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UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI – URCA PRÓ- REITORIA DE ENSINO DE GRADUAÇÃO –PROGRAD CENTRO DE HUMANIDADES DEPARTAMENTO DE LÍNGUAS E LITERATURAS Professor:Francisco Jaílton da Silva Email:jailton.alves.ejovem@gmail. com Campos Sales-Ce 14 de Fev. 2020 Estilística: que é isto? Nilce Sant’Anna Martins Conceituação de Estilística Os fenômenos da lin guagem, tendo por objeto o estilo, o que remete a outra embaraçosa e infalível pergunta: e o que é estilo? Conceituação de Estilística em latim — stilus — um instrumento pontiagudo usado pelos antigos para escrever sobre tabuinhas enceradas e daí passou a de signar a própria escrita e o modo de escrever Stilus. Conceituação de Estilística Georges Mounin Conceituação de Estilística Georges Mouni reúne as definições de estilo em três grupos: 1) as que consideram estilo como desvio da nor ma; 2) as que o julgam como elaboração; 3) as que o entendem co mo conotação • Conceito: Estilística é a parte dos estudos da linguagem que se preocupa com o estilo (BECHARA, 2009, p. 523). • Estilo: Entende-se por estilo o conjunto de processos que fazem da língua representativa um meio de exteriorização psíquica e apelo. Estilo ❑ estilo está ligado ao: ❑ autor, ❑ obra, ❑ outros ainda ao leitor, que reage ao texto literário; ❑ alguns se con centram na forma da obra ou do enunciado, ❑ outros na totalidade forma-pensamento. Estilo Arrolamos algumas definições O estilo é o homem." (Buffon) "O estilo é o pensamento." (Rémy de Gourmont) "O estilo é a obra." (R.A. de Sayce) "Estilo é a expressão inevitável e orgânica de um modo individual de experiência." (Middleton Murray) "Estilo é o que é peculiar e diferencial numa fala." (Dâ-maso Alonso) "Estilo é a qualidade do enunciado, resultante de uma es colha que faz, entre os elementos constitutivos de uma dada língua, aquele que a emprega em uma circunstância determina da." (Marouzeau EStilo O estilo é compreendido como uma ênfase (expressiva, afetiva, ou estética) O a língua exprime e o estilo realça." (Riffaterre). Estilo "Estilo é a linguagem que transcende do plano intelectivo para carrear a emoção e a vontade." (Mattoso Câmara) "[O estilo] É um fenômeno humano de grande complexidade. É a resultante linguística de uma conjunção de fatores múltiplos (...). Se algum dia se chegar a atribuir ao estilo uma fórmula, há-de ser uma fórmula extremamente complexa. Por que é que certo poema nos envolve e nos possui e nos toca de determinada maneira, tem que haver uma convergência de causas linguísticas formais, mas também de causas psicológicas, psicanalíticas, históricas, sociológicas, literárias, etc. E será indubitavelmente o conjun to que poderá dar conta dessa coisa ainda muito misteriosa que é a função poética: por que é que certas mensagens produ zem em nós efeitos incomensuráveis com os de todas as outras espécies de mensagens que quotidianamente recebemos." (Introdução à Linguística, p. 158-9) O matuto no cinema O Aparecimento da Estilística Leo Spitzer E Charles Bally. A estilística da Língua A Estilística surge nas primeiras décadas do século XX, graças sobretudo a dois mestres que lideram duas correntes de grande importância: Charles Bally (1865-1947), doutrinador da Estilística da língua, e Leo Spitzer (1887-1960), figura exponencial da Estilística literária A estilística da Língua Aspecto afetivo da língua língua a serviço da vi da humana, língua viva, espontânea, mas gramaticalizada, lexicali-zada, e possuidora de um sistema expressivo cuja descrição deve ser a tarefa da Estilística Bally condena o ensino da língua baseado apenas na gramática normativa e nos textos literários, o qual dá uma visão parcial da língua, de um tipo de língua que não corres ponde ao que as pessoas usam nas múltiplas atividades de sua vida social e psíquica. Bally distingue duas .faces da linguagem — a intelectiva ou lógi ca e a afetiva; estuda os efeitos da afetividade no uso da língua; examina os meios pelos quais o sistema impessoal da língua (estu dado por Saussure) é convertido na matéria viva da fala humana. Os efeitos expressivos, pelos quais o ser humano manifesta seus sentimentos e atua sobre o seu semelhante, são classificados em naturais (manifestações de prazer e desprazer, de admiração e desaprovação, processos de intensifica ção das ideias) e evocativos (que sugerem certo meio social ou certa época e aparecem, por exemplo, na língua familiar, na gíria, na lín gua profissional, na literária, etc.). "Bally não se volta para o discurso ("parole"), o uso individual da língua, mas para o sistema expressivo da língua coletiva ("langue"). Para ele "a Esti lística estuda os fatos da expressão da linguagem, organizada do ponto de vista do seu conteúdo afetivo, isto é, a expressão dos fatos da sensibilidade pela linguagem e a ação dos fatos da linguagem so bre a sensibilidade. Mattoso Câmara considera a Estilística uma disciplina complementar da Gramática, pois en quanto esta estuda a língua como meio de representação, a Estilísti ca estuda a língua como meio de exprimir estados psíquicos (ex pressão) ou de atuar sobre o interlocutor (apelo) exprimir emoções e de influir sobre as pessoas. É, pois, esse uso da língua que ultrapassa o plano intelectivo que ele considera estilo, conforme a sua definição já apresenta da. A estilística literária A Estilística de Spitzer parte da reflexão, de cunho psicologis-ta, sobre os desvios da linguagem em relação ao uso comum; uma emoção, uma alteração do estado psíquico normal provoca um afastamento do uso linguístico normal; um desvio da linguagem usual é, pois, indício de um estado de espírito não- habitual A estilística literária O estilo do escritor — a sua maneira individual de expressar-se — reflete o seu mundo interior, a sua vivência. Estilística Literária estabelece uma ponte entre a Filosofia e a Literatura; que seria a Estilística. Spitzer Estilistica literária A Estilística de Spitzer parte da reflexão, de cunho psicologista, sobre os desvios da linguagem em relação ao uso comum; uma emoção, uma alteração do estado psíquico normal provoca um afastamento do uso linguístico normal; um desvio da linguagem usual é, pois, indício de um estado de espírito não- habitual.(p. 11) A sua obra Mimesis — a representação da realidade na literatura ocidental (1946) contém vinte ensaios separados sobre textos que cobrem um espaço de 3.000 anos, do Velho Testamento e da Odisseia até os irmãos Gon-court e Virgínia Woolf O objetivo da obra é nada menos que apreender os vários modos por que a experiência dos homens, his tórica, social, moral e religiosa, tem sido representada em forma li terária nas várias fases da cultura ocidental Estilistica literária Há (ainda para D. Alonso) três modos de compreender a obra literária, marcados por um crescente grau de precisão. O primeiro é o do leitor comum, que não procura analisar nem exteriorizar suas impressões. É uma intuição totalizadora, que se forma no processo da leitura e que reproduz a intuição totalizadora que deu origem á obra, isto é, a intuição do autor. Esta leitura, cujo objetivo primá rio é o prazer, é o fundamento das outras espécies de conhecimen to. O segundo grau de compreensão é o do crítico, cujas qualida des de leitor são excepcionalmente desenvolvidas, tendo ele uma ca pacidade receptiva mais intensa e mais extensa que a comum; o crí tico exerce uma atividade expressiva, comunicando as imagens in tuitivas recebidas. Ele transmite suas reações de modo criativo e poético, sem explicar o como e o porquê da produção da obra. A crítica é uma arte. Dâmaso Alonso aceita a crítica impressionista, mas rejeita a história literária convencional. O terceiro grau de compreensão da obra literária é o da tentati va de desvendar os mistérios da criação de uma obra e dos efeitos dessa obra sobre os leitores. Surge aqui a intenção de explicar cien tificamente os fatos artísticos, sendo essa abordagem científica a Estilística. O poema se nos apresenta comouma sucessão temporal de sons (os significantes) vinculada a um conteúdo espiritual (o signifi cado). Dâmaso Alonso atribui a significante e significado conceitos diferentes dos de Saussure Para ele o significante não é apenas "a imagem acústica", mas o som físico também; e o significado não é um mero conceito, mas uma complexa carga psíquica que pode in cluir emoção, afetividade, volição, intencionalidade, imaginação. Estilística literária A – a1 .... a2 .... a3 .... .... .... .... .... an B – b1 .... b2 .... b3 .... .... .... .... .... bn Como significantes totais temos: a obra, o poema, a estrofe, o verso, o vocábulo, e como significantes parciais o ritmo, a entoa ção, a sílaba, o acento O significado total é a representação da rea lidade e os significados parciais os múltiplos elementos sensoriais, afetivos e conceptuais que essa representação comporta Estilística Literária A tarefa da Estilística literária é examinar como é constituída a obra literária e considerar o prazer estético que ela provoca no leitor; quer dizer, o que interessa à Estilística li terária é a natureza poética do texto. Traços linguísticos, dados his tóricos, ideológicos, sociológicos, psicológicos, geográficos, folcló ricos, etc., a visão de mundo do autor, tudo se engloba no valor es tético da obra, que está impregnado do próprio prazer do autor ao criá-la e que vai suscitar no leitor um prazer correspondente A Bally se prende a sua concepção dos elementos afetivos, ativos, imaginativos e valorativos da linguagem. A Spitzer a sua compreensão do estilo como revelação do homem. Ao estruturalismo, a preocupação com o modo de construção da obra. À Semiótica, a distinção entre signo (refe rência lógica, intencional ao objeto) e indício (expressão, sugerência da realidade psíquica). Estilística e retórica Aristoteles Retórica Charles Bally Estilística Estilística do Som/ Fonoestilística Prosodemas (acentos, entoação, ritmo)
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