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CARDIOLOGIA – CAP 7 Hipertensão Arterial Sistêmica Primária Larissa Sena Definições HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA Doença crônica caracterizada por elevação sustentada dos níveis de PA sistólica (PAS) > 140mmHg e/ou PA diastólica (PAD) > 90mmHg HIPERTENSÃO ARTERIAL SECUNDÁRIA Termo usado para definir HAS quando existe uma causa base para elevação da PA (uso de medicamentos ou DRC, por exemplo) HIPERTENSÃO RESISTENTE Ocorre quando não é possível atingir a meta de controle de PA para aquele indivíduo, a despeito do uso de três ou mais classes de anti-hipertensivos, incluindo um diurético ou Quando o controle só é possível com quatro medicações CRISE HIPERTENSIVA Elevação da PA que leva a sintomas e pode ser dividida entre urgência hipertensiva (sem lesão aguda de órgão-alvo) e emergência hipertensiva (com lesão aguda de órgão-alvo e risco iminente de morte) Como aferir a PA? Cuidados necessários » Manter repouso de três a cinco minutos em ambiente calmo » Não estar de bexiga cheia » Não ter praticado exercícios físicos nos últimos 60 minutos » Não ter fumado ou ingerido bebida alcoólica, café ou alimentos nos últimos 30 minutos » Selecionar o manguito adequado Etapas para aferição da PA Modalidades de aferição da PA fora do consultório » MRPA – medição residencial da pressão arterial que consiste em pelo menos três aferições de PA pela manhã e à noite durante cinco dias ou duas aferições por período, durante sete dias » MAPA – realizada em 24h, com aferições a cada 15 a 30 minutos e tem a vantagem de avaliar o período noturno Hipertensão sistólica isolada » Definida como PAS aumentada e PAD normal » Importante fator de risco cardiovascular em pacientes de meia-idade e idosos Diagnóstico segundo 7ª diretriz brasileira de HAS » Pacientes com PA em consultório > 140/90 com risco cardiovascular baixo ou intermediário, uma segunda aferição é necessária para o diagnóstico – pode ser uma segunda aferição em uma segunda consulta ou com MAPA ou MRPA » Pacientes com PA > 140/90 e risco cardiovascular alto ou PA > 180/110, o diagnóstico já é estabelecido com uma medida isolada Fisiopatologia Aumento do tônus simpático Distúrbios no sistema renina angiotensina aldosterona (SRAA) Aumento do volume plasmático efetivo (controlado pelos rins) Estadiamento e metas Se o paciente tiver valores em categorias diferentes sempre vale o que é pior Fatores de risco Idade Etnia (mais prevalente na raça negra) Obesidade Grande ingesta de sal Baixa ingesta de potássio Consumo crônico de álcool Sedentarismo Genética (história familiar de HAS precoce – H < 55; M < 65) Fatores socioeconômicos (maior prevalência em população com menor renda) Resistência à insulina Dislipidemia Tabagismo Lesão de órgão alvo EMI (carótida) – se estiver > 0,9 mm é sinal de LOA ITB – mede a pressão no membro inferior r no braço do mesmo lado. Geralmente as pressões são próximas, mas se a pressão do membro inferior tiver mais baixa, pelo menos 10%, é sinal de doença subclínica e LOA Albuminúria entre 30 e 300 mg – LOA DRC estágio III – TFG entre 60 e 30 A grande LOA é a hipertrofia de VE Estratificação de risco Metas terapêuticas Exames complementares Têm como objetivo a identificação dos fatores de risco CV e avaliação de LOA, o que permite classificar o risco cardiovascular para nortear o diagnóstico e o tratamento Exame físico Avaliação do peso + altura para definir o IMC » > 30 são considerados obesos (fator de risco) Circunferência abdominal » > 102cm (H) ou > 88cm (M) Ausculta cardíaca, das carótidas e pulsos Medida índice tornozelo-braquial Exame de fundo de olho – avaliação de retinopatia hipertensiva » Grau 1 – Leve estreitamento arteriolar » Grau 2 – Arteríolas em fio de cobre e cruzamentos arteriolovenulares (AV) patológicos » Grau 3 – Hemorragias em chama de vela, exsudatos algodonosos » Grau 4 - Papiledema Exames de rotina Análise de urina – proteinúria, leucócitos e cilindros Potássio sérico – causa secundária Glicemia de jejum – intolerância à glicose Creatinina – TFG Perfil lipídico – colesterol total, HDL e triglicérides ECG Ácido úrico Para avaliar LOA ver exames já citados. Tratamento não farmacológico Objetiva reduzir a PA para proteger órgão-alvo e reduzir desfechos cardiovasculares (IAM, AVE, IC) e renais Está indicado para todos os pacientes pré-hipertensos (PAS 130-139, PAD 85-89) e hipertensos. São eles: » Perda de peso – redução de 5% do peso corporal acarreta em uma redução de 20 – 30 % na PA » Controle da circunferência abdominal – manter < 80 cm nas mulheres e < 94 nos homens » Manter IMC menor que 25 kg/m2 até 65 anos e menor que 27 kg/m2 após os 65 anos » Alimentação – dieta DASH (enfatiza consumo de frutas, hortaliças e laticíneos com baixo teor de gordura, inclui ingestão de cereais integrais...); Dieta do mediterrâneo e as dietas vegetarianas » Redução do consumo de sódio - max 2g por dia (equivale a 5g cloreto de sódio) » Moderação no consumo de álcool – até uma dose para mulheres (14g de etanol ou 350ml de cerveja ou 150ml de vinho ou 45ml de bebida destilada) e duas doses para homens » Atividade física – min 30 min por dia de atividade física aeróbica de 5 a sete dias na semana » Controle do estresse – técnicas de gerenciamento de estresse (psicoterapia, meditação...) Tratamento farmacológico 1ª linha 4 classes mostraram redução de desfechos cardiovasculares » Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) Indicado em casos de nefropatia » Bloqueador do receptor AT1 da angiotensina II (BRA) » Diurétidos Tiazídicos Terapia de escolha para pacientes com HAS isolada HCTZ, Clortalidona (efeito anti-hipertensivo melhor que HCTZ) e Indapamida Podem causar hiponatremia (diurético), cãibras, hipovolemia, intolerância à glicose, ↑ ácido úrico » Bloqueadores do canal de cálcio (BCCa) Di-idropiridínicos (anlodipino, nefedipino) – têm efeitos mais vasodilatador. Efeito colateral é edema maleolar Não di-idropiridínicos (verapamil, ditiazem) – melhoram a frequência cardíaca (melhores em casos de taquiarritmias). Efeito colateral é bradicardia e descompensação da IC Betabloqueadores são primeira linha apenas para tratamento de angina. Tem menos benefícios se comparados aos demais grupos, portanto são reservados a situações específicas (hipertireoidismoo, enxaqueca associada, DAC, IC com fração de ejeção reduzida) MONOTERAPIA Pacientes com HAS estágio 1 e risco CV baixo ou moderado (Somente se o paciente não melhorar com MEV após 3 a 6 meses) TERAPIA COMBINADA Pacientes com HAS estágio 1 com risco CV alto e todos os pacientes estágios 2 e 3 Duas das classes em doses mais baixas (após ter aumentado a dose da monoterapia e não ter tido resultado) A associação de IECA com BRA não é recomendada, pois, além de não mostrar benefício em desfechos CV, acrescentou risco de efeitos adversos (insuficiência renal e hipercalemia) 2ª linha Quando o paciente não responde a terapia combinada com 2 ou 3 fármacos de 1ª linha Sâo eles: Observações importantes » Betabloqueadores são 1ª linha passa pacientes com angina » Se o paciente tiver ASMA ou DPOC o propranolol está contraindicado por não ser cardiosseletivo e pode descompensar a doença pulmonar desses pacientes » Espironolactona é importante no hiperaldosteronismo primário » Furosemida usada em pacientes com DR avançada » Se paciente tem DR avançada podemos substituir IECA e BRA por hidralazina » Metildopa pode causar anemia hemolítica – raro mas cai muito em prova Crise hipertensiva Definida por elevações significativas e sintomáticas da PA.. Emgeral, ocorrem com PA > 180/120 mmHg Divididas em » Verdadeiras (têm LOA aguda ou crônica) Emergência Urgência » Pseudocrise hipertensiva Emergência hipertensiva ↑ PA + LOA aguda e progressiva que pode levar a risco iminente de morte Coração – SCA, EAP (principal etiologia), dissecção aguda de aorta SNC – AVE isquêmico e hemorrágico; encefalopatia hipertensiva Rins – IRA Gestantes – eclampsia ENCEFALOPATIA HIPERTENSISA É um diagnóstico de exclusão (excluir hipoglicemia e AVE) Sintomas neurológicos não localizatórios – cefaleia, náuseas, vômitos, agitação ou confusão mental, convulsões, rebaixamento do nível de consciência Associados a níveis elevados de PA (geralmente estágio III e IV) e retinopatia hipertensiva graus III e IV Fisiopatologia » Falha nos mecanismos de auto regulação da circulação cerebral Normal: aumento da PA leva à vasoconstrição das arteríolas cerebrais, enquanto a hipotensão leva a vasodilatação Patológico: Se a elevação de PA for muito rápida e intensa, a capacidade de vasoconstrição das arteríolas é superada, ocorrendo então vasodilatação pelo efeito mecânico da PA, seguido por aumento do fluxo sanguíneo cerebral, lesão endotelial, extravasamento do plasma e edema cerebral difuso Quadro clínico da EH ocorre por edema cerebral por conta da vasodilatação das arteríolas cerebrais TRATAMENTO: » Deve ser sempre por via endovenosa ↓ PA – 20% em 1 a 2h DAAo e eclampsia – 120/80 em 30 min » Medicamentos Nitroprussiato de sódio – vasodilatador arterial e venoso É mais potente como vasodilatador Usos prolongados podem causar intoxicação por cianeto Devem ser evitados na eclampsia e na SCA - possível efeito adverso: aumento da pressão intracraniana e redução de perfusão cerebral Nitroglicerina – vasodilatador venoso Agente anti-hipertensivo de escolha nas SCA Pode causar cefaleia, taquicardiareflexa, metaemoglobinemia Urgência Hipertensiva ↑ PA + LOA crônica Sintomas relacionados à HAS em pacientes sem lesão aguda de órgãos-alvo Pode ocorrer em pacientes hipertensos que pararam de tomar a medicação, com lesões crônicas (angina estável, doença renal crônica ou AVE prévio) Coração: Angina estável, ICC, aneurisma Ao SNC: AVE prévio Rins: IRC Gravidez: Pré-eclâmpsia TRATAMENTO ↓ PA » Basal do paciente ou pelo menos 140/90 em 24 a 72h Medicação VO – pois temos mais tempo para baixar a PA » Pico de ação rápido e duração mais curta » Captopril e clonidina » Nifedipino de ação rápica não é mais tão utilizada, pois baixa a pressão muito rápido e pode causar AVCi Pseudocrise hipertensiva Elevação de PA secundária (paciente não tem LOA nem aguda nem crônica Secundária a: » Dor » Ansiedade » Estresse » Sd. pânico Tratar a causa – analgésico ou ansiolítico Hipertensão Arterial Sistêmica Secundária Quando investigar? HAS resistente – usa pelo menos 3 fármacos (incluindo diurético) Início precoce (< 30 anos) – em pacientes sem obesidade nem história familiar de HAS Piora aguda dos níveis de PA em hipertensos controlados HAS maligna – Estágio III com sinais de retinopatia III/IV Quadro de emergência hipertensiva Lesão de órgão-alvo desproporcional ao nível de PA Apneia obstrutiva do sono Obstruções recorrentes de vias aéreas superiores durante o sono, promovendo hipóxia intermitente, fragmentação do sono e ativação do sistema nervoso simpático. Achados: » Roncos » Sonolência diurna » Obesidade DIAGNÓSTICO Polissonografia » Sintomas + cinco ou mais episódios de apneia e/ou hipopneia OU » Sem sintomas + índice de apneia/hipopneia > 15 por hora TRATAMENTO CPAP – pressão positiva contínua Coarctação de aorta Redução do diâmetro da aorta torácica, distal à artéria subclávia esquerda Etiologia congênita Encontrada em crianças e jovens QUADRO CLÍNICO ↓ PA e ↓ pulso em MMII Ausência ou diminuição dos pulsos em membros inferiores Sopro sistólico interescapular e no tórax DIAGNÓSTICO Radiografia de tórax Ecocardiograma Angiotomografia de aorta torácica TRATAMENTO Cirurgia Angioplastia Drogas Cocaína e metanfetamina – estimulam o simpático causando taquicardia e aumento da resistência vascular periférica, aumentando a pressão Álcool - uso diário em doses altas Ciclosporina/tracolinus – remédios para transplantados ACO combinados Anorexígenos (sibutramina) Glicocorticóides e AINES Causas renais Doença renal parenquimatosa São as principais causas de hipertensão secundária Doses dos anti-hipertensivos devem ser ajustadas a TFG SINTOMAS Edema Fadiga Oligúria DIAGNÓSTICO TFG < 60ml/min Albuminúria significativa (> 300mg/24h) Ultrassom de rins e vias urinárias Dosagem de PTH TRATAMENTO DRC estágio > 3 / TFG > 30 » Tiazídico » BCC » IECA/BRA – Têm a capacidade de reduzir a proteinúria e diminuir a evolução da doença DRC estágio 4 e 5 / TFG < 30 » Furosemida – diurético potente » IECA/BRA não podem ser usados nesse caso, pois podem causar uma piora da função renal » Tratamento final é diálise Doença renovascular É secundária à estenose parcial ou total, uni ou bilateral da artéria renal Etiologia aterosclerótica é mais comum em idosos com fatores de risco e displasia fibromuscular em mulheres jovens SINAIS E SINTOMAS Sopro abdominal ou Piora da função renal com IECA EAP repetitivo pode ser um sinal DIAGNÓSTICO USG Doppler de artérias renais AngioTC de artérias renais Angiografia TRATAMENTO Anti-hipertensivos – cuidado com IECA/BRA Revascularização cirúrgica Percutâneo - angioplastia Hiperaldosteronismo primário As doenças da adrenal são causas importantes de HAS secundária por aumento da produção dos mineralocorticoides que fazem a reabsorção de água e sódio e causam hipertensão Hiperaldosteronismo primário Hipertensão resistente + hipocalemia espontânea (sem uso de diurético) Independe da ação da renina!!! Liberação excessiva autônoma de aldosterona que age no ducto coletor do néfron aumentando os transportadores ENaC reabsorvendo sódio e água. E elimina potássio na urina DIAGNÓSTICO Suspender espironolactona por 4 a 6 semanas para fazer os exames, pois ela antagoniza a aldosterona Hipocalemia Dosagem de aldosterona (> 15ng/dl) OU aldo/atividade plasmática de renina (>30) → Depois faz teste confirmatória da sobrecarga salina (dá NaCl 2L em 4h) que em condições normais deveria inibir a produção de renina, consequentemente menos aldosterona, só que no hiper aldo primário a aldosterona continua elevada TC ou RNM – ajudam a definir a presença de adenoma unilateral ou hiperplasia bilateral TRATAMENTO Hiperplasia adrenal – espironolactona Adenoma - cirúrgico Feocromocitoma Tríade – dor de cabeça, sudorese e taquicardia Tumores produtores de catecolaminas – células cromafins Mais comum é ser unilateral e benigno Regra dos 10 » 10% extra-adrenal » 10% maligno » 10% bilateral DIAGNÓSTICO Metanefrina urinária 24h Cateolaminas plasmáticas Metanefrinas plasmáticas – mais sensíveis, porém mais caro Ácido vanilmandélico não é muito sensível, por isso não é mais usado como primeira opção Imagem » Adrenal – TC ou RNM » Paraganglioma – cintilografia com MIBG (análogo da nora) que vai ser captado pelas células cromafins OU PET-CT de corpo inteiro TRATAMENTO Antes da cirurgia o paciente deve ser preparado » Alfa-bloqueadores por pelo menos 2 semanas, pois ao manipular a adrenal na cirurgia, vai ter liberação de catecolaminas e se for feita em doses excessivas que se ligam aos alfa receptores dos vasos e causam vasoconstrição durante a cirurgia com elevação de PA » Hidratação + beta bloqueadores Síndrome deCushing Excesso de glicocorticoides produzida por adenoma ou carcinoma de adrenal, tumor de hipófise secretor de ACTH, tumor ectópico ou causa iatrogênica QUADRO CLÍNICO Obesidade central Estrias violáceas Face em lua cheia Fraqueza muscular Hirsutismo Distúrbios metabólicos (DM e HAS) DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Cortisol livre em urina de 24 horas ou cortisol salivar (noturno) Supressão com dexa 1mg Avaliação do ACTH sérico » ↑ ACTH (depentente) – RNM crânio (hipófise) » ↓ ACTH (independente) – TC ou RNM abdômen (adrenal) TRATAMENTO Central – cirúrgico Periférica – adenoma (cirúrgico); iatrogênico (desmame da medicação) Tireoide HIPERTIREOIDISMO Estado hiperadrenérgico Droga de escolha é beta-bloqueador HIPOTIREOIDISMO Reposição de hormônio tireoidiano Anti-hipertensivos sem classe específica
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