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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE MEDICINA JOÃO VICTOR BORGES MENDES SÍNDROME DO BURNOUT EM INTERNOS DE MEDICINA Boa vista- RR 2016 JOÃO VICTOR BORGES MENDES SÍNDROME DO BURNOUT EM INTERNOS DE MEDICINA Monografia apresentada como pré- requisito para conclusão do Curso de Graduação em Medicina da Universidade Federal de Roraima. Orientador: Prof. Dr. Calvino Camargo Boa Vista - RR 2016 JOÃO VICTOR BORGES MENDES SÍNDROME DO BURNOUT EM INTERNOS DE MEDICINA Monografia apresentada como pré- requisito para conclusão do Curso de Graduação em Medicina da Universidade Federal de Roraima. Área de atuação: psiquiatria, ensino médico, medicina do trabalho. Defendida em 14 de novembro de 2016 e avaliada pela seguinte banca examinadora: Prof. Dr. Calvino Camargo Orientador / Curso de Medicina Prof. Raimundo Carlos de Sousa Avaliador / Curso de Medicina Prof. Wilson Lessa Avaliador / Curso de Medicina RESUMO A síndrome do burnout é uma doença multidimensional decorrente da prolongada exposição ao estresse laboral, culminando em esgotamento profissional. Caracteriza-se fundamentalmente por três dimensões: Exaustão Emocional, Despersonalização e redução da Realização Profissional. O presente trabalho teve como objetivo determinar a prevalência dessa síndrome nos estudantes do internato médico e também as variáveis preditoras ao surgimento do burnout. Trata-se de um estudo transversal onde foram distribuídos 50 questionários autoaplicáveis aos internos do 5º e 6º anos, um avaliando condições sociodemográficas, perspectivas profissionais e envolvimento do aluno com o internato e outro, o MBI, para quantificação das dimensões que constituem o burnout. A maioria dos participantes era do sexo masculino (56%), com idade entre 20 a 30 anos (90%), não realizam curso extracurricular voltado para residência (56%). Com carga horaria semanal de 41 a 50 h (40%), sentem-se parcialmente acolhidos pelos preceptores e demais integrantes da equipe (44%) e sentem-se aptos a realizar o trabalho que lhes são cobrado (52%). Dos avaliados, 52% apresentaram síndrome do burnout (gravidade nas três dimensões), 26 % risco para burnout (gravidade em duas dimensões) e 22% risco moderado (gravidade em uma dimensão). Conclui-se que essa população tem alta prevalência para síndrome do burnout, em especial na dimensão da exaustão emocional, sendo imperativa a instituição de medidas para prevenção e tratamento da mesma na população acadêmica para que esses possam manter sua saúde mental e garantir um bom atendimento ao usuário de seus serviços, durante a após a sua graduação. Palavras-chave: burnout, ensino médico, esgotamento profissional, internos, estudantes de medicina. ABSTRACT Burnout syndrome is a multidimensional disease resulting from prolonged exposure to occupational stress, culminating in professional exhaustion. It is fundamentally characterized by three dimensions: Emotional Exhaustion, Depersonalization and Low Professional Realization. The aim of this study was to determine the prevalence of this syndrome in medical students and also the variables that predicted the onset of burnout. This is a cross-sectional study where 50 self- administered questionnaires were distributed to the inmate to the 5th and 6th grades, one evaluating sociodemographic conditions, professional perspectives and student involvement with the boarding school, and another, MBI, to quantify the dimensions that constitute burnout. Most of the participants were male (56%), aged between 20 and 30 years (90%), did not take an extracurricular course for residence (56%). With a weekly workload of 41 to 50 hours (40%), they feel partially welcomed by the preceptors and other members of the team (44%) and feel able to do the work they are charged (52%). Of those evaluated, 52% had burnout syndrome (severity in three dimensions), 26% had burnout risk (severity in two dimensions) and 22% moderate risk (severity in one dimension). It is concluded that this population has a high prevalence for burnout syndrome, especially in the dimension of emotional exhaustion, and it is imperative to institute measures to prevent and treat it in the academic population so that they can maintain their mental health and ensure good care to the users of their services during the after graduation. Key words: burnout, medical teaching, professional exhaustion, inmates, medical students. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Burnout em internos de medicina ................................................ 27 Figura 2 – Exaustão Emocional em internos de medicina ............................ 28 Figura 3 -- Despersonalização em internos de medicina ............................. 28 Figura 4 – Realização Profissional em internos de medicina ....................... 29 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Aspectos técnicos do MBI .......................................................... 20 Tabela 2 – Perfil sociodemográfico .............................................................. 25 Tabela 3 – Aspectos relativos à perspectiva profissional ............................. 26 Tabela 4 – Aspectos relativos ao envolvimento do aluno com o estágio .... 26 LISTA DE ABREVIATURAS EE Exaustão Emocional DP Despersonalização RP Realização Profissional MBI Maslach Burnout Inventory SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 10 1.1 Conceitualização e visão histórica ......................................................... 10 1.2 Processo de desenvolvimento e aspectos clínicos da síndrome ........ 12 1.3 Relação do burnout com a formação acadêmica .................................. 16 1.4 Maslach Burnout Inventory (MBI) ........................................................... 19 1.5 Medidas preventivas e intervencionistas no burnout ........................... 20 2. OBJETIVOS ................................................................................................. 23 2.1 Objetivo geral: .......................................................................................... 23 2.2 Objetivos específicos............................................................................... 23 3. METODOLOGIA .......................................................................................... 24 4. RESULTADOS ............................................................................................. 25 5. DISCUSSÃO ................................................................................................ 34 6. CONCLUSÃO .............................................................................................. 39 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ........................................................... 42 APÊNDICES .................................................................................................... 47 ANEXOS .......................................................................................................... 50 10 1. INTRODUÇÃO 1.1 Conceitualização e visão histórica Burnout representa uma palavra inglesa que pode ser traduzida como “queimar após desgaste”. Relaciona-se a algo que deixou de funcionar por exaustão. O dicionário define to burn out como “se tornar exausto após excessiva demanda de energia ou força”. O termo passou a ser usado como metáfora, para explicar o sofrimento do homem em seu ambiente de trabalho, associado a uma perda de motivação e altograu de insatisfação decorrentes dessa exaustão (BENAVIDES, 2002). O termo burnout foi primeiro utilizado em 1953 por uma publicação de estudo de caso de Schwartz e Will, conhecido como ‘Miss Jones’. Neste, é descrita a problemática de uma enfermeira psiquiátrica desiludida com o seu trabalho. Em 1960, outra publicação foi realizada por Graham Greene, denominada de ‘A Burn Out Case’, com relatos de um caso de um arquiteto que abandou sua profissão devido a sentimentos de desilusão com a profissão. Os sintomas e sentimentos descritos pelos dois profissionais são os que se conhece hoje como burnout (MASLACH; SCHAUFELI, 1993). Contudo, somente a partir do artigo de Freudenberger (1974) denominado Staff Burnout, obteve a descrição de uma síndrome composta por exaustão, desilusão e isolamento em trabalhadores de saúde mental (ENZMANN; SCHAUFELI, 1998; TRIGO et. al., 2007). De acordo com Freudenberger (1974), o burnout é resultado de esgotamento, decepção e perda de interesse pelo trabalho que surge em profissionais que estão em contato direto com pessoas em prestação de serviços. Segundo Cherniss (1980), a tendência individualista da sociedade moderna ocasionou o incremento da pressão nas profissões de prestação de serviços. A pressão também ocorreu devido à percepção, não raras vezes equivocada, dos usuários dos serviços, em acreditarem que os profissionais de ajuda eram altamente treinados e competentes, possuíam um alto nível de autonomia e satisfação no 11 trabalho, e que trabalhavam movidos pelo sentimento de compaixão. A sobrecarga funcional dos trabalhadores, resultante da redução de quadro e de custos governamentais, é outro aspecto apontado por esse autor. Maslasch e Jackson (1981) o caracteriza como um conjunto de sinais e sintomas compostos de aspectos multidimensionais em resposta ao estresse laboral crônico, envolvendo três fatores principais, a saber: exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal. Exaustão emocional é caracterizada pela falta ou carência de energia e entusiasmo, além do sentimento de esgotamento de recursos (GRASSI; MAGNANI, 2000; GIL – MONTE, 2002; MARTINEZ, 1997), podendo manifestar-se psiquicamente, fisicamente ou como uma combinação entre os dois (RODRIGUES, 2006). Abrange sentimentos de desesperança, solidão, depressão, ansiedade, raiva, impaciência, preocupação, resignação; aumento da suscetibilidade a doenças, cefaléias, tensão muscular, distúrbio do sono, entre outros (ERIKSSON et. al., 2008; POHLMANN et. al., 2005; TRIGO et. al., 2007; JAEKEL-REINHARD; WEBER, 2000). Assim, à medida que os recursos emocionais vão se deteriorando, os acometidos sentem redução gradativa de sua capacidade e vigor para o trabalho (RODRIGUES, 2006). Já a despersonalização (cinismo), ocorre quando o profissional passa a tratar os clientes, colegas e a organização de forma distante e impessoal. Geralmente está associada à ansiedade, diminuição da motivação e irritabilidade. Os trabalhadores podem desenvolver uma insensibilidade emocional (CARLOTTO; CAMARA, 2007; MARTINEZ, 1997; TRIGO et. al., 2007) que acaba provocando sensação de alienação em relação aos outros, sendo a presença destes muitas vezes desagradável e indesejada. Originalmente apresenta-se como uma maneira do profissional se defender dos sentimentos negativos consequentes a exaustão emocional (RODRIGUES, 2006; TRIGO et. Al., 2007). Por fim, a baixa realização no trabalho é caracterizada pela tendência do trabalhador em se auto-avaliar de forma negativa apresentando sentimento de inadequação pessoal ao posto de trabalho, além de infelicidade e insatisfação com seu desenvolvimento profissional, cursando com moral baixo, depressão, prejuízo nas relações interpessoais, decréscimo da autoestima, baixa produtividade e 12 inaptidão para suportar as pressões. Também há um declínio no sentimento de competência e êxito, assim como de sua capacidade de interagir com os outros (CARLOTTO, CAMARA, 2007; GIL – MONTE, 2002; RODRIGUES, 2006) a baixa realização profissional, ou baixa satisfação com o trabalho, pode ser descrita como uma sensação de que muito pouco tem sido alcançado e o que é realizado não apresenta valor. Nesta fase, o indivíduo desenvolve uma postura defensiva, com modificações nas suas atitudes e condutas (RODRIGUES, 2006; TRIGO et. Al., 2007). Assim, os sintomas do burnout são descritos como uma forma de proteção da psiquê contra prováveis danos frente a situações de complexidade, e o seu desenvolvimento depende de como o individuo percebe e responde a situações estressantes (KUMAR, 2007). No Brasil, o Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, aprovou o Regulamento da Previdência Social e, em seu Anexo II, trata dos Agentes Patogênicos causadores de Doenças Profissionais. O item XII da tabela de Transtornos Mentais e do Comportamento Relacionados com o Trabalho (Grupo V da Classificação Internacional das Doenças – CID-10) cita a “Sensação de Estar Acabado” (“Síndrome de Burnout”, “Síndrome do Esgotamento Profissional”) como sinônimos do burnout, que, na CID-10, recebe o código Z-73.0. 1.2 Processo de desenvolvimento e aspectos clínicos da síndrome Há quatro perspectivas de compreensão da síndrome segundo Volpato (2003): • A clínica, que considera o burnout resultado do excessivo empenho do profissional ao desenvolver as suas atividades com expectativas de sucesso irrealistas; • A social-psicológica, em que os fatores determinantes do burnout são os estressores oriundos da atividade laboral; 13 • A organizacional, em que se enfatizam as características organizacionais como desencadeadores de burnout; • A social-histórica, que aponta o atual modelo de sociedade, baseada principalmente em valores individualistas e competitivos, um fator de risco para o burnout. Acerca do processo de instalação da síndrome do burnout, Lautert (1995) argumenta que a manifestação desta síndrome ocorre de maneira lenta e gradual. Alvarez-Galego e Fernández-Rios (1991) distinguem três momentos para sua manifestação: inicialmente as demandas de trabalho são maiores que os recursos materiais e humanos, o que gera um estresse laboral no indivíduo (percepção de uma sobrecarga de trabalho). Posteriormente, evidencia-se um esforço do indivíduo em adaptar-se e produzir uma resposta emocional ao desajuste percebido. Aparecem, então, sinais de fadiga, tensão, irritabilidade e até mesmo ansiedade. Assim, esta etapa exige uma adaptação psicológica do indivíduo, que se reflete no seu trabalho, reduzindo o seu interesse e sua responsabilidade pela função assumida. Finalmente, num terceiro momento, ocorre o enfrentamento defensivo, ou seja, o indivíduo produz uma mudança de atitudes e comportamentos com a finalidade de defender-se das tensões vivenciadas, ocasionado distanciamento emocional, retirada, cinismo e rigidez. Excessiva demanda, longas jornadas de trabalho, excesso de plantões e exposição constante ao risco (LIMA et. al., 2007) representam fontes de estresse para o profissional de saúde e também estão ligados ao desencadeamento da síndrome (HANSEZ; NYSSEN, 2008). Somado a isso, o trabalho que é desenvolvido em hospitais requer que todos os profissionais tenham experiência clínica e maturidade suficientes para enfrentar a tomada de decisões difíceis, das quais derivam-se frequentemente implicações éticas e morais (ALBELADEJO et. al., 2004). A síndrome representa uma resposta afetiva negativa ao estresse prolongado que não é imediatamente reversível após mudanças nas condições de trabalho. Essa característica do burnout faz com que ele seja diferenciado de um estágio temporário de estresse como a fadiga, que é reversível e tem uma recuperação 14 adequada, ou a monotonia, que se dissipa com a mudança de atividade (HANSEZ; NYSSEN, 2008). Ainda que seja incluída na categoriade estresse laboral, a síndrome tende a ser subestimada. Devido ao seu desenvolvimento gradual, em resposta a estressores crônicos, os sinais de alerta precoces são facilmente negligenciados. Os profissionais acreditam que nada acontecerá e que são imunes. Quando o burnout se instala, as pessoas tendem a continuar trabalhando, porém não com o mesmo aproveitamento de antes. Se esse processo continua, os custos no desempenho e bem-estar serão altos (GOLDBERG; MASLACH, 1998). Quando falamos em sintomas do burnout, eles podem ser agrupados em categorias: físicos (fadiga constante e progressiva, distúrbios do sono, dificuldade de relaxar, dores musculares, cefaleia e/ou enxaqueca; crises de sudorese, palpitações, distúrbios gastrointestinais, transtornos alimentares, imunodeficiência); psíquicos (dificuldade para se concentrar, diminuição da memória, tendência a ruminar pensamentos, lentidão do pensamento); emocionais (irritação, agressividade, desânimo, ansiedade, depressão); comportamentais (perda da iniciativa, inibição, desinteresse, tendência ao isolamento, negligência ou escrupulosidade excessiva, falta de interesse pelo trabalho e/ou lazer, adoção de uma rotina cada vez mais estreita, falta de flexibilidade). É comum o sentimento de autodepreciação, de culpa, ou a adoção de uma compensação mediante um processo inverso, adotando uma conduta de superioridade e/ou onipotência, pela queda da autoestima e da confiança em si mesmo. Devido às dificuldades sentidas, o profissional evita o meio gerador dos sintomas, aumentando o absenteísmo, o qual representa um sinal precoce do burnout. Também é comum o aparecimento ou o aumento do comportamento de tabagismo, do consumo de bebidas alcoólicas, café e outros estimulantes, drogas tranquilizantes e substâncias ilícitas (BENAVIDES-PEREIRA, 2002; MASLACH; SCHAUFELI, 1998, 2001). Os mecanismos fisiopatológicos implicados no estresse incluem a ação do sistema nervoso autonômico e de mediadores neuroendócrinos nos sistemas imune, gastrointestinal, neuromuscular e cardiovascular, além de outros. Embora a ativação aguda traga benefícios temporários, a ativação crônica desses sistemas, a longo prazo, aumenta a vulnerabilidade a doenças causadas pelo estresse. O eixo adreno- pituitário-hipotalâmico, a partir de sua estimulação à secreção de cortisol, tem sido 15 implicado nas respostas a situações de estresse agudo e há fortes evidencias de que a ativação frequente desse eixo pode desencadear uma síndrome metabólica que se assemelha ao burnout. Apesar dos efeitos desencadeados pelo estresse serem uma reação imediata às condições de trabalho, a síndrome seria desenvolvida apenas após repetidas e prolongadas confrontações com tais condições (McMANUS et. al., 2004). Autores descrevem burnout como o índice de deslocação entre o que a pessoa está fazendo e o que esperava fazer. Burnout representa uma deterioração dos valores, da dignidade, do espírito e do prazer; seria como a "erosão da alma". A síndrome se espalha gradual e continuamente sobre o tempo, envolvendo as pessoas a tal ponto que a recuperação se torna um processo difícil, quase impossível (LEITER; MASLACH, 1999). A síndrome se inicia com o desenvolvimento dos sentimentos de baixa realização profissional e exaustão emocional paralelamente. Em seguida, em respostas a ambos, como estratégia de confronto ou defesa, desenvolve-se a despersonalização (BORGES et. al., 2002). De todas as dimensões que compõe a síndrome, a despersonalização é a que mais leva a atitudes frias e negativas (LIMA et. al., 2007) que conduzem a quebra da relação médico-paciente, conhecida causa de má pratica profissional (GOMES et. al., 2001). A maior parte das ações contra médicos surgem como resposta às hostilidades e desentendimentos entre os envolvidos; por isso, a comunicação é muito importante nesse tipo de relacionamento, possibilitando melhor compreensão e confiança entre médicos, pacientes e familiares (BITENCOURT et. al., 2007). De acordo com tudo que foi exposto anteriormente, fica claro que para o desenvolvimento do Burnout é necessário a interação entre respostas individuais ao estresse, juntamente com a pressão laboral e o ambiente de trabalho ao qual o sujeito encontra-se inserido (ALBALADEJO et. al., 2004) 16 1.3 Relação do burnout com a formação acadêmica Acredita-se que a semente do burnout pode estar sendo plantada durante a formação médica, quando a fadiga e a exaustão emocional passam a ser a norma, e uma série de condições estruturais adversas costuma estar presente (LEITER; MASLACH; ROUT, 2001; SCHAUFELI, 2001). Se burnout em profissionais da área da saúde é uma questão já consolidada em diferentes estudos (LABRADOR-ENCINAS; QUIRÓS-ARAGÓN, 2007; MASLACH, 1982; MASLACH; SCHAUFELI, 2001; RODRÍGUEZ-MARÍN, 1995), pode-se concluir que burnout nos estudantes da área da saúde também se mostre uma questão relevante e diferenciada. Estes, além dos estressores típicos do ensino, atuam diretamente com pessoas, não raras vezes carregando consigo os problemas e conflitos encontrados nos pacientes (CARLOTTO; RUDNICKI, 2007). Ao ingressar em um curso de medicina, há uma transformação muito precoce de jovens inexperientes em profissionais, o que, inúmeras vezes, impõe adquirir maturidade para escolhas individuais no que diz respeito à atuação profissional e ao relacionamento com futuros colegas e pacientes (SHAW, 2002), isso impõe essa população a um risco precoce de desenvolver a síndrome do burnout. No internato, o atendimento ao paciente, a dedicação integral, aumentam a angústia e a falta de tempo, e surge a necessidade de escolher uma especialidade. Assim, o internato provoca no aluno: desânimo, depressão, sentimento de impotência (MILLIAN et. al. 1993). Também há de se considerar que a comunicação com doentes graves, por vezes de conduta difícil, o lidar com o sofrimento, o desespero e a morte, bem como com situações de dor e frustração, corroem a autoestima do aluno em formação (MINGOTE; PEREZ, 1999). Ademais, o processo de treinamento nas escolas médicas tem sido visto por vezes como abusivo aos estudantes, podendo ser caracterizado, em muitos casos, como assédio psicológico. É frequente a observação de humilhações, agressões verbais, importunações, seja pelo médico, residente ou outro, durante o treinamento, com as consequências mais diversas (REICHMAN et. al., 1992; UHARI et. al., 1994; WOLF et. al., 1991). 17 Não há uma causa principal definida, existindo diversos fatores que facilitam o desencadeamento da síndrome. Em alunos desse curso de graduação, existe uma grande pressão para mostrar seu valor não apenas a si mesmos, mas também a terceiros. São estes — pacientes, colegas e a sociedade — que irão reconhecer e avaliar a atuação do profissional. E, em cada etapa a conquistar para se tornar um médico melhor, a tendência é o afunilamento do número de vagas disponíveis e o aumento da concorrência. Muitas vezes, no processo de conclusão e ao tentar se destacarem nas suas obrigações, esses estudantes tendem a se tornar vítimas do burnout (MORI; NASCIMENTO; VALENTE, 2012). Aqueles que escolhem a medicina como carreira têm níveis maiores de empatia e perspectivas sobre o trabalho se comparados com a população geral (ROSEN et. al., 2006). As expectativas que muitas pessoas criam em relação aos seus empregos são diversas. Em alguns casos, isso se aplica tanto em relação à natureza do trabalho quanto à probabilidade de se atingir sucesso. Supostamente, altas expectativas levam a pessoa a trabalhar duro e fazer mais, dessa maneira levando à exaustão e eventualmente à despersonalização quando os esforços não produzem os resultados esperados (MASLACH et. al., 2001). O processo de exaustão emocional surge primeiramente, em especial naqueles que não conseguem superar as adversidades, caracterizando-sepela sensação de não poder dar mais de si mesmo, pela sensação de haver chegado ao próprio limite. Os indivíduos se tornam ansiosos, estudam mais e mais, dormem pouco, têm pouco tempo livre, perdem oportunidades de ter relações sociais e recreações, tornando-se mais vulneráveis aos distúrbios mentais. Associado a isso, há uma baixa realização pessoal nas atividades laborais diárias com um sentimento de que o que se faz não é o bastante ou não o suficiente, aumentando o desconforto e a tensão. Na tentativa de distanciamento, de minimizar a exaustão, começam a tratar os demais com indiferença, com impessoalidade, adotando atitudes irônicas ou cínicas, caracterizando o que vem sendo chamado de desumanização (despersonalização). Essa questão tem sido bastante enfatizada nos anos recentes, devido à observação da acentuação de atitudes céticas e da diminuição dos sentimentos humanísticos em muitos estudantes (MOSLEY et. al., 1994; UHARI et. al., 1994). 18 Dados da literatura (BALDASSIN, 2010; ZUARDI, 2008) sugerem que a organização do currículo, associada a fatores individuais, podem influenciar o nível de estresse entre estudantes de Medicina, podendo levar ao burnout. A prática de um estágio na área da saúde, articulado à formação do aluno, apesar da importância assumida pelos próprios acadêmicos e pelas instituições formadoras, também pode ser fonte de sofrimento e conflitos (MOULIN, 1998). Segundo Franco (2001), durante a formação acadêmica, o aluno poderá viver momentos de ansiedade pela carga emocional desencadeada pelo próprio curso. Nos últimos anos, os estágios e o seu contato com os pacientes tendem a aumentar a ansiedade pelas exigências que este período lhes impõe - de que assumam uma postura profissional e integrem o que foi aprendido na teoria com a prática. Na verdade, em ambas as situações - na teoria ou na prática - durante todo o período do curso, existem fatores que podem acarretar angústias e conflitos, associados à história de vida de cada um. Cushway (1992) refere que o início da síndrome do burnout pode se dar já durante a fase acadêmica, no período de preparação para o trabalho. Estudos têm demonstrado que o Burnout pode começar durante o período de formação e prosseguir durante a vida profissional. Seu conceito em estudantes é mais abrangente que o tradicional propostos por Maslach (1981) e se constitui de três dimensões: Exaustão Emocional, caracterizada pelo sentimento de estar exausto em virtude das exigências do estudo; a Descrença, entendida como o desenvolvimento de uma atitude cínica e distanciada com relação ao estudo; e Ineficácia Profissional, caracterizada pela percepção de estarem sendo incompetentes como estudantes (Martinez, Pinto & Silva, 2000). Os cursos que abrangem a área da saúde geralmente possuem uma prática de estágio através da qual os estudantes percebem as implicações e limitações de seu conhecimento, quando da aplicação dos mesmos. Nas primeiras intervenções junto aos clientes, costumam surgir dúvidas, medos e ansiedades relacionadas à prática terapêutica. Os estudantes vêm de uma situação ideal, em que os problemas e dificuldades da prática profissional não são abordados, ou o são de forma superficial, e o conhecimento ali adquirido parece adequado às futuras situações de intervenção, o que nem sempre se confirma nas situações práticas. Os maiores 19 receios dos estudantes se configuram em cometer algum erro, prejudicar o cliente e não serem reconhecidos por parte dos colegas e professores (Nogueira-Martins, 2002). 1.4 Maslach Burnout Inventory (MBI) O instrumento mais utilizado para avaliar burnout, independentemente das características ocupacionais da amostra e de sua origem, segundo Gil-Monte e Peiró (1999), é o MBI - Maslach Burnout Inventory, elaborado por Christina Maslach e Susan Jackson em 1978. Sua construção foi a partir de duas dimensões, exaustão emocional e despersonalização, sendo que a terceira dimensão, realização profissional, surgiu após estudo desenvolvido com centenas de pessoas de uma ampla gama de profissionais (MASLACH, 1993). O MBI é um instrumento utilizado exclusivamente para a avaliação da síndrome, não levando em consideração os elementos antecedentes e as consequências de seu processo. Ele avalia índices de burnout de acordo com os escores de cada dimensão, sendo que altos escores em exaustão emocional e despersonalização e baixos escores em realização profissional (esta subescala é inversa) indicam alto nível de burnout (MASLACH & JACKSON, 1986). Gil-Monte e Peiró (1997) reforçam a importância de avaliar o MBI como um construto tridimensional, ou seja, as três dimensões devem ser avaliadas e consideradas, a fim de manter sua perspectiva de síndrome. Foi originalmente desenhado para ser usado em pessoas que trabalham em serviços humanos e cuidados com a saúde (MBI Human Service Survive – MBI HSS), pois o burnout parece ser particularmente significante nessas ocupações (MASLACH, 2003). Sua consistência interna nas três dimensões do inventário é satisfatória, pois apresenta um alfa de Cronbach que vai desde 0,71 até 0,90 e os coeficientes de teste e reteste vão de 0,60 a 0,80 em períodos de até um mês, indicando que as subescalas do MBI tem sua confiabilidade interna de moderada a alta (MASLACH & JACKSON, 1981). Isso demonstra a habilidade desse instrumento na aferição da síndrome em diversas profissões (CAMARA; CARLOTTO, 2007). 20 O MBI é um questionário composto por 22 itens que investigam os sentimentos e atitudes experimentadas por um indivíduo em sua profissão e é analisado a partir das três dimensões que compreendem a síndrome (GUIDO, 2003). Altos níveis de exaustão emocional, despersonalização, e baixos níveis de realização profissional são considerados quando se obtém a seguinte pontuação na escala: Exaustão Emocional (EE ≥ 27), Despersonalização (DP ≥ 10) e Realização Profissional (RP ≤ 33). A ausência de burnout é descrita a partir dos seguintes valores: EE ≤ 18, DP ≤ 5 e RP ≥ 40. Todas as outras composições são consideradas moderadas (GOLUB et. al., 2007). Tabela - 1 Aspectos técnicos do MBI 1.5 Medidas preventivas e intervencionistas no burnout De acordo com Garrosa-Hernádez (2010), as investigações que vêm sendo realizadas sobre a síndrome do burnout têm permitido estabelecer diferentes linhas de intervenção e prevenção deste fenômeno psicológico. As intervenções e os programas preventivos procuram enfocar três níveis: programas centrados na resposta do indivíduo, programas centrados no contexto ocupacional e programas centrados na interação do contexto ocupacional e o indivíduo. A partir de uma Variável Definição Dimensão Indicadores no MBI Escala Síndrome do burnout Estado particular de estresse laboral que apresentar-se naquelas pessoas que prestam serviços a outras e se caracteriza por: exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional. Exaustão Emocional Perguntas: 1, 2, 3, 6, 8, 13, 14, 16, 20 Baixo ≤ 18 Alto ≥27 Despersonaliz ação Perguntas: 5, 10, 11, 15, 22 Baixo ≤ 5 Alto ≥ 10 Realização Profissional Perguntas: 4, 7, 9, 12, 17, 18, 19, 21 Alto ≥ 40 Baixo ≤ 33 21 perspectiva psicossocial, o burnout tem sido entendido como resultado de um contexto laboral desfavorável, de características individuais e do tipo de enfrentamento utilizado, bem como da interação destes elementos (BENEVIDES- PEREIRA, 2010). Os Programas Centrados na Resposta da Pessoa consistem na utilização de estratégias de enfrentamento adaptativas frente às situações estressantes. É um instrumento de aprendizagem. Estes programas conseguiriam prevenir as respostas negativas relacionadas aos efeitos do estresse (BENEVIDES-PEREIRA, 2010). O objetivo seria restabelecer o equilíbrio perdido como consequência da percepçãode ameaça. O primeiro passo consiste no conhecimento do problema, pois quando se conhece o problema, é mais fácil identificá-lo. Além disso, é necessário traçar o perfil pessoal e estabelecer o processo de aprendizagem de estratégias de enfrentamento do problema (FOLKMAN; LAZARUS, 1984). Para isso, é necessário o uso de técnicas cognitivo-comportamentais e prática de hábitos saudáveis para o bom manuseio da emoção e consequente enfrentamento para a solução dos problemas (EDEN; WESTMAN, 1997). Os Programas Centrados no Contexto Ocupacional visam melhorar o ambiente e o clima do trabalho, já que parte-se do pressuposto de que o estresse é consequência de um contexto laboral desfavorável. Estes programas valorizam a importância dos determinantes físicos e sociais do meio ocupacional como causas do burnout. Deve ser realizada intervenção na estruturação das tarefas, potencializando a valorização do trabalho, estímulo ao trabalho em equipe e criação de grupos autônomos. Outros pontos a serem estimulados incluem: os processos de produção e melhoria nas comunicações, criando métodos de interação participativa e criação de confiança interpessoal, além da mediação de conflitos (GARROSA- HERNÁDEZ et. al., 2010). Os Programas Centrados na Interação do Contexto Ocupacional e o Indivíduo, que visando combinar os dois programas anteriores, entende o burnout como consequência da relação do sujeito e o meio laboral (MORENO-JIMÉNEZ et. al., 2000). Trata-se de modificar as condições ocupacionais, a percepção do trabalhador e a forma de enfrentamento diante das situações de estresse ocupacional de modo integrado. Todos esses programas são considerados tanto preventivos como curativos, dependendo da fase de atuação sobre o problema. 22 Entretanto, no ambiente organizacional, as execuções desses programas têm sido muito escassos, quando não, praticamente inexistentes, prevalecendo na maior parte, programas do tipo interventivo, ou afastamento do profissional (BENEVIDES- PEREIRA, 2010). 23 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral: Identificar a prevalência da síndrome do burnout em acadêmicos de medicina que cursam o 5º e 6º ano de uma instituição federal da capital roraimense. 2.2 Objetivos específicos Descrever o perfil sociodemográfico do interno de medicina; Diagnosticar a síndrome do burnout e determinar qual dimensão (exaustão emocional, despersonalização e realização profissional) é mais afetada nesta população; Apontar fatores estressores que favoreçam o surgimento da síndrome do burnout; Identificar possíveis fatores protetores. 24 3. METODOLOGIA Trata-se de um estudo do tipo quantitativo, observacional, transversal, não aleatório realizado entre janeiro a novembro de 2016. Buscou-se descrever os dados e explorar associações e possíveis relações de predição da Síndrome do Burnout entre internos do curso de medicina. A população estudada é composta por 50 estudantes matriculados no 5º e 6º ano do curso de medicina da Universidade Federal de Roraima, sendo a amostra composta por 25 internos representantes de cada turma. O presente estudo foi submetido ao Comitê de Ética desta instituição, para realização de procedimentos éticos conforme resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), no que diz respeito à pesquisa com seres humanos. Foi utilizado um questionário anônimo para analise do perfil sociodemográficos, aspectos relativos à perspectiva profissional, além de variável subjetiva relacionada ao envolvimento do aluno com o estágio. Contudo, o estudo foi norteado pelo Maslach Burnout Inventory (MBI) para estimar a síndrome em suas três dimensões formadoras, a saber: Exaustão Emocional (EE), Despersonalização (DP) e baixa Realização Profissional (RP). Define-se síndrome a partir da presença de valores > ou = 27 para EE, > ou = 10 para DP e < ou = 33 para RP, nas três dimensões citadas, além de considerar risco para Burnout quando duas das dimensões estiverem presentes (LIMA et. al., 2007). Continuando, foi realizada análise, comparação e correlação dos dados obtidos por meio do Microsoft Excel 2013 e análise por frequência. Neste estudo, em seu questionário, utilizamos o sistema Likert de pontuação que vai de 1 a 5. Sendo 1 para nunca, 2 para algumas vezes ao ano, 3 para algumas vezes ao mês, 4 para indicar algumas vezes na semana e 5 para diariamente ( CAMARA; CARLOTTO, 2007; CARLOTTO; PALAZZO, 2006). 25 4. RESULTADOS A amostra é composta por 50 estudantes cursando o internato médico, igualitariamente dividida entre internos do 5º e 6º ano do curso de medicina. Em sua maioria composta por alunos do sexo masculino (56%), com idade entre 20 a 30 anos (90%), solteiro/tem companheiro fixo (64%), sem filhos (92%), propaga como religião a católica (54%), possui hobby (90%), metade realiza atividade física, com apoio familiar (98%), não realiza curso extracurricular voltado para a residência médica (56%), não trabalha além de cursar medicina (90%), com carga horária semanal de 40 a 50 h (40%), sente-se parcialmente acolhido pelo preceptor e demais integrantes da equipe (44%) e sente-se apto a realizar o serviço que lhe é cobrado (52%). No primeiro questionário aplicado, obtiveram-se resultados acerca do perfil sócio demográfico, aspectos relativos à perspectiva profissional e aspectos relacionados ao envolvimento do aluno com o estágio. Tabela - 2 Perfil sócio demográfico Sexo Masculino Feminino 28 22 56% 44% Idade (anos) 20 a 30 31 a 40 45 5 90% 10% Estado Civil Solteiro/tem companheiro fixo Solteiro/não tem companheiro fixo Casado 32 12 6 64% 24% 12% Filhos Sim Não 4 46 8% 92% Religião Católico Sem Religião Evangélico Espirita Ateu 27 9 8 2 4 54% 18% 16% 4% 8% Hobby Sim Não 45 5 90% 10% 26 Tabela - 3 Aspectos relativos à perspectiva profissional Tabela - 4 Aspectos relativos ao envolvimento do aluno com o estágio Série: 5º ano 6º ano 25 25 50% 50% Estágio no momento Clínica Médica Cirurgia Geral Pediatria GO Saúde da Família 18 10 10 10 2 36% 20% 20% 20% 4% CH semanal 20 a 30 h 31 a 40 h 41 a 50 h >50 h 4 13 20 13 8% 26% 40% 26% Sente-se acolhido pelos preceptores e demais integrantes da equipe Sim Não Parcialmente 19 9 22 38% 18% 44% Sente-se apto a realizar o serviço que lhe é cobrado Sim Não Parcialmente 26 3 21 52% 6% 42% Atividade Física Sim Não 25 25 50% 50% Apoio Familiar Sim Não 49 1 98% 2% Deseja especializar-se em: Clinica Médica Cirurgia Geral Pediatria GO Saúde da Família 31 13 2 2 2 62% 26% 4% 4% 4% Faz algum curso voltado para prova de residência: Sim Não 22 28 44% 56% Trabalha além de cursar medicina: Sim Não 5 45 10% 90% 27 Para a avaliação dos componentes da Síndrome do Burnout, utilizou-se a escala MBI obtendo resultados relacionados às suas dimensões: Exaustão Emocional (EE), Despersonalização (DP) e Realização Profissional (RP). Dos 50 alunos que constituem a amostra, 26 (52%) apresentaram altos valores para EE e DP e baixos para RP, o que constitui positividade para as três dimensões, logo para síndrome do burnout. Outros 13 (26%) apresentaram-se em risco para burnout, o que representa positividade no questionário para pelo menos duas dimensões, quaisquer. Por fim, 11 (22%) apresentaram-se em risco moderado o que representa positividade em pelo menos uma dimensão das analisadas pelo MBI. O que implica dizer que não há internos que compõe a amostra sem risco algum para surgimento do burnout.Figura - 1 Burnout em internos de medicina Para Exaustão Emocional (EE), no geral, obteve-se 92% dos alunos com valores altos para essa escala. Outros 4% apresentaram valores moderados e, também, 4% baixos valores em EE. Na Despersonalização (DP), obteve-se 80% com altos valores para DP e 20% com valores moderados, não tendo sido encontrado baixos valores para esta dimensão. Já a Realização Profissional (RP), escala inversa como fator protetivo à síndrome, obteve-se 64% da amostra com baixa RP. Outros 32 % apresentaram valores moderados e apenas 4% valores altos para essa subescala. 0 5 10 15 20 25 30 BURNOUT RISCO PARA BURNOUT RISCO MODERADO BURNOUT RISCO PARA BURNOUT RISCO MODERADO Internos 26 13 11 22% 26% 52% 28 Figura - 2 Exaustão Emocional em internos de medicina Figura - 3 Despersonalização em internos de medicina 92% 4% 4% Exaustão Emocional ALTO BAIXO MODERADO 80% 20% Despersonalização ALTO MODERADO 29 Figura - 4 Realização Profissional em internos de medicina Dos 26 entrevistados que compõe a população prevalente para síndrome do burnout, 54% é do sexo feminino e 46% masculino, 58% cursam o 5º ano do internato e 42% o 6º ano, 39% encontram-se no estagio de clínica médica, 23% no de cirurgia, 19% no de pediatria e outros 19% no de ginecologia e obstetrícia (GO); 42% relatam uma carga horaria >50h semanais, 27% uma jornada de 41 a 50 h por semana, 16% relataram 31 a 40 h e outros 15% uma carga horaria de 20 a 30 h por semana. Apenas 52% dessa população sente-se apta a realizar o lhe é cobrado durante o estágio, com 6% sentindo-se não aptos e outros 42% sentem-se parcialmente aptos. Com relação ao acolhimento pelos preceptores e demais componentes da equipe, somente 38% sente-se acolhido, 18% não sente-se acolhido e 44% sente-se parcialmente acolhido. Analisando o gênero da amostra, observou-se que os indivíduos do sexo feminino apresentaram maior incidência da síndrome (64%) em contrapartida os do sexo masculino apresentaram incidência menor, de 46%. Para Exaustão Emocional, novamente o sexo feminino teve porcentagens maiores, com 95% apresentando valores altos e 5% baixos valores para EE. Os indivíduos do sexo masculino, 89% apresentaram altos valores para essa dimensão, 7% moderados valores e 4% baixos valores para EE. A Despersonalização, também obteve altos valores nas alunas do internato (82%) e apenas 18% com valores moderados para a dimensão. Para os homens, 79% tinham altos valores para DP e 21% moderados. Na 4% 64% 32% Realização Profissional ALTO BAIXO MODERADO 30 Realização Profissional (RP), 82% dos indivíduos do sexo feminino apresentaram baixos valores e 18% moderados valores para essa dimensão. O sexo masculino apresentou-se de forma heterogênea com 50% apresentando baixos valores, 43% moderados. Apenas 7% da amostra masculina apresentou altos valores de RP. Ao analisar aqueles que relataram fazer algum curso extracurricular voltado para a residência médica, 54% apresentaram-se positivos para a síndrome. Outros 32% apresentaram-se em risco para burnout e 14% em risco moderado. Naqueles que não realizam esse tipo de curso, 50% apresentaram-se positivos para a síndrome. Em 21% há risco para burnout e 29% com risco moderado para a síndrome. Para 95% dos alunos que realizam um curso voltado para residência medica a EE encontrou-se em altos valores, com apenas 5% em baixos valores para essa dimensão. Aos que não realizam esse tipo de curso a EE apresentou altos valores em 89%, moderados em 7% e baixo em 4%. Na DP, aqueles que realizam um curso voltado para residência 82% apresentaram altos valores e 18% moderado. Aos que não realizam, 79% apresentaram altos valores e 21% baixos valores para DP. A RP em quem realiza curso extracurricular apresentou baixos valores em 71% da amostra e valores moderados em 29%. Naqueles que não realizam esse tipo de curso, 61% apresentam baixos valores, 36% moderados e 3% altos para RP. Analisando cada série individualmente, observou-se nos alunos do quinto ano prevalência de 60% para a síndrome do burnout. Há risco para burnout em 16% e risco moderado em 24% dessa população. Nos do sexto ano, a síndrome ocorre em 44% dos alunos. Há risco para burnout em 36% e risco moderado em 20% dessa população. No quinto ano, a EE apresentou altos valores em 96% da amostra e baixos valores em 4%. A DP apresentou altos valores em 92% e os demais componentes da amostra, moderados valores. A RP apresentou-se baixa em 76% dos alunos dessa série, moderados 16% e alto em 8% da população. No sexto ano, a EE apresentou altos valores em 88%, moderados em 8% da amostra e baixos valores em 4%. A DP apresentou altos valores em 32% e moderados em 68% da amostra. A RP apresentou baixos valores em 52% moderados em 48% da população. 31 Aqueles que relataram possuir algum hobby, 49% apresentam a síndrome, 27% risco para burnout e 24% risco moderado. Já quem não possui nenhum hobby apresenta incidência da síndrome em 80% da amostra, com os demais apresentando risco para burnout. Com relação à atividade física, os sedentários apresentaram burnout em 56% dos participantes, risco para burnout em 28% e risco moderado em 16%. Já os indivíduos ativos apresentam burnout em 48%, risco para burnout em 24% e risco moderado em 28%. A EE apresentou-se alta em 96% dos participantes sedentários, nos demais, baixa. Já em quem realiza atividade física, altos valores em 88% dos participantes, 8% moderados e 4% baixos valores. A DP apresentou os mesmos resultados nas duas populações, 80% altos e 20% baixos valores. Já a RP é baixa em 64% dos sedentários, moderados em 36%. Nos ativos a RP é baixa em 68% dos indivíduos, moderada em 28% e alta em 4%. Para os questionados se sentem-se acolhidos pelo preceptor e demais integrantes da equipe, aqueles que responderam sim apresentaram burnout em 35%, risco para burnout em 35% e risco moderado em 30%. A EE esteve alta em 79%, moderada em 10% e baixa em 11% da amostra. A DP teve altos valores em 79%, moderados em 21%. A RP apresentou-se baixa em 42%, moderada em 53% e alta em 5%. Já aqueles que responderam que não sentiam-se acolhidos, há EE elevada em todos, altos valores de DP em 89% e baixos valores de RP em 67%. Aos que responderam sentir-se parcialmente acolhidos, há burnout em 59%, risco para burnout em 23% e risco moderado em 18%. Há EE alta em todos os entrevistados que escolheram essa resposta, DP em altos valores em 77% e moderados em 33%. Na RP há baixos valores em 73%, moderados em 23% e alto em 4%. Aos questionados se sentiam-se aptos a realizar o serviço que lhe é cobrado no estágio, aqueles que responderam sim existe burnout em 38%, risco para burnout em 35% e risco moderado nos outros 27%. Nessa mesma amostra a EE esteve alta em 88%, moderada em 4% e baixa em 8%. Já todos os questionados que não sentem-se aptos a realizar o serviço apresentaram burnout, em consequência altos valores para EE e DP e baixos para RP. Aqueles que sentem-se parcialmente aptos, 32 existe burnout em 62%, risco para burnout em 19% e risco moderado noutros 19%. EE esteve alta em 95% e moderada nos outros 5%. A DP esteve alta em 71% e moderada em 29%. Por fim, RP esteve baixa em 76% da amostra e moderada em 24%. Quando analisado a amostra por meio do estágio em que encontrava-se no momento da aplicação do questionário, aqueles que estavam no estágio de clínica médica apresentaram burnout em 56%, risco para burnout em 22% e risco moderado em 22%. A EE esteve alta em 83%, moderada em 11% e baixa em 6%. A DP esteve alta em 78%, moderada em 22%. Já RP esteve baixa em 67% e moderada em 33%. Aqueles que encontravam-se no estágio de cirurgia existe burnout em 60%, risco para burnout em 20% e risco moderado noutros 20%. A EE apresentou-se alta em 90% e baixa nos outros 10%. DP esteve altaem 80% e moderada em 20%. A RP esteve baixa em 80%, moderada em 10% e alta em 10%. Os alunos que encontravam-se no estágio de pediatria, 50% apresentaram burnout, 40% risco para burnout e 10% risco moderado. A DP apresentou-se alta em 80% e moderado em 20%. A RP esteve baixa em 60% e moderada em 40%. Todos apresentaram altos níveis de EE. Por fim, os alunos que encontravam-se no estágio de ginecologia e obstetrícia apresentaram burnout em 50%, risco para burnout em 20% e risco moderado em 30%. A DP esteve alta em 10% e moderada em 90%. E a RP esteve moderada em 40% e baixa noutros 60%. Todos da amostra apresentaram altos níveis de EE. Quando avaliada a carga horária da amostra, aqueles que responderam realizar 30 a 40 h semanais apresentaram burnout em 31%, risco para burnout em 38% e risco moderado em 31%. A EE esteve alta em 92% e baixa em 8%. A DP apresentou-se alta em 77% e moderada em 23% da amostra. Já a RP esteve baixa em 46%, moderado em 46% e alta em 8%. Aos que possuíam uma carga horaria de 40 a 50 h semanais, o burnout esteve presente em 55%, risco para burnout em 25% e risco moderado em 20%. A EE esteve alta em 90% e moderada em 10%. A DP esteve alta em 85% e moderada em 15%. A RP apresentou-se baixa em 60% e moderada em 40% dessa população. 33 Aqueles que apresentavam uma carga horária >50 h semanais houve burnout em 54%, risco para burnout em 23% e risco moderado em 23%. A EE esteve alta em 92% e baixa nos demais 8%. DP esteve alta em 85% e moderada em 15%. Já a RP esteve baixa em 85% e moderada em 15% da amostra. 34 5. DISCUSSÃO A síndrome do burnout é a resposta ao estresse laboral crônico, envolve alterações comportamentais importantes e tem como agravantes variáveis sociodemográficas, profissionais, de lazer e de hábitos de vida. Quando afetado, o interno passa a ter atitudes que atingem os pacientes, os colegas e o próprio trabalho, pois os métodos de enfrentamento tornam-se falhos e insuficientes. Por essa razão, torna-se necessário esclarecer o esgotamento emocional entre os estudantes de medicina e suas correlações. No grupo de alunos estudado, observa-se que a maioria era do sexo masculino. Tradicionalmente, esta era uma tendência entre os profissionais da área médica (CFM, 2005), embora nos últimos anos uma presença feminina maior seja realidade nos cursos de medicina (FERREIRA et. al., 2000). O gênero que é mais acometido pela síndrome do burnout, é o feminino. Benevides-Pereira (2002) relata que tem havido maior incidência da síndrome em mulheres, o que confirmamos em nosso estudo. Este fato é atribuído à facilidade das mulheres expressarem mais livremente suas emoções e se sensibilizarem mais facilmente com o problema alheio, trazendo para si uma maior carga de traumas (BENEVIDES-PEREIRA, 2002). Ao analisar internos que realizam curso extracurricular voltado para residência, evidenciamos maior incidência da síndrome associada a altos valores de Exaustão Emocional (EE) do que naqueles que não realizam esse tipo de curso. Essa condição pode estar associada à carga horaria extracurricular, maior demanda de estudo e a fatores de estresse que o preparo para um concurso impõe ao estudante. Dessa forma a realização de curso extracurricular está associada a maior incidência de burnout. Carlotto e Câmara (2008) já indicavam em seu estudo que cursos complementares revelaram-se como preditores da exaustão emocional. Na avaliação por série, obtivemos dados que sugerem maiores índices de burnout na população que compõe o 5º ano do internato. Esses indivíduos também apresentaram resultados em Exaustão Emocional, Despersonalização (DP) e Realização Profissional (RP) mais alarmantes que os do 6º ano. Isso implica dizer que o inicio do ciclo prático, a inserção numa rotina de trabalho, e as relações 35 interpessoais no âmbito laboral (até então vivenciada apenas em ambiente acadêmico) representam um importante fator estressor para o aluno de medicina no internato. Os resultados aqui encontrados contrastam com os de Cárdenas et. al. (2014), que ao realizar o mesmo estudo com internos em um hospital de Lima evidenciou maior prevalência da síndrome em alunos que estavam concluindo o internato. Aqueles questionados sobre realização de hobby, a síndrome esteve mais prevalente em quem não pratica essa atividade (80%), bem maior que na amostra que relata possuir hobby (49%). Esses resultados indicam que possuir hobby representa um fator protetor à manifestação da síndrome do burnout. Nessa mesma linha, os indivíduos sedentários apresentaram-se com maior prevalência de burnout (56%) do que aqueles que relataram realizar atividade física (48%). A EE esteve mais alta nos sedentários (96%) do que nos indivíduos ativos (88%). Assim, manter-se ativo representa um fator de proteção à síndrome sendo importante indicar e/ou implementar essa prática na prevenção desse processo. Sobre o questionamento de acolhimento pelo preceptor e demais integrantes da equipe, evidenciou-se maior presença de burnout naqueles que sentem-se parcialmente acolhidos (59%), em contraste aos que sentem-se acolhidos (35%). Há também altos valores de Exaustão Emocional em todos participantes da pesquisa que responderam sentir-se parcialmente ou não acolhidos. Isso indica que um ambiente pouco acolhedor e hostil à presença do aluno corrobora com o aumento da exaustão emocional e demais fatores desencadeadores da síndrome, consequentemente com o surgimento do burnout. Com relação à aptidão em realizar o que é cobrado no estágio, evidenciou-se burnout em todos que não sentem-se aptos e em 62% dos que sentem-se parcialmente aptos. Aqueles que responderam sim a este questionamento há um menor índice (38%) do burnout, concluindo-se que não sentir-se apto a realizar o que lhe é cobrado institui um maior grau de burnout no aluno, possivelmente em decorrência da maior exaustão emocional e baixa realização induzida pela insegurança e frustração do aluno ao realizar procedimentos à beira do leito. A carga horária prestada pelos alunos do internato também nos demonstrou valores que indicam maiores índices de burnout naqueles que possuem jornadas 36 maiores que 40 h semanais. Aqueles que responderam possuir uma carga horaria de 41 a 50 h apresentaram burnout em 55% e aqueles que possuíam >50 h, 54%. A Exaustão Emocional também esteve maior nesses entrevistados permitindo concluir que o sobretrabalho, caracterizado pelo excessivo número de horas trabalhadas, as jornadas longas com poucas pausas para descanso e sem um lugar apropriado para isto, os poucos períodos de lazer e convívio familiar têm exposto os internos a implacáveis agentes estressores culminando em piores prognósticos para o surgimento da síndrome. Em relação ao estágio no momento da resolução do questionário, evidenciou- se maior prevalência de burnout naqueles que encontravam-se no estágio de cirurgia (60%), com uma proporção de altos valores em EE de 90%, de DP em 80% e baixos valores para RP em 80%. Isso indica que o estágio de cirurgia é o de maior prevalência para síndrome e piores valores referentes a suas subescalas, possivelmente em decorrência da alta carga horária instituída ao interno que participa do rodízio de cirurgia já que 80% dos alunos que encontravam-se nesse estágio possuíam uma jornada semanal >50 h, tornando evidente a influência desse fator como preditor no surgimento da síndrome. Fato importante observado nos resultados desse estudo é que apesar de jovem, a amostra possui predominância de ínvidos que possuem companheiro fixo. Associado a isso há quase totalidade de apoio familiar, isso minimiza o isolamento social característico dos estudantes de medicina. É importante lembrar que o fato de poder contar com pessoas com quem seja possíveldividir dúvidas e/ou opiniões e obter suporte, incentivo ou contribuição é tido como um elemento importante para retardar ou reter os processos de estresse e burnout (BENAVIDES-PEREIRA, 2002, 2003). A análise dos dados nos demonstra fatos alarmantes acerca da prevalência da síndrome nesses internos de medicina. Nota-se que 52% dos alunos encontram- se em burnout, outros 26% em risco para burnout e 22% em risco moderado. Em estudo semelhante com internos em um hospital universitário de Cali, Guevara et. al. (2004) obtiveram valores semelhantes com prevalência da síndrome em 60% dos estudantes, 30% em risco para burnout e apenas 10% com risco moderado. Mori et. al. (2012) obtiveram valores menores que os do estudo aqui demonstrado, com uma prevalência de 20,4% de burnout em estudantes de medicina de uma universidade 37 do interior paulista. Ao analisarmos estudantes de outras áreas da saúde, obtemos valores ainda menores de prevalência da síndrome. Campos et. al. (2012) revelaram, em seu trabalho com alunos do curso de odontologia, uma prevalência da síndrome em 17% dos estudantes. Já Junior e Coutinho (2012) no estudo realizado com estudantes do curso de fisioterapia, não obtiveram participantes positivos para burnout, apenas para risco. Esses dados demonstram que o aluno do curso de medicina está mais exposto à síndrome do burnout, provavelmente em decorrência da sobrecarga física e mental que o curso institui. Fica evidente a necessidade de implementar medidas de prevenção e proteção precoces, como o emprego de psicoterapia preventiva e interventiva, associada a outras condutas, incluindo a criação de centros especializados para exames médico-psicológicos, no sentido de propiciar assistência psicológica aos estudantes de medicina. Nas subescalas do burnout, a Exaustão Emocional foi a que se demonstrou mais alterada. Obtiveram-se altos valores em 96% dos alunos do 5º ano e 88% em alunos do 6º. Isso demonstra a alta carga estressora que essa população esta exposta, corroborando para os altos valores de prevalência da síndrome já que essa dimensão é a primeira a se alterar no processo crônico de estresse laboral e as medidas de intervenção nesta constitui o principal pilar preventivo do burnout, como já dito anteriormente na revisão literária. Entretanto, a despersonalização apresenta o dado mais alarmante. Essa subescala apresenta altos valores em 92% dos estudantes que iniciaram o internato, contrastando com os que estão concluindo os quais apresentaram altos valores em 68%. Isso indica que no internato os estudantes tornaram-se mais insensíveis e ate mesmo cínicos ou irônicos no trato com os demais. Isso interfere diretamente na relação medico-paciente, tornando-a mais pobre e menos efetiva. Cárdenas (2014), em seu estudo com alunos do internato, obteve altos valores de despersonalização em 61% dos alunos do 5º ano e 41% naqueles do 6º ano, corroborando com os nossos achados de que a despersonalização apresenta-se maior nos alunos que iniciaram o internato. Por fim, os altos índices de burnout na amostra aqui estudada devem-se especialmente aos baixos valores de realização profissional que os internos desse estudo apresentaram. Essa subescala tem caráter protetivo, por isso é avaliada de maneira inversa no MBI. Quando observamos que a mesma apresenta baixos 38 valores na população global em 64% e em apenas 4% da amostra apresentou altos valores, concluímos que o processo de estresse laboral, na sua propagação, já esta minando a capacidade do aluno em sentir-se realizado com o trabalho que efetua, culminando na alta prevalência da síndrome do burnout observada nesse estudo. Ademais, a diferença observada na prevalência da síndrome entre internos do 5º e 6º ano pode ser, também, explicada pelos melhores valores obtidos naqueles que estão concluindo o ciclo prático, mais propensos a um sentimento de gratidão e satisfação pela proximidade do fim de seis longos anos de graduação. 39 6. CONCLUSÃO Apesar de ainda não estar inserido no mercado de trabalho propriamente dito, o aluno de medicina no internato possui uma rotina que pouco destoa daquela exercida pelos profissionais que lá atuam. A carga horaria extenuante, afastamento das atividades sócias e de lazer, condições de trabalho precárias, relações interpessoais conflitosas no trabalho, ambiente psicologicamente desafiador, são fatores que induzem estresse não só nos profissionais de saúde, mas também nos alunos que ali encontram-se inseridos com o intuito de aprender. O trabalho aqui exposto evidenciou uma prevalência alarmante da síndrome do burnout nos internos da nossa instituição. Ademais, os altos valores de Exaustão Emocional apresentada pela amostra nos indicam que aqueles cujo diagnóstico não fora estabelecido, apresentam-se em aumentada possibilidade de evoluir para burnout. Fato alarmante aqui exposto são os altos índices de despersonalização presente nos internos. Esta representa uma resposta do indivíduo à exaustão emocional, a qual empobrece a relação com os pacientes e uma de suas maiores consequência é a negligencia. Um estudo realizado na Bahia demonstrou que a maioria das falhas ocorridas no exercício da medicina devia-se a negligencia, ou seja, omissão ou passividade no trato com pacientes (BITENCOURT et. al., 2007). A baixa realização profissional apresentada por grande parte dos alunos do estudo nos demonstra o caráter de risco que esses se encontram. Em razão do estresse que são expostos os internos, sua capacidade de sentir-se recompensado pelo trabalho realizado decai. Como piores consequências podemos ter indivíduos pouco inspirados em aprimorar suas atividades, elevando o absenteísmo e diminuindo a eficiência desses em seu trabalho. Outro fato evidenciado nesse estudo é de que os alunos que não sentem-se acolhido pelos preceptores e demais integrantes da equipe ou aptos a realizar o trabalho cobrado, ou sentem-se parcialmente, denotou maiores valores de exaustão emocional e da síndrome do burnout. Isso demonstra que a receptividade do ambiente de trabalho, assim como a capacidade individual são fatores preponderantes na indução de estresse. O ambiente hostil, pouco receptivo e 40 insegurança na rotina de trabalho precisam ser combatidos. Dessa forma, é imperativa a necessidade de maior preparação do aluno para a rotina do internato antes de seu início, em especial tecnicamente, com o aprimoramento do currículo em matérias práticas e estações de treinamento/aperfeiçoamento. Outro fato que se relacionou positivamente com a síndrome e suas dimensões foi a carga horária aumentada. Apesar das mudanças curriculares que limitam o trabalho do interno a 40 h semanais, concluímos que essa não é uma realidade, com grande parte da amostra apresentado jornadas maiores que essa. Talvez se o ambiente de trabalho possuísse boas condições, locais de descanso apropriado e suporte as necessidades dos alunos essa carga horária não fosse fator estressor evidente como aqui observado, pois sabemos que em profissionais que lidam com a vida, a prática e experiência são fundamentais e essas só são alcançadas por meio da vivência. É interessante o fato de que a prevalência da síndrome e todas as suas subescalas apresentaram piores resultados nos alunos do 5º ano, em comparação aos do 6º. Aqui observamos uma limitação do estudo, pois o mesmo só fora realizado com alunos do internato. São necessários maiores estudos da síndrome e suas dimensões em alunos de medicina de todas as séries, para maiores conclusões acerca de sua evolução ao longo do curso e picos de incidência. Como fatores de proteção fica demonstrado que ter um hobby, apresentar-se ativo e possuir apoio (familiar e/ou afetivo) correlacionaram-se negativamente com a síndrome. Essas condições permitema fuga da rotina estressante que o acadêmico vivencia, aumentam seus vínculos sociais e permitem uma maior capacidade de suporte aos estressores. Estes resultados vão ao encontro do que refere Maslach (1982), quando afirma que possuir uma atividade específica de lazer é um fator de proteção ao burnout. Assim, conclui-se que, neste grupo de estudantes, os fatores que mais contribuem para burnout são os estressores psicossociais da rotina do ciclo prático. Este resultado vai ao encontro aos que referem Carlotto e Gobbi (1999), de que Burnout não é um problema do indivíduo, mas sim de seu contexto de trabalho. Os resultados aqui expostos apontam para a necessidade de criar alternativas para prevenir os fatores de estresse aos quais os internos são expostos. Também 41 sinaliza a importância de intervenções que atuem sobre o período de preparação para o estágio. É imprescindível, segundo Nogueira-Martins (2002), que futuros profissionais da saúde incorporem o aprendizado e o aprimoramento dos aspectos interpessoais da tarefa assistencial, indo além do suporte técnico-diagnóstico, utilizando e desenvolvendo a sensibilidade para conhecerem melhor a realidade do paciente. Os alunos devem ser estimulados a desenvolver estratégias de adaptação e enfrentamento de situações estressantes que lhes servirão durante a formação e, posteriormente, durante sua carreira profissional. Devem aprender sobre a fisiologia do estresse, técnicas de relaxamento, traços de personalidade com potencial adaptativo e mal-adaptativo, assim como sobre o desenvolvimento de relações interpessoais efetivas, reconhecimento e manejo do estresse no meio médico, e aprender a desvincular sua vida profissional da pessoal (MILLAN et. al., 1999; MOSLEY et. al., 1994). Visando auxilio nessa adaptação e enfrentamento de situações estressantes, sugere-se o aprimoramento do apoio psicológico ao aluno, tanto no meio universitário como no hospitalar. Isso pode se dar por meio de núcleos de apoio ao estudante de medicina visando prevenir, diagnosticar e tratar distúrbios psiquiátricos, entre eles o burnout. Portanto, é imperativa a sensibilização da comunidade acadêmica em relação à síndrome do burnout e sua prevenção e/ou tratamento, para impedirmos que antes mesmo de tornarem-se profissionais médicos esses estudantes já apresentem condições que diminuem a efetividade e a satisfação no trabalho realizado. 42 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ALBALADEJO, R.; VILLANUEVA, R.; ORTEGA, P.; ASTASIO, P.; CALLE, M. E.; DOMINGUEZ, V. Sindrome de Burnout en el Personal de Enfermaria de un Hospital de Madri. Rev esp Salud Publica, 2004. 78: 505 – 516. ALVAREZ-GALLEGO, E.; FERNÁNDEZ-RIOS, L. El síndrome de “Burnout” o el desgaste profesional. Revista Associación Española de Neuropsiquiatria, 1991. 257-265. ASSOCIATION OF PROFESSORS OF MEDICINE. Predicting and Preventing Physician Burout: Results from the United States and Netherlands. The American Journalof Medicine August 1, 2001. 111 p. BALDASSIN S. Ansiedade e Depressão no Estudante de Medicina: Revisão de Estudos Brasileiros. 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Porém, caso o desconforto causado pelos conteúdos das questões mobilize em você necessidades de acompanhamento psicológico, pode entrar em contato com os responsáveis pela pesquisa para encaminhamento. Não haverá remuneração financeira por sua participação nesse estudo e os dados serão anonimamente empregados no relatório final. Gostaria de ressaltar que sua participação é voluntaria e o fato de poder recusar-se a participar ou retirar seu consentimento, ou ainda descontinuar sua participação em qualquer momento da pesquisa, se assim quiser, sem penalização ou prejuízo algum. ______________________ Assinatura do pesquisador Pesquisador: João Victor Borges Mendes – 981191650 – jvictormed@yahoo.com.br Calvino Camargo – 3621 3145 – calvino_camargo@hotmail.com Eu__________________________________________________________________ fui informado (a), de forma clara e objetiva, livre de qualquer constrangimento ou coerção, sobre o objetivo da pesquisa, bem como a forma de participação. Li e compreendi este termo de consentimento, portanto concordo em participar como voluntário desse estudo. Boa Vista, __/__/__ ___________________________ Assinatura do participante 49 APÊNDICE B - Questionário Sociodemográfico Responda o questionário abaixo, marcando uma única alternativa pertinente a cada sentença. 1. Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino 2. Idade:( ) 20-30 ( ) 30-40 ( ) 41-50 ( ) 51-60 ( ) >60 anos 3. Estado civil: ( ) Solteiro/tem companheiro fixo ( ) Solteiro/não tem companheiro fixo ( ) Casado ( ) ( ) Viúvo ( ) Separado 4. Filhos: ( ) Sim ( ) Não 5. Religião:( ) Católico ( ) Evangélico ( ) Espirita ( ) Protestante ( ) Ateu ( ) Outras ( ) Sem religião
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