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CARLOS SIQUEIRA Delvacyr Costa Se eu soubesse... 2 Delvacyr Costa Se eu soubesse... 3 D7 EDITORA CAMPINAS 2020 Delvacyr Costa Se eu soubesse... 4 Copyright ©2020 – Delvacyr Costa Todos os direitos autorais reservados: É expressamente proibida a reprodução deste livro, no seu todo ou em parte, por quaisquer meios, sem o devido consentimento por escrito. Capa: Suellen Siqueira Revisão: Alvacyr Costa Diagramação: Carlos Siqueira Editor Gráfico: Augusto Balbino Impressão Gráfica: D7 Editora - Brasil Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009. _____________________________________________________________ COSTA, Delvacyr Se eu soubesse 1ª Edição: Maio 2020 Campinas/SP ISBN: Classificação: Testemunhos/Ministério/Relacionamento _____________________________________________________________ Facebook: Delvacyr Costa E-mail: prdelvacyr@hotmail.com Contato: (45) 99912.0113 Delvacyr Costa Se eu soubesse... 5 A meu pai, Alvacyr Costa. Meu primeiro pastor, o homem que me batizou em 16 de abril de 1977. Me ensinou os primeiros passos fisicamente, na vida cristã e no ministério. Um pastor como poucos, com um co- ração de pastor e sempre com "cheiro de ovelha" em suas vestes. Obrigado meu paistor. A meu saudoso amigo Roberval Andrade. Um homem calejado pela vida e ministério que me acolheu e foi meu mentor, meu amigo, meu modelo. Com ele sempre me senti o "moço do homem de Deus". Seu legado é imenso e sua falta sentida por todos os que tiveram o privilégio de serem pastoreados por ti. Até a eternidade amigo! Delvacyr Costa Delvacyr Costa Se eu soubesse... 6 Delvacyr Costa Se eu soubesse... 7 SUMÁRIO Prefácio............................................................................11 Introdução........................................................................13 Equilíbrio emocional........................................................15 Administrar a espera........................................................16 Experiência relacional......................................................17 Dicas para o jovem pastor................................................19 Ministério e vida pessoal.................................................21 Gostaria de ter sabido.......................................................22 Ter um conselheiro..........................................................23 Nunca é tarde para mudanças..........................................24 Aprendendo o que Deus quer ensinar..............................26 Três coisas que fariam diferença no meu ministério.......28 O Magnânimo ministério da Palavra...............................30 Intercomunicação.............................................................31 Não ser ordenado solteiro................................................32 Família é prioridade.........................................................34 Demorei me entregar ao chamado...................................35 Lidar com as incompreensões..........................................36 Ministério o trinômio.......................................................37 Delvacyr Costa Se eu soubesse... 8 Administração Eclesiástica..............................................38 O reino de Deus é maior..................................................39 Mentoreamento................................................................40 Não se isole para evitar decepções...................................41 Tornando-se visível e compreensível...............................43 Escrever um novo futuro..................................................45 Dividir as cargas..............................................................46 Políticas e interesses pessoais..........................................47 Menos legalista e mais misericordioso............................50 Amor e sofrimento...........................................................52 Formação de líderes.........................................................54 Prudência..........................................................................55 Mulher sábia, tesouro de Deus.........................................56 Discipulado programado..................................................59 Questões que enfrentei.....................................................60 Instituição valoriza resultados e não pessoas...................64 Dramas pessoais...............................................................65 Igrejas são todas iguais....................................................66 Grito por socorro..............................................................67 Ter um mentor..................................................................69 Surpresas desanimadoras.................................................73 Administrando o tempo....................................................75 Conceito e Reino de Deus................................................76 Facilidade de informações...............................................77 Delvacyr Costa Se eu soubesse... 9 Estruturas e tradições nas Igrejas as engessam................79 Aproximar-se de cada irmão............................................81 Os atos falam mais alto....................................................82 Pastor tem ciúmes do outro..............................................83 Quem muda as pessoas é o Espírito Santo.......................85 Nunca serei eu, sempre será Deus....................................87 Pastores cuidam de ovelhas, não de pastores...................88 Conclusão.........................................................................90 Delvacyr Costa Se eu soubesse... 10 Delvacyr Costa Se eu soubesse... 11 PREFÁCIO Se eu soubesse...! Essa é talvez a maior de todas as reclamações da vida de um ministro do evangelho. Se eu soubesse, não se trata apenas de um aglutinado de relatos sobre a vida pas- toral; mas, sim, um rasgar da alma, e isso de uma forma muito sincera e responsável. A sinceridade dos relatos de “Se Eu Soubesse”, ultrapassa qualquer teoria a respeito de ministério pasto- ral, por mais ortodoxa que seja, pois, se trata da abertura do coração, da alma, de gente que se deu por completo a causa do evangelho. Ainda assim, os mesmos não deixam de ser, em momento algum, de tamanha responsabilidade, uma vez que auxiliam na preparação daqueles que alme- jam o episcopado. Dessa forma sinto-me imensamente grato a Deus pela vida e sensibilidade do meu querido amigo e mestre Delvacyr Costa, que teve iluminação do Espírito Santo, para na junção de todo esse material, junto com o profes- sor e Psicanalista Max Amadeus, desenvolver essa obra de tamanha relevância para esses dias de esfriamento espiri- tual e deserção ministerial. Leia! Mas leia em espírito de oração, crendo que Deus ainda chama homens e mulheres para seu grandioso exército. Pr. Jhonnatham Matos. Delvacyr Costa Se eu soubesse... 12 Delvacyr Costa Se eu soubesse... 13 INTRODUÇÃO Meu amigo Max Amadeus emprestou-me um livro intitulado: Ah! Se eu soubesse! O livro pretendia reunir depoimentos de empresários, empreendedores e CEO’s bem-sucedidos, com mais de 25 anos de carreira, que de- veriam responder uma pergunta: O que eu gostaria de ter sabido 25 anos atrás, que teria feito diferença ou mudado minha trajetória. A leitura foi uma completa decepção. Com duas ou três exceções, os entrevistados simplesmentenão conseguiram responder à pergunta. Falaram de tudo um pouco, “viajaram na maionese”, mas não alcançaram sucesso em responder objetivamente à indagação. Foi um livro que eu não gostei de ter lido. Max também não gos- tou. Mas, o livro me despertou para conversar com pasto- res com mais de vinte anos de ministério fazendo a mesma pergunta: O que eu gostaria de ter sabido, no início do meu ministério, que teria feito a diferença. E foi o que fiz. O primeiro contato foi com um pastor, conhecido de muitos anos, que considerava, e ainda o considero, meu amigo. Liguei para ele e lhe fiz a pergunta. Sua resposta me deixou pasmo. “Não vou falar nada. Não sei qual sua intenção. Provavelmente você irá usar isso para me expor diante de colegas e denominação. Estou fora”. Fiquei mui- to chateado, mas segui em frente. SE EU SOUBESSE, tem como objetivo ajudar vo- cacionados, jovens aspirantes ao ministério, seminaristas e pastores em início de caminhada ministerial. Normalmen- Delvacyr Costa Se eu soubesse... 14 te o vocacionado desenvolve uma visão romântica do pas- torado, alimenta uma expectativa ilusória e otimista, e quando os problemas surgem, quando a realidade nua e crua bate à sua porta, ele fatalmente se pergunta: “Por que ninguém me falou isso antes?”, e lamenta: “Se eu soubes- se!” Com uma única exceção, entrevistei pastores com 20 anos ou mais de ministério pastoral. Com uma única exceção (não publicada nesse livro) os pastores responde- ram à pergunta feita de forma objetiva. SE EU SOUBESSE é o livro que eu gostaria de ter lido. São homens de Deus, experimentados, calejados, vividos e muitos deles sofridos, abrindo seus corações e confessando coisas que não sabiam (mas gostariam de ter sabido) quando iniciaram sua jornada ministerial. Algu- mas respostas são simples, quase óbvias. Outras me sur- preenderam. Com muitas tive que concordar: “Também gostaria de ter sabido isso”. Outras me fizeram sorrir sozi- nho. Algumas provocaram surpresa: “O quê? Ele passou por isso? Não creio!” Todas me fizeram refletir e chegar à conclusão que SE EU SOUBESSE, realmente, é um livro que eu gostaria de ter lido em 1980, quando me tornei consciente de meu chamado ministerial. Você pode ler! E espero que, a partir dessa leitura, você saiba de verdades, fatos e situações – que serão rea- lidade em sua caminhada pastoral – que ainda não sabe. Delvacyr Costa. Delvacyr Costa Se eu soubesse... 15 EQUILÍBRIO EMOCIONAL Ah! Seu eu soubesse ou se alguém me dissesse que "O ministério pastoral" NÃO se limitava apenas em... Visitar os membros em suas casas e hospitais, em pregar, discipular, orar pelos enfermos, ajudar nas neces- sidades das pessoas, evangelizar, fazer missões, organizar ministérios, agendar trabalhos específicos, celebrar casa- mento, funeral, batismo, apresentação de crianças, lidar com liderança, representar a igreja juridicamente, etc. E ainda EXIGE que eu atue como psicólogo, tera- peuta, gestor administrativo, conselheiro de jovens, casais e famílias, mediador de conflitos, etc. Confesso que pen- saria muito antes de aceitar assumir uma igreja. Acredito que se alguém NÃO tiver o chamado e a vocação para atuar no ministério pastoral e não demons- trar EQUILÍBRIO EMOCIONAL para saber lidar com os conflitos interiores, dificilmente suportará os dissabo- res e aflições do ministério, podendo até ir ao extremo do suicídio, causado pelo estresse, opressão e depressão. Carlos Siqueira Igreja Batista Independente 26 anos de ministério pastoral Delvacyr Costa Se eu soubesse... 16 ADMINISTRAR A ESPERA Se admitirmos que estamos em constante aprendiza- do, isso equivale afirmar também que, antes eu sabia me- nos, e assim estava menos preparado para enfrentar a vida, o que explicaria erros que poderiam ser evitados. Isso se aplica também no ministério pastoral. Sem pretender compartilhar ou confessar algo especificamente, embora tenha cometido erros, desejo sublinhar aqui a importância da espera. Falo da espera que se contrapõe a precipitação; que se distingue da procrastinação. Teoricamente devo dizer que não ignorava a importância da espera, meu pro- blema era saber administra-la. Saber esperar é algo que hoje tenho buscado exercitar. Não era assim antes. Nem tudo eu devia ter respondido em seguida; nem tudo eu devia ter me lançado imediatamente para executar. Eu podia ter esperado mais. E no tempo da espera podia ter orado mais ao meu Deus e ouvir a sua voz. Se eu soubesse esperar não teria magoado alguém e não teria sofrido tam- bém. Havia nestas oportunidades uma espécie de vaidade na prontidão da resposta, ou da ação, travestida de espiri- tualidade, servindo para mim de agente de pressão, sufo- cando a espera e me expondo, quase sempre, ao erro. Se alguém me perguntasse: e hoje, você sabe administrar a espera? A minha resposta é: Estou no trajeto... Pr. Mario Antônio Ambrósio Oreste Batista Independente 23 anos de Ministério Pastoral Delvacyr Costa Se eu soubesse... 17 EXPERIÊNCIA RELACIONAL Uma das coisas que eu gostaria de ter sabido é que a experiência pastoral é uma experiência relacional; ela não é administrativa, nem essa figura que se tornou quase um absoluto que o pastor é um Líder, um Executivo, um CEO. Isso está esmagando o pastorado. Esse modelo ame- ricano que nos é imposto é falido e não bíblico. Pastorado está ligado ao relacionamento, é algo relacional, e não empresarial e administrativo. Essas expressões não se en- contram na Bíblia; você encontra pastores cuidando de rebanho, pai que cuida de uma família, e isso muda toda a perspectiva de nossa relação com a igreja. Talvez seja isso que esteja desgastando alguns pastores, angustiando, a ponto de desesperarem, saber que pesa sobre os ombros deles a empresa que eles dirigem, a cobrança do sucesso. Igreja é um rebanho, não é uma empresa; ela é uma famí- lia. Quando entendo isso sai de mim um grande peso ad- ministrativo. Somos um pai que não quer jamais perder um filho, que ama incondicionalmente sua família, um pastor que, até o último instante, da ovelha que se perdeu, que se machucou. Hoje se perdeu isso, o modelo, a ideia é que se saiu um, vem dez, vem vinte; isso é uma coisa mui- to empresarial. Nós perdemos um cliente, mas está aí aberta uma nova carteira de clientela. Gostaria também de ter sabido que o pastorado deve ser da família para a igreja e não da igreja para a família. Olhando esses trinta anos de pastorado, me parece que Delvacyr Costa Se eu soubesse... 18 pastoreei da igreja para a família. O pastor tem que saber que a Bíblia ensina que só quem pastoreia bem a própria família está apto para pastorear a igreja. Essa é a maneira bíblica, só está apto a pastorear a igreja quem tem um re- lacionamento saudável, abundante com a família. Hoje eu faria tudo diferente, partiria da minha família, pastoreando a minha família, cuidando muito mais da minha família, e a igreja nessa escala de prioridades ficaria em segundo lugar. Outra coisa que eu gostaria de ter sabido é em rela- ção às pessoas feridas na igreja. O pastor tem que ser um homem sarado, curado. Gostaria de ter sabido isso. Cada pessoa que o pastor não perdoou no passado, não se rela- cionou bem no passado, é um percentual a menos em seu ministério. Isso significa que cada vez que o pastor encon- tra na igreja pessoas que se parecem com alguém do seu passado que não foi tratado, não foi curado, não foi resol- vido, ele tende a transferir isso para essas pessoas. Quanto mais você é tratado, quanto mais você é curado, mais você poderá ter a atitude de Jesus na cruz ou de Estevão ao pe- dir: Não lhes impute esse pecado. José Darling Negreiros Igreja Batista Nacional 30 anos de ministériopastoral. Delvacyr Costa Se eu soubesse... 19 DICAS PARA O JOVEM PASTOR Um jovem pastor me telefonou e me pediu que lhe desse algumas dicas sobre o que aprendi quando era um jovem pastor. Escrevi quatro dicas para o jovem pastor: 1. Todo pastor assiste a um desfile. Eu me entristecia muito com o entra e sai da Igreja. Especialmente me entristecia quando algumas pessoas sobre quem eu dedicava tempo deixava a igreja. Comecei a compreender que Deus coloca e tira pessoas em nossa vida para nos fazer crescer e amadurecer! Desta forma crescemos no nosso caráter e desenvolvemos melhores maneiras de servir ao Senhor e a Igreja. O mais importan- te que aprendi ao longo dos anos, porém, foi confiar que é Deus quem traz e leva pessoas. ...e o Senhor acrescentava dia a dia os que iam sendo salvos. 2. As pessoas que mais exigem são as que menos servem. Iniciei o trabalho pastoral acreditando que as pesso- as que mais serviam seriam aquelas que mais exigiriam de mim. Não demorou muito para perceber que, quem mais exigia, servia o mínimo e cobrava no máximo. Quando compreendi isso, as críticas e cobranças, ganharam outro significado. Quem fazia a crítica ou a observação passou a ser mais importante que a própria critica. Lembre-se sem- pre é o Senhor que nos defende! Mostre a vida de Cristo na sua vida! Não sou quem vive; Cristo vive em Mim! (Paulo, o Apostolo). Delvacyr Costa Se eu soubesse... 20 3. Você verá comportamentos horríveis. Seres humanos reagem mal às verdades do evange- lho. Quanto mais verdades do evangelho você pregar, mais reações terríveis poderão vir contra você. Lembre-se – se que as reações mais horríveis, apesar de não expres- sas, existem também dentro de nós, pastores! A medida que fui pregando comecei a perceber que ninguém ao ser ferido pela verdade do evangelho deixa de por ela ser cu- rado. 4. Somos insubstituíveis em casa, não na igreja. No começo eu ingenuamente pensava que era in- substituível. A medida que fui convivendo com a Igreja e amadurecendo os relacionamentos, fui percebendo que eu não era o primeiro pastor da Igreja, muitos outros vieram antes de mim. Também compreendi que eu não seria o último. Espero que você não queira ser o último pastor da sua Igreja! Se na igreja era assim em casa era muito dife- rente. Minha esposa tem um único e insubstituível marido, meus filhos tem um único e insubstituível pai. Não deve- ria ser o pastor que todos queriam e querem que eu seja, mas deveria ser o pai, marido e o pastor que Deus quer que eu seja! Não se ganha nada em se ter uma grande igre- ja e perder a família. Quando perdemos a família, você perde, a igreja perde, o evangelho perde, o Reino perde! Naamã Mendes Igreja Presbiteriana Independente 26 anos de pastorado Delvacyr Costa Se eu soubesse... 21 MINISTÉRIO E VIDA PESSOAL A coisa que eu mais gostaria de ter sabido é a ques- tão de divisão e administração do tempo, no tocante ao ministério e vida pessoal. Gostaria de ter aprendido, no início do meu ministério, a dar mais valor a mim mesmo, ao meu tempo. A gente se dedica tanto ao ministério que acaba esquecendo de si mesmo. Se eu estiver bem, a igreja estará bem, sadia, saudável. Ninguém ensina isso. Me ensinaram que eu tenho que me entregar, me sacrificar, me crucificar pela igreja, ser um tipo de Cristo. E isso não leva a nada. Se eu estiver bem, minha família estará bem, minha igreja estará bem. Gostaria de ter aprendido isso mais cedo. Josué Correa de Oliveira Projeto Cristo Para as Nações 25 anos de pastorado. Delvacyr Costa Se eu soubesse... 22 GOSTARIA DE TER SABIDO Gostaria de ter sabido como lidar com situações de conflitos desesperados entre casais. Como falar em meio a tantas discussões acaloradas. Gostaria de ter sabido como enfrentar a morte em meio a tanto desespero de membros da igreja. Gostaria de ter sabido como agir com membros acostumados com o pastor anterior. Sim! Gostaria de ter sabido como tomar decisões di- fíceis com tantas questões em jogo, inclusive alusivas à minha própria fé. Poderia ser diferente quando soubesse o que fazer nos dias em que o dinheiro não vinha e a resposta de Deus não era imediata. Leonel Santos Batista Independente 20 anos de ministério, Delvacyr Costa Se eu soubesse... 23 TER UM CONSELHEIRO Eu queria ter tido um conselheiro que me desse a consciência profunda, ampla e sem reservas no que se refere a real diferença entre igreja-instituição e Igreja Corpo de Cristo. Se hoje o significado sobre "Corpo de Cristo" está fragilizado pelo excesso de teorias nos discursos dos púl- pitos, isto se deve a usurpação da primazia da Igreja Cor- po. Portanto... Não basta ser de Cristo; tem que ter o pas- saporte de alguma instituição para ir ao céu. Nesse gros- seiro equívoco histórico se fortaleceu a igreja-instituição que fortaleceu interesses de poder, interesses financeiros e interesses pela vaidade da grandeza do poder sistêmico das instituições. Não seria o caso de anular a membresia da igreja local. Entretanto, a Igreja Corpo de Cristo não pode ser banida para um discurso teórico, vazio e sem a prática essencialmente necessária, ensinada pelo apóstolo Paulo em sua carta aos crentes em Corinto. Judson Santos Assembléia de Deus 31 anos de ministério Delvacyr Costa Se eu soubesse... 24 NUNCA É TARDE PARA MUDAR Como diz a música de Dolores Duram, "Se eu sou- besse naquele (s) dia (s) o que sei agora..." Ah se eu soubesse, passaria mais tempo me relacio- nando intimamente com Deus e menos tempo preparando sermões e estudos para ministrar a igreja. Pregaria mais a Mensagem do Reino, ao invés de me deter tanto em outros temas. Faria mais amigos ao invés de procurar por mais membros. Não teria gabinete pastoral ou um escritório para atendimentos, minha casa seria mais aberta, os lugares comuns seriam minha mesa e a cidade seria minha con- gregação. Começaria a igreja em pequenos grupos para um pastoreamento mais eficaz e treinaria mais líderes para multiplicar a igreja. Se eu soubesse, seria mais pai e menos pastor, mais amigo e menos líder, mais aberto ao mover de Deus e me- nos apegado às tradições da "religião". Se eu soubesse, não me preocuparia copiar o suces- so dos outros, ou a aprovação das pessoas, ou ser alguém que realmente não sou para agradá-las. Se eu soubesse, desde o início, buscaria somente minha identidade em Cristo e abandonaria a busca de per- sonagens criados pelas demandas da vida. Delvacyr Costa Se eu soubesse... 25 Se eu soubesse, teria sorrido mais, brincado mais, teria mais tempo com minha família e praticado mais es- portes, sem me preocupar com as críticas, ou me sentir culpado por viver assim. Mas nunca é tarde para mudanças, e elas já co- meçaram há alguns anos na minha vida! Pr. Cleverson Carlos Recke Comunidade Evangélica das Nações Foz do Iguaçu. 30 anos no pastorado Delvacyr Costa Se eu soubesse... 26 APRENDENDO O QUE DEUS QUER ENSINAR A experiência realmente faz muita diferença no nos- so ministério atual. É curioso como a experiência traz tan- to conhecimento. No início do nosso ministério, logo de- pois de sairmos do seminário, achamos que sabemos mui- to, usamos a nossa força, conhecimento acadêmico e habi- lidades. Tentamos de tudo para ver o nosso ministério ter êxito. Entretanto, vamos ver que algumas coisas vão fun- cionar e outras não. Com o passar do tempo, vamos aprendendo outras coisas que nem o seminário, e nin- guém, nos ensinou antes, vamos aprendendo o que Deus quer ensinar para nós a cada etapa da nossa vida pessoal e ministerial.Hoje, depois de 30 anos de ministério, não posso ga- rantir que os meus conhecimentos acadêmicos e habilida- des sejam eficazes e tampouco que a minha experiência possa influir muito no êxito ministerial, pois Deus é sobe- rano e o que vale não é nem a força sem experiência e tampouco a experiência sem a habilidade da juventude. O que conta mesmo é andar com Deus, em oração, em co- munhão, com Ele, e dessa maneira vamos percebendo que o próprio irá assim dirigindo os nossos passos, orientando a nossa vida, ensinando a como edificar para o Reino con- forme a vontade dEle. Delvacyr Costa Se eu soubesse... 27 Tem muita coisa que eu fiz de errado no início do meu ministério, mas as minhas tentativas, os meus erros, a minha ignorância foi muito útil para conseguir os êxitos naquela época, pois de tanto tentar, sempre algumas coisas acabavam dando certo. Hoje não tentaria muita coisa, mas, certamente, não teria a experiência que tenho hoje. Penso que toda etapa da nossa vida acaba sendo ser importante. Para dar um exemplo prático, antes eu queria liderar na minha força, nos meus conhecimentos e se as pessoas demorassem muito em responder, eu simplesmente não as esperava e saia na frente, mas acabava ficando sozinho. Hoje eu pen- so que toda aquela impetuosidade da minha juventude foi um grande erro, pois, saber esperar e ter paciência traz uma riqueza muito grande para o nosso ministério e um valioso amadurecimento para a nossa liderança, e ter que andar um pouco mais devagar não significa necessaria- mente que vamos chegar atrasados em algum lugar, e, além disto, os liderados poderão ser ministrados de manei- ra mais eficaz, darão passos em conjunto, trazendo assim mais consistência no ministério de cada um, além de per- mitir o crescimento e a edificação do corpo de Cristo." Milton Campos Missionário da CIBI em Bolonha, Itália 30 anos de ministério Delvacyr Costa Se eu soubesse... 28 TRÊS COISAS QUE FARIAM DIFERENÇA NO MEU MINISTÉRIO O que eu gostaria de ter sabido no início do meu ministério, que teria feito diferença? Creio que responderia essa pergunta levando em consideração três coisas: 1. Ministério e Família Eu gostaria de ter recebido instruções claras sobre como eu deveria conduzir minha família. Um jovem vo- cacionado vai para o seminário e se encontra despreparado quanto ao que se espera dele como esposo e pai. Tive que aprender muitas coisas no velho e desgastado método de erros e acertos. Tive pouca orientação a respeito desse assunto tão importante para o ministério pastoral. Agrade- ço pelo pouco que tive, mas acho que os seminários deve- riam insistir mais nesses assuntos. 2. Ministério e vida pessoal Hoje eu reconheço que fui impetuoso e precipitado em minha excessiva dedicação à igreja. No seminário aprendemos a dar a vida pelo ministério. Aprendemos muito pouco sobre cuidar de nós mesmo. Reconheço que deveria ter cuidado mais de mim. Não por capricho, mas por necessidade. A saúde física e mental do pastor é um dos mais importantes bens que ele possui. Tive experiên- cias de estafa física e mental que poderiam ter sido evita- Delvacyr Costa Se eu soubesse... 29 das se eu tivesse sido ensinado a cuidar mais de mim, en- quanto cuidava dos outros. 3. Ministério e parceiros ministeriais No começo do ministério eu andei muito sozinho. Tinha colegas de ministério e não parceiros. Os colegas são aqueles que você reconhece como iguais, mas com os quais você não compartilha suas lutas, angústias e frustra- ções. Já os parceiros são amigos que exercem a mesma função pastoral e nos ajudam a reconhecer que somos incapazes de andar sozinhos. Louvo a Deus porque ulti- mamente eu tenho tido parceiros preciosos na caminhada pastoral. Os jovens vocacionados devem ser instruídos a valorizar os parceiros. Formar laços profundos com os amigos de seminário e manter esses vínculos por muitos anos. Marcos Henrique de Araújo Igreja Evangélica Holiness 25 anos de ministério Delvacyr Costa Se eu soubesse... 30 O MAGNÂNIMO MINISTÉRIO DA PALAVRA Se eu soubesse que o ministério da palavra, como apascentador, fosse tão magnânimo, não teria investido tanto tempo da minha vida na área secular. Desde a minha juventude os jovens brincavam comigo me chamando de pastorzinho e, no meu entendimento, era um gesto de ca- rinho. Na igreja muitas irmãs idosas me diziam: "O irmão é quem deveria ser o pastor". Prontamente respondia: mas o pastor é ele! Alguns obreiros me incentivavam para o ministério, mas eu dizia: Deus me chamou para ser repa- rador de roturas. Com isso fui entender o propósito do meu chamado aos 38 anos e hoje já se passaram 28 anos de militância. Não concordo que a vida pastoral seja um fardo, mas sim, uma dádiva esplendorosa para um imper- feito, que ensina a outros imperfeitos, sobre aquele que é perfeito, para o aperfeiçoamento de muitos. Se eu soubes- se, quando mais novo, que ajudaria a muitos a entenderem o reino de Deus, sem dúvidas já teria mais de 40 anos de vida eclesiástica. O Sumo Pastor que me chamou, também me capacita e me sustenta desde o primeiro momento. Era profissional de vendas e após ser aceito pelo Senhor da seara, nunca mais vendi, nem material evangélico, e nunca passei privações, pois, tudo quanto sou, posso ou tenho, vem das mãos do Grande Eu Sou. Lúcio Ladislau da Conceição Igreja Batista Independente 28 anos de pastorado Delvacyr Costa Se eu soubesse... 31 INTERCOMUNICAÇÃO O que eu gostaria de saber antes de entrar para o ministério: "Como ajudar os irmãos na intercomunica- ção". Considerando que é um dos maiores problemas den- tro da igreja, dado que temos uma grande variedade de temperamentos, refletidos no caráter de cada cristão. Esta preparação é essencial para exercer um ministério eficien- te, podendo assim ajudar cada pessoa salva a amadurecer espiritualmente, tanto como pessoa, formando em si mes- mo o caráter de Cristo. Tendo resultados importantes para ajudar na formação de um futuro ministro sólido, sem desequilíbrios em seu estado emocional e, em muitos ca- sos, desistindo ou deixando o ministério. Também instruir a igreja nesta área é evitar divisões, uma vez que muitas delas são situações resolvíveis. Tendo uma maturidade de caráter, como servo de Deus, meu ministério é de grande importância na vida de cada membro da igreja. A grande diferença seria um servo dependente de Deus e não de circunstâncias, o que afetaria meu ego e me desencorajaria e levaria a uma grande crise de depressão. A outra grande diferença seria formar uma igreja madura, aprendendo a ter seu temperamento sob o governo do Espírito Santo. Rodolfo Cabrera Comunidade Cristã Evangélica (Argentina) 34 anos de pastorado Delvacyr Costa Se eu soubesse... 32 NÃO SER ORDENADO SOLTEIRO Em primeiro lugar eu não mais aceitaria ser orde- nado solteiro, baseado na minha experiência de pastor solteiro e em 1 Tm 3.2-6. E com base no mesmo texto, especialmente o verso 6, não aceitaria a ordenação numa idade jovem, embora a palavra "neófito" aí possa estar-se referindo a novato na fé. Também a palavra "presbítero" (ancião) nos deixa claro que se trata de uma pessoa já com idade madura. Em Israel havia o conselho de anciãos cu- jos membros deveriam ser casados. Na Igreja Cristã, além dos apóstolos havia um conselho de anciãos, At 15.2-6,23; 16.4. Em Éfeso também havia esse conselho, At 20.17-28. Os presbíteros (anciãos) eram eleitos em cada nova igreja, At 14.23; Tt 1.5. Mais tarde, quando a evangelização avança para o mundo grego (gentios), os presbíteros tam- bém passam a ser chamados de bispos (superintendentes), Fl 1.1; compare os versos 5 e 7, Tito capítulo 1. Outro argumentopara não ordenação de jovens é que, de acordo com minha experiência, o jovem que as- sume uma Igreja, quer transformá-la numa Igreja que ele idealiza. Eu, logo que assumi uma igreja, já comecei a fazer limpeza no rol de membros, sem conhecer as pesso- as e sem trabalhar com elas. Tinha a ideia de uma igreja terrena pura. Tenho notado que os jovens entram em uma igreja e já querem modificar tudo; depois saem e vem ou- tro que faz o mesmo. Assim as igrejas vão passando por metamorfose. O que eu entendo é que o permanente é a Delvacyr Costa Se eu soubesse... 33 igreja enquanto que os pastores são passageiros. Não digo que não se façam mudanças em métodos. Mas isto deve ser feito com estudo, tempo e consultas. Com o tempo na história da igreja cristã, começaram a chamar os bispos de pastores, já antes da reforma. Mas pastor (como apóstolos, profetas e mestres) é dom dado por Deus, e não função dada por ordenação. No Novo Testamento há ordenação de presbíteros (ou bispos) e, dentre eles, havia os que ti- nham dom de pastorear, veja At.20.17,28. Aparecido Alciso Maglio Igreja Batista Independente 62 anos de ministério Delvacyr Costa Se eu soubesse... 34 FAMÍLIA É PRIORIDADE O que eu gostaria de ter sabido no início do meu ministério é que... Família é prioridade. Não sofrer da síndrome messiânica. Ministério é árduo e solitário (tem, no final de tudo, suas recompensas). Amigos, teremos alguns amigos, porém, íntimos são poucos. Nem todo conselho recebido pode ser aplicado, eles servirão como alternativas (tem a questão cultural e local para ser avaliado). Ouvir, orar para depois agir (Não ser precipitado em conclusões e decisões, as vezes a situação se resolve por si só). Ser firme é ser flexível. Há coisas que não precisam ser ditas. Depois de ouvir, coloque para a pessoa a forma como entendeu, para que a atitude seja baseada na verdade e não apoiada no imaginário. Nunca duvidar de seu chamado, por causa do suces- so dos outros, cada um tem um chamado e todos são da- dos por Deus, conforme Ele assim determinou. Waldenberg Assunção Igreja Batista Independente 20 anos de ministério Delvacyr Costa Se eu soubesse... 35 DEMOREI ME ENTREGAR AO CHAMADO O fato de eu ter nascido em um lar cristão, e ter o meu pai e dois irmãos pastores, com certeza me deu uma visão bem detalhada a respeito do ministério pastoral. Tive a oportunidade de morar com minha família cinco anos dentro de um seminário teológico, convivendo com outras pessoas vocacionadas também. O que eu gostaria de ter sabido. no início do meu ministério, é da existência da falta de igualdade, oportuni- dades dentro do ciclo denominacional em geral. Não que- ria ser pastor pelo que eu já via e convivia. Achava que o vocacionado não deveria jamais passar por decepções e descasos em relação às lideranças ministeriais. Líderes usando o Evangelho em benefício próprio, e com isso demorei me entregar e atender ao chamado do Senhor. Adecildo Batista da Silva Igreja Batista Independente 30 anos de Ministério Delvacyr Costa Se eu soubesse... 36 LIDAR COM AS INCOMPREENSÕES Eu gostaria de saber que em muitas situações em que o pastor precisa tomar uma decisão e qualquer que seja a decisão tomada, sempre terá alguém insatisfeito. Também aprender a lidar com as incompreensões dos membros da igreja. Foram coisas que aprendi com o pas- sar dos anos. Ademir Nunes Igreja Batista Independente 25 anos de Ministério Delvacyr Costa Se eu soubesse... 37 MINISTÉRIO TRINÔMIO Se eu soubesse aplicaria, desde o início no meu mi- nistério o Trinômio: Deus, Família e Igreja, e não Deus, Igreja e família. Outra coisa, cuidaria mais de mim e dos meus "di- reitos". Tomaria cuidado com os tapinhas nas costas e a expressão “Eu te Amo”. Enfim, no demais, fui muito feliz no ministério e continuo sendo. Silvio Hirota Igreja Batista Independente 35 anos de pastorado (Pastor Sílvio nos deixou e foi mo- rar com Jesus pouco tempo após ter respondido minha pergunta) Delvacyr Costa Se eu soubesse... 38 ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA No início de meu ministério, gostaria de ter aprendi- do mais sobre missões, oratória, impostação vocal e muito conhecimento sobre administração eclesiástica no que se refere a documentação de igreja, jurídico documental e assim teria sofrido menos e preparado mais pessoas. No início do ministério a maioria dos vocacionados e/ou seminaristas, são enviados às igrejas, congregações e lá encontram-se os caciques de igreja que pensam que sabem e nos pressionam e vão gerando dúvidas, conflitos, sem contar os que nada sabem. Recebem um obreiro com pouco entendimento, que vai gerar também resistências e conflitos entre muitos problemas. Hoje trabalho na formação de líderes, obreiros e pastores e todas as dificuldades vividas, transformamos em conhecimento e passamos aos alunos através dos ensi- nos teológico, bíblico e eclesiástico. Isaac Oliveira Igreja Batista Independente 24 anos de pastorado Delvacyr Costa Se eu soubesse... 39 O REINO DE DEUS É MAIOR Que o Reino de Deus é maior que a minha vocação. Quando passamos pelo mistério da conversão e, consequentemente, a vocação, vivenciamos isso no ambi- ente ou grupo religioso. Mas ninguém nos orienta que o Reino de Deus é maior que a comunidade evangélica na qual estamos. Isso vale dizer, que toda a nossa cosmovi- são do Reino passa pelo crivo denominacional, reduzindo muito a dimensão do nosso conhecimento a respeito de Deus. Se soubéssemos que o Reino de Deus é maior que qualquer comunidade religiosa, evangélica ou não, pode- ríamos retardar ou adiantar a nossa entrada no ministério da Palavra. Meus erros e, consequentemente, meus acertos só foram trabalhados quando me despi dos conceitos hu- manos e mergulhei no oceano inesgotável e inexplorado do Eterno daquele que me convocou. Wilson Guimarães Igreja Batista Independente 25 anos de ministério Delvacyr Costa Se eu soubesse... 40 MENTOREAMENTO O que teria feito a diferença nesses 27 anos de pas- torado? Ter me aberto mais para um mentoreamento a ní- vel pessoal, com significado de derramar vida na vida, transferir conhecimento e repartir a vida e as experiências. Minha juventude me atraiu mais para movimentos ecle- siásticos do que para projetos de relevância bíblica. Os impulsos da personalidade me conduziram a isso. Acredito que seu eu tivesse tido a iniciativa de bus- car alguém a quem prestar contas mais de perto, como um “pai ministerial e pastoral”, em ambiente seguro e de res- peito mútuo, teria evitado diversas adversidades na minha trajetória ministerial. Eu gostaria de ter sabido que um mentor faria toda diferença. Lázaro Valverde Campos Igreja Família da Fé 27 anos de pastorado Delvacyr Costa Se eu soubesse... 41 NÃO SE ISOLE PARA EVITAR DECEPÇÕES Comecei o pastorado ainda com 19 anos, ou seja, mesmo com 39 anos, tenho 50% da minha vida na função pastoral, além de ter me criado no meio evangélico. Me sinto privilegiado. As expectativas de um jovem ao come- çar o ministério, são diferentes de uma pessoa mais madu- ra. Principalmente eu, ao mal sair da adolescência, tive este compromisso. Com a intenção de revolucionar, so- nhador, achando os erros e acertos dos mais experientes. Esta experiência pode ser frustrante, e muitas vezes encer- rar um ministério promissor. Se eu pudesse me dar dois conselhos, sim, dois con- selhos a mim quando mais jovem e iniciei meu ministério seriam: Os pastores podemser maus: Cuidado... Já tive inúmeros problemas com membros das igre- jas, desde traições, críticas infundadas, abandonos inespe- rados, irresponsabilidades, enfim, situações que o melhor e o pior pastor irá passar. Mas isto é um baque para o qual a gente está preparado, ou pelo menos, sabe que irá pas- sar; então, de forma consciente, estamos preparados. Mas minha maior dificuldade é lidar com os pastores. Muitos ficam felizes quando você é traído, eles regozijam quando seu ministério vai mal, e muitos, mas muitos mesmo, con- tribuem para isto. Talvez porque uso de uma ética, não Delvacyr Costa Se eu soubesse... 42 convido membros de outras igrejas, e procuro me colocar no lugar de outro que sofre. Fico pasmo cada vez que en- frento situações como esta. No desejo de ganhar números, de galgar cargos, de expandir ministérios, os pastores po- derão ser piores do que políticos no jogo sujo. O pior, acreditando que estão fazendo algo divino. Infelizmente, o pensamento de muitos pastores pode ser: quero ver você bem, mas nunca melhor do que eu, síndrome de Saul. Meu segundo conselho que eu me daria, é antagôni- co. Me aconselharia: Conviver com os pastores. Sim, eles podem ser maus, mas nem todos. Muitos que sofreram a decepção com colegas, se isolaram e mata- ram seus ministérios! Quiseram provar aos seus colegas que agora foram vistos como inimigos, que são melhores e que não precisam deles, ledo engano. Precisamos até dos maus, porque eles serviram de exemplo da colheita, e mesmo estes, podem ter bons conselhos e até boas mensa- gens e dons. Os bons nos servem para abrirmos o coração, para demonstrarmos a nossa humanidade, porque temos, como pastor o interesse em parecermos anjos, mas chora- mos, sofremos e falhamos. Não se isole, não deixe que os maus vençam o exemplo dos bons. Isolando-nos, correre- mos o risco de termos um ministério limitadíssimo, ou quando bem-sucedido, com certeza cairemos no pecado do orgulho. Cuidado para que a decepção não seja maior que a convicção. Mas não se isole para evitar as decepções! Tiago Mainsginski Igreja Batista Independente 20 anos de ministério Delvacyr Costa Se eu soubesse... 43 TORNANDO-SE VISÍVEL E COMPREENSÍVEL Se eu soubesse... A mais triste definição que escutei do ministério pastoral, até agora, foi esta: “Pastor é uma pessoa invisí- vel durante os seis dias da semana e no domingo é in- compreensível”. Esta radical definição contém dois con- ceitos negativos do ministério. São as palavras: invisível e incompreensível. Penso que todo aspirante ao ministério precisaria saber que o pastor deve ser uma pessoa integrada ao con- texto onde vive, com visibilidade e que se deixa conhecer. Nos primeiros séculos da Igreja surgiram os monastérios. Lugares de refúgio para os cristãos que entendiam que a genuína vida religiosa somente seria possível dentro de muros, no distante deserto do Norte da África. Uma atitu- de extrema e oposta ao ensino de Jesus que manda a luz brilhar no meio das trevas e o sal usado para preservar os valores de uma sociedade. Portanto, ser pastor ou ser igre- ja, jamais deveria esconder-nos, distanciar-nos, criando um tipo de insensibilidade social e espiritual que afasta e neutraliza o pastor dos desafios da convivência, integração e participação. Também, penso que o pastor, como um comunica- dor por excelência jamais deveria ser incompreensível. Entende-se por incompreensível a pessoa ininteligível, às Delvacyr Costa Se eu soubesse... 44 vezes enigmática, cujas palavras, pensamentos, conceitos e atitudes são dificilmente entendidos. Portanto, alguém irrelevante na sua comunicação, confuso nos seus concei- tos e com atitudes inconstantes, sem rumo, objetivos e propósitos bem definidos. A mensagem do Evangelho, por sua natureza, é simples no seu conteúdo, é compreensível no seu propósito e é objetivo na sua intenção de tornar conhecida a boa nova do céu para todos os povos. Diante disso, estou seguro que o aspirante ao minis- tério deveria ser confrontado, desde a sua preparação teo- lógica, com a eficácia. Deveria buscar e cultivar a capaci- dade de ser eficaz no seu ministério, abandonando qual- quer atalho da improvisação, qualquer conduta displicente e qualquer comunicação negligente. O mundo precisa de pessoas com vidas qualificadas em sua visibilidade e em sua compreensão. A Igreja necessita de púlpitos relevantes e à altura dos desafios contemporâneos. O ministério de- ve, com urgência, aprimorar a sua atividade, tornando-se mais visível, integrado, conhecido e atualizado, além de compreensível para todas as pessoas. Paulo Mendes Igreja Batista Independente 61 anos de ministério Delvacyr Costa Se eu soubesse... 45 ESCREVER UM NOVO FUTURO Se eu soubesse a importância do conhecimento e da busca da sabedoria, não teria desprezado essa área que hoje tem um peso muito grande em meu ministério. Se eu tivesse mentores que ensinassem o equilíbrio entre o espiritual e o terreno, não teria cometido muitos erros em nome da fé. Infelizmente não posso reeditar meu passado, mas graças a Deus, estou conseguindo escrever um novo fu- turo. Nunca é tarde. Valdinei Pereira O Brasil Para Cristo 28 anos de pastorado Delvacyr Costa Se eu soubesse... 46 DIVIDIR AS CARGAS O que eu gostaria de ter entendido mais profunda- mente é que cada pessoa tem seu chamado e seu dom. E que eu tenho o meu. Eu gosto de trabalhar e atuar em uma área no ministério. Sempre quis ter comigo duas ou mais pessoas ao meu lado me apoiando, tendo a mesma visão e o mesmo amor na área especifica que eu atuava. Muitas e muitas vezes me frustrei em não ter a resposta dos 90% restantes. Então! Quando aprendo que, se eu tenho um chamado específico, ele é meu, e se é meu, devo fazer as coisas sem esperar ajuda ou apoio de outras pessoas ao meu redor. Quando aprendemos e entendemos isso, não nos frustramos mais, e colocamos a mão no arado e vamos em frente, cada dia um passo e cada ano uma milha a mais. Ministério é, sim, levar as cargas uns dos outros, mas, não se pode pegar todas as cargas para si só. Isso traz peso e sobrecarga. Gostaria de ter aprendido bem mais cedo a dividir as cargas e os cargos para que o ministério não se tornasse um fardo tão pesado e enfadonho que eu tenha que deixá-lo, e não cumprir o ide por não aguentar o peso, por não ter entendido e ter tido sabedoria. Aprender isso no primeiro ano de ministério é fundamental, mas, infelizmente, só aprendemos muitos anos depois. Ruth Meira Igreja Comunidade do Evangelho 25 anos de ministério Delvacyr Costa Se eu soubesse... 47 POLÍTICAS E INTERESSES PESSOAIS O que eu gostaria de ter sabido no início do meu ministério que teria feito toda a diferença? Levando-se em consideração que os momentos ini- ciais de um Ministério Pastoral são, também, inícios de um sonho pessoal de servir aos propósitos do Senhor, co- mo também ser útil à Grande Comissão, creio que esse momento é um dos mais lindos e singelos na vida de um vocacionado. Como todo iniciante, por mais que tenha tido um bom preparado acadêmico, o início do pastorado sempre é sinônimo de: inexperiência, frio na barriga e ansiedades diante da dura realidade da vida. Lembro-me de quando ficava encantado com o pastor que me inspirou ao ministério pastoral. Observava seu amor e dedicação na igreja onde era membro. Tamanho foi o impacto em mi- nha vida e vocação que indubitavelmente abandonei uma carreira futura na medicina em troca de viver como o meu pastor vivia. Só pensava fixamente em uma coisa: EU QUERIA SERVIR A JESUS PASTOREANDO SUAS OVELHAS, ou seja, visitá-las, acompanha-las em suas dificuldades, orarcom elas e por elas, ajudá-las em seu crescimento espiritual ministrando através dos Sacramen- tos e do ensino da Bíblia. Depois de 26 anos de pastorado eu gostaria muito de ter sabido que, independentemente de denominação, a estrutura institucional eclesiástica com suas cúpulas de Delvacyr Costa Se eu soubesse... 48 poderes, quer sejam episcopais, federativas ou congrega- cionais, são tão movidas pelas políticas e interesses pes- soais como assim o era na igreja cristã romana medieval. Tal conhecimento me teria poupado o tempo perdido e muito desgaste no engajamento em relação a cargos de liderança de minha denominação, sendo que depois de todo esse tempo pude perceber que vale muito mais a pena investir tempo e energia no crescimento e transformações de vidas na igreja local do que o contrário. Seria tão me- nos complexo também saber que a DESUNIÃO é uma forte característica do cristianismo contemporâneo. E que diante das demandas de uma sociedade descomprometida com os valores do Reino, a falta de união das igrejas (da mesma denominação como também de outras) é uma das principais barreiras para o avanço do Evangelho nos dias de hoje. A desunião é fruto da inveja de alguns, como também das diferentes interpretações bíblicas que redun- dam em diferenças doutrinárias que falam mais alto do que o objetivo maior que seria unir a todos, a saber, a cruz e o Senhorio de Jesus. É dificultoso fazer a obra de Deus, através do evangelho, sendo que simultaneamente temos que combater constantemente as investidas doutrinárias a respeito de questões que deveriam ser secundárias como: maneiras de batismo, conceituação e prática do batismo no Espírito Santo e dom de língua estranha e coisas do gênero. Ou seja, perde-se muito tempo discutindo apolo- geticamente doutrinas denominacionais ao invés de unir- mos forças para uma grande obra interdenominacional no local onde nos encontramos. Ninguém me falou que seria assim, que eu teria de lutar não somente contra os valores de uma sociedade corrompida que jaz no maligno, mas que ao mesmo tempo teria de batalhar contra irmãos de outras denominações evangélicas que efetuam ataques gratuitos com a finalidade de desacreditar meu trabalho e Delvacyr Costa Se eu soubesse... 49 igreja a fim de arrebanhar membros onde atuo. Penso que o motivo é por conta da facilidade e comodismo, sendo que retirar pessoas de outras igrejas evangélicas é bem menos trabalhoso do que investir tempo e esforço em evangelizar para ganhar almas para o Reino de Deus. Sergio Frazão Igreja Presbiteriana Independente 26 anos de pastorado Delvacyr Costa Se eu soubesse... 50 MENOS LEGALISTA E MAIS MISERICORDIOSO Estou completando 30 anos de ministério pastoral, erros e acertos fazem parte de minha caminhada ministeri- al. Fazendo uma retrospectiva, tenho a plena convicção de estar no lugar certo e não me vejo fazendo outra coisa senão cumprindo meu chamado e vocação. Não posso dizer que não me arrependo de nada, pelo contrário me arrependo de muita coisa que poderia ter sido diferente, porém a graça e a misericórdia de Deus me mantiveram até aqui. Confesso que não posso dizer que não sabia o que me esperava no ministério. Pelo contrário, mesmo muito jovem sabia das exigências não apenas do que as pessoas esperavam de mim, mas as exigências próprias da voca- ção, posso dizer que entrei sabendo do que me esperava. O que eu faria diferente? Ah, certamente seria me- nos legalista e mais misericordioso, posso afirmar que nesse quesito a graça de Deus me alcançou me colocando no convívio com colegas que pensavam diferente, de ida- des diferentes, formação diferente, culturas diferentes, meu grupo de renovo, pessoas que se tornaram amigos mais chegados que irmãos e me ajudaram e muito, logo no começo a corrigir a rota e a reconhecer que sou humano e carecia e careço de misericórdia. Portanto por essa razão Delvacyr Costa Se eu soubesse... 51 precisaria ser misericordioso pois só os misericordiosos alcançam misericórdia. Ah, certamente seria menos perfeccionista e mais amoroso, e nesse quesito Deus uma vez mais me agraciou dando-me uma esposa que me perdoou e perdoa até hoje, que me amou incondicionalmente para estar comigo em todas as batalhas da vida, hoje sou menos perfeccionista e mais humano. Ah, certamente me decepcionaria menos com as pessoas. Aprendi, ao longo dos anos, a sempre manter uma expectativa realista em relação a pessoas. No começo de meu ministério esperava uma resposta maior das pes- soas. Hoje aprendi que são tão humanas quanto eu mesmo e que minhas expectativas precisam ser moderadas quan- do se trata de gente. Mas há muitas coisas gratificantes que compensam todas as decepções e frustrações. Ver meus filhos firmes no Senhor e amando a Igreja é uma delas. Ter formado discípulos no ministério pastoral é outra alegria. O minis- tério pastoral é tão solitário pela força da própria vocação, mas posso dizer que tenho amigos mais chegados que irmãos, são poucos, cabem na conta dos dedos de uma mão, porém pessoas que se tornaram família. Fui escolhido, mas se eu pudesse escolher escolheria ser pastor! Eliézer Correa de Souza Batista Independente 30 anos de ministério Delvacyr Costa Se eu soubesse... 52 AMOR E SOFRIMENTO Durante o decorrer do ministério aprendi duas coisas importantes: Amar e sofrer são duas coisas diferentes, mas fazem parte da vida do pastor. Isto eu não sabia. Na segunda carta de Paulo aos Coríntios 4.7-12, ele traz uma cosmovisão da realidade do sofrimento no minis- tério. Paulo descreve o ministério dele em termos de ser aflito, perplexo, perseguido e derrubado. Mas ainda assim Paulo também deixa claro que Deus não somente faz to- das as coisas cooperam para o seu bem, como também para o bem das pessoas que ele servia (2 Coríntios 1.7). Normalmente, nós não pensamos no ministério des- sa forma. Nós romantizamos o papel, vendo-nos numa sala ou atrás de um púlpito, com música suave tocando e palavras eloquentes gotejando de nossos lábios. Portanto, eu imaginava que o ministério pastoral era um mar de rosa, mas não sabia que as rosas tinham espinhos e muitas vezes somos feridos por elas. Em algum lugar pelo caminho, eu comecei a ver is- so mais claramente e a compreender que, se eu quisesse a experiência do poder da ressurreição dele, eu teria que participar dos sofrimentos dele (Filipenses 3.10). Eu não consigo voltar no tempo, mas posso lhe dizer e você pode aprender que amor e sofrimento fazem parte da vida de um pastor. Espero que isso ajude você a ver o Delvacyr Costa Se eu soubesse... 53 ministério mais sobriamente. E o mais importante: Jesus não desiste de você! Elias Ribas Assembleia de Deus 30 anos de ministério Delvacyr Costa Se eu soubesse... 54 FORMAÇÃO DE LÍDERES Se eu soubesse e conhecesse uma estratégia de con- quista de almas para Cristo, eu faria diferente. Teria inves- tido mais no processo de formação de líderes, para, atra- vés dos líderes, alcançar as pessoas que não conhecem o Evangelho. Investi em Igrejas, me desgastei, alcancei municí- pios não alcançados, construí templos e casa pastoral. Na minha saída foram vendidos os templos até para bares, casas de jogos etc. "Perdi tempo, dinheiro, saúde, explorei minha família, para investir em algo que não funcionou”. Quando cheguei e assumi o pastorado de uma Igreja, planejei 20 anos, dividi em três fases e satisfatoriamente atingi meu alvo e fui para outra Igreja que precisava cres- cer. Estava errado: Não poderia pensar em sair de onde estava, planejei 20 anos, teria que ter planejado ficar até morrer e deixar a Igrejapara um líder que nasceu ali, ou um filho, se não biológico, um filho na fé. Natalino Morais Igreja Cristã 42 anos de pastorado Delvacyr Costa Se eu soubesse... 55 PRUDÊNCIA Gostaria de ter tido mais prudência. Não faria as coisas tão fáceis com precipitação, sim com mais cuidado e zelo. Darci Correa de Souza Batista Independente 40 anos de pastorado. Delvacyr Costa Se eu soubesse... 56 MULHER SÁBIA, TESOURO DE DEUS Se eu soubesse antes – ou se tivesse, antecipada- mente, tomado melhor consciência - claro, teria feito dife- rente. Trabalhando no Evangelho por mais de 50 anos, ti- ve, graças a Deus, e por sua Bondade, muitos acertos. Acho! Mas fora de qualquer dúvida, cometi incontáveis erros. Alguns, certamente, diríamos, leves. Outros, porém deixaram dolorosas marcas. Sobre quais escreveria? Bem, vou, aqui, narrar dois. Uma coisa que me causou bastante amargura foi o fato de muitas vezes encontrar portas abertas - pessoas dispostas a receber o Evangelho, as quais, inicialmente, eu visitava com frequência, até mais de uma vez por semana, abrindo-lhes cada vez mais a porta da Palavra, elas sempre recebendo com prazer e, até com entusiasmo, a Palavra, mas nunca tomavam uma decisão. Então, passadas sema- nas, ou meses, eu as deixava de lado. Algum tempo de- pois, um mês, mais ou menos, eu lá voltava, para fazer uma verificação e, qual a surpresa? Na minha ausência... outro lavrador chegara e, achando o fruto madurinho, pronto para ser colhido, o levava em seu cesto. Claro! Meu trabalho não foi vão. Tive parte saliente naquela co- lheita, foi frutificar noutro pomar. Me conformo pensando que "Paulo plantou" e "Deus deu o crescimento". Mas Delvacyr Costa Se eu soubesse... 57 constatar que "Apolo colheu", não deixa de trazer certa frustração. “Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás. Reparte com sete, e ainda até com oito; porque não sabes que mal haverá sobre a terra. Es- tando as nuvens cheias de chuva, derramam-na sobre a terra. Caindo a árvore para o sul, ou para o norte, no lugar em que a árvore cair, ali ficará. Quem observa o vento, não semeará, e o que atenta para as nuvens não segará. Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da que está grávida, assim também não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas. Pela manhã semeia a tua semente, e à tarde não retenhas a tua mão; pois tu não sabes qual das duas pros- perará, se esta, se aquela, ou se ambas serão, igualmente boas” (Eclesiastes 11. 1-6). Outra coisa: Eu precisaria perceber melhor as coisas relacionadas à área financeira. Tive uma esposa maravi- lhosa. Entre suas virtudes estava a de ser muito comedida e judiciosa, inclusive nas questões financeiras. Fui criado muito machista e entendia que o homem é quem, exclusi- vamente, devia administrar tudo. Ainda acho que a res- ponsabilidade última seja do marido, mas que seja prece- dido de mais compartilhamento. No meu caso, teria sido bênção sem medida ouvir e atender as ponderações de minha esposa. Nossas despesas sempre iam bem à frente das receitas. Se tivesse entregue para ela gerir a coisa, meu salário mostrar-se-ia multiplicado e passaríamos me- nos dificuldades. Ajudaríamos mais pessoas e teríamos conseguido bem mais cedo nossa casa e nosso automóvel e daríamos melhores condições a nossos filhos, inclusive melhores estudos. Existem, claro, mulheres perdulárias que podem levar um homem à bancarrota total. Delvacyr Costa Se eu soubesse... 58 Eu tive a bênção de alcançar uma mulher sábia, mas fui bastante tolo e cego para não enxergar o tesouro que o Senhor me pôs ao lado. Lamento e muito, não só o que deixei de alcançar, mas, principalmente, o que ela não desfrutou. Alvacyr Costa Batista Conservadora 59 anos de pastorado Delvacyr Costa Se eu soubesse... 59 DISCIPULADO PROGRAMADO Iniciei o meu ministério fazendo cultos de ar-livre nas ruas ou em frente de algumas casas à noite. Só após seis meses, consegui fazer seis bancos rústicos e realizar o primeiro culto na sala da minha residência, que até então, só tinha um móvel, a cama. Neste primeiro culto, em local fixo, já contava com uns dez convertidos firmes. E, três meses depois, (nove meses da chegada ao campo), alugamos um salãozinho com recursos próprios. Entretanto, se na época eu tivesse sabido, teria inici- ado o trabalho com discipulado programado, II Tim 2.2. Hoje tenho um curso de discipulado programado com 23 lições. O qual recomendo para início de plantação de igrejas. José Félix de Oliveira Batista Independente 54 anos de ministério Delvacyr Costa Se eu soubesse... 60 QUESTÕES QUE ENFRENTEI Ser pastor é uma posição nobre e gratificante quan- do a pessoa tem certeza de seu chamado e vocação. Caso contrário, estar em um lugar que não é o centro da vontade de Deus para nós é, no mínimo, complicado e perda de tempo. Desde cedo entendi isso e está convicção tem me ajudado durante os anos do ministério. Mas gostaria de ter sido avisado, ou orientado atra- vés de mentores, sobre algumas questões que enfrentei durante a lida pastoral. Resumo aqui algumas: 1. Pedir favores – Gostaria de ter mais tato e cuidado no início do meu ministério e não ter pedido alguns favo- res para algumas ovelhas. Fiz isso e em alguns casos foi tudo muito bem e a pessoa me atendeu o solicitado. Mas na maioria, a pessoa atendeu de má vontade e ain- da fui exposto perante a igreja, pois muitos ficaram sa- bendo de minha necessidade e se perguntaram porque o pastor não resolveu tal coisa sozinho? Penso que o ide- al é ter alguns amigos e parentes, de preferência de fora de sua igreja local e pedir para estes o que precisa. As- sim não haverá exposição e nem melindres. 2. Pregação não é aula – Por causa do meu dom de mestre e da minha posição de professor de seminário e EBD, minha preocupação sempre foi a de ensinar a Palavra de Deus de forma que as pessoas possam entender e colocar em prática no seu dia a dia. Isto é muito bom e Delvacyr Costa Se eu soubesse... 61 essencial para a igreja. Mas no momento da pregação, quando se enfatiza um sermão como se fosse uma aula, com muitos detalhes, informações históricas e detalhes do grego e hebraico, a igreja perde o interesse. E se isto for uma constante, haverá um desinteresse das ovelhas, a ponto de preferirem outro pregador. Isto aconteceu comigo e quando percebi já tinha perdido alguns ir- mãos para outras congregações. Aprendi que a igreja precisa ser edificada na Palavra, mas a pregação é para falar ao coração do crente, através da unção do Espírito Santo. A mensagem deve conter uma boa base bíblica e histórica, mas não pode haver exagero e muita ênfase. 3. Não delegar tudo de uma vez – Aprendi que existem muitos irmãos solícitos e voluntários que querem aju- dar a fazer a obra de Deus. Alguns não conseguem fi- car parados muito tempo e logo estão conversando com o pastor para saber o que poderiam fazer, qual ministé- rio poderiam entrar. Isto é maravilhoso. A igreja preci- sa disso. Mas o pastor não pode se empolgar e já dele- gar um monte de tarefas para as pessoas de uma vez. Eu já fiz isso e me dei muito mal. Deleguei responsabi- lidades inteiras para pessoas de uma vez, esperando que elas fizessem e tivessem o mesmo senso de urgên- cia do que eu para realizar as tarefas na casa de Deus. Mas me decepcionei quando o retorno foi o silêncio, esquecimento e atrasos. E, quando perguntava, sobre a tarefa dada, ainda ouvia que estava cobrando e pressio- nando demais. Então aprendi que o ideal é dar uma ta- refa por vez. Se a pessoa realizarbem, aumentar para mais uma. E pouco a pouco delegar responsabilidades. Se negligenciarmos este princípio acabaremos sozinhos e teremos o retrabalho, isto é, teremos que fazer tudo de novo. Delvacyr Costa Se eu soubesse... 62 4. Elogiar no público e corrigir no particular – Já me dei muito mal ao fazer o contrário. Ouvi de um professor no seminário que a igreja precisa ter disciplina e é pre- ciso corrigir para dar o exemplo. Então cheio de “auto- ridade” fui corrigir um irmão na frente de outros ir- mãos da igreja. O tal irmão ouviu minha repreensão e ficou calado. Após isso ficou tempos sem vir à igreja. Depois tive que sentar com ele no gabinete e conversar sobre o ocorrido. Nos perdoamos e ele ainda voltou a congregar na igreja, mas nunca mais foi o mesmo, não se dispunha mais para as tarefas como fazia antes. Per- di a confiança dele para sempre. Então entendi que de- vo elogiar em público, reconhecendo o trabalho que os voluntários façam. Isto costumo fazer constantemente e regularmente, para que se sintam reconhecidos e ama- dos pelo seu pastor. E quando preciso corrigir, espero o melhor momento, sento e converso no particular com a pessoa. O resultado tem sido gratificante. 5. Brincadeiras – O pastor deve tomar muito cuidado com as brincadeiras. Apesar de podermos ser alegres e des- contraídos, isso não é bem visto para a figura do pastor, pois a palavra que o pastor fala tem um peso enorme. E quando o pastor fala e deixa algo em duplo sentido, no ar, ou o que ele falou não foi bem entendido, pronto. É um prato cheio para Satanás encher os corações dos irmãos com dúvidas e confusão, para que o relaciona- mento seja cortado ou que um clima de insatisfação venha ocorrer. Cuidado com piadas no púlpito e refe- rências de duplo sentido. Todo cuidado é pouco. Certa vez estava em um ensaio do coral da igreja e brinquei com um amado irmão, dizendo que ele tinha desafina- do muito porque tinha um “espírito de desafinação”. Ele sorriu amarelo e continuamos a conversar. Na se- mana seguinte não voltou mais ao ensaio e desapareceu Delvacyr Costa Se eu soubesse... 63 da igreja. Após algum tempo fui visita-lo em sua casa e depois de muita insistência ele me contou que tinha fi- cado chateado com minha brincadeira e nunca esperava que iria ouvir aquilo de um pastor, mesmo que fosse de brincadeira. Então entendi que devo evitar o máximo possível as brincadeiras, me reservando a fazer com os amigos mais próximos, família e ovelhas muito madu- ras. Fora isso, é melhor não fazer brincadeiras. 6. Cargos – À medida que o pastor vai trabalhando e edi- ficando a igreja conforme a visão que o Senhor lhe dá, surge a necessidade de estabelecer obreiros, pessoas para ajudar. Diáconos, Evangelistas, Presbíteros e até mesmo separar candidatos ao pastorado para enviar pa- ra o seminário teológico. Mas esta é uma tarefa que de- ve ser feita com muita calma, paciência e sem afoba- ção. O ideal é não ordenar ninguém a cargo nenhum nos primeiros 3 anos de pastorado na igreja. Existe um velho ditado que diz: “Para conhecer o caráter de al- guém, basta lhe dar poder”. Algumas vezes fui surpre- endido com a vida de irmãos que, após serem ordena- dos por mim em algum cargo ou função, se mostraram arrogantes, orgulhosos e querendo tomar decisões fora de seu alcance. Desde então tenho seguido à risca o conselho de Paulo a Timóteo: “A ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios; conserva-te a ti mesmo puro” – I Timóteo 5:22 Leandro Silva Igreja Batista Filadélfia 20 anos de ministério Delvacyr Costa Se eu soubesse... 64 INSTITUIÇÃO VALORIZA RESULTADOS E NÃO PESSOAS O que eu gostaria de ter sabido no início do meu Ministério? Que a instituição só te valoriza pelos resultados que você pode oferecer, que você só tem valor para a institui- ção através dos resultados, metas alcançadas, crescimento financeiros, logística do trabalho e, principalmente, se você cumpre com as normas estabelecidas. Gostaria de ter sido orientado a respeito da falta de apoio da liderança, sabendo que mesmo que eu esteja passando por dificulda- des financeiras e não tendo dinheiro para manter minha família, as taxas exigidas pela instituição sempre estarão acima do meu chamado ou trabalho realizado dentro da comunidade, e o auxílio psicológico, e o afeto, jamais terei da minha liderança. Jamais o trabalho que realizei na comunidade como crescimento, desenvolvimento, vidas transformadas e batizadas, mensagens ministradas e o bom nome de Jesus, estará acima do que a instituição vê e exige, e se porventura perder minha família diante das dificuldades devido ao chamado, tudo que eu fiz não será valorizado pela instituição, pois serei lançado fora e outro pastor assumirá o meu lugar, pois o que importa para a instituição é o que eu posso oferecer. Resumo: a institui- ção não valoriza a pessoa do pastor e sim os resultados. Ezequiel Vidal Igreja Tabernáculo da Fé 20 anos de ministério Delvacyr Costa Se eu soubesse... 65 DRAMAS PESSOAIS Quando se termina uma Faculdade de Teologia ou um curso de Teologia, já se está ultrapassado porque o conhecimento está sempre em evolução e a gente continua aprendendo. E eu acho que estou aprendendo. E mesmo que a gente estude e faça um curso de teologia, isso não quer dizer que você está pronto para trabalhar e ser o me- lhor pastor. Com base nisso, o que eu gostaria de ter sabi- do, no início do meu ministério e que teria feito diferença, seria como tratar os diversos dramas pessoais, os pro- blemas que acontecem no dia-a-dia. Eu acho que esses dramas são as experiências que ainda acontecem, mesmo depois de tanto tempo no ministério. E o grande problema, para mim, são as pessoas tóxicas. Como se prevenir, como atendê-las, como tratar e resolver os problemas das pesso- as que chegam a você precisando de ajuda em sua toxida- de. Precisamos aprender a nos defendermos de pessoas tóxicas e não nos tornarmos vítimas desses predadores que estão dentro das igrejas. Jacó Barros Nunes Igreja Evangélica Betânia 30 anos de ministério Delvacyr Costa Se eu soubesse... 66 IGREJAS SÃO TODAS IGUAIS Se eu soubesse, no começo de meu ministério, que as igrejas são todas iguais e que os problemas nelas são iguais aos das outras e que só mudam rostos e nomes, cer- tamente lutaria mais para permanecer na mesma igreja por um tempo maior. O pensamento de trocar de igreja pen- sando que a outra será melhor parece dominar muitos pas- tores. Aílton Pereira Igreja Batista 15 anos de pastorado. Delvacyr Costa Se eu soubesse... 67 GRITO POR SOCORRO A meu ver seriam várias coisas; entre elas podemos citar a falta de companheirismo no meio denominacional, o que se estende aos Conselho de Pastores das cidades, politicagem nas cúpulas, a solidão no ministério, pois não se pode confiar nem em colegas que estudaram juntos e vivenciam as mesmas situações e a questão financeira, pois nem todos os pastores tem o privilégio de pastorear igrejas grandes. Mas serei especifico quanto ao meu ministério, e do que eu gostaria de ter sido informado no início, é que você e família não seriam cuidados. Sim, já passei por algumas denominações e nenhuma deles teve cuidado com a minha pessoa. Nunca nenhum presidente ou líder maior, ou qual- quer outro em escala superior a mim, se preocupou em nos perguntar como estávamos, seja na vida espiritual, financeira, familiar ou se tínhamos alguns sonhos. Desde o início tenho contado somente com a graça de Deus e com poucos anjos que cruzaram meu caminho, sem falar da esposa e filhos que sempre foram cobrados, mas nunca ouvidos ou atendidos.Hoje, vemos uma infinidade de colegas que estão ti- rando suas próprias vidas, e muitas pessoas nas igrejas se perguntando, como pode um pastor fazer tal coisa. Mas ninguém sabe o que esses estavam passando, e passarão no decorrer de seus ministérios. Infelizmente as denomi- nações (instituições religiosas), não se preocupam com Delvacyr Costa Se eu soubesse... 68 seus obreiros, só cobram resultados, seja financeiro ou números de membros arrolados. Creio que há enorme grito por SOCORRO, que não tem sido observado no meio eclesiástico. Eu louvo ao Senhor porque estou prestes a jubilar, mas creio que preci- samos fazer algo em favor dos que estão iniciando seus ministérios, para evitarmos muitos sofrimentos. Eduardo Tavares Igreja Presbiteriana Independente 35 anos de ministério Delvacyr Costa Se eu soubesse... 69 TER UM MENTOR Tentarei responder ao questionamento desta obra com o conselho de Paulo a Timóteo: “Guarda o bom de- pósito pelo Espírito Santo que habita em nós” (2 Tm 1.14). Creio que a síntese teológica deste texto engloba tudo o que um iniciante no Ministério deve saber e obser- var a fim de que o seu trabalho atinja o seu objetivo e dê- lhe a satisfação que Deus deseja. Primeiro, gostaria de ter sabido que um ministério eficiente depende do depósito da Palavra de Deus na vida do ministro. Apesar de ter sido convertido desde minha adolescência, tenho de admitir que este depósito da Pala- vra foi escasso. Vivendo na lavoura, longe dos centros que possibilitavam um contato mais intenso com a igreja, com seus cultos doutrinários, informativos e formativos quanto à cultura bíblica e vivência cristã, este conhecimento bí- blico foi deficitário. Não credito isto aos meus pastores, que sempre foram pessoas piedosas, mas aos poucos con- tatos com eles, agravados pelo fato de descender de uma família pouco religiosa. A vida no seminário, por mais significativa que tenha sido, não superou totalmente esta carência. Se fosse para recomeçar hoje, queria ter um co- nhecimento mais sólido da Bíblia, pois isto teria feito grande diferença. Segundo, entendo também que, além daquilo que abordamos anteriormente, gostaria de ter recebido mais informações acerca das pessoas. Teria estudado um pouco Delvacyr Costa Se eu soubesse... 70 mais de sociologia e psicologia para entender melhor as pessoas. O ministério é interação, é olho no olho, é “tête- à-tête”, é reciprocidade. A obra de Deus é tratamento pas- tor-ovelha e isso exige empatia. Faltando estas habilida- des, a coisa não flui como deveria. Neste particular, faria hoje tudo diferente. Penso que nossas instituições de ensi- no voltadas ao ministério deveriam dar mais ênfase às qualificações do pastor como psicólogo e sociólogo. E creio também que o apóstolo Paulo ao aconselhar Timóteo a “guardar o bom depósito”, ele o estava mandando-o en- trar no mundo particular de cada indivíduo, sabendo dife- renciá-los enquanto pessoas e quanto às suas carências. Hoje eu só entraria para o ministério depois de conhecer melhor as pessoas a fim de melhor poder trata-las. Erros neste particular são danosos ao ministro, e estamos sujei- tos a isso. Um bom tratamento às pessoas faz a diferença no ministério. Terceiro, à luz do que foi dito acima e em coerência a isto, eu gostaria de ter sido informado de que não é mui- to bom se entrar muito jovem para o ministério. Apesar de alguns exemplos bíblicos de pessoas que Deus chamou quando criança, não vejo nisso uma regra. O ministério é coisa para gente madura – lógico que maturidade nada tem a ver com idade, mas também com ela. O ministério é coisa muito séria, exige muita idoneidade, muita sabedo- ria, muita paciência e muito amor. Algumas destas quali- dades se aprende nos seminários, outras no “front” e no andar da vida. A falta de maturidade pode destruir pessoas – ovelhas ou até mesmo o próprio pastor. O pastor traba- lha com pessoas complexas e isto exige dele muito tino para não as ferir irreparavelmente. Estou lembrando que Davi, ao morrer, mandou Salomão, seu filho “ser homem” (1 Rs 2.2). Entendo que esta exigência de Davi seja válida também ao ministro do Evangelho. O ministério requer Delvacyr Costa Se eu soubesse... 71 “homens” na acepção do termo. Pessoas muito jovens agem pela impulsividade, mas o ministério exige pondera- ção. Justiça, equidade, imparcialidade são coisas de cará- ter que tem a ver também com o tempo. Quarto, ainda de acordo com o apóstolo Paulo, se eu entrasse hoje para o ministério, gostaria de saber, anteci- padamente, que é dever do ministro cuidar muito bem de si mesmo. Portanto, eu cuidaria melhor de mim e de mi- nha família. Sou de uma geração que priorizava a igreja em detrimento da família pastoral. Hoje isso mudou, gra- ças a Deus, mas na minha geração era diferente. Éramos ensinados que em primeiro lugar estava a obra de Deus, depois nós. Isto envolvia saúde, recursos, esposa e filhos. Resultado: não fazíamos bem nem uma, nem outra coisa. Geralmente havia frustrações, famílias desajustadas, re- voltadas e, em casos piores, filhos que ao alcançarem sua independência, abandonavam a igreja, pois viam nela uma castradora de sonhos. E pior, raramente um filho de pastor queria seguir o ministério, pois não queria ter a mesma falta de sorte de seus pais. Entendo que, quando Paulo ordena a Timóteo guardar o bom depósito, ele entendia que este depósito dizia respeito a cuidar, primeiramente dele, depois da doutrina. Não sou frustrado quanto à mi- nha família, louvo a Deus pela minha esposa e filhas, mas nem todos os meus colegas, da minha geração, tiveram a mesma sorte. Apesar disso, faria hoje tudo diferente. Quinto, e para finalizar, se eu entrasse hoje para o ministério, teria ficado muito feliz se alguém houvesse me informado de que eu deveria ter um mentor. Então eu teria corrido atrás de um até acha-lo, mesmo que isso fos- se difícil. Não viveria sozinho no ministério. Gritaria por mais amigos. Teria coragem de contar ao meu mentor os meus sonhos, as minhas vitórias e as minhas frustrações. Delvacyr Costa Se eu soubesse... 72 Deixaria de lado a prepotência de um “superpastor”, de um vencedor em todas as coisas. Noutras palavras, procu- raria sempre ser pastoreado por alguém a quem pudesse sempre prestar contas, com quem pudesse me confessar, alguém que orasse por mim a fim de que melhor eu pu- desse ter mentoreado a igreja. E mais, faria isso com ur- gência a fim de que minha ansiedade não fosse se acumu- lando a ponto de não haver mais solução, pondo tudo a perder. A falta de um pastor gera ovelhas aflitas, desorien- tadas, maltratadas. Se eu começasse tudo hoje novamente, eu quereria que o meu mundo físico (o eu), emocional e espiritual sempre estivesse mais em ordem. Mas, em meu tempo, ensinava-se que isto era coisas de fracos; hoje en- tendo que isso é coisa dos fortes. Portanto, não viveria isolado, mas rodeado de mentores para me auxiliarem. Louvo a Deus pela nova geração de obreiros que põe as coisas em sua perspectiva correta; não que a minha não fosse assim, mas pela observação de que as coisas andam para melhor. E assim deve ser. O contrário seria retroces- so. Hoje, aos 73 anos, luto para me encaixar nesta nova geração que a exemplo da minha, prioriza, sim, a obra de Deus, mas na perspectiva de que um bom ministério deve ser exercido por alguém que está bem consigo, com sua família, com a igreja e, especialmente, com Deus. Ah, como hoje eu faria tudo diferente. Isso não é um desabafo, é uma constatação que pode fazer bem à sua alma de pas- tor (a). Apesar dos erros, fáceis de serem constatados, faria hoje algo diferente, pois os erros são os alicerces que nos permitem fazer as coisas de forma melhor. José Rodrigues Machado
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