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Metalurgia do pó Prof. Dr. André G. S. Galdino • Após esta aula, o aluno deverá ser capaz de: a) Entender o que é o processo de metalurgia do pó; b) Descrever os processos de M/P; c) Identificar os produtos fabricados por M/P; d) Indicar as etapas de fabricação de produtos obtidos por M/P. 2 1. Objetivos: PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Para melhor aproveitamento da aula, o aluno precisará dos seguintes conceitos: a) Propriedades mecânicas; b) Textura e anisotropia; c) Tratamentos térmicos. 3 2. Pré-requisitos necessários para a aula: PF1 - Dr. André G. S. Galdino 3. Introdução: • Definição: A metalurgia do pó é a técnica metalúrgica que consiste em transformar pós de metais, metalóides ou ligas metálicas, e às vezes, também substâncias não-metálicas, em peças resistentes, sem recorrer-se à fusão, mas apenas pelo emprego de pressão e calor. 4PF1 - Dr. André G. S. Galdino • A operação de aquecimento, realizada em condições controladas de temperatura, tempo e atmosfera, é chamada de sinterização. • Por ser bastante utilizada para materiais cerâmicos, a técnica de metalurgia do pó também é chamada de cerâmica dos metais. 5PF1 - Dr. André G. S. Galdino 4. Características do processo: • As principais características da metalurgia do pó são: a) Utilização de pós metálicos e não-metálicos como matéria prima; b) Ausência de fase líquida ou presença apenas parcialmente de fase líquida durante o processo de fabricação; 6PF1 - Dr. André G. S. Galdino c) Produção de peças com formas definitivas ou praticamente definitivas, dentro de tolerâncias muito estreitas, geralmente sem necessidade de operações de usinagem posteriores ou de qualquer outro tipo de acabamento; 7PF1 - Dr. André G. S. Galdino d) Produção de componentes com características estruturais e físicas impossíveis de se obter por qualquer outro processo metalúrgico; e) Obtenção de peças em grandes séries, tornando o processo altamente competitivo em relação aos processos convencionais. 8PF1 - Dr. André G. S. Galdino 5. Etapas fundamentais do processo: • A partir dos pós, obtidos de várias técnicas de fabricação, tem-se duas etapas fundamentais, a saber: a) Moldagem ou compactação pela aplicação de pressão nos pós, à temperatura ambiente, no interior de matrizes, cujas cavidades correspondem normalmente à forma e dimensões das peças finais; 9PF1 - Dr. André G. S. Galdino b) Aquecimento ou sinterização a uma temperatura abaixo da temperatura de fusão do metal ou liga considerada, sob condições controladas de temperatura, tempo e ambiente. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 10 • Essa última operação confere a resistência mecânica e outras propriedades aos compactados obtidos na etapa anterior, os quais, por estarem apenas compactados, não possuem resistência mecânica para permitir seu uso imediato. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 11 • A compactação e a sinterização são as duas operações básicas, podendo sofrer, na prática, algumas modificações, sobretudo no que se refere à compactação. • Outras operações típicas são: a) Mistura (quando se trata de vários componentes); b) Calibração ou calibragem (após a sinterização). 12PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Além dessas, podem ser realizadas ainda outras operações, a saber: a) Tratamentos térmicos; b) Tratamentos superficiais; c) Usinagem, etc. 13PF1 - Dr. André G. S. Galdino 5.1. Fluxograma do processo: 14PF1 - Dr. André G. S. Galdino Peças estruturais: • Aplicação: a) Automobilística; b) Ferramentas elétricas; c) Eletrodomésticos. 15PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Materiais: a) Aço Carbono; b) Aço Inox; c) Ferro; d) Bronze; e) Latão. 16 Peças estruturais: PF1 - Dr. André G. S. Galdino Peças estruturais: • Peças para amortecedor; • Bielas de motor; • Engrenagens. 17PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Aplicação: • Automobilística; • Eletrodomésticos; • Ferramentas elétricas; • Motores elétricos. Buchas autolubrificantes: 18PF1 - Dr. André G. S. Galdino Buchas autolubrificantes: • Materiais: a) Bronze; b) Ferro; c) Ferro Grafite; d) Ferro Bronze. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 19 Filtros metálicos: • Aplicações: • Automobilística; • Pneumática; • Combustíveis; • Máquinas; • Eletrônica. 20PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Materiais: • Bronze; • Aço inoxidável. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 21 Metal Duro e Aços Ferramenta: • Pastilhas para usinagem; • Ferramentas de corte; • Blank para ferramental. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 22 Inserto para assentos de válvula: Imagens: Dr. Jesualdo Luiz Rossi - IPEN • Aplicação: motores à combustão. 23PF1 - Dr. André G. S. Galdino Componentes Cerâmicos: • Aplicação: a) Corpo de velas; b) Isoladores elétricos; c) Aplicações contra desgaste; d) Aplicação contra corrosão; e) Aplicação em altas temperaturas. 24PF1 - Dr. André G. S. Galdino Materiais de Fricção: • Aplicação: • Discos de embreagem; • Pastilhas de freio. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 25 Contatos elétricos: • Aplicação: a) Contatores; b) Relês; c) Chaves e Interruptores. 26PF1 - Dr. André G. S. Galdino Fotos Carbono Lorena e Carbomec • Aplicação: • Motores elétricos; • Alternadores. 27 Escovas elétricas: PF1 - Dr. André G. S. Galdino Materiais magnéticos (SMC; Imãs): • Aplicação: a) Injeção de Combustível; b) Componentes de motor elétrico; c) Imãs; d) Tubos de TV. 28PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Eletrodos de solda. 29 Filamentos de Lâmpada: PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Aplicação: • Indústria aeronáutica e aerospacial; • Equipamentos esportivos de alto desempenho. 30 Peças especiais: PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Aplicação: • Caixas de relógio; • Armação de óculos; • Teclado para celulares. 31 Bens de consumo obtidos por MIM (Metal Injection Molding): PF1 - Dr. André G. S. Galdino Aplicações médicas e dentárias: Fotos Dra. Isolda Costa - IPEN • Aplicação: • Peças para aparelhos ortodônticos; • Implantes ortopédicos temporários. 32PF1 - Dr. André G. S. Galdino Indústria alimentícia e farmacêutica: • Aplicação: • Adição de elementos como o ferro em alimentos; • Fabricação de pílulas farmacêuticas . 33PF1 - Dr. André G. S. Galdino PF1 - Dr. André G. S. Galdino 34 Fotos Máquinas Neuberger 6. Vantagens e limitações do processo: • As vantagens do processo são: 1. Possibilidade de produzir e conformar metais impossíveis ou muito difíceis de serem obtidos pelos processos metalúrgicos convencionais (metais refratários, metal duro, etc.); 35PF1 - Dr. André G. S. Galdino 2. Possibilidade de obtenção de características estruturais especiais, como porosidade controlada (materiais para mancais auto- lubrificantes, filtros metálicos, etc.); 3. Possibilidade de associar-se metais diferentes para a obtenção de materiais em que ficam mantidas as características próprias de cada componente metálico (contatos elétricos de W – Ag; W – Cu, etc.); PF1 - Dr. André G. S. Galdino 36 4. Possibilidade de obtenção de materiais caracterizados pela associação de metais com materiais não-metálicos (discos e materiais de fricção, escovas coletoras de corrente, combinação de materiais metálicos com materiais cerâmicos, etc.); 5. Possibilidade de ser exercido controle rigoroso do produto acabado, em vista da capacidade de partir-se de metais extremamente puros; PF1 - Dr. André G. S. Galdino 37 6. Eliminação prática de rebarbas ou de qualquer excesso de material na forma de rebarbas. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 38 • É necessário, contudo, que as séries a serem fabricadas na maioria dos casos sejam grandes, dado o elevado custo do ferramental empregado (matrizes e componentes de compactação), principalmente quando as peças apresentam formas complexas. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 39 • As principais limitações são: 1. Necessidade de volume alto de produção de peças, para que o processo seja competitivo com as técnicas convencionais; 2. Limitação das dimensões das peças, pois à medida que as dimensões das peças aumentam,é necessário utilizar prensas de compactação com maior capacidade, que geram dificuldades técnicas muito grandes a um custo elevado. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 40 • Porém, já tem sido possível fabricar peças com pesos superiores a 5 kg, o que demonstra que até mesmo a dificuldade dimensional está sendo ultrapassada. • Esse processo tem se tornado uma opção para substituir processos convencionais, tais como: fundição sob pressão, forjamento, fundição de precisão, estampagem, usinagem, etc. 41PF1 - Dr. André G. S. Galdino • As vantagens que vem fazendo a metalurgia do pó substituir esses processos são: 1. Produção de milhares de peças por hora; 2. Produção de formas complexas; 3. Produção de peças com forma definitiva ou próxima da definitiva, com tolerâncias estreitas; 4. Eliminação das operações de acabamento (economia de matéria prima, tempo e energia). 42PF1 - Dr. André G. S. Galdino 7. Matérias primas: • As matérias primas na metalurgia do pó são pós metálicos e não metálicos, cujas características tecnológicas influem não só no comportamento do pó durante o seu processamento, como também nas qualidades finais do produto sinterizado. • Essas características que devem ser conhecidas e controladas são as seguintes: 43PF1 - Dr. André G. S. Galdino 1. Tamanho da partícula e distribuição de tamanho: as dimensões das partículas variam entre cerca de 400 a 0,1 m. Por outro lado, visto ser raro encontrar-se partículas de tamanho uniforme, é sempre necessário determinar-se a distribuição quantitativa de partículas entre as diversas dimensões, o que se faz geralmente pelo processo de peneiramento; 44PF1 - Dr. André G. S. Galdino 45PF1 - Dr. André G. S. Galdino 46PF1 - Dr. André G. S. Galdino 2. Forma da partícula: de acordo com os processos de fabricação dos pós, suas partículas exibem uma grande variedade de formas: esféricas uniformes (processo carbonila), esferóides em gotas (processo de atomização), esponjosa irregular (processo de redução), dendrítica (processo eletrolítico), angular (processo de moagem) e assim por diante; 47PF1 - Dr. André G. S. Galdino 48PF1 - Dr. André G. S. Galdino 49PF1 - Dr. André G. S. Galdino 3. Porosidade da partícula: a porosidade interna das partículas afeta obviamente a porosidade do produto acabado, além de influenciar o comportamento do pó durante seu processamento; 4. Estrutura da partícula: aparentemente, as partículas consistindo em grande número de grãos muito finos tendem a promover compressibilidade do pó, ao passo que partículas de um só grão ou de poucos grãos apresentam maior resistência à compactação pela aplicação de pressão; 50PF1 - Dr. André G. S. Galdino 5. Superfície específica: o número de pontos de contato entre as partículas durante a sinterização depende dessa superfície, o que comprova a importância do conhecimento dessa característica; 6. Densidade aparente: relação de g/cm3, importante porque, na maioria das matrizes de compressão, o enchimento de suas cavidades é feito por volume. 51PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Além disso, o curso de compressão, nessa operação e, em consequência, a profundidade das matrizes dependem do volume ocupado pelo pó ao amontoar-se no seu interior. A densidade aparente constitui, assim, um fator quase decisivo na escolha do tipo de pó; 52PF1 - Dr. André G. S. Galdino 7. Velocidade de escoamento: ou seja, a capacidade do pó escorrer, sob condições atmosféricas, sobre planos inclinados, no interior da cavidade da matriz, dentro de um determinado intervalo de tempo; 53PF1 - Dr. André G. S. Galdino 8. Compressibilidade: é a “capacidade de um pó ser conformado em briquete de um volume predeterminado a uma dada pressão” ou “relação entre a densidade aparente de um briquete simplesmente comprimida (chamada densidade verde) e a densidade aparente do pó”; 9. Composição química e pureza: os pós metálicos podem ser produzidos com considerável pureza, acima de 99%. 54PF1 - Dr. André G. S. Galdino 8. Métodos de fabricação de pós metálicos: • Serão abordados de forma superficial os vários processos de fabricação de pós metálicos, a saber: a) Moagem; b) Atomização; c) Condensação; d) Decomposição térmica; e) Redução; f) Eletrólise. 55PF1 - Dr. André G. S. Galdino 8.1. Moagem: • Empregado na produção de metais e ligas friáveis, tais como Cu-Al, Al-Mg, Ni-Fe e outras. • Na realidade, a técnica de moagem se presta principalmente para reduzir determinados pós a partículas de menores dimensões, como é o caso de carbonetos duros sinterizados. • O equipamento utilizado consta principalmente de moinhos de bola. 56PF1 - Dr. André G. S. Galdino 8.2. Atomização: • É este um dos processos mais importantes, porque por seu intermédio são produzidos os pós mais utilizados na metalurgia do pó, tais como ferro, aço, estanho, chumbo, cobre, bronze, latão e outros. • Em princípio, o processo consiste em forçar o metal ou a liga, no estado líquido, a passar através de um pequeno orifício e desintegrar a corrente líquida formada, mediante um jato de ar comprimido, vapor ou gás inerte. 57PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Isto promove a solidificação do metal em partículas finamente divididas, as quais são colhidas em coletores especiais por meio de um sistema de sucção. 58PF1 - Dr. André G. S. Galdino 8.3. Condensação: • O processo é, na realidade, a combinação de dois processos químicos: condensação e redução, pois a primeira etapa consiste na evaporação de um óxido do metal (geralmente ZnO, visto ser este o principal metal a ser obtido na forma pulverulenta por este processo), seguindo-se uma redução a vapor de zinco por parte de CO; o vapor de zinco é em seguida condensado na forma de pó. 59PF1 - Dr. André G. S. Galdino 8.4. Decomposição térmica: • A aplicação mais importante é o método carbonila, empregado sobretudo na obtenção de pós de ferro e níquel. • Os carbonilas desses materiais apresentam fórmulas respectivamente de Fe(CO)5 e Ni(CO)4, os quais são preparados a partir dos metais na forma esponjosa, sobre os quais se faz passar uma corrente de CO a temperaturas e pressões determinadas. 60PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Tais carbonilas são, em seguida, decompostas quando a pressão é reduzida e a temperatura é elevada. • As partículas que se originam apresentam uma forma quase esférica de diâmetros entre 0,01 a 10 m. • Apresentam alta pureza e excelente compressibilidade, além de ótimas propriedades de sinterização. São aplicados em empregos especiais. 61PF1 - Dr. André G. S. Galdino 8.5. Redução: • Constitui também um dos processos mais empregados na fabricação de pós metálicos, principalmente tungstênio, molibdênio, ferro, cobre, níquel e cobalto. • A redução é feita a partir de óxidos, os quais são moídos até uma certa finura sob condições controladas de temperatura e pressão. 62PF1 - Dr. André G. S. Galdino • A principal vantagem do processo é sua flexibilidade, pois variando-se o tamanho de partículas dos óxidos, a temperatura de redução, o tipo de agente redutor, é possível controlar dentro de largos limites o tamanho da partícula metálica resultante, a sua densidade aparente e outras características. 63PF1 - Dr. André G. S. Galdino 8.6. Eletrólise: • Processo igualmente muito empregado. • Metais como cobre, ferro, níquel, estanho, prata e chumbo podem ser produzidos de forma pulverulenta por precipitação eletrolítica de soluções. • O método permite também controle rigoroso das características dos pós, pela regulagem da intensidade de corrente, temperatura do banho, concentração e composição do eletrólito, tamanho e disposição dos eletrodos, etc. 64PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Existem algumas opções para os processos acima mencionados, os quais devem ser considerados como processos básicos. • É o caso, por exemplo, de pó de ferro. Um dos processos alternativos consiste em obter-se inicialmente uma liga Fe-C de alto carbono; essa liga é desintegrada com jato de água a alta pressão, resultando partículas metálicasricas em carbono e em óxido de ferro. 65PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Levadas a fornos especiais, com várias zonas de aquecimento, ocorre entre as temperaturas de 900°C e 1250°C uma reação entre o Fe3O4, o Fe3C e CO; • Os teores de carbono do ferro (assim como de oxigênio) são reduzidos a valores relativamente baixos, obtendo-se pós de características muito boas para a produção de peças sinterizadas de ferro, aço comum e alguns aços especiais de baixo teor em liga. 66PF1 - Dr. André G. S. Galdino 67PF1 - Dr. André G. S. Galdino 9. Mistura dos pós: • Esta é a primeira operação ou primeira etapa do processo de metalurgia do pó. • Os objetivos da mistura são: a) Misturar pós de naturezas diferentes; b) Assegurar lotes de pós uniformes; c) Produzir lotes com características específicas de distribuição e tamanho de partículas. 68PF1 - Dr. André G. S. Galdino • O equipamento empregado consiste em moinhos de bola, misturadores de pás ou de rolos, homogeneizadores, etc. 69PF1 - Dr. André G. S. Galdino 9.1. Misturadores: • Os modelos mais usados são: 70 Duplo - Cone “Y”PF1 - Dr. André G. S. Galdino 10. Compactação dos pós: • É uma das operações básicas do processo. • O pó é colocado em cavidades de matrizes montadas em prensas de compressão, especialmente fabricadas para a técnica de metalurgia do pó, onde é comprimido a pressões determinadas, de acordo com o tipo de pó usado e com as características desejadas nas peças sinterizadas. 71PF1 - Dr. André G. S. Galdino 72PF1 - Dr. André G. S. Galdino 73PF1 - Dr. André G. S. Galdino • As etapas de compactação, considerando um exemplo relativamente simples, são as seguintes: 74PF1 - Dr. André G. S. Galdino 75PF1 - Dr. André G. S. Galdino • As pressões de compactação exigidas na metalurgia do pó variam com os vários materiais a serem produzidos, com as características dos pós metálicos, com a quantidade e a qualidade do lubrificante adicionado na mistura dos pós. 76PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Em linhas gerais, as cifras indicativas das pressões de compressão aconselhadas são as seguintes: 77PF1 - Dr. André G. S. Galdino Material Pressão (t/cm2) Peças de latão 4,0 a 7,0 Buchas autolubrificantes de bronze 2,0 a 3,0 Escovas coletoras Cu-Grafita 3,5 a 4,5 Metal duro 1,0 a 5,0 Buchas porosas de ferro 2,0 a 4,0 Peças de ferro e aço de baixa densidade 3,0 a 5,0 Peças de ferro e aço de média densidade 5,0 a 6,0 Peças de ferro e aço de alta densidade 5,0 a 10,0 78PF1 - Dr. André G. S. Galdino • A relação de compressão (relação entre a densidade verde para a densidade do pó) varia de 3,0 para 1, dependendo do tipo de liga. • As prensas utilizadas na metalurgia do pó operam com o princípio de enchimento da cavidade da matriz por volume, sobretudo em se tratando de prensas acionadas mecanicamente. 79PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Algumas prensas hidráulicas operam com o princípio de enchimento por peso, o que deve ser feito quase que manualmente, com prejuízo para a produção. • As prensas mecânicas são automáticas e nelas pode-se, em alguns casos, atingir uma produção de 100 peças por minuto. 80PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Nessas prensas, o controle da pressão se faz pelo controle do avanço do punção. • Nas hidráulicas, o controle é feito pela medida da pressão, ou seja, a máxima pressão é fixada de início e ela determina o avanço do punção. 81PF1 - Dr. André G. S. Galdino Simples ação: Dupla ação: Linha neutra deslocada para baixo Linha neutra centralizada A maneira como compacta-se o pó influencia a distribuição da densidade ao longo da peça. 82PF1 - Dr. André G. S. Galdino 83PF1 - Dr. André G. S. Galdino 84PF1 - Dr. André G. S. Galdino 11. Matrizes para compactação: • Um dos problemas mais importantes a considerar na confecção das matrizes de metalurgia do pó está relacionado com as tolerâncias dimensionais. • Tolerâncias estreitas podem ser conseguidas em formas relativamente simples; por exemplo, para peças até 5 cm de dimensão maior, conseguem-se tolerâncias de mais ou menos 0,025 mm na direção radial e mais ou menos 0,127 mm na direção radial. 85PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Se possível, deve-se procurar tolerâncias dimensionais as mais amplas, o que nem sempre é viável, visto que justamente uma das vantagens do processo é obter peças de precisão praticamente acabadas. 86PF1 - Dr. André G. S. Galdino • As folgas entre as paredes da matriz e o punção devem ser tais que não dificultem o movimento relativo das partes componentes da matriz, permitam o escape de gases durante a aplicação de pressão, e evite que os pós finos penetrem nos espaços entre as paredes da matriz e o punção, o que pode dificultar o movimento do punção e acelerar o desgaste da matriz. 87PF1 - Dr. André G. S. Galdino • As matrizes são confeccionadas com aço indeformável de alto cromo e alto carbono (AISI D2, por exemplo), temperado e revenido. • Frequentemente são revestidas de cromo duro ou são fabricadas com núcleo de metal duro. 88PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Devido a seu elevado custo, a duração das matrizes e dos respectivos componentes deve corresponder a dezenas ou, se possível, a centenas de milhares de peças compactadas. 89PF1 - Dr. André G. S. Galdino Imagem fornecida por Aloisio Klein – UFSC Peças com vários níveis exigem ferramentais com maior número de componentes. Desta forma, a distribuição da densidade é melhor controlada (posição da linha neutra). Linha Neutra Punções inferiores Macho Punção superior matriz 90PF1 - Dr. André G. S. Galdino • O ferramental de compactação, independente da sua complexidade, deve ter como características: a) Acabamento polido em todas as superfícies que terão contato com o pó. b) Tolerâncias de montagem milesimais entre os componentes. c) Alta resistência ao desgaste e alta tenacidade. d) Prensas com grande precisão dimensional. 91PF1 - Dr. André G. S. Galdino 92PF1 - Dr. André G. S. Galdino Fabricação da FerramentaSimulação e Projeto 93PF1 - Dr. André G. S. Galdino 12. Sinterização: • Consiste no aquecimento das peças comprimidas a temperaturas específicas, sempre abaixo do ponto de fusão do metal- base da mistura, eventualmente acima do ponto de fusão do metal secundário da mistura, em condições controladas de velocidade de aquecimento, tempo à temperatura, velocidade de resfriamento e atmosfera do ambiente de aquecimento. 94PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Nos casos de certas peças de metal duro, entre outros, é necessário se realizar uma sinterização prévia (pré-sinterização), a uma temperatura mais baixa com o objetivo de conferir a briquetes compactados condições de serem usinados antes da sinterização final. 95PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Os fornos de sinterização são a gás ou elétricos por resistência ou por indução (fornos a vácuo geralmente). • São normalmente do tipo contínuo, com esteira, com empurradores ou com vigas movediças. 96PF1 - Dr. André G. S. Galdino 97 Figura 1 – Tipo comum de forno de sinterização empregado em metalurgia do pó. PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Nos fornos a resistência, os elementos de aquecimento, em fios, fitas ou barras, são de Ni-Cr para temperaturas até 1150°C, de carboneto de silício (Globar) até temperaturas da ordem de 1400°C, de molibdênio ou tungstênio, até temperaturas da ordem de 1550°C (neste caso, exigindo atmosfera protetora redutora de hidrogênio). 98PF1 - Dr. André G. S. Galdino • No caso de metais refratários (W, Mo e Ta), faz-se passar uma corrente através das peças desses metais, o que permite atingir temperaturas da ordem de 3000°C. • Pode-se também sinterizar a alta frequência, sob vácuo, atingindo-se assim temperaturas de aproximadamente 2000°C. 99PF1 - Dr. André G. S. Galdino • As atmosferas protetoras empregadas na sinterização, além da sua completa ausência (sinterização sob vácuo), compreendem: a) Hidrogênio: puro e seco, para metal duro, aço inoxidável, ímãs permanentes, etc.; b) Amônia dissociada:contendo 75% de hidrogênio e 25% de nitrogênio, para peças de ferro e aço; 100PF1 - Dr. André G. S. Galdino c) Gás endotérmico: contendo de 35 a 40% de hidrogênio, em torno de 40 a 45% de nitrogênio e cerca de 1% de CH4, para peças de Fe-C e Fe-C-Cu; d) Gás exotérmico: contendo de 1 a 12% de hidrogênio, 70 a 86% de nitrogênio, 1 a 10% de CO e 5 a 10% de CO2, para peças de Fe e Fe-Cu; 101PF1 - Dr. André G. S. Galdino e) Gás de gasogênio: contendo de 60 a 65% de nitrogênio e 30 a 35% de CO, para peças de ferro e bronze (pouco usados). • O fenômeno de sinterização, face às inúmeras teorias existentes a respeito, pode ser explicado da seguinte forma: 102PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Adesão inicial das partículas metálicas, cujos pontos de contato aumentam com a temperatura sem que, nessa fase inicial, ocorra qualquer contração de volume e apenas com pequena fluência na difusão superficial; • À medida que aumenta a temperatura, ocorre um aumento de densidade, acompanhado de esferoidização e progressivo fechamento dos vazios; 103PF1 - Dr. André G. S. Galdino • Finalmente, mediante uma difusão nos contornos dos grãos, desaparecem os últimos vazios arredondados e isolados. • Na realidade, o processo de sinterização se baseia na ligação atômica entre superfícies de partículas vizinhas. • Como seria de prever, ocorrem também fenômenos de recristalização e crescimento de grão, em função da temperatura e do tempo de sinterização. 104PF1 - Dr. André G. S. Galdino Temperaturas, tempos e atmosferas de sinterização típicos para vários materiais. Material Temperatura (°C) Tempo mínimo (min) Atmosfera Bronze 760-870 10-20 Hidrogênio, amôniadissociada, gás exotérmico Cobre 840-900 12-45 Idem Latão 840-900 10-45 Idem Ferro e Fe- grafita-Cu 1000-1150 8-45 Idem Níquel 1000-1150 30-45 Idem Aço inoxidável 1090-1285 30-60 Hidrogênio, amônia dissociada, vácuo Ímãs Alnico 1215-1300 120-150 hidrogênio, Metal duro 1425-1480 20-30 Hidrogênio - vácuo 105PF1 - Dr. André G. S. Galdino Alimentação Forno contínuo: 106PF1 - Dr. André G. S. Galdino Pré Aquecimento: 500 - 800°C O lubrificante é retirado da peça Sinterização: Bronze: 780 - 840°C Aço: 1050 - 1150°C Ligação metalurgica das partículas de pó Resfriamento: A micro-estrutura do material é formada 107PF1 - Dr. André G. S. Galdino Imagens cedidas por Daniel Rodrigues Sinterização por fase sólida: A temperatura promove a união das partículas do pó. Isto ocorre a temperaturas abaixo do ponto de fusão do material, porém suficiente para criar um “pescoço” de ligação entre as partículas de pó. Sinterização por fase líquida: Outra maneira de sinterizar-se o material é utilizando-se dois materiais com ponto de fusão diferentes. O material com menor ponto de fusão se liquefaz e interconecta a partícula do outro pó. 108PF1 - Dr. André G. S. Galdino 13. Etapas do Processo: Etapas Complementares 109PF1 - Dr. André G. S. Galdino 13.1. Calibragem: • A porosidade existente na peça sinterizada permite que esta seja levemente conformada após a sinterização, permitindo desta forma obter tolerâncias dimensionais mais precisas. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 110 • Este processo é praticamente obrigatório na fabricação de buchas auto-lubrificantes. Isto porque tolerâncias estreitas são exigidas em seu diâmetro interno, região onde um eixo retificado trabalhará (motores elétricos, alternadores, motores de arranque, eletrodomésticos, ferramentas elétricas). PF1 - Dr. André G. S. Galdino 111 • Esta etapa exige a fabricação de um ferramental apropriado, diferente do usado na compactação. A prensa de calibragem é mais simples e rápida do que a prensa de compactação. • Geralmente o processo é automatizado, principalmente no caso de grandes lotes de peças. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 112 113PF1 - Dr. André G. S. Galdino 13.2. Impregnação: • Processo empregado principalmente em buchas auto-lubrificantes. Consiste no preenchimento dos poros da peça com óleo. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 114 PF1 - Dr. André G. S. Galdino 115 • O óleo permite a lubrificação da superfície da bucha quando o eixo que nela trabalha encontra-se em movimento. • Quando o eixo para, o óleo, pela ação da capilaridade, retorna para o interior da bucha. • Peças estruturais e outros produtos sinterizados também podem, quando desejado, beneficiar-se deste recurso. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 116 • Geralmente são utilizados óleos minerais normais, porém para aplicações específicas podem ser utilizados óleos especiais. • Alguns exemplos são aplicações que tem contato com alimentos (copo do liquidificador, blenders) ou temperaturas elevadas (ventilador usado no radiador automotivo). PF1 - Dr. André G. S. Galdino 117 13.3. Infiltração metálica: • O processo tem o mesmo conceito da impregnação a óleo, porém utiliza-se neste caso um metal para preencher a porosidade da peça. • Na região infiltrada, o material tem sua resistência mecânica aumentada e sua porosidade selada. • O metal a ser infiltrado tem um ponto de fusão inferior ao da peça a ser tratada. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 118 • Sob a forma de pastilha ou pasta, o material é aplicado sobre a peça principal e através de aquecimento ele é liquefeito e infiltrado na porosidade. • Geralmente é aplicado na peça verde e ocorre durante a sinterização. • É um processo caro e trabalhoso. Geralmente pode ser substituído por outros recursos como aumento de densidade e/ou mudança de material. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 119 13.4. Impregnação com resina: • Assim como a infiltração metálica ou a impregnação com óleo, os poros da peça são preenchidos com um determinado material. Neste caso, uma resina especial. • O processo é empregado quando a peça for posteriormente passar por um tratamento superficial processado em meio líquido (Zincagem, niquelação, eletrólise). PF1 - Dr. André G. S. Galdino 120 • É um processo que aumenta a resistência mecânica do material, bem como a resistência à fadiga. • Esse processo sela a porosidade, permitindo o uso em aplicações onde seja exigida a estanqueidade. • Restrição: A resina pode trabalhar a temperaturas de até 250°C (valor aproximado - depende da resina utilizada). PF1 - Dr. André G. S. Galdino 121 14. Tratamentos superficiais: • São de dois tipos: a) Ferroxidação (steam treatment); b) Camada metálica. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 122 14.1. Tratamentos superficiais – ferroxidação (steam treatment): • Consiste em oxidar-se a superfície do metal ferroso. • Ao contrário do óxido vermelho conhecido por ferrugem (FeO; Fe2O3), o óxido formado neste processo - Fe3O4 (magnetita) - é estável e confere boa aparência à peça. Sua coloração é azul escuro / preta. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 123 • É empregado quando deseja-se: a) Vedar a porosidade do sinterizado em aplicações onde seja exigida a estanqueidade; b) Aumentar a dureza superficial da peça para aplicações de desgaste - é um óxido extremamente duro - 1000HV 0,005; c) Melhorar a resistência à oxidação; d) Efeito estético: Melhorar a aparência da peça. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 124 125PF1 - Dr. André G. S. Galdino 14.2. Tratamentos superficiais – camada metálica: • Estes tratamentos são aplicados e têm resultados semelhantes aos dos materiais convencionais (usinados, fundidos, estampados, etc.). • Os principais tratamentos são: zincagem, níquel químico e níquel eletrolítico. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 126 14.2.1. Zincagem: • Aplica-se uma camada de zinco sobre a superfície da peça. • Protege a peça contra oxidação. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 127 14.2.2. Níquel químico: • Aplica-se uma camada de níquel através de deposição química. • Após o processo de envelhecimento, a camada fica extremamente dura (acima de 1100HV 0,1). • Possui baixo coeficiente de atrito. • Protege a peça contra oxidação. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 128 14.2.3. Níquel eletrolítico: • Aplica-se uma camada de níquel por processo eletrolítico.• Efeito estético: Melhorar a aparência da peça. • Proteção anticorrosiva, porém inferior ao níquel químico. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 129 • Importante: A peça sinterizada deve passar por um processo de selagem de poros antes de passar por qualquer tratamento que envolva imersão em líquidos. • Se isto não for feito, estes líquidos serão absorvidos e posteriormente contaminarão a superfície da peça e o meio onde ela trabalha. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 130 15. Tratamentos térmicos: • Estes tratamentos são aplicados e têm resultados semelhantes aos dos materiais convencionais (usinados, fundidos, estampados, etc.). • Os tratamentos térmicos comuns mais utilizados são: têmpera e revenimento, cementação, nitretação, carbonitretação e nitretação a plasma. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 131 15.1. Sinter hardening: • Processo de endurecimento do material, realizado em forno de sinterização adaptado para o processo. • Consiste em resfriar a peça logo após sua saída da zona de sinterização. • Comparado ao tratamento de tempera e revenimento, causa uma distorção menor na peça e por isto é bem vindo em casos de peças com tolerâncias apertadas. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 132 • Deve ser evitado em peças que passem por usinagem posterior. PF1 - Dr. André G. S. Galdino 133 Referências: • CHIAVERINI, V. Tecnologia Mecânica, Vol. II, 2ª Edição, São Paulo: McGrawHill, 1986. • CHIAVERINI, V. Metalurgia do pó – técnicas e produtos, 3ª Edição, São Paulo: ABM, 1992. • Material da Recompó - Rede Cooperativa da Metalurgia do Pó 134PF1 - Dr. André G. S. Galdino