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Cas� clínic� 1 Nome�: Isabell� Safad� � Sílvi� Lope� A doença cardiovascular é a principal causa de morte no Brasil e no mundo. A presença dos fatores de risco clássicos como HAS, dislipidemia, obesidade, sedentarismo, tabagismo, DM e herança familiar aumentam a probabilidade pré-teste de doença cardiovascular. Um evento coronariano agudo é a primeira manifestação da doença aterosclerótica em aproximadamente metade das pessoas que apresentam essa complicação. Dessa forma, a identificação dos indivíduos assintomáticos com maior predisposição é crucial para a prevenção efetiva com a correta definição das metas terapêuticas - norteia a prevenção primária e secundária. Para estimar a gravidade da doença cardiovascular, foram criados os chamados escores de risco e algoritmos baseados em análises de regressão de estudos populacionais, por meio dos quais a identificação do risco global é aprimorada substancialmente. O escore de risco global (ERG) estima em 10 anos eventos coronarianos, cerebrovasculares, doença arterial periférica ou insuficiência cardíaca e é o escore adotado pelo Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. De acordo com esse escore clínico ou com as manifestações da doença aterosclerótica Os indivíduos podem ser classificados de forma diferenciada. Veja o caso clínico abaixo e leia as diretrizes brasileiras de prevenção de doenças cardiovasculares 2013 e 2019 para que possa responder as perguntas relacionadas ao caso. Na diretriz de 2013 você deverá ler sobre os escores de risco e aprender a utilizá- los. Na diretriz de 2019 você deverá ler os itens 1,2,3. Anote todas dúvidas que iremos discutir na próxima aula. Pesquisa no google: diretriz de prevenção cardiovascular da sociedade brasileira de cardiologia e coloque o ano. Esses artigos estão liberados para acesso. Caso Clínico: GVR, 50 anos, masculino § QP: palpitações § HMA: Queixa palpitações esporádicas, sem outros sintomas associados. Queixa também 2 episódios de cefaleia na nuca nos últimos 6 meses. Atividade física regular 4 x semana – caminhadas. Sem medicamentos § HP: N.D.N. § HPS: Nega tabagismo. Etilismo social. § HF: Pai idoso vivo - com saúde. Mãe – HAS. § Exame físico: ACV: BNRNF 2T. Sem sopros. FC 72 bpm. PA 130/80 (MSD); 130/80 (MSE). Pulsos cheios, rítmicos e simétricos. IMC: 35 (obesidade). Circunferência abdominal: 102 cm. ECG: RSR / sem anormalidades Exames laboratoriais: Glicemia 89 mg/dl / CT 144 mg/dl / LDL 84 mg/dl / HDL 50 mg/dl / TGL 50 mg/dl Responda: 1 – Faça uma lista das hipóteses diagnósticas. 2 – Cite as etapas para estratificar o risco cardiovascular desse paciente. Explique como é utilizada cada etapa e qual o critério de prosseguimento para o próximo passo da estratificação. 3 – Quais são os níveis de risco cardiovascular propostos pela Sociedade Brasileira de Cardiologia? Qual o risco cardiovascular estimado para esse paciente? Como chegou a essa conclusão? 4 – Quais são as metas de LDL e não HDL colesterol nesse caso? 5 – Esse paciente tem indicação de prevenção primária ou secundária? O que você faria para atingir a meta de LDL colesterol nesse caso? 6 – Dê todas as orientações necessárias, inclusive combine com o paciente o tempo para retorno. Resp�ta�: 1. Pré-hipertensão arterial; síndrome do prolapso da valva mitral; feocromocitoma; estresse. 2. Estratificação baseada em: - reconhecimento dos fatores de risco cardiovasculares; - fatores adicionais para a HAS; - identificação de lesões em órgãos-alvo; - identificação de lesões subclínicas destes órgãos. Os fatores de risco adicionais para a HAS representa homens com idade acima de 55 anos e mulheres acima de 65 anos; o tabagismo; as dislipidemias, especialmente, triglicérides acima de 150 mg/dL, LDL-colesterol maior que 100 mg/dL e HDL colesterol menor que 40 mg/dL; a presença de diabetes mellitus e a história familiar prematura de doença cardiovascular (em homens com idade menor que 55 anos e mulheres com idade menor que 65 anos). Três etapas para estratificação de acordo com a Unimed: 1. Determinação da presença de doença aterosclerótica significativa ou de seus equivalentes O indicador mais claro de risco é a manifestação prévia da doença aterosclerótica (coronária, cerebrovascular ou periférica). Portanto, o primeiro passo é a identificação de manifestações clínicas da aterosclerose ou de seus equivalentes como diabetes mellitus tipo 1 ou 2, doença renal crônica e aterosclerose subclínica. Aproximadamente, 80% dos indivíduos com doença cardiovascular conhecida morrerão de causas cardiovasculares, com mais de 20% de probabilidade de eventos graves em 10 anos. Esses pacientes não necessitam de outras etapas para a estratificação de risco, sendo considerados, automaticamente, de alto risco. 2. A utilização dos escores de predição do risco O Escore de Risco Global deve ser utilizado na avaliação inicial entre os indivíduos que não foram enquadrados nas condições de alto risco: idade, HDL-c, CT, PAS (não tratada), PAS (tratada), fumo e diabetes. 3. A reclassificação do risco pela presença de fatores agravantes do risco Nos indivíduos de risco intermediário, devem ser avaliados os fatores agravantes de risco, que, quando presentes (um ou mais fatores), reclassificam o paciente para condição de alto risco. São eles: História familiar de doença arterial coronária prematura (parente de primeiro grau masculino < 55 anos e feminino < 65 anos). Critérios de síndrome metabólica: obesidade abdominal, hipertensão arterial, baixo HDL-C, hipertrigliceridemia e intolerância à glicose. Microalbuminúria (30 – 300 mcg/min) ou macroalbuminúria (> 300 mcg/min). Hipertrofia ventricular esquerda. Proteína C de alta sensibilidade > 2 mg/dl (na ausência de outras causas inflamatórias). Espessura íntima-média de carótidas > 1,0 (estudo doppler). Escore de cálcio coronário > 100 (moderado) ou > percentil 75 para idade ou sexo (angiotomografia coronária). 3. O risco cardiovascular do paciente é: 8 pontos (>50 anos) + -1 (HDL) + 0 (CT) + 1 (PAS) + 0 (fumo) = 8 pontos risco de 6,7% risco intermediário. 4. Indivíduos de risco cardiovascular intermediário: o LDL-c deve ser reduzido para < 100 mg/dL e o não HDL-c para < 130 mg/d 5. Pacientes em risco intermediário não diabéticos, sem histórico familiar de doença coronariana prematura que tenham escore de cálcio zero poderão ser considerados de baixo risco e postergar o início da terapia redutora de colesterol com estatinas. Paciente tem indicação para prevenção primária, contando que o ldl do mesmo se encontra dentro da meta para indivíduos com risco cardiovascular intermediário (ldl reduzido de 100mg e o do paciente está 84mg). 6. Risco cardiovascular baixo/moderado Iniciar medidas não farmacológicas e farmacológicas.Todos os adultos com PA elevada ou hipertensão, medidas não farmacológicas são indicadas para reduzir a PA: perda de peso, padrão alimentar saudável, redução de sódio, suplementação dietética de potássio, aumento da atividade física com um programa de exercícios estruturado, e ingesta limitada de álcool Cas� clínic� 2 Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) HAS é uma condição clínica multifatorial caracterizada por elevação da PAS ≥ 140 e/ou PAD ≥ 90 mmHg. No Brasil, acomete mais de 30% da população adulta e aproximadamente 60% dos idosos. Pode tornar-se mais grave dependendo dos fatores de risco. Geralmente está associada a distúrbios metabólicos, alterações funcionais de órgãos-alvo e nos casos mais avançados provoca alterações estruturais de órgãos-alvo. As complicações cardiovasculares relacionadas à HAS são acidente vascular encefálico, infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca, doença arterial periférica e doença renal crônica. A HAS e suas complicações são responsáveis por 50% das mortes por doença cardiovascular. As respostas do caso clínico abaixo devem ser pesquisadas na Diretriz brasileira de HAS 2020 e no item 5 da Diretriz brasileira de prevenção de doenças cardiovasculares 2019. Anote todas dúvidas que iremos discutir na próxima aula.Esses artigos têm acesso livre na internet. Caso Clínico: Homem, 52 anos, divorciado, funcionário público, branco. Procurou cardiologista por ter sido reprovado na carteira de motorista - PA elevada. Não apresentava sintomas gerais ou do sistema cardiovascular. Realizou nos últimos anos várias consultas médicas, sendo informado que sua PA estava limítrofe. Tabagista há 20 anos, etilista social e sedentário. Pai hipertenso, com histórico de AVE e mãe diabética. Exame físico: IMC 29 kg/m2; pulsos cheios, rítmicos e simétricos; FC 86 bpm; PA 148/96 mmHg (média de 3 medidas). Restante do exame físico sem alterações. Exames laboratoriais: CT 240 mg/dl, LDL 155 mg/dl, HDL 45 mg/dl, TGL 200 mg/dl, Glicemia 110 mg/dl, HbA1c 6,1%, Acido úrico 7,2 mg/dl, TSH 4,0 mg/dl, Ureia 38 mg/dl, Creatinina 1,0 mg/dl, urina rotina normal. ECG: Sobrecarga ventricular esquerda Baseado nesses dados responda as seguintes perguntas: 1 – Liste os problemas (diagnósticos) desse paciente. 2 – Qual a classificação da HAS nesse caso? 3 – Qual é a estratificação de risco desse paciente? Justifique: 4 – Faça a orientação terapêutica. 5 – Se fosse tratar com medicamentos qual(is) seria(m) a(s) classe(s) medicamentosa(s) ideal(is)? 6 – Você pediria exames para o retorno? Quais? 7 – Em quanto tempo seria o retorno? Justifique. 1- Colesterol total é indicado até 200, do paciente se encontra em 240. Ldl é ideal menor que 100, do paciente se encontra 155. Hdl do paciente se encontra 45, o desejável é maior que 50, TGL maior que o normal, fazendo com que a gente conclua que o paciente tem dislipidemia. hipertrigliceridemia, hipertensão arterial sistêmica, sobrecarga ventricular esquerda (hipertrofia cardíaca pela HAS e sobrepeso). 2- Hipertensão estágio 1 PAS 140-159 PAD 90-99 3- 8 pontos (idade) 0 pontos (hdl) 3 pontos (CT) 2 pontos (has) 4 pontos (fumo)=17 pontos, risco alto. 4- Oriento a interromper tabagismo. Indico terapia nutricional (dieta com alto valor de potássio), reduzir sódio da dieta, não consumir bebidas alcoólicas, perda de peso e a prática de atividade física. ● Priorize alimentos in natura ou minimamente processados; 2. Utilize óleo, sal e açúcar com moderação; ● Limite o consumo de alimentos processados; ● Evite o consumo de alimentos ultraprocessados; ● Coma com regularidade e atenção; ● Compre alimentos na feira; ● Cozinhe; ● Planeje as compras e o preparo das refeições; ● Evite fast food; ● Além disso, as substâncias cuja suplementação tem evidências de significativa redução da PA são: potássio, vitamina C, peptídeos bioativos derivados de alimentos, alho, fibras dietéticas, linhaça, chocolate amargo (cacau), soja, nitratos orgânicos e ômega 3. 5- O tratamento indicado para uma associação entre HAS e dislipidemia, por serem um conjunto que agravam os riscos cardiovasculares, é o uso combinado de dois anti-hipertensivos (candesartana e hidroclorotiazida) mais uma estatina (rosuvastatina) com placebo. Todavia, o uso combinado destes medicamentos pode gerar um aumento do IMC do paciente (que nesse caso, já está próximo da obesidade). Portanto, fazer uso de diurético, com antagonista do receptor da angiotensina e uma estatina. 6- Solicitaria um eletrocardiograma para avaliar a sobrecarga ventricular esquerda, junto de um ecocardiograma transtorácico como forma complementar. Além disso, é importante repetir exame laboratorial de creatinina, uréia, colesterol total e em frações, triglicérides, ácido úrico, potássio, TGO e TGP, glicemia em jejum e glicohemoglobina, após 3 meses do uso dos medicamentos. 7- O retorno pode ser agendado para 3 meses. Cas� clínic� 3 Fibrilação Atrial Estudos epidemiológicos demonstram associação entre Fibrilação Atrial e risco de Acidente Vascular Encefálico Isquêmico. Entretanto, nem todos os pacientes com essa arritmia cardíaca evoluem para tromboembolismo sistêmico. Baseado nesses dados como você conduziria o seguinte caso: Mulher de 58 anos em tratamento para distúrbio de tireóide, apresentou quadro súbito de palpitações. Procurou Pronto Atendimento, onde foi realizado ECG que mostrou ritmo de fibrilação atrial com frequência cardíaca de 120 bpm. Última consulta com cardiologista há 45 dias, mostrou ritmo sinusal regular ao ECG. 1 - Analise o ECG dessa paciente. Cite as alterações observadas que te fazem pensar neste diagnóstico. Os achados no ECG que indicam diagnóstico de FA são: ausência de ondas P, presença de ondas f (de fibrilação) entre os complexos QRS; as ondas f são irregulares e intervalos R-R também são irregulares. 2 – Escreva a classificação clínica da Fibrilação Atrial? Em qual delas esse caso se enquadra? As classificações clínicas da FA são: primeira detecção, paroxística, persistente ou permanente. A paciente se enquadra em paroxística. 3 – Cite as principais causas dessa arritmia. No caso dessa paciente qual seria a etiologia mais provável? As principais causas de FA são: Hipertensão, Doença coronariana, Miocardiopatia, Distúrbios da válvula tricúspide ou mitral, Hipertireoidismo e Consumo abusivo de álcool (síndrome do coração pós-feriado). A paciente em questão, está em tratamento de distúrbio de tireóide, o que leva a pensar que possui um hipertireoidismo levando a fibrilação. 4 – Para definir sobre a medicação você usaria alguma ferramenta clínica? Qual(is)? Avaliar história clínica, padrão, se tem condições concomitantes, comorbidades e score de CHADSVASC. É necessário ECG, função tireoidiana, ver disfunção renal e hemograma (pode ser anemia) e o ecocardiograma, exames para todos. Mas, em alguns pacientes, o Holter, exames como troponina, entre outros. 5 – Quais as classes de drogas estão indicadas para o tratamento inicial dessa paciente? Ela tem indicação de anticoagulação? Por quanto tempo? Para controlar a taquiarritmia: amiodarona e propafenona. Para controlar a frequência cardíaca: betabloqueador e bloqueador de canal de cálcio. A paciente pode ou não ter indicação de anticoagulação, pois sua pontuação no CHADSVASC é de 1 ponto, por esse motivo, fica a critério do médico e da paciente tal decisão. Neste caso, eu indicaria a anticoagulação, um inibidor direto de fator Xa, para evitar casos de AVE, lembrando de sempre monitorar os valores de RNI da paciente com hemograma de 3 a 6 meses. https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/hipertens%C3%A3o/vis%C3%A3o-geral-da-hipertens%C3%A3o https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/doen%C3%A7a-coronariana/vis%C3%A3o-geral-da-doen%C3%A7a-coronariana https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/miocardiopatias/vis%C3%A3o-geral-das-miocardiopatias https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-e-metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-da-tireoide/hipertireoidismo
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