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Fichamento - A compreensão da religiosidade do cliente

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
FICHAMENTO DE LEITURA
DONATELLI, M. F., A compreensão da religiosidade do cliente no psicodiagnóstico interventivo fenomenológico existencial in ANCONA-LOPEZ, S., Psicodiagnóstico interventivo: evolução de uma prática. São Paulo: Cortez, 2013. Cap. V. p. 90-106
Durante a introdução do capítulo, a autora expõe uma experiencia que teve em um de seus casos em que uma mãe queria que seus cinco filhos tivessem atendimento psicológico pelo CPA que a autora trabalhava. A mãe não concordando com atendimento familiar, concordou então que somente dois de seus filhos fossem atendidos. Os garotos de 8 e 9 anos de idade já haviam tentado cometer suicídio diversas vezes. Durante a entrevista de anamnese e no decorrer do atendimento das crianças ficou claro então, que a religião permeava o psiquismo das crianças e que elas não estavam conseguindo compreender a doutrina que lhes era ensinada. A autora se utilizando desse caso e de diversos outros em que a religião era mencionada como parte do universo psíquico dos pacientes, começou a tentar compreender este fenômeno.
 Atualmente, existe um paradoxo entre uma sociedade muito globalizada e tecnológica e a reaparição de muitas religiões e adeptos das mesmas o que não pode ser ignorado pelos psicólogos, principalmente os que trabalham com crianças. Entretanto, há uma dificuldade por parte do psicólogo de uma compreensão teórica e o manejo clínico quando a religiosidade é uma pauta importante da vida do paciente. Os psicólogos, em grande parte não se preocupam de modo geral com a importância da religião. Há aqueles psicólogos que negam a dimensão religiosa do sujeito e em contrapartida aqueles que reduzem a religiosidade a um mero aspecto do psiquismo.
 É importante entender que existem os dois domínios, o religioso e o psicológico e que, um bom psicólogo poderá dialogar entre os dois. Reconhecendo essa necessidade de integrar esse aspecto ao campo psicológico foi incluído aos Princípios Éticos do Psicólogo e no Código de Ética de Conduta a importância do psicólogo considerar as diferenças culturais e individuais e, nesse aspecto se inclui também a religião.
 Há nos trabalhos escritos sobre psicodiagnóstico interventivo poucas referencias a religiosidade das pessoas e o lugar que ela ocupa em suas vidas e, mesmo durante a entrevista de anamnese não há um aprofundamento sobre o tema. Porém, a abordagem fenomenológico-existencial valoriza a subjetividade do sujeito e como ele atribui sentido as experiências. Compreender a relação que o cliente tem com a religião contribui para visão de mundo do mesmo, se a religião é saudável ou não e causa um impacto em seus problemas, entender sua relação com o mundo e suas preocupações religiosas também podem ser trabalhadas na psicoterapia. A investigação da religiosidade da religiosidade do cliente é importante para ampliar a compreensão diagnostica e possibilita intervenções importantes, além entender a função que a religião ocupa na vida do sujeito.
 Para investigar a religiosidade é importante obter informações sobre a religião explicita e implícita da pessoa para compreender o sentido que essas crenças e valores tem na vida do cliente. Para isso é interessante conhecer a origem de suas crenças e abordar esta religiosidade de forma multidimensional. Da mesma forma que se recolhem informações sobe aspectos familiares, escolares e sociais do sujeito, os aspectos religiosos também devem ser levados em consideração. As relações que a pessoa estabelece com a religião permitem a emergência de significados obscuros. É importante que o conhecimento do cliente sobre a religiosidade não deve se fixar em aspectos patológicos e sim, a partir de seus aspectos saudáveis. Este entendimento pode ser obtido nas entrevistas diagnosticas permitindo uma livre expressão do cliente.
 Essa investigação é feita por meio de entrevistas semidirigidas explorando temas junto ao cliente propiciando então a livre expressão do que os mesmos querem comunicar. Devemos levar em consideração diferentes aspectos como a adesão ou não a uma religião, se o cliente crê em Deus, ou em alguma entidade ou princípio superior e como essa crença é tratada na família. É importante investigar o significado da crença para o sujeito e que lugar ela ocupa na sua vida. Como essa crença é vivenciada em família e relacionamentos interpessoais também vai constituir um aspecto importante de investigação. O desenvolvimento da fé ou atitude religiosa, se há o hábito de orar, rezar ou meditar. Investigar também as questões limite da existência e a relação entre a religião e a queixa apresentada a respeito da criança e como são passados os ensinamentos religiosos para a criança. É importante também deixar um espaço livre para pessoa comunicar o que quiser sobre esse assunto. Conhecer o individuo inclui conhecer suas crenças e valores.

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