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aula habilidades - Emergências hipertensivas

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ANA FLÁVIA DE JESUS ALVES - @_alemdamed 
Hipertensão arterial sistêmica 
A HAS é definida como uma pressão arterial ≥ 140/90 
mmHgo diagnóstico mais comum entre os pacientes 
ambulatoriais e a causa mais comum de prescrição de 
fármaco. 
Além disso, o controle da HAS conduz importantes 
reduções do AVC, insuficiência renal, dissecção da 
aorta, incidentes coronarianos e morte. 
Crise ou emergência hipertensiva 
Um grupo heterogêneo de transtornos hipertensivos 
caracterizados por hipertensão grave (maior ou igual 
a 180/110) e lesões de órgão-alvo (cérebro, coração, 
rins, retina e vasos sanguíneos). 
Fisiopatologia 
A fisiopatologia da crise hipertensiva ainda não está 
bem elucidada. 
O início abrupto sugere um mecanismo de gatilho, 
possivelmente relacionado a vasoconstritores séricos, 
sobreposto a hipertensão preexistente. 
A elevação abrupta da PA provoca estresse mecânico 
vascular e lesão do endotélio. 
Avaliação inicial 
A hipertensão é diagnosticada se a média das várias 
aferições da PA no consultório for de 140/90 mmHg 
ou superior e se o paciente apresentar (por meio de 
eletrocardiograma ou ecocardiograma) HVE 
confirmada ou outra evidência de hipertensão 
provocada por lesão de órgão-alvo. 
Anamnese 
Deve-se rapidamente coletar informações sobre a PA 
usual do paciente e sobre situações que possam 
desencadear o seu aumento (ansiedade, dor, sal, 
comorbidades, uso de fármacos anti-hipertensivos – 
dosagem e adesão) ou que possam aumentar a PA 
(antiinflamatórios, corticoides, simpaticomiméticos, 
álcool). O uso de drogas ilícitas é um fator de risco 
para crises hipertensivas, devendo ser questionado 
ativamente, principalmente no tocante ao uso de 
drogas adrenérgicas, como a cocaína. 
Em mulheres , avaliar a história obstétrica. 
Na avaliação inicial do paciente com pressão arterial 
elevada, o mais importante é excluir lesão aguda, 
contínua e de órgão alvo, o que indicaria um 
diagnóstico de emergência hipertensiva em vez de 
hipertensão assintomática grave. 
 
 
 
 
 
Exame cardiovascular e respiratório 
Aferição de PA -devem ter sua pressão arterial aferida 
nos dois braços e eventualmente nos quatro 
membros, de preferência em um ambiente calmo e 
repetidas vezes, até a estabilização. 
 
A assimetria de pulso ou de PA, assim como um novo 
sopro aórtico e abdominal, pode indicar uma 
dissecção de aorta. 
• Sinais de congestão pulmonar, dispneia e tosse 
com expectoração rósea podem ser indicativos de 
edema pulmonar. 
• Observar a presença de dor torácica. 
• Auscultar o paciente (observando a presença de 
sopros, B3 e B4). 
Exame neurológico 
No exame neurológico, devem-se buscar alterações 
do nível de consciência, como agitação e sonolência, 
déficit de força ou sensibilidade e rigidez de nuca, que 
pode ser um indicativo de hemorragia subaracnóidea. 
• Observar a presença de cefaleia, déficits focais. 
Deve-se também testar os reflexos em mulheres 
grávidas ou no puerpério, sendo a hiper-reflexia um 
dos sinais de eclampsia. 
Exame de fundo de olho 
 O exame de fundo de olho ou a ultrassonografia de 
nervo ótico é essencial nessa avaliação. Pode-se, pela 
fundoscopia, utilizar a classificação de Keith-
WagenerBarker de retinopatia hipertensiva: 
 
Grau 0 – normal. 
Grau 1 – estreitamento arterial mínimo. 
Grau 2 – estreitamento arterial óbvio com 
irregularidades focais. 
Grau 3 – estreitamento arterial com hemorragias 
retinianas e/ou exsudato. 
Grau 4 – grau 3 acrescido de papiledema. 
 
Os achados de retinopatia hipertensiva aguda incluem 
transudatos periarteriolares, lesões epiteliais 
pigmentares da retina, edema do disco óptico e 
macular, exsudatos algodonosos (lesões brancas 
macias que consistem em axônios isquêmicos 
edemaciados causados por oclusão de pequenos 
vasos) e exsudatos duros (depósitos lipídicos 
retinianos). 
 
 
 
 
Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano 
Achados que sugerem emergências hipertensivas 
ou sugerem urgências hipertensivas. 
• Sintomas neurológicos generalizados, como 
agitação, delírio, estupor, convulsões ou 
distúrbios visuais. 
• Traumatismo craniano agudo 
• Sintomas neurológicos focais, que podem ser 
causados por um AVC isquêmico ou 
hemorrágico. 
• Hemorragias retinianas agudas, exsudatos ou 
papiledema na fundoscopia direta. 
• Náuseas e vômitos, que podem ser um sinal de 
aumento da pressão intracraniana. 
• Desconforto torácico (isquemia miocárdica ou 
dissecção da aorta). 
• Dor aguda dorsal (dissecção da aorta). 
• Dispneia 
• Gestação (pré-eclâmpsia ou eclampsia) 
• Moscas volantes, edema de MMII, proteinúria. 
 
São indicados, na suspeita de EH, os seguintes 
exames: 
 - Hemograma completo. 
- Ureia e creatinina para avaliação da função renal. 
- Eletrólitos e um exame de sedimento urinário para 
avaliar proteinúria, leucocitúria e hematúria. 
- Marcadores de hemólise: bilirrubina, haptoglobina, 
LDH, pesquisa de esquizófitos (pacientes com 
hipertensão maligna-acelerada podem ter hemólise 
intravascular ou microangiopática). 
- Eletrocardiograma: deve ser solicitado em paciente 
com dor torácica e suspeita de edema agudo de 
pulmão; pode apresentar alterações do segmento ST 
ou sinais de sobrecarga ventricular. 
- Radiografia de tórax: deve ser solicitada em 
paciente com dor torácica e suspeita de edema agudo 
de pulmão; o alargamento de mediastino pode ser 
indicativo de dissecção aguda de aorta. Também pode 
mostrar sinais de congestão pulmonar. 
- Tomografia computadorizada (TC) ou ressonância 
magnética (RM) de crânio: deve ser solicitada em 
paciente com sintomas neurológicos e suspeita de 
acidente vascular encefálico (AVE); pode ser normal 
em AVE isquêmico ou indicar sangue em AVE 
hemorrágico e hemorragia subaracnóidea. Também 
pode mostrar edema cerebral difuso na encefalopatia 
hipertensiva. 
- Angiotomografia de aorta: é o padrão-ouro para 
diagnóstico de dissecção aguda de aorta. - US point 
ofcare: faz o diagnóstico de hipertensão intracraniana, 
pode visualizar dissecção de aorta e possibilita 
avaliação da função cardíaca e de congestão 
pulmonar. 
- Ecocardiografia transesofágica: pode ajudar na 
investigação de dissecção de aorta. - Marcadores mais 
novos de disfunção renal, incluindo cistatina C, 
lipocalina associada a gelatinase de neutrófilos e 
molécula de lesão renal-1, também podem ser 
considerados, mas sua disponibilidade na maioria dos 
centros médicos é limitada e eles não são indicados 
para uma avaliação no DE. 
Outros exames são indicados para condições 
específicas associadas: 
- Suspeita de síndrome coronariana aguda: solicitar 
marcadores de necrose miocárdica. 
- Edema agudo de pulmão: solicitar BNP ou nT-pro-
BNP. Dissecção de aorta: considerar realizar dosagem 
do Ddímero. 
Urgência hipertensiva 
Indica hipertensão grave não controlada sem 
evidência de lesão em órgão alvo. 
Esses casos devem ser tratados com medicação de 
curta duração por via oral. 
Hipertensão grave 
Definida como PA entre 180/110 mmHg e 220/130 
mmHg sem sintomas ou lesão aguda de órgão-alvo. 
Ocorre quase sempre em pacientes com hipertensão 
crônica que interromperam a medicação. 
A medicação de longa duração por via oral pode ser 
simplesmente reiniciada. 
Os pacientes com urgência hipertensiva ou 
hipertensão grave necessitam de monitoração 
ambulatorial nas 24 a 72 horas seguintes por um 
médico da família ou um especialista. 
Crise Hipertensiva com Retinopatia Avançada 
Os pacientes com pico de crise hipertensiva estão 
gravemente doentes com uma PA de 220/130 mmHg 
ou superior e retinopatia hipertensiva grau 3 ou 4 
acompanhadas de alguns dos seguintes sintomas: dor 
de cabeça, distúrbios visuais, náuseas/vômitos, 
insuficiência cardíaca, sequelas neurológicas 
(encefalopatia), HVE confirmada por 
eletrocardiograma, insuficiência renal e anemiahemolítica microangiopática. 
 
Imagens da 
retina que 
apresentam os 
estágios da 
retinopatia 
hipertensiva. 
A-Estreitamento arteriolar difuso moderado. 
B-Cruzamentos arteriovenosos patológicos (seta). 
C-Hemorragias ou exsudados. D-Papiledema. 
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Encefalopatia hipertensiva 
 A encefalopatia hipertensiva é caracterizada por 
redução do nível de consciência, delírio, agitação, 
estupor, convulsões ou cegueira cortical, quando na 
presença de PA alta aguda e grave. 
A encefalopatia ocorre quando a PA ultrapassa o 
limite máximo da autorregulação cerebral, que, 
normalmente, mantém o fluxo sanguíneo constante 
acima de uma pressão arterial média entre 60 a 150 
mmHg. 
A encefalopatia hipertensiva é uma causa da síndrome 
de leucoencefalopatia posterior reversível. 
PRÉ-ECLÂMPSIA 
 pressão arterial elevada (pressão sistólica maior ou 
igual a 140 mmHg ou pressão diastólica maior ou igual 
a 90 mmHg) em gestante, acompanhada de protein 
úria, edema ou ambos ocorrendo após 20 semanas de 
gestação. A pré-eclâmpsia numa paciente com 
hipertensão essencial preexistente é diagnosticada 
quando a pressão arterial sistólica aumenta em 30 
mmHg ou se a pressão arterial diastólica sofrer uma 
elevação de 15 mmHg. 
PRÉ-ECLÂMPSIA GRAVE 
 hipertensão grave, proteinúria excessiva, oligúria, 
perturbações cerebrais ou visuais, edema pulmonar, 
função hepática comprometida, dor no quadrante 
abdominal superior direito ou dor epigástrica, 
trombocitopenia ou restrição do crescimento fetal. 
ECLÂMPSIA 
Atividade convulsiva ou coma não relacionado a 
outras condições cerebrais , numa gestante pré-
eclâmpsia. 
 
Síndrome Coronariana Aguda 
Nos pacientes hipertensos com síndrome coronariana 
aguda, a PA deve ser diminuída por meio de 
nitroglicerina por via intravenosa posteriormente à 
administração de um betabloqueador, como 
metoprolol ou esmolol, por via intravenosa a fim de 
prevenir taquicardia. 
 
Insuficiência Cardíaca Aguda 
O nitroprussiato é o fármaco de escolha no 
tratamento de crises hipertensivas e insuficiência 
cardíaca aguda. O uso concomitante de diuréticos de 
alça diminui tanto o edema pulmonar agudo quanto 
uma posterior redução da PA. 
 
Crise Adrenérgica 
A crise de feocromocitoma deve ser tratada de forma 
cuidadosa com fentolamina seguida pela 
administração de um betabloqueador. O 
nitroprussiato e o urapidil são alternativas eficazes. Os 
efeitos da suspensão da clonidina podem ser 
compensados pela sua reintrodução. Com base em 
uma evidência limitada, a hipertensão aguda 
provocada por cocaína – ou metanfetamina – deve ser 
tratada com benzodiazepínicos por via intravenosa 
seguidos por fentolamina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TRATAMENTO DA HAS 
Formas de controle não farmacológicas 
• Dieta mediterrânea (grande predominância de 
frutas, vegetais, grãos e peixes ricos em ômega 3, 
baixa predominância de carne vermelha etc.). 
• DASH (dieta rica em vegetas, frutas, produtos 
lácteos com baixo teor de gordura, grãos 
integrais, aves, peixes, frutos secos, e pobre em 
açúcar, bebidas adoçadas e carnes). 
• Diminuição do consumo de sódio. 
• Aumento da ingestão de potássio de até 4,7 g 
diários. 
• Trocar os carboidratos por proteínas ou gorduras. 
• Diminuição do consumo de álcool e de bebidas 
açucaradas. 
• Atividade física 
• Controle da obesidade 
• Sessar o tabagismo. 
Fármacos anti-hipertensivos 
Classe de fármacos de primeira linha 
A maioria das novas diretrizes recomenda que se 
inicie o tratamento da hipertensão com um ou 
mais dos fármacos das seguintes classes: 
Bloqueadores dos Canais de Cálcio 
Não requerem monitorização por meio de 
exames de sangue, são seguros e eficazes. 
Mecanismo 
Bloqueiam a abertura dos canais de Ca2+ 
dependentes de voltagem (tipo-L) nos miócitos 
cardíacos e nas células do músculo liso vascular e 
diminuem a PA ao provocar dilatação arterial 
periférica. Ordem de potência: 
di-hidropiridinas > diltiazem > verapamil. 
Fármaco Variação de dosagem, 
TOTAL Mg/dia (doses diárias) 
Di-hidropiridínicos 
Anlodipina 2, 5-10 mg/dia (1 dose) 
Felodipina 2, 5-20 mg/dia (1-2 doses) 
Isradipina CR 2, 5-20 mg/dia (2 doses) 
Nicardipina SR 30-120 mg/dia (2 doses) 
Nifedipina XL 30-120 mg/dia (1 dose) 
Nisoldipina 10-40 mg/dia (1-2 doses) 
Fármaco Variação de dosagem, 
TOTAL Mg/dia (doses diárias) 
Diltiazem CD 120-540 mg/dia (1 dose) 
Verapamil 120-480 mg/dia (1 dose) 
 
Uso clínico - a anlodipina foi equivalente à 
clortalidona (um potente diurético tiazídico) e ao 
lisinopril (um IECA) na proteção contra eventos 
coronarians não fatais, AVC e morte, 
todavia apresentou menor proteção contra a 
insuficiência cardíaca. 
As vantagens da anlodipina incluem uma previsível 
potência dose-dependente, dosagem única diária 
atendendo à sua meia-vida longa, boa tolerabilidade e 
custo. 
A combinação anlodipina/IECA melhorou os 
resultados cardiovasculares em comparação com a 
combinação betabloqueador/tiazídico no ASCOT ou a 
combinação IECA/tiazídico 
 
Contraindicações sobre à administração 
 Absoluta: 0 
Relativa: Taquicardia e insuficiência cardíaca. 
 
Inibidores do sistema renina angiotensina 
Nesse se encaixam também os inibidores de enzima 
conversora de angiotensina (IECA), bloqueadores dos 
receptores da angiotensina (BRA) e inibidores diretos 
da renina (IDR). 
OBS: A combinação entre IECA e BRA devem ser 
evitadas, pois provocam mais hipotensão, aceleram o 
declínio da função renal e causa mais hipercalemia. 
Mecanismo de ação 
 
➢ Os IECAs bloqueiam a conversão do precursor 
inativo da angiotensina I (AI) em AII. 
➢ Os BRAs bloqueiam a ação da AII no receptor tipo 
1 da angiotensina. 
➢ O IDR alisquireno bloqueia a conversão de pró-
renina em renina e, dessa forma, impede a 
ativação do SRA na origem. 
 
Uso clínico 
Os IECAs, em monoterapia, são geralmente menos 
eficazes na diminuição da PA nos pacientes de raça 
negra e nos mais idosos com hipertensão com renina 
baixa, entretanto são bastante eficazes nesses grupos 
quando combinados com um diurético em baixa dose 
ou um BCC. 
Os IECAs demonstraram ser semelhantes aos BCCs na 
proteção contra eventos coronarianos, ligeiramente 
menos eficazes contra o AVC, porém melhores na 
insuficiência cardíaca. 
Os BRAs podem conferir os mesmos benefícios que os 
IECAs no tratamento da hipertensão, evitando a tosse 
relacionada com os IECAs 
Os IECAs e os BRAs converteram-se na terapêutica 
padrão anti-hipertensiva de primeira linha para os 
pacientes diabéticos e não diabéticos com DRC. 
 
 
Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano 
Fármaco Variação de dosagem, 
TOTAL Mg/dia (doses diárias) 
IECA “pril” 
Benazepril 10-80 (1-2) 
Captopril 25-150 (2) 
Enalapril 2,5-40 (2) 
Fosinopril 10-80 (1-2) 
Lisinopril 5-80 (1-2) 
Moexipril 7,5-30 (1 
Perindopril 4 – 16 mg/dia (1 dose) 
Quinapril 5-80 mg/dia (1-2 doses) 
Ramipril 2,5-20 mg/dia (1 dose) 
Trandolapril 1-8 mg/dia (1 dose ) 
BRA “ana” 
Candesartana 8-32 mg/dia (1 dose) 
Eprosartana 400-800 mg/dia (1-2 doses) 
Irbesartana 150-300 mg/dia (1 dose) 
Losartana 25-100 mg/dia (1 dose) 
Olmesartana 5-40 mg/dia (1 dose) 
Telmisartana 20-80 mg/dia (1 dose) 
Valsartana 80-320 mg/dia (1-2 doses) 
IDR 
Alisquireno 75-300 mg/dia (1) 
 
Contraindicações sobre à administração 
IECA 
Absoluta: Gravidez, edema angioneurótio e 
hipercalemia. 
Relativa: Mulheres potencialmente férteis. 
 
BRA 
Absoluta: Gravidez, hipercalemia e estenose bilateral 
da artéria renal. 
Relativa: Mulheres potencialmente férteis 
 
Diuréticos 
Os diuréticos estão entre os anti-hipertensivos 
mais antigos e eficazes. 
Mecanismos 
Com o início da terapia com diuréticos, a 
contração do volume sanguíneoprovoca uma 
queda inicial da PA. 
Com a continuação do tratamento, o volume 
sanguíneo é parcialmente restabelecido e os 
mecanismos vasodilatadores (p. ex., a abertura 
dos canais de K+ dependentes do trifosfato de 
adenosina [ATP]) mantêm a ação anti-
hipertensiva. 
• A tiazida e os diuréticos semelhantes à 
tiazidas (clortalidona, indapamida) bloqueiam 
o cotransportador Na+-Cl− no túbulo 
contornado distal. 
• Os diuréticos de alça bloqueiam o transporte 
de Na+-K+-2Cl− no ramo ascendente da alça 
de Henle. 
• A espironolactona e a eplerenona impedem a 
aldosterona de ativar o receptor 
mineralocorticoide, inibindo, assim, a 
ativação subsequente do canal epitelial de 
sódio (ENaC). 
• O triantereno e a amilorida bloqueiam 
diretamente o ENaC; uma vez que existe 
menos sódio para a Na+,K+-ATPase na zona 
vascular das células do ducto coletor, menos 
potássio é excretado na urina. 
Fármaco Variação de dosagem, 
TOTAL Mg/dia (doses diárias) 
Diuréticos tiazídicos e do tipo tiazídicos 
Clortalidona 6, 25-50 mg/ dia (1 dose) 
Hidroclorotiazida 6, 25-50 mg/ dia (1 dose) 
Indapamida 1, 25-5 mg /dia (1 dose) 
Metolazona 2, 5-5 mg/dia (1 dose) 
 
OBS - Embora a hidroclorotiazida (HCTZ) tenha sido 
largamente utilizada na prática clínica, a clortalidona é 
a escolha no caso da medicina baseada em evidência. 
 
Fármaco Variação de dosagem, 
TOTAL Mg/dia (doses diárias) 
Diuréticos de alça 
Furosemida 20-160 mg/ dia (2 doses) 
Torsemida 2 , 5-0 mg/ dia (1-2 doses) 
Bumetanida 0, 5- 2 mg /dia (2 doses) 
Ácido 
etacrínico 
25-100 mg/dia (2 doses) 
 
Fármaco Variação de dosagem, 
TOTAL Mg/dia (doses diárias) 
Diuréticos poupadores de potássio 
Amilorida 5- 20 mg/ dia (1 dose) 
Triantereno 25 - 100 mg/ dia (1-2 doses) 
Espironolactona 12,5-400 mg /dia (2 doses) 
Eplerenona 25-100 mg/dia (1 - 2 doses) 
 
Contraindicações sobre à administração 
Diuréticos tiazídicos 
Absoluta: Gota. 
Relativa: Síndrome metabólica, Intolerância à glicose, 
Gravidez, Hipercalemia e Hipocalemia. 
 
 
 
 
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Associação de outros fármacos na hipertensão de 
difícil controle / resistente 
 
Antagonista da aldosterona 
A espironolactona em baixas doses (12,5 a 100 mg 
diários) está amplamente recomendada como um 
fármaco complementar nos casos difíceis de 
hipertensão. 
OBS- A hipercalemia deve ser monitorizada quando 
esses fármacos são administrados a pacientes com 
doença renal. 
Contraindicações 
Absoluta: Insuficiência renal aguda ou grave (taxa de 
filtração glomerular estimada < 30 mL/min), 
hipercalemia. 
 
Bloqueadores beta-adrenérgicos 
Os betabloqueadores vasodilatadores (labetalol, 
carvedilol e nebivolol) são também fármacos 
complementares altamente eficazes na hipertensão 
resistente; os betabloqueadores padrão (p. ex., 
metoprolol e atenolol) não o são. 
Mecanismo de ação 
O efeito anti-hipertensivo do betabloqueador implica 
diminuições no débito cardíaco (receptores beta1), 
liberação de renina (receptores beta2) e liberação de 
noradrenalina (receptores pré-juncionais beta2). 
No início do tratamento, os betabloqueadores 
aumentam a resistência periférica de forma 
compensatória para contrabalancear a redução do 
débito cardíaco e alterando a PA. 
Com o passar do tempo, a PA diminui 
progressivamente à medida que a vasculatura 
periférica relaxa. 
• O betabloqueador arquétipo, o propranolol, 
bloqueia de forma não seletiva tanto os 
receptores beta1 quanto os receptores beta2. 
• Outros betabloqueadores padrão (metoprolol, 
atenolol, acebutolol e bisoprolol) são 
relativamente cardiosseletivos. Em dosagens 
baixas, exercem um efeito inibitório maior nos 
receptores beta1 do que nos receptores beta2, 
entretanto, em dosagens altas, a seletividade é 
perdida. 
• Os betabloqueadores como o labetalol ou o 
carvedilol também bloqueiam os receptores alfa-
adrenérgicos, enquanto o nebivolol estimula a 
produção endógena de óxido nítrico. 
 
 
 
 
Fármaco Variação de dosagem, 
TOTAL Mg/dia (doses diárias) 
Betabloqueadores padrão 
Acebutolol 200-800 mg/ dia (2 doses) 
Atenolol 25 - 100 mg/ dia (1 dose) 
Betaxolol 5-20 mg /dia (1 dose) 
Bisoprolol 2,5-20 mg/dia (1 dose) 
Carteolol 2,5-10 mg/dia (1 dose) 
Metoprolol 50-450 mg/ dia (2 doses) 
Metoprolol XL 50-200 mg/ dia (1 - 2 doses) 
Nadolol 20-320 mg/dia (1 dose) 
Penbutolol 10 -80 mg /dia (1 dose) 
Pindolol 10-60 mg/ dia (2 doses) 
Propranolol 40-180 mg/ dia (2 doses) 
Propranolol LA 60-180 mg/ dia (1- 2 doses) 
Timolol 20-60 mg/ dia (2 doses) 
 
Uso clínico: Os betabloqueadores padrão têm uma 
ação de diminuição da PA bastante baixa. 
Os betabloqueadores podem prejudicar a condução 
cardíaca e provocar broncoespasmo nos adultos que 
sofreram de asma na infância. 
Todos os fármacos betabloqueadores potencializam o 
aumento de peso. 
O labetalol é um fármaco eficaz na crise hipertensiva, 
mas apresenta ação extremamente curta para ser 
recomendado no controle da hipertensão crônica. 
Contraindicações 
Absoluta: Asma, Bloqueio atrioventricular (2 ou 3 
graus). 
Relativa: Síndrome metabólica, intolerância à glicose, 
atletas e pessoas fisicamente ativas e DPOC. 
 
Fármaco Variação de dosagem, 
TOTAL Mg/dia (doses diárias) 
Betabloqueadores vasodilatadores 
Carvedilol 6, 25-50 mg/ dia (2 doses) 
Carvedilol CR 10 - 40 mg/ dia (1 dose) 
Nebivolol 5- 40 mg/ dia (1 dose) 
Labetalol 200-2400 mg/ dia (2 doses) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano 
Bloqueadores alfa-adrenérgicos 
Mecanismos de ação 
Ao bloquearem a interação da noradrenalina nos 
receptores vasculares alfa-adrenérgicos, esses 
fármacos provocam vasodilatação periférica e, desse 
modo, diminuem a PA. 
Fármaco Variação de dosagem, 
TOTAL Mg/dia (doses diárias) 
Doxazosina 1-16 mg/ dia (1 dose) 
Prazosina 1 - 40 mg/ dia (2-3 doses) 
Terazosina 1 - 20 mg /dia (1 dose) 
Fenoxibenzamina 20-120 mg/dia (2 doses) para 
feocromocitoma. 
Uso clínico- a fenoxibenzamina continua sendo o 
fármaco preferencial no controle pré-operatório do 
feocromocitoma. 
Os fármacos alfa1-bloqueadores seletivos não são 
agentes de primeira linha e não devem ser utilizados 
em monoterapia, uma vez que sua propensão para a 
retenção de líquidos pode conduzir a taquifilaxia e 
provocar ou exacerbar insuficiência cardíaca. 
No entanto, quando utilizado em combinação com um 
diurético, é um tratamento complementar eficaz da 
hipertensão resistente, sendo particularmente útil em 
homens idosos com prostatismo. 
 
Simpatolíticos centrais 
A estimulação dos receptores pós-sinápticos alfa2-
adrenérgicos e dos receptores imidazólicos no sistema 
nervoso central (SNC) diminui o fluxo central 
simpático, ao passo que a estimulação dos receptores 
pré-sinápticos alfa2 provoca uma resposta da inibição 
da liberação de noradrenalina a partir dos terminais 
nervosos periféricos simpáticos. Combinadas, essas 
ações reduzem a condução adrenérgica para o 
coração e a circulação periférica. 
 
Uso clínico: Os simpatolíticos centrais são mais 
adequados para o tratamento por via oral de curta 
duração na crise hipertensiva. 
 
OBS: Para evitar uma “hipertensão de rebote” entre 
dosagens, a clonidina de curta duração deve ser 
administrada a cada 6 ou 8 horas ou, sempre que 
possível, descontinuada de forma gradual e de acordo 
com um calendário estabelecido. 
Fármaco Variação de dosagem, 
TOTAL Mg/dia (doses diárias) 
Doxazosina 1-16 mg/ dia (1 dose) 
Prazosina 1 - 40 mg/ dia (2-3 doses) 
Terazosina 1 - 20 mg /dia (1 dose) 
Fenoxibenzamina 20-120 mg/dia (2 doses) para 
feocromocitoma. 
Vasodilatadores diretos 
Mecanismo O minoxidil e a hidralazina são potentes 
vasodilatadores arteriais com efeito hiperpolarizante 
que atuam por meio da abertura dos canais de K+ 
dependentes de ATP. 
Uso clínico - A hidralazina é útil no tratamento da pré-
eclâmpsia.Uma combinação de hidralazina com nitratos é útil no 
tratamento da insuficiência cardíaca. 
A hipertensão grave simultaneamente com a DRC 
avançada é a principal indicação para o uso de 
minoxidil, o qual deve ser combinado com um 
betabloqueador para evitar taquicardia reflexa 
excessiva e com um diurético de alça para evitar 
retenção excessiva de líquidos. 
 
Fármaco Variação de dosagem, 
TOTAL Mg/dia (doses diárias) 
Minoxidil 2 , 5-100 mg/ dia (1 dose) 
Hidralazina 10-200 mg/ dia (2 doses) 
 
 
Combinações fixas 
 
Fármaco Variação de dosagem, 
 TOTAL Mg/dia (doses diárias) 
Alisquireno/HCTZ 75-300 / 12,5-25 (1) 
Amilorida/HCTZ 5/50 (1 dose) 
Anlodipina/benazepril 2,5-5 /10-20 (1 dose) 
Anlodipina/valsartana 5-10 /160-320 (1) 
Anlodipina/olmesartana 5-10/20-40 a (1) 
Atenolol/clortalidona 50-100/25 (1 dose) 
Benazepril/HCTZ 5-20/6,25-25 (1) 
Bisoprolol/HCTZ 2,5-10/6,25 (1) 
Candesartana/HCTZ 16-32/12,5-25 (1) 
Enalapril/HCTZ 5-10/25 (1-2 doses) 
Eprosartana/HCTZ 600/12,5-25 (1) 
Fosinopril/HCTZ 10-20/12,5 (1) 
Irbesartana/HCTZ 15-30/12,5-25 (1) 
Losartana/HCT 50-100/12,5-25 (1 
Olmesartana/anlodipina 20-40/5-10 (1) 
Olmesartana/HCTZ 20-40/12,5-25 (1) 
Olmesartana/anlodipina/HCTZ 20-40/5-10/12,5-25 (1) 
Espironolactona/HCTZ 25/25 (1/2-1) 
Telmisartana/HCTZ 40-80/12,5-25(1) 
Trandolapril/verapamil 2-4/180-240 (1) 
Triantereno/HCTZ 37,5/25 (1/2 – 1) 
Valsartana/HCTZ 80-160/12,5-25(1) 
Valsartana/amlodipina/HCTZ 80-160/5-10/12,5-
25(1) 
 
 
 
Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano 
Intervenções percutâneas 
 
Desnervação renal 
A ablação dos nervos renais com cateter percutâneo 
por radiofrequência já faz parte da prática clínica na 
Europa e na Ásia como um novo tratamento para a 
hipertensão resistente aos fármacos. 
Os objetivos da DNR são os nervos renais simpáticos 
eferentes pós-ganglionares e também os nervos 
renais sensoriais (aferentes). 
A hiperatividade dos nervos renais eferentes pode 
causar 
vasoconstrição renal, estimular a liberação de renina e 
afetar a natriurese 
A hiperatividade dos nervos renais aferentes pode 
precipitar a ativação reflexa dos nervos simpáticos 
eferentes não só nos rins, mas também no coração (e, 
desse modo, provocar aumento do débito cardíaco, 
HVE e fibrilação atrial), no músculo esquelético 
(provocando resistência vascular aumentada e 
resistência à insulina) e no baço (causando ativação 
das células T com inflamação vascular secundária e 
disfunção endotelial). 
 
OBS: A DNR pode não ser muito eficaz se os nervos 
renais simpáticos não estiverem hiperativos. 
 
Critérios de Elegibilidade a Serem Considerados 
antes da Desnervação Renal 
- PAS no consultório ≥ 160 mmHg (≥ 150 mmHg se 
diabetes tipo 2) 
> 3 fármacos anti-hipertensivos na dosagem e 
combinação adequadas (incluindo um diurético) 
Alteração do estilo de vida 
Exclusão de hipertensão secundária 
Exclusão de pseudorresistência por meio de MAPA 
(PAS média ≥ 130 mmHg ou PAS média diurna ≥ 135 
mmHg) Função renal preservada (TGFe ≥ 45 
mL/min/1,73 m2) 
Artérias renais elegíveis; sem presença de artérias 
renais principais ou acessórias, sem evidência de 
estenose da artéria renal, sem revascularização 
anterior 
 
Eventos adversos: são raros, mas incluem 
pseudoaneurisma da artéria femoral e dissecção da 
artéria renal. 
 
Sistema de marca-passo 
implantável no barorreceptor carotídeo. 
Está em ensaio clínico ainda, mas constitui uma 
promessa no controle da hipertensão difícil. 
 
Tratamento de acordo com alguns 
pacientes 
 
Pacientes com Pré-hipertensão 
A pré-hipertensão é considerada precursora do 
estágio 1 de hipertensão e um indicador de maior 
risco cardiovascular. 
Tratamento -O tratamento farmacológico da pré-
hipertensão com um BRA – e, simultaneamente, 
mudanças no estilo de vida – pode adiar a hipertensão 
no estágio 1. 
 
Hipertensão Sistólica em pacientes idosos 
A maioria dos pacientes hipertensos tem mais de 65 
anos de idade e muitos apresentam hipertensão 
sistólica isolada. 
Tratamento: pacientes com PAS inferior a 150 mmHg 
recomenda-se tratamento ambulatorial. 
Além disso, a monitorização em ambulatório é 
decisiva na detecção de hipotensão pós prandial e 
hipotensão ortostática, que são comuns nos pacientes 
hipertensos idosos. 
 
Hipertensão com hipertrofia ventricular esquerda 
Ensaios clínicos demonstraram a superioridade de um 
tratamento com base em BRA/HCTZ em comparação 
com betabloqueador/HCTZ na regressão de HVE e 
prevenção de eventos cardiovasculares, 
especialmente AVC. 
Metanálises confirmaram a superioridade dos BRAs na 
regressão de HVE. 
Os betabloqueadores são os menos eficazes; os 
alfa-receptores, e não os beta-receptores, promovem 
a mediação do efeito trófico das catecolaminas nos 
miócitos cardíacos. 
 
Hipertensão em Pacientes com DM 
O recente estudo Action to Control Cardiovascular 
Risk in Diabetes (ACCORD) não apresentou diferenças 
nos eventos coronarianos entre os pacientes 
diabéticos cuja PAS fora reduzida para 119 mmHg e 
aqueles cuja PAS havia sido reduzida para 133 mmHg, 
mas exibiu uma redução maior no caso de AVC. 
• A adição do IDR alisquireno à terapêutica em 
curso com um IECA ou BRA aumenta a incidência 
de hipercalemia e hipotensão ao mesmo tempo 
em que não traz benefícios cardiovasculares 
adicionais; 
 
 
 
 
Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano 
Hipertensão em Pacientes com Nefropatia Diabética 
A nefropatia diabética é acompanhada por 
proteinúria, perda de autorregulação renal, 
hipertensão, progressão da doença renal até o estado 
terminal e alta incidência de eventos cardiovasculares. 
• Verificou-se que a adição de um BRA ao 
tratamento anti-hipertensivo em curso retardava 
a progressão da nefropatia nos pacientes com 
diabetes tipo 2, enquanto a anlodipina não 
apresentou esse efeito. 
• Diabetes tipo 2 com nefropatia é um indicador 
para o uso de um BRA. 
• Recomendam como objetivo uma PA inferior a 
130/80 mmHg nos indivíduos com proteinúria 
significativa (razão urina-para-plasma albumina-
para-creatinina de ≥ 30 mg/g, um número 
correspondente a ≥ 30 mg de excreção urinária de 
albumina em 24 horas). 
 
Hipertensão em Pacientes com Doença Renal Crônica 
não Diabética 
A maioria dos pacientes com DRC não diabética sofre 
de hipertensão, cujo controle, nesses pacientes, tem 
dois objetivos: 
(1) retardar a deterioração na função renal 
(2) prevenir eventos cardiovasculares, que são a maior 
causa de morte. 
• O IECA ramipril apresentou maior efeito protetor 
em nível renal do que a anlodipina ou o 
metropolol nos pacientes de raça negra com 
proteinúria basal. 
• A redução intensa da PAS para menos de 130 
mmHg, em vez de um objetivo menos marcado de 
140 mmHg, retarda a progressão da doença renal 
apenas nos pacientes com proteinúria basal. 
• A diretriz KDIGO de 2013 recomenda um objetivo 
de PA ambulatorial inferior a 140/90 mmHg para 
os pacientes com DRC não diabéticos e sem 
proteinúria e um objetivo mais estendido de 
130/80 mmHg para aqueles com proteinúria 
mediante um regime com um IECA ou um BRA. 
 
Redução da Pressão Arterial como Prevenção 
Secundária de Eventos Coronarianos e a Hipótese da 
Curva em J 
Não existe evidência suficiente nos ECCR para 
recomendar um objetivo de tratamento otimizado da 
PA na prevenção secundária de eventos coronarianos. 
Os betabloqueadores e os BCCs são antianginosos e 
anti-hipertensivos. 
 
A discussão sobre a importância prática da hipótese 
da curva em J continua, a qual sustenta que o 
tratamento excessivo da PAD prejudica a perfusão 
coronariana e, desse modo, pode piorar a isquemia 
miocárdia e provocar eventos coronarianos, 
principalmente em pacientes com estenose da artéria 
coronária. 
Não houve, no entanto, dados prospectivos de ECCR 
que tenham definidoum limite mínimo para a PA que 
aumente o risco de eventos isquêmicos. 
 
Redução da Pressão Arterial como Prevenção 
Secundária de AVC 
Os sobreviventes de AVC apresentam um alto risco de 
recorrência e, consequentemente, de incapacidade e 
morte. A redução da PAS em mais de 10 mmHg pode 
reduzir esse risco. 
 
Hipertensão em pacientes de raça negra não 
hispânicos 
A hipertensão é particularmente devastadora nos 
adultos de raça negra não hispânicos, posto que 
apresentam maior prevalência de hipertensão que 
outros grupos e frequência mais alta de complicações 
hipertensivas e de morte. 
Tratamento: 
Na prática clínica, atingir os objetivos de PA e, desta 
maneira, proteção cardiovascular requer a 
combinação de um IECA com um BCC ou um diurético, 
ou ambos. 
 
Hipertensão na gravidez 
Os transtornos hipertensivos na gravidez são uma das 
principais causas de morbidade e mortalidade 
materno-fetal, incluindo uma incidência de 25% de 
partos prematuros. 
Sendo reconhecidas quatro categorias de hipertensão 
na gravidez: 
(1) pré-eclâmpsia: hipertensão acompanhada de um 
dos seguinte eventos: proteinúria, PA de 160/110 
mmHg ou superior apesar de repouso, 
trombocitopenia, função hepática diminuída, edema 
pulmonar ou novos distúrbios cerebrais ou visuai 
(2) hipertensão crônica- é anterior à gravidez. 
 (3) pré-eclâmpsia sobreposta a hipertensão crônica 
(4) hipertensão gestacional: o aumento da PA depois 
de 20 semanas de gestação sem a presença das 
características sistêmicas adicionais. 
Tratamento: Em todos os casos, a monitorização 
ambulatorial da PA é muito útil. 
 
 
 
Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano 
Hipertensão em Crianças e Adolescentes 
A hipertensão nas crianças é definida como uma PAS 
ou PAD acima do percentil 95 relativamente a idade, 
gênero e altura, em conformidade com os dados 
normativos. 
A AHA emitiu diretrizes para a interpretação dos 
valores de monitorização em regime ambulatorial da 
PA na idade pediátrica. 
 A avaliação inicial deve incluir um ecocardiograma 
para detecção de HVE, bem como análises da 
microalbuminúria na urina, da creatinina sérica e 
urinálises para detectar doença parenquimatosa 
renal. A glomerulonefrite e a nefropatia de refluxo 
também podem estar associadas à hipertensão na 
faixa pediátrica. 
Tratamento: 
Os IECAs são geralmente utilizados no tratamento da 
hipertensão primária e secundária em crianças 
causada por doença parenquimatosa renal; o BCC 
deve ser adicionado como um segundo fármaco, se 
necessário. 
 
Hipertensão Resistente 
A hipertensão resistente – definida como PA elevada 
não controlada com três fármacos ou controlada com 
pelo menos quatro anti-hipertensivos (incluindo um 
diurético) – está associada a maior prevalência de 
hipertensão secundária e piores resultados 
cardiovasculares e renais. 
Deve ser realizado, nesses pacientes, o rastreio de 
hipertensão secundária, DRC, apneia obstrutiva do 
sono, aldosteronismo secundário e feocromocitoma. 
Na ausência de uma causa identificável da 
hipertensão, pode ser utilizado, como terapêutica 
adicional eficaz, um antagonista do receptor 
mineralocorticoide ou um betabloqueador 
vasodilatador. A eplerenona ou a espironolactona de 
baixa dosagem podem ser extremamente eficazes na 
hipertensão resistente – mesmo quando a 
aldosterona sérica está dentro dos níveis normais. A 
DNR é uma nova opção fascinante já discutida 
anteriormente. 
 
 
 
 
 
 
 
Um homem de 55 anos é trazido ao serviço de 
emergência (SE) pela esposa, apresentando alteração 
do estado mental. E la relata que, no dia anterior, seu 
marido apresentava confusão e instabilidade ao 
caminhar. O paciente tem história de hipertensão e 
hiperlipidemia. Ele se queixa de cefaleia e visão turva. 
Durante o exame, ele está alerta e orientado somente 
em relação às pessoas. Ao exame de fundoscopia, os 
discos ópticos parecem estar hiperemiados e 
edemaciados, com perda das margens nítidas. Seu 
exame neurológico resultou não focal, enquanto o 
exame físico aparentemente está normal. Os sinais 
vitais do paciente são: pressão arterial de 245/140 
mmHg, frequência cardíaca de 95 bpm, frequência 
respiratória de 18 mpm, saturação do oxigênio de 
98% ao ar ambiente e não há febre . 
Qual é o diagnóstico mais provável?encefalopatia 
hipertensiva. 
Qual é o melhor tratamento? confirmar o diagnóstico 
excluindo as hipóteses de acidente vascular encefálico 
(AVE) isquêmico ou hemorrágico, infecção e lesão 
com efeito de massa. Reduzir a pressão arterial 
administrando medicações intravenosas (IV) e 
procurar evidências de dano em órgão-alvo. 
Trata-se de um paciente de 55 anos com alteração do 
estado mental, papiledema e hipertensão grave. Essa 
apresentação é mais provavelmente de uma 
encefalopatia hipertensiva, que é definida pela 
presença de anormalidades neurológicas secundárias 
à elevação aguda da pressão sanguínea. No passado, 
encefalopatia hipertensiva e hipertensão maligna 
eram termos usados como sinônimos. Entretanto, o 
termo hipertensão maligna foi removido das diretrizes 
nacionais americanas de pressão arterial. A 
encefalopatia hipertensiva é uma das numerosas 
formas de emergência hipertensiva. É essencial que o 
médico trate a pressão arterial do paciente caso haja 
evidência de disfunção de órgão-alvo. Isto contrasta 
com o tratamento da pressão arterial na urgência 
hipertensiva. Depois que a via aérea, a respiração e a 
circulação (ABC) do paciente são tratadas, a primeira 
etapa do tratamento consiste em realizar uma 
tomografia computadorizada de encéfalo sem 
contraste (TCC), com o objetivo de excluir as 
hipóteses de lesão com efeito de massa e AVE 
isquêmico ou hemorrágico. 
 
Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano 
Após a exclusão desses diagnósticos e o 
estabelecimento do diagnóstico de encefalopatia 
hipertensiva, o foco deve ser voltado para a 
diminuição da pressão arterial. Devem ser 
administrados agentes anti-hipertensivos IV para 
reduzir a pressão arterial do paciente. A meta não é 
normalizar a pressão sanguínea, pois isto poderia 
acarretar uma isquemia cerebral secundária à 
hipoperfusão. Em vez disso, a meta é diminuir a 
pressão arterial média em 20 a 25o/o no decorrer da 
primeira hora de tratamento. Existem vários agentes 
anti-hipertensivos disponíveis para tratamento desse 
distúrbio. Essa situação contrasta com o típico 
tratamento da pressão arterial de pacientes com 
hipertensão de longa duração sem dano agudo em 
órgão-alvo. O nitroprussiato de sódio, o labetalol e a 
nicardipina são os agentes de primeira linha usados 
para diminuir a pressão arterial no contexto da 
encefalopatia hipertensiva. O nitroprussiato de sódio 
é administrado como infusão IV, começando a uma 
velocidade de 0,25 µg/kg/min, que pode ser 
aumentada até um máximo de 1 O µg/kg/min. 
 O labetalol é administrado como bolus IV de 20 mg, 
que pode ser repetido. O labetalol também pode ser 
administrado como infusão IV a uma velocidade de 
0,5 a 2,0 mg/min. A nicardipina é administrada a uma 
velocidade de 5 mg/h, que pode se aumentada em 2,5 
mg/h a cada 5 minutos até o máximo de 30 mg/h. 
Um homem de 55 anos chega ao SE apresentando 
queixas de cefaleia forte, diplopia e vômito. Sua 
pressão arterial estava em 210/120 mmHg na 
chegada ao SE. Qual é o próximo passo mais 
adequado? 
A. Observar a pressão arterial e checar novamente em 
1 hora; adotar medidas de suporte para a cefaleia e o 
vômito. 
B. Obter uma TCC, administrar um agente anti-
hipertensivo (p. ex., nicardipina) e internar o paciente 
na unidade de terapia intensiva (UTI). 
C. Administrar furosemida por via IV para diminuir a 
pressão arterial. 
D. Administrar lorazepam para ajudar o paciente a 
relaxar. 
RESPOSTA : B. Esse homem tem encefalopatia 
hipertensiva, que constitui uma emergência médica. 
Ele apresenta uma hipertensãosintomática que está 
causando danos em órgão-alvo. Deve ser realizada 
uma TCC antes de ser iniciado o tratamento, para 
excluir qualquer hipótese de patologia intracraniana. 
O tratamento apropriado consiste na administração IV 
de medicações anti-hipertensivas para diminuir a PAM 
do paciente em 20 a 25o/o ao longo de 1 hora. 
Uma mulher de 54 anos chega ao SE e solicita a 
reposição de seus medicamentos anti-hipertensivos. 
Ela não toma a medicação há 2 semanas e não 
consegue agendar uma consulta com o médico 
particular antes da próxima semana. Sua medicação 
normal é o atenolol e hidroclorotiazida. A pressão 
arterial da paciente está em 190/100 mmHg e ela 
não apresenta queixas. Ela está aguardando 
atendimento há 4 horas e está impaciente para 
voltar para o trabalho. Qual é o passo seguinte mais 
apropriado nessa situação? 
A. Trocar as medicações da paciente por um 
bloqueador de canal de cálcio. 
B. Internar a paciente na UTI e administrar 
nitroprussiato por via IV. 
C. Fornecer uma prescrição para as medicações, 
orientar a paciente a tomar os medicamentos 
imediatamente e fazer o acompanhamento em 48 
horas. 
D. Esclarecer para a paciente quais são os prejuízos 
causados pela falta de complacência, interná-la e 
iniciar o tratamento com labetalol intravenoso. 
 
RESPOSTA - C. Essa paciente tem urgência 
hipertensiva. Ela não apresenta sintomas relacionados 
à pressão arterial elevada nem sinais de dano em 
órgão-alvo. A paciente deve retomar suas medicações 
e ter a pressão arterial medida novamente em 48 
horas. 
Ana Flávia de Jesus Alves – Medicina Unisalesiano 
 Um homem de 38 anos chega ao SE após ter se 
envolvido em uma colisão de carros.Após uma 
avaliação completa, foi determinado que o paciente 
tinha uma fratura na tíbia direita. Ele tem história de 
hipertensão, que está tratando à base de medicação. 
O paciente está na maca, contorcendo-se de dor. Sua 
pressão arterial é de 210/104 mmHg. Ele não tem 
queixas, exceto quanto à dor na perna direita. Qual é 
o próximo passo do tratamento mais apropriado? 
A. Controlar a dor e monitorar a pressão arterial do 
paciente. 
B. Iniciar um curso de f3-bloqueador e monitorar a 
pressão arterial do paciente. 
C. Chamar um assistente social, devido à suspeita de 
uso abusivo de drogas ou bebida alcoólica. 
D. Internar o paciente e manter sua pressão arterial 
sob controle. 
RESPOSTA : A. Embora esse homem tenha história de 
hipertensão, ele apresenta uma dor agonizante que 
pode estar causando elevação da pressão arterial. O 
tratamento apropriado consiste em controlar a dor, 
ajustar a perna de volta na posição correta e 
monitorar a pressão arterial dele. A pressão arterial 
deve diminuir logo que a dor seja controlada . 
 
Dicas clinicas 
• A emergência hipertensiva é definida por uma 
pressão arterial acentuadamente alta na presença 
de dano em órgão-alvo. A urgência hipertensiva, 
por outro lado, consiste na pressão 
acentuadamente elevada na ausência de efeitos 
em órgão-alvo . 
• Um dos motivos mais comuns de emergência 
hipertensiva é a falta de complacência por parte 
do paciente em relação ao regime de medicação 
anti-hipertensiva. 
• E essencial diminuir a pressão arterial com 
cautela, a fim de evitar um estado de 
hipoperfusão que acarreta isquemia cerebral. 
• Os pacientes com emergência hipertensiva devem 
ser internados sob monitoramento, de 
preferência na UTI.

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