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Art. 180, CP “Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Receptação qualificada (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) § 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime:(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa.(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) § 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residência. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) § 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) § 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime de que proveio a coisa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto no § 2º do art. 155. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996) § 6º - Tratando-se de bens e instalações do patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista, a pena prevista no caput deste artigo aplica-se em dobro”. (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)” Art. 180-A, CP “Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de produção ou de comercialização, semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de crime: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.” Nomen juris: Receptação (art. 180) e receptação animal (art. 180-A) Objetividade jurídica Inviolabilidade patrimonial Sujeito ativo Qualquer pessoa Sujeito passivo É a pessoa que figura como vítima do crime anterior. Receptação dolosa simples (art. 180, caput) Tipo objetivo: A receptação é um crime acessório, pois a sua existência pressupõe a ocorrência de um crime anterior. Como a lei se refere a crime anterior, aquele que adquire produto de contravenção não pratica receptação. - núcleos: adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar ou influir. A modalidade ocultar é similar ao crime do artigo 349 (favorecimento real). A diferença recai no fato de que, no art. 180, o receptador visa o seu próprio proveito ou o proveito de terceiro, que não o autor do crime antecedente. Já no artigo 349, o agente visa beneficiar o autor do crime antecedente. A modalidade transportar significa levar de um lugar a outro. Já conduzir significa estar na direção de um veículo. Adquirir é o ato de obter a propriedade da coisa de forma onerosa ou gratuita. A aquisição pode ser por título causa mortis, mas desde que o herdeiro saiba da sua origem ilícita (ou seja, que o de cujus veio obter a coisa de modo criminoso). As modalidades ocultar, transportar e conduzir constituem crimes próprios. Nos verbos adquirir e receber, o crime é instantâneo, consumando-se no exato momento em que o agente realizar o elemento descritivo. - coisa que sabe ser produto de crime: é o objeto material. O instrumento utilizado na prática do crime não pode ser objeto de receptação (obs: a arma poderá também ser produto quando ela pertencia à vítima e foi usada para exercer grave ameaça). Produto: pode ser direto ou indireto – ex: objeto oriundo de dinheiro furtado. - quanto ao bem: Fragoso e Mirabete entendem que no caso de imóvel produto de crime (ex: estelionato), a prática de receptação é possível, pois o artigo 180 não teria empregado a expressão coisa móvel. Porém, o entendimento majoritário na doutrina e jurisprudência é no sentido de que a expressão coisa móvel não consta no tipo porque o legislador entendeu que seria desnecessária, por ser da própria natureza da receptação a necessidade de deslocamento. É possível receptação de receptação (receptação em cadeia), mas para tanto todos os envolvidos devem saber, ou ter condições de saber, da origem ilícita do bem. Modalidades 1- própria: apresenta 5 verbos (adquirir, receber, ocultar conduzir e transportar). Conforme já apontado, os dois primeiros verbos constituem crimes instantâneos. Já os 3 últimos, crimes permanentes. Só haverá esta receptação quando o agente souber da origem ilícita do bem. Só admite o dolo direto (não admite do dolo eventual) – obs: se a pessoa está na dúvida, mas mesmo assim comprou, responderá por culpa (quando há a expressão: sabe, conhece etc, só se admite o dolo direto. Portanto, na receptação própria o agente adquire, recebe etc coisa que sabe ser produto de crime. Conforme já exposto, nas condutas transportar, conduzir e ocultar o crime será permanente. Nas condutas adquirir e receber, o crime é instantâneo. Admite-se em todas as hipóteses a tentativa. Constituem, todas, crime material. 2- imprópria: apresenta o verbo influir, que é o instigar o tentar convencer alguém (terceiro), de boa-fé (elemento normativo), a adquirir, receber ou ocultar objeto produto de crime. O terceiro de boa-fé á aquele não sabe da origem ilícita do bem e por isto não poderá ser punido por receptação dolosa. O intermediário (que é aquele que influencia), por sua vez, tem que saber da origem ilícita. O intermediário age entre o autor do crime e o terceiro d e boa-fé, influenciando-o, Se o terceiro está de má-fé, o intermediário é partícipe na receptação própria cometida por este 3º. Não admite, também, o dolo eventual em relação ao intermediário. Consumação: a consumação delitiva ocorre no momento em o intermediário mantém contato com o 3º de boa-fé, visando convencê-lo a adquirir, receber ou ocultar objeto, mesmo que isto efetivamente não venha a ocorrer, tendo em vista que constitui crime formal – ex: se o intermediário oferece e o 3º não aceita, o crime está consumado. Tentativa: não é admitida, pois ou o indivíduo aceita e o crime está consumado ou não aceita e não haverá crime (em tese é possível na forma escrita). Tipo subjetivo Dolo. Tendo em vista que o legislador empregou a expressão “que sabe”, será admitido, somente, o dolo direto, não se admitindo o dolo eventual. Consta, ainda, a necessidade de caracterização do elemento subjetivo do injusto, preconizado pela finalidade de se obter proveito ilícito para o próprio agente ou para outrem. Receptação dolosa qualificada (Artigo 180, § 1º) Dá-se quando o fato ocorre não exercício de atividade comercial ou industrial e o agente deve saber da origem ilícita. A atividade comercial constitui elemento normativo do tipo, cujo conceito é traçado pelo direito mercantil. De qualquer forma, a atividade mercantil deve ser praticada com habitualidade, caso contrário restará caracterizado o tipo previsto no caput. Sujeito ativo Crime próprio, pois só pode ser cometido por quem está no exercício do comércio ou de atividade comercial. Tipo objetivo O tipo emprega vários núcleos, constituindo crime de ação múltipla. Emprega, ainda, interpretação analógica. Consumação O tipo é crime material, consumando-se com a prática de qualquer das condutas de forma que implique na obtenção da res. É admissível a tentativa. Elemento subjetivo Dolo eventual. O legislador emprega a expressão “deve saber”, o que nos leva a concluir que o dolo é eventual. Assim, devemos indagar: e se o comerciante age com dolo direto?Há entendimento em ambos os sentidos. A corrente majoritária entende que abarcaria também o dolo direto. Figura equiparada (art. 180, § 2º) Trata-se de norma penal explicativa. Equipara-se à figura de comerciante aquele que exerce as suas funções na clandestinidade ou irregularidade, inda que exercido em residência – ex camelô, comerciante irregular etc. Receptação culposa (art. 180, § 3º) Núcleos: adquirir ou receber. O verbo ocultar não está previsto pelo fato de que quem esconde sabe da origem ilícita. Só haverá a conduta culposa, se o juiz concluir que no caso concreto o agente, em comparação com o homem médio, deveria ter presumido a procedência ilícita em razão de um dos seguintes parâmetros: (tais parâmetros estabelecem uma exceção nos crimes culposos, no sentido que constituiria tipo fechado. Normalmente os tipos culposos constituem tipos abertos). Desproporção entre o valor de mercado e o preço pago A conduta culposa somente aparece quando a desproporção de preço é considerável ao ponto de se concluir que o homem médio desconfiaria da conduta. Exige-se a avaliação pericial para se comprovar o preço de mercado. - a própria natureza do objeto que pressupunha cuidados especiais na aquisição, recebimento etc. Ex: comprar arma desacompanhada de registro - a condição do ofertante. Ex: pessoa que não tenha condição de ter um bem daquele valor. Consumação Quando o agente adquire ou recebe. A tentativa não é admitida Art. 180, § 4º Trata-se de norma penal não incriminadora explicativa. A receptação é punível ainda que desconhecido o autor do crime do qual proveio a coisa. Caso o delegado consiga identificar o autor do crime e o receptador, os crimes serão conexos e o juiz irá julgar primeiro o furto e depois a receptação. Caso o ladrão seja absolvido (crime principal), o juiz só poderá condenar o receptador se não houver incompatibilidade entre o decreto absolutório, quanto aos seus motivos, e a receptação. Haverá incompatibilidade nos seguintes casos: art. 386, I, II, III, IV e V, CPP. A isenção de pena em relação ao agente do crime anterior não descaracteriza a receptação nos seguintes casos: - excludentes da culpabilidade - escusas absolutórias Art. 180, § 5º 1ª parte: Natureza jurídica: perdão judicial. Requisitos: 1- que o agente seja primário; 2- que as circunstâncias indiquem que o fato é de pouca gravidade – ex: receptação de objeto de pequeno valor. (obs/ este requisito é aberto, pois deixa ao juiz avaliar no caso concreto). 2ª parte: Dispõe que será aplicada à receptação dolosa as regras do furto privilegiado. Conseqüentemente não se aplica à receptação culposa. Causa de aumento de pena (art. 180, § 6º) A pena será aplicada em dobro se o objeto pertencia a União, Estados, Municípios, concessionários de serviços públicos ou sociedade de economia mista. Esta causa de aumento de pena só se aplica à receptação dolosa do caput, pois o agente deve saber da origem criminosa e que os bens pertenciam a estas pessoas públicas Efeito da Condenação A Lei 13.804, de 10.01.2019, que dispõe sobre medidas de prevenção e repressão aos crimes de contrabando, descaminho, furto, roubo e receptação inseriu o artigo 278-A no Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/1997) prevendo que o condutor que se utilize de veículo para a prática do crime de receptação, descaminho, contrabando, previstos nos artigos 180, 334 e 334-A do Código Penal, condenado por um desses crimes em decisão judicial transitada em julgado, terá cassado seu documento de habilitação ou será proibido de obter a habilitação para dirigir veículo automotor pelo prazo de 5 (cinco) anos. Receptação animal (art. 180-A) Como se pode perceber, a receptação animal é uma qualificadora da receptação comum (art. 180 CP), conforme estudo já realizado. Restam apenas algumas questões específicas a este crime: 1. receptação animal privilegiada:o legislador se olvidou de estender o benefício do § 5º do artigo 180 do CP (criminoso primário e coisa receptada de pequeno valor) ao novo crime de receptação de animal. Como seria desproporcional aplicar essa benesse a um crime mais grave (artigo 180, § 1º do CP) e vedá-la ao delito de igual natureza e menos grave (artigo 180-A do CP), é perfeitamente possível a analogia in bonam partem, método de colmatação do ordenamento jurídico penal. 2. receptação animal culposa: caso o agente adquira ou receba animal que, por sua natureza ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deva presumir-se obtida por meio criminoso, responde pela figura culposa do artigo 180, §3º do CP, desde que haja elementos acerca da origem ilícita da res. 3. concurso de crime: pode ocorrer o concurso de crimes entre crime ambiental de maus-tratos (artigo 32 da Lei 9.605/98) e abigeato ou receptação de animal, tendo em vista que há proteção a bens jurídicos distintos, ou tampouco a aplicação do princípio da consunção caso o animal seja atingido única e exclusivamente como meio para a concretização do furto ou receptação. Consumação e tentativa Na receptação própria (art. 180, caput primeira parte), na qualificada (§1º) e na receptação anila (art. 180-A), o crime é material, exige o resultado naturalístico advindos das condutas previstas (adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar – art. 180 CP – além de ter em depósito ou vender - art. 180-A). Já na receptação imprópria, o legislador exigiu a conduta de só “influir”, sem necessidade de ocorrer o resultado previsto (adquirir, receber ou ocultar), logo, trata-se de crime formal. Logo, em ambas admite-se a tentativa, mesmo na imprópria, basta verificar a conduta do sujeito que pratica vários atos para influenciar alguém a adquirir a coisa, quando é interrompido no curso da ação. Ação Penal É pública incondicionada. Pena Receptação simples (própria ou imprópria – caput): reclusão de 1 a 4 anos, e multa Receptação qualificada (§§ 1º e 2º): reclusão de 3 a 8 anos, e multa Receptação culposa (§ 3º): detenção de 1 mês a 1 ano, ou multa, ou ambas as penas. Receptação privilegiada (§ 5º, segunda parte): a) substituir a pena de reclusão pela de detenção; b) diminuí-la de 1 a 2/3; c) aplicar somente a pena de multa. Perdão judicial (§ 5º, primeira parte). Causa de aumento de pena (§ 6º): aplica-se a pena em dobro. Receptação animal (art. 180-A): reclusão de 2 a 5 anos e multa. Artigo 181, CP “É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: (Vide Lei nº 10.741, de 2003) I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural”. Imunidades Absolutas Por uma questão de política criminal, o CP veio a prever hipóteses em que haverá imunidades absolutas para os crimes contra o patrimônio, o que significa que sequer poderá ser instaurado inquérito policial, salvo se houver participação de terceira pessoa. Isso se deve ao fato que tais imunidades são concedidas nas hipóteses em que o crime for praticado no seio familiar, não havendo, portanto, alarde social. São denominadas escusas absolutórias. Natureza jurídica São causas extintivas da punibilidade, o que significa que subsiste o crime e a culpabilidade, não havendo somente, punibilidade. Estará isento de pena aqueles que vieram a cometer crime contra o patrimônio, sem violência ou grave ameaça, em prejuízo: 1. do cônjuge, na constância da sociedade conjugal. Entende-se por casamento civil legítimo em vigor. Discute-se a situação do companheiro – união estável, sendo a posição predominante que sim. 2. de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. Diz respeito ao crime contra o patrimônio praticado contra ascendente (pais, avós, bisavós e tetraavós) ou descendente (filhos, netos, bisnetos e tetranetos), seja o parentesco civil (adoção) ou natural. Não será beneficiado com a imunidade o terceiro estranho à relação familiar, seja na qualidade de co-autor ou partícipe – artigo183, CP. Artigo 182, CP “Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita”. Imunidades Relativas Nessa hipótese, em razão da relação do agente com a vítima, fica ao alvedrio desta a representação, o que significa que há crime, culpabilidade e punibilidade, mas a ação penal pública está condicionada à representação, constituindo-se, assim, esta hipótese, condição de procedibilidade. Hipóteses em que o crime é praticado em prejuízo: 1. do cônjuge desquitado ou judicialmente separado: havendo divórcio, não há a mencionada imunidade; 2. de irmão, legítimo ou ilegítimo. Basta que seja irmão, não importando a espécie. 3. de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. Não basta ser tio ou sobrinho, devendo a vítima coabitar com o mesmo, ou seja, devem viver sob o mesmo teto. Este artigo só subsiste se o crime praticado for de ação penal pública incondicionada. Ser for de natureza privada ou pública condicionada, continuará a sê-lo. Artigo 183, CP “Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; II - ao estranho que participa do crime. III - se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos”. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003) O texto é objetivo, no sentido de apontar hipóteses em que não se aplicam os artigos 181 e 182. DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL “Tutela-se expressamente com o dispositivo o direito autoral, que pode ser conceituado como os direitos que o criador detém sobre sua obra, fruto de sua criação, e o que lhe são conexos” (Mirabete, p. 362/363). Interesse econômico e moral do autor da obra. Elemento do tipo: violar (ofender ou transgredir) direitos de autor e os que lhe são conexos (editora ou gravadora de divulgar e vender, etc.), tratando-se de uma norma penal em branco, pois necessita de vinculação com as leis que protegem o direito de autor (Lei nº 9.610/98). Abrange a obra literária, científica e artística. Os direitos do autor são reputados bens móveis (art. 3º Lei nº 9610/98). A violação do direito autoral pode ocorrer através de contrafação (publicação ou reprodução abusiva); publicação sem autorização ou excedente ao contratado; tradução não consentida; modificação; plágio. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Já o sujeito passivo será o autor da obra, seus herdeiros ou sucessores e os detentores dos direitos conexos, não havendo nada que impeça que por cessão a pessoa jurídica possa vir a ser o titular do direito de autor (pessoa física). O elemento subjetivo é o dolo genérico para a figura do caput e dolo com especial finalidade de agir para os crimes qualificados, consistente na intenção de obter lucro, direito ou indireto. O crime se consuma com a violação (cópia, divulgação, compra, distribuição, etc.) de direito autoral ou conexo. A pena é de detenção de 3 meses a 1 ano ou multa. O tipo apresenta três formas qualificadas qualificadas (reclusão de 2 a 4 anos e multa) a) se a violação consistir em reprodução total ou parcial, com intuito de lucro direto ou indireto, por qualquer meio ou processo, de obra intelectual, interpretação, execução ou fonograma, sem autorização expressa do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor, conforme o caso, ou de quem os represente; b) com o intuito de lucro direto ou indireto, distribui, vende, expõe à venda, aluga, introduz no País, adquire, oculta, tem em depósito, original ou cópia de obra intelectual ou fonograma reproduzido com violação do direito de autor, do direito de artista intérprete ou executante ou do direito do produtor de fonograma, ou, ainda, aluga original ou cópia de obra intelectual ou fonograma, sem a expressa autorização dos titulares dos direitos ou de quem os represente; c) se a violação consistir no oferecimento ao público, mediante cabo, fibra ótica, satélite, ondas ou qualquer outro sistema que permita ao usuário realizar a seleção da obra ou produção para recebê-la em um tempo e lugar previamente determinados por quem formula a demanda, com intuito de lucro, direto ou indireto, sem autorização expressa, conforme o caso, do autor, do artista intérprete ou executante, do produtor de fonograma, ou de quem os represente. A ação penal observará o disposto no artigo 186 do Código Penal, razão pela qual será privada no caput, pública incondicionada nos §§ 1º e 2º e contra entidades de direito público e pública condicionada no § 3º. Finalmente, conforme dispõe o § 4º, não se aplicam os §§ 1º, 2º e 3º quando se tratar de exceção ou limitação de direito autoral, nos termos do art. 46 da Lei 9610/98, bem como autorizou o legislador a cópia de obra intelectual ou fonograma, quando feita em um só exemplar, para uso privado do copista, desde que não haja intuito de lucro. DOS CRIMES CONTRA A ORGANIZAÇÃO DE TRABALHO O artigo 197 do CP prevê o crime de Atentado contra a liberdade de trabalho. Os crimes previstos neste título protegem o bem jurídico liberdade de trabalho. Este delito tem por comportamento incriminado a conduta de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça: I - a exercer ou não exercer arte, ofício, profissão ou indústria, ou a trabalhar ou não trabalhar durante certo período ou em determinados dias (pena - detenção, de um mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência) ou II - a abrir ou fechar o seu estabelecimento de trabalho, ou a participar de parede ou paralisação de atividade econômica (pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência). Já o artigo 198 do CP tipifica a conduta de Atentado contra a liberdade de contrato de trabalho e boicotagem violenta, punindo-a com pena de detenção de 1 mês a 1 ano e multa, além da pena correspondente à violência. Configura o crime a conduta de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a celebrar contrato de trabalho, ou a não fornecer a outrem ou não adquirir de outrem matéria- prima ou produto industrial ou agrícola. No artigo 199 do CP encontra-se previsto o crime de Atentado contra a liberdade de associação, em que há a tipificação do comportamento de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a participar ou deixar de participar de determinado sindicato ou associação profissional, o qual é punido com pena de detenção, de 1 mês a 1 ano, e multa, além da pena correspondente à violência. A Paralisação de trabalho, seguida de violência ou perturbação da ordem está prevista no artigo 200 do CP da seguinte forma: “participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, praticando violência contra pessoa ou contra coisa”, com pena de detenção, de 1 mês a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. Por sua vez, o legislador também incriminou Paralisação de trabalho de interesse coletivo (art. 201 do CP), na qual seria crime a conduta de “participar de suspensão ou abandono coletivo de trabalho, provocando a interrupção de obra pública ou serviço de interesse coletivo” (pena de detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa). No entanto, a questão a ser discutida aqui é o direito de greve previsto constitucionalmente, assim, para o fato se tornar atípico, deve-se respeitar o mínimo previsto para o serviço essencial. A Invasão de estabelecimento industrial, comercial ou agrícola. Sabotagem está prevista no artigo 202 do CP, cujo comportamento delitivo é: “invadir ou ocupar estabelecimento industrial, comercial ou agrícola, com o intuito de impedir ou embaraçar o curso normal do trabalho, ou com o mesmo fim danificar o estabelecimento ou as coisas nele existentes ou delas dispor”, impondo-se pena de reclusão, de 1 a 3 anos, e multa. A Frustração de direito assegurado por lei trabalhista, a (art. 203 do CP) é o delito de frustrar, mediante fraude ou violência, direitoassegurado pela legislação do trabalho, cuja sanção penal é de detenção de 1 a 2 anos, e multa, além da pena correspondente à violência. A frustração de lei sobre a nacionalização do trabalho está prevista no artigo 204 do CP (“frustrar, mediante fraude ou violência, obrigação legal relativa à nacionalização do trabalho”), com pena de detenção, de 1 mês a 1 ano, e multa, além da pena correspondente à violência. Importante comportamento delitivo é o Exercício de atividade com infração de decisão administrativa, previsto no artigo 205 do CP, em que o sujeito ativo exerce atividade, de que está impedido por decisão administrativa, razão pela qual será punido com detenção, de 3 meses a 2 anos, ou multa. O Aliciamento para o fim de emigração, tipificado no artigo 206 do CP, é o crime de recrutar trabalhadores, mediante fraude, com o fim de levá-los para território estrangeiro, cuja pena é de detenção, de 1 a 3 anos e multa. Semelhante disposição é a do art. 207 do CP, no entanto é dirigida para o território brasileiro, sendo crime o Aliciamento de trabalhadores de um local para outro do território nacional (“aliciar trabalhadores, com o fim de levá-los de uma para outra localidade do território nacional”), com a mesma sanção penal.
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