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Livro_IMPACTOS AMBIENTAIS DA LIXEIRA MUNICIPAL SOBRE O IGARAPÉ DO SANTO ANTÔNIO EM MANACAPURU - AM

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1 
Impactos ambientais da lixeira 
municipal sobre o igarapé do 
Santo Antônio em Manacapuru - 
AM 
 
Francisca Maria Rodrigues Pereira 
 
2 
 
 
 
 
 
3 
 
Impactos ambientais da lixeira 
municipal sobre o igarapé do 
Santo Antônio em Manacapuru - 
AM 
 
4 
Este trabalho foi apresentado como conclusão de curso à Universidade do 
Estado do Amazonas-UEA, para a obtenção do título de licenciado em 
Geografia por Francisca Maria Rodrigues Pereira, sob orientação do MSc. 
Valdir Soares de Andrade Filho e avaliado e aprovado pela Banca 
Examinadora presidida pelo Prof. MSc. Valdir Soares de Andrade Filho e 
composta pela Prof. Dra. Neliane de Sousa Alves e pelo Prof. MSc. Rogério 
Ribeiro Marinho em novembro de 2014. 
 
Copyright © da editora, 2016. 
 
Capa e Editoração 
Mares Editores 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação (CIP) 
 
Impactos ambientais da lixeira municipal sobre o igarapé 
do Santo Antônio em Manacapuru – AM / Francisca 
Maria Rodrigues Pereira. – Rio de Janeiro: Dictio Brasil, 
2016. 
77 p. 
ISBN 978-85-92921-06-4 
1. Ameaças ao meio ambiente. 2. Poluição de rios I. 
Título. 
 
CDD 577.5 
CDU 577.4 
 
 
 
2016 
Todos os direitos desta edição reservados à 
Mares Editores e seus selos editoriais 
Contato: dictiobrasil@gmail.com 
 
mailto:dictiobrasil@gmail.com
5 
Impactos ambientais da lixeira municipal 
sobre o igarapé do Santo Antônio em 
Manacapuru - AM 
 
 
1ª Edição 
 
 
Francisca Maria Rodrigues Pereira 
 
 
 
Rio de Janeiro 
Dictio Brasil 
2016 
 
6 
AGRADECIMENTOS 
 
Em primeiro lugar agradeço a Deus, fonte da vida e da graça. Agradeço 
por me iluminar durante toda essa trajetória. 
Ao meu orientador, Prof. MSc. Valdir Soares de Andrade Filho, que 
jamais deixou de me incentivar com toda a sua simplicidade e 
conhecimento. Sem a sua orientação, dedicação e auxílio, o estudo 
aqui apresentado seria praticamente impossível. 
Ao meu esposo Everaldo Costa, meu filho Paulo Rodrigo e minhas 
filhas Evellyn Rebeka, Emily Izabel e Maria Elizabel que, apesar das 
dificuldades enfrentadas, sempre me incentivaram e apoiaram os 
meus estudos. 
Ao meu irmão Fabiano Mota que esteve disposto pela dedicação, 
presteza e, principalmente, pela vontade de ajudar em prestar a 
logística nos trabalhos em campo. 
E a todos que, de maneira direta ou indireta, contribuíram de alguma 
forma para a realização deste trabalho. 
 
“Na natureza os resultados práticos são não só 
o meio de melhorar o bem-estar, mas a 
garantia da verdade” 
Francis Bacon 
 
7 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Fig. 1-Aumento de lixo na área urbana ............................................... 36 
Fig. 2- Gráfico da população do município de Manacapuru ................ 50 
Fig. 3-Localização e limites territoriais do município de Manacapuru ...51 
Fig. 4-Localização da lixeira em relação ao igarapé e a AM 352 ......... 52 
Fig. 5-Tipos de solos de Manacapuru.................................................. 54 
Fig. 6-Resíduos depositados a céu aberto........................................... 61 
Fig. 7 A)-Deformação de relevo pelos agentes externos ..................... 62 
Fig. 7 B)-Deformação de relevo pelos agentes externos ..................... 63 
Fig. 8-Processos erosivos e poluição do solo ....................................... 64 
Fig. 9-A)Chorume e os resíduos que atingem o lençol freático- ......... 66 
Fig. 9-B)Resíduos hospitalares queimados ......................................... 66 
Fig. 10 A Resíduos poluentes do leito do igarapé do Santo Antonio 
............................................................................................................ 68 
Fig. 10 B-Resíduos poluentes do leito do igarapé do Santo Antonio 
............................................................................................................ 68 
Fig. 11-Frequência de oleosidade na água do igarapé do Santo Antonio 
............................................................................................................ 71 
 
file:///C:/Users/FRAN%202014/Desktop/Monografia%20Francisca_FINAL.docx%23_Toc406535265
file:///C:/Users/FRAN%202014/Desktop/Monografia%20Francisca_FINAL.docx%23_Toc406535266
file:///C:/Users/FRAN%202014/Desktop/Monografia%20Francisca_FINAL.docx%23_Toc406535266
8 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1-Classificação dos resíduos segundo sua origem .................. 43 
Tabela 2- Classificação dos resíduos quanto a riscos potenciais ao meio 
ambiente e à saúde pública de acordo com a NBR 10004. ................ 46 
Tabela 3-Componentes avaliados na área do lixão ........................... 59 
Tabela 4-Parâmetros de impacto no igarapé do Santo Antonio.......... 67 
Tabela 5-Observações auxiliares do Igarapé ....................................... 70 
 
9 
 
Sumário 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................. 11 
2 – FUNDAMENTAÇÃO ....................................................................... 14 
2.1 Impactos ambientais ................................................................. 14 
2.2 Impactos ambientais em bacias hidrográficas .......................... 28 
2.3 Lixeiras municipais e impactos urbanos .................................... 32 
2.3.1 Lixo, resíduos e rejeitos ......................................................... 35 
2.3.2 Classificação dos resíduos ...................................................... 38 
3 METODOLOGIA ............................................................................... 47 
3.1 Delineamento do estudo .......................................................... 47 
3.2 Caracterização da área de estudo ............................................. 47 
3.2.1 Aspectos históricos ................................................................ 47 
3.2.2 Localização geográfica ........................................................... 48 
3.2.3 Aspectos físicos naturais ........................................................ 51 
3.3 Procedimentos Metodológicos ................................................. 53 
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................ 56 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................. 70 
 
 
10 
 
11 
=11= 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O impacto ambiental está associado ao crescimento do mundo 
urbanizado. A concentração da população nas áreas urbanas tem 
aumentado o consumo de bens e serviços contribuindo para a 
formação de um cenário com grandes impactos sociais e ambientais 
que estão direta e indiretamente ligados à geração e destinação 
inadequada dos resíduos. Na atualidade o impacto ambiental vem 
crescendo não só em uma escala local, mas também mundial, 
causando vários problemas ao ambiente inclusive à saúde pública 
(RIGHETTI, 2012). 
Hoje são dispostos vários métodos para a Avaliação de Impacto 
Ambiental (AIA), que são conhecidos como os métodos de matrizes de 
interação, são uma criação de controle bidimensional que identificam 
os impactos diretos. Nesse método não há uma identificação objetiva 
da magnitude dos impactos, mas se pode contar com a visão 
ampliada da relação entre a ação e o impacto que se associa ao mundo 
urbano e nas bacias hidrográficas. 
A bacia hidrográfica interage com outros recursos naturais 
como: a topografia, a vegetação e o clima. Dessa forma, um curso 
d’água, não depende de seu tamanho, é sempre o resultado da 
contribuição de determinada área topográfica, que sendo o 
elemento essencial para a análise do ciclo hidrológico, principalmente 
12 
=12= 
 
 
na sua fase terrestre, que engloba a infiltração e o escoamento 
superficial (BRIGANTE; ESPÍNDOLA, 2003). 
A rede hidrográfica amazônica é uma região de grandes 
divergências na gestão de seus recursos naturais. Em várias 
dimensões do espaço geográfico amazônico a água está presente. Na 
escala regional tem-sea problemática atrelada ao regime dos grandes 
rios com a interferência relacionada a expansão da ação antrópica, 
uma dessas ações que está se expandindo rápido é o desmatamento 
para a monocultura de grãos, para o crescimento das cidades, dentre 
outras. 
As cidades têm uma definição dentro do contexto urbanístico, 
mas podem ser definidas como ecossistemas formados por 
necessidades biológicas e culturais. As necessidades biológicas 
necessárias aos seres vivos são ar, água, espaço, energia (alimento e 
calor), abrigo e disposição de resíduos, e as necessidades culturais e 
são organização política, sistema econômico (trabalho, capital, 
materiais e poder), tecnologia, transporte e comunicação, educação e 
informação, atividades social e intelectual (recreação, religião, senso 
de comunidades) e segurança (RIGHETTI, 2012). 
A cidade de Manacapuru não é diferente das outras cidades é 
definida por seus ecossistemas biológicos e culturais, mas o poder 
público não está fazendo cumprir o seu papel perante a Lei em se 
tratando dos impactos ambientais. 
13 
=13= 
 
 
Este trabalho é relevante para a sociedade manacapuruense e 
também para o estudo da Geografia, com relações do homem com o 
meio ambiente. Contudo, o homem precisa ter consciência que suas 
ações são importantes para o bem-estar da sociedade e devem estar 
sob as Leis Ambientais. O estudo tem como objetivo geral avaliar 
os impactos ambientais da lixeira municipal sobre o igarapé do Santo 
Antônio em Manacapuru-AM, e os objetivos específicos são: 
Identificar os principais fatores de degradação ambiental na lixeira do 
município de Manacapuru; avaliar os impactos ambientais causados 
pela lixeira sobre a área de estudo; discutir as consequências 
ambientais causadas pela ação do homem na lixeira. 
 
14 
=14= 
 
 
2 FUNDAMENTAÇÃO 
 
2.1 Impactos ambientais 
 
O impacto ambiental é, na maioria das vezes, associado a 
algum dano à natureza. Segundo Sánchez (2011), o impacto ambiental 
é um desequilíbrio provocado pelo choque da relação do homem com 
o meio ambiente. Embora essa noção esteja incluída na noção de 
impacto ambiental, ela dá conta de apenas uma parte do conceito. Na 
literatura técnica, há várias definições de impacto ambiental, quase 
todas elas largamente concordantes quanto a seus elementos básicos, 
embora formuladas de diferentes maneiras. Alguns exemplos são: 
qualquer alteração no meio ambiente em um ou mais de seus 
componentes provocada por uma ação humana (MOREIRA, 1992); O 
efeito sobre o ecossistema de uma ação induzida pelo homem 
(WESTMAN, 1985); a mudança em um parâmetro ambiental, em um 
determinado período e numa determinada área que resulta de 
uma dada atividade, comparada com a situação que ocorreria se essa 
atividade não tivesse sido iniciada (WATHERN, 1998). 
A definição adotada por Wathern (1998) tem a interessante 
característica de introduzir a dimensão dinâmica dos processos do 
meio ambiente como base de entendimento das alterações 
ambientais denominadas impactos. Ele afirma que se um 
empreendimento vier a derrubar a vegetação atual, seu impacto 
15 
=15= 
 
 
deveria ser avaliado não comparando a possível situação futura (área 
sem vegetação) com a atual, mas comparando a situação sem a 
presença do empreendimento proposto com a situação decorrente de 
sua implantação. 
Outra definição de impacto ambiental é dada pela versão 
atualizada da primeira Norma ISO 14.001, de 1996; diz que qualquer 
modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no 
todo ou em parte, das atividades, produtos ou serviços de uma 
organização (BRASIL, 2006) (item 3.4 da Norma). É interessante 
conhecer o conceito de impacto ambiental adotado por essa norma 
porque muitas empresas e outras organizações têm adotado sistemas 
de gestão ambiental nela baseados. 
No Brasil, a definição legal de impacto ambiental é aquela da 
Resolução Conama n. 01/86, art. 1º: considera que qualquer alteração 
das propriedades físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente, 
causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das 
atividades humanas, que direta ou indiretamente afetem: 
I- A saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
II- As atividades sociais e econômicas; 
III- As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; IV- A 
qualidade dos recursos naturais. 
 
Essa definição trata-se, na verdade, de uma definição de 
poluição como se observa pela menção a “qualquer forma de matéria 
16 
=16= 
 
 
ou energia” como fator responsável pela “alteração das propriedades 
físicas, químicas ou biológicas” do ambiente. Ao contrário, a definição 
de poluição dada pela Lei da Política Nacional do Meio Ambiente 
reflete melhor o conceito de impacto ambiental, embora somente no 
que se refere a impacto negativo. Como se sabe impacto ambiental 
também pode ser positivo. 
Behrend (2012) conceitua que é oportuno apontar algumas 
características do conceito de impacto ambiental quando comparado 
ao de poluição: a) Impacto ambiental é um conceito mais amplo e 
substancialmente distinto de poluição; b) Enquanto poluição tem 
somente uma conotação negativa, impacto ambiental pode ser 
benéfico ou adverso (positivo ou negativo); c) Poluição refere-se à 
matéria ou energia, ou seja, grandezas físicas que podem ser medidas 
e para as quais se podem estabelecer padrões (níveis admissíveis de 
emissão ou de concentração ou intensidade); d) Várias ações humanas 
causam significativo impacto ambiental sem que estejam 
fundamentalmente associadas à emissão de poluentes (por exemplo, 
a construção de barragens ou a instalação de um parque de geradores 
eólicos); e) A poluição é uma das causas de impacto ambiental, mas 
os impactos podem ser ocasionados por outras ações além do ato de 
poluir; f) Toda poluição (ou seja, emissão de matéria ou energia além 
da capacidade assimilativa do meio) causa impacto ambiental, mas 
nem todo impacto ambiental tem a poluição como causa. 
17 
=17= 
 
 
A possibilidade de ocorrerem impactos ambientais positivos é 
uma noção que deve ser bem assimilada. Um exemplo corriqueiro de 
impacto positivo, encontrado em muitos estudos de impacto 
ambiental, é descrito como “criação de empregos”. Trata-se, como é 
evidente, de um impacto social e econômico, campo em que é 
relativamente fácil compreender que possa haver impactos benéficos. 
Mas também há impactos positivos sobre componentes físicos e 
bióticos do meio. Um projeto que envolva a coleta e o tratamento de 
esgotos resultará em melhoria da qualidade das águas, em 
recuperação do habitat aquático e em efeitos benéficos sobre a saúde 
pública. Uma indústria que substitua uma caldeira a óleo pesado por 
uma caldeira a gás emitirá menos poluentes, como material 
particulado e óxidos de enxofre, ao mesmo tempo em que, caso venha 
a ser abastecida por um duto de gás, serão eliminadas as emissões dos 
caminhões de transporte de óleo e os incômodos causados pelo 
tráfego pesado (BEHREND, 2012). 
Behrend (2012) postula que o impacto ambiental pode ser 
causado por uma ação humana que implique em: 1- Supressão de 
certos elementos do ambiente, a exemplo de: supressão de 
componentes do ecossistema, como a vegetação; destruição completa 
de habitats (por exemplo, aterramento de mangue); destruição de 
componentes físicos da paisagem (por exemplo, escavações); 
supressão de elementos significativos do ambiente construído; 
supressão de referências físicas à memória (locais sagrados, como 
18 
=18= 
 
 
cemitérios, pontos de encontro de membros de uma comunidade); 
supressão de elementos ou componentes valorizados do ambiente 
(cavernas, paisagens notáveis). 2- Inserção de certos elementos no 
ambiente, a exemplo de: introdução de uma espécie exótica; 
introdução de componentes construídos (barragens, rodovias, 
edifícios, áreas urbanizadas); sobrecarga (introdução de fatores deestresse além da capacidade de suporte do meio, gerando 
desequilíbrio), a exemplo de: qualquer poluente; redução do habitat 
ou da disponibilidade de recursos para uma dada espécie; aumento da 
demanda por bens e serviços públicos (educação e saúde). 
O conceito de “ambiente” no campo do planejamento e gestão 
ambiental, é amplo, multifacetado e maleável. Amplo porque pode 
incluir tanto a natureza como a sociedade. Multifacetado porque 
pode ser apreendido sob diferentes perspectivas. Maleável porque, 
ao ser amplo e multifacetado, pode ser reduzido ou ampliado de 
acordo com as necessidades do analista ou os interesses dos 
envolvidos (SÁNCHEZ, 2011). O entendimento amplo ou restrito do 
conceito determina o alcance de políticas públicas, de ações 
empresariais e de iniciativas da sociedade civil. No campo da avaliação 
de impacto ambiental, define a abrangência dos estudos ambientais, 
das medidas mitigadoras ou compensatórias, dos planos e programas 
de gestão ambiental. 
Dessa forma, a interpretação do conceito de “ambiente” é 
importante na definição do alcance dos instrumentos de 
19 
=19= 
 
 
planejamento das políticas voltadas ao meio ambiente. Em muitas 
jurisdições, os estudos de impacto ambiental não são, no discurso, 
restritos às repercussões físicas e ecológicas dos projetos de 
desenvolvimento, mas incluem também seus efeitos nos planos 
econômico, social e cultural. Behrend (2012) salienta que tal 
entendimento faz bastante sentido quando se pensa que as 
repercussões de um projeto podem ir além de suas consequências 
ecológicas. Como por exemplo, no caso de uma barragem que afete 
os movimentos migratórios dos peixes, poderá causar uma redução no 
estoque de espécies consumidas por populações humanas locais ou 
capturadas para fins comerciais. Isso certamente terá implicações para 
as comunidades humanas, seu modo de vida ou sua capacidade de 
obter renda. 
O licenciamento ambiental foi colocado em prática a partir de 
1975, inicialmente nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. Foi 
estabelecido nacionalmente por meio da Lei Federal n° 6.938, de 31 
de agosto de 1981, que estabeleceu a Política Nacional de Meio 
Ambiente e definiu os princípios e os objetivos que norteiam a gestão 
ambiental. Posteriormente, a Política Nacional de Meio Ambiente 
instituiu o Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA e elaborou 
um conjunto de instrumentos os quais vêm sendo desenvolvidos e 
atualizados por meio de resoluções do Conselho Nacional de Meio 
Ambiente – CONAMA, órgão também criado pela Lei Federal n° 
6.938/81 com poder para estabelecer normas e regulamentos. A 
20 
=20= 
 
 
consagração desta lei e de seus respectivos instrumentos deu–se 
com a Constituição de 1988, por meio do artigo 225, no capítulo 
referente à Proteção ao Meio Ambiente (BEHREND 2012). Esses 
instrumentos são: 
O Relatório de Controle Ambiental (RCA) é composto de 
estudos relativos aos aspectos ambientais concernentes à localização, 
instalação, operação e ampliação de uma atividade ou um 
empreendimento que não gera impactos ambientais significativos 
e que contém informações relativas: à caracterização do ambiente em 
que se pretende instalar; a sua localização frente ao Plano Diretor 
Municipal; a alvarás, documentos similares e plano de controle 
ambiental que identifique as fontes de poluição ou degradação, e às 
medidas de controle pertinentes. Seu conteúdo será estabelecido caso 
a caso. 
O Plano de Controle Ambiental (PCA) deve conter os projetos 
executivos de minimização dos impactos ambientais avaliados por 
meio do Estudo de Impacto Ambiental (EIA)/Relatório de Impacto 
Ambiental (RIMA) e entregues para a obtenção da Licença Prévia. 
Plano de Controle Ambiental acompanhado do Relatório de 
Controle Ambiental (PCA/RCA) é exigido para empreendimentos e/ou 
atividades que não têm grande capacidade de gerar impactos 
ambientais. Porém, a estruturação dos documentos possui escopo 
semelhante ao do EIA/RIMA. Neste caso, não são necessários grandes 
níveis de detalhamento. 
21 
=21= 
 
 
Relatório de Detalhamento dos Programas Ambientais (RDPA) 
é o documento que apresenta, detalhadamente, todas as medidas de 
controle e os programas ambientais propostos no Relatório Ambiental 
Simplificado – RAS devendo ser apresentado junto com a 
comprovação do atendimento das condicionantes da Licença Prévia, 
ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA), no requerimento 
da Licença de Instalação. Assim como o RAS, esse relatório é utilizado 
somente para empreendimentos com impacto ambiental de pequeno 
porte, assim definido pelo IBAMA. 
O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) é o exame necessário 
para o licenciamento de empreendimentos com significativo impacto 
ambiental. Apesar de a Resolução do Conselho Nacional do Meio 
Ambiente (CONAMA) 01/86, em seu art. 2º, listar, a título 
exemplificativo, os casos de empreendimentos ou atividades 
sujeitas ao EIA e ao Rima, caberá ao órgão ambiental competente 
identificar as atividades e os empreendimentos causadores de 
“impactos significativos”. O que é significativo, importante e relevante 
em um grande centro poderá não ter a mesma significação na zona 
rural. O EIA deve ser elaborado por profissionais legalmente 
habilitados. 
De acordo com o art. 6º da Resolução Conama 237/97, o EIA 
deve ser composto obrigatoriamente por quatro seções: 1diagnóstico 
ambiental da área de influência do empreendimento: deve descrever 
e analisar as potencialidades dos meios físico, biológico e 
22 
=22= 
 
 
socioeconômico da área de influência do empreendimento, inferindo 
sobre a situação desses elementos antes e depois da implantação do 
projeto; 2. Análise dos impactos ambientais do projeto e de suas 
alternativas: contempla a previsão da magnitude e a interpretação da 
importância dos prováveis impactos relevantes do empreendimento, 
discriminando os impactos positivos e negativos (benéficos e 
adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, 
temporários e permanentes; o grau de reversibilidade desses 
impactos; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição 
dos ônus e benefícios sociais; 3. Medidas mitigadoras dos impactos 
negativos: devem ter sua eficiência avaliada a partir da 
implementação dos programas ambientais previstos para serem 
implementados durante a vigência da LI; e programa de 
acompanhamento e monitoramento: deve abranger os impactos 
positivos e negativos, indicando os padrões de qualidade a serem 
adotados como parâmetros. Considerando a extensão, o nível de 
detalhamento do EIA e o fato de ele ser redigido em linguagem 
técnica, o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) é elaborado, em 
linguagem mais acessível, com o objetivo de atender à demanda da 
sociedade por informações a respeito do empreendimento e de seus 
impactos. 
Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) é exigido nos mesmos 
casos em que se exige o EIA. Diferentemente do que vem ocorrendo 
em muitos casos, o RIMA não é, e nem deve ser, um resumo do EIA. 
23 
=23= 
 
 
O EIA e o RIMA são dois documentos distintos com focos 
diferenciados. Embora tais expressões sejam vistas, vulgarmente, 
como sinônimas, na verdade são termos distintos. O EIA é o todo: 
complexo, detalhado, muitas vezes com linguagem, dados e 
apresentação incompreensíveis para o leigo. O RIMA é a parte mais 
visível (ou compreensível) do procedimento, verdadeiro instrumento 
de comunicação do EIA ao administrador e ao público (AMOY, 2006). 
O RIMA é destinado especialmente ao esclarecimento da 
opinião pública, devendo ser apresentado e discutido em audiências 
públicas como forma de permitir a influência da sociedade sobre 
decisões ambientais que possam vir a afetá-la direta ou 
indiretamente, tanto do ponto de vista da transformação ambiental 
como sobre outros impactos, positivos e negativos, do ponto de vista 
socioeconômico (AMOY,2006,). Em termos gerais, pode-se dizer 
que o EIA é um documento técnico e que o RIMA é um relatório 
gerencial. 
O termo Avaliação de Impacto Ambiental entrou na literatura 
ambiental brasileira a partir da legislação pioneira que, criou esse 
instrumento de planejamento ambiental através da Lei de política 
nacional do meio ambiente dos Estados Unidos da América (EUA). Os 
fundamentos do processo de Avaliação de Impactos Ambientais 
(AIA) foram estabelecidos nos Estados Unidos em 1969, quando o 
Congresso aprovou a National Environmental Policy of Act, mais 
conhecida pela sigla NEPA (DIAS, 2001). A NEPA é considerada o 
24 
=24= 
 
 
principal marco da conscientização ambiental (MAGRINI, 1989), 
sendo uma resposta às pressões crescentes da sociedade organizada 
para que os aspectos ambientais passassem a ser considerados na 
tomada de decisão sobre a implantação de projetos capazes de causar 
significativa degradação ambiental (DIAS, 2001). 
O significado e o objetivo da avaliação de impacto ambiental 
prestam-se a inúmeras interpretações. Sem dúvida, seu sentido 
depende da perspectiva, do ponto de vista e do propósito de avaliar 
impactos. Há várias definições e algumas delas serão transcritas a 
seguir: 
 
1- Instrumento de política ambiental, formado por 
um conjunto de procedimentos capaz de 
assegurar, desde o início do processo, que se faça 
um exame sistemático dos impactos ambientais de 
uma ação proposta (projeto, programa, plano ou 
política) e de suas alternativas, e que os resultados 
sejam apresentados de forma adequada ao público 
e aos responsáveis pela tomada de decisão e por 
eles sejam considerados (MOREIRA, 1992). 
2- A apreciação oficial dos prováveis efeitos 
ambientais de uma política, programa, ou projeto; 
alternativas à proposta e medidas a serem 
adotadas para proteger o ambiente (GILPIN, 
1995). 
3- Um processo sistemático que examina 
antecipadamente as consequências ambientais de 
ações humanas (GLASSON et al, 1999). 
 
25 
=25= 
 
 
De acordo com Sánchez (2011), AIA é um exercício prospectivo, 
antecipatório, prévio e preventivo. O outro significado será entendido 
como a avaliação de dano ambiental. A primeira preocupa-se com o 
futuro, enquanto a última com o passado e o presente. Ambas têm um 
procedimento comum, que é a comparação entre duas situações: na 
avaliação do dano ambiental, busca-se fazer a comparação entre a 
situação atual do ambiente e aquela que se supõe ter existido em 
algum momento do passado. Na avaliação de impacto ambiental, 
parte- se da descrição dessa situação atual do ambiente para fazer 
uma projeção de sua situação futura com e sem o projeto em análise. 
É claro que, em ambos os casos, é necessário o conhecimento da 
situação atual do ambiente. Denomina-se diagnóstico ambiental a 
descrição das condições ambientais existentes em determinada área 
no momento presente. 
A abrangência e a profundidade do diagnóstico ambiental 
dependerão dos objetivos e do escopo dos estudos. Nessa ordem 
de preocupações com o passado (ou seja, quando se tratar de 
avaliação de dano ambiental), outro termo bastante utilizado é 
passivo ambiental, aqui entendido como o “valor monetário 
necessário para reparar os danos ambientais” (SÁNCHEZ, 2001 p.18), 
mas também usado para designar a própria manifestação (física) do 
dano ambiental, o “acúmulo de danos ambientais que devem ser 
reparados a fim de que seja mantida a qualidade ambiental de um 
determinado local” (SÁNCHEZ, 2001, p.18). 
26 
=26= 
 
 
Braga (2005) considera que os métodos hoje corretamente 
disponíveis para avaliação de impactos ambientais, em sua maioria, 
resultam da evolução de outros já existentes. Alguns são adaptações 
e técnicas do planejamento de estudos econômicos ou de ecologia. 
Outros foram concebidos no sentido de considerar os requisitos legais 
envolvidos, como é o caso dos métodos das Matrizes e das Redes de 
interação. Esses métodos têm em comum a característica de 
disciplinarem os raciocínios e os procedimentos destinados a 
identificar os agentes causadores e as modificações decorrente de 
uma determinada ação ou conjunto de ações. Atualmente estão 
disponíveis métodos bastante detalhados visando apoiar a avaliação 
de impactos das mais diferentes naturezas (BRAGA, et al. 2005). 
No caso brasileiro, por exemplo, um método de avaliação de 
impacto ambiental é tão adequado quanto a sua utilidade para dar 
suporte ao conjunto mínimo de atividades e produtos legalmente 
exigidos na execução dos EIA/RIMA (artigos 6º ao 9º da resolução nº 
001/86 do CONAMA) e para torná-los adequados ao processo de sua 
apreciação pelos técnicos e pelo público interessado (CONAMA art. 
11) (BRASIL, 2006). 
Os métodos são de suma importância avaliar os impactos, 
Munn (1975) resume como atributo desejável de um método sua 
capacidade de atender as seguintes funções na avaliação de impactos: 
identificação; predição; interpretação; comunicação e 
monitoramento. Considera-se ainda desejável que o método 
27 
=27= 
 
 
caracterize os impactos quanto a sua relevância (ou importância) e 
sua magnitude. 
Os métodos de avaliação de impactos ambientais são 
ferramentas dispostas para identificar e avaliar os impactos causados 
ao ambiente. São instrumentos usados para coletar, comparar e 
organizar informações qualitativas e quantitativas sobre os impactos 
ambientais, cuja origem esteja em uma atividade modificadora do 
meio. 
Atualmente são dispostos de vários métodos de AIA 
conhecidos, porém os métodos das Matrizes de Interação são uma 
evolução das listagens de controle, são considerados do grupo das 
listagens de controle bidimensional. São métodos de identificação de 
impactos diretos. É representado por um gráfico que relaciona os 
impactos de cada ação com o fator ambiental a partir de quadrículas 
definidas pelo cruzamento de linhas e colunas. Como listagens de 
controle bidimensionais, que as linhas podem representar as ações 
impactantes e as colunas, os fatores ambientais impactados. Neste 
método não há uma identificação objetiva da magnitude dos 
impactos, mas se pode contar com a visão ampliada da relação entre 
a ação e o impacto. Temos o método de Leopold. É um dos mais 
utilizados foi concebido pelo US Geological Survey e conhecida como 
Matriz de Leopold. 
Na Matriz de Leopold há um cruzamento de 88 componentes 
(ou fatores) ambientais e 100 ações potencialmente alteradoras do 
28 
=28= 
 
 
ambiente resultam 8.800 quadrículas, em cada quadrícula são 
indicados algarismos que variam entre 1 e 10, correspondendo a 
magnitude e a importância do impacto. Ao número 1 corresponde a 
condição de menor magnitude (mínimo da alteração ambiental 
potencial) e de menor importância (mínima significância da ação sobre 
o componente ambiental considerado). Ao número 10 correspondem 
os valores máximos desses atributos. O sinal de + ou – na frente dos 
números indica se o impacto é benéfico ou adverso. 
 
2.2 Impactos ambientais em bacias hidrográficas 
 
A bacia hidrográfica é o elemento fundamental de análise no 
ciclo hidrológico, principalmente na sua fase terrestre, que engloba a 
infiltração e o escoamento superficial. Ela pode ser definida como uma 
área limitada por um divisor de águas, que a separa das bacias 
adjacentes e que serve de captação natural da água de precipitação 
através de superfícies vertentes (Figura 1). “Por meio de uma rede de 
drenagem, formada por cursos d’água, ela faz convergir os 
escoamentos para a seção de exutório, seu único ponto de saída” 
(LINSLEY; FRANZINI, 1978; TUCCI, 1997). 
Silva A. M. (1995) enfatiza que a bacia hidrográfica é também 
denominada de bacia de captação quando atua como coletora das 
águas pluviais, ou bacia de drenagem quando atua como uma área 
que está sendo drenada pelos cursos d’água. Por constituírem 
29 
=29= 
 
 
ecossistemas com o predomínio de uma única saída, as baciashidrográficas possibilitam a realização de uma série de experimentos 
(VALENTE; 2011). 
Segundo Genz e Tucci (1995) os principais impactos que 
decorrem do desenvolvimento de uma área urbana sobre os 
processos hidrológicos, estão ligados à forma de ocupação da terra, 
e também ao aumento das superfícies impermeáveis em grande 
parte das bacias que se localizam próximas a zonas de expansão 
urbana ou inseridas no perímetro urbano. Desta forma, de acordo 
com Campana e Tucci (1994) as bacias urbanas necessitam ser 
planejadas com seu desenvolvimento futuro levado em consideração. 
Contudo, a falta de planejamento adequado e as irregularidades na 
ocupação descontrolada tornam esta tarefa bastante difícil. 
Forman (1995), diz que um dos maiores desafios do 
planejamento do uso da terra é o que se refere ao uso sustentável do 
ambiente que se baseia em uma dinâmica de transformação com igual 
ênfase, nas dimensões ambientais e humanas da paisagem e na 
consideração de intervalo temporal que abranja diferentes gerações 
humanas. 
Estudos, no Brasil, mostram as relações entre atividades 
humanas e seus efeitos na água causam grande impacto de 
contaminação. Porém, sabe-se de experiências realizadas, tanto no 
País, quanto no exterior, que as principais atividades contaminantes 
são as relacionadas com práticas agrícolas, industriais, de mineração, 
30 
=30= 
 
 
instalações de postos de gasolina e também da instalação de 
cemitérios. Na Amazônia, em especial, não há dados a esse respeito 
que permitam avaliar a dimensão do impacto dessas atividades nos 
recursos hídricos (ANA, 2005). 
Para o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2006) a Região 
Hidrográfica Amazônica representa cerca de 40% do território 
brasileiro e possui mais de 60% de toda a disponibilidade hídrica do 
País. Os recursos hídricos desta região, abundantes e até hoje 
pouco explorados, constituem um patrimônio nacional para o qual a 
nação brasileira não pode voltar às costas. 
Região de grandes diferenças naturais e humanos, a Região 
Hidrográfica Amazônica tem na gestão de seus recursos naturais, na 
qual se inclui a água e o processo de implementação de sua gestão, um 
grande desafio. Em várias escalas do espaço geográfico Amazônico, 
percebem-se questões vinculadas à água. Na escala regional, têm-se 
problemas vinculados aos regimes dos grandes rios, sua tipologia e 
disponibilidade hídrica, afetadas por questões relacionadas com a 
expansão das ações antrópicas como: o desmatamento, a mineração, 
e a monocultura de grãos, dentre outras. 
Na escala de detalhe e/ou local, os problemas principais 
envolvem o saneamento, em especial nas áreas urbanas, a questão 
fundiária, os conflitos em relação aos usos preponderantes da água 
(irrigação, consumo humano, etc.) e o uso indiscriminado da água 
subterrânea. Essa pressão antrópica, que a região vem sofrendo, ainda 
31 
=31= 
 
 
não compromete a grande abundância de água existente na 
Amazônia. Porém, as pressões estão acontecendo em uma velocidade 
cada vez maior em um ecossistema sensível e vulnerável, repleto de 
desafios e esperanças que preenchem o imaginário nacional quanto às 
suas perspectivas de desenvolvimento e sustentabilidade. 
No contexto da sustentabilidade, algumas alternativas de 
desenvolvimento podem ser vistas como vocações regionais, dentre as 
quais se destacam: a indústria do eco-turismo, a aquicultura, o uso da 
biodiversidade para produção de fármacos e a indústria de 
transformação de baixo impacto (eletro-eletrônica, por exemplo). 
Sendo que hoje, muitas dessas atividades, já ocorrem na Região 
Hidrográfica, de maneira independente do estabelecimento de 
políticas públicas específicas. O que preocupa, a médio e longo prazo, 
a questão da gestão dos seus recursos naturais. Assim, a Região 
Hidrográfica Amazônica tem passado por grandes transformações, 
fruto de um desenvolvimento que se dá de forma aleatória 
apresentando dificuldades para a efetiva implementação de políticas 
públicas (BRASIL, 2006). 
Considerando as bacias hidrográficas como elemento 
fundamental para o desenvolvimento da vida na terra, as causas dos 
principais impactos que decorrem do desenvolvimento de uma área 
urbana sobre os processos hidrológicos estão ligados à forma de 
ocupação da terra. Nesse contexto vale salientar que as práticas de 
32 
=32= 
 
 
manejo está presente em várias escalas do espaço contribuindo para 
o avanço de impactos nas bacias hidrográficas. 
 
2.3 Lixeiras municipais e impactos urbanos 
 
Mota (2003) define o ambiente urbano como sendo formado 
por dois sistemas intimamente inter-relacionados: o “sistema 
natural”, composto do meio físico e biológico (solo, vegetação, 
animais, água), e o “sistema antrópico”, consistindo do homem e de 
suas atividades, de forma que o ambiente urbano interage com o 
ambiente natural, e os reflexos das atividades humanas podem ser 
vistos em ambos. 
As cidades também podem ser definidas como ecossistemas 
formados por necessidades biológicas e culturais. As necessidades 
biológicas são ar, água, espaço, energia (alimento e calor), abrigo e 
disposição de resíduos, e as necessidades culturais são organização 
política, sistema econômico (trabalho, capital, materiais e poder), 
tecnologia, transporte e comunicação, educação e informação, 
atividades social e intelectual (recreação, religião, senso de 
comunidades) e segurança. 
Sobral (1996) acrescenta ainda que o sistema urbano é 
incompleto, visto que o fluxo de energia e matéria, característico de 
todo ecossistema e que mantém a sua autonomia, é no sistema 
urbano parcial e unidirecional, uma vez que a cidade é apenas um local 
33 
=33= 
 
 
de consumo, estando os centros produtores situados fora de seu 
território. Além disso, os elementos que vêm das áreas produtoras 
para as de consumo não têm retorno, acumulando-se nestas na 
forma de poluentes, excesso de energia, geração de entropia. Do 
ponto de vista termodinâmico, a cidade é um sistema em permanente 
desequilíbrio. 
Vivemos num momento em que se chegou ao limite o 
pensamento de que “o homem está acima da natureza”. Ele é parte 
integrante de um todo indissociável e interdependente, e mais do que 
parte integrante, o homem também é responsável por sua proteção. 
Falta um compromisso ético na relação do homem com a 
natureza, os bens naturais (coletivos) são apropriados na forma de 
propriedade particular, em que parecem se impuser somente 
privilégios, nunca obrigações. Como descreve Ribas (2003, p.22). 
 
Existe uma noção de certa forma generalizada 
de que há sempre um conflito, ou uma 
oposição, uma contradição mesmo entre os 
conceitos de “urbano” e de “ambiental”. Esta 
oposição está presente nas formulações 
teóricas sobre sociedade e natureza, nas 
políticas públicas urbanas e ambientais e nas 
práticas dos movimentos sociais (incluindo 
ambiental), muitas vezes até nas tentativas 
de abordagem interdisciplinar da “questão 
ambiental-urbana”. 
 
34 
=34= 
 
 
Parte-se do entendimento de que o surgimento das 
preocupações quanto às questões urbanas e ambientais se deram em 
momentos diferentes. Enquanto a primeira, pode-se dizer 
simplificadamente, adveio juntamente com a consolidação do 
capitalismo ocidental e da industrialização, a segunda surge de 
reações ao caráter predatório da expansão econômica capitalista, em 
questionamento a este modelo de desenvolvimento (RIBAS, 2003). 
Com o aumento da população, devido à migração das pessoas 
que saem da zona rural e concentraram-se nas cidades, o crescimento 
geométrico da população e a forte industrialização aumentou a 
quantidade de lixo na zona urbana conforme Fig. 1. 
 
Figura 1-Aumento de lixo na área urbana 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Daniel Guedes (2013) 
 
35 
=35= 
 
 
A figura acima apresenta os resíduos sólidos, tais constituem 
problemas sanitário, ambiental, econômico e estético.Com o 
crescimento acelerado das cidades, do consumo de produtos 
industrializados e, mais recentemente, com o surgimento de produtos 
descartáveis, o aumento excessivo do lixo tornou-se um dos maiores 
problemas ambientais da sociedade moderna. Isso é agravado pela 
escassez de áreas para o destino final do lixo. O resíduo depositado 
no ambiente aumenta cada vez mais a poluição do solo, das águas 
e do ar, agravando as condições de saúde da população mundial. O 
volume de lixo tem crescido assustadoramente. Alves (1998) afirma 
que, dentre os vários tipos de lixo, os domiciliares representam um 
sério problema, tanto pela sua quantidade gerada diariamente quanto 
pelo crescimento urbano desordenado e acelerado. 
 
2.3.1 Lixo, resíduos e rejeitos 
 
Lixo é todo e qualquer resíduo sólido resultante das atividades 
diárias do homem em sociedade. Pode encontrar-se nos estados 
sólido, líquido e gasoso. Como exemplos de lixo, temos as sobras de 
alimentos, embalagens, papéis, plásticos e outros. 
Segundo o dicionário Aurélio, lixo é definido como tudo o que 
não presta e se joga fora; coisas inúteis, velhas, sem valor; resíduos 
que resultam de atividades domésticas, industriais e comerciais. 
36 
=36= 
 
 
Porém, define resíduo como remanescentes ou restos, ou seja, aquilo 
tudo que sobra de algum processo ou sistema (FERREIRA, 2004). 
Para tais definições, dois pontos merecem atenção: o 
primeiro é que resíduo e lixo nem sempre são sinônimos, já que o 
resto de alguma atividade ou processo pode ser reaproveitado em 
outro momento, deixando de ser algo sem valor, tornando-se matéria-
prima. O segundo ponto é que, frente à escassez de espaço para 
disposição dos resíduos, temos que superar a ideia da existência do 
“jogar fora”, pois na prática não existe o “fora”. 
A Organização Mundial da Saúde (OMS apud BRASIL, 2004) 
define o lixo como qualquer coisa que seu proprietário não queira 
mais e que não possui valor comercial. Seguindo essa lógica, se 
assumirmos que parte dos resíduos gerados nas diversas atividades 
humanas ainda possui valor comercial se for manejado 
adequadamente, temos que adotar uma nova postura e assumir o 
resíduo como uma matéria-prima potencial. 
Resíduos sólidos são materiais, substâncias, objetos ou bem 
descartados resultantes de atividades humanas em sociedade 
(RIGHETTI, 2012, p 17). Considerando a complexidade das atividades 
humanas, podemos imaginar que o resíduo de uma atividade pode ser 
utilizado para outra, e assim sucessivamente de forma sistêmica e 
integrada. Contudo, a Associação Brasileira de Normas Técnicas 
(ABNT, 2004), em sua norma 10004, define resíduos como restos das 
atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis, 
37 
=37= 
 
 
indesejáveis ou descartáveis. Geralmente em estado sólido, 
semissólido ou semilíquido (com conteúdo líquido insuficiente para 
que este líquido possa fluir livremente). 
Resíduo pode ser considerado qualquer material que sobra 
após uma ação ou processo produtivo. Diversos tipos de resíduos 
(sólidos, líquidos e gasosos) são gerados nos processos de extração de 
recursos naturais, transformação, fabricação ou consumo de produtos 
e serviços. Esses resíduos passam a ser descartados e acumulados no 
meio ambiente, causando não somente problemas de poluição, como 
caracterizando um desperdício da matéria originalmente utilizada 
(RIGHETTI, 2012, p 17) 
Para Righetti (2012), a Política Nacional de Resíduos Sólidos 
apresenta dois conceitos importantes, distinguindo resíduos e 
rejeitos. Definindo rejeitos como resíduos sólidos que, depois de 
esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por 
processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não 
apresentem outra possibilidade que não a disposição final 
ambientalmente adequada. 
De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, 
resíduos sólidos são aqueles que se encontram também nos estados 
líquido e gasoso, constituídos, principalmente, pelos efluentes de 
diversas atividades humanas. Há, no entanto, outros tipos de resíduos 
em estado líquido, tais como o chorume, potencial contaminante de 
38 
=38= 
 
 
lençóis freáticos. Cabe ressaltar, por fim, que há alguns resíduos 
líquidos especiais, tais como o mercúrio, que são altamente tóxicos. 
 
2.3.2 Classificação dos resíduos 
 
A classificação de resíduos sólidos envolve a identificação do 
processo ou atividade que lhes deu origem, de seus constituintes e 
características, e a comparação destes constituintes com listagens de 
resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é 
conhecido. Os resíduos podem ser classificados de acordo com a sua 
natureza física (seco e molhado), sua composição química (matéria 
orgânica e matéria inorgânica), como também pelos riscos potenciais 
ao meio ambiente (perigoso, não inerte e inerte). Ainda de acordo com 
a norma NBR 10.004 – ABNT (1987, p. 01), os resíduos sólidos são 
classificados em três categorias: 
 
Resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos, 
que resultam de atividades da comunidade de 
origem: urbana, agrícola, radioativa e outros 
(perigosos e/ou tóxicos). Incluem-se, nesta 
definição, os lodos provenientes de sistemas 
de tratamento de água, aqueles gerados em 
equipamentos e instalações de controle de 
poluição, bem como determinados líquidos 
cujas particularidades tornem inviável seu 
lançamento na rede pública de esgoto ou 
corpos de água, ou exijam para isso soluções 
39 
=39= 
 
 
técnicas e economicamente inviáveis, em face 
à melhor tecnologia disponível. 
 
Para a norma os resíduos são classificados conforme o tipo e 
de onde vem, a proveniência de cada classe de lixo e as características 
determina o seu destino. 
Desta maneira Righetti (2012) cita que as características físicas 
dos resíduos, pode-se classificar como secos, metais, vidros, papéis, 
plásticos, madeiras, pontas de cigarro, isopor, lâmpadas dentre outros; 
e como molhados os restos de comida, alimentos estragados, 
verduras, cascas e bagaços de frutas dentre outros. Quanto à 
composição química, podem ser orgânicos, quando compostos por 
materiais que possuem carbono em sua composição, ou seja, 
aqueles provenientes da terra, como restos de alimentos, cascas e 
bagaços de frutas, ossos e podas de árvores, e inorgânicos, quando 
compostos por produtos manufaturados como metais (latinhas de 
alumínio), plásticos, vidros, pneus, lâmpadas dentre outros. 
A origem é o principal elemento para a caracterização dos 
resíduos sólidos. Quanto a sua origem, os diferentes tipos de resíduos 
podem ser agrupados em cinco classes: 
Lixo comercial – Oriundo dos estabelecimentos comerciais, tais 
como supermercados, estabelecimentos bancários, lojas, bares, 
restaurantes dentre outros. Segundo Silva B. A. W. (2006), o lixo 
desses estabelecimentos tem um forte componente de papel, 
40 
=40= 
 
 
plásticos, embalagens diversas e resíduos de asseio dos funcionários, 
tais como papéis toalha e higiênicos. 
Lixo público – Oriundo dos serviços de limpeza pública, 
incluindo-se todos os resíduos de varrição de vias públicas, praias, 
podas das árvores e limpeza de jardins, de galerias e terrenos, além 
de animais mortos. 
Lixo domiciliar - Oriundo de residências, das atividades diárias 
como comer, beber, limpar a casa e fazer a higiene pessoal. 
Constituído por restos de alimentos, alimentos estragados, revistas e 
jornais, papel higiênico, fraldas descartáveis e embalagens em geral, 
além de uma grande diversidade de outros itens. Pode ainda conter 
alguns resíduos que podem ser tóxicos, sendo classificados como 
especiais (pilhas). 
Lixo domiciliar especial - Compreende os entulhos de obras, 
pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes e pneus. 
Lixo de Fontes especiais - São resíduos que, em função de suas 
características peculiares, passam a merecer cuidados especiais em 
seu manuseio, acondicionamento,estocagem, transporte ou 
disposição, entre estes, encontramos o lixo industrial, lixo de portos, 
aeroportos e terminais rodoferroviários, lixo agrícola, lixo radioativo 
e o lixo de serviços da saúde. 
Os entulhos de obra, também conhecidos como resíduos da 
construção civil são enquadrados nesta categoria por causa da 
grande quantidade gerada e pela importância que sua recuperação 
41 
=41= 
 
 
e reciclagem vêm assumindo no cenário nacional. Esses resíduos são 
compostos por materiais de demolições, restos de obras e solos de 
escavações, geralmente material inerte, passível de 
reaproveitamento, o qual, contudo, muitas vezes contém materiais 
que podem ser tóxicos, com destaque para peças de amianto, 
solventes e restos de tintas, além de metais diversos, cujos 
componentes podem ser remobilizados caso o material não tenha 
tratamento adequado. 
Desse modo, segundo Alves (1998), o lixo domiciliar especial é 
aquele que contém qualquer material, de natureza química ou 
biológica, descartado, que possa pôr em risco a saúde da população, 
bem como o meio ambiente. 
É preciso compreender a classificação dos resíduos quanto ao 
risco potencial no meio ambiente conforme a tabela 1. 
 
Tabela 1-Classificação dos resíduos segundo sua origem 
CARACTERIZAÇÃO 
DOS RESÍDUOS 
DEFINIÇÃO SUBCATEGORIAS 
Lixo Comercial São resíduos gerados em 
estabelecimentos 
comercias, cujas 
características dependem 
da atividade ali 
desenvolvida. 
 
Lixo Público São os resíduos presentes 
nos logradouros públicos, 
em geral resultantes da 
natureza, tais como folhas, 
 
42 
=42= 
 
 
galhadas, poeira, terra e 
areia, e também aqueles 
descartados irregular e 
indevidamente pela 
população, como entulho, 
bens considerados 
inservíveis, papéis, restos 
de embalagens e 
alimentos. 
Lixo Domiciliar São resíduos gerados nas 
atividades diárias em 
casas, apartamentos, 
condomínios e demais 
edificações residenciais. 
 
Lixo 
 
Domiciliar Especial 
Compreende os entulhos 
de obras, pilhas, baterias, 
lâmpadas fluorescentes e 
pneus. Os entulhos de 
obras estão enquadrados 
nesta categoria por causa 
da grande quantidade 
gerada e pela importância 
que sua recuperação e 
reciclagem vêm assumindo 
no cenário nacional. 
Entulho de obras 
Pilhas e baterias 
Lâmpadas 
fluorescentes 
Pneus. 
Lixo de Fontes 
Especiais 
São resíduos que, em 
função de suas 
características peculiares, 
passam a merecer 
cuidados especiais em seu 
manuseio, 
acondicionamento, 
estocagem, transporte ou 
disposição. 
Lixo Industrial 
Lixo de Portos, 
Aeroportos e 
Terminais Rodo- 
Ferroviários 
Lixo Agrícola 
Lixo radioativo 
Lixo de serviços da 
saúde 
FONTE: Righetti (2012) 
 
43 
=43= 
 
 
A periculosidade de um resíduo é a característica apresentada 
que, em função de suas propriedades físicas, químicas ou biológicas, 
pode infectar ou contagiar as pessoas, podendo apresentar risco à 
saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doenças ou 
acentuando seus índices e riscos ao meio ambiente, quando o 
resíduo for gerenciado de forma inadequada (ABNT, 2004). 
De acordo com a NBR 10004, a toxicidade de um resíduo é 
a propriedade potencial que o agente tóxico possui de provocar, 
em maior ou menor grau, um efeito adverso em consequência de 
sua interação com o organismo. Sendo o agente tóxico qualquer 
substância ou mistura cuja inalação, ingestão ou absorção cutânea 
tenha sido cientificamente comprovada como tendo efeito adverso 
(tóxico, carcinogênico, mutagênico, teratogênico ou 
ecotoxicológico). 
De acordo com a NBR 10004, os resíduos sólidos são 
classificados quanto aos riscos potenciais de causar dano ao meio 
ambiente e à saúde pública como: a) Resíduos Classe I – Perigosos; 
b) Resíduos Classe II – Não perigosos; Resíduos Classe II A – Não 
inertes. Resíduos Classe II B – Inertes (Tabela 2). 
 
 
 
 
44 
=44= 
 
 
Tabela 2- Classificação dos resíduos quanto a riscos potenciais ao meio 
ambiente e à saúde pública de acordo com a NBR 10004. 
CARACTERIZAÇÃO 
DOS RESÍDUOS 
DEFINIÇÃO RESÍDUOS 
 
Resíduos classe I 
Perigosos 
São aqueles que em função 
de suas características de 
inflamabilidade, 
corrosividade, reatividade, 
toxidade e patogenicidade 
podem apresentar risco à 
saúde pública, provocando 
ou contribuindo para o 
aumento de mortalidade ou 
incidência de doenças e/ou 
apresentar efeitos adversos 
ao meio ambiente, quando 
manuseados ou dispostos de 
forma inadequada. 
Óleo lubrificante usado ou 
contaminado. Óleo de 
corte e usinagem usado. 
Equipamentos 
descartados contaminados 
com óleo. Lodos de 
galvanoplastia. Lodos 
gerados no tratamento 
de efluentes líquidos de 
pintura industrial. 
Efluentes líquidos ou 
resíduos originados do 
processo de preservação 
da madeira. Acumuladores 
elétricos à base de 
chumbo (baterias). 
Lâmpada com vapor de 
mercúrio após o uso 
(fluorescentes). 
 
Resíduos classe II 
não inertes 
Os considerados não inertes 
são aqueles que não se 
enquadram nas 
classificações de resíduos 
classe I e nem de classe II b, 
podendo ter propriedades 
como combustividade 
biodegradabilidade ou 
solubilidade em água. 
O lixo comum gerado em 
qualquer unidade 
industrial (proveniente de 
restaurantes, escritórios, 
banheiros). 
 
Resíduos classe II 
inertes 
Quaisquer resíduos que 
quando amostrados de 
forma representativa e 
submetidos a um contato 
estático ou dinâmico com 
água destilada ou 
deionizada, não tiverem 
nenhum de seus 
constituintes solubilizados a 
concentrações superiores 
Rochas. 
Tijolos. Vidros. 
Certos plásticos e 
borrachas que não são 
decompostos de imediato. 
45 
=45= 
 
 
aos padrões de potabilidade 
de água, excetuando-se os 
padrões de aspecto, cor, 
turbidez, dureza e sabor. 
FONTE: Righetti (2012) 
 
A classificação dos resíduos radioativos apresentada na tabela 
acima deve ser feita de acordo com o radionuclídeo e/ou natureza da 
radiação, estado físico, concentração e taxa de exposição. 
Os resíduos líquidos e gasosos contendo emissores alfa, beta 
e/ou gama são classificados de acordo com os níveis de 
concentração, e os resíduos sólidos contendo emissores alfa são 
classificados de acordo com sua concentração. 
Até a década de 80, os resíduos de saúde considerados 
perigosos incluíam aqueles provenientes de hospitais. A 
denominação “lixo hospitalar” tornou-se comumente utilizada 
mesmo quando os resíduos não eram gerados em unidade 
hospitalares. 
Os resíduos sólidos hospitalares, ou como é mais comumente 
denominado “lixo hospitalar ou resíduo séptico”, sempre 
constituíram um problema bastante sério para os administradores 
hospitalares, devido principalmente à falta de informações a seu 
respeito, gerando mitos e fantasias entre funcionários, pacientes, 
familiares e principalmente entre as comunidades vizinhas às 
edificações hospitalares e aos aterros sanitários. 
46 
=46= 
 
 
Considerando o resíduo como qualquer material que sobra 
após uma ação ou processo produtivo. Esses resíduos passam a ser 
descartados e acumulados no meio ambiente, causando não somente 
problemas de poluição, mas a degradação do ambiente e do próprio 
homem. 
 
47 
=47= 
 
 
3 METODOLOGIA 
 
3.1 Delineamento do estudo 
 
Este é um estudo baseado na abordagem empírico-analítica, 
pautada nas observações de campo e a relação com a literatura 
científica sobre a temática. 
O estudo envolveu a coleta de dados de forma 
quantitativa, com a utilização de formulários de observação rápida 
e codificada, em acordo com os objetivos da pesquisa. 
Segundo Chizzotti (2005), a pesquisa quantitativa envolve a 
mensuração de variáveis preestabelecidas, procurando verificar e 
explicar sua influência sobre outras variáveis. 
 
3.2 Caracterização da área de estudo 
 
3.2.1 Aspectos históricos 
 
A Lei de n.º 83, de 27 de setembro de 1894, criou o Município 
de Manacapuru com território desmembradode Manaus, ocorrendo 
sua instalação no dia 16 de junho de 1895. A Comarca de Manacapuru 
foi criada pela Lei n.º 354 de 10 de setembro de 1901. Por força da 
Lei n.º 1.126, de 5 de novembro de 1921, foi extinta a comarca de 
Manacapuru e restabelecida no ano seguinte, conforme Lei n.º 1 
48 
=48= 
 
 
133, de 7 de fevereiro. O Ato estadual n.º 1.639, de 16 de julho de 
1932 concedeu à Manacapuru o foro de cidade. 
A população do município de Manacapuru foi recenseada em 
85.141 habitantes, no ano de 2010, sendo que aproximadamente 
71% residem na área urbana (Fig. 2). Em 2014, a população total do 
município foi estimada em 92.996 habitantes (IBGE, 2014). 
 
 
 
3.2.2 Localização geográfica 
 
O município de Manacapuru está situado na região do Rio 
Negro/Solimões, na mesorregião do entorno de Manaus (Fig. 3). 
49 
=49= 
 
 
Dista 84 km em linha reta da capital do Estado e 102 km por via 
fluvial. Está localizado nas coordenadas 3º18’33’’ de latitude sul e 
60º33’2’’ de longitude oeste. Localiza-se ao sul de Manaus e limita-se 
com os municípios de Manaquiri, Iranduba, Beruri, Anamã, Novo 
Airão e Caapiranga (Fig. 3). 
 
Figura 3-Localização e limites territoriais do município de Manacapuru 
 
 
A lixeira municipal de Manacapuru está situada no km 01 da 
Rodovia AM 352, conhecida localmente como estrada de Novo Airão 
50 
=50= 
 
 
(Fig. 4). Sua localização foi registrada em 03º15.500’ de latitude Sul e 
60º 39.457’ de longitude Oeste. A elevação do nível topográfico foi 
observada em 58 metros acima do nível do mar. O Igarapé do Santo 
Antonio está situado a cerca de 100 metros da lixeira, ao sul. As 
observações de campo no igarapé foram registradas na localização 3º 
15.415’ Sul e 60º 39.618’ Oeste, com nível de elevação em 23 metros. 
 
Figura 4-Localização da lixeira em relação ao igarapé e a AM 352 
 
 
51 
=51= 
 
 
3.2.3 Aspectos físicos naturais 
 
O clima atual da região amazônica é uma combinação de 
vários fatores, sendo que o mais importante é a disponibilidade de 
energia solar, através do balanço de energia. A energia que atinge a 
superfície terrestre é devolvida para a atmosfera na forma de fluxo 
de calor sensível (aquecimento) e latente (evapotranspiração). Desta 
forma, o balanço de energia e umidade interagem sendo que o saldo 
de radiação é particionado em termos de calor sensível e /ou latente, 
dependendo das condições ambientais e da água no solo (FISH et al, 
1998). Nesse contexto o ambiente de estudo lixão do município de 
Manacapuru, também segue a mesma linha climática por estar 
situado na região Amazônica. 
Segundo Bartoli (2011), o relevo do Amazonas está dentro da 
classificação mais atual elaborada pelo geógrafo Jurandir L.S. Ross. A 
classificação de J. L. S. Ross de 1995, se diferencia das anteriores de 
Aroldo de Azevedo e de Aziz Ab’ Saber, por empregar tecnologias 
mais avançadas, levando em conta a estrutura geológica em que as 
formas são geradas. Dentro desta ótica, Bartoli, (2011) frisa que, no 
Amazonas as depressões abrangem áreas extensas em todo o estado, 
sendo interrompido somente ao norte, onde afloramentos cristalinos 
e formas residuais mais desgastadas aparecem. 
52 
=52= 
 
 
No Amazonas a variedade de solos está associada aos fatores 
de formação como o relevo, a geologia, o clima, bióticos e a feição da 
paisagem, além das propriedades físicas e químicas. Valente Júnior (et 
al 2011) afirma que a porção mais central (estado do Amazonas) é 
caracterizada por uma região sedimentar, ou seja, sedimentos 
terciários a holocênicos, associados aos latossolo amarelo distrófico 
e distrocoeso, argissolo amarelo distrófico e plintossolos (Fig. 5). 
 
Figura 5-Tipos de solos de Manacapuru 
 
 
 
53 
=53= 
 
 
 
O solo predominante na área de estudo (fig. 5) é o latossolo, é 
um solo altamente evoluído, laterizado, rico em argilominerais e oxi-
hidróxidos de ferro e alumínio. 
A vegetação da área de estudo (na parte de cima do lixão) é 
diversificada caracteriza-se por localizar-se em áreas mais elevadas 
que não estão sujeitas a inundação nos períodos de cheia dos rios. Na 
parte baixa no leito de igarapé a vegetação é característica de mata de 
várzea. Como caracteriza Maestu (2011), mata de várzea localiza-se 
em áreas que são alagadas apenas nos períodos de cheia dos rios. A 
mata de várzea situa-se entre a terra firme a mata de igapó. 
 
3.3 Procedimentos Metodológicos 
 
A pesquisa foi desenvolvida em três etapas, descritas a seguir: 
A primeira etapa foi o levantamento de dados teóricos que 
deram subsídios para a realização da pesquisa, mediante uma 
bibliografia especializada. A pesquisa foi elaborada pelo acesso 
direto a livros, jornais, revistas locais e periódicos científicos. Na busca 
por informações detalhadas sobre a lixeira municipal, realizaram-se 
visitas à Secretaria Municipal de e Meio Ambiente (SEMA) e 
54 
=54= 
 
 
entrevistas em conversação livre com alguns funcionários 
responsáveis pela pasta de resíduos sólidos do município. 
A segunda etapa consistiu nas atividades de campo na área 
de estudo: na lixeira municipal e no igarapé do Santo Antônio. Os 
dados coletados em campo foram baseados nas observações da 
paisagem, que envolveu o registro fotográfico, a utilização de GPS e a 
aplicação de uma matriz de avaliação rápida de impactos 
ambientais, adaptada e elaborada para a pesquisa. A atividade de 
campo foi desenvolvida em dois dias. O primeiro ocorreu em 
22/03/2014 para o reconhecimento da área e visualização das 
atividades a serem desenvolvidas. O segundo, no dia 20/09/2014, 
para a aplicação das atividades e registro dos dados. 
O método de matrizes de avaliação rápida de impactos 
ambientais mostrou-se adequado para o estudo, devido a sua relativa 
facilidade de elaboração e aplicação direta aos objetivos da pesquisa. 
As matrizes foram adaptadas de outros estudos similares como Mota; 
Aquino (2002) e Callisto et al. (2002). 
A técnica é pautada essencialmente na observação da 
paisagem, em consonância ao roteiro de variáveis ambientais 
previamente estabelecidas. Segundo Minayo (1994), a técnica de 
observação [...] é realizada pelo contato direto do pesquisador com o 
fenômeno observado, com o propósito de obter informações 
55 
=55= 
 
 
concretas sobre a realidade do contexto da pesquisa. Minayo (1994, 
p. 53) descreve, também, que a pesquisa de campo é “o recorte que o 
pesquisador faz em termos de espaço, representando uma realidade 
empírica a ser estudada a partir das concepções teóricas que 
fundamentam o objeto da investigação. 
Em cada variável das matrizes foi estabelecida um grau de 
impacto qualitativamente delimitado: Frequência (o tempo com que o 
evento ocorre: temporário, permanente ou cíclico); Extensão 
(dimensão espacial de influência do evento: regional ou local); 
Duração (dimensão temporal de influência do evento: curto, médio ou 
longo prazo); Origem (associação do evento e sua influência: direta 
ou indireta); Natureza (dimensão avaliativa do evento: positiva ou 
negativa); e Grau de impacto (dimensão de magnitude dos 
impactos: baixo, médio ou alto). 
As matrizes foram aplicadas em dois pontos: na área da lixeira 
municipal e no igarapé do Santo Antônio. Os parâmetros observados 
na lixeira foram: alteração do relevo, o aumento dos processos 
erosivos, a compactação do solo, a qualidade da água, a poluição do 
solo, poluição do ar, poluição visual, vegetação nativa comprometida 
e a redução da capacidade de sustentação da fauna. Na área do 
Igarapé do Santo Antonio foram observados: a erosão próxima às 
margens do rio; o assoreamento do leito; o acúmulo do lixo no 
56 
=56= 
 
 
entorno; a remoção da mata ciliar; o odor da água; e a oleosidade da 
água. Utilizaram-se, também, observações auxiliares como o grau de 
cobertura vegetal do leito, o tipo de ocupação das margens do rio, a 
alteraçãoantrópica direta, a coloração da água do rio e a presença de 
espuma. 
Na terceira etapa do estudo consistiu na sistematização e 
análise dos dados coletados em campo e a comparação e avaliação da 
literatura específica ao tema trabalhado 
 
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
Os resultados da pesquisa foram avaliados em duas áreas 
distintas: na lixeira municipal e no igarapé do Santo Antônio. 
Os impactos da lixeira sobre o meio foram observados 
conforme a tabela 3, que correspondem aos componentes avaliados 
na área do lixão. A poluição do solo, a poluição visual, a vegetação 
nativa comprometida e a redução da capacidade de sustentação da 
fauna, são parâmetros que apresentaram uma frequência de 
extensão regional, duração de longo prazo origem direta com a 
natureza negativa e o grau de impacto permanente alto. A poluição do 
57 
=57= 
 
 
ar foi avaliada em uma frequência de impacto permanente, porém a 
duração do impacto é de médio prazo (Tabela 3). 
 
Tabela 3-Componentes avaliados na área do lixão 
 
Adaptado de: Mota e Aquino (2002) e Callisto et al. (2002) 
 
T - Temporário; Pr - Permanente; Cic - Cíclico; Loc - Local; Reg - Regional; Cp 
- Curto Prazo; Mp - Médio Prazo; Lp - Longo Prazo; Di - Direta; In - Indireta; 
Pos - Positiva; Neg - Negativa; B - Baixa; M - Médio; A - Alto. 
 
58 
=58= 
 
 
A tabela acima retrata as variedades de alteração que 
ocorreu no meio ambiente. O relevo foi alterado em decorrência da 
ação antrópica, conforme Guerra (2012) 
 
A intervenção humana sobre o relevo 
terrestre, quer seja em áreas urbanas ou 
rurais, demanda a ocupação da superfície do 
terreno, dependendo do tamanho dessa 
intervenção, das práticas convencionais 
utilizadas e dos riscos geomorfológicos 
envolvidos, os impactos ambientais 
associados poderão causar grandes prejuízos 
ao meio físico e aos seres humanos (GUERRA, 
2011, p.191). 
 
A alteração do relevo causa prejuízos ao meio ambiente, à 
fauna, à flora e aos seres que dependem da natureza para exercer 
o seu papel no ambiente. Na área do lixão, foi observado o 
aumento dos processos erosivos em uma frequência permanente. 
Guerra et al (2005) enfatizam que para compreender os processos 
erosivos devem ser levados em consideração os processos 
controladores que determinam as variações nas taxas de erosão. Foi 
avaliada a compactação do solo como uma frequência permanente 
com a extensão regional, a qualidade da água subterrânea com 
frequência permanente, tem uma extensão regional de origem direta 
e natureza negativa. 
59 
=59= 
 
 
Foi observado que os problemas mais significativos de impacto 
ambiental que assolam a lixeira de Manacapuru estão atrelados a 
fortes danos ambientais. Os resíduos são depositados a céu aberto, 
sem nenhum controle e nem tratamento (Fig. 6). A imagem 
demonstra a falta de cuidado com os resíduos que são coletados da 
área urbana e depositados na parte superior do lixão. O lixo é jogado 
sem nenhum tratamento ou separação adequada, acumulado de 
forma aleatória. 
 
Figura 6-Resíduos depositados a céu aberto 
Fonte: Francisca Pereira (2014) 
60 
=60= 
 
 
 
A feição do solo na área em estudo em cada parte do relevo 
sofre intervenções e alterações dos agentes modeladores em 
decorrência das ações efetivadas pelo homem, ou seja, o homem é 
quem deposita os resíduos para a formação do lixão. São 
caracterizados como lixo público que estão presentes nos logradouros 
públicos em geral, descartado irregular e indevidamente pela 
população, considerados inservíveis. A deformação do relevo - 
interferência no processo natural - é decorrente das práticas ligadas 
à dinâmica dos agentes externos, principalmente da ação antrópica 
(Fig. 7). 
 
Figura 7-Deformação de relevo pelos agentes externos 
 
 
 
 
 
Fonte: Francisca Pereira 
(2014). 
 
 
 
 
Figura A 
61 
=61= 
 
 
 
 
 
Fonte: Francisca Pereira 
(2014). 
 
 
 
 
 
 
As figuras 7 (A e B) apresentam deformações no relevo, em 
consequência da ação do homem e os diversos impactos ambientais 
encontrados no ambiente do lixão. Podem ser citadas a degradação 
dos solos (por meio da intensificação da erosão) e dos recursos 
hídricos, poluição por chorume, assoreamento dos canais fluviais na 
região, dentre outros. Conforme enfatiza Guerra (2011, p. 74), “os 
recursos hídricos têm sido alvo das intervenções antrópicas há longo 
tempo, desde o surgimento das primeiras comunidades humanas”, a 
partir daí o homem não se preocupou em cuidar e preservar, apenas 
pensou restrito para si. 
Figura B 
62 
=62= 
 
 
O aumento dos processos erosivos foi facilmente identificado 
na área em estudo e está bastante acentuado em consequência da 
área desmatada. Guerra (2011, p 31) descreve que “o processo tende 
a acelerar à medida que mais terras são desmatadas[...] uma vez que 
os solos ficam desprotegidos da cobertura vegetal e, 
consequentemente, as chuvas incidem direto sobre a superfície do 
terreno” (Fig. 8). 
 
Figura 8-Processos erosivos e poluição do solo 
 
 
Fonte: Francisca Pereira (2014) 
 
63 
=63= 
 
 
A imagem acima (Fig. 8) demonstra a degradação e a poluição 
do solo. Nota-se que há pouca cobertura vegetal e o solo está exposto 
às ações do intemperismo e aos processos de erosão mais acelerados. 
Quanto à poluição, Guerra (2011, p.62) enfatiza que “o solo e os 
sedimentos são os meios em que os metais aparecem em maiores 
concentrações, indicando uma tendência à retenção desses 
contaminantes no local”. Os resíduos que são deixados expostos no 
solo retêm produtos químicos que contaminam e se espalham por 
toda a área em questão. 
Sabe-se que a água é um dos principais agentes que modela e 
modifica a paisagem e percorre diferentes caminhos. Na área do 
lixão de Manacapuru não é diferente. A água também modela e 
modifica a paisagem terrestre, por meio do escoamento superficial, 
percolação e infiltração, atingindo o lençol freático. Baseando-se nas 
observações, levantou-se a hipótese da perda da qualidade da água 
subterrânea devido à geração significativa de chorume na área de 
estudo. A ausência de cobertura vegetal e o grau de compactação do 
solo observado são fatores que contribuem diretamente com as 
alterações da água como a intensificação dos processos erosivos. O 
chorume foi identificado como o principal fator de contaminação do 
lençol freático do lixão (Fig. 9). 
64 
=64= 
 
 
 
Figura 9-A) Chorume e os resíduos que atingem o lençol freático-B) 
Resíduos hospitalares queimados 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Além do chorume (fig. 9-A) que contamina o lençol freático, 
está presente na imagem também a poluição visual, causando o 
desequilíbrio do ecossistema. A poluição atmosférica pôde ser 
visualizada com a queima de lixo hospitalar (fig.9- B), realizada a céu 
aberto e sem nenhuma atividade alternativa adequada de despejo 
destes resíduos. O mau cheiro exalado pelos resíduos em 
decomposição é uma característica praticamente permanente. Estes 
tipos de resíduos são classificados como de fontes especiais (Fig.10-
B), que em função de suas características peculiares passam a 
merecer cuidados especiais em seu manuseio, acondicionamento 
estocagem, transporte ou disposição. 
Figura A Figura B 
Fonte: Francisca Pereira (2014) 
 
65 
=65= 
 
 
Na parte baixa do lixão, onde está localizada o Igarapé do 
Santo Antonio, a erosão das margens do rio é um processo contínuo 
e evidente, fruto das consequências dos resíduos depositados 
diretamente à montante do canal. Esses processos erosivos são 
cíclicos com uma extensão local e sua duração foi observada de longo 
prazo. A degradação próxima às margens foi identificada através do 
assoreamento do canal, que tem ocorrido através do acúmulo do 
lixo que são arrastados para o entorno das margens do igarapé, 
causando impacto (Tabela 4). 
 
Tabela 4-Parâmetros de impacto no igarapé do Santo AntonioÁrea do Igarapé do Santo Antônio 
 
 
Parâmetros 
Componentes Avaliados 
Frequência Extensão Duração Origem Natureza 
Grau de 
impacto 
T Pr Cic Loc Reg Cp Mp Lp Di In Pos Neg B M A 
Erosão próxima 
e/ou nas 
margens do rio 
 X X X X X X 
Assoreamento 
do leito 
 X X X X X X 
Acúmulo de lixo 
no entorno 
 X X X X X X 
Remoção da 
mata ciliar 
 X X X X X X 
Odor na água X X X X X X 
Oleosidade na 
água 
 X X X X X X X 
Fonte: Adaptado de: Mota & Aquino (2002) e Callisto et al. (2002) 
66 
=66= 
 
 
T - Temporário; Pr - Permanente; Cic - Cíclico; Loc - Local; Reg - Regional; 
Cp - Curto Prazo; Mp - Médio Prazo; Lp - Longo Prazo; Di - Direta; In - 
Indireta; Pos - Positiva; Neg - Negativa; B - Baixa; M - Médio; A - Alto. 
 
A tabela retrata os parâmetros da degradação da mata ciliar, 
que altera a temperatura da água interferindo direta e 
indiretamente nas espécies, conforme Santos et. al. (2008). A 
presença da mata ciliar está intimamente relacionada à redução dos 
níveis de erosão e sedimentação, pois a sua remoção em excesso 
contribui para o incremento dos processos erosivos, de transporte e 
deposição dos sedimentos expostos ao longo do leito (Fig. 10 A e 10 
B). Deste modo, as matas ciliares são importantes na manutenção 
dos processos naturais de sedimentação ao longo de um canal fluvial. 
 
Figura 10 A e B - Resíduos poluentes do leito do igarapé do Santo Antonio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura B Figura A 
Fonte: Francisca Pereira (2014) 
 
67 
=67= 
 
 
 
As imagens acima mostram o grau de poluição que os resíduos 
causam ao leito do igarapé. A Figura 10A e 10 B ilustram os 
impactos do igarapé na época da cheia. Foi observada a existência 
de diversos resíduos sólidos depositados ao longo do leito do 
igarapé do Santo Antônio, principalmente sacos e garrafas plásticas, 
restos de matéria orgânica, entre outros objetos transportados do 
lixão municipal. São materiais alheios ao ambiente natural, que 
interagem diretamente com a fauna aquática e terrestre. Os impactos 
da decomposição variam conforme o tipo de material depositado. 
Os resíduos encontrados nas margens do igarapé podem ser 
classificados como resíduos de classe II não inertes. São resíduos 
comuns gerados em qualquer unidade industrial, provenientes de 
restaurantes, escritórios e banheiros. 
Foram elaboradas observações auxiliares sobre a região do 
igarapé e estão relacionadas a outros fatores importantes, que 
influenciam diretamente no meio ambiente, conforme a tabela 5. 
 
 
 
 
 
 
68 
=68= 
 
 
Tabela 5-Observações auxiliares do Igarapé 
 
Observações auxiliares do Igarapé do Santo Antônio 
Cobertura 
vegetal no leito 
() Ausente / (x) Parcial / () Total 
Tipo de ocupação 
das margens do 
rio 
(x) Vegetação natural / () Campo de pastagem 
/ () Agricultura / () Residencial /() 
Comercial/Industrial 
Alterações 
antrópicas 
diretas 
(x) Ausente / () Doméstica (esgoto) / () 
Urbana (canalização, retificação) / 
() Indústria (fábrica, siderurgia) 
Coloração da 
água do rio 
(x) Escura / () Clara, transparente / () Turva, 
barrenta 
Presença de 
espuma 
(x) Ausente / () Parcial / () Abundante 
Adaptado de: Mota e Aquino (2002) e Callisto et al. (2002) 
 
A área do igarapé do Santo Antônio apresenta, atualmente, 
uma cobertura vegetal natural predominantemente distribuída ao 
longo de suas margens, ou seja, uma floresta primária ainda bem 
preservada. Nos trechos em estudo, situados mais próximos à 
nascente do canal fluvial, não foram observadas ocupações e 
atividades humanas diretas, como casas residenciais, campos de 
pastagem ou agricultura. 
A coloração da água é escura, devido à própria decomposição 
de matéria orgânica, típica dos pequenos rios de águas pretas da 
região amazônica. Entretanto, foi observado, em diversos trechos do 
canal, a existência de manchas de oleosidade, provavelmente 
69 
=69= 
 
 
transportadas diretamente do lixão e relacionadas, também, à 
decomposição dos resíduos sólidos à montante no igarapé (Fig. 11). 
 
Figura 11-Frequência de oleosidade na água do igarapé do Santo Antonio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ilustração acima mostra que além da oleosidade da água, 
o odor é bastante notável, o que torna a água imprópria as o 
consumo. 
 
Mancha de 
oleosidade. 
Fonte: Francisca Pereira (2014) 
 
70 
=70= 
 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Este trabalho considerou a lixeira e o igarapé do Santo 
Antonio como objeto de análise e buscou referências na literatura 
científica para que os impactos que afetam o meio ambiente possam 
ser discutidos e analisados. 
Em função disso, realizou-se o levantamento dos principais 
impactos por eles apontados com base em matrizes de avaliação 
rápida de impactos ambientais, observando os principais agentes 
causadores, a origem, os efeitos, a abrangência, com a intenção de 
que este trabalho possa contribuir perante os órgãos competentes na 
busca para a conscientização dos problemas assinalados nesta 
pesquisa. 
Este estudo constatou que a maneira como a relação entre 
o homem e a natureza tem se transformado em caos para o 
ambiente, sendo o principal fator desencadeador de problemas 
ambientais que o ser humano tem causado, degradando a natureza 
sem se preocupar com as consequências de tal ato. Sem um 
planejamento urbano adequado para a disposição dos resíduos 
sólidos em Manacapuru, o problema ambiental tende a se agravar. A 
legislação ambiental existe, mas não há fiscalização por parte dos 
órgãos competentes para que a lei possa ser cumprida. 
O crescimento dos problemas ambientais, associados aos 
resíduos sólidos, podem trazer problemas irreversíveis, não 
71 
=71= 
 
 
somente para o local de despejo do lixo, mas para um contexto 
regional, como a dimensão de uma bacia hidrográfica. Deste modo, é 
necessário que haja um planejamento de conscientização social e de 
políticas públicas que possam ser aplicadas diretamente às realidades 
das áreas afetadas. 
 
72 
=72= 
 
 
REFERÊNCIAS 
ABNT - NBR 10.004/04 – Classifica os resíduos sólidos quanto aos seus 
riscos potenciais ao meio ambiente e à sua saúde. 
NBR 7.500/87 – Símbolos de risco e manuseio para o transporte e 
armazenamento de resíduos sólidos. 
NBR 10.703/89 - Esta Norma define os termos empregados nos 
estudos, projetos, pesquisas e trabalhos em geral, relacionados à 
análise, ao controle e à prevenção da degradação do solo. 
NBR 11.175/90 – Fixa as condições exigíveis de desempenho do 
equipamento para incineração de resíduos sólidos perigosos. 
NBR 12.235/92 – Armazenamento de resíduos sólidos perigosos 
definidos na NBR 10004 – procedimentos. 
NBR 12807/93 – Resíduos de serviços de saúde – terminologia. 
NBR 12808/93 – Resíduos de serviços de saúde – classificação. 
NBR 12809/93 – Manuseio de resíduos de serviços de saúde – 
procedimentos. 
NBR 12810/93 – Coleta de resíduos de serviços de saúde – 
procedimentos. 
NBR 12980/93 – Coleta, varrição e acondicionamento de resíduos 
sólidos urbanos terminologia. 
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA). Disponibilidade e demandas de 
recursos hídricos no Brasil. Cadernos de Recursos Hídricos. Brasília: Ed. 
ANA, 2005. 
ALVES, W. L. . Compostagem e Vermicompostagem de lixo urbano. 
Jabuticabal: Fenup, 1998. 
73 
=73= 
 
 
AMOY, R. A. Princípio da precaução e estudo de impacto ambiental no 
direito brasileiro. Revista da Faculdade de Direito de Campos, Ano VII, 
Nº 8, pp. 607-668, jun. 2006. 
BARTOLI, Estevan. Geografia do Amazonas. Rio de Janeiro: 
MenVavMen, 2011. BEHREND, Rômulo Diego de Lima. Avaliação de 
impactos ambientais e licenciamento ambiental. Centro Universitário 
de Maringá. Maringá - PR, 2012. 
BRAGA, Benedito (org.). Introdução à engenharia ambiental. 2 ed. 
São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. 
BRASIL, Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Recursos Hídricos. 
Caderno da Região Hidrográfica

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