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U1 S3 obrigações+-+espécies+-+aula+3


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DIREITO CIVIL II
2018-2
Profª. Me. Jennifer Leal Furtado Barreto Dalalba
jennifer.barreto@aedu.com
DIREITO DAS OBRIGACÕES – ART. 233 A 420
	
1. CONCEITO
1.1 Diferença entre Obrigação Propter rem com Obrigação de eficácia real
2. ESTRUTURA DA RELAÇÃO OBRIGACIONAL
2.1 Elemento ideal (ou espiritual) 
2.2 Elemento subjetivo 
2.3 Elemento objetivo
3. CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES
3.1 Obrigação de Dar 
3.1.1 Obrigação de Dar Coisa Certa
3.1.2 Obrigação de Dar coisa Incerta
3.2 OBRIGAÇÃO DE FAZER
A obrigação de fazer traduz a prestação de um fato pelo devedor. Interessa a própria atividade do devedor.
Pode ser:
a) personalíssima (infungível): é aquela que observa as qualidades do contratado. Apenas o devedor pode satisfazê-la. São as obrigações intuito personae cujo adimplemento não poderá ser realizado por qualquer pessoa em atenção as qualidades especiais daquele que se contratou. Ex: contratação de Ivete Sangalo para cantar em formatura.
“Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exeqüível.”
b) não personalíssima (fungível): não há restrição negocial no sentido de que o serviço seja realizado por outrem. A obrigação não foi pactuada em atenção a pessoa do devedor. 
“Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.”
O descumprimento culposo da obrigação de fazer resulta em indenização por perdas e danos. Mas, se for impossível cumpri-la sem culpa do devedor, resolve-se a obrigação (art. 248, CC).
“Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa dele, responderá por perdas e danos.”
Nem sempre ocorrerá a conversão em perdas e danos. É mais recomendável que o credor lance mão de tutela jurídica especifica. Ex: fixação judicial de multa diária (cominatória ou astrenti) até que o devedor cumpra a obrigação. Assim, as perdas e danos não são a única via.
O credor poderá com autorização judicial contratar terceiro para que cumpra a obrigação, que o devedor descumpriu, sendo permitido a cobrança posterior do devedor (art. 249,CC). Ex: por medida cautelar.
“Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da indenização cabível (exige autorização).
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor, independentemente de autorização judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.”
O parágrafo único traz hipótese de autotutela, em caso de urgência, sendo dispensável a autorização do juiz.
3.3 OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER (ou Negativa)
É a obrigação de não-fazer. A obrigação de não fazer tem por objeto a abstenção de um fato. Por isso, é chamada de obrigação negativa. Ex: obrigação de não concorrência, obrigação de não construir acima de certa altura (que poderá ter roupagem jurídica de servidão quando registrada em cartório essa obrigação).
Pode-se buscar base normativa para a obrigação de não-fazer no princípio da boa-fé objetiva (obrigação ética). 
Ex: em Salvador existe um bairro chamado de Rio Vermelho. Uma construtora levantou empreendimento no platô desse bairro. Um dos pontos de maior valorização dos imóveis era os que tinham vista para o mar. Haveria quebra da boa-fé objetiva a construção pela mesma construtora de empreendimento no terreno em frente, que impediria a vista para o mar. Assim, o direito obrigacional também foi constitucionalizado.
A obrigação de não-fazer pode ser temporária. Ex: obrigação de não-concorrência por 5 anos. 
 “Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou a não praticar.”
Trata-se de situação fortuita. Ex: vizinho se obriga a não-construir certo muro; mas, a prefeitura notifica o devedor (fato do príncipe) para realizar muro por questão de segurança. 
Mas, se houver culpa do devedor, o credor poderá pleitear em juízo o desfazimento da obrigação de não-fazer realizada, sob pena de perdas e danos.
“Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem prejuízo do ressarcimento devido.”
O parágrafo único prevê hipótese de autotutela, pois autoriza o desfazimento pelo próprio credor, sem autorização judicial, em caso de urgência.