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Brasília-DF. AvAliAção NutricioNAl Elaboração Leila Barreto Corsi Atualização e ampliação Susiane Gusi Boin e Oliveira Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 5 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 6 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8 UNIDADE I INICIANDO A AVALIAÇÃO NUTRICIONAL .............................................................................................. 11 CAPÍTULO 1 PRONTUÁRIOS ........................................................................................................................ 12 CAPÍTULO 2 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL SUBJETIVA GLOBAL ......................................................................... 15 CAPÍTULO 3 SEMIOLOGIA NUTRICIONAL .................................................................................................... 18 UNIDADE II MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL ................................................................... 24 CAPÍTULO 1 ANTROPOMETRIA ................................................................................................................... 25 CAPÍTULO 2 BIOIMPEDÂNCIA ELÉTRICA (BIA) ............................................................................................. 45 CAPÍTULO 3 MÉTODOS INDIRETOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL ..................................... 48 UNIDADE III PARÂMETROS BIOQUÍMICOS ................................................................................................................ 54 CAPÍTULO 1 EXAMES BIOQUÍMICOS NA AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES ORGÂNICAS ....................................... 55 CAPÍTULO 2 PROTEÍNAS PLASMÁTICAS, AVALIAÇÃO NUTRICIONAL E RESPOSTA INFLAMATÓRIA .................... 69 CAPÍTULO 3 BIOMARCADORES DE MICRONUTRIENTES NA AVALIAÇÃO NUTRICIONAL ................................. 75 UNIDADE IV CONSUMO ALIMENTAR ........................................................................................................................ 88 CAPÍTULO 1 RECORDATÓRIO DE 24 HORAS .............................................................................................. 88 CAPÍTULO 2 QUESTIONÁRIO DE FREQUÊNCIA ALIMENTAR .......................................................................... 91 CAPÍTULO 3 HISTÓRIA ALIMENTAR E REGISTRO ALIMENTAR ESTIMADO ........................................................ 93 UNIDADE V AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA ................................................................ 96 CAPÍTULO 1 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES .................................................... 96 CAPÍTULO 2 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE ADULTOS ................................................................................ 111 CAPÍTULO 3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE GESTANTES ............................................................................. 118 CAPÍTULO 4 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DOS IDOSOS ............................................................................... 123 PARA (NÃO) FINALIZAR ................................................................................................................... 129 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 130 ANEXOS ........................................................................................................................................ 146 5 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 6 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 7 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 8 Introdução A avaliação nutricional é o ponto de partida para a intervenção nutricional, visando a recuperação e(ou) manutenção do estado de saúde de seu cliente. É por meio desta avaliação que serão determinados os passos para elaborar o plano terapêutico e acompanhar de maneira clara a adesão e o desenvolvimento do tratamento escolhido. Não se pode determinar o estado nutricional de um indivíduo por um único parâmetro, por isso empregamos quantas avaliações forem necessárias e quantas estiverem ao nosso alcance para determinar com a maior precisão possível o diagnóstico nutricional. A avaliação nutricional engloba métodos objetivos e subjetivos. Como métodos objetivos, a determinação da composição corporal, os parâmetros bioquímicos e o consumo alimentar, e como métodos subjetivos, o exame físico e a Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ANSG), além da história clínica e nutricional do cliente. Este caderno de estudos não pretende esgotar o assunto nem abordá-lo em todas as suas variantes, mas, sim, apresentar os métodos mais utilizados de avaliação e estimular o interesse para outras possibilidades. A avaliação nutricionalé função exclusiva do nutricionista. Assim, cabe ao profissional nutricionista explorá-la em todas as suas vertentes, a fim de alcançar o melhor resultado, contribuindo com a conduta terapêutica que será adotada. Realizá-la de maneira competente valoriza sua aplicação e, também, o trabalho do profissional, que pode mensurar o sucesso do tratamento. Assim, o treinamento incansável torna-se fundamental para que o profissional se torne apto a realizar uma avaliação nutricional correta e eficiente. 9 Objetivos » Expor e explicar os métodos e técnicas mais utilizados na avaliação do estado nutricional. » Orientar sobre os melhores métodos de avaliação nutricional em cada fase da vida e de acordo com a condição de saúde do indivíduo. » Capacitar o nutricionista para a realização do diagnóstico nutricional de acordo com as características do serviço e necessidades do tratamento. » Promover o aprofundamento e a discussão do assunto em busca de novos conhecimentos. 10 11 UNIDADE IINICIANDO A AVALIAÇÃO NUTRICIONAL Antes de iniciar as mensurações de medidas antropométricas, perguntar ao cliente/paciente quais são suas preferências alimentares ou avaliar seu consumo dietético, algumas práticas são importantes, e, às vezes, elas são mais silenciosas. O registro da consulta nutricional, com todas as descrições necessárias, é ação primordial para a documentação do atendimento, trazendo segurança ao profissional, registrando suas ações e condutas, expondo para outros profissionais quais são os cuidados nutricionais atuais e oferecendo ao cliente/paciente cuidado e segurança. Para o início do atendimento, existem as ferramentas de triagem de risco nutricional. Em alguns serviços, a triagem é realizada com o objetivo de determinar qual o tipo de atenção que o cliente/paciente necessita do Serviço de Nutrição. Dentre as ferramentas, têm-se a Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ANSG). Durante a triagem do risco nutricional, algumas observações simples podem garantir o sucesso da avaliação, como a escuta da queixa e verificação de sinais e sintomas que o paciente apresenta (exame físico). A ANSG é um dos métodos subjetivos utilizados na avaliação nutricional. Outro método subjetivo muito utilizado, que deve seguir uma metodologia específica para que sua aplicação tenha bons resultados, é o exame físico. O exame físico, ou semiologia nutricional, é a análise dos sinais e sintomas que o paciente apresenta e que podem estar relacionados a desordens nutricionais. Este exame difere dos exames clínicos realizados na ANSG e deve ser descrito em formulário próprio. Esses dois métodos subjetivos de avaliação nutricional – ANSG e exame clínico – determinam, de forma simples, fácil, rápida e com baixo custo, quais as primeiras ações que se deve ter na atenção nutricional e norteiam quais instrumentos e métodos podem ser utilizados para um diagnóstico nutricional correto. 12 CAPÍTULO 1 Prontuários O Conselho Federal de Medicina, no Art 1o da Resolução CFM no 1.638/2002, define prontuário como: Documento único, constituído de um conjunto de informações, sinais e imagens registrados, gerados a partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do paciente e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e científico, que possibilita a comunicação entre membros da equipe multiprofissional e a continuidade da assistência prestada ao indivíduo. (CONSELHO FEREDERAL DE MEDICINA, 2002) Por ter caráter sigiloso, as informações contidas em um prontuário não podem ser reveladas a ninguém, salvo sob autorização escrita do paciente. Suas informações são protegidas pelo segredo profissional. Nele devem ficar registrados todos os atendimentos prestados, orientações, prescrições, faltas em atendimento e todo tipo de contato do profissional com o paciente (por exemplo, no caso de atendimento ambulatorial/consultório, em que muitas vezes acontece o contato telefônico ou por e-mail). O prontuário deve ser composto minimamente dos seguintes itens: » identificação do paciente; » folha de anamnese; » exame físico/avaliação; » guias e relatórios de encaminhamento; » folhas de prescrição; » exames; » folha de termo de consentimento livre e esclarecido (quando necessário). Dada a importância do prontuário, as seguintes regras devem ser observadas em seu preenchimento: 13 INICIANDO A AVALIAÇÃO NUTRICIONAL │ UNIDADE I » Escrita a caneta (evitando cores claras). » É proibido o uso de corretivo (em caso de erro, deve-se anular a anotação passando-se um risco e escrevendo “sem efeito” ao lado). » Evitar o uso de siglas e abreviações, especialmente as de uso restrito de profissões específicas ou aquelas pouco conhecidas. » Letra legível. » Atenção a regras gramaticais. » Não deixar espaços ou folhas em branco (caso ocorra, anular o espaço ou a folha com um risco). » Sempre carimbar e assinar as evoluções/prescrições. Ao se fazer uma anotação no prontuário, deve-se inserir o dia e a hora do atendimento, começando a evolução pela identificação do cliente/paciente, seguido de anamnese alimentar, avaliação antropométrica, exames complementares solicitados e resultados, diagnóstico nutricional e prescrição da terapia nutricional indicada, sempre assinando e carimbando a evolução (nome do profissional completo, profissão e número de registro no conselho de classe). Um prontuário corretamente preenchido traz benefícios ao paciente, pois todos os profissionais têm acesso às informações necessárias; à equipe, pois fortalece a relação multiprofissional; e ao profissional em si, que tem registrado todos os serviços e atendimentos prestados ao indivíduo. Algumas resoluções do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) orientam e auxiliam na prática da evolução no prontuário, assim como na realização das prescrições dietéticas (nutricionais). Dentre as resoluções, têm-se a Resolução CFN no 594, de 17 de dezembro de 2017, que dispõe sobre o registro das informações clínicas e administrativas do paciente, a cargo do nutricionista, relativas à assistência nutricional, em prontuário físico (papel) ou eletrônico do paciente. Tem-se, também, a Resolução CFN no 600, de 25 de fevereiro de 2018, que teve parte do seu texto retificado em 23 de maio de 2018 e, portanto, para conhecimento e consulta correta do material, sua retificação também deve ser verificada. Esta resolução dispõe sobre a definição das áreas de atuação do nutricionista e suas atribuições, indica parâmetros numéricos mínimos de 14 UNIDADE I │ INICIANDO A AVALIAÇÃO NUTRICIONAL referência, por área de atuação, para a efetividade dos serviços prestados à sociedade e dá outras providências. Nela, é possível encontrar as atribuições do nutricionista da área clínica, que contemplam, entre outras atribuições, a necessidade da evolução no prontuário, que deve conter, no mínimo, a prescrição dietética e evolução nutricional de acordo com os protocolos estabelecidos pelo próprio serviço de alimentação e nutrição. O Conselho Regional de Nutricionistas – 3a Região (CRN-3) publicou, em abril de 2008, um parecer para o nutricionista com atuação em consultório, e nele está descrito que devem constar na evolução nutricional do prontuário os seguintes dados: identificação do cliente; anamnese alimentar; avaliação antropométrica; exames complementares solicitados e seus resultados; diagnóstico nutricional; e prescrição da terapia nutricional indicada. Em 15 junho de 2020, foi publicada, no Diário Oficial da União, a Resolução no 656, que dispõe sobre a prescrição dietética e de suplementos alimentares pelo nutricionista. Com esta Resolução, é possível conhecer e compreender quais são os compostos que o nutricionista pode prescrever, em qual forma de administração e dosagem. Essa abordagem é importante neste capítulo, uma vez que toda prescrição deve estar descrita no prontuário do cliente/paciente, com o objetivo de documentaras condutas, dessa forma, orientando para a sequência de atendimentos e conhecimento de outros profissionais que trabalham com o mesmo cliente/paciente. Para acesso às Resoluções do CFN, basta acessar o site da instituição e buscar pelo número da resolução. Abaixo estão as URL das resoluções citadas no texto. Para acessar e conhecer a Resolução CFN no 594, de 17 de dezembro de 2017, basta clicar em https://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/ resolucoes/Res_594_2017.htm. Para estudo da Resolução CFN no 600, de 25 de fevereiro de 2018, basta clicar em https://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/resolucoes/ Res_600_2018.htm. A Resolução no 656, de 15 de junho de 2020, está disponível para acesso no endereço eletrônico https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n- 656-de-15-de-junho-de-2020-262145306. 15 CAPÍTULO 2 Avaliação Nutricional Subjetiva Global A Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ANSG), ou Avaliação Subjetiva Global do estado nutricional, foi desenvolvida para ser utilizada na avaliação do estado nutricional de pacientes hospitalizados, a fim de identificar aqueles em risco nutricional. É composta de história clínica(mudança de peso, ingestão alimentar, sintomas gastrintestinais e capacidade funcional) e exame físico. Sua aplicação é rápida, não invasiva e de baixo custo. Entretanto, o profissional deve estar bem treinado para identificar os sinais do exame físico que serão usados na pontuação. Profissionais com pouca experiência podem confundir os parâmetros, já que é ele em que determina qual pontuação atribuir a cada item da ANSG. Pacientes que estão acamados há um longo período podem ter uma avaliação errônea quanto à perda de peso, já que o quadro destes pacientes pode estar estável no momento da avaliação. Das ANSG já elaboradas, a mais conhecida é a proposta por Detsky et al. (1987) (Figura 1). Ela foi a primeira proposta de ANSG, desenhada e aplicada, inicialmente, com o objetivo de avaliar pacientes cirúrgicos. Posteriormente, ela foi aplicada a outros tipos de pacientes, e, hoje, ela é utilizada no ambiente hospitalar para o paciente internado. Outros autores realizaram e validaram novas propostas de ANSG específicas para uma determinada população de diferente faixa etária, ou com alguma condição específica. Na Unidade V deste material será possível explorar um pouco mais de exemplos de ANSG. 16 UNIDADE I │ INICIANDO A AVALIAÇÃO NUTRICIONAL Figura 1. Exemplo de Avaliação Nutricional Subjetiva Global e seu preenchimento. Como preencher a ANSG: Em cada um dos espaços se avalia a condição do paciente, de acordo com a experiência e avaliação do profissional. Determine com um X para seleção nos espaços em branco e coloque valor numérico onde indicado por #. Ao final, a ANSG será finalizada com a classificação do estado nutricional do paciente. Nome: __________________________________________________ Data: ____________ A. História Clínica 1. Alteração no peso. Perda total nos últimos 6 meses: total = #__________kg; % perda de peso = # __________ Alteração nas últimas duas semanas: _______ aumento ______ sem alteração ______ diminuição. 2. Alteração na ingestão alimentar: ______sem alteração ______alterada, sendo: ______dieta sólida sub-ótima ______dieta líquida completa ______líquida hipocalórica ______inanição 3. Sintomas gastrintestinais (que persistem por mais de 2 semanas) ______nenhum ______náusea ______vômitos ______diarreia ______anorexia 4. Capacidade funcional ______sem disfunção (capacidade completa) ______disfunção ______duração = #______semanas ______tipo: ______trabalho sub-ótimo ______ambulatório ______acamado 5. Doença e sua relação com necessidades nutricionais Diagnóstico primário (especificar): ________________________________________________ Demanda metabólica (estresse): ______sem estresse ______baixo estresse ______estresse moderado ______estresse elevado B. Exame Físico (para cada categoria especificar: 0 = normal, 1+ = leve, 2+ = moderada, 3+ = grave. #______ perda de gordura subcutânea (tríceps e tórax) #______perda muscular (quadríceps e deltóide) #______edema tornozelo #______edema sacral #______ascite C. Avaliação Nutricional Subjetiva Global (relacione uma) ______ A = bem nutrido ______ B = moderadamente (ou suspeita de ser = risco) desnutrido ______ C = gravemente desnutrido Lembrando que: A: Bem nutrido, sem alterações significativas no preenchimento das questões acima. B: Desnutrição leve / moderada, com alterações leves ou moderadas nos critérios avaliados acima. Pode ser chamado ou considerado também como suspeita de desnutrição ou risco nutricional. C: Desnutrição grave, com alterações ou depleções graves no critério avaliado. Fonte: Adaptado de Destsky et al. 1987; e Cuppari, 2005. Para execução do exame físico da ANSG, são avaliados alguns critérios específicos, como a perda de gordura subcutânea, perda de massa muscular, edema de tornozelo, sacral e ascite. Na Tabela 1 está descrito como realizar as avaliações. 17 INICIANDO A AVALIAÇÃO NUTRICIONAL │ UNIDADE I Tabela 1. Critérios de avaliação do exame físico para ANSG. Local de avaliação Observação Sem alteração Alteração leve Alteração moderada a grave Gordura Subcutânea Abaixo dos olhos --- Depósito de gordura visível --- Círculos escuros, depressão, pele solta flácida, “olhos fundos” Região do tríceps e do bíceps Cuidado para não prender o músculo ao pinçar o local; movimentar a pele entre os dedos Tecido adiposo abundante --- Pouco espaço de gordura entre os dedos ou os dedos praticamente se tocam Massa muscular Têmporas Observar de frente, olhar dos dois lados É possível observar o músculo bem definido Depressão leve Depressão Clavícula Observar se o osso está proeminente Em homem não está visível; em mulher pode estar visível, mas não proeminente Osso levemente proeminente Osso protuberante Ombros O paciente deve posicionar os braços ao lado do corpo; procurar por ossos proeminentes Formato arredondado na curva da junção do ombro com o pescoço e do ombro com o braço Acrômio levemente protuberante Ombro em forma quadrada (formando um ângulo reto), com ossos proeminentes Escápula Procurar por ossos proeminentes; o paciente deve estar com o braço esticado para frente e a mão encostada em superfície sólida Ossos não proeminentes, sem depressões significantes Depressões leves ou ossos levemente proeminentes Ossos proeminentes, visíveis; depressão entre a escápula, as costelas, o ombro e a coluna vertebral Músculo interósseo Observar no dorso da mão o músculo entre o polegar e o indicador quando esses dedos estão unidos Músculo proeminente, pode estar levemente achatado (sobretudo nas mulheres) Com pequena depressão ou levemente achatada Área entre o dedo indicador e o polegar achatado ou com depressão Joelho (a parte inferior do corpo é menos sensível às alterações nutricionais) O paciente deve estar sentado com os pés apoiados em uma superfície sólida Músculos proeminentes, ossos não protuberantes --- Ossos proeminentes Quadríceps Pinçar e sentir o volume do músculo Sem depressão Parte interna da coxa com leve depressão Parte interna da coxa com depressão7 Edema / Ascite Tentar identificar outras causas não relacionadas com a desnutrição Em pacientes com mobilidade, observar o tornozelo e naqueles com atividade muito leve observar o sacro Sem sinais de retenção de líquidos Edema leve a moderado Edema aparente significante Fonte: Adaptado de Baxter Subjective Global Assessmnet, Training Packet, 1995; apud Cuppari, 2005. 18 CAPÍTULO 3 Semiologia Nutricional A semiologia nutricional consiste na avaliação do grupo de sinais e sintomas que o indivíduo apresenta que pode estar relacionado com uma nutrição inadequada. Como sintoma, é considerada qualquer alteração da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo. É a queixa relatada pelo paciente, quesó ele consegue perceber (como dor e sede excessiva). Já como sinal, é considerada qualquer alteração percebida ou medida por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde (febre, edema). O método é simples e se baseia no exame clínico dos tecidos epiteliais externos, como pele, olhos, boca, cabelos, unha e mucosas. O exame clínico é um método de baixo custo, não requer equipamentos específicos, entretanto necessita de avaliador treinado e com constante supervisão para reconhecer os sinais clínicos das alterações nutricionais. Usualmente, deve estar associado a outros métodos de avaliação do estado nutricional para confirmação das hipóteses diagnósticas, como os inquéritos alimentares, avaliação da composição corporal e exames bioquímicos. Existem algumas características particulares do método: 1. o exame deve ser realizado em lugar claro, de preferência com luz natural; 2. o avaliador não quantifica o resultado, somente sinaliza se o sintoma está ausente ou presente; 3. o exame é realizado no sentido da cabeça aos pés; 4. maior sensibilidade nos casos mais graves de desnutrição. Seguem, abaixo, os sinais e sintomas de desordens nutricionais, separados por localização do exame físico: Cabelo » Sinal de perda do brilho, cabelo ralo, fino, despigmentado, sinal de bandeira, fácil de arrancar, podem estar relacionados a desnutrição, especialmente Kwashiorkor. » Alopecia: relacionado a toxicidade de vitamina A, carência de biotina, ácido pantotênico e zinco. 19 INICIANDO A AVALIAÇÃO NUTRICIONAL │ UNIDADE I Face » Dermatite seborreica (anormalidades na pele, principalmente nas regiões nasolabiais): relacionada a carência de riboflavina e piridoxina. » Face edemaciada (face em lua cheia), com bochechas flácidas, maxilar inferior caído: desnutrição Kwashiorkor. » Atrofia de musculatura temporal (região das têmporas): relacionada ao catabolismo muscular intenso, como desnutrição e câncer. » Palidez: associada a anemias devido a carências nutricionais, principalmente ferro, vitamina B9 e vitamina B12. Olhos » Conjuntiva pálida: associada a anemias devido a carências nutricionais, principalmente ferro, vitamina B9 e vitamina B12. » Cegueira noturna (dificuldade de adaptação visual ao escuro): relacionada a carência de vitamina A. » Xerose da conjuntiva (perda de brilho e transparência com espessamento e endurecimento da conjuntiva): relacionada a carência de vitamina A. » Manchas de Bitot (depósito de material espumoso, resultante do acúmulo de células epiteliais descamadas, fosfolipídios e bacilos saprófitas): relacionadas a carência de vitamina A. » Xeroftalmia (enrugamento, ressecamento e espessamento da córnea devido a queratinização das células epiteliais da conjuntiva): relacionada a carência da vitamina A. » Queratinização da córnea: relacionada a carência de vitamina A. » Ulceração da córnea (processo irreversível que causa cegueira): relacionada a deficiência de vitamina A. » Xantelasma (pequenas bolsas amareladas ao redor dos olhos): sinal relacionado a hiperlipidemia. » Exoftalmia: relacionada ao hipertireoidismo. 20 UNIDADE I │ INICIANDO A AVALIAÇÃO NUTRICIONAL Lábios » Estomatite angular (lesões róseas ou brancas nos cantos da boca): sinal relacionado a carência de riboflavina e vitamina B6. » Queilose (lesões avermelhadas ou edema dos lábios e boca): relacionada a carência de riboflavina e vitamina B6. » Erosões na boca e fissura labiais: relacionadas a carência de piridoxina. Língua » Glossite (descamação dolorosa da língua com vermelhidão, secura e atrofia): relacionada a deficiência de riboflavina, vitamina B6 e vitamina B12. » Atrofia papilar: relacionada a carência de ferro. » Língua lisa: relacionada a deficiência de vitamina B9. Gengiva » Gengivas esponjosas, com sangramento ou retraídas: sinais relacionados a carência de vitamina C. Dentes » Presença de esmalte manchado, cáries, dentes faltando: sinais relacionados a deficiência de flúor. » Presença de cárie (sem outros sinais): relacionada a excesso de açúcar. Glândulas » Hipertrofia (aumento do tamanho) da glândula tireoide e paratireoide – também chamado de bócio: relacionada com a carência de iodo e inanição. Pele » Hiperqueratose folicular (espessamento da camada mais externa da epiderme associada a uma presença anormal de queratina): relacionada a carência de vitamina A. » Dermatite seborreica, com anormalidades presentes principalmente na pele ao redor do ânus e vulva: relacionada a carência de riboflavina. 21 INICIANDO A AVALIAÇÃO NUTRICIONAL │ UNIDADE I » Dermatite seborreica na pele em geral: relacionada a carência de vitamina B6. » Dermatose pelagra (pigmentação edematosa avermelhada nas áreas de exposição ao sol, com um padrão típico de distribuição): relacionada a carência de niacina e triptofano. » Presença de eczema: relacionada a carência de vitamina B6. » Presença de petéquias: relacionada a carência de vitamina C. » Palidez: associada a anemias devido a carências nutricionais, principalmente ferro, vitamina B9 e vitamina B12. » Cicatrização deficiente: pode estar relacionada a carências nutricionais, como deficiência de vitamina A, vitamina C, zinco e proteínas. » Descamação da pele: relacionada a carência de ácidos graxos essenciais, zinco, vitamina A, piridoxina e riboflavina. » Xantomas: relacionados com a presença de hiperlipidemia. » Pele com secura excessiva, escamação e rachaduras: excesso de vitamina A. » Pigmentação amarelada nas palmas das mãos e plantas dos pés: relacionada com excesso de betacaroteno. » Presença de acantose nigricans - hiperqueratose (excesso de queratina) e hiperpigmentação com aspecto mais aveludado que comumente afeta regiões de dobras como pescoço, axila e virilhas: relacionada a obesidade, resistência a insulina, distúrbios da tireoide, distúrbios metabólicos e cânceres gastrintestinais. Unhas » Unha coiloníquea (forma de colher), quebradiça, rugosa: relacionada a carência de ferro. » Presença de manchas brancas: relacionada a carência de zinco. » Onicólise (descolamento da unha a partir da ponta - distal - ou dos lados; existe a separação do corpo da unha do leite ungueal): relacionada ao hiperparatireoidismo. 22 UNIDADE I │ INICIANDO A AVALIAÇÃO NUTRICIONAL Tecido subcutâneo » Edema: relacionado a deficiência de proteína, tiamina, Kwashiorkor e excesso de sódio. » Gordura abaixo do normal, com perda acentuada em região de bíceps, tríceps e subescapular: desnutrição. » Gordura acima do normal, presença de abdômen globoso: obesidade. Sistema musculoesquelético » Desgaste muscular com atrofia da musculatura bicipital, tricipital e músculo adutor do polegar: associado a desnutrição. » Alargamento epifisário (aumento das extremidades dos ossos): relacionado a hipervitaminose A (usualmente a hipervitaminose A é medicamentosa). » Craniotabes (ossos do crâneo finos e frágeis no lactente): relacionado a carência de vitamina D. » Hemorragias musculares e/ou dérmicas: podem estar relacionadas a carência grave de vitamina C. » Dores articulares: podem estar relacionadas a hipervitaminose A (usualmente a hipervitaminose A é medicamentosa). » Frouxidão das panturrilhas: associado a desnutrição e deficiência de tiamina. » Rosário raquítico: associado a carência de vitamina D. » Fratura em idosos: associada a deficiência de cálcio, fósforo e vitamina D. » Pernas curvas ou com os joelhos em X: relacionadas com a deficiência de vitamina D. » Falha ou retardo no crescimento: relacionados a desnutrição, carência de vitamina A, vitamina D, zinco, cálcio, fósforo, ferro e proteínas. » Fraqueza muscular: relacionada a carência de ferro (anemia). Sistema gastrintestinal » Hepatoesplenomegalia: relacionado a desnutrição. » Hepatomegalia: associado a intoxicação por vitamina A (usualmente a intoxicação é medicamentosa) e a desnutrição. » Esplenomegalia: associado a carência de vitaminaB12. 23 INICIANDO A AVALIAÇÃO NUTRICIONAL │ UNIDADE I » Náusea, perda de apetite, dor abdominal e diarreia: podem estar associados a intoxicação por vitamina D (usualmente a intoxicação é medicamentosa). » Náusea e perda de apetite: podem estar relacionadas a intoxicação por vitamina A (usualmente é medicamentosa). » Anorexia e geofagia: relacionadas à carência de ferro. Sistema cardiovascular » Aumento do coração, taquicardia, alteração da pressão arterial: podem estar relacionados com a deficiência de tiamina, sódio e potássio. » Taquicardia: associado a carência de vitamina B12. Sistema nervoso: » Síndrome do Beribéri (com neurite crônica periférica, encefalopatia de Wernick e psicose de Korskoff): associada a deficiência de tiamina. » Demência na pelagra: associada a deficiência de niacina e triptofano. » Irritabilidade: associada a deficiência de vitamina B6. » Apoplexia convulsiva: associada a vitamina B6. » Defeito na formação do tubo neural: associado a deficiência de vitamina B9 na gestação. » Depressão, doenças neurodegenerativas: associadas a carência de vitamina B9 e vitamina B12. » Alterações neuromotoras: deficiência de ácido pantotênico. » Alterações neuromusculares: podem estar associadas a carência de magnésio. » Apatia, adinamia, irritabilidade: relacionadas a carência de ferro. » Sensações parestésicas em membros inferiores e mãos e dificuldade de locomoção: associados a carência de vitamina B9. » Distúrbio de sono, déficit de memória, alterações neurológicas: relacionados com a carência das vitaminas B9 e B12. 24 UNIDADE II MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL A determinação da composição corporal se torna importante para identificação dos seus resultados e compreensão das alterações metabólicas e seu reflexo no organismo, trazendo benefícios ou riscos à saúde. Os principais componentes do organismo de um indivíduo podem ser determinados por meio da análise de sua composição corporal, sendo a massa magra a massa corpórea livre de gordura (proteínas, água intra e extra celular, massa óssea) e a massa gorda, a gordura corporal. É possível realizar essa avaliação por diversos métodos. A escolha do melhor método dependerá do objetivo da avaliação da composição corporal, da população estudada e suas características, do custo, dos equipamentos disponíveis, da facilidade de execução e dotreinamento e acesso a técnica. De forma direta, a avaliação da composição corporal consiste na dissecação de cadáveres, não sendo possível essa avaliação na prática clínica. Os métodos indiretos possuem um custo maior que os duplamente indiretos para a sua execução. São exemplos de métodos indiretos: pesagem hidrostática, plestimografia, densitometria por dupla emissão de raios-X (DEXA), tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RNM). Como exemplos de métodos duplamente indiretos, têm-se a bioimpedância e a antropometria, sendo estes os mais utilizados pelo baixo custo, acesso e facilidade de aplicação em diversas populações. 25 CAPÍTULO 1 Antropometria A antropometria é a obtenção estática das medidas corporais de um indivíduo, sendo utilizada para definir o tamanho corporal e seus constituintes. Fazem parte da antropometria, as medidas de peso, estatura ou comprimento, circunferências corporais e dobras cutâneas. Por meio da antropometria pode-se estimar a composição corporal. Os componentes corporais que podem normalmente causar alterações de peso são os ossos, os músculos e as gorduras. Peso O peso se refere à medida usada para mensurar a massa corporal. A melhor forma de obter essa medida é realizando-a em uma balança, ou seja, pesando o indivíduo. No caso da impossibilidade desta realização, existem formas de se estimar o peso corporal, seja em adultos ou em crianças. Em alguns casos, podemos usar adaptações do peso corporal do indivíduo, com um objetivo específico de avaliação, como é o caso dos pesos usual, ideal, ajustado ou calórico. Peso atual: usado sempre que for possível pesar o indivíduo. O peso atual deve ser mensurado com a pessoa usando roupas mais leves possíveis (se possível, a roupa de baixo), ser feito em balança calibrada (digital ou plataforma) e aguardar a estabilização da medida para a realização da leitura. Peso usual: peso normalmente apresentado pelo indivíduo. Na maioria das vezes, essa informação é questionada pelo avaliador e respondida pelo paciente. Usado para avaliar mudanças recentes de peso. Peso ajustado: usado quando a adequação do peso (ver abaixo) for inferior a 95% ou superior a 115%, para o cálculo das necessidades energéticas. Para o cálculo da adequação do peso, é necessário determinar o peso ideal. Peso ajustado = (peso ideal – peso atual) x 0,25 + peso atual 26 UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL Peso ideal: o modo mais prático de defini-lo é usando o IMC médio da população estudada (sendo usado IMC 22 para homens e 21 para mulheres). Há outras formas de determinar o valor do IMC médio de um indivíduo, como usando o valor do percentil 50 de uma curva de referência (50th / mediana). PI = IMC x A² Em que: PI: Peso ideal (kg) IMC: IMC ideal (kg/m2) A: altura (m) Peso calórico: baseado nas necessidades hídricas do indivíduo, é considerado seu peso metabolicamente ativo. Usado, principalmente na pediatria, para cálculos de infusão intravenosa de glicose, fluídos, eletrólitos, nutrição parenteral e dose de medicamentos. Para realização do cálculo, usa-se a seguinte fórmula: Tabela 2. Determinação das necessidades hídricas. Faixa Etária Fórmula De 2 a 10 Kg 100 ml/Kg 10 a 20 Kg 1.000 ml + 50 ml por Kg para cada Kg acima de 10 Kg + de 20 Kg 1.500 ml + 20 ml por Kg para cada kg acima de 20 kg Acima de 50 Kg 3000 ml/dia Fonte: Holliday and Segar, 1957. Peso calórico (kg) = Necessidades hídricas 100 Fórmulas para ajuste ou estimativa de peso Estimativa de peso A estimativa de peso é usada na impossibilidade de pesar o indivíduo. O peso é estimado usando-se medidas alternativas propostas, como circunferência da panturrilha, altura do joelho, circunferência do braço, dobra cutânea subescapular, circunferência de braço, circunferência de abdômen. 27 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL │ UNIDADE II Tabela 3. Fórmulas de estimativa de peso corporal. Autor Fórmula Chumlea et al. Mulheres: Peso corporal (kg) = (1,27 x CP) + (0,87 x AJ) + (0,98 x CB) + (0,4 x DCSE) – 62,35 Homens: Peso corporal (kg) = (0,98 x CP) + (1,16 x AJ) + (1,73 x CB) + (0,37 x DCSE) – 81,69 Rabito et al. Mulheres: Peso corporal (kg) = (0,5759 x CB) + (0,5263 x CA) + (1,2452 x CP) – (4,8689 x 2) - 32,9241 Homens: Peso corporal (kg) = (0,5759 x CB) + (0,5263 x CA) + (1,2452 x CP) – (4,8689 x 1) - 32,9241 Ross Laboratories Mulheres negras: Peso corporal (kg) = (1,24 x AJ) + (2,81 x CB) – 82,48 Mulheres brancas: Peso corporal (kg) = (1,01 x AJ) + (CB x 2,81) – 66,04 Homens negros: Peso corporal (kg) = (1,09 x AJ) + (3,14 x CB) – 83,72 Homens brancos: Peso corporal (kg) = (1,19 x AJ) + (CB x 3,21) – 86,82 Fonte: Adaptado de Melo et al, 2014. Correção de peso para amputados Para os pacientes amputados, utiliza-se o peso corrigido, obtido através de fórmula específica, demonstrada na figura 2. O peso corrigido deve ser utilizado para a realização da avaliação nutricional e para comparação com as referências populacionais. Para o cálculo das necessidades nutricionais, necessidades hídricas, peso calórico e dose de medicamentos, o peso atual deve ser utilizado. Figura 2. Percentual de correção de peso para amputados. Peso corrigido = peso atual x _100_ 100 - % amputação 16% Fonte: Osterkamp,1995. Avaliações relacionadas ao peso corporal Porcentagem de adequação do peso A porcentagem da adequação do peso é usada para avaliar o quanto o peso atual do indivíduo está adequado em relação ao peso ideal. 28 UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃOCORPORAL Adequação de peso (%): Peso atual x 100 peso ideal A adequação do peso é classificada como: Tabela 4. Classificação do estado nutricional segundo a porcentagem de adequação de peso corporal. Adequação do Peso (%) Estado Nutricional ≤ 70 Desnutrição grave 70,1 – 80 Desnutrição moderada 80,1 – 90 Desnutrição leve 90,1 – 110 Eutrofia 110,01 – 120 Sobrepeso > 120 Obesidade Fonte: Blackburn, Thorton, 1979. Porcentagem de perda de peso: usada quando a perda de peso é involuntária, avaliando a gravidade desta perda, de acordo com a tabela 5: Perda de peso (%) = (peso usual – peso atual) = x 100 Peso usual Tabela 5. Classificação do percentual de peso corporal. Tempo Perda Significativa (%) Perda Grave (%) 1 semana 1 – 2 > 2 1 mês 5 > 5 3 meses 7,5 > 7,5 6 meses 10 > 10 Fonte: Blackburn, Bistrian, 1977. Estatura A estatura é sinônimo da altura e refere-se à medida longitudinal do indivíduo. Já o termo comprimento é usado para esta medida quando tomada com o indivíduo deitado, utilizada para crianças ou em indivíduos impossibilitados de ficarem em pé. Medida direta da estatura A realização da estatura de forma direta ocorre quando esta é mensurada por meio de estadiômetro, com escala em centímetros. O indivíduo deve estar descalço, sem adereços na cabeça. O posicionamento deve ser ereto, com os pés paralelos, o peso distribuído em ambos os pés e os braços devem estar ao longo do corpo. O indivíduo deve encostar 5 pontos na superfície do 29 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL │ UNIDADE II estadiômetro: calcanhares, panturrilhas, glúteos, escápula e região occipital. O posicionamento da cabeça deve estar no plano de Frankfurt (a margem inferior da abertura do orbital e a margem superior do condutor auditivo externo estão em uma mesma linha horizontal). Figura 3. Posicionamento para tomada direta de estatura. Olhar no plano de Frankfurt Occipital encostado Escápulas encostadas Glúteos encostados Panturrilhas encostadas Calcanhares encostados Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=0QaqKhWS4_A. A realização do comprimento usualmente é utilizada para crianças de zero até 2 anos de idade, mesmo para aquelas que já sabem ficar em pé e/ou caminhar. Para esta medida, deve-se utilizar o antropômetro ou a régua antropométrica na posição horizontal, com a criança deitada, preferencialmente despida, sem adereços e na presença de pais ou responsáveis. Colocar o aparelho apoiado em uma superfície plana, firme e lisa. Deitar a criança no centro do antropômetro, com as pernas relaxadas, com os olhos na direção vertical, as nádegas apoiadas na superfície horizontal e as costas retas. Realizar a tomada da medida movendo a parte móvel do antropômetro contra a planta dos pés, de modo a tocar simultaneamente os calcanhares. Anotar o comprimento antes da criança ser retirada da posição. 30 UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL Figura 4. Medida de comprimento. Parte fixa Parte móvel Fonte: E-Tec Brasil, 2020. Medidas indiretas da estatura A estatura pode ser estimada por meio de medidas alternativas ao comprimento linear ou feita de forma indireta. As medidas mais comumente utilizadas para as fórmulas são: » Altura do joelho: indivíduo em posição sentada ou supinada, com joelho e o tornozelo flexionados em 90º. A medida é feita entre o calcanhar e a joelho, na altura do côndilo do fêmur. Usualmente realizada com calibrador ou régua para medir crianças. » Homens: [64,19 – (0,04 x idade) + (2,02 x altura do joelho em cm)] » Mulheres: [84,88 – (0,24 x idade) + (1,83 x altura do joelho em cm)] Figura 5. Posicionamento para medida da altura do joelho. Fonte: Martins, 2009 (a). 31 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL │ UNIDADE II » Extensão dos braços ou envergadura: é a distância entre as pontas dos dedos médios de cada mão, quando os braços estão estendidos lateralmente no nível do ombro, formando um ângulo de 90º com o corpo. A medida obtida refere-se à estimativa da estatura. » Estatura recumbente: esta medida é realizada no leito plano ou em outra superfície plana, na posição horizontal, onde posiciona-se o indivíduo de barriga para cima e se realiza as marcas no lençol na parte inferior do pé e acima da cabeça. Com fita métrica, se faz a leitura da estatura do indivíduo. » A semienvergadura é a distância entre a ponta do dedo médio de uma mão, com o braço estendido lateralmente no nível do ombro, formando um ângulo de 90º com o corpo, até o centro do tronco (osso externo). Essa medida é usada em algumas fórmulas para estimativa de estatura. Na tabela 6, são apresentadas algumas fórmulas para a estimativa da estatura em adultos e idosos. Tabela 6. Fórmulas para estimativa de estatura corporal. Autor Fórmula Mitchel e Lipschitz Altura = semienvergadura x 2 WHO Altura = (0,73 x (2 x metade da envergadura dos braços)) + 0,43 Chumlea Mulheres negras: Altura = 68,1 + (1,86 x AJ) – (0,06 x idade) Mulheres brancas: Altura = 70,25 + (1,87 x AJ) – (0,06 x idade) Homens negros: Altura = 73,42 + (1,79 x AJ) Homens brancos: Altura = 71,85 + (1,88 x AJ) Fonte: Adaptado de Melo et al., 2014. Circunferências Corporais As medidas de circunferências corporais auxiliam no entendimento da composição corporal e da sua estrutura e são medidas complementares ao peso e a estatura. Algumas delas estão associadas ao risco do desenvolvimento de patologias, bem como de deficiências nutricionais. Ponto médio do braço O ponto médio do braço é usado para medida da circunferência do braço, dobra cutânea do tríceps e dobra cutânea do bíceps. Sua medida deve ser feita marcando o ponto médio entre o processo acromial da escápula e o olecrano da ulna, com o braço flexionado, formando um ângulo de 90º. 32 UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL Circunferência do braço Esta medida deve ser tomada após a marcação do ponto médio do braço, com o braço estendido ao longo do corpo e a palma da mão voltada para a coxa. A fita métrica deve ser ajustada em torno do braço, com atenção para não apertar a fita, comprimindo a pele, não deixar folga e não deixar o dedo entre a fita e o braço, alterando o valor real da medida. Figura 6. Medida correta da circunferência do braço. Fonte: http://repocursos.unasus.ufma.br/PPU/manejo_clinico_paciente_drc_modulo_basico/und2/ebook/17.html. Circunferência de pescoço A circunferência do pescoço, embora possa ser uma medida não muito conhecida para a avaliação nutricional, vem sendo estudada desde a década de 1990, e seu valor aumentado tem se relacionado com aumento da gordura corporal, visceral e risco para doenças cardiovasculares. Esta medida se refere ao ponto médio da altura do pescoço, na posição horizontal, na altura da cartilagem cricotireóidea. Quando houver proeminência no sexo masculino, a circunferência deve ser aferida abaixo da mesma. 33 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL │ UNIDADE II Figura 7. Circunferência de pescoço. Ponto médio da altura do pescoço Fonte: Adaptado de Vasques et al., 2010. Circunferência abdominal e circunferência de quadril As circunferências abdominal e de quadril são indicativos da distribuição da gordura corporal, diferenciando-as em androide (obesidade superior, do tipo “maçã”) e ginóide (obesidade inferior, do tipo “pera”). A circunferência da cintura deve ser avaliada com o paciente em pé, ao final da expiração, no ponto médio entre o último arco costal e a crista ilíaca. Figura 8. Circunferência abdominal. Fonte:Andhressa Araújo Fagundes et al., 2004. A circunferência do quadril é mensurada com o paciente em pé, posicionado com os pés juntos, e a tomada da medida será feita com fita métrica anelástica circundando o quadril do indivíduo na região de maior perímetro entre a cintura e a coxa. 34 UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL Figura 9. Circunferência de quadril. Fonte:Andhressa Araújo Fagundes et al., 2004.Circunferência medial da coxa A circunferência medial da coxa é a circunferência da coxa mais utilizada para a finalidade de avaliação nutricional. Ela deve ser realizada no ponto médio, que fica entre a dobra inguinal e a borda proximal da patela. Após marcar o ponto médio, passa-se a fita anelástica em torno da coxa neste ponto e se realiza a leitura da medida. Figura 10. Ponto médio da coxa. Ponto médio Borda proximal da patela Dobra inguinal Fonte: Adaptado de Vasques et al., 2010. 35 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL │ UNIDADE II Circunferência de Panturrilha A medida da circunferência da panturrilha é tomada no perímetro máximo do músculo da panturrilha do lado direito do corpo, horizontalmente, com uma fita anelástica. Essa medida é utilizada para a estimativa de estatura e peso, além de ser um indicador para a desnutrição ou risco de desnutrição. Figura 11. Circunferência da panturrilha. Fonte: Faria, 2011. Dobras cutâneas Também chamadas de pregas cutâneas. São utilizadas para estimar a gordura corporal, assim, estimando, também, outros compartimentos da composição corpórea. As dobras mais comuns são a do tríceps, bíceps, subescapular e suprailíaca. Outras dobras também podem ser avaliadas, de acordo com a população ou necessidade da avaliação do profissional, como axilar, peitoral, abdominal, coxa, panturrilha. As medidas devem ser efetuadas no hemicorpo direito, exceto quando houver especificações diferentes na referência utilizada, como lado não dominante. Instruções gerais: » usar equipamento calibrado (adipômetro) e fita métrica inextensível (também chamada de anelástica); 36 UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL » seguir rigorosamente o ponto anatômico e as instruções do autor usado como referência, para minimizar os erros inter e intra-avaliadores; » avisar ao cliente/paciente o que será feito e quais procedimentos serão adotados; » a dobra é pinçada utilizando-se os dedos polegar e indicador; » os dedos devem formar a prega a 1cm do ponto desejado e a medida deve ser feita com o adipômetro, exatamente no local marcado; » a leitura deve ser feita entre dois e três segundos; » utiliza-se 3 medidas para verificar possíveis erros, caso a diferença entre medidas seja maior que 5%, uma nova série de medidas deverá ser realizada, utilizando-se o valor médio como referência; » ao final da leitura, abrir o equipamento e soltar a prega, evitando beliscar o cliente/paciente. Dobra Cutânea Trícipital (DCT): realizada na marcação do ponto médio do braço, em sua face posterior. O braço deve estar ao longo do corpo, relaxado. Destaca-se a dobra do tecido muscular e faz-se a medição. Deve-se atentar para pinçar apenas a dobra referente ao músculo tricipital, para não superestimar a quantidade de gordura. Esta dobra apresenta forte correlação com a gordura corporal total e o percentual de gordura total. Figura 12. Medida da dobra cutânea do tríceps. Fonte: https://www.sanny.com.br/dobras-cutaneas. 37 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL │ UNIDADE II Dobra Cutânea Bicipital (DCB): também realizada na marcação do ponto médio, deve ser segurada verticalmente e aplica-se o medidor. Deve ser usada juntamente com outras medidas para estimar a composição corporal. Figura 13. Medida da dobra cutânea do bíceps. Fonte: https://www.sanny.com.br/dobras-cutaneas. Dobra Cutânea Subescapular (DCSE): essa dobra é medida 2cm abaixo do ângulo inferior da escápula, formando um ângulo de 45º entre esta e a coluna. Braços e ombros devem estar relaxados. Figura 14. Medida da dobra cutânea subescapular. Fontehttps://www.sanny.com.br/dobras-cutaneas. 38 UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL Dobra Cutânea Suprailíaca (DCSI): encontra-se essa dobra na linha média axilar e acima da crista ilíaca. Deve ser medida na diagonal. O avaliado deve afastar o braço para trás. Figura 15. Medida da dobra cutânea suprailíaca. Fonte: https://www.sanny.com.br/dobras-cutaneas. Dobra Cutânea Axilar Média: essa dobra é medida no ponto de intersecção entre a linha axilar média e uma linha imaginária transversal na altura do xifoide do esterno. A medida é realizada obliquamente ao eixo longitudinal. Para facilitar a medida e leitura do valor, o braço do cliente/paciente deve estar para trás. Figura 16. Medida da dobra cutânea axilar média. Fonte: https://www.sanny.com.br/dobras-cutaneas. Dobra Cutânea Torácica: Essa medida é realizada de forma diferente em clientes/pacientes de sexo feminino e masculino. 39 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL │ UNIDADE II Sexo masculino: trata-se da medida oblíqua em relação ao eixo longitudinal, no ponto médio entre a linha axilar anterior e o mamilo. Sexo feminino: medida oblíqua em relação ao eixo longitudinal, a um terço da linha axilar anterior. Figura 17. Medida da dobra cutânea torácica realizada no sexo masculino. Fonte: https://www.sanny.com.br/dobras-cutaneas. Figura 18. Medida da dobra cutânea torácica realizada no sexo feminino. . Fonte: https://www.sanny.com.br/dobras-cutaneas. Dobra Cutânea Abdominal: essa medida de dobra cutânea é realizada a mais ou menos dois centímetros da cicatriz umbilical. De modo prático, mede-se a dobra aproximadamente a dois dedos de distância do umbigo. Ela é mensurada ao eixo longitudinal na maioria dos protocolos. Já Lohman (1988) propõe a medida da dobra cutânea abdominal de forma transversal. 40 UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL Figura 19. Medida da dobra cutânea abdominal no eixo longitudinal. Fonte: https://www.sanny.com.br/dobras-cutaneas. Dobra Cutânea da Coxa: essa medida da dobra cutânea é realizada paralelamente ao eixo longitudinal, usualmente no ponto médio da distância entre a borda inguinal e borda superior da patela (ver Figura 10). Pode ser medida também a um terço de distância entre esses pontos, como proposto no protocolo de Guedes (1985). Essa dobra é menos utilizada na prática clínica devido à dificuldade de sua execução (pinçamento correto e desconforto para a leitura rápida do dado). Para facilitar o procedimento do pinçamento da dobra cutânea, é melhor que o cliente/paciente coloque a perna direita (a que será medida) para frente, semiflexionando o joelho e mantendo o peso na perna esquerda. Dessa forma, o músculo da perna direita não fica contraído, facilitando a execução da medida e leitura do dado. Figura 20. Medida da dobra cutânea da coxa. Fonte: https://www.sanny.com.br/dobras-cutaneas. 41 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL │ UNIDADE II Dobra Cutânea da Panturrilha Medial: para a realização da dobra cutânea da panturrilha medial, o cliente/paciente deverá estar sentado, com o joelho dobrado a 90°, o tornozelo em posição anatômica e o pé sem apoio. Desta forma, o músculo da panturrilha não fica contraído, facilitando a execução da medida (pinçamento da dobra e leitura rápida do dado). A dobra é pinçada no ponto de maior perímetro da perna, assim como é realizado a circunferência de panturrilha. O polegar da mão esquerda (a mão que se pinça a dobra) deve apoiar na borda medial da tíbia. Figura 21. Medida da dobra cutânea da panturrilha medial. Fonte: https://www.sanny.com.br/dobras-cutaneas. Determinação do percentual de gordura corporal com o uso das dobras cutâneas Uma das formas para estimar o percentual de gordura corporal é com o uso das dobras cutâneas. 42 UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL É sabido que a dobra cutânea tricipital e a dobra cutânea subescapular possuem uma boa correlação com a quantidade de gordura corporal total, ou seja, usualmente, quando elas estão acima dos valores considerados adequados, a quantidade de gordura corporal total também está. Entretanto, existem equações e referências que estimam de forma mais adequada a quantidade de gordura corporal. Primeiramente, os valores das dobras cutâneas são somados ou colocadosem equações específicas, chamadas de equações de predição de gordura corporal. Com esses valores, chega-se a uma estimativa do percentual de gordura corporal total. Somente após estimados esses valores é que se irá classificar, por meio das referências, se o percentual de gordura está dentro do considerado adequado, ou não, para aquela população. As equações mais comumente utilizadas são: Katch & Mcardle (1973), Durnin & Womersley (1974), Jackson & Pollock (1978), Jackson, Pollock e Ward (1980), Guedes (1985), Slaughter et al – para indivíduos de 7 a 18 anos (1988), Petroski (1995), Peterson, Czerwinski e Siervogel(2003). E como referência são:, Jackson e Pollock (1978), Jackson, Pollock e Ward (1980), Guedes (1985), Faulkner (1968), Lohman (1992). Esses são apenas alguns exemplos das equações e protocolos de referência que existem. Para um melhor atendimento nutricional, deve-se buscar a referência que melhor se encaixa para o indivíduo avaliado ou a população estudada. Indicadores antropométricos pelas medidas do braço Percentual de adequação da circunferência de braço O percentual de adequação da circunferência do braço (CB) é utilizado para avaliar grau de catabolismo ou excesso nutricional do indivíduo. Quando esta medida está aumentada, não é possível distinguir se o aumento é proveniente de massa muscular ou massa gordurosa e, portanto, seu uso deve ser com critério e cautela. % Adequação da CB = CB obtida (cm) x 100 CB percentil 50 (50th) 43 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL │ UNIDADE II Tabela 7. Classificação do percentual de adequação da circunferência de braço. Desnutrição Grave Desnutrição Moderada Desnutrição Leve Eutrofia Sobrepeso Obesidade Adequação da CB < 70% 70 – 80% 80 – 90% 90 – 110% 110 – 120% > 120% Fonte: Blackburn, Thornton, 1979. Circunferência muscular do braço A circunferência muscular do braço (CMB) é uma medida indireta, derivada da circunferência do braço (CB) e da dobra cutânea tricipital (DCT). A CMB mensura a quantidade e a taxa de variação da massa muscular esquelética. Essa medida possui boa correlação com a massa muscular corpórea e sua depleção indica, na maioria das vezes, a existência de processo catabólico corporal, que leva a depleção muscular, como no caso da desnutrição. Com base no proposto por Lohman (1981), a CMB é derivada do cálculo : CMB = CB – (DCT x 0,314) Adequação da CMB (%) = CMB obtida (cm) x 100 percentil 50* da CMB Tabela 8. Classificação do percentual de adequação da circunferência muscular do braço. Desnutrição Grave Desnutrição Moderada Desnutrição Leve Eutrofia Adequação da CB < 70% 70 – 80% 80 – 90% > 90% Fonte: Blackburn e Thornton, 1979. Índice de massa corporal (IMC) O IMC é um dos índices mais utilizados para avaliação nutricional, tanto em indivíduos como em populações. Seu cálculo é feito por meio da fórmula: IMC= Peso (kg) / altura (m)² Sua utilização em indivíduos deve estar associada a outros indicadores para estabelecer um diagnóstico nutricional correto. Como não distingue a composição corporal (massa gordurosa e massa magra, entre elas a muscular), ao utilizar apenas o IMC, é possível classificar com sobrepeso ou obesidade indivíduos que apresentam um aumento de peso em massa magra. 44 UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL O IMC é o índice de avaliação do estado nutricional que pode ser usado em todas as faixas etárias, de recém-nascidos a idosos. Este índice tem como características o fácil acesso, a execução simples, o baixo custo e a boa correlação com comorbidades. Por essas características, o IMC é um indicador antropométrico amplamente utilizado na prática clínica e em estudos populacionais. Na prática clínica, após determinar a classificação do IMC, essas classificações podem ser comparadas ao longo da vida de um indivíduo, avaliando-se a evolução do estado nutricional individual. Em estudos populacionais, é possível se classificar e comparar as diferentes faixas etárias por meio do mesmo indicador antropométrico, não havendo interferência na avaliação e validação dos dados. 45 CAPÍTULO 2 Bioimpedância Elétrica (BIA) A bioimpedância elétrica é um método rápido, não invasivo e bem aceito para avaliação da composição corporal de um indivíduo. Seu princípio se baseia na condutividade elétrica através dos componentes corporais, com a colocação de eletrodos nos pés e nas mãos do indivíduo. Os valores de condutividade são utilizados em fórmulas e transformados em informações, tanto sobre a quantidade e porcentagem de gordura corporal e massa muscular, como hidratação do corpo. Deve-se atentar para as orientações do fabricante do aparelho para colocação dos elétrodos. A verificação da referência adotada pelo fabricante também é importante para descrição em trabalhos ou comparações com outras medições. A bioimpedância, por meio dos valores obtidos de resistência, reactância e ângulo de fase, é capaz de estimar e detalhar os componentes corpóreos de massa magra e massa gorda, entretanto nem todos os aparelhos realizam essa medição detalhada. Dentre os compartimentos básicos, têm-se a massa magra (livre de gordura), a massa gorda e o percentual de água corporal. Para modelos mais completos, é possível também mensurar: » ângulo de fase corporal total e segmentar; » água intra e extracelular; » água corporal total; » índice de edema corporal e segmentar; » percentual de proteínas e minerais; » conteúdo mineral ósseo; » massa muscular esquelética; » massa magra de cada segmento corporal; » massa de gordura; » estimativa de gordura segmentar; » índice de gordura corporal; 46 UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL » percentual de gordura corporal; » índice de massa livre de gordura; » impedância e reactância de cada segmento corporal. É importante destacar aqui que a bioimpedância não tem sido utilizada somente para a determinação da composição corporal. A informação do ângulo de fase tem sido relacionada como fator prognóstico em algumas patologias, como no caso de doenças renais. Por haver diferenças entre os aparelhos, a utilização do mesmo equipamento nas avaliações de bioimpedância garante melhor resultado do acompanhamento ao longo do tempo, sem o risco de diferenças entre equipamentos. Atualmente, no mercado, existem aparelhos de bioimpedância que realizam as medidas com o indivíduo em posição supina, ou outros que são acoplados em balanças, e as medidas são feitas com o indivíduo em pé. É orientado que as bioimpedâncias acopladas em balança sejam tetrapolares, ou seja, que a corrente elétrica passe pelos eletrodos das mãos e dos pés. Algumas recomendações são essenciais para garantir o resultado confiável da avaliação da composição corporal por bioimpedância. Por exemplo, a ingestão de cafeína e álcool pode causar desidratação e subestimar os valores de massa muscular em até 5 kg; enquanto a prática de exercícios físicos em intensidade alta ou moderada pode superestimar a quantidade de massa muscular em até 12 kg. Exercícios em baixa intensidade não alteram os valores do exame. Orientações gerais para a realização da bioimpedância: » suspender o uso de medicamentos diuréticos 7 dias antes do teste (exceto por orientação médica); » estar em jejum de pelo menos 4 horas; » estar em abstinência alcoólica por 24 a 48 horas; » evitar o consumo de cafeína 24 horas antes do teste; » estar fora do período pré-menstrual; » não ter praticado atividade física intensa nas últimas 24 horas; » urinar pelo menos 30 minutos antes da medida; 47 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL │ UNIDADE II » permanecer de 5 a 10 minutos de repouso absoluto, em posição de decúbito dorsal, antes de efetuar a medida; » contraindicação absoluta para a realização do teste: portadores de marca passo e gestantes. Figura 22. Exame de bioimpedância elétrica tetrapolar realizado com eletrodos em pés e mãos, com o indivíduoem posição supina. Fonte: Graton, 2017. 48 CAPÍTULO 3 Métodos indiretos de avaliação da composição corporal Os métodos indiretos para a avaliação da composição corporal são usados com menor frequência do que os métodos duplamente indiretos, por suas características, entre as principais, se destacam: » técnicas que possuem um custo mais elevado; » necessidade de aparelho, local específico e pessoal treinado; » maior tempo para a sua execução; » necessidade de preparo para a realização dos exames, na maioria das vezes; » nem todas as técnicas são aplicáveis a qualquer faixa etária, dependendo do exame, da faixa etária, da condição fisiológica ou patológica, é necessário sedação; » exames e técnicas mais utilizados em estudos populacionais, devido ao custo elevado e dificuldade de acesso; » os exames indiretos para a avalição da composição corporal têm a vantagem, em relação às dobras cutâneas corporais, de apresentarem maior acurácia para a determinação do tecido adiposo, principalmente em obesos. Nos pacientes obesos, principalmente com obesidade III, existe a dificuldade em demarcar o local anatômico da dobra cutânea, a dificuldade em separar o tecido adiposo do tecido muscular e a limitação máxima de abertura do adipômetro. Neste capítulo, serão abordados os métodos indiretos de avaliação da composição corporal mais conhecidos e utilizados na prática clínica. Pesagem hidrostática Este exame se baseia na densidade corporal, portanto o seu resultado é determinado pela razão entre o peso do indivíduo no ar e o peso do indivíduo na água (submerso). Simplificando, o resultado = peso no ar/peso na água. 49 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL │ UNIDADE II A pesagem hidrostática possui precisão elevada, porém ela pode sofrer interferências relacionadas ao momento da pesagem e estado individual, como o estágio do ciclo menstrual, horário do dia, atividade física e uso de fármacos. É um procedimento demorado, com necessidade de adaptação ao meio líquido (indivíduo fica submerso na água), pode ser desconfortável para obesos e para algumas faixas etárias. Figura 23. Pesagem hidrostática. Fonte: https://www.unomaha.edu/news/2016/12/underwater-weigh-holiday-sale.php. Acesso em: 29 jun. 2020. Plestimografia A plestimografia é um método para a avaliação da composição corporal baseado na medida do volume corporal a partir do deslocamento do ar. O indivíduo entra em uma câmara de fibra de vidro que possui sensores acopladas a ela e a um computador que mensura a alteração e deslocamento do ar. É um método caro, com capacidade máxima para indivíduos com 250kg, pode apresentar erros para a determinação de massa livre de gordura em obesos, pois estes apresentam maior quantidade de água extracelular. É rápido e indolor. Figura 24. Exame de plestimografia. Fonte: Silva, 2016. 50 UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL Antigamente, não era possível realizar esse exame em crianças pequenas. Hoje, já existem câmaras específicas até para bebês. Figura 25. Exame de plestimografia para bebês. Fonte: https://teprel.pt/produto/cosmed-pea-pod/. Acesso em: 29 jun. 2020. Dual-Energy X-ray Absorptiometry (DEXA) – Abosorciometria de Raio X de Dupla Energia O exame de DEXA é considerado como exame referência para a avaliação da composição corporal em indivíduos obesos. Também é considerado o exame de referência para a avaliação da obesidade sarcopênica (aumento de massa gordurosa associado a sarcopenia – diminuição acentuada da massa muscular). Na avaliação da massa óssea, o DEXA é considerado como padrão ouro pela Organização Mundial de Saúde, para a avaliação da osteoporose. Em estudos, foi possível observar que os valores do DEXA se correlacionavam fortemente com o tecido adiposo visceral e abdominal, entretanto existe um limite do aparelho em relação ao peso corporal do indivíduo, sendo possível a avaliação de pessoas com até 204 kg em algumas marcas. Dentre as vantagens deste exame, existe uma menor emissão de radiação para a realização e é mais acessível que a Tomografia Computadorizada (TC) e a Ressonância Magnética (RNM). 51 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL │ UNIDADE II Figura 26. Exame de Dual-Energy X-ray Absorptiometry (DEXA). Fonte: Silva, 2016. Ultrassonografia (US) A US funciona a partir da conversão de energia elétrica em ondas sonoras que passam através do tecido adiposo, muscular e ósseo, determinando, assim, a espessura dos tecidos. Este método possui boa correlação com os resultados da pesagem hidrostática e DEXA. Em relação as suas desvantagens, apresenta elevado custo e dificuldade técnica. Figura 27. Exame de ultrassonagrafia para a avaliação da composição corporal. Fonte: Silva, 2016. Ressonância Magnética (RNM) e Tomografia Computadorizada (TC) A RNM é um exame que, por meio de ondas de frequência de rádio, quantifica a massa gordurosa total e subcutânea. Tem como vantagem a não utilização de radiação iônica, apresentação de imagens em 3D e apresenta boa correlação com a pesagem hidrostática. Suas desvantagens incluem custo elevado e dificuldade técnica. 52 UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL Figura 28. Exame de ressonância magnética. Fonte: Teixeira; Porto, 2020. A TC parte do princípio da mensuração e atenuação da emissão dos raios X nos diferentes tecidos. Seu resultado é apresentado em imagens bidimensionais, em corte transversal do corpo. Dentre as desvantagens do método estão o alto custo, necessidade de pessoal treinado, exposição à radiação (atenção às crianças e gestantes). Figura 29. Foto do tomógrafo médico - exame de Tomografia Computadorizada. Fonte: Centro de tecnologia da informação Renato Archer, 2020. 53 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL │ UNIDADE II Interactância de raios infravermelhos Essa técnica consiste na suposição de que as medidas de interactância podem estimar a composição corporal a partir da densidade óptica, que é inversamente proporcional ao percentual de gordura corporal. Essa técnica é rápida, não invasiva, depende da prática do avaliador e da distribuição de gordura do cliente/paciente que está sendo avaliado. Existe a recomendação de combinação de outras técnicas para a avaliação da composição corporal quando se trata da avaliação de indivíduos com obesidade. Vimos as principais técnicas de avaliação da composição corporal utilizadas. Mas, levando em conta a grande dimensão do nosso país e as diferenças de acesso aos serviços de saúde, pense: como avaliar indivíduos sem o auxílio de um equipamento caro, ou sem a bioimpedância, ou até mesmo sem o adipômetro? Essas avaliações são válidas? 54 UNIDADE IIIPARÂMETROS BIOQUÍMICOS A avaliação bioquímica é mais uma ferramenta de avaliação nutricional, que deve se somar às outras na busca de um resultado fidedigno do estado nutricional do indivíduo. Além de serem usados na avaliação inicial, os dados bioquímicos são importantes no monitoramento e na análise da eficácia da terapêutica nutricional escolhida. O Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), por meio da Resolução no 306/2003, estabelece as diretrizes para a solicitação de exames pelo nutricionista (anexo 1): Art 1o Compete ao nutricionista a solicitação de exames laboratoriais necessários à avaliação, à prescrição e à evolução nutricional do cliente-paciente. Art 2o O nutricionista, ao solicitar exames laboratoriais, deve avaliar adequadamente os critérios técnicos e científicos de sua conduta, estando ciente de sua responsabilidade frente aos questionamentos técnicos decorrentes. São inúmeros os exames que podem ser solicitados. Neste capítulo, serão abordados os mais comuns, sendo eles subdivididos por avaliação da função orgânica. Ao final, será apresentado um quadro resumindo a interpretação dos resultados quando alterados. 55 CAPÍTULO 1 Exames bioquímicos na avaliação das funções orgânicas Hemograma O hemogramaé o exame de sangue e nele estão contidas diversas informações: » Contagem das células brancas – leucócitos. » Contagem das células vermelhas – eritrócitos ou hemácias. » Contagem das plaquetas. » Contagem dos reticulócitos. » Dosagem de hemoglobina e hematócrito. » Dosagem de índices hematiméticos: VCM, HCM, CHCM, RDW. » Contagem diferencial dos leucócitos: neutrófilos, eosinófilos, basófilos, linfócitos, monócitos. » Alterações morfológicas da série vermelha e branca. Nesta sessão serão explicados, com maiores detalhes, os exames referentes à série vermelha (eritrograma). Conforme o momento de vida do ser humano, existe a modificação nos locais de formação das células sanguíneas. Nos embriões os principais locais de formação são o baço e o fígado; nos recém-nascidos, toda a medula óssea (com o avanço da idade, a maior parte da medula perde tal função); e nos adultos, a medula óssea dos ossos pélvicos, esterno, costelas, clavícula e extremidades de ossos longos. A formação das células sanguíneas se dá pelo estímulo de um hormônio chamado eritropoietina, que atua na medula óssea para a síntese de eritroblastos e posterior produção dos eritrócitos ou hemácias. 56 UNIDADE III │ PARÂMETROS BIOQUÍMICOS Os eritrócitos ou hemácias são células de forma discoide, bicôncava, anucleada, ricas em hemoglobina. Sua meia vida é em torno de 120 dias e sua unidade de contagem é em milhões/mm3. Hemoglobina (Hb) A hemoglobina é um pigmento carreador de oxigênio dos eritrócitos, formado pelo próprio eritrócito em desenvolvimento na medula óssea. É uma proteína conjugada, contendo quatro grupos heme e globulina, com a propriedade de oxigenação reversível. A hemoglobina equivale a 34% do peso da hemácia. Sua dosagem - Hb (g/dl) - informa a quantidade de hemoglobina por decilitro de sangue. Hematócrito (Ht) O hematócrito é a medida do percentual dos glóbulos vermelhos no volume total de sangue. Sua unidade de medida é a porcentagem (%). Índices hematimétricos Correspondem aos valores de VCM, HCM, CHCM, RDW, que são determinados para auxiliar na análise de todas as características da hemácia. » VCM: volume corpuscular médio – índice que avalia o tamanho/volume da hemácia. » HCM: hemoglobina corpuscular média. Este índice informa sobre o valor médio da quantidade de hemoglobina (peso) que existe no interior da hemácia. Seu valor é obtido pela relação entre a dosagem de hemoglobina (g/dl) com a contagem das hemácias (em mm3). É considerado o índice mais fiel para identificação das hipocromias. » CHCM: concentração de hemoglobina corpuscular média. Este índice correlaciona a concentração de hemoglobina dentro de uma hemácia (g/dl). O valor é derivado do seguinte cálculo: » Cálculo: HCM / VCM. » RDW: Red cell Distribution Width – coeficiente de variação do volume eritrocitário – RDW-CV%. Este é o índice de variação do tamanho 57 PARÂMETROS BIOQUÍMICOS │ UNIDADE III das hemácias, que avalia quanto os eritrócitos variaram em tamanho, a partir do volume corpuscular médio (VCM). Isto tem importância uma vez que, sendo o VCM o resultado de uma média, ele pode apresentar um valor numérico que não reflete o tamanho real do total da população eritrocitária que foi analisada. Nas anemias microcíticas, como no caso da anemia ferropriva ou na deficiência de cobre, existe uma diminuição no tamanho da hemácia (medido pelo VCM) e pode haver variação no tamanho também (aumento do RDW). A microcitose é determinada pelo valor de VCM abaixo da normalidade. Já a macrocitose é determinada pelo valor do VCM acima da normalidade. O RDW reflete a variação do tamanho da hemácia. Exemplificando, o entendimento fica mais fácil. Por exemplo, se a anemia é microcítica e apresenta um RDW com valor aumentado, significa que existem hemácias com variação de tamanho, ou seja, pequenas (células microcíticas), como também com tamanhos normais ou aumentados. Agora, se na anemia microcítica, o RDW apresentar valor normal, significa que não existe variação no tamanho das hemácias, ou seja, todas são iguais (pequenas). Os valores de hemoglobina e o hematócrito são exames que vão determinar se a produção de hemácias e/ou hemoglobina estão normais, aumentadas ou diminuídas. Determinam, portanto, se existe a anemia. Os valores de HCM e CHCM são índices que relacionam a quantidade de hemoglobina com o tamanho e número de hemácias, tornando possível avaliar a existência de hiper ou hipocromia. Nas anemias hipocrômicas, esses índices estão abaixo do valor de referência e nas hipercrômicas, estão acima. Tabela 9. Valores de referência para eritrograma em várias idades. Idade Hemácias (milhões/ mm3) Hb (g/dl) Ht (%) VCM (fL) HCM (pg) RDW (%) RN 4,1 – 6,7 15,0 – 24,0 44 – 70 102 – 115 33 - 39 13,0 – 18,0 1-23 m 3,8 – 5,4 10,5 – 14,0 32 – 42 72 – 88 24 – 30 11,5 – 16,0 2 - 9 a 4,0 – 5,3 11,5 – 14,5 33 – 43 76 – 90 25 – 31 11,5 – 15,0 10 -17 a M 4,2 – 5,6 12,5 – 16,1 36 – 47 78 – 95 26 – 32 11,5 – 14,0 10 – 17 a F 4,1 – 5,3 12,0 – 15,0 35 – 45 78 – 95 26 - 32 11,5 – 14,0 > 18 a M 4,7 – 6,0 13,5 – 18,0 42 – 52 78 – 100 27 – 31 11,5 – 14,0 > 18 a F 4,2 – 5,4 12,5 – 16,0 37 - 47 78 – 100 27 - 31 11,5 – 14,0 Fonte: Clinical Laboratories of Children´s Hospital of Buffalo apud Wallach, 2009. 58 UNIDADE III │ PARÂMETROS BIOQUÍMICOS Os valores expressos no leucograma, assim como a contagem de plaquetas, são importantes para a avaliação nutricional, principalmente para avaliar alguns micronutrientes específicos, entretanto estas alterações estarão descritas no decorrer desta unidade. Alteração nos parâmetros na avaliação nutricional de anemias A anemia é caracterizada pela redução da massa eritrocitária, resultando em menor capacidade de transporte de oxigênio para atender as demandas teciduais. Existem anemias causadas pela carência de micronutrientes, sendo a ferropriva e as megaloblásticas por carência de B12 ou carência de B9 as mais comuns. Diagnóstico laboratorial da anemia ferropriva: » Associação da concentração de hemoglobina (Hb) e dos índices hematimétricos (VCM e HCM) abaixo da referência ou do RDW acima de 14%. » VCM define a microcitose (está abaixo do valor de referência). » HCM e CHCM definem a hipocromia (está abaixo do valor de referência). » RDW está elevado: pois na anemia ferropriva existe uma heterogeneidade do tamanho da hemácia, resultando em anemia microcítica com RDW elevado. » Ferritina (reserva orgânica): baixa. » Dosagem de ferro sérico: baixo. » Capacidade de ligação de ferro: aumentado. Anemia megaloblástica pela carência de vitamina B12: » Presença de hemácias imaturas, volume aumentado, número reduzido na corrente sanguínea. 59 PARÂMETROS BIOQUÍMICOS │ UNIDADE III » Mais incidente em descendentes de africanos e europeus. » Níveis baixos de hemoglobina. » Oligocitemia (baixa quantidade de hemácias). » Macrócitos. » Anisocitose acentuada (variação no tamanho das hemácias). » Poiquilocitose acentuada (formato anormal das hemácias). » Presença de eritroblastos e corpos de Howell-Jolly. » VCM acima de 100 fl no início. Quadro clínico evidente, VCM acima de 110 fl. » Níveis de vitamina B12 no soro são diminuídos – entre 100 e 110 pg/ml (normal entre 200 e 900). Anemia megaloblástica pela carência de vitamina B9: » Nível do folato abaixo do normal. » Hemograma – anemia macrocítica e alteração do núcleo dos neutrófilos. » Pode haver neutropenia, plaquetopenia e polissegmentação dos neutrófilos. » Fazer a dosagem sérica de B12 para verificar se existe a carência associada. » Diminuição dos níveis de B9 levam ao aumento da homocisteína. Eletrólitos Os principais eletrólitos avaliados nos exames bioquímicos são sódio, potássio, cálcio e magnésio, sendo estes imprescindíveis para a realização das funções celulares e manutenção da homeostase do organismo. 60 UNIDADE III │ PARÂMETROS BIOQUÍMICOS » Sódio (Na): principal cátion extracelular e exerce influência
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