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Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Imunologia Citocinas • São moléculas solúveis bioativas que atuam no controle do sistema imune. • São responsáveis pelo principal tipo de comunicação das células do sistema imune durante a resposta. • Algumas tem ação positiva, ativando diferentes estágios do sistema imune e outras tem ação negativa, regulando ou inibindo a produção. • As células hematopoiéticas do sistema imune podem ser estimuladas por diversas citocinas. Contudo, existem células que não são hematopoiéticas, mas podem ser estimuladas pelas citocinas ou produzi-las – os dois tipos mais relevantes são as células endoteliais e epiteliais. Propriedades das citocinas • São produzidas por células envolvidas na resposta imune, tanto células hematopoiéticas como células não hematopoiéticas. • São capazes de mediar e regular a resposta imune. Não só ativam, mas controlam. • A secreção é breve e limitada, podendo ser estocadas em granulócitos ou corpos lipídicos. O mRNA possui vida curta e a síntese só ocorre quando necessário. Ou seja, produzidas sob demanda. Quando o estímulo ativador cessa, o mRNA é degradado e a tradução para de transcrever. • Podem ser produzidas por muitos tipos celulares e agem em muitos tipos celulares também. Essa capacidade recebe o nome de pleiotropismo. • Esse Pleiotropismo é uma característica importante, principalmente em conjunto com a redundância. Figura 12-2, pág. 278, Kuby Immunology, 6ed. Exemplo de pleiotropismo: A citocina IL-4 é capaz de estimular tipos celulares diferentes e gerar vários efeitos. • A redundância significa que as citocinas podem possuir ações similares. Um grupo de citocinas diferentes podem ter ações similares. A redundância significa que as citocinas podem possuir ações similares. Um grupo de citocinas diferentes podem ter ações similares. Figura 12-2, pág. 278, Kuby Immunology, 6ed. Exemplo de redundância: As citocinas IL-2, IL-4 e IL-5 podem causar o mesmo efeito na mesma célula. • O pleiotropismo e a redundância em conjunto impedem que mutações e polimorfismos que alterem a função de uma citocina acabem com a sua função exercida, já que outra citocina pode realizar o trabalho. • As citocinas podem influenciar a síntese de outras citocinas, seja positiva ou negativamente. Isso se chama ação em cascata. Essa ação em cascata Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Imunologia potenciam ou suprimem a produção de outras citocinas. Figura 12-2, pág. 278, Kuby Immunology, 6ed. Essa ação em cascata é sempre dependente do estímulo a uma célula. Exemplo: O linfócito T produz a citocina IFN-y. Essa citocina ao estimular os macrófagos faz com que eles produzam a citocina IL-12, a qual estimula o linfócito T a produzir mais IFN- y e outras citocinas que compõe essa ação em cascata. Então, a ação em cascata neste caso está potencializando a resposta, para ter um potencial mais adequado ao estímulo sofrido. • A ação das citocinas durante o processo de ativação em cascata pode ser: antagonistas, aditivas e sinergéticas. Figura 12-2, pág. 278, Kuby Immunology, 6ed. Antagonismo: Uma citocina bloqueia a ação da outra citocina (IL-s vs IFN-y). Vai ¨ganhar¨ a que estiver em maior concentração durante a resposta. Se a [] é igual, elas se anulam entre si. Aditiva: Citocinas em conjunto, quando estimulando a mesma célula, possuem um efeito igual e potencializam a estimulação. É a soma dos efeitos. Sinergismo: Quando a junção da estimulação das citocinas gera um efeito diferente daquele que gerariam separadas. Tipos diferentes combinados geram 1 resposta completamente novo; outra possibilidade é quando duas citocinas que induzem o mesmo efeito resultam nesse efeito só que em quantidade exacerbada. • O que define se uma célula pode ser estimulada por uma determinada citocina é a presença de receptores com alta afinidade a ela. Existem receptores específicos para cada citocina, os quais possuem afinidade elevada a aquela citocina específica. • A ação das citocinas nas células pode ser: Ação autócrina: quando a citocina é produzida pela mesma célula à qual estimula. Ação parácrina: a citocina é produzida por uma célula vizinha. Ação endócrina: a citocina é produzida por uma célula distante, viajando pela circulação até o alvo. Essa ação não é tão comum. • Normalmente, as respostas celulares às citocinas são lentas, pois requerem a síntese do mRNA e de proteínas. O estímulo pela citocina induz a expressar um fator de transcrição e esse fator tem que ir ao núcleo, para que os genes responsivos dessas citocinas sejam ativados, transcritos e traduzidos e a célula expresse o resultado, que muitas vezes é a ação em cascata (produzir outras citocinas). Nomenclatura • A nomenclatura das citocinas é definida pela função, fonte, propriedades intrínsecas ou relação intercelular. • É uma nomenclatura antiga. • O nome citocinas significa: substâncias produzidas por células. Entre elas, há: Interleucinas: são produzidas e tem ação nos leucócitos. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Imunologia Linfocinas: são produzidas por linfócitos. Monocinas: são produzidas por células monocíticas (macrófagos, monócitos ou células dendríticas mieloides). Interferons: Interferem em infecções virais, capazes de combater e inibir a infecção. Fatores de crescimento: citocinas capazes de promover a hematopoese. Quimiocinas: promovem atração química. Mediadores lipídicos inflamatórios (não são denominadas citocinas pela maioria dos autores): são moléculas lipídicas com funções semelhantes às citocinas, embora não sejam protéicas. Principais grupos de citocinas Citocinas inflamatórias Interferons tipo I – IFNa/IFNB • São as citocinas que interferem nas infecções virais. Produzidas por qualquer célula do organismo que esteja infectada pelo vírus (hematopoiéticas e não hematopoiéticas. • Há dois tipos: Tipo I, nos quais são mais comuns o alfa e o beta. • Essas citocinas são produzidas por células infectadas por vírus e sua ação induz a resistência a replicação viral (estaduante viral). • atuam de forma autócrina e parácrina. • Essa resistência ocorre pela diminuição da síntese proteica da célula e por consequente do vírus. • Além disso, ocorre o estímulo de resposta antiviral do sistema imune como um todo, através do aumento da expressão de moléculas de MHC de classe I – moléculas importantes para a resposta viral – e a ativação de células NK para matar as células danificadas. Figura 3.29, pág. 112, imunologia de Janeway, 8 ed. Interferon tipo II – IFNy • Possui como função primária interferir na replicação viral. • É uma linfocina anti-proliferativa. Ou seja, produzido apenas por linfócitos. • Possui uma série de funções, pois é indispensável na resposta inflamatória dependente de linfócitos T CD4+. • Induz a produção de anticorpos opsonizantes. • Provoca a ativação clássica de macrófagos e granulócitos (principalmente neutrófilos). • Induz o aumento da expressão de genes relacionados a apresentação de antígenos. • Potencializa a atuação de linfócitos citotóxicos (T CD8e NK). • Tem participação importante na maioria das doenças inflamatórias e/ou autoimunes. Fator de necrose tumoral – TNFa • Produzido por diversos tipos celulares, mas principalmente por macrófagos inflamatórios. • Possui um sinergismo importante com o IFN-y. • Principal citocina inflamatória do sistema imune inato. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Imunologia • Importante em respostas inflamatórias agudas, relacionadas a infecções bacterianas ouvirais sistêmicas. • Principal mediador inflamatório em síndromes de choque hipovolêmico, tanto na sepse quanto em outras infecções sistêmicas. Ele induz a diminuição do volume sanguíneo. • Possui funções endócrinas, sendo capaz de se difundir pela circulação sanguínea, gerando respostas distais. • Age no hipotálamo induzindo febre, junto com as prostaglandinas. • Age no fígado, induzindo a produção de proteínas de fase aguda (estímulo direto para os hepatócitos). • Age na medula estimulando a hematopoese. • Tem papel quimiotático, ou seja, é capaz de atrair quimicamente células do sistema imune para diferentes locais. Tríade de citocinas inflamatórias Figura 3.27, pág. 110, imunologia de Janeway, 8 ed. • Junto com o TNF-a, existem duas interleucinas (1 e 6) que formam a chamada tríade de citocinas inflamatórias. Eles três em conjunto fazem diversos processos em diferentes órgãos. Fígado: Induzem a produção de proteínas da fase aguda de inflamação, o que gera ativação do complemento. Medula óssea e endotélio: Promove hematopoese e migração de neutrófilos. SNC: aumentam a temperatura corpórea. Para manter essa temperatura elevada, agem no processo de mobilização de energia a partir de queima do tecido adiposo e tecido muscular. Essa febre é um processo importante do sistema imune inato, pois diminui a replicação viral e bacteriana, além de aumentar a atividade das células do sistema imune. Células dendríticas: Estimulam a ativação dessas células, levando à apresentação de antígenos, que é o processo de iniciação da resposta imune adaptativa. Citocinas adaptativas • Interferon tipo II (IFNy): a linfocina da classe dos interferons é indispensável na resposta inflamatória dependente de linfócitos T, resposta do tipo 1 (Th1). • Interleucina 17: É uma família de citocinas envolvidas em respostas de linfócitos T do tipo 17 (Th17). • Interleucinas 4, 5 e 13: São linfocinas clássicas de linfócitos T do tipo 2 (Th2), relacionada com alergia, produção de anticorpos e invasão de parasitos. • Interleucina 2: controla a expansão clonal de linfócitos T, processo fundamental para o sistema adaptativo. Citocinas reguladoras • São citocinas que regulam todo o sistema. Interleucina 10 • É uma citocina reguladora, produzida por vários tipos celulares diferentes. • Principal citocina produzida em respostas inflamatórias agudas, ou seja, é a principal citocina que faz a regulação da inflamação. • Tem funções que antagonizam TNFa, IL1 e IL6. • Ela restringe a resposta inflamatória. Isso é importante pois uma resposta exacerbada pode ser danosa para os tecidos. • Capaz de inibir a atividade de linfócitos, granulócitos e monócitos. TGFb • É uma citocina imunossupressora. Ela é capaz de inibir a resposta como um todo, tanto adaptativa como inata. • É altamente pleiotrópica, agindo em uma grande quantidade de células. • Fundamental em uma série de processos responsáveis pela manutenção da homeostasia, Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Imunologia mesmo durante a r esposta imunológica. Como por exemplo, morte celular programada, cicatrização e fibrose, declínio da resposta imune, tumorigênese (quando está em [] excessiva), tolerância (conviver com diferentes antígenos sem ser alterado). • Características mais bem definidas quando comparadas a IL10, já que ela não é ativa apenas durante imune, mas sim constante em diversas áreas. Fatores de crescimento • São fatores que estimulam proliferação e diferenciação na medula óssea. • Os mais clássicos são os Fatores Estimuladores de Colônias (CSFs), que são divididos em: G- CSF (granulócitos), M-CSF (macrófagos) e GM- CSF (ambos). • Fora da medula óssea, eles ativam e aumentam a viabilidade das células alvo na periferia (tecidos não linfoides primários). • Algumas interleucinas, linfocinas e monocinas agem como fatores de crescimento, pois promovem a produção de células hematopoiéticas também, como IL5, TL3, TL17 etc. Receptores para citocinas • Dividem-se em famílias1; Hematopoietinas: receptores de citocinas de classe I. Figura 12-6, pág. 282, Kuby Immunology, 6ed. Interferon: receptores de citocinas de classe II (interferons). Figura 12-6, pág. 282, Kuby Immunology, 6ed. TNF: Família dos receptores de TNF Figura 12-6, pág. 282, Kuby Immunology, 6ed. Família das imunoglobulinas: receptores de citocinas que têm estrutura de imunoglobulina. Figura 12-6, pág. 282, Kuby Immunology, 6ed. Família dos receptores de quimiocina: receptores com 7 sítios transmembrana acoplados à proteína G. Figura 12-6, pág. 282, Kuby Immunology, 6ed. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Imunologia • Além disso, os receptores podem ser agrupados pela estrutura das suas cadeias, em subunidades compartilhadas: Família da cadeia b-comum: são os receptores que têm a mesma cadeia beta + cadeia específica que vai determinar qual citocina se ligará a eles e ativá-los. Figura 12-7, pág. 283, Kuby Immunology, 6ed. Família da cadeia y-comum: são os receptores que têm a mesma cadeia gama + cadeias específicas que vai determinar qual citocina se ligará a eles e ativá-los. Figura 12-7, pág. 283, Kuby Immunology, 6ed. Família da cadeia gp130 comum: são os receptores que têm a mesma cadeia gp130 + cadeias específicas que vai determinar qual citocina se ligará a eles e ativá-los. Figura 12-7, pág. 283, Kuby Immunology, 6ed. • Essas famílias que têm subunidades compartilhadas, normalmente estão associadas pela redundância – fazem o mesmo efeito sendo diferentes. Quimiocinas • São citocinas capazes de atrair células que possuam que possuam seus receptores específicos. • Essa atração é química, de acordo com o gradiente de concentração: O leucócito em repouso migra em direção ao local de maior concentração da quimiocina. • Isso acontece porque esses receptores são acoplados a proteína G: Quando a quimiocina se liga ao receptor, a subunidade alfa da proteína G induz a ativação do citoesqueleto, que é polimerizado em direção à região onde ocorreu o acoplamento da quimiocina. Quando mais quimiocinas estiverem ligadas a esses receptores, maior será o nível de polimerização do citoesqueleto, e maior será a formação do lamelipóide que vai permitir que a célula consiga migrar. • Isso é importante porque ao haver dano em uma região, as células daquela região começam a produzir as quimiocinas e a aumentar sua concentração no local. Essas quimiocinas se espalham através do líquido intersticial e atraem mais células ao ponto de concentração. • A nomenclatura das quimiocinas é muito complexa, denominadas através da presença de cisteína em pontos específicos da molécula. Quando tiver L no nome da molécula, trata-se de uma quimiocinas. Se tiver R, é um receptor de quimiocinas. Mediadores lipídicos inflamatórios • Não são proteínas. Portanto, não são regulados a partir de mRNA. • São sintetizados por atividade enzimática, pela via do ácido araquidônico – molécula derivada da metabolização de fosfolipídeos por fosfolipases. Uma vez formado pode ser captado pela enzima COX ou pela LOX, formando os mediadores lipídicos inflamatórios. • A COX é responsável pela formação de prostaglandinas e tromboxanos. A LOX é Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Imunologia responsável pela formação de lipoxinas e leucotrienos. • Uma vez produzidos, agem como citocinas, se ligando às células que possuem seus receptores específicos e estimulando a produção de citocinas. • Esses mediadores lipídicos podem ser estocados em corpúsculos lipídicos, principalmente em macrófagos. Os macrófagoscomeçam a produzir esses corpúsculos, que acabam virando locais de síntese e estocagem desses mediadores lipídicos inflamatórios. • A regulação desses mediadores depende das enzimas COX e LOX, expressas por células imunes com a influência de citocinas.
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