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I n f o r m e A g r o p e c u á r i o , B e l o H o r i z o n t e , v . 3 3 , n . 2 6 6 , p . 9 2 - 1 0 1 , j a n . / f e v . 2 0 1 2
Produção intensiva de pastagens
1
2
1Engo Agro
2
Os Sistemas Silvipastoris (SSPs), uma 
(SAFs), referem-se à técnica de produção 
numa área 
realizam o pastejo, com estruturas e intera-
ções planejadas (Fig. 1). Tais sistemas re-
presentam uma forma de uso da terra, onde 
as atividades silviculturais e pecuárias são 
combinadas para gerar produção de forma 
complementar pela integração de seus 
componentes (GARCIA; COUTO, 1997).
A integração do animal às diferentes 
culturas não constitui um sistema novo de 
novo é o fato de a integração do animal 
-
rar a produtividade por unidade de área. 
Em um mundo onde a população cresce 
rapidamente, sobretudo nos países menos 
desenvolvidos, o aumento de produtividade 
da terra torna-se uma necessidade também 
para a agricultura tradicional terá seus limi-
tes esgotados num futuro não muito distante.
Os SSPs propiciam aos agricultores e 
culturas, produção de madeira e alimento, 
controle da erosão e maior fertilidade do 
-
diferentes componentes não podem ser 
visualizados e interpretados como fatores 
isolados, tendo em vista o caráter integrado 
desse ecossistema de produção. Os SSPs 
apresentam-se com inúmeras vantagens 
para um manejo mais correto do meio am-
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Produção intensiva de pastagens
r
no manejo dos componentes de um sistema 
-
nejados pelo homem de forma direcionada 
e com técnicas conhecidas. A importância 
do solo, como sustentador do sistema e dos 
efeitos dos componentes arbóreo, herbáceo 
e animal sobre o solo, tem sido objeto de 
estudos no decorrer dos anos. Todavia, pe-
no Brasil, com SSPs, vê-se a necessidade, 
entre outras, de conduzir trabalhos voltados 
para o manejo do rebanho.
Embora algumas plantas forrageiras 
geral de diminuição da intensidade de luz é 
As gramíneas forrageiras tropicais são 
comparadas às leguminosas. A capacidade 
fotossintética das folhas das gramíneas 
tropicais, com metabolismo C
4
, cresce 
com o aumento do nível de irradiação, ao 
3
) tornam-se 
saturadas ao redor de 50% de luz solar 
-
mitantes da capacidade de crescimento das 
leguminosas na sombra seja uma reduzida 
Avaliando a tolerância de seis espécies 
de gramíneas forrageiras ao sombreamento, 
Castro, Garcia e Carvalho (1999) observa-
a concentração de N, a produção forrageira 
e as características morfológicas das es-
sombreamento. As gramíneas cultivadas à 
sombra tornaram-se mais suculentas, com 
menor teor de MS. Um fato interessante de 
ao sombreamento nem sempre são as mais 
produtivas num determinado nível de som-
bra. Isto ocorre, por causa das diferenças no 
potencial de produção das espécies.
 O capim-gordura ( )
e o capim-setária (Setaria sphacelata) foram 
considerados tolerantes ao sombreamento, 
pois suas produções de MS não foram 
Já o capim-andropogon (Andropogon
gayanus
o sombreamento, ainda produziu 7,0 t/ha de 
MS a 60% de sombreamento, bem superior 
aos capins-gordura e setária. Portanto, o cri-
tério tolerância ao sombreamento não pode 
ser considerado isoladamente na escolha da 
espécie forrageira a ser utilizada em um SSP.
de outros fatores, além da baixa disponibi-
normal da gramínea, Andrade et al. (2001) 
conduziram um estudo em SSP, constitu-
ído por Eucalyptus urophyla e Panicum 
maximum cv. Tanzânia na região dos 
Cerrados de Minas Gerais. Esses autores 
interferiu no crescimento normal da gramí-
nea. A baixa disponibilidade de N no solo 
constitui a principal limitação nutricional 
ao crescimento da gramínea. É provável, 
negativamente por substâncias alelopáticas 
produzidas pelo eucalipto.
A exploração bem-sucedida dos SSPs 
-
-
sença de árvores, como o sombreamento. 
Segundo Wong (1991), essa característica 
refere-se à capacidade de uma espécie cres-
cer à sombra em relação ao crescimento a 
regulares. No entanto, a tolerância das 
forrageiras à sombra deve ser caracterizada 
não só pela sobrevivência, mas também 
pela adaptação ao manejo, às condições 
edafoclimáticas da região, produção sa-
tisfatória de MS (GARCIA; ANDRADE, 
Apesar de algumas plantas forrageiras 
de modo geral a diminuição da intensidade 
luminosa provoca redução na produtivida-
de delas (ERIKSEN; WHITNEY, 1981; 
KEPHART; BUXTON; TAYLOR, 1992). 
Contudo, respostas positivas de produção 
foram observadas por Castro, Garcia e Car-
valho (1999) e Burner e Brauer (2003). Sob 
condições de baixa luminosidade, as espé-
cies necessitam de estratégias de tolerância 
à sombra, como a capacidade de maximizar 
de área foliar e a interceptação da luz, por 
meio de alterações anatômicas, morfoló-
PALLARDY, 1991; DEINUM et al., 1996; 
LAMBERS; CHAPIN III; PONS, 1998), 
-
(LIN; MCGRAW; GEORGE, 2001; PERI; 
LUCAS; MOOT, 2007). 
O sombreamento leva a uma redução 
na radiação incidente e na relação do 
espectro de luz (vermelho: vermelho ex-
tremo) (FELDHAKE, 2001), tornando a 
temperatura mais amena, aumentando a 
umidade do ar e do solo, reduzindo a taxa 
de evapotranspiração. Essas alterações 
microclimáticas podem causar mudanças 
significativas na morfologia das plan-
-
ragem, destacam-se a área, o comprimento, 
a espessura e a orientação da lâmina foliar, 
o comprimento do colmo e o pecíolo, o 
número de folhas e a relação folha/colmo. 
O cultivo de várias espécies de gramí-
neas, sob diferentes níveis de redução da 
intensidade luminosa, resultou em plantas 
mais altas e com colmos mais longos 
(CASTRO; GARCIA; CARVALHO, 1999; 
PERI; LUCAS; MOOT, 2007). Além disso, 
sob níveis decrescentes de luz, as folhas 
(CASTRO; GARCIA; CARVALHO, 
1999; LIN et al., 2001). O sombreamento 
acúmulo de material morto nas plantas for-
rageiras. As gramíneas cultivadas à sombra 
tendem a ser mais suculentas, com menor 
teor de MS, por causa do desenvolvimen-
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to mais lento das plantas, com reduzida 
velocidade de perda de água pelos tecidos 
(CASTRO; GARCIA; CARVALHO, 
1999; PERI; LUCAS; MOOT, 2007). A 
redução do acúmulo de tecidos mortos 
pelo sombreamento também pode estar 
relacionada com a menor velocidade de 
desenvolvimento das plantas sob sombra e 
também com as condições microclimáticas 
do ambiente sombreado, onde predominam 
temperaturas mais amenas e maior umida-
de do ar e no solo. 
e da digestibilidade potencial, depende 
alguma forma, são dependentes de fatores 
externos como o clima. As alterações 
correm nas plantas, em função do 
O teor de proteína bruta ou o conteúdo de 
N geralmente aumenta em plantas sombre-
adas (BELESKY; CHATTERTON; NELL, 
2006; PERI; LUCAS; MOOT, 2007). Mas 
essa tendência é maior em gramíneas do 
Existem muitas hipóteses para explicar o 
efeito positivo da sombra sobre o teor de 
proteína nas plantas forrageiras. A sombra 
pode ter efeito positivo sobre a disponibi-
lidade de N no solo. O maior teor de umi-
dade no solo, associado com a temperatura 
moderada sob sombra, pode resultar na 
maior velocidade da taxa de mineralização 
do N, decomposição do litter e ciclagem de 
N (HUMPHREYS, 1994). O maior teor de 
proteína bruta (PB) nas plantas sombreadas 
também pode estar associado ao menor 
tamanho das células sob sombra. O menor 
tamanho das células, juntamente com a 
por célula, pode ter um efeito concentrador 
(KEPHART; BUXTON; TAYLOR, 1992). 
e o teor de sílica são maiores em plantas 
sombreadas (SAMARAKOON; WILSON; 
SHELTON, 1990). Concordando com os 
resultados citados anteriormente, alguns 
da MS da forragem, tanto de gramíneas 
-
rado, diminui em função da redução da 
intensidade luminosa (MASUDA, 1977). 
aumentos na digestibilidade de plantas 
sombreadas (SAMARAKOON; WILSON; 
SHELTON, 1990; KEPHART;BUXTON; 
TAYLOR, 1992). 
De acordo com Kephart, Buxton e 
Taylor (1992), condições estressantes, como 
o sombreamento, provavelmente reduzem 
a disponibilidade de fotoassimilado para o 
desenvolvimento de parede celular secundá-
promovem a síntese mais rápida de novas 
células, bem como aceleram sua maturação 
e desenvolvimento do colmo, afetando 
adversamente a digestibilidade (WILSON; 
TAYLOR; DOLBY, 1976). 
Apesar de muitos estudos avaliarem 
o efeito da sombra sobre o valor nutritivo 
temperatura, pois a sombra geralmente di-
minui a temperatura local. Sob sombra, as 
menores temperaturas podem aumentar a 
digestibilidade da forragem (SHARROW, 
1999). A temperatura mais baixa pode ter 
efeito positivo sobre a digestibilidade das 
-
librando o efeito negativo causado pela 
redução no teor de carboidratos solúveis e 
feita uma revisão de conhecimentos mor-
-
geiras submetidas ao pastejo foi realizada 
com o pasto sob pleno sol e não como 
visem os efeitos do manejo animal sobre o 
pasto no sistema e, daí, poder recomendar 
para os sistemas. 
Informações de desempenho animal 
às ofertas e ao tipo de forragem disponível, 
à adubação nitrogenada e à produção de 
algumas espécies ao sombreamento, são 
encontradas na literatura. A maior preo-
na área de estudos em SSPs esteve voltada, 
desde décadas atrás, para a tolerância de 
algumas espécies forrageiras de clima 
tropical à luminosidade reduzida. Vários 
estudos foram conduzidos utilizando de 
sombreamentos artificiais (sombrites), 
para obter respostas de forrageiras às di-
ferentes intensidades luminosas, visando à 
produzida.
do estabelecimento e persistência de uma 
espécie num sistema é a sua tolerância à 
-
lizadas no País, a gramínea forrageira, cv. 
Marandu (Brachiaria brizantha), passou 
a ser a mais difundida nos sistemas, por 
apresentar melhor tolerância à sombra 
sem, contudo, ter diminuído muito sua 
produtividade. Outras gramíneas, como 
as espécies do gênero Panicum também 
foram objeto de estudo nos experimentos 
ao se procurarem os efeitos da sombra 
Em alguns trabalhos, apesar da pre-
sença do animal no pastejo, os objeti-
vos estiveram voltados para os efeitos 
da adubação nitrogenada e potássica 
desempenho animal (BERNARDINO; 
GARCIA; TONUCCI, 2007ab). O som-
breamento altera o processo fotossintético 
planta, predispondo-a, a uma condição 
desfavorável aos efeitos da desfolhação 
pelo pastejo.
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Produção intensiva de pastagens
A idade e o tipo dos tecidos da plan-
intensidades de remoção de tecidos pelo 
pastejo resultam em diferentes graus de 
recuperação das plantas. Quanto maior 
a intensidade de pastejo maior será o 
tempo de recuperação da planta. Uma 
contínua e discreta desfolhação difere 
fundamentalmente em seus efeitos sobre 
a planta. Com contínua desfolhação, numa 
planta, individualmente esta pode ajustar 
-
sintética e suprimento de nutrientes. Alta
em gramíneas pastejadas continuadamente 
em pastagens, pode resultar em adapta-
ções da planta (PARSONS; JOHNSON; 
WILLIAMS,1988).
A recuperação da planta de uma desfo-
lhação depende não só de sua capacidade 
de rebrotação, mas das características da 
desfolhação e dos fatores bióticos e abi-
óticos do meio. Condições abióticas, luz, 
da planta antes ou após o pastejo, podem 
ter efeitos decisivos na capacidade de a 
planta se recuperar dos efeitos do pastejo. 
-
gicos ter sido conduzida visando respostas 
isoladas, em casas de vegetação ou no 
recursos, precaução deve ser tomada ao 
fazer interpretação de estudos de cortes, 
Uma redução instantânea no processo 
-
dividualmente, são desfolhadas pelo paste-
em carbono, previamente armazenado em 
tecidos-fonte, a translocação de carbono e a 
-
lógicas são alteradas imediatamente após 
a desfolhação é essencial para o entendi-
mento de como as plantas recuperam de tal 
perturbação. Todavia, poucos estudos têm 
sido conduzidos para detectar os efeitos nas 
funções das plantas, tais como crescimento, 
respiração e absorção de nutrientes.
Os efeitos imediatos da desfolhação 
dependem principalmente da intensidade 
do pastejo, e são atribuídos a uma medida 
direta do grau de redução no processo 
fotossintético ou de ganho de carbono. A 
redução da fotossíntese não é proporcional 
à perda de área foliar, mas às mudanças 
no microclima do dossel, após a perda de 
parte aérea da planta e também da desi-
gualdade da contribuição fotossintética 
das folhas de várias idades (LUDLOW; 
CHARLES-EDWARDS, 1980). Quando 
ocorre uma desfolhação em plantas com 
predominância de folhas maduras, a baixa 
capacidade fotossintética destas folhas 
resulta em maior redução em fotossíntese 
-
porção de área foliar removida (GOLD; 
CALDWELL, 1989).
-
monstrado para forrageiras do grupo C3 e 
C
4 
24 horas após a remoção (40% a 50%) 
da parte aérea da planta (CRIDER, 1955; 
-
vas podem também morrer e começar a se 
decompor após a desfolha. Claramente, o 
crescimento de raízes e a sua manutenção 
são extremamente sensíveis à desfolhação 
raízes diminui muito rapidamente após a 
desfolha, mas a magnitude de redução é 
-
zes (DAVIDSON; MILTHORPE, 1966). 
Monitoramentos contínuos de respiração 
-
piração pode começar a declinar dentro 
de horas após a desfolhação, sendo subs-
tancialmente reduzida dentro de 24 horas 
(CLEMENT et al. 1978).
A absorção de nutrientes diminui 
rapidamente após a desfolhação, conco-
mitantemente com a redução da respiração 
do sistema radicular. Experimentos com 
Lolium perenne, em solução nutritiva, 
NO
3
- começou a declinar dentro de 30 min 
removida (CLEMENT et al., 1978). O 
aumento na absorção de NO
3
- não ocorreu 
até um positivo balanço diário de carbono 
na planta ter sido restabelecido. A rapidez 
e magnitude dos declínios em respiração 
das raízes e absorção de nutrientes após 
a desfolhação são proporcionais à in-
tensidade de desfolhação (DAVIDSON; 
MILTHORP, 1966). O sombreamento dos 
e grandes diminuições na respiração das 
raízes e absorção de nutrientes, semelhan-
desfolhações.
O crescimento de raízes, respiração 
e absorção de nutrientes é grandemente 
inibido imediatamente após desfolhação 
bem supridas com nutrientes, mas esses 
processos são menores após desfolha-
ção em plantas com crescimento lento. 
A alocação de carbono, para raízes de 
plantas com limitação de nutrientes, pode 
continuar a ocorrer, por serem as raízes 
especialmente fortes armazenadoras ou 
crescimento dessas plantas assegura a 
limitação de carbono.
A capacidade para uma rápida rebrota-
ção ou uma recomposição da planta após a 
desfolhação realizada pelo pastejo, é uma 
característica distinta das plantas toleran-
contribuem para uma rápida recuperação 
foliar, a mais importante é a presença de 
meristemas ativos, também denominados 
meristemas apicais. A presença de meriste-
mas apicais na planta, após a desfolhação, 
conduz a uma expansão da folha. Algumas 
removida pelos animais, no ato do pastejo, 
-
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Produção intensiva de pastagens
pastejo realiza-se em um nível bem baixo, 
próximo da superfície do solo, as plantas 
apresentam uma recuperação muito pe-
O potencial de recuperação da planta 
permanece após a desfolhação. Quando 
os meristemas apicais estão presentes, a 
presença de alta disponibilidade de carboi-
dratos pode aumentar a taxa de rebrotação. 
pelos fatores do meio como estresse de 
água, disponibilidade de nutrientes e tem-
peratura (Fig. 2).
O pastejo tem efeito dominante sobre 
a ciclagem dos nutrientes por meio do 
sistema solo/planta/animal e, dessa for-
ma, sobre a fertilidade dos solos do siste-
ma. Esse aspecto tem grande importância 
sem árvores.
Os animais desempenham um papel 
de acelerador no processo de retorno de 
nutrientes à forma mineralpara serem reu-
tilizados, pois parte da fração indigestível 
das plantas forrageiras, antes de retornar 
ao solo, sofre degradação no rúmen, 
diminuindo, dessa forma, o tamanho de 
partículas.
dos microrganismos do solo, em conse-
-
gem de nutrientes em ecossistemas de 
pastagens, um fator de grande importância 
é a transferência de nutrientes promovida 
pelos animais. Isto ocorre, principalmen-
te, pela maior deposição de excreções em 
locais próximos às aguadas e cochos de 
sal mineral.
também importante num SSP, por cau-
sa da existência de áreas de descanso, 
aguadas e cochos para mineralização do 
rebanho, onde os animais permanecem 
por determinado período do dia, para 
de água e minerais. A deposição de ex-
crementos nesses locais traz como con-
de manejo para todos os componentes de 
um SSP, incluindo a adição de fertilizan-
tes, são indispensáveis para maximizar a 
naturais. 
O crescimento do pasto no SSP, o 
radiação fotossintética ativa incidindo 
radiação recebida no local e da porcenta-
gem de transmissão por meio das copas 
das árvores. Smith e Whiteman (1983 
apud
reduções nos rendimentos de MS de 
Brachiaria decumbens e B. humidicola
de 28,2 t para 3,3 t e de 22,8 t para 2,6 t, 
de 100% para 20%, respectivamente. Me-
nores reduções, no entanto, foram regis-
tradas para as espécies adaptadas à sombra 
como Paspalum conjugatum e Axonopus 
compressus.
responde diferentemente às mudanças 
no nível de radiação fotossintética ativa, 
dependendo se as plantas forem do tipo C
4
(gramíneas tropicais) ou C
3 
(leguminosas 
tropicais e gramíneas e leguminosas de 
clima temperado).
O manejo do rebanho deve ser direcio-
nado para a manutenção de uma área foliar 
solo, ou seja, uma cobertura foliar deve 
-
-
perada, durante e após o pastejo, são fatores 
determinantes no crescimento do pasto. A 
a intensidade da desfolhação da planta, e 
de folhas presentes, mas também o nível de 
carboidratos totais não estruturais (CTNE), 
colmos e raízes. Em pastos sombreados, 
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Produção intensiva de pastagens
a persistência da planta, mas também a 
a desfolhação (WONG, 1991).
Em pastos manejados de capim-guiné 
(P. maximum), sob cortes a cada oito e 
-
tivamente. Torna-se importante lembrar 
com oito semanas de intervalo de pastejo e 
com a interceptação de luz de 90%, o valor 
nutritivo desta planta decresce substan-
cialmente com a idade, especialmente em
gramíneas do tipo C
4
. O indicador altura da 
encia
na retomada de crescimento da planta, na 
área residual de folhas após o pastejo e nas 
gemas basais presentes abaixo da altura de 
remoção pelo pastejo. Os estudos realiza-
dos com diversas gramíneas forrageiras 
cultivadas a pleno sol, preconizando a
o pasto apresentar um dossel interceptando 
95% de luz, provavelmente não será o ideal 
para pastos sombreados. O índice de área 
foliar ótimo, para forrageiras a pleno sol, 
deve ser revisto para as espécies forragei-
ras de clima tropical em ambientes com 
de manejo a pleno sol não deverão ser 
aplicados integralmente. Só pelo fato de
as plantas forrageiras sob sombra terem 
e visivelmente apresentarem alterações 
conduza a um pastejo diferenciado em SSP, 
necessita de informações mais concretas, o 
(Fig. 3).
O método rotacionado, algumas vezes 
também denominado método rotativo ou 
sistema rotativo, foi descrito por James 
(VOISIN, 1959). Mas a implementação 
se, posteriormente, durante o século 20, 
variando desde o simples sistema de 
rotacionado de curta duração.
O objetivo geral desse método foi 
aumentar a produção de forragem na pas-
tagem, assegurando à espécie forrageira 
melhorar o crescimento do pasto, para 
disponibilizá-lo ao animal de forma mais 
melhorar a produtividade, reduzir a sele-
tividade animal pelo aumento da pressão 
de pastejo e assegurar maior uniformidade 
de distribuição dos animais na pastagem.
Até os dias de hoje, os métodos con-
tínuo e rotacionado são discutidos, e as 
diferentes relatos. A despeito de claras e 
têm similaridades efetivas no manejo da 
pastagem, o rotacionado continua a ser 
promovido como um método superior de 
um e outro método existem diferenças 
marc -
o animal não realize o pastejo com mais 
-
ra. Mesmo adotando a mesma pressão de 
pastejo (UA/kg de MS pasto disponível), 
do sistema de uso contínuo comparado ao 
de uso rotacionado não são diferentes, na 
prática, os efeitos são distintos.
A seletividade, pelo animal, não deixará de 
partes da planta no decorrer do período ou 
estações do ano. No sistema rotacionado, 
os animais podem também expressar uma 
seletividade, mas será em menor grau, 
pois serão monitorados pelo manejador 
retirá-los de uma determinada área, para 
conduzi-los para outra área da pastagem. 
Como resultado, as plantas terão, na au-
sência dos animais, um período para se 
recuperar da desfolhação provocada pelo 
pastejo. Espera-se com o método rotacio-
nado um controle maior do animal sobre 
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Produção intensiva de pastagens
meristemas apicais e à área foliar deixada 
governam a rebrotação da planta. Num 
sistema onde a luminosidade é reduzida 
para o pasto, as práticas comuns de manejo 
as forrageiras apresentam. Uma vantagem 
indiscutível do método rotacionado é a 
possibilidade de realizar o diferimento 
de produção de sementes e o ressemeio 
natural pela formação de um banco de 
sementes capaz de manter a perenidade da 
espécie forrageira.
O diferimento do pasto é uma alterna-
ue pode ser utilizada para minimizar 
o efeito da estacionalidade forrageira em 
SSPs. A viabilidade da prática do dife-
rimento depende de vários fatores como 
a espécie forrageira, nível de adubação 
nitrogenada, período de diferimento e de 
utilização. Esta ainda é uma técnica de 
manejo muito pouco explorada nos SSPs 
poucos, se não o único trabalho sobre 
diferimento em SSP, é o de Fernandes et 
produtividade em função das épocas de 
diferimento.
Orientações de manejo de forrageiras 
cultivadas a pleno sol foram descritas 
desde a década de 1970 (WILSON, 1973), 
dossel estivesse interceptando 95% da luz. 
vêm recomendando aos manejadores de 
pastagem a entrada dos animais para o 
exemplo das gramíneas tropicais, atin-
girem uma interceptação de luz de 95%. 
Todavia, para os SSPs, este conceito deve 
ser revisto.
As gramíneas forrageiras no sistema 
observadas, como alongamento do colmo, 
crescimento lento, recuperação lenta após 
maior exposição dos meristemas apicais 
e diminuição do valor nutritivo em de-
corrência da menor relação folha/colmo, 
maior de luz pelo dossel provavelmente 
não corresponderá ao melhor manejo do 
Assim, sabendo da fragilidade das 
-
-
tos para o aprimoramento de um método de 
manejo do rebanho e do pasto no sistema. 
-
mente não existem estudos dirigidos ex-
clusivamente para o manejo da pastagem 
avaliaram o desempenho animal nesse 
sistema, adaptando estratégias de manejo 
adotadas em sistemas a pleno sol. 
Baggio e Schreiner (1988) estudaram 
um SSP constituído por Pinus elliottii, con-
sorciado com várias espécies de gramíneas 
e leguminosas, utilizando gado de corte. 
O pínus foi cultivado no espaçamento de 
3 x 3 m (1.111 árvores/hectare) e o gado 
apresentavam três anos e meio de idade. 
Durante os três primeiros anos de pastejo 
no SSP, o ganho de peso vivo anual foi de 
40 kg/ha, caindo para 30 kg/ha após o ter-
ano do sistema e, a partir daí, não houve 
mais ganho. Segundo esses autores, apesar 
do alto nível de sombreamento inviabilizar 
a exploração pecuária a partir do sexto ano 
do SSP, a redução da massa de forragem 
reduziu os riscos de incêndio e os custos 
de sua prevenção.
Silva et al. (1999) estudaram o de-
sempenho animal, a taxa de lotaçãoe a 
forragem residual em SSP com acácia-
negra (Acacia mearssi) cultivada em dois 
espaçamentos de plantio (2 x 3 m e 2 x 5 
forrageiras B. brizantha cv. Marandu e P. 
maximum cv. Gatton (Quadro 1). O tra-
balho foi conduzido durante o período de 
outubro de 1998 a fevereiro de 1999 e os 
melhores desempenhos zootécnicos foram 
obtidos na condição de menor densidade
arbórea (1.000 árvores/hectare).
Lucas (2004) avaliou o desempenho 
de novilhas em SSP com acácia-negra, 
sob duas densidades de cultivo (833 e 
composto pelas gramíneas P. maximum
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Produção intensiva de pastagens
cv. Gatton, P. maximum cv. Aruana, e 
Digitaria diversinervis (Quadro 2). Esse 
autor concluiu a viabilidade técnica para 
a produção de carne em SSP com acácia-
negra, no Rio Grande do Sul. Assim 
como no trabalho de Silva et al. (1999), 
os maiores ganhos de peso por área foram 
obtidos com menor densidade de árvores 
por hectare.
et al. (2004) avaliaram o ganho de peso 
de novilhas leiteiras mantidas em pasta-
gem de B. decumbens, consorciada com 
Stylosanthes guianensis e espécies arbóreas, 
comparado com o ganho de peso de novi-
lhas mantidas em pastagem exclusiva de B. 
decumbens. Nas avaliações realizadas du-
rante a época das chuvas, o ganho de peso 
por animal foi semelhante entre os tratamen-
tos, com média de 486 g/dia. Entretanto, 
durante o período seco, o ganho de peso das 
novilhas variou, sendo 40% maior no SSP 
com estilosantes e árvores (326 g/dia), contra 
236 g/dia observado em novilhas mantidas 
com B. decumbens em monocultivo. O 
SSP era composto por faixas de 30 m de 
pastagens consorciadas com S. guianensis e
faixas de 10 m de espécies arbóreas (Acacia 
angustissima, A. mangium, A. auriculiformes, 
Mimosa artemisiana e Eucaliptus grandis). 
Nessa mesma área experimental, Alvim et al., 
-
novilhas com acesso à pastagem exclusiva de 
B. decumbens (Quadro 3).
Na região do Cerrado de Minas Gerais, 
o desempenho de novilhos da raça Nelore 
submetidos a duas ofertas de forragem 
(10% e 15% do peso vivo) em pastagem de 
B. brizantha
de eucalipto, no espaçamento de 10 x 
4 m, adubado com três níveis de N (0, 75 
e 150 kg/ha), foi estudado por Bernardino, 
Garcia e Tonucci (2007a). Foram reali-
zadas três avaliações de ganho de peso 
(Quadro 4). Segundo esses autores, a ofer-
em doses baixas na pastagem. Para doses 
mais elevadas de N, a pressão de pastejo 
deve ser maior com oferta de forragem de 
10%. Foram observados ganhos crescen-
crescentes de fertilizante nitrogenado, por 
causa do aumento da produção de massa, 
da capacidade de suporte dos pastos adu-
de peso vivo por unidade de área. Esses 
-
com eucalipto-pastagem.
No Vale do Rio Doce, Minas Gerais, 
Wendling et al. (2006) estudaram o consór-
cio de Cocos nucifera (178 árvores/hectare) 
e B. brizantha cv. Marandu manejada sob 
lotação rotacionada. Esses autores relata-
ram ganho diário de peso vivo de novilhas 
dias de avaliação). No estudo, a capacidade 
de suporte média anual da pastagem foi de 
a 2,4 UA/ha, bem superior à capacida-
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Produção intensiva de pastagens
0,5 UA/ha/ano. A consorciação do coco 
com produção animal proporcionou renta-
do coco em monocultura.
Plantas forrageiras de clima tropical, 
gramíneas e leguminosas alteram os pro-
ambientes com luminosidade reduzida, 
sob sombreamento parcial, estas plantas 
apresentam visíveis alterações morfológi-
nutritivo. A desfolhação do pasto num SSP 
pode resultar em maiores danos às espécies 
forrageiras comparado ao mesmo proces-
so para plantas sob pleno sol. Os SSPs, 
como excelente possibilidade de manter o 
no ecossistema pastoril, com múltiplos be-
animal. Destaca-se, ainda a possibilidade 
-
correntes da monocultura e até melhorar a 
-
cisam ser conduzidas em busca de melhor 
um
possa garantir a perpetuação da forrageira e 
sustentabilidade do sistema como um todo.
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