes supracitadas. Além desses dados laboratoriais, os valores da pressão arterial e do IMC foram determinantes também para o diagnóstico e se encontram alterados, tendo em vista os valores de referência desejáveis. 3) De acordo com os critérios utilizados pela NCEP-ATP III, o paciente é portador de SM? Justifique. Sim. Segundo a NCEP-ATP III, a confirmação do diagnóstico da síndrome metabólica é dada mediante análise da história clínica do paciente, como idade, tabagismo, prática de atividade física, história familiar de hipertensão, diabetes e doença cardiovascular, além de exames físicos como a medida da circunferência abdominal e exames laboratoriais. Na análise clínica da paciente, atestou-se no histórico familiar a presença de doenças como hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares. Além disso, a paciente apresentou um IMC altíssimo de 35 kg/m² que a torna portadora de obesidade grau II. Os valores de exames laboratoriais que atestam triglicerídeos igual ou maior que 150mg/dL, colesterol HDL menor que 50mg/dL para mulheres, pressão sistólica igual ou acima de 130mmHg e pressão diastólica igual ou acima de 85mmHg, além de glicemia de jejum igual ou acima de 110 mg/dL configuram-se componentes da síndrome metabólica. A paciente apresenta dados laboratoriais que estão altos em todos os quesitos referidos pela NCEP-ATP III, com triglicerídeos de 320mg/dL, HDL de 31mg/dL e pressão arterial de 150mmHg x 100mmHg, além de uma glicemia de jejum de 210 mg/dL. 4) O paciente é portador de SM segundo critérios do IDF? Justifique. Sim. De acordo com a International Diabetes Federation (IDF), critérios como a medição da cintura abdominal são extremamente importantes para o diagnóstico da SM, onde valores maiores de 94 cm em homens europeus, maiores de 90 cm em homens asiáticose maiores de 80 cm em mulheres são considerados de risco. Além disso, para o diagnóstico de síndrome metabólica deve-se ter um valor de glicose plasmática de igual ou maior a 100 mg/dL ou diagnóstico prévio de diabetes, além de uma quantidade maior ou igual a 100 mg de triglicerídeos e/ou está em tratamento para dislipidemia. Acerca do HDL, o IDF indica que um HDL menor de 59mg/dL em mulheres, além de um possível tratamento para dispilipidemia são outros fatores também determinantes para a síndrome metabólica (SM). Por fim, uma pressão sistólica maior ou igual a 130 mmHg e uma pressão diastólica maior ou igual a 85 mmHg, além de um possível tratamento para hipertensão arterial, são outros componentes que caracterizam a SM. A paciente, em questão, apresenta IMC alto, o que atesta a obesidade, que é um fator determinante quando se trata da SM, embora não tenha feito a medição da cintura abdominal. Além disso, apresenta uma glicemia em jejum de 210 mg/dL, o que atesta a diabetes tipo 2, além de dislipidemia devido altas taxas de triglicerídeos e pequena taxa de HDL. Por fim, apresenta uma pressão arterial que confirma o diagnóstico de hipertensão arterial sistêmica. A junção de todos esses fatores afirma a presença da SM na paciente. 5) Na sua opinião, qual a melhor maneira de prevenção da SM? Para prevenção da SM, é necessário que haja uma avaliação médica regulamente, para identificação de possíveis fatores de risco, bem como atentar-se a presença de hipertensão, diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares no histórico familiar. Além disso, deve-se praticar atividades físicas com frequência e manter uma alimentação adequada e saudável, evitando a ingestão de carboidratos e valorizando dietas ricas em gorduras não-saturadas. Por fim, é importante evitar o uso de cigarros e bebidas alcoólicas que, juntamente com outros fatores de risco, podem agravar o quadro de uma possível síndrome metabólica. Tais medidas irão auxiliar na diminuição dos triglicerídeos, no aumento do HDL e diminuição do LDL, além de atuar no controle da pressão arterial, evitando a síndrome metabólica.
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