Prévia do material em texto
- -1 EXPRESSÃO GRÁFICA CAPÍTULO 1 - COMO PODEMOS IDENTIFICAR E REPRESENTAR AS NOSSAS IDEIAS ESTABELECENDO COMUNICAÇÃO? Liara Mucio de Mattos - -2 Introdução Será o desenho uma forma de comunicação? É possível transmitir nossas ideais por meio de imagens para que as pessoas ao nosso redor, como colegas de trabalho, o marceneiro, o engenheiro, o chefe do departamento no qual trabalhamos, entre outros, possam compreendê-las? De que forma podemos fazer isso? Essas e outras perguntas nortearão este capítulo a respeito da identificação e representação de ideias. De fato, as imagens que o homem produz são uma forma de comunicação entre a espécie. Assim, começaremos discutindo um pouco a respeito do que é comunicação, de que forma o ser humano pode utilizar imagens para se comunicar, transmitir ideias, opiniões e exprimir seus sentimentos. Em seguida falaremos sobre o que é percepção visual e qual a influência de um ramo da Psicologia, chamado , sobre o modo comoGestalt interpretamos imagens. Vamos aprender também como organizar cada elemento de uma ilustração dentro do nosso espaço de trabalho, que é a folha de papel, para produzirmos ilustrações, desenhos técnicos e outros tipos de imagens que sejam efetivamente informativas. A seguir, trataremos sobre os meios que dispomos para representar profundidade e formas tridimensionais de sólidos diversos, a fim de que possam prontamente ser identificados pelo observador, sem que sejam necessárias extensas explicações por parte do desenhista ou projetista. Essas são as denominadas perspectivas, que tanto nos auxiliam no cotidiano. Acompanhe a leitura e bons estudos. 1.1 Olhar inicial As imagens são importantes meios de comunicação, sendo portadoras da mensagem que se deseja transmitir. Elas são “ essenciais à consolidação da identidade visual de um projeto”, de acordo com Ambrose (2012, p. 93). Isso porque, sendo comunicadoras, carregam o denominado código da mensagem a ser transmitida, sobre o qual aprenderemos mais adiante, quando tratarmos sobre comunicação e expressão. Além do que podemos considerar que as imagens são responsáveis pela transmissão da dramaticidade de um tópico jornalístico e por sintetizar e reafirmar conteúdos e argumentos apresentados em textos formativos, didáticos. Em última análise, as figuras em um texto podem também fornecer uma quebra visual para um grande bloco de texto, ou mesmo um espaço vazio, de acordo com Ambrose (2012). A eficácia das imagens como linguagem (ou código, nos termos de comunicação) está na rapidez e praticidade ao transmitir uma ideia, sentimento ou instrução técnica de forma objetiva e organizada, ao mesmo tempo que detalhada. Existem outras formas de comunicação e expressão, como a música, anúncios sonoros e até mesmo olfativos, como os que são encontrados em catálogos de cosméticos com fragrâncias, para que o consumidor se sinta instigado a comprar determinado perfume. Em nossa cultura o sentido da visão é bastante valorizado, por isso, os meios que se utilizam da imagem, podem cativar mais rapidamente o futuro usuário. Imagine que você está em um supermercado comprando biscoitos, qual chamará primeiro a sua atenção? Aquele cuja embalagem comunicar a maior impressão de um alimento saboroso, correto? Ou seja, você estará sendo cativado antes mesmo de provar o sabor do biscoito ou sentir o seu aroma. A seguir, trataremos com mais detalhes as relações existentes entre informação, conhecimento e expressão. Acompanhe conosco. 1.1.1 Comunicação e expressão Comunicar ideias, pensamentos e expressar sentimentos é imprescindível para toda sociedade humana. Esta é a essência do trabalho do desenhista. O processo de comunicação envolve, basicamente, um emissor, uma mensagem a ser transmitida, o meio pelo qual ela é transmitida e um receptor. Existem diversos meios e formas de comunicação, as mais comuns e utilizadas atualmente são a internet (especialmente com a difusão dos ) a televisão, o rádio e ainda os meios impressos, como livros e revistas. O foco de nosso estudo ésmartphones - -3 ) a televisão, o rádio e ainda os meios impressos, como livros e revistas. O foco de nosso estudo ésmartphones um dos meios pelo qual a mensagem é transmitida, no caso a ( , propagandas em redes sociais, web sites ), os impressos (jornais, revistas, panfletos, ), murais pintados à mão, dentre outros meiosvideogames outdoors pelos quais uma imagem pode ser comunicada para expressar determinada informação, inclusive o próprio corpo humano, como no caso de tatuagens. A comunicação humana, que inclui a comunicação gráfica, por meio de imagens, segundo Penteado (2012), é a resposta a um estímulo interno ou externo, seja uma reação a um acontecimento do cotidiano ou mesmo a um que nos é entregue, ou seja, a um resumo dos requisitos previamente estabelecidos para a produção debriefing um trabalho. Tal resposta gera, na mente do emissor, uma ideia ou uma imagem, com seu símbolo representativo, que ele conhece por experiência anterior, ou seja, o nome dessa imagem gerada. É o sentimento resultante dessa experiência que, ao ser expresso, completa o processo da comunicação humana. Assim, um estímulo transmitido pelo emissor é captado pelo receptor e gera uma associação de símbolos. Estes, por sua vez são interpretados pelo receptor como ideia ou imagem. Recorrendo a experiências anteriores, as ideias ou imagens são identificadas por meio de um nome que, dessa forma, expressa um sentimento. Figura 1 - Resumo esquemático do processo da comunicação humana. Fonte: Elaborado pela autora, baseado em PENTEADO, 2012. O receptor inicia o processo comunicativo tendo a sua atenção despertada por estímulos externos, tais como sons, imagens, toque, mudanças de temperatura. No entanto, depois que o emissor exprime sua mensagem, é necessária a atenção do receptor para que esta etapa do processo de comunicação humana prossiga. A atenção do receptor é uma resposta despertada pelo estímulo presente no meio. Assim que os estímulos externos atingem órgãos receptivos do corpo humano, tais como olhos e ouvidos, são conduzidos a regiões específicas do cérebro e, assim, iniciam um novo processo de estímulo-resposta, adquirindo significado. Assim, não é considerado comunicação se uma pessoa fala e ninguém a compreende ou sequer a ouve. Se um indivíduo fala e ninguém ouve, o processo da comunicação não se completou, pois manteve-se no primeiro estágio, existindo apenas uma expressão unilateral. Penteado (2012) utiliza a alegoria do farol para ilustrar este fenômeno. Um farol aceso nas escarpas de um litoral isolado não comunica mensagem alguma se nenhum tripulante de navio puder ver seu facho de luz estendendo-se pelo oceano. Esse facho de luz é denominado “comunicação unilateral”, pois falta à expressão o essencial, ou seja, falta que a mensagem transmitida seja decifrada, o que pressupõe sempre dois elementos: o transmissor e o receptor. O processo de linguagem é constituído por seis elementos básicos e é a dinâmica desses elementos, seu fluxo sempre constante e sua movimentação coerente, que permitem a troca de ideias e constituem o circuito da comunicação humana (PENTEADO, 2012). Sintetizando os processos elementares da comunicação, vamos listá-los e descrevê-los brevemente a seguir. Clique para acompanhar. • Emissor Responsável por criar e transmitir a mensagem com a maior clareza e coerência possíveis. No caso do design, é preferível levar em conta para quem a mensagem será destinada, ou seja, quem será o receptor, o público-alvo. • Receptor • • - -4 Receptor Aquele que recebe a mensagem transmitida pelo emissor. • Mensagem Aquilo que será transmitido, tema central do que se quer exprimir. • Meio Alguns autores o denominam “canal”, é a forma como a mensagem será transmitida: ilustrações impressas, texto via publicidade em redes sociais, música, notícias via podcastetc. • Referente Também chamado de Contexto, diz respeito ao ambiente em que a mensagem é transmitida. Pode ser interpretado como aquilo a que se refere a mensagem. O designer precisa estar atento ao entorno sociocultural, modismos, contexto político e econômico para que a mensagem não seja o farol ilustrado por Penteado (2012). • Código A linguagem utilizada para a transmissão da mensagem. Uma área de estudo que utiliza esses conceitos, que podem vir a ser úteis para o design gráfico, é a Semiótica, que tem raízes na Linguística, no estudo da percepção e na Filosofia. Ela foi criada por Charles Sanders Pierce e estudas os signos (no sentido de sinais, significados) presentes na linguagem e na comunicação humana. A verdade é que o não precisa necessariamente saber desenhar com a perfeição técnica edesigner máxima aproximação ao objeto real, mas sim, saber representar claramente e se comunicar por meio das técnicas apreendendo aquilo que deseja exprimir. Isso deverá ocorrer de tal forma que o receptorde desenho compreenda a informação que o desenhista deseja comunicar por meio de seus desenhos. O domínio amplo de técnicas e materiais de desenho sobre superfícies diversas, bem como a ilustração digital, são muito importantes, • • • • VOCÊ QUER LER? Para compreender melhor a função dos signos em nossa sociedade, como as pessoas interagem com os objetos, pensam, se emocionam, você pode querer conhecer um pouco a respeito de Semiótica, ciência que estuda os signos e a comunicação. Em excelente livro é “O que é Semiótica” da Profa. Dra. Maria Lúcia Santaella (Ed. Brasiliense, 1983). Santaella é uma das grandes estudiosas de Charles Sanders Pierce (teorizador da Semiótica) e já publicou dezenas de livros sobre Semiótica. - -5 técnicas e materiais de desenho sobre superfícies diversas, bem como a ilustração digital, são muito importantes, mas o profissional conseguirá apenas imagens de conteúdo vazio se não puder exprimir de forma clara e coerente seus pensamentos. Por exemplo, em uma empresa que trabalhe com comunicação visual ou uma indústria que produza objetos diversos, aplica-se o uso do desenho técnico, que inclui normatização de uma linguagem de comunicação para que o máximo de pessoas possam compreender o que o engenheiro ou deseja comunicar. São normasdesigner de desenho para a representação de letreiros, peças, carros, utensílios domésticos, jornais, revistas, embalagens. Como nos ensina o autor do livro “Fundamentos de ilustração”, Lawrence Zeegen Crush (2009, p. 20), “tão importante quanto a técnica e a habilidade é a capacidade de criar imagens fundamentadas em um pensamento criativo sólido, com soluções visuais construídas a partir de ideias coerentes”. Uma vantagem da comunicação gráfica por meio da construção de imagens, diagramas, tipografia, é que a maioria das culturas pode compreender a mensagem a ser transmitida. Isso acontece pois, apesar de utilizarmos muito a linguagem falada e escrita e, apesar dos inúmeros idiomas existentes no mundo atual e das diversas culturas e costumes, a comunicação por meio de imagens existe desde os primórdios da humanidade. Tanto que a escrita é a evolução de representações arcaicas do cotidiano de uma civilização, que evoluiu para os símbolos que conhecemos hoje. A representação gráfica, de acordo com Gieseck .. (2008), está se desenvolvendo ao longo de duas linhaset al distintas: a artística e a técnica. Segundo o autor, há muitos séculos os artistas utilizam desenhos para expressar ideias estéticas, filosóficas ou abstratas. Ao mesmo tempo, as pessoas aprenderam a apreciar esculturas, pinturas e desenhos em lugares públicos. Qualquer pessoa podia entender as pinturas, que eram uma fonte de informação principal. Vide, por exemplo, as pinturas medievais, que eram uma forma de catequisar a população de analfabetos nas igrejas e mosteiros, pois, não sabendo ler, compreendiam o que os conceitos religiosos por meio dos sermões e das imagens sacras. Apesar do volume de informações que é criado diariamente na forma de imagens, cores e formas, curiosamente, o hábito de apreciar e interpretar ideias por meio da expressão artística está se tornando cada vez mais raro. A outra linha de representação gráfica citada por Gieseck . (2008) é a técnica. Para esta, a forma deet al transmissão das informações difere da artística ao evitar a expressão de sentimentos, sendo, em sua essência, puramente informativa. Deve ser clara, sucinta e não deixar dúvidas quanto ao que deseja informar, por esse motivo não pode transparecer as emoções dos autores, para que não existam interpretações ambíguas. Para isso, a representação técnica segue certo rigor, que trataremos mais adiante, quando aprendermos o desenho de perspectivas paralelas e certas normas nacionais e internacionais, tais como a ISO e a ABNT. Tais normas para a aparência dos desenhos técnicos, de acordo com Gieseck . (2008), foram desenvolvidas para assegurar queet al sejam facilmente interpretadas dentro do país e no mundo. O autor também apresenta importantes definições para cada tipo de desenho técnico. Destacaremos 5 delas a seguir. Clique nas abas e acompanhe. Desenho Feito Mecanicamente VOCÊ SABIA? A espécie humana se comunica por meio de imagens há milhares de anos. Até mesmo seus ancestrais pintavam desenhos nas paredes das cavernas onde se abrigavam: são as pinturas rupestres. A maioria dos pesquisadores acredita que o significado dessas pinturas é bastante remoto (SILVA; MELO; PARELLADA, 2006, GASPAR, 2006). No entanto, Gaspar (2006, p. 25) e Gondim (2012) colocam que essa ideia vem sendo refutada e que tais desenhos tinham função comunicadora, pois objetos encontrados próximos às pinturas sugerem um tipo de ritual religioso ou reafirmam possíveis desejos de quem as pintou. - -6 Desenho Feito Mecanicamente São desenhos tradicionais feitos com instrumentos mecânicos ou à mão. A importância de começar pelo método tradicional está em aprender com maior profundidade e de forma mais eficaz as regras para a elaboração de desenhos técnicos. Basicamente, recorremos a réguas, esquadros e compassos. É importante possuir ao menos dois esquadros, um de 45º/90º e outro de 30º/60°. Gráfica Computacional Quaisquer desenhos criados com o auxílio de programas computacionais para representar, analisar, modificar e finalizar uma grande variedade de soluções gráficas (GIESECK ., 2008).et al CAD/CADD Literalmente (CAD), ou seja, projeto assistido por computador. Já CADD vem de computer-aided design , ou seja, projeto e desenho assistido por computador. São os tipos maiscomputer-aided design and drafting comuns de programas de computador utilizados para a elaboração de desenho técnicos em gráfica computacional. Bastante robustos, exigem certa prática e um bom computador para sua devida utilização. Gieseck . (2008, p. 27) nos lembram que “aprender a visualizar objetos no espaço é um dos maioreset al benefícios de se estudar desenho técnico”. Algumas pessoas possuem maior facilidade para imaginar objetos no espaço e reproduzi-los no papel, mas qualquer pessoa pode desenvolver tal habilidade praticando desenho. Entretanto, os benefícios do esboço à mão livre complementam essa habilidade. Os autores em questão apontam que esboçar livremente é uma maneira de usar o tempo de forma eficiente para planejar o processo de desenho e o projeto a ser desenvolvido. Isso se deve principalmente ao fato de que, nesse processo inicial, as ideias ainda estão sendo geradas e não se deve inibi-las. Ao esboçar as primeiras ideias, necessárias para criar formas complexas, geralmente se consegue concluir o projeto mais rapidamente e com poucos erros, já que cada etapa foi planejada com antecedência. Os desenhos executados à mão livre, ainda segundo Gieseck . (2008) ajudam a organizar os pensamentos e aet al registrar as novas ideias. Além disso eles “são uma maneira rápidae de baixo custo para explorar várias soluções de um problema de modo que a melhor escolha possa ser feita” (GIESECK ., p. 56).et al Portanto, como pudemos apender com este tópico, o desenho é uma forma de comunicação eficiente para que profissionais de diversas áreas possam transmitir suas ideias e soluções de problemas. O desenho também é uma ferramenta para que aqueles que observam as imagens produzidas compreendam com clareza e objetividade a mensagem recebida. Não é necessário que a imagem seja exatamente fiel à realidade, como no caso do desenho de observação, que tem caráter artístico, fins didáticos ou publicitários, por exemplo, mas acima de tudo, é preciso que a mensagem emitida seja clara para quem a recebe. VOCÊ SABIA? No período do Renascimento, Leonardo Da Vinci, já realizava estudos de engenharia e projeto de . Seus desenhos demonstram os primórdios do desenho técnico moderno e eram design extremamente detalhados. Da Vinci projetou dezenas de maquinários e até mesmo um esquema de máquina voadora, que foi utilizado para a invenção do helicóptero moderno, segundo o site " ”. Caso queira conhecer mais sobre aLeonardo Da Vinci – The Complete Works história e os trabalhos completos de Leonardo Da Vinci, você pode acessar o (comsite conteúdo em inglês) em: < >.www.leonardoda-vinci.org - -7 1.2 Percepção visual e composição O desenho é a base de muitos projetos e para desenhar é preciso também projetar, no sentido de planejamento. Assim como foi tratado anteriormente, o esboço em si já é uma forma de planejamento, pois é por meio dele que as ideias iniciais são expressadas. Por meio desses desenhos iniciais, podemos visualizar melhor de que forma queremos transmitir uma ideia ou explicar nosso projeto. Aliás, a palavra design, segundo Curtis (2015) vem do italiano , desenhar, que gradualmente passou adisegno significar “organização”, “projeto”, no nosso caso, de elementos pictóricos num todo unificado e coerente. Um fato curioso é que, em pesquisa científica, o desenho de um projeto significa a organização de um projeto de pesquisa e o modo como ele será executado. Os elementos essenciais de uma composição plástica (como um desenho) são basicamente 4: ponto, linha, forma e cor. E ao compor, ou seja, ao criar e organizar suas ideias no plano, o desenhista necessita seguir critérios para que sua obra possa comunicar de forma clara a mensagem/informação que deseja transmitir. Para isso, ele deve se valer dos seguintes elementos: Unidade, Harmonia, Equilíbrio, Ritmo e Movimento. A fim de compor seus desenhos e expressar suas ideias e sentimentos, você pode se valer dos mais diversos tipos de materiais, combinando-os e experimentando cada um deles. Entretanto, a variedade de materiais ou a qualidade dos mesmos não faz com que você desenhe melhor ou pior. É preciso compreender como transmitir o que pensa, tal como foi colocado no tópico 1. O autor Crush (2009 p. 148) explica que: [...] um entendimento cada vez maior de como os materiais se comportam faz parte da jornada, mas um aspecto ausente nos programas acadêmicos de muitas instituições de design é o ensino em profundidade de questões de produção. Para discutir essas exigências, é importante começar com os componentes e materiais básicos que os ilustradores utilizam diariamente no estúdio. Ou seja, você pode trabalhar com os mais simples materiais de desenho e aos poucos descobrir com quais se adapta melhor, desde que consiga compor imagens coerentes e de qualidade. Abaixo, segue uma breve lista de materiais que Crush (2009, p. 148-150) apresenta em seu livro: • lápis com grafites de várias espessuras (variando do 8b até o 10 h); • lápis de cor; • giz de cera de várias cores; • giz branco para usar sobre papel escuro ou preto; • pincéis com cerdas de várias larguras; • caneta-tinteiro longa com bico de pena; • nanquim em várias cores; • bastões longos de carvão vegetal; VOCÊ QUER VER? A TV Cultura exibiu, na década de 90, uma série de 26 programas, com duração de 15 minutos cada, chamada “À Mão Livre” (1996). Os episódios abordam a linguagem do desenho de forma bastante didática e rica em informações e exercícios. O roteiro e a apresentação eram do artista plástico Philip Hallawell. Confira a série no canal da TV Cultura no Youtube: < >.https://www.youtube.com/watch?v=t_P6C_8bxbk • • • • • • • • - -8 • bastões longos de carvão vegetal; • diluentes de celulose utilizados para diluir certas tintas e para transferir imagens para o papel; • tinta em aerossol em várias cores; • pastel oleoso em várias cores; • tinta, disponível sob a forma de acrílica, óleo, guache e aquarelas; • canetas marcadores de várias espessuras e cores, com tintas permanentes e semipermanentes. O mesmo é válido a respeito do papel a ser utilizado. Uma grande variedade de tamanhos, gramaturas e tipos de superfícies de papéis podem ser encontradas no mercado nacional, seja em lojas físicas ou pela internet. Segundo Curtis (2015) os papéis para uso artístico são feitos de fibras de celulose, algodão ou madeira. Os papéis de celulose são ainda encontrados na denominação sulfite ou e são bastante utilizados para desenhosoff-set técnicos devido à sua durabilidade e uniformidade da superfície, além de baixa absorção. Outro material importante são as borrachas. Conheça mais sobre elas clicando a seguir. • Tipos de borrachas Existem tipos de borrachas específicos para cara tipo de trabalho, das muito macias até as mais duras. As mais macias, de látex, e os limpa-tipos são excelentes para desenho artístico, especialmente o limpa-tipo, pois não deixa resíduo no papel. Já as borrachas plásticas são bastante versáteis pois apagam grande variedade de dureza de lápis e até alguns trabalhos em lápis de cor, além de deixarem pouco resíduo. • Detalhamentos Lápis borracha, bastões de borracha plásticas e de pontas chanfradas são também bastante utilizados para conseguir detalhamentos diversos no desenho. Essas últimas são, inclusive, bastante utilizadas durante a execução de desenhos técnicos. Em qualquer caso, lembre-se de usar um lenço de papel para limpar a sujeira deixada pela borracha, nunca seus dedos, pois estes podem engordurar seu trabalho. • Dicas Em qualquer caso, lembre-se de usar um lenço de papel para limpar a sujeira deixada pela borracha, nunca seus dedos, pois estes podem engordurar seu trabalho. Outra dica interessante é criar o hábito de desenhar sem a borracha, ou mesmo utilizando-a apenas caso seja muito necessário. Esse hábito o ajudará a desenvolver maior segurança e agilidade ao criar e transmitir ideias iniciais para o papel. Permita-se errar e recomeçar. Apenas a prática e o exercício diário vão lhe permitir aprimorar suas habilidades. 1.2.1 Desenho a partir de planos positivo e negativo Organizar os elementos visuais, de modo a maximizar o apelo estético da composição do desenho ou ilustração, é geralmente chamado de design, no sentido de projeto, de acordo com Curtis (2015). Para tanto, criamos o chamado plano negativo, que vem a ser o fundo no qual a figura central estará inserida, o plano positivo. Trata-se de realizar composições harmônicas nas quais todo o entorno colabore para que a principal mensagem chegue ao receptor e ainda seja enfatizada. Um dos grandes nomes do brasileiro é Alexandre Wollner. Chamadodesign de “pai do design moderno brasileiro” (EBAC, 2018), ele aplicava com maestria as técnicas de organização visual, comunicação de ideias e do equilíbrio entre figura e fundo. • • • • • • • • • - -9 Curtis ainda afirma que a percepção visual cotidiana está arraigada na identificação de figuras positivas. Assim, Curtis (2015, p. 61) nos explica que: ao focar o formato do fundo e atribuir a ele a importância psicológica geralmente dada apenas aos elementos claramente identificáveis como cadeiras, bandeiras ou garrafas exige um nível de concentraçãosurpreendente. Porém, para desenhar com precisão, você deve cultivar a capacidade de se fixar e identificar formatos negativos vazios apesar de ser um processo antinatural. O reconhecimento dos formatos negativos é uma técnica extremamente eficaz para ajudar a determinar a proporção, a localização e o tamanho dos formatos positivos no desenho. Tais mecanismos perceptuais são utilizados pelo cérebro humano com o objetivo de nos ajudar a organizar as informações captadas pelos olhos. Estas ferramentas de percepção visual foram identificadas pela primeira vez por psicólogos alemães, na década de 1920, os quais elaboraram as primeiras teorias que deram origem à De acordo com Curtis (2015), é uma palavra germânica que significa “todo unificado”. Um ramoGestalt. Gestalt da psicologia, chamado de psicologia gestáltica, nos auxilia a compreender quais mecanismos fazem com que o sujeito responda à totalidade de uma imagem em vez de às suas partes isoladas. Tal como Curtis (2015) nos lembra, a necessidade de identificar formatos reconhecíveis está tão arraigada em nossos mecanismos perceptuais que, para quase todo tipo de imagem ou paisagem, mesmo que amorfa ou abstrata, tendemos fortemente a ver formas reconhecíveis. A propósito, nosso primeiro impulso é procurar por algo que não seja estranho aos nossos olhos. A psicologia gestáltica foca nos mecanismos de percepção por meio dos quais o sujeito responde à totalidade da VOCÊ O CONHECE? Alexandre Wollner, de acordo com matéria do site da Escola Britânica de Artes Criativas (2018), projetou marcas icônicas, como a do Itaú e das embalagens das sardinhas Coqueiro, além dos famosos cartazes para a Bienal de Artes de 1955. A respeito do logotipo, dizia que “Não é só fazer uma marquinha sem se preocupar com o comportamento que essa marca vai ter em todo o contexto, não só da indústria, mas também da comunicação visual. Ela precisa estar baseada em toda uma estruturação e prever aplicações bastante coerentes” (EBAC, 2018). VOCÊ QUER LER? Caso queira saber mais a respeito da de e suas implicações para a ilustração, você podeGestalt consultar a obra de João Gomes Filho, “ do Objeto”. O livro é uma interessanteGestalt introdução à psicologia da e como ela pode ser utilizada pelo Design para comporGestalt diversos produtos. - -10 A psicologia gestáltica foca nos mecanismos de percepção por meio dos quais o sujeito responde à totalidade da imagem (um conjunto integrado), em vez de às suas partes constituintes, de forma isolada. “Somos tão intensamente predispostos a responder a figuras identificáveis”, de acordo com Curtis (2015, p. 59) que: ao encontrar uma imagem em que o arranjo das figuras positivas sugere um formato identificável no que seria o pano de fundo, projetamos significado (figura positiva) ao escolher a solução visual mais simples, mesmo que isso signifique construir um formato positivo no pano de fundo (figura negativa). Tal predisposição natural dificulta que observemos a ilustração abaixo sem ver um triângulo delineado no centro da composição, mesmo que não haja um triângulo representado (CURTIS, 2015). A esse fenômeno, os psicólogos gestálticos chamam de fechamento. Figura 2 - Exemplo de imagem que representa conceitos da Gestalt. Fonte: CURTIS, 2015, p. 59. Muito utilizada na criação de logotipos, a está presente em diversas marcas. O princípio do fechamento,Gestalt - -11 Muito utilizada na criação de logotipos, a está presente em diversas marcas. O princípio do fechamento,Gestalt no qual tendemos a completar linhas inexistentes. Nosso cérebro age de tal forma que é quase possível enxergar os contornos onde na verdade só existem espaços em branco. A aplicação dessas técnicas em imagens, como as desenvolvidas para logotipos, são atrativas ao olhar e fazem com o observador se demore contemplando a figura. Um bom exemplo é a figura abaixo. Figura 3 - Atual logotipo da ONG WWF: a imagem utiliza claramente conceitos da Gestalt sobre fechamento. Fonte: WWF, 2017. Um logotipo famoso que usa a técnica do fechamento é o panda da organização não governamental World Wide (WWF). A comunicação que utiliza esses argumentos da psicologia gestáltica torna a marcaFund For Nature chamativa, interessante, desperta a curiosidade sobre a empresa e atrai investidores e/ou consumidores. Ademais, no caso da WWF (2017), o logo da marca está intimamente relacionado com a filosofia da empresa, seus objetivos e a imagem que deseja transmitir. - -12 A seguir, a figura 4 exemplifica uma imagem clássica da ambiguidade e alternância entre figura fundo e planos positivos e negativos. Quem a observa pode escolher entre ver a taça ou dois rostos, mas não consegue ver os dois ao mesmo tempo. CASO A WWF é uma das Organizações não governamentais (ONGs) mais famosas do planeta e seu logo, que representa um panda gigante e utiliza conceitos de fechamento da , éGestalt igualmente conhecido. Na década de 60, a China promoveu uma campanha para a preservação do urso panda gigante, símbolo nacional até os dias atuais. Enviou então um exemplar macho do espécime chamado Chi-Chi para um jardim zoológico tradicional em Londres. Na mesma época, um grupo de cientistas, preocupados com a extinção da fauna e da flora ao redor do mundo, fundaram, segundo a WWF (2017), uma rede nacional de apoio à proteção da natureza. Gerald Watterson, um naturalista escocês, teve a ideia de produzir esboços inspirados em Chi-Chi para a logo. Baseado nesses primeiros desenhos, Sir Peter Scott, um ornitologista inglês e também um dos fundadores da WWF, criou o logotipo da ONG (BORGES, 2017). Dos anos 1960 até hoje, a imagem do carismático panda gigante evoluiu e adaptou-se muito bem às linguagens visuais mais modernas. Dessa forma, segundo Borges (2017), o logotipo foi bem-sucedido por vários motivos, mas dentre os principais, está o fato de que o designer soube exprimir a importância e urgência do salvamento de espécies de animais e plantas em extinção por meio da figura delicada e dócil do panda gigante, que transmite ao mesmo tempo a seriedade da fundação, bem como a efemeridade do espécie de urso. Para conhecer mais a respeito da WWF e em especial como o logotipo da empresa foi desenvolvido, acesse: < >http://wwf.panda.org/knowledge_hub/history/sixties/ - -13 Figura 4 - Exemplo clássico de figura ambígua, ora vemos uma taça, ora dois rostos. Fonte: CURTIS, 2015, p. 60. Assim, a percepção visual cotidiana está bastante arraigada na identificação de figuras positivas ou na alternância das mesmas. É por este motivo que, segundo Curtis (2015, p. 60-61), quando uma imagem fornece pistas insuficientes sobre o formato dominante, produz uma ambiguidade espacial mais conhecida como inversão de figura e fundo. Isso acontece porque nosso cérebro responde a apenas uma figura por vez, de modo que, em uma imagem completamente ambígua, o entorno da “figura” dificulta sua leitura ao ser relegado ao status de fundo não diferenciado. A partir do momento em que o aluno de desenho passa a observar e a desenhar seu ambiente, as ambiguidades espaciais tendem a diminuir, pois habitua-se a discernir de forma consciente as imagens positivas e negativas, as figuras-fundo daquelas em primeiro plano no campo de visão. Essa é uma das importâncias do ensino do desenho. Curtis (2015, p.60) nos explica ainda que essa tendência, que é “um mecanismo perceptual eficaz para reagir a elementos de importância biológica, torna-se um grande problema quando você tenta reproduzir suas percepções em uma superfície de desenho bidimensional”. Para registrar com lápis e papel as percepções capturadas com precisão e desenvolver o controle sobre a dinâmica da composição pictórica, o aluno de desenho se depara com a relação do ambiente (como luminosidade) com os objetos, dos objetos e dos formatos que possuem e da nossa própria relação com estes elementos.No tópico a seguir, abordaremos mais detalhes sobre a identificação de planos visuais e da relação figura-fundo. 1.2.2 Identificação dos planos visuais Tal como já explicamos, normalmente referimo-nos ao formato identificável como figura e ao entorno como o fundo ou pano de fundo (CURTIS, 2015). Uma figura geralmente atrai mais atenção do que seu fundo, e se diz que carrega mais peso visual do que o entorno. A importância da identificação dos formatos das imagens - -14 que carrega mais peso visual do que o entorno. A importância da identificação dos formatos das imagens também se encontra, de forma implícita, nos termos hierárquicos da imagem, que são usados para descrever a relação figura-fundo (CURTIS, 2015). Entenda mais clicando a seguir. Chamamos de figura identificável a figura positiva. Já a figura negativa é usada para descrever o fundo. A primeira tem conotação de maior importância, privilégio, vanguarda e é geralmente delimitada, reconhecível. A segunda sugere insignificância, pois “no cotidiano, refere-se ao espaço ambíguo e indiferenciado cuja principal característica é servir como o local onde as figuras positivas se encontram” (CURTIS, 2015, p. 58-59). Mesmo que não seja um processo fácil nem espontâneo, é importante aprendermos a cultivar o hábito de identificar os “formatos negativos vazios” para que você possa melhor representar a realidade que interpretamos e assim transmiti-la com clareza aos outros. Como ressalta Curtis (2015, p. 61), “o reconhecimento dos formatos negativos é uma técnica extremamente eficaz para ajudar a determinar a proporção, a localização e o tamanho dos formatos positivos no desenho”. Essa habilidade contribui para que o aluno de artes gráficas possa representar com perfeição cada vez maior. Ainda que direcionemos nosso foco, nossa atenção, para alguns elementos reconhecíveis ou para uma composição do ambiente que se deseja desenhar, atribuindo-lhe grande importância, isso exige um nível de concentração bastante alto, e pode exigir ainda mais do desenhista reconhecer e representar a figura negativa. Todavia, a prática da alternância, ou seja, de ver conscientemente ora fundo, ora figura, gera um enorme amadurecimento na percepção do nosso entorno e na representação de volumes e texturas. Felizmente, para auxiliar esse processo, o sistema nervoso central humano evoluiu de modo a identificar significados em nossas percepções, buscando o reconhecimento e/ou a organização consciente e intencional dos elementos ao nosso redor dentro das delimitações da folha de papel (CURTIS, 2015). Para este fenômeno, desenvolvido ao longo da evolução, atribui-se o nome de imperativo perceptual. Um exemplo bastante comum deste processo é o hábito que algumas pessoas têm de observar nuvens e tentar identificar formas não-abstratas. Para a psicologia gestáltica, como explicou Curtis (2015), os princípios perceptuais são mecanismos específicos que o cérebro humano utiliza para transformar as informações visuais que chegam até ele em experiências significativas. Tais experiências são necessárias para a formulação de mensagens a serem emitidas (PENTEADO, 2012). Curtis (2015, p. 294) complementa que: A unidade, a harmonia, a coerência e a totalidade do campo de visão contribuem para uma experiência perceptual satisfatória, prazerosa e envolvente. [...] Por causa desses mecanismos, um campo de visão bem organizado é atraente para os olhos, que sentem prazer ao observá-lo repetidamente. Porém, quando o cérebro é incapaz de compreender uma experiência visual, os olhos rapidamente ficam impacientes e frustrados, dirigindo-se para outro lugar. Campos pictóricos organizados atraem e envolvem os olhos; campos desorganizados os repelem. Portanto, é importante que você desenhe continuamente e de forma consciente no seu crescimento. Habitue-se a levar sempre consigo um pequeno caderno de esboços e um lápis, é o mínimo necessário para capturar cenas do seu cotidiano em esboços rápidos. Tais esboços serão de grande valia para praticar as técnicas da inversão, alternância de figura-fundo, composição e distribuição dos elementos no espaço da folha de papel, a sua inteligência espacial (crucial para organização dos elementos de desenho e o planejamento de projetos), bem como a capacidade de observar os detalhes do ambiente e ter rapidez e destreza no ato de desenhar. 1.3 Desenho em perspectiva paralela Também conhecidas como perspectivas axonométricas, as perspectivas paralelas então classificadas dentro das projeções cilíndricas ou paralelas ortográficas, como nos mostra Cruz (2014). A perspectiva paralela isométrica, uma das mais utilizadas, pode ser definida como uma projeção ortogonal em um único plano. Esse plano é escolhido de tal forma que a figura gerada seja tridimensional e o objeto seja representado com a maior fidelidade possível às dimensões reais. Neste tipo de perspectiva, “qualquer linha de projeção faz coordenada - -15 fidelidade possível às dimensões reais. Neste tipo de perspectiva, “qualquer linha de projeção faz coordenada com ângulos iguais em relação aos eixos de coordenadas” (CRUZ, 2014, p. 92). As projeções paralelas são classificadas de acordo com os ângulos entre o plano de projeção e os eixos de coordenadas. Ainda segundo Cruz (2014), quando os três ângulos são iguais, diz-se que a projeção é Isométrica; se apenas dois ângulos são iguais, o resultado é uma projeção Dimétrica. Se todos os ângulos são diferentes, a projeção é Trimétrica. Nos tópicos a seguir, trataremos das perspectivas isométricas, ou seja, aquelas cujos ângulos entre os eixos são todos iguais. Figura 5 - À esquerda, exemplo de um cubo em perspectiva paralela isométrica, à direita, estão representados os três eixos e os mesmos ângulos de 120º entre eles. Fonte: CRUZ, 2014, p. 92-93. No tópico a seguir, vamos compreender melhor como poderemos construir formas geométricas variadas em perspectiva paralela isométrica. 1.3.1 Construção de sólidos em perspectiva paralela Posicione a régua numa superfície plana e prenda-a com pedaços de fita crepe de modo que fique em posição horizontal. Uma dica é acompanhar a borda da mesa e manter a régua paralela à borda. Se possível, você pode adquirir uma régua T e posicionar a parte superior na lateral de uma mesa, de forma que a régua seja colocada na horizontal, exatamente perpendicular a essa parte superior. Utilize os esquadros de 30º/60º para criar os ângulos e, tendo como guia a régua afixada à mesa, deslize-os para que você não perca o rigor do desenho. Para a representação de cubos e paralelepípedos em perspectiva paralela, as etapas de desenho são praticamente as mesmas. Tendo suas réguas e esquadros devidamente posicionados e presos por fita adesiva, comece traçando os eixos horizontal e vertical. Você pode utilizar o ângulo de 90º do esquadro rente à régua para traçar a linha vertical. A figura 6 a seguir representa as etapas básicas de como você deve proceder para desenhar um cubo. - -16 Figura 6 - Exemplo de construção de um cubo em perspectiva paralela isométrica. Fonte: CRUZ, 2014, p. 96-97. Para conhecer as etapas do processo, clique a seguir. Etapa 1 Depois de traçados os eixos, posicione a ponta correspondente ao ângulo de 30º do esquadro com o ângulo reto (90º) do esquadro que você usou para riscar o eixo vertical e trace a profundidade do sólido. Da mesma forma, vire o esquadro horizontalmente e marque a frente do objeto. Etapa 2 Marque as medidas desses dois lados mais a altura. Etapa 3 Com um esquadro ou uma régua posicionados rente à régua que você afixou na mesa, desenhe as linhas do lado superior do sólido. Lembre-se de que você pode usar a régua presa à mesa e deslizar os demais instrumentos para não perder o rigor do seu trabalho, garantindo, assim, que todas as linhas tenham ângulos e medidas correspondentes ao objeto que você busca reproduzirou criar. A imagem seguinte (figura 7) traz um exemplo da representação de circunferências em perspectiva isométrica. Desta vez, vamos utilizar também o compasso para desenhar os círculos com precisão. - -17 Figura 7 - Etapas para construção de circunferências em perspectiva paralela isométrica. Fonte: CRUZ, 2014, p. 101-104. Conheça as etapas desse processo clicando a seguir. Etapa 1 A primeira etapa é desenhar um cubo em perspectiva isométrica, de acordo com o que aprendemos anteriormente. Encontre o meio das retas AD e BC. Com a ponta metálica afiada do compasso posicionada firmemente no vértice B, trace um arco do ponto médio de AD ao ponto médio de BC. A seguir repita o procedimento para as demais retas, lembrando que a ponta do compasso fica posicionada no vértice oposto ao arco que você vai traçar. Etapa 2 O próximo passo é encontrar o ponto médio das arestas AB e BC, posicione a base de 60º do esquadro no vértice - -18 O próximo passo é encontrar o ponto médio das arestas AB e BC, posicione a base de 60º do esquadro no vértice B, de modo que possa riscar uma reta de D até alcançar a aresta BC. Repita o procedimento com o vértice B para a aresta AB. Etapa 3 Por final, para representar o círculo nas demais faces do sólido, basta repetir os procedimentos detalhados acima e você terá desenhos de círculos em perspectiva isométrica. 1.3.2 Aplicação da técnica de perspectiva paralela A perspectiva paralela é muito utilizada pela engenharia devido à simplicidade de construção e ao fato de proporcionar imagens semelhantes às da perspectiva exata quando o ângulo visual desta é igual ou inferior a 30°, havendo poucas diferenças da realidade. Você pode observar sua ampla aplicação em instalações hidráulicas e elétricas, bem como na produção de peças pela indústria. Figura 8 - Etapas para construção de um paralelepípedo em perspectiva paralela isométrica. Fonte: CRUZ, 2014, p. 97-100. Para começar, considere as medidas do sólido e, da mesma forma que fizemos no desenho do cubo, posicione seus esquadros e marque altura, largura e profundidade. Com um esquadro ou uma régua colocada rente à régua que afixada na mesa, desenhe as linhas do superior do sólido.. Depois trace as delimitações do rebaixo da peça, risque as demais paralelas do objeto e reforce os contornos. Para finalizar, reforce as linhas de contorno e depois apague as marcações desnecessárias. - -19 1.4 Desenho em perspectiva oblíqua A perspectiva oblíqua é uma projeção cilíndrica na qual a direção dos raios projetantes é oblíqua (ou seja, não é vertical) ao plano de projeção. Ela também é chamada de paralela oblíqua e apresenta uma forma frontal plana em verdadeira grandeza e forma, assim, os eixos vertical e horizontal formam um ângulo de 90º entre si. As projeções oblíquas são classificadas de acordo com o ângulo entre os raios projetantes e o plano de projeção. Se for 45º, é chamada perspectiva cavaleira, e se for 64º é chamada perspectiva gabinete (CRUZ, 2014). Observando a figura 9 você pode comparar as diferentes representações e perspectivas a partir de ângulos diferentes. Figura 9 - Da esquerda para a direita, exemplos de um cubo representado em perspectivas oblíquas em ângulos de 30º, 45º e 60º. Fonte: CRUZ, 2014, p. 112-113. No tópico a seguir, vamos aprender como construir sólidos utilizando a perspectiva oblíqua. 1.4.1 Construção de sólidos em perspectiva oblíqua Também bastante utilizada na engenharia, a perspectiva oblíqua permite o desenho preciso das mais variadas formas, mas não proporciona uma dimensão tão próxima da realidade quanto a isométrica. O método mais conhecido é chamado de perspectiva cavaleira e pode ser representada a 30º, 45º ou 60º. Um famoso logo desenhado em perspectiva oblíqua de 45º é o do BACEN, Banco Central do Brasil, que também utiliza o princípio do fechamento, que estudamos no tópico sobre Gestalt. - -20 A vista frontal, segundo Cruz (2014), indica sua dimensão real, pois representa as larguras e alturas que permanecem em verdadeira grandeza, ou seja, são desenhadas com as suas medidas reais, na escala escolhida. Já a profundidade sofre redução de 1:2/3 para 30º, 1:1/2 para 45º e 1:1/3 para 60º. Para exemplificar a construção de uma perspectiva cavaleira vamos demonstrar o desenho de um cubo. VOCÊ SABIA? O logotipo do Banco Central do Brasil foi concebido pelo Aloísio Magalhães, segundodesigner o site oficial do Banco (BACEN, 201?). Quando o projeto do prédio sede da empresa ainda estava na maquete, Magalhães teve a ideia de criar a marca inspirando-se na vista aérea da sombra projetada pelo edifício. Por sua vez, a estrutura arquitetônica da construção foi inspirada no dobrão do Império, de 1725, e foi desenhada pelo arquiteto Hélio Ferreira Pinto. Ele modificou geometricamente as pontas da haste da Cruz de Malta, gravada na moeda, e atribuiu-lhe formas mais quadradas e modernas.(BACEN, s.d.). - -21 Figura 10 - Demonstração do desenho de um cubo em perspectiva cavaleira de ângulo 45 º. Fonte: CRUZ, 2014, p. 114-116. Faremos o desenho utilizando o ângulo de 45º. Para começar, com o esquadro de 45º posicionado sobre a régua fixada na mesa, trace os eixos de comprimento, largura e altura, que serão utilizados como base. Marque o comprimento, a largura e a altura do objeto usando os esquadros; lembre-se que a profundidade deve ser reduzida pela metade. Depois, deslizando os esquadros, trace as retas que representam as arestas do objeto. Para finalizar, reforce as linhas de contorno e depois apague as marcações desnecessárias. 1.4.2 Aplicação da técnica de perspectiva oblíqua Também bastante utilizada na engenharia, a perspectiva oblíqua permite o desenho preciso das mais variadas formas, no entanto, é uma ferramenta de representação utilizada por áreas como a tipografia para a composição de letreiros ou mesmo para garantir um aspecto visual diferenciado para um texto. A hidráulica e elétrica - -22 de letreiros ou mesmo para garantir um aspecto visual diferenciado para um texto. A hidráulica e elétrica também são outras duas áreas que se valem muito da perspectiva paralela. Figura 11 - Representação de um sólido de forma retangular em perspectiva cavaleira de ângulo 30º. Fonte: CRUZ, 2014, p. 117-122. A peça que queremos desenhar está apresentada em perspectiva isométrica com as medidas gerais marcadas. Clique para acompanhar os passos a serem realizados. • Posicione o esquadro de 30º e trace os eixos de comprimento, largura e altura. • A seguir, marque as medidas do comprimento, largura e altura do objeto usando os esquadros; nesse caso a profundidade é reduzida para 1/3, ou seja, 2. • Deslizando os esquadros, trace as retas que representam a forma retangular geral. • Depois, risque as demais paralelas do objeto e reforce os contornos. • Por último, reforce as linhas de contorno e depois apague as marcações desnecessárias. Para finalizar este tópico, Cruz (2014) propõe um roteiro básico a respeito de qual perspectiva usar para representar objetos. Lembre-se que você deve ter em mente o objeto quer desenhar e qual a forma mais simples e clara de representá-lo para que outras pessoas percebam a ideia que você quer transmitir. Cruz (2014) aconselha escolher a perspectiva que oferece o traçado mais simples a fim de que seu desenho seja objetivo. Depois, escolha a posição do objeto e da perspectiva que oferece a melhor visualização. Pode ser necessário que você realize mais de um desenho. Estabeleça a escala do desenho e comece a traçá-lo • • • • • - -23 Pode ser necessário que você realize mais de um desenho. Estabeleça a escala do desenho e comece a traçá-lo com linhas auxiliares leves, de modo que facilite seu trabalho na hora de apagá-las. A seguir, desenhe de acordo com o que aprendemos neste capítulo, começando por arcos e circunferências(se houver), depois as arestas e por último reforce com traçado mais escuro os contornos e apague as linhas de construção. Síntese As habilidades para representação gráfica são extremamente valiosas para diversas áreas do conhecimento. Adquirir essas habilidades está ao alcance de todos. Mesmo um designer, projetista ou desenhista não precisam ser perfeitos quanto à realidade de uma representação desde que saibam o mínimo para transmitir com clareza as informações desejadas ou requisitadas pelo cliente. Neste capítulo, você teve a oportunidade de: • compreender como a informação pode ser transmitida por meio de imagens, ou seja, imagens podem ser portadoras de mensagem; • conhecer os diversos materiais que podemos usar para representar as mais diversas formas, bem como para melhor transmitir as nossas ideias; • entender como a psicologia da pode nos ajudar a interpretar imagens, assim como transmitir Gestalt determinadas mensagens; • utilizar o conhecimento adquirido sobre composição para desenhar imagens de forma que a composição transmita informações de forma clara; • representar com precisão as perspectivas paralelas isométricas e as perspectivas oblíquas. Bibliografia AMBROSE, G.; HARRIS, P. . Porto Alegre: Bookman, 2012. Fundamentos de criativodesign BACEN. Banco Central do Brasil. Disponível em: <História do BC. https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao >. Acesso em:/legado?url=https:%2F%2Fwww.bcb.gov.br%2Fpre%2Fhistoria%2Fhistoriabc%2Fhistoria_bc.asp 02/01/2019. BORGES, A. . Ingage Digital Branding, 2017.Conheça a História de 5 Logotipos Famosos CURTIS, B. São Paulo: AMGH, 2015.Desenho de Observação. CRUSH, L. Z. Porto Alegre: Bookman, 2009.Fundamentos de ilustração. CRUZ, M. D. São Paulo: Érica, 2014.Projeções e perspectivas para o desenho técnico. EBAC. Escola Britânica deRelembre trabalhos de Alexandre Wollner, o pai do design moderno brasileiro. Artes Criativas (EBAC), 2018. Disponível em: < >. Acesso em: 03/01/2019.https://ebac.art.br/about/news/5234 GIESECKE, F. E.; MITCHELL, A.; HENRY, C. S.; HILL, I. L.; DYGDON, J. T. PortoComunicação Gráfica Moderna. Alegre: Bookman, 2008. GASPAR, M. . 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.A Arte Rupestre no Brasil GOMES FILHO, J. sistema de leitura visual da forma. 8. ed. São Paulo: Escrituras, 2008. do objeto:Gestalt GONDIM, C. G. Pinturas rupestres: a representação da imaginação do homem primitivo. , v. 8,Revista Temáticas n. 4, abr. 2012. HALLAWELL, P. Direção: Cristina Winther. Fillip. Roteiro, conteúdo e apresentação: PhilipÀ mão livre. Hallawell. Estúdios SENAI, São Paulo, TV Cultura, 1996. VHS, 26 episódios, 15 min, sonoro. Disponível em: < >. Acesso em: 09/01/2019.https://www.youtube.com/watch?v=t_P6C_8bxbk LEONARDO DA VINCI – THE COMPLET WORKS. Disponível em: < >. Acessohttps://www.leonardoda-vinci.org/ • • • • • - -24 LEONARDO DA VINCI – THE COMPLET WORKS. Disponível em: < >. Acessohttps://www.leonardoda-vinci.org/ em: 09/01/2019. PENTEADO, J. R. W. São Paulo: Cengage Learning, 14. Ed., 2012.A Técnica da Comunicação Humana. SANTAELLA, L. . São Paulo: Brasiliense, 1983.O que é Semiótica SILVA, A. G. C.; MELO, M. S.; PARELLADA, C. I. Pinturas rupestres em abrigo sob rocha no sumidouro do rio Quebra-Perna, Ponta Grossa, Paraná. , Ponta Grossa, v. 12, n. 1, p. 23-Publ. UEPG Exact Earth Sci., Agr. Sci. Eng. 31, abr. 2006. WWF BRASIL. . World Wide Found for Nature do Brasil. Disponível em <WWF no Mundo https://www.wwf.org. >. Acesso em: 02/01/2019.br/wwf_brasil/wwf_mundo/ WWF. World Wide Found for Nature. The History of WWF, 2017. Disponível em: <The Sixties. http://wwf.panda. >. Acesso em: 02/01/2019.org/knowledge_hub/history/sixties/ Introdução 1.1 Olhar inicial 1.1.1 Comunicação e expressão Emissor Receptor Mensagem Meio Referente Código 1.2 Percepção visual e composição 1.2.1 Desenho a partir de planos positivo e negativo 1.2.2 Identificação dos planos visuais 1.3 Desenho em perspectiva paralela 1.3.1 Construção de sólidos em perspectiva paralela 1.3.2 Aplicação da técnica de perspectiva paralela 1.4 Desenho em perspectiva oblíqua 1.4.1 Construção de sólidos em perspectiva oblíqua 1.4.2 Aplicação da técnica de perspectiva oblíqua Síntese Bibliografia