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NOEMI ANDRADE 1 ABORDAR AS PRINCIPAIS CAUSAS DE DOR PÉLVICA, DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL E CONDUTA FLUXOGRAMA DE DOR PELVICA A dor pélvica é um desconforto no dorso inferior; é uma queixa comum em mulheres. É considerada separadamente da dor perineal que ocorre em órgãos genitais externos e na pele do períneo. Algumas doenças ginecológicas causam dor cíclica, recorrente durante a mesma NOEMI ANDRADE 2 fase do ciclo menstrual. Em outros distúrbios, a dor é um evento discreto sem relação com o ciclo menstrual. Avaliar se o surgimento da dor através do fluxograma. Para o diagnóstico da dor pélvica, temos esse fluxograma pois, é necessário entender se a dor é aguda ou crônica. Para isso, teremos que excluir o quadro de gravidez e identificar se a paciente possui alguma causa ginecológica ou não ginecológica. Para isso temos algumas causas que iremos abordar como infecções gênitas, malformação do trato genital, infecção urinária baixa na mulher, massa anexiais: vistos foliculares, luteos e teratomas, endometriose, DIP, DPC e gravidez tópica e ectópica. MALFORMAÇÃO DO TRATO GENITAL As malformações müllerianas são anomalias congênitas estruturais do trato reprodutivo feminino decorrente de falha do desenvolvimento dos ductos de Müller e estruturas associadas. Os sintomas se manifestam, principalmente, durante a adolescência e início da vida adulta, e afetam a capacidade reprodutiva dessas mulheres. As malformações müllerianas são um grupo amplo de anomalias que variam de paciente para paciente. Portanto, sua abordagem também é individual, devendo-se considerar os aspectos anatômicos, clínicos e o desejo da paciente. FISIOPATOLOGIA As malformações Mullerianas resultam de falha na organogênese, fusão ou reabsorção dos canais de Müller. Falhas na organogênese estão relacionados ao desenvolvimento incompleto de um ou dos dois ductos Mullerianos, conduzindo assim à agenesia, hipoplasia uterina ou útero unicorno. Os defeitos de fusão resultam da fusão incompleta da porção caudal dos ductos Müllerianos (fusão lateral) ou fusão incompleta das estruturas do seio urogenital com o tubérculo mülleriano (fusão vertical). As falhas na fusão lateral podem resultar em útero didelfos, útero bicorno ou útero arqueado. Quando o defeito ocorre na fusão vertical, anomalias como hímen imperfurado, septo vaginal transversal, septo vaginal oblíquo ou ausência do colo do útero. DOENÇA INFLAMATÓRIA PELVICA (DIP) A Doença Inflamatória Pélvica (DIP) é um conjunto de sinais e sintomas secundário à ascensão e à disseminação, no trato genital feminino superior, de micro-organismos provenientes da vagina e/ou da endocérvice. Estes microorganismos podem acometer o útero, trompas de falópio, ovários, superfície peritoneal e/ou estruturas contíguas como o fígado, sim, ele pode acometer até o figado. Resumidamente, a DIP é uma infecção que compreende vários espectros inflamatórios e infecciosos do trato genital superior feminino, que incluem quaisquer combinações de endometrite, salpingite, abscessos tubo-ovariano e peritonite pélvica. →Ela constitui a complicação mais comum e grave das infecções sexualmente transmissíveis, ou seja, mais ou menos 90% dos casos é originado de IST e apenas 10-5% não se relacionam a IST. o Como esses organismo vão ascender/ surgir lá dentro? Lembrando que eles vão vir proveniente da vagina e a DIP é um infecção acima do orifício interno do colo do útero. Bom, o mais como é que essas ascenção (subida) dos microorganismo seja de NOEMI ANDRADE 3 forma espontânea ou por manipulação. Por manipulação, seria uma curetagem ou AMIU (aspiração manual intrauterina), até mesmo a inserção do DIU por exemplo, tudo isso pode favorecer que bactérias patogênicas que estavam embaixo subam para parte genital superior. MANIFESTAÇÕES: Endometrite , Salpingite, Ooforite, Abcesso Tubo-Ovariano, Peritonite, Peri- Hepatite ETIOLOGIA Teremos uma flora que pode ser proveniente da DIP, uma flora Polimicrobiana com presença de microorganismos gram+, gram-, anaeróbios. Os agentes mais comuns da DIP são a Neisseria gonorrhoeae, a Chlamydia trachomatis. Respondem por dois terços dos casos de DIP (um terço para cada um dos agentes). Neste contexto,bactérias facultativas anaeróbias (ex.: G. vaginalis, H. influenza, S. agalactiae, entre outros), que compõem a flora vaginal, também tem sido associadas à DIP. Além disso, CMV, M. genitalium, M. hominis e U. urealyticum podem ser associados com alguns casos de DIP. Todas as mulheres que tem DIP aguda devem ser rastreadas para N. gonorrhoeae e C. trachomatis e testadas para HIV, sífilis e hepatites virais. DIP x DIU Segundo o CDC (Centers for Diases Control and Prevention/ Centros de controla e prevenção de doenças) não há evidencias para DIP por quem utiliza DIU. Que o aumento de risco de DIP para quem utiliza o DIU só foi constado nas 3 primeiras semanas pós-inserção do DIU e com infecção pré-existente ou falta de tecnica. Diz também, que caso a mulher apresente DIP, o DIU não precisa ser retirado de rotina, apenas se não houver melhora com o tratamento em 48-72hrs. Já o Ministério da Saúde diz que existe risco aumentado de 3 a 5x de DIP em portadoras de DIU se tiver cervicite. Ele traz que, caso a mulher apresente DIP, ele não precisa ser retirado de rotina, mas caso haja indicação a remoção deve ocorrer após a segunda dose do antibiótico. DIU→ O microorganismo em pacientes que utilizam DIU que favorecem a DIP é a Actinomyces israelii. Existe uma relação também entre a DIP e a Vaginose Bacteriana que não é IST, são anaeróbios que já existiam na flora vaginal e estão aumentados. O protocolo do MS, traz que vaginoses recorrentes facilitam a ascenção de outros microorganismo patogênicos que levariam a DIP. FISIOPATOGENIA A DIP começa com a ascensão de microorganismos pelo trato genital, mais precisamente pela passagem destes pelo OI (ORIFICIO INTERNO) do colo uterino. Este processo é facilitado em dois períodos: período perimenstrual e pós--menstrual imediato. Ela ocorremais frequentemente NOEMI ANDRADE 4 nestes dois períodos pela abertura do colo, pela fluidez do muco cervical imposta pela ação estrogênica, e pela sucção do conteúdo vaginal promovida pela contratilidade uterina. O principal sintoma da DIP é a presença de descarga vaginal purulenta, quase sempre acompanhada de dor abdominal infraumbilical, dor em topografia anexial, dor à mobilização do colo uterino e febre. Podem ocorrer também os chamados sintomas atípicos, como sangramento uterino anormal (hipermenorreia ou metrorragia), dispareunia e sintomas urinários. Todo processo começa com uma endometrite, que se caracteriza pela presença de plasmócitos no estroma endometrial. Esta é a manifestação inicial da DIP. É devido à endometrite que a paciente se queixa comumente de dor à mobilização do colo uterino e de dor abdominal infraumbilical. A seguir, o processo infeccioso pode se dirigir às trompas. Nesta, o gonococo e a clamídia causam lesão direta e indireta do epitélio ciliar, que induz à intensa reação inflamatória, caracterizada por edema e infiltrado leucocitário. Isso explica a dor à palpação do anexos. A inflamação da superfície tubária pode acarretar a formação de aderências. Estas justificam a queixa de dor pélvica crônica que algumas pacientes apresentam. As aderências podem levar à oclusão do lúmen tubário ou à formação de traves. A oclusão da trompa justifica a sequela de infertilidade por fator tubário que algumas pacientes desenvolvem. Provavelmente, as traves são as responsáveis pelo aumento da incidência de gestações ectópicas. A aglutinação das fímbrias pode produzir oclusão tubária total e a formação de piossalpinge. Em alguns casos, as fímbrias envolvem o ovário, e formam o abscesso tubo-ovariano. O processo infeccioso pode, então, progredir em direção à cavidade peritoneal.Nas infecções por gonococo e clamídia, podem incidir pequenos abscessos na superfície hepática, conhecidos como síndrome de Fitz- Hugh-Curtis (SFHC). Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis: Os achados laparoscópicos da peri-hepatite incluem uma cápsula hepática edemaciada apresentando inflamação e exsudato, muitas vezes com adesões fibrinosas entre o peritônio parietal e visceral, chamadas também de aderências em “corda de violino”. DIAGNOSTICO O diagnóstico clínico do DIP é difícil devido à diversidade do quadro clínico, havendo uma grande variação na intensidade dos sinais e sintomas, que podem variar desde uma infecção assintomática até quadros graves. →O diagnóstico será realizado por 3 critérios maiores + 1 critério adicional ou um definitivo O diagnostico deve ser instituído na presença dos critérios mínimos como: Critérios mínimos: > Dor abdominal inferior ou pélvica, presente em 90% dos casos. Pode ser leve e unilateral, quando limitada à trompa, ou intensa e constante, quando há comprometimento peritoneal (sinal de Blumberg positivo). NOEMI ANDRADE 5 > Mobilização dolorosa da cérvice uterina. > Dor à palpação dos anexos. Critérios adicionais :> Massa ou tumoração pélvica. > Presença de hipertermia e calafrios. > Secreção vaginal cervical purulenta. > Sangramento irregular em pequenas quantidades de fluxo, devido à endometrite. >Sintomas urinários. > Náuseas e vômitos. > Dor subcostal que pode ser causada por peri-hepatite ou síndrome de Fitz-Hugh-Curtis O diagnóstico da maioria dos casos de DIP é feito pela história clínica e pelo exame físico, não sendo necessários outros métodos diagnósticos para justificar o início do tratamento (Centers for Disease Control and Prevention, 2006). Contudo, algumas vezes é necessária a utilização de métodos auxiliares para o diagnóstico. Os seguintes exames podem ajudar no esclarecimento do diagnóstico: > Hemograma: mostrará uma leucocitose acima de 10.000 a 12.000, com aumento do número de bastonados. > Exame comum de urina (para excluir infecção do trato urinário). > Culturais de material da cérvix uterina para gonococo (Thayer-Martin), Mycoplasma hominis e ureaplasma (meio A3 Shepard). Pesquisa de Gram da secreção cervical, exame direto da secreção cervicovaginal e pesquisa de imunofluorescência direta para clamídia. > Sorologia para sífilis (VDRL) e imunofluorescência indireta para clamídia. > Solicitação de teste anti-HIV. > Testes de gravidez quando houver dúvidas. > VSG e/ou proteína C-reativa elevados. > Ultrassonografia pélvica ou transvaginal: poderá mostrar tubas uterinas cheias de material espesso, líquido livre na pelve e presença de abscesso tubo-ovariano. Tem sensibilidade de 85% e especificidade de quase 100% para o diagnóstico. > Punção de fundo-de-saco vaginal (culdocentese) para Gram e culturais de microrganismos aeróbios e anaeróbios. > Biópsia endometrial com evidência de endometrite. NOEMI ANDRADE 6 > Laparoscopia: considerada o padrão-ouro para o diagnóstico, permite-nos o diagnóstico diferencial, a coleta de material para culturais e, muitas vezes, também pode ser terapêutica. Sensibilidade de 50% e especificidade de 85%. Não será decisiva no caso de endometrite e de inflamação incipiente das trompas. Raramente necessária para o diagnóstico. A laparoscopia (obter consentimento informado) é recomendada em uma paciente com alta suspensão de outro diagnóstico de abdome agudo como, por exemplo, apendicite, pacientes que apresentam falha no tratamento para DIP ou que não melhoram em 72 h. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Avaliar todas as possibilidades diagnósticas antes do tratamento. Causas gastrintestinais (apendicites, colecistites, constipação), renais (cistites, pielonefrites, litíase renal, uretrites), e outras causas obstétricas e ginecológicas (dismenorreia, gravidez ectópica, complicações gestacionais, abortamento séptico, cisto de ovário, torção ovariana, torção de miomas, tumores de ovário, endometriose) podem provocar sintomatologia semelhante a quadros de DPI e causar confusões diagnósticas. Os indicadores que sugerem o diagnóstico de um quadro de apendicite incluem a presença de anorexia e o início da dor depois do 14o dia do ciclo menstrual. Uma história de secreção vaginal, sintomas urinários, história de DIP prévia e dor no baixo ventre são mais sugestivos de DIP. Os quadros de gestação ectópica são normalmente acompanhados por irregularidade menstrual, ausência de febre, HCG positivo, ecografia suspeita e culdocentese com líquido sanguinolento. TRATAMENTO O tratamento tem como objetivos principais tratar a infecção aguda, aliviar os sintomas e prevenir complicações. Geralmente, a antibioticoterapia é suficiente para eliminar a infecção, mas, em alguns casos, pode ser necessária uma intervenção cirúrgica. Os regimes terapêuticos utilizados devem incluir antibióticos de amplo espectro, efetivos contra Neisseria gonorrhoeae, Chlamydia trachomati, aeróbios e anaeróbios Gram-positivos e Gram-negativos, principalmente Bacteroides, Peptoestreptococcus, Escherichia coli e Streptococcus. Esquemas recomendados Esquema proposto pelo Centers for Disease Control and Prevention (2006): > Ceftriaxona 250 mg IM, dose única doxiciclina 100 mg, VO, 12/12 h, por 14 dias, com ou sem metronidazol 500 mg, VO, 12/12 h, por 14 dias OU > Cefoxitina 2 g IM, dose única probenicida 1 g, VO, dose única doxiciclina 100 mg, VO, 12/12 h, por 14 dias, com ou sem metronidazol 500 mg, VO, 12/12 h, por 14 dias OU > Cefotaxime 1 g IM, dose única, ou ceftizoxime 1 g IM, dose única doxiciclina 100 mg, VO, 12/12 h, por 14 dias, com ou sem metronidazol 500 mg, VO, 12/12 h, por 14 dias OU NOEMI ANDRADE 7 > Levofloxacina 500 mg ou ofloxacina 400 mg, VO, 12/12 h, por 14 dias, com ou sem metronidazol 500 mg, VO, 12/12 h, por 14 dias. DOR PÉLVICA CRÔNICA A dor pélvica crônica (DPC) tem várias definições, podendo ser caracterizada como dor contínua ou intermitente no abdome inferior, durante um período mínimo de 6 meses, relacionada ou não ao período menstrual e/ou relação sexual. ETIOLOGIA A DPC é provavelmente multifatorial, com possíveis localizações de dor no trato reprodutivo, urinário, gastrintestinal e nas estruturas musculoesqueléticas ou no SNC. Entre as doenças ginecológicas, a endometriose foi a patologia isolada mais frequente. Uma série de condições tem sido associada à DPC sem real comprovação, como a retroversão uterina, a congestão pélvica e os defeitos peritoneais. Entretanto, outras condições têm sido associadas à DPC, sendo as mais prevalentes: > Endometriose: É possível que a endometriose cause dor, mas os critérios epidemiológicos e etiológicos não estão completamente definidos. > Aderências pélvicas: o papel das aderências pélvicas como causa de dor não está bem estabelecido. Aderências podem ser definidas como conexões entre superfícies serosas opostas, entre órgãos ou parede abdominal, nas quais normalmente não deveria haver ligação. > Dismenorreia: magnificação dos sintomas crônicos no período perimenstrual ocorre em mais da metade das mulheres com dor pélvica crônica. A dismenorreia e a dor ovulatória têm a mesma frequência em mulheres com e sem dor crônica. > Distúrbios funcionais do intestino: a síndrome do cólon irritável é um dos diagnósticos mais frequentes em mulheres com DPC, provavelmente secundária à distensão excessiva da parede intestinal por conteúdo fecal ou gás estimulando os receptores nociceptivos, ou por hipersensibilidade visceral. > Distúrbios urológicos: uretrite crônica, cistite intersticial, instabilidade do detrusor e cistites recorrentes são o segundo diagnóstico mais frequente nas mulheres com dor pélvica crônica, após a síndrome do cólon irritável. > Distúrbios musculoesqueléticos: a condição mais conhecida é a hiperestesia de áreas bem localizadas, frequentementeadjacentes a incisões cirúrgicas prévias, chamadas de pontos de gatilho da dor. O encarceramento de fibras nervosas cutâneas e de tecido conjuntivo denso em incisões cirúrgicas já foi demonstrado como possível causa de dor. NOEMI ANDRADE 8 DIAGNOSTICO Na avaliação de uma paciente com DPC, a anamnese detalhada e o exame físico serão os norteadores da investigação e irão direcionar a realização de exames complementares. Cerca de 40% das mulheres com DPC avaliadas em serviços de atenção primária têm mais de um diagnóstico. Exame físico: O exame físico pode identificar áreas dolorosas e presença de massas ou outras alterações anatômicas. No entanto, a ausência de achados não exclui uma patologia intra- abdominal como causa. > Pesquisar os pontos álgicos na pele do abdome à palpação superficial, principalmente se existir cicatriz cirúrgica. > Palpar de forma profunda à procura de massas intra-abdominais. Exames complementares: Os testes complementares podem auxiliar no esclarecimento diagnóstico de pacientes com DPC. Em alguns casos, pode ser necessária a exclusão de um quadro gestacional. > Citologia ecto e endocervical. > Pesquisas cervicais para micoplasma, ureaplasma, gonococo e clamídia. > Hemograma. > Exame de urina com cultura. > Pesquisa de hemoglobina humana nas fezes. > Ultrassonografia (US) transvaginal > Ressonância magnética e tomografia computadorizada > Laparoscopia diagnóstica – é o método padrão-ouro para a investigação da dor pélvica crônica, apesar da ausência de diferença nos achados laparoscópicos entre mulheres com e sem dor pélvica. MANEJO: É essencial que o médico mantenha o poder de discriminar entre o desejo de uma “solução rápida” (e mágica) e a necessidade real de intervenção cirúrgica. Apesar de não sabermos o porquê, depois de 4 a 6 meses de duração, a dor, por si só, torna-se uma doença, e não mais um sintoma. O tratamento da dor crônica, ao contrário do que ocorre na dor aguda, geralmente exige aceitar o conceito de manejar a dor mais do que curá-la. O tratamento deve ser direcionado à causa da DPC, quando identificável. Em pacientes sem diagnóstico específico, o manejo multidisciplinar deve ser buscado – a associação de medicação analgésica com NOEMI ANDRADE 9 modificações de dieta, estilo de vida e comportamento e o tratamento de fatores psicológicos têm demonstrado melhorar a qualidade de vida das pacientes. ENDOMETRIOSE A endometriose é um distúrbio ginecológico benigno comum definido pela presença de glândulas e estroma endometriais fora do sítio normal, fora do corpo uterino e é hormônio dependente, mulheres na menacme. Com prevalência de 10-15%das mulheres em idade reprodutiva. ETIOLOGIA Existem algumas teorias que explicam a gênese da doença, mas nenhuma delas explica 100% o surgimento da doença. 1- TEORIA DA MENSTRUAÇÃO RETRÓGRADA Fluxo menstrual retrógado conteria células endometriais viáveis que iriam se fixar e crescer em locais ectópicos. Ou seja, a menstruação escorre pelo canal vaginal e uma parte dela vai fluir na cavidade pellvica pelas tubas. Esse tipo de menstruação é fisiológico até 90% das mulheres têm, por algum motivo esses implantes endometriais vão ficar lá, se aderir e começar a proliferar dando inicio ao quadro de endometriose (endométrio em local ectópico). 2- TEORIA IMUNOLÓGICA Células endometriais que “caíram” na cavidade pélvica não conseguem ser eliminadas pelo sistema imunológico da paciente. As células endometriais/fragmentos escapariam de ser eliminados pela resposta imune/inflamatória, devido a uma alteração da imunidade humoral e da imunidade celular. No entanto, ao invés de agirem eficientemente na remoção das células endometriais da cavidade peritoneal, essas células de defesa parecem estimular a doença pela secreção de uma grande variedade de citocinas e de fatores de crescimento que estimulam a adesão e proliferação do endométrio ectópico e a angiogênese local. 3- TEORIA DA METAPLASIA CELÔMICA Metaplasia→ transformação de um tipo celular em outro. Esta teoria baseia-se na capacidade de o epitélio peritoneal originar outros tipos de tecido, tais como: endométrio, miométrio, tuba uterina e endocérvice. No caso da endometriose, corresponderia à transformação das células celômicas totipotenciais em endométrio. 4- DISSEMINAÇÃO LINFÁTICA OU HEMATOGÊNICA Explicaria a presença de lesões em locais distantes da pelve. Por vasos linfáticos ou vaso sanguíneos implantes endometriais são levados pela circulação para locais mais afastados da pelve. 5- TEORIA IATROGÊNICA Evidências sugerem que o endométrio ectópico pode ser induzido de forma iatrogênica por um transplante mecânico. São numerosos os relatos de endometriose em cicatriz após NOEMI ANDRADE 10 procedimentos ginecológicos como cicatriz de cesariana, episiotomia e entre outros. Explicaria a presença de lesões em locais como cicatrizes de cesárea e locais de incisão de trocateres de laparoscopia. FISIOPATOLOGIA Teremos alguns fatores que irão explicar a progressão da doença como: Fatores hormonais- Pois dependem de estrogênio para crescer Fatores genéticos- Multiplos genes podem estar associados ao surgimento da doença Fatores Ambientais: estilo de vida, alimentação, atividades físicas. Pacientes que comem mais carne vermelha tem mais chances de apresentar endometriose LOCAIS DE ACOMETIMENTO: Ovários, Fundo de saco de douglas (região atrás do útero), ligamentos útero-sacros, fossa ovariana, peritônio pélvico, intestino, bexiga, ureter, cicatrizes abdominais, diafragma. QUADRO CLÍNICO: O quadro clínico pode ser dividido em basicamente 3 grupos: pacientes que são assintomáticos, pacientes com algia (quadro de dor) e inférteis. DISMENORREIA: É a queixa mais comum das pacientes com endometriose e, geralmente, se inicia a partir da terceira década de vida. Possui caráter progressivo, ou seja, aumenta de intensidade com o passar do tempo. A intensidade progressiva e o seu aparecimento após longo tempo de menstruações indolores são altamente sugestivos de endometriose, embora não sejam patognomônicos. Tipicamente, começa antes do fluxo menstrual; usualmente, persiste durante toda sua duração e, ocasionalmente, perdura após o término. ➔ 50% das pacientes com dismenorreia importante têm alguma causa secundária ➔ As lesões respondem a estímulos hormonais e geram respostas inflamatórias locais mais intensas no período menstrual. DISPAREUNIA: A dispareunia associada à endometriose caracteriza-se pelo início recente (ou seja, não está presente desde o primeiro ato sexual), pela maior intensidade com a penetração profunda, por anteceder a menstruação e correlaciona-se com o envolvimento do fundo de saco e do septo reto- vaginal. Geralmente, o toque vaginal e o retal revelam nódulos palpáveis na citada topografia. DOR PÉLVICA CRÔNICA: A fisiopatologia da dor ocasionada pela endometriose parece estar relacionada à inflamação peritoneal local, infiltração profunda com lesão tecidual, formação de NOEMI ANDRADE 11 aderências, espessamento fibroso e coleção de sangue menstrual elimindo por implantes endometrióticos. A dor da endometriose parece resultar da ação de citocinas inflamatórias na cavidade peritoneal, dos efeitos diretos e indiretos do sangramento nos implantes e da irritação ou infiltração direta de nervos pélvicos. SISTOMAS URINÁRIOS: Podem ser lesões de bexiga e ureteres, pode ser assintomáticos ou sintomas cíclicos (ex: disúria e hematúria). Quadros mais graves podem apresentar hhidronefrose/obstrução urinária. SINTOMAS INTESTINAIS: Podem ser assintomáticas e sintomáticas como : Disquezia (dor ao evacuar), constipação ou diarreia, sangramento intestinal (hematoquezia), dores abdominais. Podem ocorrer lesões íleo-cecais. INFERTILIDADE: Até 50% das mulheres podem ter endometriose. E o que pode causar essa infertilidade éa aderências, alterando a anatomia da pelve e até obstruindo tubas uterinas. A resposta inflamatória local da doença pode alterar a qualidade dos óvulos e da receptividade. DIAGNÓSTICO: Anamnese: Identificar caracteriza-se principalmente por dor (dismenorreia, dispareunia e dor pélvica crônica) e infertilidade. →O tecido endometrial ectópico também responde às alterações hormonais cíclicas da mulher, resultando em reação inflamatória e clínica de dismenorreia progressiva, dor pélvica, dispareunia e infertilidade. Exame físico: O exame físico se fundamenta na identificação por visão direta de nódulos azulados ou marrons da vagina e do colo do útero pelo exame especular ou através de vaginoscopia nas pacientes virgens. Na palpação abdominal, grandes endometriomas podem estar presentes em fossas ilíacas, assim como a queixa de dor à palpação profunda. O toque vaginal é importante também, pode ser unidigital e bimanual. Os achados físicos em mulheres com endometriose são variáveis e dependem da localização e do tamanho dos implantes. O diagnostico definitivo é por meio da histologia comprovando a presença de tecido endometrial nas lesões. Já a cirurgia só é indicada em alguns casos, precisamos de métodos menos invasivos para tentar comprovar nossa suspeita. Exames de imagem: Lembrando que nenhum é 100% sensível ou 100% específico. →Ultrassom transvaginal com preparo intestinal →Ressonância magnética Abdome e pelve- com contraste endovenoso e gel vaginal →Colonoscopia e cistoscopia- suspeita de invasão dos respectivos órgãos E o CA-125? NOEMI ANDRADE 12 -A dosagem sérica de CA 125 não é um marcador sensível da afecção. O CA 125 encontra-se elevado nos casos de endometriose moderada ou grave, mas pode se elevar em várias outras situações. Por esse motivo, ele não deve ser usado exclusivamente para o diagnóstico da doença, mas sim como indicativo de sua progressão pós-tratamento. Laparoscopia: método diagnostico e terapêutico Padrão ouro: visualização direta com a biópsia, confirmação histológica da lesão Vantagens: Magnificação (aumento) das imagens, melhor acesso ao abdômen e a plve, menos invasiva, melhor recuperaão pós-operatória, melhor estética. CISTOS E MASSA ANEXIAL Em ginecologia, o termo massa anexial (MA) refere-se a alguma estrutura conectada ao útero, ou seja, os ovários, as tubas uterinas, os ligamentos redondos e os resquícios embrionários dos ductos de Wolf. Assim, utilizaremos a definição MA, que englobará não só os cistos de ovário e massas ovarianas, mas todos os “tumores” que podem ser originados de uma série de estruturas. A maioria das massas anexiais é achado de exame, sendo que grande parte das pacientes são assintomáticas. Existem variados sintomas: dor, aumento do volume abdominal, febre, perda de peso, distúrbios menstruais, virilização e corrimento vaginal. SINTOMAS: Dor: A associação de massa anexial com dor abdominal/pélvica sugere alguma complicação aguda associada, ou seja, torção, infecção, hemorragia ou ruptura. A torção é mais relacionada a tumores sólidos. Quando em mulheres de idade reprodutiva, de evolução aguda, associada a febre e/ou toxemia, e na presença de massa anexial, é muito sugestiva de doença inflamatória pélvica (DIP), na forma de um abscesso tubo-ovariano. No caso de dor na relação sexual (dispareunia), quando episódio agudo, deve-se pensar também em DIP ou ruptura de cisto. Dispareunia crônica sugere endometriose. As neoplasias ovarianas, excluindo as que atingem grandes volumes, não estão associadas à dor. Aumento do volume abdominal: Para ser perceptível pela paciente, o tumor deve ter ultrapassado a pelve, e é então maior que 15 cm de diâmetro, ou ter gerado ascite. Ressaltamos que a pesquisa de ascite é fundamental, pois é um achado altamente sugestivo de câncer de http://www.medicinanet.com.br/pesquisas/massa_anexial.htm http://www.medicinanet.com.br/pesquisas/cistos_de_ovario.htm http://www.medicinanet.com.br/pesquisas/virilizacao.htm http://www.medicinanet.com.br/pesquisas/endometriose.htm http://www.medicinanet.com.br/pesquisas/neoplasias_ovarianas.htm NOEMI ANDRADE 13 ovário. Deve-se lembrar de outros diferenciais como tumores uterinos (grandes miomas e sarcomas), massas retroperitoneais ou carcinoma cólon-retal. Distúrbios menstruais: Na presença de atraso menstrual, a primeira hipótese a ser considerada e investigada é a de gestação, tópica ou ectópica. Entretanto, tumores ovarianos funcionantes (produtores de hormônios) podem causar sangramentos vaginais irregulares. Deve-se lembrar da associação entre dismenorreia e endometriose. INFECÇÃO BAIXA URINARIA A infecção baixa urinaria é também chamada de infecção urinária baixa, a cistite é uma doença inflamatória e/ou infecciosa da bexiga. Ela ocorre quando bactérias que habitam a região perineal (ao redor do ânus), como a Escherichia coli, chegam à bexiga e se multiplicam. Como durante o ato sexual há um movimento constante de fricção entre os órgãos genitais, aumentam-se as chances de essas bactérias serem transportadas da região perineal para o canal da uretra, podendo assim chegar à bexiga. Ou seja, quanto mais relações sexuais, maiores as chances desse tipo de infecção. Por isso surgiram as expressões "cistite de lua de mel" e "síndrome do namorado novo". A cistite pode afetar qualquer pessoa, embora seja mais comum nas mulheres do que nos homens. "A uretra das mulheres mede, em média, 5 cm e a dos homens, 12 cm. Sendo assim, o caminho para as bactérias chegarem à bexiga das mulheres é mais curto do que nos homens. CAUSAS Como já foi dito, as mulheres têm maior risco de invasão bacteriana na bexiga por terem a uretra curta. O uso de espermicidas, diafragma e absorventes internos facilitam a contaminação da bexiga por bactérias da região perianal. A baixa imunidade também é um caminho para a doença e pode ser causada por estresse, diabetes, pneumonia, AIDS, câncer, leucemias e hepatite. Sintomas • Necessidade urgente e não habitual de urinar com frequência, inclusive à noite. • Pouco volume de urina em cada micção. • Ardor ou dor durante a micção. • Dor na bexiga, nas costas e no baixo ventre. • Desconforto geral. • Febre (mais presente nas crianças). • Sangue na urina nos casos mais graves. A cistite pode vir acompanhada de outras doenças, como a vaginite, quando também estão presentes corrimento, mau cheiro, coceira, dor e ardência vaginal ao urinar. Importante ressaltar que ter cistite não significa maus hábitos de higiene; a higiene íntima excessiva, inclusive, pode causar um desequilíbrio na flora vaginal normal, facilitando o aum Diagnóstico http://www.medicinanet.com.br/pesquisas/miomas.htm http://www.medicinanet.com.br/pesquisas/tumores_ovarianos.htm NOEMI ANDRADE 14 Na imensa maioria dos casos o diagnóstico da cistite é clínico e a maioria dos médicos prescreve tratamento sem solicitar nenhum tipo de exame. Se houver facilidade, pode-se solicitar uma rápida análise de urina para confirmar a presença de pus, mas esta não é obrigatória. O exame definitivo para infecção urinária é a cultura de urina. Todavia, como esta demora entre dois a quatro dias para ficar pronta, e o quadro clínico costuma ser muito característico, na cistite este se torna um exame quase sempre desnecessário. Tratamento Toda cistite deve SEMPRE ser tratada com antibióticos para evitar recorrências e evolução para pielonefrite. Em geral, apenas três dias são suficientes. As drogas mais usadas são o Bactrim® (Sulfametoxazol + Trimetoprima), um dos antibióticos da família das quinolonas (em geral ciprofloxacino ou norfloxacino), um derivado de penicilina (por 5 dias) ou nitrofurantoína (por 7 dias). GRAVIDEZ ECTOPICA A gravidez ectópica é a ligação (implantação) de um óvulo fertilizado em um local anômalo. • O feto não consegue sobreviver na gravidez ectópica. • Quando ocorrea ruptura de uma gravidez ectópica, geralmente a mulher tem dor abdominal e sangramento vaginal que, se não for tratado, pode ser fatal. • A ultrassonografia é feita, principalmente, para determinar a localização do feto. • Normalmente, uma cirurgia é feita para remover o feto e a placenta, mas, às vezes, é possível utilizar uma ou mais doses de metotrexato para interromper a gravidez ectópica. Complicações da gravidez, como gravidez ectópica, são problemas que ocorrem apenas durante a gestação. Elas podem afetar a mulher, o feto ou ambos e surgir várias vezes durante a gestação. Normalmente, um óvulo é fertilizado na trompa de Falópio (tuba uterina) e se implanta no útero. No entanto, se a trompa estiver estreitada ou bloqueada, é possível que o óvulo fertilizado nunca chegue ao útero. Às vezes, o óvulo fertilizado então é implantado em tecidos fora do útero, resultando em uma gravidez ectópica. A gravidez ectópica geralmente ocorre em uma das trompas de Falópio (na forma de gravidez tubária), mas pode ocorrer em outros locais. https://www.mdsaude.com/exames-complementares/exame-de-urina/ https://www.mdsaude.com/nefrologia/infeccao-urinaria/urocultura/ https://www.mdsaude.com/bulas/bactrim-sulfametoxazol-trimetoprima/ NOEMI ANDRADE 15 Fatores de risco: • Uma doença das trompas de Falópio • Doença inflamatória pélvica anterior • Uma gravidez ectópica anterior • Um procedimento cirúrgico anterior, como um aborto ou uma laqueadura tubária (um procedimento de esterilização) • Uso atual de um DIU (dispositivo intrauterino) • infertilidade • Tabagismo • Vários parceiros sexuais QUADRO CLÍNICO: • As manifestações clínicas surgem tipicamente entre 6 e 8 semanas após o último período menstrual normal, mas podem ocorrer mais tardiamente se a gravidez estiver fora da trompa. • Os sintomas da gravidez inicial normal também estão presentes: aumento da sensibilidade mamária, náuseas e polaciúria. • Na maioria das vezes a prenhez tubária íntegra é assintomática e só se manifesta na ocasião da rotura. Já a prenhez abdominal pode evoluir até alcançar o termo. • Os sintomas clássicos da prenhez ectópica são: o Dor abdominal o Atraso menstrual o Sangramento vaginal irregular DIAGNÓTICO E CONDUTA: . https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-feminina/infec%C3%A7%C3%B5es-vaginais-e-doen%C3%A7a-inflamat%C3%B3ria-p%C3%A9lvica/doen%C3%A7a-inflamat%C3%B3ria-p%C3%A9lvica-dip https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-feminina/planejamento-familiar/aborto https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-feminina/planejamento-familiar/esteriliza%C3%A7%C3%A3o https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-feminina/planejamento-familiar/dispositivos-intrauterinos-diu https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-feminina/infertilidade/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-a-infertilidade NOEMI ANDRADE 16