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ANA FLÁVIA DE JESUS ALVES - @_alemdamed Hipertensão arterial sistêmica A HAS é definida como uma pressão arterial ≥ 140/90 mmHgo diagnóstico mais comum entre os pacientes ambulatoriais e a causa mais comum de prescrição de fármaco. Além disso, o controle da HAS conduz importantes reduções do AVC, insuficiência renal, dissecção da aorta, incidentes coronarianos e morte. Crise ou emergência hipertensiva Um grupo heterogêneo de transtornos hipertensivos caracterizados por hipertensão grave (maior ou igual a 180/110) e lesões de órgão-alvo (cérebro, coração, rins, retina e vasos sanguíneos). Fisiopatologia A fisiopatologia da crise hipertensiva ainda não está bem elucidada. O início abrupto sugere um mecanismo de gatilho, possivelmente relacionado a vasoconstritores séricos, sobreposto a hipertensão preexistente. A elevação abrupta da PA provoca estresse mecânico vascular e lesão do endotélio. Avaliação inicial A hipertensão é diagnosticada se a média das várias aferições da PA no consultório for de 140/90 mmHg ou superior e se o paciente apresentar (por meio de eletrocardiograma ou ecocardiograma) HVE confirmada ou outra evidência de hipertensão provocada por lesão de órgão-alvo. Anamnese Deve-se rapidamente coletar informações sobre a PA usual do paciente e sobre situações que possam desencadear o seu aumento (ansiedade, dor, sal, comorbidades, uso de fármacos anti-hipertensivos – dosagem e adesão) ou que possam aumentar a PA (antiinflamatórios, corticoides, simpaticomiméticos, álcool). O uso de drogas ilícitas é um fator de risco para crises hipertensivas, devendo ser questionado ativamente, principalmente no tocante ao uso de drogas adrenérgicas, como a cocaína. Em mulheres , avaliar a história obstétrica. Na avaliação inicial do paciente com pressão arterial elevada, o mais importante é excluir lesão aguda, contínua e de órgão alvo, o que indicaria um diagnóstico de emergência hipertensiva em vez de hipertensão assintomática grave. Exame cardiovascular e respiratório Aferição de PA -devem ter sua pressão arterial aferida nos dois braços e eventualmente nos quatro membros, de preferência em um ambiente calmo e repetidas vezes, até a estabilização. A assimetria de pulso ou de PA, assim como um novo sopro aórtico e abdominal, pode indicar uma dissecção de aorta. • Sinais de congestão pulmonar, dispneia e tosse com expectoração rósea podem ser indicativos de edema pulmonar. • Observar a presença de dor torácica. • Auscultar o paciente (observando a presença de sopros, B3 e B4). Exame neurológico No exame neurológico, devem-se buscar alterações do nível de consciência, como agitação e sonolência, déficit de força ou sensibilidade e rigidez de nuca, que pode ser um indicativo de hemorragia subaracnóidea. • Observar a presença de cefaleia, déficits focais. Deve-se também testar os reflexos em mulheres grávidas ou no puerpério, sendo a hiper-reflexia um dos sinais de eclampsia. Exame de fundo de olho O exame de fundo de olho ou a ultrassonografia de nervo ótico é essencial nessa avaliação. Pode-se, pela fundoscopia, utilizar a classificação de Keith- WagenerBarker de retinopatia hipertensiva: Grau 0 – normal. Grau 1 – estreitamento arterial mínimo. Grau 2 – estreitamento arterial óbvio com irregularidades focais. Grau 3 – estreitamento arterial com hemorragias retinianas e/ou exsudato. Grau 4 – grau 3 acrescido de papiledema. Os achados de retinopatia hipertensiva aguda incluem transudatos periarteriolares, lesões epiteliais pigmentares da retina, edema do disco óptico e macular, exsudatos algodonosos (lesões brancas macias que consistem em axônios isquêmicos edemaciados causados por oclusão de pequenos vasos) e exsudatos duros (depósitos lipídicos retinianos). Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano Achados que sugerem emergências hipertensivas ou sugerem urgências hipertensivas. • Sintomas neurológicos generalizados, como agitação, delírio, estupor, convulsões ou distúrbios visuais. • Traumatismo craniano agudo • Sintomas neurológicos focais, que podem ser causados por um AVC isquêmico ou hemorrágico. • Hemorragias retinianas agudas, exsudatos ou papiledema na fundoscopia direta. • Náuseas e vômitos, que podem ser um sinal de aumento da pressão intracraniana. • Desconforto torácico (isquemia miocárdica ou dissecção da aorta). • Dor aguda dorsal (dissecção da aorta). • Dispneia • Gestação (pré-eclâmpsia ou eclampsia) • Moscas volantes, edema de MMII, proteinúria. São indicados, na suspeita de EH, os seguintes exames: - Hemograma completo. - Ureia e creatinina para avaliação da função renal. - Eletrólitos e um exame de sedimento urinário para avaliar proteinúria, leucocitúria e hematúria. - Marcadores de hemólise: bilirrubina, haptoglobina, LDH, pesquisa de esquizófitos (pacientes com hipertensão maligna-acelerada podem ter hemólise intravascular ou microangiopática). - Eletrocardiograma: deve ser solicitado em paciente com dor torácica e suspeita de edema agudo de pulmão; pode apresentar alterações do segmento ST ou sinais de sobrecarga ventricular. - Radiografia de tórax: deve ser solicitada em paciente com dor torácica e suspeita de edema agudo de pulmão; o alargamento de mediastino pode ser indicativo de dissecção aguda de aorta. Também pode mostrar sinais de congestão pulmonar. - Tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM) de crânio: deve ser solicitada em paciente com sintomas neurológicos e suspeita de acidente vascular encefálico (AVE); pode ser normal em AVE isquêmico ou indicar sangue em AVE hemorrágico e hemorragia subaracnóidea. Também pode mostrar edema cerebral difuso na encefalopatia hipertensiva. - Angiotomografia de aorta: é o padrão-ouro para diagnóstico de dissecção aguda de aorta. - US point ofcare: faz o diagnóstico de hipertensão intracraniana, pode visualizar dissecção de aorta e possibilita avaliação da função cardíaca e de congestão pulmonar. - Ecocardiografia transesofágica: pode ajudar na investigação de dissecção de aorta. - Marcadores mais novos de disfunção renal, incluindo cistatina C, lipocalina associada a gelatinase de neutrófilos e molécula de lesão renal-1, também podem ser considerados, mas sua disponibilidade na maioria dos centros médicos é limitada e eles não são indicados para uma avaliação no DE. Outros exames são indicados para condições específicas associadas: - Suspeita de síndrome coronariana aguda: solicitar marcadores de necrose miocárdica. - Edema agudo de pulmão: solicitar BNP ou nT-pro- BNP. Dissecção de aorta: considerar realizar dosagem do Ddímero. Urgência hipertensiva Indica hipertensão grave não controlada sem evidência de lesão em órgão alvo. Esses casos devem ser tratados com medicação de curta duração por via oral. Hipertensão grave Definida como PA entre 180/110 mmHg e 220/130 mmHg sem sintomas ou lesão aguda de órgão-alvo. Ocorre quase sempre em pacientes com hipertensão crônica que interromperam a medicação. A medicação de longa duração por via oral pode ser simplesmente reiniciada. Os pacientes com urgência hipertensiva ou hipertensão grave necessitam de monitoração ambulatorial nas 24 a 72 horas seguintes por um médico da família ou um especialista. Crise Hipertensiva com Retinopatia Avançada Os pacientes com pico de crise hipertensiva estão gravemente doentes com uma PA de 220/130 mmHg ou superior e retinopatia hipertensiva grau 3 ou 4 acompanhadas de alguns dos seguintes sintomas: dor de cabeça, distúrbios visuais, náuseas/vômitos, insuficiência cardíaca, sequelas neurológicas (encefalopatia), HVE confirmada por eletrocardiograma, insuficiência renal e anemiahemolítica microangiopática. Imagens da retina que apresentam os estágios da retinopatia hipertensiva. A-Estreitamento arteriolar difuso moderado. B-Cruzamentos arteriovenosos patológicos (seta). C-Hemorragias ou exsudados. D-Papiledema. Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano Encefalopatia hipertensiva A encefalopatia hipertensiva é caracterizada por redução do nível de consciência, delírio, agitação, estupor, convulsões ou cegueira cortical, quando na presença de PA alta aguda e grave. A encefalopatia ocorre quando a PA ultrapassa o limite máximo da autorregulação cerebral, que, normalmente, mantém o fluxo sanguíneo constante acima de uma pressão arterial média entre 60 a 150 mmHg. A encefalopatia hipertensiva é uma causa da síndrome de leucoencefalopatia posterior reversível. PRÉ-ECLÂMPSIA pressão arterial elevada (pressão sistólica maior ou igual a 140 mmHg ou pressão diastólica maior ou igual a 90 mmHg) em gestante, acompanhada de protein úria, edema ou ambos ocorrendo após 20 semanas de gestação. A pré-eclâmpsia numa paciente com hipertensão essencial preexistente é diagnosticada quando a pressão arterial sistólica aumenta em 30 mmHg ou se a pressão arterial diastólica sofrer uma elevação de 15 mmHg. PRÉ-ECLÂMPSIA GRAVE hipertensão grave, proteinúria excessiva, oligúria, perturbações cerebrais ou visuais, edema pulmonar, função hepática comprometida, dor no quadrante abdominal superior direito ou dor epigástrica, trombocitopenia ou restrição do crescimento fetal. ECLÂMPSIA Atividade convulsiva ou coma não relacionado a outras condições cerebrais , numa gestante pré- eclâmpsia. Síndrome Coronariana Aguda Nos pacientes hipertensos com síndrome coronariana aguda, a PA deve ser diminuída por meio de nitroglicerina por via intravenosa posteriormente à administração de um betabloqueador, como metoprolol ou esmolol, por via intravenosa a fim de prevenir taquicardia. Insuficiência Cardíaca Aguda O nitroprussiato é o fármaco de escolha no tratamento de crises hipertensivas e insuficiência cardíaca aguda. O uso concomitante de diuréticos de alça diminui tanto o edema pulmonar agudo quanto uma posterior redução da PA. Crise Adrenérgica A crise de feocromocitoma deve ser tratada de forma cuidadosa com fentolamina seguida pela administração de um betabloqueador. O nitroprussiato e o urapidil são alternativas eficazes. Os efeitos da suspensão da clonidina podem ser compensados pela sua reintrodução. Com base em uma evidência limitada, a hipertensão aguda provocada por cocaína – ou metanfetamina – deve ser tratada com benzodiazepínicos por via intravenosa seguidos por fentolamina. Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano TRATAMENTO DA HAS Formas de controle não farmacológicas • Dieta mediterrânea (grande predominância de frutas, vegetais, grãos e peixes ricos em ômega 3, baixa predominância de carne vermelha etc.). • DASH (dieta rica em vegetas, frutas, produtos lácteos com baixo teor de gordura, grãos integrais, aves, peixes, frutos secos, e pobre em açúcar, bebidas adoçadas e carnes). • Diminuição do consumo de sódio. • Aumento da ingestão de potássio de até 4,7 g diários. • Trocar os carboidratos por proteínas ou gorduras. • Diminuição do consumo de álcool e de bebidas açucaradas. • Atividade física • Controle da obesidade • Sessar o tabagismo. Fármacos anti-hipertensivos Classe de fármacos de primeira linha A maioria das novas diretrizes recomenda que se inicie o tratamento da hipertensão com um ou mais dos fármacos das seguintes classes: Bloqueadores dos Canais de Cálcio Não requerem monitorização por meio de exames de sangue, são seguros e eficazes. Mecanismo Bloqueiam a abertura dos canais de Ca2+ dependentes de voltagem (tipo-L) nos miócitos cardíacos e nas células do músculo liso vascular e diminuem a PA ao provocar dilatação arterial periférica. Ordem de potência: di-hidropiridinas > diltiazem > verapamil. Fármaco Variação de dosagem, TOTAL Mg/dia (doses diárias) Di-hidropiridínicos Anlodipina 2, 5-10 mg/dia (1 dose) Felodipina 2, 5-20 mg/dia (1-2 doses) Isradipina CR 2, 5-20 mg/dia (2 doses) Nicardipina SR 30-120 mg/dia (2 doses) Nifedipina XL 30-120 mg/dia (1 dose) Nisoldipina 10-40 mg/dia (1-2 doses) Fármaco Variação de dosagem, TOTAL Mg/dia (doses diárias) Diltiazem CD 120-540 mg/dia (1 dose) Verapamil 120-480 mg/dia (1 dose) Uso clínico - a anlodipina foi equivalente à clortalidona (um potente diurético tiazídico) e ao lisinopril (um IECA) na proteção contra eventos coronarians não fatais, AVC e morte, todavia apresentou menor proteção contra a insuficiência cardíaca. As vantagens da anlodipina incluem uma previsível potência dose-dependente, dosagem única diária atendendo à sua meia-vida longa, boa tolerabilidade e custo. A combinação anlodipina/IECA melhorou os resultados cardiovasculares em comparação com a combinação betabloqueador/tiazídico no ASCOT ou a combinação IECA/tiazídico Contraindicações sobre à administração Absoluta: 0 Relativa: Taquicardia e insuficiência cardíaca. Inibidores do sistema renina angiotensina Nesse se encaixam também os inibidores de enzima conversora de angiotensina (IECA), bloqueadores dos receptores da angiotensina (BRA) e inibidores diretos da renina (IDR). OBS: A combinação entre IECA e BRA devem ser evitadas, pois provocam mais hipotensão, aceleram o declínio da função renal e causa mais hipercalemia. Mecanismo de ação ➢ Os IECAs bloqueiam a conversão do precursor inativo da angiotensina I (AI) em AII. ➢ Os BRAs bloqueiam a ação da AII no receptor tipo 1 da angiotensina. ➢ O IDR alisquireno bloqueia a conversão de pró- renina em renina e, dessa forma, impede a ativação do SRA na origem. Uso clínico Os IECAs, em monoterapia, são geralmente menos eficazes na diminuição da PA nos pacientes de raça negra e nos mais idosos com hipertensão com renina baixa, entretanto são bastante eficazes nesses grupos quando combinados com um diurético em baixa dose ou um BCC. Os IECAs demonstraram ser semelhantes aos BCCs na proteção contra eventos coronarianos, ligeiramente menos eficazes contra o AVC, porém melhores na insuficiência cardíaca. Os BRAs podem conferir os mesmos benefícios que os IECAs no tratamento da hipertensão, evitando a tosse relacionada com os IECAs Os IECAs e os BRAs converteram-se na terapêutica padrão anti-hipertensiva de primeira linha para os pacientes diabéticos e não diabéticos com DRC. Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano Fármaco Variação de dosagem, TOTAL Mg/dia (doses diárias) IECA “pril” Benazepril 10-80 (1-2) Captopril 25-150 (2) Enalapril 2,5-40 (2) Fosinopril 10-80 (1-2) Lisinopril 5-80 (1-2) Moexipril 7,5-30 (1 Perindopril 4 – 16 mg/dia (1 dose) Quinapril 5-80 mg/dia (1-2 doses) Ramipril 2,5-20 mg/dia (1 dose) Trandolapril 1-8 mg/dia (1 dose ) BRA “ana” Candesartana 8-32 mg/dia (1 dose) Eprosartana 400-800 mg/dia (1-2 doses) Irbesartana 150-300 mg/dia (1 dose) Losartana 25-100 mg/dia (1 dose) Olmesartana 5-40 mg/dia (1 dose) Telmisartana 20-80 mg/dia (1 dose) Valsartana 80-320 mg/dia (1-2 doses) IDR Alisquireno 75-300 mg/dia (1) Contraindicações sobre à administração IECA Absoluta: Gravidez, edema angioneurótio e hipercalemia. Relativa: Mulheres potencialmente férteis. BRA Absoluta: Gravidez, hipercalemia e estenose bilateral da artéria renal. Relativa: Mulheres potencialmente férteis Diuréticos Os diuréticos estão entre os anti-hipertensivos mais antigos e eficazes. Mecanismos Com o início da terapia com diuréticos, a contração do volume sanguíneoprovoca uma queda inicial da PA. Com a continuação do tratamento, o volume sanguíneo é parcialmente restabelecido e os mecanismos vasodilatadores (p. ex., a abertura dos canais de K+ dependentes do trifosfato de adenosina [ATP]) mantêm a ação anti- hipertensiva. • A tiazida e os diuréticos semelhantes à tiazidas (clortalidona, indapamida) bloqueiam o cotransportador Na+-Cl− no túbulo contornado distal. • Os diuréticos de alça bloqueiam o transporte de Na+-K+-2Cl− no ramo ascendente da alça de Henle. • A espironolactona e a eplerenona impedem a aldosterona de ativar o receptor mineralocorticoide, inibindo, assim, a ativação subsequente do canal epitelial de sódio (ENaC). • O triantereno e a amilorida bloqueiam diretamente o ENaC; uma vez que existe menos sódio para a Na+,K+-ATPase na zona vascular das células do ducto coletor, menos potássio é excretado na urina. Fármaco Variação de dosagem, TOTAL Mg/dia (doses diárias) Diuréticos tiazídicos e do tipo tiazídicos Clortalidona 6, 25-50 mg/ dia (1 dose) Hidroclorotiazida 6, 25-50 mg/ dia (1 dose) Indapamida 1, 25-5 mg /dia (1 dose) Metolazona 2, 5-5 mg/dia (1 dose) OBS - Embora a hidroclorotiazida (HCTZ) tenha sido largamente utilizada na prática clínica, a clortalidona é a escolha no caso da medicina baseada em evidência. Fármaco Variação de dosagem, TOTAL Mg/dia (doses diárias) Diuréticos de alça Furosemida 20-160 mg/ dia (2 doses) Torsemida 2 , 5-0 mg/ dia (1-2 doses) Bumetanida 0, 5- 2 mg /dia (2 doses) Ácido etacrínico 25-100 mg/dia (2 doses) Fármaco Variação de dosagem, TOTAL Mg/dia (doses diárias) Diuréticos poupadores de potássio Amilorida 5- 20 mg/ dia (1 dose) Triantereno 25 - 100 mg/ dia (1-2 doses) Espironolactona 12,5-400 mg /dia (2 doses) Eplerenona 25-100 mg/dia (1 - 2 doses) Contraindicações sobre à administração Diuréticos tiazídicos Absoluta: Gota. Relativa: Síndrome metabólica, Intolerância à glicose, Gravidez, Hipercalemia e Hipocalemia. Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano Associação de outros fármacos na hipertensão de difícil controle / resistente Antagonista da aldosterona A espironolactona em baixas doses (12,5 a 100 mg diários) está amplamente recomendada como um fármaco complementar nos casos difíceis de hipertensão. OBS- A hipercalemia deve ser monitorizada quando esses fármacos são administrados a pacientes com doença renal. Contraindicações Absoluta: Insuficiência renal aguda ou grave (taxa de filtração glomerular estimada < 30 mL/min), hipercalemia. Bloqueadores beta-adrenérgicos Os betabloqueadores vasodilatadores (labetalol, carvedilol e nebivolol) são também fármacos complementares altamente eficazes na hipertensão resistente; os betabloqueadores padrão (p. ex., metoprolol e atenolol) não o são. Mecanismo de ação O efeito anti-hipertensivo do betabloqueador implica diminuições no débito cardíaco (receptores beta1), liberação de renina (receptores beta2) e liberação de noradrenalina (receptores pré-juncionais beta2). No início do tratamento, os betabloqueadores aumentam a resistência periférica de forma compensatória para contrabalancear a redução do débito cardíaco e alterando a PA. Com o passar do tempo, a PA diminui progressivamente à medida que a vasculatura periférica relaxa. • O betabloqueador arquétipo, o propranolol, bloqueia de forma não seletiva tanto os receptores beta1 quanto os receptores beta2. • Outros betabloqueadores padrão (metoprolol, atenolol, acebutolol e bisoprolol) são relativamente cardiosseletivos. Em dosagens baixas, exercem um efeito inibitório maior nos receptores beta1 do que nos receptores beta2, entretanto, em dosagens altas, a seletividade é perdida. • Os betabloqueadores como o labetalol ou o carvedilol também bloqueiam os receptores alfa- adrenérgicos, enquanto o nebivolol estimula a produção endógena de óxido nítrico. Fármaco Variação de dosagem, TOTAL Mg/dia (doses diárias) Betabloqueadores padrão Acebutolol 200-800 mg/ dia (2 doses) Atenolol 25 - 100 mg/ dia (1 dose) Betaxolol 5-20 mg /dia (1 dose) Bisoprolol 2,5-20 mg/dia (1 dose) Carteolol 2,5-10 mg/dia (1 dose) Metoprolol 50-450 mg/ dia (2 doses) Metoprolol XL 50-200 mg/ dia (1 - 2 doses) Nadolol 20-320 mg/dia (1 dose) Penbutolol 10 -80 mg /dia (1 dose) Pindolol 10-60 mg/ dia (2 doses) Propranolol 40-180 mg/ dia (2 doses) Propranolol LA 60-180 mg/ dia (1- 2 doses) Timolol 20-60 mg/ dia (2 doses) Uso clínico: Os betabloqueadores padrão têm uma ação de diminuição da PA bastante baixa. Os betabloqueadores podem prejudicar a condução cardíaca e provocar broncoespasmo nos adultos que sofreram de asma na infância. Todos os fármacos betabloqueadores potencializam o aumento de peso. O labetalol é um fármaco eficaz na crise hipertensiva, mas apresenta ação extremamente curta para ser recomendado no controle da hipertensão crônica. Contraindicações Absoluta: Asma, Bloqueio atrioventricular (2 ou 3 graus). Relativa: Síndrome metabólica, intolerância à glicose, atletas e pessoas fisicamente ativas e DPOC. Fármaco Variação de dosagem, TOTAL Mg/dia (doses diárias) Betabloqueadores vasodilatadores Carvedilol 6, 25-50 mg/ dia (2 doses) Carvedilol CR 10 - 40 mg/ dia (1 dose) Nebivolol 5- 40 mg/ dia (1 dose) Labetalol 200-2400 mg/ dia (2 doses) Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano Bloqueadores alfa-adrenérgicos Mecanismos de ação Ao bloquearem a interação da noradrenalina nos receptores vasculares alfa-adrenérgicos, esses fármacos provocam vasodilatação periférica e, desse modo, diminuem a PA. Fármaco Variação de dosagem, TOTAL Mg/dia (doses diárias) Doxazosina 1-16 mg/ dia (1 dose) Prazosina 1 - 40 mg/ dia (2-3 doses) Terazosina 1 - 20 mg /dia (1 dose) Fenoxibenzamina 20-120 mg/dia (2 doses) para feocromocitoma. Uso clínico- a fenoxibenzamina continua sendo o fármaco preferencial no controle pré-operatório do feocromocitoma. Os fármacos alfa1-bloqueadores seletivos não são agentes de primeira linha e não devem ser utilizados em monoterapia, uma vez que sua propensão para a retenção de líquidos pode conduzir a taquifilaxia e provocar ou exacerbar insuficiência cardíaca. No entanto, quando utilizado em combinação com um diurético, é um tratamento complementar eficaz da hipertensão resistente, sendo particularmente útil em homens idosos com prostatismo. Simpatolíticos centrais A estimulação dos receptores pós-sinápticos alfa2- adrenérgicos e dos receptores imidazólicos no sistema nervoso central (SNC) diminui o fluxo central simpático, ao passo que a estimulação dos receptores pré-sinápticos alfa2 provoca uma resposta da inibição da liberação de noradrenalina a partir dos terminais nervosos periféricos simpáticos. Combinadas, essas ações reduzem a condução adrenérgica para o coração e a circulação periférica. Uso clínico: Os simpatolíticos centrais são mais adequados para o tratamento por via oral de curta duração na crise hipertensiva. OBS: Para evitar uma “hipertensão de rebote” entre dosagens, a clonidina de curta duração deve ser administrada a cada 6 ou 8 horas ou, sempre que possível, descontinuada de forma gradual e de acordo com um calendário estabelecido. Fármaco Variação de dosagem, TOTAL Mg/dia (doses diárias) Doxazosina 1-16 mg/ dia (1 dose) Prazosina 1 - 40 mg/ dia (2-3 doses) Terazosina 1 - 20 mg /dia (1 dose) Fenoxibenzamina 20-120 mg/dia (2 doses) para feocromocitoma. Vasodilatadores diretos Mecanismo O minoxidil e a hidralazina são potentes vasodilatadores arteriais com efeito hiperpolarizante que atuam por meio da abertura dos canais de K+ dependentes de ATP. Uso clínico - A hidralazina é útil no tratamento da pré- eclâmpsia.Uma combinação de hidralazina com nitratos é útil no tratamento da insuficiência cardíaca. A hipertensão grave simultaneamente com a DRC avançada é a principal indicação para o uso de minoxidil, o qual deve ser combinado com um betabloqueador para evitar taquicardia reflexa excessiva e com um diurético de alça para evitar retenção excessiva de líquidos. Fármaco Variação de dosagem, TOTAL Mg/dia (doses diárias) Minoxidil 2 , 5-100 mg/ dia (1 dose) Hidralazina 10-200 mg/ dia (2 doses) Combinações fixas Fármaco Variação de dosagem, TOTAL Mg/dia (doses diárias) Alisquireno/HCTZ 75-300 / 12,5-25 (1) Amilorida/HCTZ 5/50 (1 dose) Anlodipina/benazepril 2,5-5 /10-20 (1 dose) Anlodipina/valsartana 5-10 /160-320 (1) Anlodipina/olmesartana 5-10/20-40 a (1) Atenolol/clortalidona 50-100/25 (1 dose) Benazepril/HCTZ 5-20/6,25-25 (1) Bisoprolol/HCTZ 2,5-10/6,25 (1) Candesartana/HCTZ 16-32/12,5-25 (1) Enalapril/HCTZ 5-10/25 (1-2 doses) Eprosartana/HCTZ 600/12,5-25 (1) Fosinopril/HCTZ 10-20/12,5 (1) Irbesartana/HCTZ 15-30/12,5-25 (1) Losartana/HCT 50-100/12,5-25 (1 Olmesartana/anlodipina 20-40/5-10 (1) Olmesartana/HCTZ 20-40/12,5-25 (1) Olmesartana/anlodipina/HCTZ 20-40/5-10/12,5-25 (1) Espironolactona/HCTZ 25/25 (1/2-1) Telmisartana/HCTZ 40-80/12,5-25(1) Trandolapril/verapamil 2-4/180-240 (1) Triantereno/HCTZ 37,5/25 (1/2 – 1) Valsartana/HCTZ 80-160/12,5-25(1) Valsartana/amlodipina/HCTZ 80-160/5-10/12,5- 25(1) Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano Intervenções percutâneas Desnervação renal A ablação dos nervos renais com cateter percutâneo por radiofrequência já faz parte da prática clínica na Europa e na Ásia como um novo tratamento para a hipertensão resistente aos fármacos. Os objetivos da DNR são os nervos renais simpáticos eferentes pós-ganglionares e também os nervos renais sensoriais (aferentes). A hiperatividade dos nervos renais eferentes pode causar vasoconstrição renal, estimular a liberação de renina e afetar a natriurese A hiperatividade dos nervos renais aferentes pode precipitar a ativação reflexa dos nervos simpáticos eferentes não só nos rins, mas também no coração (e, desse modo, provocar aumento do débito cardíaco, HVE e fibrilação atrial), no músculo esquelético (provocando resistência vascular aumentada e resistência à insulina) e no baço (causando ativação das células T com inflamação vascular secundária e disfunção endotelial). OBS: A DNR pode não ser muito eficaz se os nervos renais simpáticos não estiverem hiperativos. Critérios de Elegibilidade a Serem Considerados antes da Desnervação Renal - PAS no consultório ≥ 160 mmHg (≥ 150 mmHg se diabetes tipo 2) > 3 fármacos anti-hipertensivos na dosagem e combinação adequadas (incluindo um diurético) Alteração do estilo de vida Exclusão de hipertensão secundária Exclusão de pseudorresistência por meio de MAPA (PAS média ≥ 130 mmHg ou PAS média diurna ≥ 135 mmHg) Função renal preservada (TGFe ≥ 45 mL/min/1,73 m2) Artérias renais elegíveis; sem presença de artérias renais principais ou acessórias, sem evidência de estenose da artéria renal, sem revascularização anterior Eventos adversos: são raros, mas incluem pseudoaneurisma da artéria femoral e dissecção da artéria renal. Sistema de marca-passo implantável no barorreceptor carotídeo. Está em ensaio clínico ainda, mas constitui uma promessa no controle da hipertensão difícil. Tratamento de acordo com alguns pacientes Pacientes com Pré-hipertensão A pré-hipertensão é considerada precursora do estágio 1 de hipertensão e um indicador de maior risco cardiovascular. Tratamento -O tratamento farmacológico da pré- hipertensão com um BRA – e, simultaneamente, mudanças no estilo de vida – pode adiar a hipertensão no estágio 1. Hipertensão Sistólica em pacientes idosos A maioria dos pacientes hipertensos tem mais de 65 anos de idade e muitos apresentam hipertensão sistólica isolada. Tratamento: pacientes com PAS inferior a 150 mmHg recomenda-se tratamento ambulatorial. Além disso, a monitorização em ambulatório é decisiva na detecção de hipotensão pós prandial e hipotensão ortostática, que são comuns nos pacientes hipertensos idosos. Hipertensão com hipertrofia ventricular esquerda Ensaios clínicos demonstraram a superioridade de um tratamento com base em BRA/HCTZ em comparação com betabloqueador/HCTZ na regressão de HVE e prevenção de eventos cardiovasculares, especialmente AVC. Metanálises confirmaram a superioridade dos BRAs na regressão de HVE. Os betabloqueadores são os menos eficazes; os alfa-receptores, e não os beta-receptores, promovem a mediação do efeito trófico das catecolaminas nos miócitos cardíacos. Hipertensão em Pacientes com DM O recente estudo Action to Control Cardiovascular Risk in Diabetes (ACCORD) não apresentou diferenças nos eventos coronarianos entre os pacientes diabéticos cuja PAS fora reduzida para 119 mmHg e aqueles cuja PAS havia sido reduzida para 133 mmHg, mas exibiu uma redução maior no caso de AVC. • A adição do IDR alisquireno à terapêutica em curso com um IECA ou BRA aumenta a incidência de hipercalemia e hipotensão ao mesmo tempo em que não traz benefícios cardiovasculares adicionais; Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano Hipertensão em Pacientes com Nefropatia Diabética A nefropatia diabética é acompanhada por proteinúria, perda de autorregulação renal, hipertensão, progressão da doença renal até o estado terminal e alta incidência de eventos cardiovasculares. • Verificou-se que a adição de um BRA ao tratamento anti-hipertensivo em curso retardava a progressão da nefropatia nos pacientes com diabetes tipo 2, enquanto a anlodipina não apresentou esse efeito. • Diabetes tipo 2 com nefropatia é um indicador para o uso de um BRA. • Recomendam como objetivo uma PA inferior a 130/80 mmHg nos indivíduos com proteinúria significativa (razão urina-para-plasma albumina- para-creatinina de ≥ 30 mg/g, um número correspondente a ≥ 30 mg de excreção urinária de albumina em 24 horas). Hipertensão em Pacientes com Doença Renal Crônica não Diabética A maioria dos pacientes com DRC não diabética sofre de hipertensão, cujo controle, nesses pacientes, tem dois objetivos: (1) retardar a deterioração na função renal (2) prevenir eventos cardiovasculares, que são a maior causa de morte. • O IECA ramipril apresentou maior efeito protetor em nível renal do que a anlodipina ou o metropolol nos pacientes de raça negra com proteinúria basal. • A redução intensa da PAS para menos de 130 mmHg, em vez de um objetivo menos marcado de 140 mmHg, retarda a progressão da doença renal apenas nos pacientes com proteinúria basal. • A diretriz KDIGO de 2013 recomenda um objetivo de PA ambulatorial inferior a 140/90 mmHg para os pacientes com DRC não diabéticos e sem proteinúria e um objetivo mais estendido de 130/80 mmHg para aqueles com proteinúria mediante um regime com um IECA ou um BRA. Redução da Pressão Arterial como Prevenção Secundária de Eventos Coronarianos e a Hipótese da Curva em J Não existe evidência suficiente nos ECCR para recomendar um objetivo de tratamento otimizado da PA na prevenção secundária de eventos coronarianos. Os betabloqueadores e os BCCs são antianginosos e anti-hipertensivos. A discussão sobre a importância prática da hipótese da curva em J continua, a qual sustenta que o tratamento excessivo da PAD prejudica a perfusão coronariana e, desse modo, pode piorar a isquemia miocárdia e provocar eventos coronarianos, principalmente em pacientes com estenose da artéria coronária. Não houve, no entanto, dados prospectivos de ECCR que tenham definidoum limite mínimo para a PA que aumente o risco de eventos isquêmicos. Redução da Pressão Arterial como Prevenção Secundária de AVC Os sobreviventes de AVC apresentam um alto risco de recorrência e, consequentemente, de incapacidade e morte. A redução da PAS em mais de 10 mmHg pode reduzir esse risco. Hipertensão em pacientes de raça negra não hispânicos A hipertensão é particularmente devastadora nos adultos de raça negra não hispânicos, posto que apresentam maior prevalência de hipertensão que outros grupos e frequência mais alta de complicações hipertensivas e de morte. Tratamento: Na prática clínica, atingir os objetivos de PA e, desta maneira, proteção cardiovascular requer a combinação de um IECA com um BCC ou um diurético, ou ambos. Hipertensão na gravidez Os transtornos hipertensivos na gravidez são uma das principais causas de morbidade e mortalidade materno-fetal, incluindo uma incidência de 25% de partos prematuros. Sendo reconhecidas quatro categorias de hipertensão na gravidez: (1) pré-eclâmpsia: hipertensão acompanhada de um dos seguinte eventos: proteinúria, PA de 160/110 mmHg ou superior apesar de repouso, trombocitopenia, função hepática diminuída, edema pulmonar ou novos distúrbios cerebrais ou visuai (2) hipertensão crônica- é anterior à gravidez. (3) pré-eclâmpsia sobreposta a hipertensão crônica (4) hipertensão gestacional: o aumento da PA depois de 20 semanas de gestação sem a presença das características sistêmicas adicionais. Tratamento: Em todos os casos, a monitorização ambulatorial da PA é muito útil. Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano Hipertensão em Crianças e Adolescentes A hipertensão nas crianças é definida como uma PAS ou PAD acima do percentil 95 relativamente a idade, gênero e altura, em conformidade com os dados normativos. A AHA emitiu diretrizes para a interpretação dos valores de monitorização em regime ambulatorial da PA na idade pediátrica. A avaliação inicial deve incluir um ecocardiograma para detecção de HVE, bem como análises da microalbuminúria na urina, da creatinina sérica e urinálises para detectar doença parenquimatosa renal. A glomerulonefrite e a nefropatia de refluxo também podem estar associadas à hipertensão na faixa pediátrica. Tratamento: Os IECAs são geralmente utilizados no tratamento da hipertensão primária e secundária em crianças causada por doença parenquimatosa renal; o BCC deve ser adicionado como um segundo fármaco, se necessário. Hipertensão Resistente A hipertensão resistente – definida como PA elevada não controlada com três fármacos ou controlada com pelo menos quatro anti-hipertensivos (incluindo um diurético) – está associada a maior prevalência de hipertensão secundária e piores resultados cardiovasculares e renais. Deve ser realizado, nesses pacientes, o rastreio de hipertensão secundária, DRC, apneia obstrutiva do sono, aldosteronismo secundário e feocromocitoma. Na ausência de uma causa identificável da hipertensão, pode ser utilizado, como terapêutica adicional eficaz, um antagonista do receptor mineralocorticoide ou um betabloqueador vasodilatador. A eplerenona ou a espironolactona de baixa dosagem podem ser extremamente eficazes na hipertensão resistente – mesmo quando a aldosterona sérica está dentro dos níveis normais. A DNR é uma nova opção fascinante já discutida anteriormente. Um homem de 55 anos é trazido ao serviço de emergência (SE) pela esposa, apresentando alteração do estado mental. E la relata que, no dia anterior, seu marido apresentava confusão e instabilidade ao caminhar. O paciente tem história de hipertensão e hiperlipidemia. Ele se queixa de cefaleia e visão turva. Durante o exame, ele está alerta e orientado somente em relação às pessoas. Ao exame de fundoscopia, os discos ópticos parecem estar hiperemiados e edemaciados, com perda das margens nítidas. Seu exame neurológico resultou não focal, enquanto o exame físico aparentemente está normal. Os sinais vitais do paciente são: pressão arterial de 245/140 mmHg, frequência cardíaca de 95 bpm, frequência respiratória de 18 mpm, saturação do oxigênio de 98% ao ar ambiente e não há febre . Qual é o diagnóstico mais provável?encefalopatia hipertensiva. Qual é o melhor tratamento? confirmar o diagnóstico excluindo as hipóteses de acidente vascular encefálico (AVE) isquêmico ou hemorrágico, infecção e lesão com efeito de massa. Reduzir a pressão arterial administrando medicações intravenosas (IV) e procurar evidências de dano em órgão-alvo. Trata-se de um paciente de 55 anos com alteração do estado mental, papiledema e hipertensão grave. Essa apresentação é mais provavelmente de uma encefalopatia hipertensiva, que é definida pela presença de anormalidades neurológicas secundárias à elevação aguda da pressão sanguínea. No passado, encefalopatia hipertensiva e hipertensão maligna eram termos usados como sinônimos. Entretanto, o termo hipertensão maligna foi removido das diretrizes nacionais americanas de pressão arterial. A encefalopatia hipertensiva é uma das numerosas formas de emergência hipertensiva. É essencial que o médico trate a pressão arterial do paciente caso haja evidência de disfunção de órgão-alvo. Isto contrasta com o tratamento da pressão arterial na urgência hipertensiva. Depois que a via aérea, a respiração e a circulação (ABC) do paciente são tratadas, a primeira etapa do tratamento consiste em realizar uma tomografia computadorizada de encéfalo sem contraste (TCC), com o objetivo de excluir as hipóteses de lesão com efeito de massa e AVE isquêmico ou hemorrágico. Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano Após a exclusão desses diagnósticos e o estabelecimento do diagnóstico de encefalopatia hipertensiva, o foco deve ser voltado para a diminuição da pressão arterial. Devem ser administrados agentes anti-hipertensivos IV para reduzir a pressão arterial do paciente. A meta não é normalizar a pressão sanguínea, pois isto poderia acarretar uma isquemia cerebral secundária à hipoperfusão. Em vez disso, a meta é diminuir a pressão arterial média em 20 a 25o/o no decorrer da primeira hora de tratamento. Existem vários agentes anti-hipertensivos disponíveis para tratamento desse distúrbio. Essa situação contrasta com o típico tratamento da pressão arterial de pacientes com hipertensão de longa duração sem dano agudo em órgão-alvo. O nitroprussiato de sódio, o labetalol e a nicardipina são os agentes de primeira linha usados para diminuir a pressão arterial no contexto da encefalopatia hipertensiva. O nitroprussiato de sódio é administrado como infusão IV, começando a uma velocidade de 0,25 µg/kg/min, que pode ser aumentada até um máximo de 1 O µg/kg/min. O labetalol é administrado como bolus IV de 20 mg, que pode ser repetido. O labetalol também pode ser administrado como infusão IV a uma velocidade de 0,5 a 2,0 mg/min. A nicardipina é administrada a uma velocidade de 5 mg/h, que pode se aumentada em 2,5 mg/h a cada 5 minutos até o máximo de 30 mg/h. Um homem de 55 anos chega ao SE apresentando queixas de cefaleia forte, diplopia e vômito. Sua pressão arterial estava em 210/120 mmHg na chegada ao SE. Qual é o próximo passo mais adequado? A. Observar a pressão arterial e checar novamente em 1 hora; adotar medidas de suporte para a cefaleia e o vômito. B. Obter uma TCC, administrar um agente anti- hipertensivo (p. ex., nicardipina) e internar o paciente na unidade de terapia intensiva (UTI). C. Administrar furosemida por via IV para diminuir a pressão arterial. D. Administrar lorazepam para ajudar o paciente a relaxar. RESPOSTA : B. Esse homem tem encefalopatia hipertensiva, que constitui uma emergência médica. Ele apresenta uma hipertensãosintomática que está causando danos em órgão-alvo. Deve ser realizada uma TCC antes de ser iniciado o tratamento, para excluir qualquer hipótese de patologia intracraniana. O tratamento apropriado consiste na administração IV de medicações anti-hipertensivas para diminuir a PAM do paciente em 20 a 25o/o ao longo de 1 hora. Uma mulher de 54 anos chega ao SE e solicita a reposição de seus medicamentos anti-hipertensivos. Ela não toma a medicação há 2 semanas e não consegue agendar uma consulta com o médico particular antes da próxima semana. Sua medicação normal é o atenolol e hidroclorotiazida. A pressão arterial da paciente está em 190/100 mmHg e ela não apresenta queixas. Ela está aguardando atendimento há 4 horas e está impaciente para voltar para o trabalho. Qual é o passo seguinte mais apropriado nessa situação? A. Trocar as medicações da paciente por um bloqueador de canal de cálcio. B. Internar a paciente na UTI e administrar nitroprussiato por via IV. C. Fornecer uma prescrição para as medicações, orientar a paciente a tomar os medicamentos imediatamente e fazer o acompanhamento em 48 horas. D. Esclarecer para a paciente quais são os prejuízos causados pela falta de complacência, interná-la e iniciar o tratamento com labetalol intravenoso. RESPOSTA - C. Essa paciente tem urgência hipertensiva. Ela não apresenta sintomas relacionados à pressão arterial elevada nem sinais de dano em órgão-alvo. A paciente deve retomar suas medicações e ter a pressão arterial medida novamente em 48 horas. Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano Um homem de 38 anos chega ao SE após ter se envolvido em uma colisão de carros.Após uma avaliação completa, foi determinado que o paciente tinha uma fratura na tíbia direita. Ele tem história de hipertensão, que está tratando à base de medicação. O paciente está na maca, contorcendo-se de dor. Sua pressão arterial é de 210/104 mmHg. Ele não tem queixas, exceto quanto à dor na perna direita. Qual é o próximo passo do tratamento mais apropriado? A. Controlar a dor e monitorar a pressão arterial do paciente. B. Iniciar um curso de f3-bloqueador e monitorar a pressão arterial do paciente. C. Chamar um assistente social, devido à suspeita de uso abusivo de drogas ou bebida alcoólica. D. Internar o paciente e manter sua pressão arterial sob controle. RESPOSTA : A. Embora esse homem tenha história de hipertensão, ele apresenta uma dor agonizante que pode estar causando elevação da pressão arterial. O tratamento apropriado consiste em controlar a dor, ajustar a perna de volta na posição correta e monitorar a pressão arterial dele. A pressão arterial deve diminuir logo que a dor seja controlada . Dicas clinicas • A emergência hipertensiva é definida por uma pressão arterial acentuadamente alta na presença de dano em órgão-alvo. A urgência hipertensiva, por outro lado, consiste na pressão acentuadamente elevada na ausência de efeitos em órgão-alvo . • Um dos motivos mais comuns de emergência hipertensiva é a falta de complacência por parte do paciente em relação ao regime de medicação anti-hipertensiva. • E essencial diminuir a pressão arterial com cautela, a fim de evitar um estado de hipoperfusão que acarreta isquemia cerebral. • Os pacientes com emergência hipertensiva devem ser internados sob monitoramento, de preferência na UTI.
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