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Avaliação Nutricional Do diagnóstico à prescrição Adriana Lopes Peixoto 1ª Edição 2014 EXPEDIENTE Produção editorial e Revisão final Adelson Marques Canudo Assistência editorial Adriana Lopes Peixoto CRN9 – 9521 Capa e Produção gráfica Washington Silva Pacheco Coordenação de projeto para mídia digital Lucas França Barbosa Coordenação geral Adelson Marques Canudo Luiz Eduardo Ferreira Fontes Todos os direitos reservados. Nenhumaparte deste livro eletrônico poderá ser reproduzida total ou parcialmente sem autorização prévia da A.S. Sistemas. Avaliação Nutricional – Do diagnóstico à prescrição ISBN nº: 978-85-65880-24-4 Adriana Lopes Peixoto CRN9 9521 A.S. Sistemas Rua Professor Carlos Schlo�feld, casa 10 – Clélia Bernardes – Viçosa – MG – CEP 36570-000 Tel.: (31) 3892 7700 site: www.assistemas.com.br Ficha catalográfica P379a Peixoto, Adriana Lopes. Avaliação nutricional: do diagnóstico à prescrição [livro eletrônico] / Adriana Lopes Peixoto. – 1.ed. – Viçosa: A.S. Sistemas, 2014 251 p. 8.627Kb / ePUB ISBN: 978-85-65880-24-4 http://www.assistemas.com.br/ 1. Medicina e saúde. I. Título. CDD 610 Índice para o catálogo sistemático 1. Medicina e saúde APRESENTAÇÃO São incontáveis os fatores que envolvem a preferência de alimentos e a formação de hábitos alimentares. E em diversas vezes – e ao mesmo tempo – estão envolvidos mais de um fator até a decisão final. Apesar de compreendermos como claras muitas relações entre comida, nutrição e fatores culturais, até hoje não foram determinados os princípios que conduzem os comportamentos alimentares, situação que não é considerada uma tarefa fácil e muito menos alcançável em curto prazo. Na história de cada sociedade ou cultura podemos encontrar o significado e as razões para as preferências e as aversões alimentares individuais ou coletivas. Em suma, podemos descobrir o que o alimento representa para uma determinada população. O ato alimentar é envolvido por uma nuvem de complexidade, atrelada a diferentes questões. Que vão desde caráter biológico e ecológico, até os níveis tecnológico, econômico, social, político e ideológico. Tudo isso influência na escolha, na preparação e no consumo dos alimentos. Portanto, deduz-se que a escolha dos alimentos não é individual. Independentemente da necessidade óbvia de manter a saúde física, considerações relacionadas com a etnia, status e prestígio, capacidade econômica, aceitação dentro de grupos sociais ou religiosos particulares, esnobismo alimentar, pressão publicitária e ajustes psicológicos estabelecem aspectos da cultura que são determinantes para as preferências alimentares. Com base na crescente demanda por capacitação e envolvimento no tratamento dos transtornos alimentares o presente e-book foi criado, com o principal objetivo de orientar os profissionais no estabelecimento de condutas e estratégias que potencializarão a intervenção e adesão do paciente ao tratamento. Visto que a equipe envolvida neste contexto tem que ser capaz de atuar com objetividade e interligação, relacionando evidências de natureza nutricional com psicológica. Adriana Lopes Peixoto INTRODUÇÃO A avaliação do estado nutricional tem como principal finalidade averiguar o crescimento e as proporções corporais em um indivíduo ou de uma comunidade, visando o estabelecimento de ações de intervenção. Deste modo, é de extrema importância à padronização da avaliação a ser utilizada segundo a faixa etária, sexo e condições fisiológicas de cada indivíduo ou grupo de amostra, uniformizando assim os critérios empregados pela equipe de saúde (SIGULEM; DEVINCENZI; LESSA, 2000). Para a definição ou seleção de métodos para a avaliação do estado nutricional, alguns critérios são necessários, como por exemplo, a determinação de métodos que melhor detectem o problema nutricional que se pretende corrigir no indivíduo ou na população a ser avaliada. Devem-se considerar, ainda, os custos para sua utilização, o nível de habilidade pessoal requerido para aplicá- los adequadamente, o tempo necessário para executá-los, a receptividade por parte da população estudada e os possíveis riscos para a saúde (ANSELMO, 1991). A antropometria, que consiste na avaliação das dimensões físicas e da composição global do corpo humano, evoluiu constantemente, sendo método útil em estudos populacionais, clínicos e de intervenção, e sua aplicação permite o avanço nas interpretações e na busca de formulações matemáticas que aperfeiçoassem a acurácia da estimativa dos compartimentos corporais e o seu poder preditivo (ANSELMO, 1991). Os valores antropométricos representam, no nível individual ou de populações, o grau de conformidade entre o potencial genético de crescimento e os fatores ambientais favoráveis e prejudiciais. O padrão antropométrico ideal, então, seria aquele obtido de populações ou grupos étnicos cujos indivíduos tivessem usufruído a oportunidade de desenvolver, plenamente, seu potencial de crescimento. Neste sentido, utilizam-se os resultados estatísticos obtidos de populações das áreas desenvolvidas do mundo, ou nas regiões subdesenvolvidas, dos grupos humanos de elevado padrão socioeconômicos, que provavelmente tiveram melhores oportunidades de cumprir suas possibilidades genotípicas de crescimento. Derivados de pesquisas realizada em todo o mundo mostraram e mostram a possibilidade de empregar um referencial único, internacional, para avaliar o crescimento e o estado de nutrição de diferentes grupos populacionais (ANSELMO, 1991). Entre o número quase ilimitado de medidas corporais possíveis, devem escolher-se aquelas de fácil execução, rápidas, reprodutíveis e inócuas, que possam proporcionar a informação máxima sobre o problema nutricional a ser investigado. Os parâmetros frequentemente utilizados têm por finalidade determinar a massa corporal, expressa pelo peso; as dimensões lineares, especialmente a estatura; a composição corporal e das reservas de energia e proteínas, estimadas pelos principais tecidos moles superficiais: a gordura subcutânea e a massa muscular (JELLIFFE,1968). A antropometria, então, mesmo considerando suas restrições, tem sido o método universalmente mais utilizado e também o proposto pela OMS (WOH, 1995). A sua maior desvantagem é que, isoladamente, não identifica deficiências específicas, como a hipovitaminose A, anemia ferropriva e deficiência de cálcio, nutrientes muitas vezes deficientes em dietas de crianças e adolescentes, por exemplo, (GAMA, 2000). Nessas situações há necessidade de exames complementares, como os laboratoriais, para a conclusão do diagnóstico. A investigação laboratorial é geralmente realizada através da averiguação de amostras sanguíneas ou urinárias do paciente ou grupo de indivíduos a ser pesquisado e tem como propósito examinar carências nutricionais específicas. Mas, como todo processo de investigação apresenta algumas limitações para sua execução, isto porque, são mais invasivos e de custo mais elevado, sendo assim, precisam ser empregados com critério quando são conclusivos para o diagnóstico e proposta ou intervenção terapêutica (VASCONCELOS, 2007). A Anamnese clínica ou o exame clínico é baseado na verificação de sinais e sintomas clínicos e físicos apresentados pelos indivíduos. Estes sinais e sintomas são avaliados através dos tecidos ou órgãos externos tais como pele, olhos, cabelo e mucosas, que estariam relacionados com possíveis inadequações nutricionais, carência ou excesso de ingestão alimentar (JELLIFFE,1968). Apresenta características de praticidade, simplicidade e baixo custo, entretanto, nos últimos anos a sua utilização tem sido limitada, em virtude da validação de outros métodos (VASCONCELOS, 2007). Além da dificuldade de quantificação e comparação dos dados, os parâmetros de avaliação clínica apresentam sensibilidade e especificidade reduzidas, principalmente considerando-se que os sinais e sintomas clínicos de diversas enfermidades só são perceptíveis num estágio já avançadoda doença ou deficiência nutricional (ANSELMO, 1991). Ainda na Anamnese clínica, temos a etapa de investigação dietética, avaliação da ingestão alimentar dos indivíduos. Os inquéritos de consumo de alimentar em nível familiar ou individual são considerados indicadores indiretos do estado nutricional, já que esse é determinado não apenas pelos alimentos consumidos, mas também por outros fatores, como biodisponibilidade dos nutrientes, acesso aos alimentos, modo de preparo das refeições, armazenamento dos alimentos, nível de atividade física e presença de doenças agudas ou crônicas. As informações obtidas com os inquéritos de consumo alimentar são importantes na detecção de carências dietéticas específicas, inclusive para orientar os programas de suplementação alimentar (ANSELMO, 1991). Dessa forma, o comportamento alimentar ocupa, atualmente, um papel central na prevenção e no tratamento de doenças. Portanto, diante do supracitado, podemos concluir que a avaliação das condições de saúde da população possibilita o planejamento de estratégias de intervenção mais eficazes e eficientes, sendo as etapas de avaliação nutricional extremamente importante para o diagnóstico clínico (Figura 1). Figura 1 – Etapas da avaliação nutricional Objetivo Geral O presente e-book tem como objetivo geral destacar a importância de cada etapa da avaliação nutricional no estabelecimento da terapêutica mais adequado ao estado nutricional do paciente. Listar e sugerir métodos e parâmetros para a avaliação nutricional, além de acrescentar informações que possam contribuir para identificação e redução de possíveis complicações passíveis de se desenvolverem durante o período de acompanhamento nutricional. Sumário Módulo 1 1 Principais métodos e parâmetros antropométricos empregados para crianças e adolescentes 2 Fórmulas e técnicas utilizadas para a avaliação corporal de adultos 3 Antropometria e composição corporal de idosos 4 Investigação antropométrica de gestantes e lactantes 5 Métodos para a avaliação antropométrica de atletas e esportistas Módulo 2 6 Componentes laboratoriais 7 Avaliação de anemias e desnutrição 8 Investigação laboratorial na infância e na adolescência 9 Diagnóstico laboratorial de enfermidades cardiovasculares 10 Avaliação laboratorial de moléstias reumáticas 11 Testes laboratoriais empregados no diagnóstico de enfermidades hematopoiéticas 12 Investigação laboratorial de doenças hepáticas 13 Testes bioquímicos para a identificação de problemas renais 14 Enfermidades gastrointestinais (superior e inferior) 15 Investigação laboratorial de intoxicações e dosagem sanguínea de vitaminas Módulo 3 16 Anamnese clínica 17 Avaliação dietética Módulo 4 18 Equações para estimar as necessidades energéticas – DRI's 19 Fórmulas especiais Módulo 5 20 Macronutrientes 21 Micronutrientes: as vitaminas 22 Minerais: os macroelementos 23 Minerais: os microelementos Módulo 6 24 Acompanhamento e evolução do estado nutricional 25 Prognóstico nutricional 26 Glossário 27 Referências Bibliográficas Módulo 1 Avaliação Antropométrica 1 Principais métodos e parâmetros antropométricos empregados para crianças e adolescentes A avaliação antropométrica é considerada o meio mais rápido e acessível entre os não invasivos, portanto, o mais recomendável para se avaliar e monitorar o estado nutricional durante a todas as etapas da vida (VITOLO, 2008). Na prática clínica, utilizamos diversas técnicas de avaliação da composição corporal que incluem a aferição do peso, da estatura, a avaliação de pregas cutâneas e de circunferências e perímetros corporais. Essa etapa da investigação clínica nutricional é aplicável em todas as fases do ciclo de vida, onde permite a classificação de indivíduos e/ou grupos populacionais, de acordo com o seu estado nutricional (BRASIL, 2008). No entanto, é necessário conhecer e analisar os métodos disponíveis e adequá-los segundo a necessidade do atendimento (PASSONI, 2005). De maneira sucinta os objetivos de cada parâmetro investigado durante a avaliação antropométrica são: Dobras cutâneas A investigação da gordura subcutânea pode refletir de maneira acurada o conteúdo de gordura corporal total, baseado no fato de que a espessura da gordura é relativamente constante. É um método de fácil obtenção de dados e baixo custo, sendo útil e praticável em grandes estudos populacionais (NETO; CÉSAR, 2005). Apresenta as seguintes vantagens: 1. Fornecer uma maneira relativamente simples e não- invasiva a estimativa da gordura corporal; 2. Caracterizar a distribuição da gordura subcutânea. As dobras cutâneas geralmente são: gordura corporal (HENRY, 1990). Outras formas de avaliação da composição corporal: BIA (Impedância bioelétrica) É um instrumento que mede a resistência corporal total para uma corrente fraca passada através do corpo avaliando a quantidade de água corporal total, percentual de gordura e massa magra corporal. Apesar de ser um método com boa validação científica, não invasivo, prático, simples e de fácil manejo, existem alguns pré- requisitos para que seu resultado seja fidedigno, dependendo de grande cooperação do avaliado. Por exemplo, a manutenção dos níveis normais de hidratação afetam a exatidão da técnica e a desidratação ou hiper-hidratação também afeta as concentrações normais de eletrólitos no corpo (MCARDLE & KATCH, 2003). Avaliação ultrassônica da gordura Um medidor ultrassônico portátil avalia a distância entre a pele e a camada de gordura – músculo e a camada de gordura, músculo e osso. É útil no mapeamento da espessura do músculo e gordura nas diferentes regiões corporais. Avaliação radiográfica da gordura do braço Estimativa direta e inequívoca do conteúdo em gordura corporal. A espessura da gordura fornecida pela radiografia substitui as dobras cutâneas. Avaliação da gordura por Tomografia Computadorizada (TC) A técnica de mapeamento por TC consegue fornecer imagens em corte transversal para qualquer parte do corpo. Nota importante O emprego ou definição de qual método ou parâmetro que deverá ser utilizado na avaliação antropométrica dependerá do objetivo da investigação e deve ser levando também em • Tricipital: dobra vertical medida na linha média da parte superior do braço, a meio caminho entre a ponta do ombro e a ponta do cotovelo; • Subescapular: dobra oblíqua medidaimediatamente abaixo da extremidade inferior da escápula; • Suprailíaca: dobra ligeiramente oblíqua,medida diretamente acima do osso do quadril; • Abdominal: dobra vertical medida na linhamédia da coxa, a dois terços da distância entre a patela e o quadril; • Coxa: dobra vertical medida na linha média dacoxa, a dois terços da distância entre o joelho e o quadril; • Axilar média: dobra oblíqua, tendo comoponto de reparo a orientação dos espaços intercostais localizados na intersecção da linha axilar. • Peitoral: dobra diagonal na metade dadistância entre a linha axilar anterior e o mamilo para os homens e um terço da distância consideração as características do indivíduo ou população a ser investigada. A avaliação do crescimento é a medida que melhor define a saúde e o estado nutricional de crianças e adolescentes, já que distúrbios na saúde e nutrição, independentemente de suas etiologias, invariavelmente afetam o crescimento infantil (SIGULEM; DEVINCENZI; LESS, 2000). A condição nutricional das crianças e adolescentes de um país é fundamental para avaliar a evolução das condições de saúde e de vida da população, devido ao seu caráter multidimensional e causal à sua relação com o grau de atendimento das necessidades básicas como alimentação, saneamento, acesso aos serviços de saúde, condição de renda e educação (PINHO, et. al, 2010). Há evidências de que a condição nutricional da criança brasileira apresentou modificações substanciais nos últimos 15 anos, com redução da taxa de desnutrição e aumento da obesidade infantil (CAMPOS; LEITE; ALMEIDA, 2007). A prevalência esperada de déficit nutricional ou excesso de peso em uma população com boas condições de saúde enutrição é de 2,3%, sendo que prevalências inferiores são interpretadas como ausência virtual de desvios nutricionais na população (TUMA; COSTA; SCHMITZ, 2005). Para determinar o estado nutricional, a avaliação antropométrica destaca-se como um dos indicadores de saúde da criança e do adolescente. É enfatizada como importante instrumento epidemiológico, de fácil aplicabilidade e compreensão, com a vantagem de ser um método que permite rápida avaliação, é barato e não invasivo, fornecendo uma estimativa da prevalência e gravidade das alterações nutricionais (SOUSA; ARAUJO, 2004). Segundo Brasil (2004), os índices nutricionais amplamente usados na avaliação antropométrica de crianças e adolescentes, recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e entre a linha axilar anterior e o mamilo para as mulheres. Na prática clínica as dobras mais utilizadas na prática clínica são: tricipital, subescapular, suprailíaca, panturrilha e equações que utilizam o somatório de diversas combinações de dobras cutâneas para predizer a densidade corporal ou o percentual de gordura corporal. Circunferências As circunferências corporal tem como principal objetivo presumir e analisar a gordura corporal e seus padrões de distribuições. Podem ser mensuradas através do pescoço, tórax, cintura, abdômen, quadril, coxa, panturrilha, braço, antebraço e punho (REZENDE, 2007). Principais circunferências utilizadas na prática clínica são: • Circunferência do braço (CB): é muitoutilizada, pois a sua combinação com a medida da prega cutânea do tríceps (PCT) permite, através da aplicação de fórmulas, calcular a circunferência muscular do braço (CMB) e a área muscular do braço (AMA), área de músculo sem osso, que são correlacionadas com a massa muscular total, sendo utilizadas para diagnosticar alterações da massa muscular corporal total e, assim, o estado nutricional proteico (ACUNA; CRUZ, 2004); Circunferência da cintura: sua medida não adotados pelo Ministério da Saúde para a avaliação do estado nutricional, são: • Peso por idade (P/I): expressa a massa corporalpara a idade cronológica. É muito adequada para o acompanhamento do crescimento infantil e reflete a situação global do indivíduo, porém, não diferencia o comprometimento nutricional atual ou agudo dos pregressos ou crônicos; • Altura por idade (A/I): expressa o crescimentolinear da criança. É o índice que melhor indica o efeito cumulativo de situações adversas sobre o crescimento da criança. É considerado o indicador mais sensível para aferir a qualidade de vida de uma população; • Peso por altura (P/A): este índice dispensa ainformação da idade; expressa a harmonia entre as dimensões de massa corporal e altura. É sensível para o diagnóstico de excesso de peso, carecendo, porém, de medidas complementares para o diagnóstico preciso de sobrepeso e obesidade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) desenvolveu, para a avaliação antropométrica das crianças e adolescentes, novas curvas de crescimento para crianças de 0 a 5 anos em 2006 e crianças e adolescentes de 5 a 19 anos em 2007. Estas são uma referência do • deve ser feita sobre roupas, o sujeito permanece em pé, com os pés juntos, os braços estendidos lateralmente e o abdome relaxado. A medida deve ser tomada em plano horizontal com fita inelástica no ponto mais estreito do tronco. É indicador de adiposidade profunda (MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, 2010); • Circunferência do quadril: deve ser medidacom paciente trajando roupas leves e soltas, em pé, com os braços levantados para os lados e os pés juntos. O examinador senta ao lado do sujeito para melhor visualizar o nível da extensão máxima dos glúteos, dispondo a fita antropométrica em plano horizontal, que deve ser estendida sobre a pele sem comprimir as partes moles (WHO, 1998); • Relação da cintura para o quadril (RCQ): écalculada dividindo a medida da circunferência da cintura (cm) pela do quadril (cm). É fortemente associada à gordura visceral, sendo um índice aceitável de gordura intra- abdominal. É a medida de adiposidade mais utilizada, permitindo diferenciar a obesidade ginoide e androide (MAHAN, L. K.; ESCOTT- STUMP, 2010); Circunferência da panturrilha: fornece a desenvolvimento infantil, as quais levaram em consideração o que seria um adequado desenvolvimento em termos de adequada alimentação, ausência de restrição econômica ou ambiental e potencial genético de crescimento. Fique sabendo! O escore Z significa, em termos práticos, o número de desvios- padrão que o dado obtido está afastado de sua mediana de referência (SIGULEM; DEVINCENZI; LESS, 2000). Os valores de percentis são derivados da distribuição em ordem crescente dos valores de um determinado parâmetro, observados para uma determinada idade ou sexo; a classificação de uma criança em um determinado percentil permite estimar o número de crianças, de mesma idade e sexo, são maiores ou menores em relação ao parâmetro avaliado (SIGULEM; DEVINCENZI; LESS, 2000). A seguir apresentaremos as classificações e métodos antropométricos mais utilizados na avaliação deste grupo de pacientes conforme as tabelas abaixo, acompanhe: NCHS/CDC (2000) Peso/Estatura – para crianças ≤ a 5 anos Índice antropométrico Pontos de corte Classificação Peso para estatura (P/E) < percentil 5 Baixo peso para estatura > percentil 5 e < percentil 95 Peso adequado para a estatura > percentil 95 Sobrepeso Fonte: ANJOS, L. A. Epidemiologia da obesidade na infância. IN: FISBERG, M. Atualização em obesidade na infância e adolescência. São Paulo: Ed. Atheneu, 2004. Cap. 2, p 11-17. KUCZMARSKI, R. J.; OGDEN, C. L.; GRUMMER-STRAWN, L. M. et al. CDC growth charts: United States. Advance data from vital and health statistics; n.314. Hya�sville, Maryland: National Center for Health Statistics, 2000. Tabela 1 – Método antropométrico NCHS/CDC (2000) Peso/Estatura NCHS/CDC (2000) Estatura/Idade Índice antropométrico Pontos de corte Classificação • medida mais sensível de medir massa muscular no idoso, sendo superior à circunferência do braço (WHO, 1998). Índice de massa corporal (IMC) O IMC é um dos métodos mais utilizado para avaliação de risco nutricional, avalia a proporção entre o peso e a altura. É calculado pela relação entre o peso dividido pelo quadrado da altura do indivíduo, assim como expresso pela fórmula abaixo: Estatura para idade (E/I) < percentil 5 Baixa estatura para a idade > percentil 5 Estatura adequada para a idade Fonte: ANJOS, L. A. Epidemiologia da obesidade na infância. IN: FISBERG, M. Atualização em obesidade na infância e adolescência. São Paulo: Ed. Atheneu, 2004. Cap. 2, p 11-17. KUCZMARSKI, R. J.; OGDEN, C. L.; GRUMMER-STRAWN, L.M. et al. CDC growth charts: United States. Advance data from vital and health statistics; n.314. Hya�sville, Maryland: National Center for Health Statistics, 2000. Tabela 2 – Método antropométrico NCHS/CDC (2000) Estatura/Idade Classificação de Gómez – criança com idade ≤ 5 anos % de peso esperado para idade Classificação Categorias do estado nutricional > 110% Sobrepeso ou obesidade Sobrepeso ou obesidade 110% – 91% Eutrófico ou normal Normal ou eutrófico 90% – 76% Desnutrição leve Desnutrição de 1o Grau (DI) 75% – 61% Desnutrição moderada Desnutrição de 2o Grau (DII) < 60% Desnutrição grave Desnutrição de 3o Grau (DIII) Fonte: VASCONCELOS, 1993 Tabela 3 – Método antropométrico da classificação de Gómez NCHS/CDC (2000) - Circunferência cefálica – crianças com idade ≤ 3 anos Percentil Classificação < 5 Inadequada 5 – 95 Adequada > 95 Inadequada Fonte: Centers of disease and control – CDC/ National Center for health statistics – NCHS (2000) – Growth Charts. Tabela 4 – Método antropométrico NCHS/CDC (2000) - Circunferência cefálica 2 Fórmulas e técnicas utilizadas para a avaliação corporal de adultos No Brasil um indivíduo adulto é aquele que possui entre 20 a 59 anos de idade. Dentro do contexto deste e-book e segundo a finalidade deste capítulo para essa faixa etária foi realizado um apanhado sobre os principais métodos antropométricosque podem ser utilização para a investigação do estado antropométrico do paciente. Acompanhe a seguir algumas fórmulas e métodos específicos para este fim nas Tabelas abaixo. Avaliação e estimativa da altura Autor Fórmula População Chumlea et al (1994) Mulheres brancas: A (cm) = 70,25 + [1,87 x AJ (cm)] -[0,06 x I (anos)]. EPI = 3,60cm 5.415 homens e mulheres, negros e brancos, adultos com idade entre 18 e 60 anos selecionados no NHES (National Health Examination Survey), EUA. Mulheres negras: A (cm) = 68,1+ [1,86 x AJ (cm)] - [0,06 x I (anos)]. EPI = 3,80cm Homens brancos: A (cm) = 71,85 + [1,88 x AJ (cm)]. EPI = 3,97cm Homens negros: A (cm) = 73,42 + [1,79 x AJ (cm)]. EPI = 3,60cm Silveira e Silva (1994) Mulheres: A (cm) = [51,875 + 2,184 AJ (cm)] 72 homens e mulheres, com idade entre 25 e 65 anos, internados no Hospital das Clínicas da Universidade Católica de Pelotas, Brasil. Homens: A (cm) = [72,803 +1,830 AJ (cm)] Hernández et al (1995) Mulheres: A (cm) = 65,591 + [2,059 x AJ (cm)] 180 homens e mulheres adultos, com idade entre 30 e 59 anos, venezuelanos.Mulheres: A (cm) = 70,005 +[2,071 x AJ (cm)] - [0,112 x I (anos)] Homens: A (cm) = 59,678 + [2,279 x AJ (cm)] Homens: A (cm) = 64,048 + [2,257 x AJ (cm)] - [0,07455 x I (anos)] A = altura, AJ = altura do joelho, I = idade, EPI = erro padrão individual, A = altura, AJ = altura do joelho, I = idade, CuB = cumprimento do braço, E/2 = meia envergadura do braço. EPI= erro padrão individual. Fonte: MONTEIRO, R.S.C. et al. Estimativa de peso, altura e índice de massa corporal em adultos e idosos americanos: revisão. Com. Ciências Saúde. V.20, n.4, p. 341-350, 2009. Tabela 12 – Avaliação e estimativa da altura Altura do joelho Faixa etária (anos) Sexo/Grupo/Raça Equação 6 - 18 Meninas brancas Altura = 2,15 (altura joelho) + 43,21 6 - 18 Meninas negras Altura = 2,02 (altura joelho) + 46,59 6 - 18 Meninos brancos Altura = 2,22 (altura joelho) + 40,54 6 - 18 Meninos negros Altura = 2,18 (altura joelho) + 39,60 18 - 60 Mulheres brancas Altura = 1,87 (altura joelho) – 0,06 (idade) + 70,25 18 - 60 Mulheres negras Altura = 1,86 (altura joelho) – 0,06 (idade) + 68,10 18 - 60 Homens brancos Altura = 1,88 (altura joelho) + 71,85 18 - 60 Homens negros Altura = 1,79 (altura joelho) + 73,42 Fonte: Chumlea, WC; Guo, SS; Steinbaugh, ML. Prediction of stature from knee height for black and white adults and children with application to mobility- impaired or handicapped persons. J Am Diet Assoc. 1994 Dec; 94(12):1385-8, 1391. Tabela 13 – Avaliação da altura do joelho Fórmulas para avaliar e estimar o peso corporal Autor Fórmula População Rabito et al (2006) I – [0,5030 x CB (cm)] +[0,5634 x CA (cm)] + [1,318 x CP (cm)] + [0,0339 x PCSE (mm)] - 43,156 173 mulheres e 195 homens com idade entre 32 e 66 anos, de São Paulo, Brasil CB obtida (cm) x 100 Adequação da CB (%) = ___________________________ CB percentil 50 Classificação do estado nutricional segundo a CMB Desnutriçãograve Desnutrição moderada Desnutrição leve Eutrofia CMB < 70% 70% a ≤ 80% 80% a ≤ 90% >90% Tabela 18 – Estado nutricional de acordo com a CMB Fonte: Adaptado de BLACKBURN G.L, THORNTON P.A. Nutritional as sessment of the hospitalized patients. Méd Clin North Am. 1979; 63:1103-15. Área Muscular do Braço Corrigida (AMBc) Esta fórmula avalia a área de reversa muscular do braço corrigindo a área óssea. Assim demonstra com maior clareza as mudanças na composição dos tecidos (muscular e gorduroso) do que a CMB (CUPPARI, 2002). É calculada segundo o sexo do paciente, acompanhe as fórmulas: Homens: AMBc (cm²) = {CB (cm) – p X PCT(mm) ÷ 10}² / 4 p – 10 Mulheres: AMBc (cm²) = {CB (cm) – p X PCT(mm) ÷ 10}² / 4 p – 6,5 Classificação do estado nutricional segundo a AMBc II – [0,4808 x CB (cm)] + [0,5646 x CA (cm)] + [1,316 x CP (cm)] – 42,2450 III – [0,5759 x CB (cm)] + [0,5263 x CA (cm)] + [1,2452 x CP (cm)] – [4,8689 x (sexo)*] - 32,9241 P = peso, CP = circunferência da panturrilha, AJ = altura do joelho, CB = circunferência do braço, PCSE = prega cutânea subescapular, CA =circunferência abdominal. * Fator de multiplicação de acordo com o sexo: 1 para o sexo masculino e 2 para o sexo feminino. Fonte: MONTEIRO, R.S.C. et al. Estimativa de peso, altura e índice de massa corporal em adultos e idosos americanos: revisão. Com. Ciências Saúde. V.20, n.4, p. 341-350, 2009. Tabela 14 – Avaliação e estimativa do peso corporal Estimativa de peso: • Peso de homens = (0,98 x circunferência dapanturrilha em cm) + (1,16 x altura do joelho em cm) + (1,73 x circunferência do braço em cm) + (0,37 x prega cutânea subescapular em mm) – 81,69 • Peso de mulheres = (1,27 x circunferência dapanturrilha em cm) + (0,87 x altura do joelho em cm) + (0,98 x circunferência do braço em cm) + (0,4 x prega cutânea subescapular em mm) – 62,35 Fonte: Chumlea WA, Roche AF, Mukherjee D. Nutritional assessment of the elderly through anthropometry. Columbus (OH): Ross Laboratories; 1987. Chumlea WC, Guo SS, Steinbaugh ML. Prediction of stature from knee height for black and White adults and children with application to mobility impaired or handicapped persons. J Am Diet Assoc. 1994; 94(12):1385-88. Peso corporal corrigido para amputados: Peso medido x 100 Peso corporal corrigido = _________________________ 100 - % amputação A porcentagem 1ª correspondente a cada segmento amputado é (Tabela 15): Parte do corpo Amputação (%) Membro superior 5 Braço 2,7 Antebraço 1,6 Peso antes da amputação (100 - % amputação) Peso atual estimado = ___________________________________________________ 100 Obs.: a porcentagem correspondente a cada segmento amputado é a mesma da tabela do método Peso Corporal Corrigido para Amputados. Fonte: Wai�berg, D. L. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 3ª edição. São Paulo: Ed. Atheneu, 2002. Índice de Massa Corporal – IMC IMC (kg/m2) Classificação Normal Desnutrição leve/ moderada Desnutrição grave AMBc Percentil > 15 Percentil entre 5 e 15 Percentil < 5 Tabela 19 – Estado nutricional de acordo com a AMBc Fonte: CUPPARI, L. Nutrição: Nutrição Clínica no Adulto. 1. ed. Barueri: Manole, 2002. 406p. Circunferência da cintura Valores de referência: Homens: ≤ 94: Normal 95 até 102: Risco moderado > 102: Alto risco Mulheres: ≤ 80: Normal 81 até 88: Risco moderado > 88: Alto risco Fonte: WHO (2002) Relação Cintura/Quadril (RCQ (OMS-1998)) RCQ – Classificação (fornecida pelo usuário a partir da opção feita pelo usuário de acordo com as tabelas abaixo) Homens: RCQ > 1 Classificação: Alto risco RCQ < 1 Classificação: Normal Mulheres: RCQ > 0,85 Classificação: Alto risco RCQ < 0,85 Classificação: Normal Relação Cintura/Quadril por idade e riscos Relação Cintura/Quadril para mulheres Idade (anos) Classificação (cm) Baixo Moderado Alto Muito alto 20 a 29 < 0,71 0,71 a 0,77 0,76 a 0,83 > 0,82 30 a 39 < 0,72 0,72 a 0,78 0,79 a 0,84 > 0,84 40 a 49 < 0,73 0,73 a 0,79 0,80 a 0,87 > 0,87 50 a 59 < 0,74 0,74 a 0,81 0,82 a 0,88 > 0,88 60 a 69 < 0,76 0,76 a 0,83 0,84 a 0,90 > 0,90 Tabela 20 – Cintura/Quadril para mulheres Relação Cintura/Quadril para homens Idade (anos) Classificação (cm) Baixo Moderado Alto Muito alto 20 a 29 < 0,83 0,83 a 0,88 0,89 a 0,94 > 0,94 30 a 39 < 0,84 0,84 a 0,91 0,92 a 0,96 > 0,96 40 a 49 < 0,88 0,88 a 0,95 0,96 a 1,00 > 1,00 Mão 0,7 Membro inferior 16 Coxa 10,1 Perna 4,4 Pé 1,5 Tabela 15 – Valor correspondente a cada segmento amputado Fonte: CUPPARI, L. Nutrição: Nutrição Clínica no Adulto. 1ª ed. Barueri: Manole, 2002. 406p. Peso atual estimado para amputados ≤ 18,5 Baixo Peso 18,5 a 24,9 Peso normal ≥ 25 Excesso de Peso 25 a 29,9 Pré-obesidade 30 a 34,9 Obesidade grau 1 35 a 39,9 Obesidade grau 2 ≥ 40 Obesidade grau 3 Tabela 16 – Índice de Massa Corporal Circunferências Abaixo são descritos alguns tipos de circunferência e a sua forma de avaliação, observe: Circunferência do Braço – CB CB obtida (cm) x 100 Adequação da CB (%) = __________________________ CB percentil 50 Classificaçãodo estado nutricional segundo a CB Desnutriçãograve Desnutrição moderada Desnutrição leve Eutrofia Sobrepeso Obesidade CB < 70% 70% a ≤ 80% 80% a ≤ 90% 90% a ≤110% 110% a ≤120% >120% Tabela 17– Estado nutricional de acordo com a CB Fonte: Adaptado de BLACKBURN G.L, THORNTON P.A. Nutritional as sessment of the hospitalized patients. Méd Clin North Am. 1979; 63:1103-15. CUPPARI, L. Nutrição: Nutrição Clínica no Adulto. 1. ed. Barueri: Manole, 2002. 406p. Circunferência Muscular do Braço – CMB Fórmula: CMB (cm) = CB (cm) – p x [PCT (mm) ÷ 10] 50 a 59 < 0,90 0,90 a 0,96 0,97 a 1,02 > 1,02 60 a 69 < 0,91 0,91 a 0,98 0,99 a 1,03 > 1,03 Tabela 21 – Cintura/Quadril para homens Densidade corporal Jackson, Pollock et Ward 1980 3d – sexo feminino 18 a 55 anos Dobras: Coxa, Suprailíaca, Tricipital Fórmula: D = 1,21389 – 0,04057 Log10(DCtricipital + DCsuprailíaca + DCcoxa) – 0,00016(Idade em anos) Guedes 1985 3d – sexo feminino - > = 17 a < = 29 anos Dobras: Coxa, Suprailíaca, Subescapular Fórmula: D = 1,1665 – 0,0706 X Log 10 (DCCoxa + DCsuprailíaca + DCSubescapular) Jackson, Pollock et Ward 1980 7d – sexo feminino - > = 18 a < = 55 anos Dobras: Coxa, Suprailíaca, Subescapular, Torácica, Axilar Média, Abdominal, Tricipital Fórmula: D = 1,097 – 0,00046971 (DCTorácica + DCaxilar média + DCsubescapular + DCtricipital + DCAbdominal + DCsuprailíaca + DCcoxa) + 0,00000056 (DCTorácica + DCaxilar média + DCsubescapular + DCtricipital + DCAbdominal + DCsuprailíaca + DCcoxa)2 – 0,00012828 (Idade em anos) Jackson, Pollock et Ward 1980 3d – sexo feminino - >=18 a <=59 anos Dobras: Coxa, Suprailíaca, Tricipital Fórmula: D = 1,21389 – 0,04057 Logn(DCtricipital + DCsuprailíaca + DCcoxa) – 0,00016(Idade em anos) Katch & Mcardle 1973 3d – sexo feminino - > = 18 a < = 59 anos 3 Antropometria e composição corporal de idosos O envelhecimento é um fenômeno natural e mundial. Os idosos representam o segmento da população que mais cresce no mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (1995), são considerados idosos, nos países desenvolvidos, os indivíduos com idade igual ou superior a 65 anos, ao passo que, nos países em desenvolvimento, considera-se a idade de 60 anos. Este fato gera maior necessidade em aprofundar a compreensão sobre o papel da nutrição na promoção, manutenção da independência e autonomia e qualidade de vida dos idosos (RAMOS; VERAS; KALACHE, 1987). A mediação nutricional do idoso tem função essencial na prevenção e controle de enfermidades e tem como principal objetivo a redução de incidência de doenças crônicas não transmissíveis (VELLAS; ALBEREDE; GARRY, 1992). Deve ser realizada com bastante critério, uma vez que vários fatores dificultam uma avaliação precisa, como as alterações fisiológicas referentes à idade, alterações da composição corporal e, muitas vezes, a existência de enfermidades crônicas (SAMPAIO, 2004). No caso de idosos a avaliação antropométrica é considerada é um importante indicador nutricional, no entanto o avaliador deve ficar atendo as alterações biológicas que ocorrem com o envelhecimento, as quais modificam a composição corporal interferindo diretamente no resultado final. Dentre as alterações destacamos (VITOLO, 2008): • Diminuição da massa muscular; • Aumento da gordura corporal; • Encurvamento da coluna e/ou das vértebras; • Flacidez da pele. Acompanhe a seguir, fórmulas e métodos empregados na investigação antropométrica de idosos: Principais métodos e fórmulas para a avaliação de idosos Altura A altura é um indicador utilizado para avaliar o tamanho corporal total. Quando a estatura não pode ser mensura por dificuldade de permanecer em pé ou problemas de coluna, a avaliação pode ser realizada através da envergadura dos braços, onde o resultado encontrado elevado ao quadrado é equivalente à altura. Outra possibilidade é a utilização de fórmulas específicas onde a altura estimativa através da medida altura do joelho (ACUNA; CRUZ, 2004). Para idosos temos as seguintes fórmulas (Tabela 22): Autor Fórmula População Chumlea; Roche; Steinbaugh (1985) Mulheres: A (cm) = 84,88 + [1,83 x AJ (cm)] -[0,24 x I (anos)] 236 homens e mulheres brancos, com idade entre 65 e 104 anos de Ohio, EUAHomens: A (cm) = 60,65 + [2,04 x AJ(cm)] Chumlea et al(1992) Mulheres brancas: A (cm) = 75 + [1,91 x AJ (cm)] - [0,17 x I (anos)].EPI = 8,82 cm. 1001 homens e mulheres brancos e negros selecionadas no NHES (National Health Examination Survey) com idade entre 60 e 80 anos, EUA. Mulheres negras: A (cm) = 58,72 + [1,96 x AJ (cm)]. EPI = 8,26 cm. Homens brancos: A (cm) = 59,01+[2,08 x AJ (cm)]. EPI = 7,84 cm. Homens negros: A (cm) = 95,79 + [1,37 x AJ (cm)]. EPI = 8,44 cm Silveira; Mulheres: A (cm) = 51,875 + 2,184 AJ 72 homens e mulheres, Assunção; Barbosa e Silva (1994) (cm) com idade entre 25 e 65 anos, internados no Hospital das Clínicas da Universidade Católica de Pelotas, Brasil. Homens: A (cm) = [72,803 +1,830 AJ (cm)] Chumlea, et al (1998) Mulheres brancas: A (cm) = 82,21 + [1,85 x AJ (cm)] - [0,21 x I (anos)]. EPI = 3,98 cm. 4.750 homens e mulheres, idosos, com idade superior a 60 anos, não hispânicos e mexicanos, negros e brancos, selecionados do third National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES III) Mulheres negras: A (cm) = 89,58 + [1,61 x AJ (cm)] - [0,17 x I (anos)]. EPI = 3,83 cm. Mulheres mexicanas: A (cm) = 84,25 + [1,82 x AJ (cm)] - [0,26 x I (anos)]. EPI = 3,78 cm Homens brancos: A (cm) = 78,31 + [1,94 x AJ (cm)] - [0,14 x I (anos)]. EPI = 3,74 cm. Homens negros: A (cm) = 79,69 + [(1,85 x AJ (cm)] - [0,14 x I (anos)]. EPI = 3,81 cm. Homens mexicanos: A (cm) = 82,77 + [1,83 x AJ (cm)] - [0,16 x I (anos)]. EPI = 3,89cm. Palloni e Guend (2005) Mulheres: A (cm) = 106,0251 + [1,1914 x AJ (cm)] – [0,1539 x I (anos)] Mulheres: A (cm) = 94,0667 + [1,2110 x AJ (cm)] 8. 037 homens e mulheres, idosos, com idade superior a 60 anos, de ambos os sexos, hispânicos latino-americanos das capitais da Argentina, Barbados, Brasil, Chile, Cuba, México e Uruguai. Homens: A (cm) = 105,9638 + [1,2867 x AJ (cm)] – [0,1030 x I (anos)] Homens: A (cm) = 98,1691 + [1,2948 x AJ (cm) A = altura, AJ = altura do joelho, I = idade, EPI = erro padrão individual. A = altura, AJ = altura do joelho, I = idade, CuB = cumprimento do braço, E/2 = meia envergadura do braço. EPI= erro padrão individual. Fonte: MONTEIRO, R.S.C. et al. Estimativa de peso, altura e índice de massa corporal em adultos e idosos americanos: revisão. Com. Ciências Saúde. V.20, n.4, p. 341-350, 2009. Tabela 22 – Fórmulas para os idosos Peso O peso corresponde à soma de todos os componentes de cada nível da composição corporal. É uma medida aproximada das reservas totais de energia do corpo, onde algumas modificações neste parâmetro podem ser a representação de alterações no equilíbrio entre ingestões nutrientes e/ou consumo alimentar (WAITZBERG; FERRINI, 2000). No caso de idosos a investigação deste parâmetro pode ser obstada devido a dificuldades de locomoção, a incapacidade de ficar em pé ou tremores e movimentos intencionais. Nestas situações temos duas opções para avaliar o peso corporal: Direta: através da pesagem corporal dos indivíduos utilizados balanças digitais ou de plataforma; Indireta: através da estimativa do peso corporal, utilizados fórmulas ou equações específicas, tais como (Tabela 23): Autor Fórmula População Chumlea et al. (1988) Mulheres: P (kg) = [1,27 x CP (cm)] + [0,87 x AJ (cm)] + [0,98 x CB (cm)] + [0,4 x PCSE (cm)] – 62,35 105 homens e 123 mulheres brancas, com idade entre 65 e 104 anos, de Ohio, Estados UnidosHomens: P (kg) = [0,98 x CP(cm)] + [1,16 x AJ (cm)] + [1,73 x CB (cm)] + [0,37 x PCSE (mm)] - 81,69 Rabito et al. (2006) I – [0,5030 x CB (cm)] + [0,5634 x CA (cm)] + [1,318 x CP (cm)] + [0,0339 x PCSE (mm)] - 43,156 173 mulheres e 195 homens com idade entre 32 e 66 anos, de São Paulo, BrasilII – [0,4808 x CB (cm)] + [0,5646 x CA (cm)] + [1,316 x CP (cm)] – 42,2450 III – [0,5759 x CB (cm)] + [0,5263 x CA (cm)] + [1,2452 x CP (cm)]– [4,8689 x (sexo)*] - 32,9241 P = peso, CP = circunferência da panturrilha, AJ = altura do joelho, CB = circunferência do braço, PCSE = prega cutânea subescapular, CA =circunferência abdominal. * Fator de multiplicação de acordo com o sexo: 1 para o sexo masculino e 2 para o sexo feminino. Fonte: MONTEIRO, R.S.C. et al. Estimativa de peso, altura e índice de massa corporal em adultos e idosos americanos: revisão. Com. Ciências Saúde. V.20, n.4, p. 341-350, 2009. Tabela 23 – Fórmulas para os idosos Considerações sobre o peso (ACUNA; CRUZ, 2004) 3. Porcentagem de alteração de peso (% AP): é estabelecido comparado o peso usual (PU), que é aquele que o indivíduo usualmente apresenta quando está saudável, com o peso atual (PA), medido no momento da avaliação, utilizando a fórmula: % AP = (PA – PH)/PH x 100; 4. Peso ideal (PI): é padrão de referência para faixa etária e gênero, sendo o americano obtido através do National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES I 1971–1974; NHANES II 1976–1980) realizados pelo National Center of Health Statistics, NCHS. 5. Porcentagem do peso corporal ideal (% PCI): é calculado através da fórmula: PA/PI x 100. Índice de Massa Corporal – IMC Na avaliação de idosos, por não levar em consideração as modificações corporais, como o aumento de gordura na região abdominal e, em muitos casos, perda de estatura, o IMC é um protocolo questionado. Nessa situação carece de pontos de cortes específicos para a avaliação de idosos. Acompanhe a seguir algumas sugestões (Tabela 24): Classificação segundo Lipschi�, 1994 IMC Classificação < 22kg/m² Desnutrição 22 – 24kg/m² Risco nutricional 24 – 27kg/m² Normal Sobrepeso em homens 27 – 30kg/m² Sobrepeso em mulheres 27 – 32kg/m² Obesidade em homens >30kg/m² Obesidade em mulheres >32kg/m² Tabela 24 – Classificação segundo Lipschi� A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) recomenda a seguinte classificação (Tabela 25): IMC (Kg/m²) Classificação < 23 Baixo peso 23 a 27 Peso normal 28 ≤ IMC < 30 Sobrepeso ≥ 30 Obesidade Tabela 25 – Classificação de acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde Circunferências As circunferências mais utilizadas nos idosos são da cintura e do quadril, já que com o envelhecimento há um maior acúmulo de gordura na região central. Para essa população a medida da circunferência do braço é importante como forma de mensurar a perda de massa muscular comum com o envelhecimento. Valores de circunferência da cintura são analisados isoladamente nos idosos (WHO, 1997) (Tabela 26). Valores de CC (cm) Risco elevado Risco muito elevado Mulheres > = 80 > = 88 Homens > = 94 > = 102 Tabela 26 – Valores de CC (cm) considerados como risco para doenças associadas à obesidade, World Health Organization (1997) A Relação Cintura/Quadril é também empregada, no entanto, de acordo com alguns estudos têm associação moderada com o acúmulo de gordura corporal (Tabela 27). Valores de risco da RCQ Risco elevado Mulheres < 1,00 Homens < 0,80 Tabela 27 – Valores de risco da RCQ, segundo Bray (1989) Dobras cutâneas Por fim, a mensuração das dobras cutâneas também é muito utilizada pela facilidade e baixo custo. As dobras tricipital e subescapular tem relação direta com a quantidade de gordura total no corpo (CHUMLEA et al, 1992). Porém, existem limitações que atrapalham a acurácia dessas medidas em idosos, como edema, perda de peso e flacidez acentuada da pele. Consideração A importância da avaliação antropométrica para a investigação do estado nutricional é inquestionável. E quando o assunto é a investigação antropométrica e nutricional de idosos é ainda mais relevante. 4 Investigação antropométrica de gestantes e lactantes Na prática clínica, utilizamos técnicas simples de avaliação da composição corporal que incluem: medidas de peso, estatura, pregas cutâneas e circunferências corporais, onde não há um método considerado “padrão ouro” para a avaliação da composição corporal. É necessário conhecer e analisar os métodos disponíveis e adequá-los segundo a necessidade do atendimento (PASSONI, 2005). A avaliação antropométrica é considerada o meio mais acessível entre os não invasivos, além de rápido e, portanto, o mais recomendável para se avaliar e monitorar o estado nutricional em qualquer etapa da vida, inclusive durante a gestação (VITOLO, 2008). Segundo o Ministério da Saúde (2006), os principais objetivos dessa etapa da avaliação nutricional são: • Identificar as gestantes com desvio ponderal noinício da gestação; • Detectar as gestantes com ganho de pesoinsuficiente ou excessivo para a idade gestacional segundo o seu estado nutricional prévio; • Fornecer base para elaboração de condutasadequadas, visando a melhorar o estado nutricional materno, suas condições para o parto e as condições da criança ao nascer. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (WHO, 1995), as medidas de peso, estatura, circunferência braço e dobra cutânea tricipital foram as mais citadas em estudos populacionais de investigação antropométrica. Esses parâmetros isolados e combinados, como a adequação percentual de peso por estatura (PIE), índice de massa corporal (IMC) e a circunferência muscular do braço, compõem um grupo de indicadores antropométricos indispensáveis para o diagnóstico nutricional da gestante. Informações como a altura uterina e circunferência da panturrilha são também mencionadas como bons indicadores do estado de nutrição materna e fetal. Ganho de peso O ganho de peso durante a gestação, além de ser um parâmetro para o acompanhamento e controle do estado nutricional da gestante e do feto, apresenta também uma relação com morbidade e mortalidade perinatal (VITOLO, 2008). Segundo o Brasil (2004), a recomendação de ganho de peso durante a gestação é a seguinte (Tabela 28): Ganho de peso (Kg) recomendado durante a gestação segundo EN inicial Estado nutricional inicial (IMC) Ganho de peso total no 1º trimestre Ganho de peso semanal médio no 2º e 3º trimestre Ganho de peso total na gestação Baixo Peso 2,3 0,5 12,5 – 18 Adequado 1,6 0,4 11,5 – 16,00 Sobrepeso 0,9 0,3 7,0 – 11,5 Obesidade ….. 0,3 7,0 Tabela 28 – Recomendação de ganho de peso durante a gestação Fonte: IOM, 1992, adaptado in SISVAN, 2004 Peso pré-gestacional (kg) IMC = _____________________________ Altura2 (m) Nota importante A avaliação antropométrica materna deve ocorrer em todas as consultas da assistência pré- natal. Durante o primeiro trimestre, o ganho de peso da gestante não é muito relevante. A perda de peso de até 3kg, ou a manutenção do peso pré-gestacional ou o ganho ponderal de até 2kg são situações previstas e que não comprometem a saúde da gestante e do feto. Todavia, se durante esse período ocorrer ganho ou perda de peso acima dos valores recomendados, a monitoração do peso deve receber atenção especial, pois o binômio gestante-feto apresenta riscos de sofrer desvios no seu estado nutricional no decorrer da gestação (VITOLO, 2008). A partir do segundo e do terceiro trimestre, o ganho de peso adequado vai depender do estado nutricional da gestante (VITOLO, 2008). Na situação de gestação gemelar, a recomendação de ganho de peso é um pouco diferenciada. Acompanhe mais na Tabela 29 a seguir: Idade gestacional Baixo peso Eutrófica Sobrepeso 0 a 20 semanas 0,57 a 0,79 0,45 a 0,68 0,34 a 0,45 20 a 28 semanas 0,68 a 0,79 0,57 a 0,79 0,34 a 0,57 > 28 semanas 0,57 0,45 0,34 Tabela 29 – Ganho de peso de gestantes gemelares (VITOLO, 2008) Avaliação do estado nutricional pré-gestacional Nessa situação, a avaliação nutricional da gestante é realizada com base no peso anterior à gravidez. Se não for possível obter essa informação, utiliza-se o peso disponível do primeiro trimestre. A determinação do estado nutricional da gestante pode ser feita pelo método do índice de massa corporal (IMC), que é o peso dividido pela altura elevada ao quadrado ou pela adequação de peso por estatura (PIE), que é dada em porcentagem. Avaliação do estado nutricional na gestação Avaliar o estado nutricionalda gestante envolve a utilização de curvas que considerem a idade gestacional, o peso e a altura. Curvas que avaliem somente a velocidade de ganho de peso, sem considerar o estado nutricional anterior, não são indicadas. O diagnóstico nutricional durante a gestação, portanto, não é simples de se fazer, o que dificulta o procedimento em serviços públicos de saúde. No Brasil, o Nomograma e a Curva de Rosso foram adotados pelo Ministério da Saúde há muitos anos e fizeram parte do cartão da gestante. Atualmente, o critério adotado no Brasil é a curva de acordo com o IMC. Mesmo assim, vamos apresentar os dois critérios disponíveis na literatura. Nomograma e Curva de Rosso Faz-se a relação peso atual (gestante) x altura para encontrar a relação P/E no Nomograma. O P/E encontrado deve ser transportado até a curva e relacionado com a idade gestacional atual (VITOLO, 2008). O ponto de encontro das duas linhas marcará o estado nutricional atual da gestante: • Faixa E: emagrecida • Faixa N: normal (eutrofia) Índice de Massa Corporal (IMC) O IMC é o indicador mais utilizado atualmente para se determinar o estado nutricional de adultos e apresenta alta correlação com o grau de reserva energética corporal. Para classificar desnutrição, eutrofia e excesso de peso em mulheres no período pré-gestacional, os pontos de corte recomendados são diferentes daqueles aplicados para avaliação do perfil nutricional de mulheres adultas de uma dada população. Observa-se que o ponto de corte mínimo para classificar eutrofia quando se avalia o estado pré-gestacional de gestantes é de 19,8kg/m2; abaixo desse valor, a mulher é considerada desnutrida. Ressalte-se, entretanto, que a avaliação do estado nutricional para mulheres na população geral e feita com o ponto de corte de IMC menor que 18,5kg/m2 para considerá-la desnutrida (Figura 2). Figura 2 – Gráfico para avaliação Nutricional da gestante segundo Índice de Massa Corporal Fonte: Atalah, S. E.; Castillo, C. R.; Castro, R. S. (1997) A adoção de um maior ponto de corte para se identificar desnutrição em mulheres antes da • Faixa S: sobrepeso • Faixa O: obesidade Interpretação do Nomograma e Curva de Rosso (Tabela 30): Classificação do estado nutricional de acordo com P/E pré-gestacional < 90% Desnutrição ou baixo peso 90% – 110% Normal (eutrofia) 110% – 120% Sobrepeso > 120% Obesidade Tabela 30 – Nomograma e Curva de Rosso Nota importante Confirmado, pelo contexto global, que a gestante não é desnutrida, a recomendação de ganho de peso deve ser a mesma que a da gestante considerada eutrófica pelos parâmetros antropométricos. Da mesma forma, as gestantes eutróficas, mas limítrofes para o sobrepeso e com história familiar que confirme o risco para o excesso de peso, devem receber os cuidados necessários para se prevenirem da mudança de estado nutricional durante a gestação (BABIAK, 1997). Curva de IMC Não há, no Brasil, uma curva de IMC disponível para ser utilizada como instrumento de avaliação do estado nutricional da gestante. Entretanto, no Chile (ATALAH, 1997), foi elaborada uma curva com 3.000 gestantes que pode ser uma alternativa para a prática clínica, pois possibilita ao profissional visualizar a condição nutricional da mãe no período gestacional vigente. Essa curva foi reproduzida pelo Ministério da Saúde e está sendo utilizada no gravidez, tem como objetivo captar o maior número possível de mulheres com baixa reserva energética e, assim, direcioná-las para um atendimento diferenciado que vise a diminuir os riscos de desnutrição intrauterina e as complicações materno fetais decorrentes desse processo. Dessa forma, o profissional deve escolher o indicador para avaliação nutricional da gestante segundo a meta de sua investigação. Se for de cunho epidemiológico ou clínico, considerar a proposta de atendimento nutricional e a condição socioeconômica da amostra/população. material do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) (Tabela 31). Avaliação nutricional de gestante Segundo o IMC por semana gestacional Semana gestacional Baixo peso (BP) IMC < Adequado (A) IMC entre Sobrepeso (S) IMC entre Obesidade (O) IMC > 6 19,9 20,0 – 24,9 25,0 – 30,0 30,1 8 20,1 20,2 – 25,0 25,1 – 30,1 30,2 10 20,2 20,3 – 25,2 25,3 – 30,2 30,3 11 20,3 20,4 – 25,3 25,4 – 30,3 30,4 12 20,4 20,5 – 25,4 25,5 – 20,3 30,4 13 20,6 20,7 – 25,6 25,7 – 30,4 30,5 14 20,7 20,8 – 25,7 25,8 – 30,4 30,6 15 20,8 20,9 – 25,8 25,9 – 30,6 30,7 16 21,0 21,1 – 25,9 26,0 – 30,7 30,8 17 21,1 21,2 – 26,0 26,1 – 30,8 30,9 18 21,2 21,3 – 26,1 26,2 – 30,9 31,0 19 21,4 21,5 – 26,2 26,3 – 30,9 31,0 20 21,5 21,6 – 26,3 26,4 – 31,0 31,1 21 21,7 21,8 – 26,4 26,5 – 31,1 31,2 22 21,8 21,9 – 26,6 26,7 – 31,2 31,3 23 22,0 22,1 – 26,8 26,9 – 31,3 31,4 24 22,2 22,3 – 26,9 27,0 – 31,5 31,6 25 22,4 22,5 – 27,0 27,1 – 31,6 31,7 26 22,6 22,7 – 27,2 27,3 – 31,7 31,8 27 22,7 22,8 – 27,3 27,4 – 31,8 31,9 28 22,9 23,0 – 27,5 27,6 – 31,9 32,0 29 23,1 23,2 – 27,6 27,7 – 32,0 32,1 30 23,3 23,4 – 27,8 27,9 – 32,1 32,2 5 Métodos para a avaliação antropométrica de atletas e esportistas No caso da investigação corporal de atleta, o principal objetivo e a investigação da densidade corporal, proporção de massa magra versus massa gorda. Diante deste cenário, neste capítulo apresentaremos algumas referências que podem ser empregadas, acompanhe: Cálculo do Percentual de Gordura Corporal A densidade corporal será convertida em gordura corporal através de duas equações, que dão resultados semelhantes. Equação de Siri (1961) % de Gordura Corporal = 495/Dc – 450 Equação de Brozec (1963) % Gordura = 457/Dc – 414,2 Com exceção de valores adiposos "0% de gordura" e acima de 30%, ambas as equações dão resultados semelhantes. Nesses extremos, elas proporcionam resultados divergentes e deve-se ter cautela na interpretação dos resultados. Estas equações são baseadas em cadáveres masculinos e não contemplam variações de sexo, idade e raça (Tabela 32). Idade Sexo Equação 15 - 16 M %Gordura = [(5,03/Dc) - 4,59] x 100 F %Gordura = [(5,07/Dc) - 4,64] x 100 17 - 19 M %Gordura = [(4,98/Dc) - 4,53] x 100 F %Gordura = [(5,05/Dc) - 4,62] x 100 20 - 50 M %Gordura = [(4,95/Dc) - 4,50] x 100 F %Gordura = [(5,03/Dc) - 4,59] x 100 Tabela 32 – Equações alternativas para estimar o % de gordura (Variação de Brozec e Siri) Equação de Falkner %Gordura = (S4 PC x 0,153) + 5,783 PC = Tríceps, Subescapular, Suprailíaca e Abdominal Outras equações Crianças e adolescentes de 7 a 18 anos (Slaughter et al, 1988) (S2 = SOMATÓRIA DAS DOBRAS CUTÂNEAS tricipital E SUBESCAPULAR) Se S2 < = 35mm Rapazes brancos: Pré-púbere %Gordura = 1,21(S2) - 0,008 (S2)2 – 1,7 Púbere %Gordura = 1,21(S2) - 0,008 (S2)2 – 3,4 Pós-púbere %Gordura = 1,21(S2) - 0,008 (S2)2 – 5,5 Rapazes negros: Pré-púbere %Gordura = 1,21(S2) - 0,008 (S2)2 – 3,5 Púbere %Gordura = 1,21(S2) - 0,008 (S2)2 – 5,2 Pós-púbere %Gordura = 1,21(S2) - 0,008 (S2)2 – 6,8 Moças brancas e negras (qualquer nível de maturação) %Gordura = 1,33(S2) - 0,013 (S2)2 – 2,5 Se S2 > 35mm Rapazes %Gordura = 0,783(S2) + 1,6 Moças %Gordura = 0,546(S2) + 9,7 Homens e mulheres negros (S = Somatório de 7 dobras – peitoral, abdômen, coxa, tríceps, subescapular, suprailíaca, axilar média) Mulheres (Jackson et al, 1980) (18 a 55 anos) Dc (g/cm3) = 1,0970 – 0,00046971 (S 7PC) + 0,00000056 (S 7PC)2 – 0,00012828 (Idade) % Gordura = [(4,85/Dc) - 4,39] x 100 Homens (Jackson & Pollock, 1978) (18 a 61 anos) Dc (g/cm3) = 1,1120 – 0,00043499 (S 7PC) + 0,00000055 (S 7PC)2 – 0,00028826 (Idade) %Gordura = [(4,37/Dc) - 3,93] x 100 Homens brancos (Jackson & Pollock, 1978) (S = peitoral, abdômen e coxa) (18 a 61 anos) Dc (g/cm3) = 1,109380 – 0,000826 (S 3PC) + 0,0000016 (S 3PC)2 – 0,0002574 (Idade) %Gordura = [(4,95/Dc) - 4,50] x 100 Mulheres brancas (Jackson et al, 1980) (S = tríceps, suprailíaca e coxa) (18 a 55 anos) Dc (g/cm3) = 1,0994921 – 0,0009929 (S 3PC) + 0,0000023 (S 3PC)2 – 0,0001392 (Idade) %Gordura = [(5,01/Dc) - 4,57] x 100 Mulheres anoréxicas (Jackson et al,1980) (S = tríceps, suprailíaca e coxa (18 a 55 anos) Dc (g/cm3) = 1,0994921 – 0,0009929 (S 3PC) + 0,0000023 (S 3PC)2 – 0,0001392 (Idade) %Gordura = [(5,26/Dc) - 4,83] x 100 Homens adultos (Jackson & Pollock, 1978) (S = tríceps, suprailíaca, abdominal) Dc (g/cm3) = 1,1125025 – 0,0013125 (S 3PC) + 0,0000055 (S 3PC)2 – 0,0002440 (Idade) %Gordura = [(4,95/Dc) - 4,50] x 100 Fórmula de Lohman (1992) Dc = 1,0982 – 0,000815 (S 3PC) + 0,000000842(S 3PC)2 PC = Tríceps, subescapular e abdômen Fórmulas de Sloan-Weir (predição de densidade corporal e gordura corporal total) Homens (18 a 26 anos): Dc = 1,1043 - (0,00133 x PC coxa) - (0,00131 x PC subescapular) Mulheres (17 a 25 anos): Dc = 1,0764 - (0,00081 x PC suprailíaca) - (0,00088 x PC tricipital) %Gordura (Calculada por Brozec) Para atletas ou pessoas com um nível de aptidão superior ao da média ou de grupos etários diferentes, as equações não conseguirão uma predição exata da densidade corporal e, portanto, do percentual de gordura corporal. Os Nomogramas de Sloan-Weir é utilizado para predição da densidade corporal e da gordura corporal total com base nas mensurações das dobras cutâneas. Composição corporal desejável Diretrizes sugeridas da composição corporal para esporte, saúde e aptidão (Tabela 33): Classificação Homens Mulheres Gordura essencial 1% a 5% 3% a 8% Maioria dos atletas 5% a 13% 12% a 22% Saúde ótima 10% a 25% 18% a 30% Aptidão ótima 12% a 18% 16% a 25% Obesidade limítrofe 22% a 27% 30% a 34% Tabela 33 – Composição corporal Fonte: RDA, 1968. Buskirk sugeriu as seguintes mensurações das dobras cutâneas para classificar os atletas do sexo masculino em termos de gordura corporal: subescapular, abdome e tríceps. Classificação das mensurações das dobras cutâneas para atletas masculinos segundo Buskirk (Tabela 34): Classificação % degordura Tríceps (mm) Subescapular (mm) Abdome (mm) Soma (mm) Magro <7% <7 <8 <10 <25 Aceitável 7% a 15% 7-13 8-15 10-20 25-48 Gordo >15% >13 >15 >20 >48 Tabela 34 – Dobras cutâneas para atletas masculinos Classificação das mensurações das dobras cutâneas para mulheres atletas segundo Hall (Tabela 35): Classificação % degordura Tríceps (mm) Subescapular (mm) Abdome (mm) Soma (mm) Magro <12% <9 <7 <7 <23 Aceitável 12% a 25% 9-17 7-14 7-15 23-46 Gordo >25% >17 >14 >15 >46 Tabela 35 – Dobras cutâneas para mulheres atletas Diretrizes sugeridas da composição corporal para esporte, saúde e aptidão Classificação Homens Mulheres Gordura essencial 1% a 05% 3 a 08% Maioria dos atletas 5% a 13% 12% a 22% Saúde ótima 12% a 18% 16% a 25% Obesidade limítrofe 22% a 27% 30% a 34% Tabela 36 – Composição corporal para esporte, saúde e aptidão Fonte: Foss & Keteyian, 2000 Percentual de gordura (g%) para homens Nível /Idade 18 – 25 26 – 35 36 – 45 46 – 55 56 – 65 Excelente 4% a 6% 8% a 11% 10% a 14% 12% a 16% 13% a 18% Bom 8% a 10% 12% a 15% 16% a 18% 18% a 20% 20% a 21% Acima da Média 12% a 13% 16% a 18% 19% a 21% 21% a 23% 22% a 23% Média 14% a 16% 18% a 20% 21% a 23% 24% a 25% 24% a 25% Abaixo da Média 17% a 20% 22% a 24% 24% a 25% 26% a 27% 26% a 27% Ruim 20% a 24% 20% a 24% 27% a 29% 28% a 30% 28% a 30% Muito Ruim 26% a 36% 28% a 36% 30% a 39% 32% a 38% 32% a 38% Tabela 37 – Percentual de gordura para homens Percentual de gordura (g%) para mulheres Nível /Idade 18 – 25 26 – 35 36 – 45 46 – 55 56 – 65 Excelente 13% a 16% 14% a 16% 16% a 19% 17% a21% 18% a 22% Bom 17% a 19% 18% a 20% 20% a 23% 23% a25% 24% a 26% Acima da Média 20% a 22% 21% a 23% 24% a 26% 26% a28% 27% a 29% Média 23% a 25% 24% a 25% 27% a 29% 29% a31% 30% a 32% Abaixo da Média 26% a 28% 27% a 29% 30% a 32% 32% a34% 33% a 35% Ruim 29% a 31% 31% a 33% 33% a 36% 35% a38% 36% a 38% Muito Ruim 33% a 43% 36% a 49% 38% a 48% 39% a50% 39% a 49% Tabela 38 – Percentual de gordura para mulheres Consideração A qualidade de cada um dos métodos de avaliação da composição corporal depende da habilidade de quem realiza as mensurações. Módulo 2 Avaliação bioquímica e laboratorial 6 Componentes laboratoriais A avaliação laboratorial é um processo rigorosamente controlado. Envolve a análise de amostras controle, com concentrações pré-determinadas de exame, com cada grupo de pacientes. Os resultados são obtidos a partir das amostras controles analisadas com um grupo particular de modelos de pacientes, onde deve-se comparar favoravelmente aos valores pré-determinados aceitáveis antes que os dados do paciente sejam considerados válidos. Os dados laboratoriais são os únicos dados objetivos utilizados na avaliação nutricional que são “controlados” - ou seja, a validade do método de sua medição é checada toda vez que uma amostra é testada através da realização do teste em uma amostra com valor conhecido. Provas nutricionais em laboratório, empregadas para estimar a disponibilidade de nutrientes em fluidos e tecidos corporais é questionável para a avaliação das deficiências de nutrientes, tanto clínicas como subclínicas. Isto porque o tamanho das reservas de um nutriente, pode variar ininterruptamente de uma deficiência severa, a quantidades adequadas chegando até as concentrações tóxicas. Grande parte desses estágios pode ser avaliada no laboratório, de forma que a intervenção nutricional é capaz de ocorrer antes da deficiência (LITCHFORD, 2005). Além disso, a resposta do paciente à intervenção nutricional, através da análise laboratorial da quantidade de nutrientes biológicos ou da função, pode ser analisada precocemente, antes que alterações clínicas ou antropométricas se demonstrem. As informações laboratoriais podem ser utilizadas pelos nutricionistas para amparar o julgamento subjetivo e os achados da avaliação clínica. Podem ser utilizados na identificação do diagnóstico, no monitoramento e na avaliação e adesão dos cuidados nutricionais. Aliás, uma vez que os valores numéricos não possuem uma compreensão de avaliação pessoal, esse tipo de informação pode ser informado para um paciente sem culpa implícita ou percebida. É importante ressaltar que os resultados dos exames isolados devem ser analisados com base na condição clínica atual do paciente, medicamentos utilizados, estilo de vida, idade, hidratação, jejum no momento da coleta do material, e, por último, mas não menos importante, os valores de referência utilizados pelo laboratório. Sendo assim, isoladamente, os resultados são úteis para rastreamento ou para confirmar uma avaliação baseada na mudança de estado clínico, antropométrico e dietético. Tipos de amostras De forma geral e ideal, a amostra a ser examinada reflete o conteúdo corporal total do nutriente a ser estudado. Contudo, a melhor porção nem sempre está prontamente disponível. Na nutrição as amostras mais comuns para análise de nutrientes e de substâncias relacionadas aos mesmos são as seguintes: • Sangue total: coletado na presença deanticoagulante caso o conteúdo total do sangue seja avaliado; nenhum dos elementos é removido; contém células vermelhas, células brancas e plaquetas suspensas no plasma; • Soro: o fluido obtido a partir do sangue apóssua coagulação, seguida por centrifugação para remover o coágulo e as células sanguíneas; Plasma: líquido transparente (cor • discretamente amarelada) componente do sangue, composto de água, proteínas do sangue, eletrólitos inorgânicos e fatores de coagulação; • Células sanguíneas: separadas a partir dosangue total não coagulado para medição do conteúdo celular de algum composto; • Eritrócitos: (células vermelhas do sangue); • Leucócitos: (células brancas do sangue) efrações dos leucócitos; • Exame em papel de filtro: sangue total secocolhido a partir da perfuração do dedo ou do calcanhar com agulha e filtro de papel e que pode ser utilizado para determinados testes hormonais e outros testes como o rastreamento para fenilcetonúria infantil; • Outros tecidos: (obtidos a partir de raspagensou amostras de biópsias); • Urina (a partir de amostras aleatórias ou decoletas com hora marcada): contém concentrado de metabólitos excretados;• Fezes (a partir de amostras aleatórias ou de coletas com hora marcada): importante na análise nutricional quando os nutrientes não são absorvidos e, dessa forma, permanecem presentes no material fecal. • As amostras utilizadas menos frequentementeincluem as seguintes: • Saliva: meio não invasivo que se modificarapidamente e, atualmente, é utilizado para avaliar o estresse adrenal funcional e as concentrações hormonais; • Unhas: tecido de coleta fácil que pode serimportante na determinação da exposição a metais tóxicos; geralmente é um fraco indicador das concentrações corporais atuais de nutrientes; • Cabelo: tecido de coleta fácil que geralmente éum fraco indicador das concentrações corporais atuais de nutrientes; pode ser importante na determinação da exposição a metais tóxicos; • Suor: classicamente utilizado para determinar apresença de fibrose cística. Tipos de ensaios Os dois tipos fundamentais de ensaios laboratoriais são os estáticos e os funcionais: • Estáticos: aferem as concentrações atuais denutrientes na amostra. Exemplos: ferro sérico, as concentrações de ácido ascórbico em leucócitos e o zinco capilar. Ainda que, esse tipo de teste tenha a vantagem de ser específico do nutriente de interesse, as concentrações de nutrientes nas amostras não refletem a quantidade dessa substância armazenada nas reservas corporais. Outra grande limitação deste tipo de ensaio é que a ingestão dietética recente pode influenciar a quantidade de nutrientes encontrada no soro, plasma ou qualquer outro fluido ou tecido a ser investigado. Situação que pode ser resolvida, pelo menos em parte, pela coleta do material com o indivíduo em jejum. Nestes casos o jejum noturno (8 a 12 horas) é, normalmente, adequado. • Funcionais: avaliam quantitativamente umaatividade bioquímica ou fisiológica que esteja sujeita do nutriente que deseja avaliar. Esse tipo de teste pode ser muito sensível para um determinado nutriente em seu sítio de função. Um bom exemplo de ensaio funcional é o da ferritina sérica. Mas, infelizmente os ensaios funcionais não são sempre específicos do nutriente de interesse, pois muitas funções fisiológicas e bioquímicas dependem de diversos fatores biológicos, além do nutriente específico. Hemograma completo Hemograma é a denominação dada ao conjunto de avaliações das células sanguíneas que, concentra as informações clínicas do paciente, permitindo o diagnóstico e o prognóstico de diversas enfermidades. A sua utilização na prática clínica se deu pela primeira vez em 1925, por meio de critérios estabelecidos pelo médico e farmacêutico alemão V. Schilling. Dentre as diversas análises bioquímicas existentes, o hemograma é, atualmente, o mais solicitado por profissionais de saúde, de todas as especialidades. Por essa razão, se reveste de grande importância no conjunto de elementos que devem ser considerados para o diagnóstico clínico. É composto por três determinações básicas, que incluem as avaliações dos eritrócitos (eritrograma), dos leucócitos (leucograma) e das plaquetas (plaquetograma). O eritrograma investiga as alterações nos eritrócitos, na hemoglobina, no hematócrito, nos índices globulares e na morfologia eritrocitária. E é constituído pelas seguintes determinações: • Contagem de eritrócitos (CE); • Dosagem da hemoglobina (Hb); • Hematócrito (Ht); • Volume Corpuscular Médio (VCM); • Hemoglobina Corpuscular Média (HCM); • Concentração da Hemoglobina CorpuscularMédia (CHCM). Considerações Os dados laboratoriais são componentes essenciais para a avaliação e diagnóstico nutricional e devem ser utilizados para rastrear, investigar deficiências de nutrientes específicos e formular a conduta nutricional; Os profissionais devem utilizar diversos dados laboratoriais rotineiramente disponíveis para auxiliar o diagnóstico nutricional e para monitorar e avaliar a intervenção nutricional; Uma vez que os dados laboratoriais estão aumentando o conhecimento dos mecanismos envolvidos no desenvolvimento de doenças crônicas, novos testes estão sendo constantemente desenvolvidos para identificar riscos mais precocemente, e suas utilidades clínicas têm sido comprovadas; O período de início da realização de testes laboratoriais baseia-se na condição clínica do paciente devido à idade, histórico, doença ou lesão. 7 Avaliação de anemias e desnutrição Neste capítulo falaremos sobre a avaliação relacionada com alguns tipos de anemia e desnutrição. Anemias carenciais Reconhecida como um dos maiores desafios da saúde pública em todo o mundo, tanto em países em desenvolvimento como desenvolvidos, e é uma complicação clínica bastante frequente e importante durante o período de gestação. As consequências da anemia ao longo da gravidez são prejudiciais à mãe e ao bebê. Quando ocorre no início, determina inadequado ganho de peso pela gestante e aumento de duas vezes na incidência de parto prematuro. E quando o nível de hemoglobina encontra-se abaixo de 6 a 7g/dL, a gestante pode desenvolver insuficiência cardíaca de alto débito, com risco para ela e maior ainda para o feto. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a prevalência de anemia em gestantes de países em desenvolvimento é de 52% e de 23% nos países desenvolvidos (WHO, 2001). No Brasil, e na maior parte dos países, ainda não há um quadro consolidado de informações consistentes que permitam definir com a necessária segurança a prevalência de anemia em gestantes. Os dados disponíveis no Brasil mostram que a prevalência varia de 12,4% a 54,7%, dependendo da idade gestacional, do estrato socioeconômico e da região. Anemia ferropriva Segundo o Centro de Controle de Doenças, para o diagnóstico de anemia por deficiência de ferro entre gestantes, a recomendação é o ponto de corte mínimo de Hb <11g/dL no primeiro e terceiro trimestres e Hb <10,5g/dL no segundo trimestre. De acordo com Duffy (1996), o nível de hemoglobina abaixo de 10,5g/dL em qualquer período ou trimestre da gestação já formaria diagnóstico de anemia. Este considera como anemia moderada aquela em que o nível de hemoglobina está entre 8,5 e 10,5g/dL. Já as anemias intensas que requerem transfusão de sangue, especialmente nas últimas semanas gestacionais o valor de Hemoglobina é < 8,5g/dL. No entanto, é importante ressaltar que esses valores são obtidos a partir de estudos populacionais, sendo assim, na prática clínica é necessário realizar uma avaliação bem completa, incluído uma análise da condição socioeconômica, hábito alimentar, valores de volume corpuscular médio (VCM) e concentração média de hemoglobina (CHCM), pois mulheres no primeiro trimestre que não apresentam ainda expansão no volume plasmático deveriam apresentar valores de Hb acima de 12g/dL, já que esse valor é o ponto de corte mínimo de mulheres não-grávidas, para que as mesmas não sejam classificadas como anêmicas. Considerando-se que a expansão do volume plasmático afeta os valores de hemoglobina e hematócrito e não os valores de VCM (microcitose) e HCM (hipocromia), a avaliação dos mesmos é bastante útil para um diagnóstico mais preciso. O ideal seria realizar já no primeiro trimestre a análise da ferritina. Em relação aos estágios de deficiência de ferro, é importante fazermos as seguintes observações: Estágio I: nesta etapa, a ingestão de ferro é menor que a quantidade necessária ao metabolismo, levando a mobilização dos depósitos deste nutriente. No entanto, a produção das células vermelhas não é depreciada. Nesse estágio inicial, só é possível detectar o processo de carência pela determinação de ferritina. Para o diagnóstico de anemia ferropriva a determinação de ferritina sérica é mais sensível do que a hemoglobina, pois reflete a qualidade dos depósitos de ferro, identificando precocemente o estado deficitário desse nutriente. A depleção de ferro é identificada quando os valores de ferritina estão abaixo de 351µg/L. Contudo, há considerações de que esse parâmetro não é um bom indicativo do estado nutricional de ferro, já que estudos demonstram que os níveis plasmáticos de ferritina sofrem quedaacentuada à medida que avança a gestação, independentemente da presença ou não da suplementação de ferro. Estágio II: a medula passa a produzir menor quantidade de células para não prejudicar a sua qualidade. A anemia é normocítica e normocrômica, porém, é possível detectá-la pela determinação de hemoglobina e hematócrito. Conforme a depleção contínua, vem a fase hipocrômica e normocítica, pois a medula produz hemácias com menor quantidade de hemoglobina. Estágio III: a fase final da deficiência de ferro manifesta-se por anemia hipocrômica (HCM < 24 pg) microcítica (VCM < 80ft). Para investigar a causa da anemia duas dosagens são utilizadas: • Contagem de reticulócitos (hemácias jovens); • Volume Corpuscular Médio da hemácia(VCM). A contagem reduzida de reticulócitos geralmente indica a medula óssea como causa da anemia (indica insuficiência da medula). Contagem elevada é característica de anemias cuja condição existe fora da medula, como na hemólise ou sangramento em que a sobrevida, das hemácias está curta, a medula é estimulada quanto à sua produção e, assim, há uma maior produção de reticulócitos (hemácias jovens). Para o diagnóstico de anemia na gestação, o Centro de Controle de Doenças (CDC) dos EUA, em publicação da IOM (1992), recomenda que sejam usados os pontos de corte descritos na Tabela 39. E os valores hematológicos, de acordo com Burrow & Ferris (1996), estão na Tabela 40: Hemoglobina (g/dL) Hematócrito (%) Mulher não-grávida < 12,0 < 36 Gestante Primeiro trimestre < 11,0 < 33 Segunda trimestre < 10,5 < 32 Terceiro trimestre < 11,0 < 33 Tabela 39 – Pontos de corte para diagnóstico de anemia (IOM, 1992) Parâmetros Abaixo do normal Normal Acima do normal Hb (g/dL) < 10,5 ≥ 10,5 - Ht (%) < 33 ≥ 33 - VCM (fL) < 80 80 a 90 > 90 HCM (pg) < 28 28 a 32 > 32 Neutrófilos (m³) < 3.800 3.800 a 10.000 > 10.000 Hb: hemoglobina, Ht: hematócrito; VCM: volume corpuscular médio; HCM: concentração média de hemoglobina; fL: tentolitro; pg: picograrna. Tabela 40 – Valores de parâmetros hematológicos para grávidas de acordo com Burrow & Ferris (1996) Dica importante No Guia do Instituto de Medicina dos EUA (IOM, 1992) há uma recomendação de ponto de corte maior para classificar anemia em mulheres fumantes, classificando-as em dois grupos, acompanhe (Tabela 41): Número de cigarros/dia Ponte de corte Hb (g/dL) 10 a 20 cigarros ≤ 11,3g/dL 21 a 40 cigarros ≤ 11,5g/dL Tabela 41 – Valores de referência para gestantes fumantes Anemia megaloblástica A deficiência de ácido fólico leva a anemia macrocítica, frequentemente acompanhada de graus variáveis de leucopenia e trombocitopenia. Mas, a confiança nesse índice macrocítico de hemácias pode ser enganadora, devido à frequente presença de um processo microcítico acompanhada de a deficiência de ferro durante a gravidez. Um excelente indicador de anemia megaloblástica é a presença de hipersegmentação de células polimorfonucleares no sangue periférico, que indica deficiência de folato ou vitamina B12, além de elevação acentuada da desidrogenase láctica (LDH). Como não é comum a deficiência de vitamina B12 durante a gravidez, sendo está mais associada à esterilidade, e os grandes depósitos dessa vitamina são superados pelas demandas da gravidez, quando se apresenta o processo megaloblástico é costume associá-lo à deficiência de ácido fólico, exceto se existirem antecedentes de deficiência desse nutriente. De forma mais sucinta, em relação aos estágios de deficiência de ácido fólico, as considerações mais importantes são: • Estágio I: é caracterizado pelo balanço negativode nutriente precoce (balanço sérico negativo), que é marcado por valores de folato sérico abaixo de 3ng/mL; • Estágio II: é o balanço celular negativo, no quala depleção de folato é indicada por menor concentração de folato nos eritrócitos abaixo de 160ng/mL; • Estágio III: é a deficiência bioquímica, comeritropoiese deficiente em folato. Isto é indicado por síntese mais lenta de DNA, manifestada por teste de supressão de desoxiuridina, hipersegmentação nuclear de granulócitos e hemácias macrocíticas; • Estágio IV: é a manifestação clínica dadeficiência de folato demonstrada por VCM elevado e a sintomatologia de anemia megaloblástica. Como já foi mencionado, a anemia por deficiência de folato é manifestada por níveis muito baixos de folato sérico (menos que 3ng/mL) e de folato eritrocitário (RCF) menor que 140ng/mL. O folato sérico por sua vez reflete a ingestão recente de ácido fólico e o folato eritrocitário está relacionado aos estoques teciduais, representando a condição corporal desse nutriente em longo prazo. De forma geral, se aceita que os níveis séricos acima de 14nmol/L ou RCF 360nmol/L são considerados satisfatórios; níveis entre 7 e 14nmol/L de folato sérico e de 320 a 360nmol/L de RCF são considerados baixos. Dosagens abaixo dos valores citados indicam claramente deficiência. Estima-se que os valores normais de estoques corporais estão em torno de 5 a 10mg, e 50% deste valor encontra-se presente no fígado. Diante do exposto, se tem que a dosagem de homocisteína plasmática é considerada um bom indicador da condição nutricional do ácido fólico e da vitamina B12. Os estoques corpóreos normais de folato são esgotados dentro de dois a quatro meses com dieta deficiente em folato, que resulta em anemia macrocítica megaloblástica. Alguns fatores predispõem a essa deficiência, tais como dieta inadequada, gravidez múltipla, anemia hemolítica subjacente e infecções urinárias. Portanto, deve-se dar importância à anemia por deficiência de ácido fólico durante a gestação, pois, embora não esteja bem demonstrada, já foi sugerido que pode estar associada a trabalho de parto prematuro (TPP), além da ocorrência, já bem fundada, de defeito na formação do tubo neural (DTN) e de fenda palatina. Desnutrição energética proteica – DEP A DEP é resultado da insuficiência primária e/ou secundária de energia e proteínas e representa uma síndrome carencial, que agrupa diversas manifestações clínicas em razão da intensidade e duração da deficiência alimentar, dos fatores relacionados às enfermidades (sobretudo infecções agregadas) e fase do desenvolvimento biológico do ser humano. Esta também está diretamente relacionada às condições socioeconômicas (pobreza e desigualdade social) do indivíduo. E apesar do progresso no tratamento, a desnutrição infantil continua sendo considerada um grave problema de saúde pública, com dimensões alarmantes, em muitas regiões no mundo. Os principais fatores associados à desnutrição são: • Baixo peso ao nascer; • Práticas alimentares incorretas, como o inícioprecoce de alimentação complementar e utilização incorreta de fórmulas infantis; • Dietas com baixa densidade energética, assimcomo número de refeições insuficientes; • Elevada demanda de nutriente; • Insegurança alimentar (inadequadadisponibilidade de alimentos, desigualdade social, condições inadequadas de moradia); • Infecções que podem causar anorexia,comprometimento da ingestão, absorção e utilização dos nutrientes, além de aumentar a perda nutricional. Marasmo versus Kwashiorkor Durante o processo de investigação clínica uma das dificuldades encontradas pelos profissionais de saúde é o diagnóstico das desnutrições energético proteicas: marasmo e kwashiorkor. E isto se deve ao fato da existência de divergência em relação as etiologias de tais síndromes. Alguns autores sugeriram que ambas as formas de desnutrição poderiam resultar de um mesmo tipo e grau de privação dietética e, outros acreditam que o kwashiorkor é basicamente uma deficiência proteica e o marasmo uma deficiência energética. Diante dessas divergências os principais critérios clínicos para diferenciar os tipos de desnutrição são: Marasmo • Perda severa de crescimento • Detrimento marcante de tecido muscular • Dano acentuado de tecido adiposo subcutâneo • Ausência de edema • Cabelo escasso, frágil e às vezes descolorido • A criança é normalmente nervosa e apática Kwashiorkor marasmático •
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