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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO MECÂNICA CONTRIBUIÇÃO DE UM PROGRAMA DE SUGESTÕES PARA GESTÃO DO CONHECIMENTO EM UMA EMPRESA PRODUTORA DE CALÇADOS: UM ESTUDO DE CASO Marcel de Gois Pinto João Pessoa 2005 MARCEL DE GOIS PINTO CONTRIBUIÇÃO DE UM PROGRAMA DE SUGESTÕES PARA GESTÃO DO CONHECIMENTO EM UMA EMPRESA PRODUTORA DE CALÇADOS: UM ESTUDO DE CASO Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Engenharia de Produção Mecânica da Universidade Federal da Paraíba em cumprimento às exigências para conclusão de curso. Orientadora: Profª. Drª. Maria do Socorro Márcia L. Souto João Pessoa 2005 MARCEL DE GOIS PINTO CONTRIBUIÇÃO DE UM PROGRAMA DE SUGESTÕES PARA GESTÃO DO CONHECIMENTO EM UMA EMPRESA PRODUTORA DE CALÇADOS: UM ESTUDO DE CASO BANCA EXAMINADORA - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - Profª. Drª. Maria do Socorro Márcia L. Souto Departamento de Engenharia de Produção/CT/UFPB - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (Nome do Professor Examinador) Departamento de Engenharia de Produção/CT/UFPB - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - (Nome do Professor Examinador) Departamento de Engenharia de Produção/CT/UFPB “A mente humana é o ativo mais flexível que uma empresa tem, e também o mais rígido. Pessoas são capazes de ter os mais espantosos arroubos de intuição, e ao mesmo tempo, de se apegar tenazmente aos detalhes mais insípidos e improdutivas rotinas”. (Leonard – Barton) AGRADECIMENTOS Ao Eterno Pai, por força, luz e Amor infinito, que me colocam sempre de pé e a caminho. Aos meus pais e minha irmã, pelo amor silencioso, mas, sobretudo presente em todos os momentos em cada pequeno gesto. A toda minha família, por amor tão grande, exemplo e por sempre acreditar que posso mais e mais À minha orientadora Prof. Márcia Souto pelo incentivo, sinceridade, disponibilidade e clareza mesmo antes da elaboração deste trabalho. A todos os mestres pelo conhecimento, sabedoria e experiências Aos Sr(s) Florivaldo, Lourival, Rosenildo e Carlos Mesquita, pela oportunidade a mim concedida de experiência de aprendizado profissional, confiança e estima a mim destinadas. A todos aqueles amigos, irmãos que escolhi, a quem os nomes ocultarei por receio de tornar demasiado longa esta lauda. SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. 8 LISTA DE QUADROS ................................................................................................ 9 RESUMO.................................................................................................................. 10 ABSTRACT .............................................................................................................. 11 CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................ 12 1.1 – DEFINIÇÃO DO TEMA ....................................................................................... 12 1.2 – JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 14 1.3 – OBJETIVOS ..................................................................................................... 16 1.3.1 – Objetivo Geral ....................................................................................... 16 1.3.2 – Objetivos Específicos ............................................................................ 16 CAPÍTULO 2 - MARCO TEÓRICO .......................................................................... 17 2.1 – GESTÃO DO CONHECIMENTO ........................................................................... 18 2.1.1 – Tipos de Conhecimento ........................................................................ 19 2.1.2 – Criação do Conhecimento ..................................................................... 21 2.1.3 – Abordagem Adotada ............................................................................. 28 2.2 – PROGRAMAS DE SUGESTÃO............................................................................. 33 2.3 – INDUSTRIA CALÇADISTA ................................................................................... 36 CAPÍTULO 3 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ....................................... 41 3.1 – ABORDAGEM DO PROBLEMA ............................................................................ 41 3.2 – CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ......................................................................... 41 3.3 – ÁREA DE ATUAÇÃO ......................................................................................... 43 3.4 – CONSTRUÇÃO DO MODELO DE ANÁLISE ............................................................ 44 3.5 – INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ............................................................. 45 3.6 – TRATAMENTO DOS DADOS ............................................................................... 45 CAPÍTULO 4 – IDENTIFICAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES DE UM PROGRAMA DE SUGESTÃO EM UMA EMPRESA CALÇADISTA – ESTUDO DE CASO ............... 46 4.1 – CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA OBJETO DO ESTUDO DE CASO ............................ 46 4.2 – PROGRAMA DE SUGESTÕES DA EMPRESA OBJETO DO ESTUDO DE CASO.............. 50 4.2.1 – Estrutura do Programa de Sugestões ................................................... 50 4.2.2 – Sistema de Informações do Programa de Sugestões ........................... 52 4.2.4 – Indicadores ............................................................................................ 54 4.2.5 – Resultados ............................................................................................ 54 4.3 – IDENTIFICAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES DO PROGRAMA DE SUGESTÕES PARA A GESTÃO DO CONHECIMENTO NA EMPRESA OBJETO DO ESTUDO DE CASO ................................... 58 4.3.1 – Geração do Conhecimento ................................................................... 58 4.3.2 – Codificação ........................................................................................... 63 4.3.3 – Transferência e Utilização ..................................................................... 63 CAPÍTULO 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................ 65 BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................... 67 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – EVOLUÇÃO DA TECNOLOGIA E METODOLOGIA DE GESTÃO ....... 14 FIGURA 2 - MARCO INICIAL DA ERA DA INFORMAÇÃO ...................................... 17 FIGURA 3 – ESPIRAL DO CONHECIMENTO .......................................................... 22 FIGURA 4 - ESPIRAL DE CRIAÇÃO DO CONHECIMENTO .................................... 24 FIGURA 5 - ORGANOGRAMA CORPORATIVO ...................................................... 46 FIGURA 6 - ORGANOGRAMA DA UNIDADE PESQUISADA .................................. 48 FIGURA 7 - PÁGINA INICIAL DO SISTEMA DO PROGRAMA DE SUGESTÕES ... 52 FIGURA 8 - FLUXOGRAMA DO PROCESSO DE TRAMITAÇÃO DE UMA IDÉIA .. 53 FIGURA 9 - STATUS DAS SUGESTÕES CADASTRADAS ..................................... 55 FIGURA 10 - % DE PARTICIPAÇÃO POR SETOR .................................................. 56 FIGURA 11 - % DE IDÉIAS POR SETOR ................................................................. 56LISTA DE QUADROS QUADRO 1 - COMPARAÇÃO ENTRE CONHECIMENTO EXPLÍCITO E TÁCITO .. 22 QUADRO 2 - FORMAS E DIMENSÕES DE PARTICIPAÇÃO DOS TRABALHADORES ........................................................................................... 35 QUADRO 3 - MERCADO DE CALÇADOS NO BRASIL ........................................... 36 QUADRO 4 - ESTADOS PRODUTORES DE CALÇADOS....................................... 37 QUADRO 5 - MERCADO MUNDIAL DE CALÇADOS .............................................. 38 QUADRO 6 - EXPORTAÇÃO CALÇADISTA BRASILEIRA – SÉRIE HISTÓRICA ... 38 QUADRO 7 - DESTINO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS – 2004 .................... 39 QUADRO 8 - EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS POR ESTADO – 2004 .................... 40 QUADRO 9 - MODELO DE ANÁLISE ....................................................................... 44 QUADRO 10 - INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ..................................... 45 QUADRO 11 - DESEMPENHO FINANCEIRO DA EMPRESA ESTUDADA ............. 47 QUADRO 12 - CRITÉRIOS DE PONTUAÇÃO – SUGESTÕES INTANGÍVEIS ........ 51 QUADRO 13 - INDICADORES DO PROGRAMA DE SUGESTÕES ........................ 54 QUADRO 14 - METAS GERAIS DO PROGRAMA: RESULTADOS ......................... 57 QUADRO 15 - CONVERSÃO DO CONHECIMENTO IDENTIFICADA ..................... 61 RESUMO PINTO, Marcel de Gois. Contribuição de um Programa de Sugestões para a Gestão do Conhecimento em uma Empresa Produtora de Calçados: um estudo de caso. 2006. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Graduação em Engenharia de Produção Mecânica, UFPB, João Pessoa. Desde o surgimento das primeiras fábricas até os dias atuais, muito tem se discutido sob as formas de participação dos trabalhadores. Nessa discussão, há quem entenda que a participação dos trabalhadores nas organizações é boa tanto para a empresa quanto para os trabalhadores, outros entendem que essa é boa somente para as empresas. À margem dessa discussão, busca-se, neste trabalho, entender em que a participação dos trabalhadores pode colaborar para a gestão do conhecimento nas organizações. O surgimento de um novo paradigma, a era do conhecimento, justifica a importância desse tema, pois nesse período pós-industrial, o conhecimento passa a ser o capital de maior importância para as empresas. Deste modo, este trabalho almeja apresentar as contribuições que um programa de sugestões pode oferecer para a gestão do conhecimento em uma empresa produtora de calçados. Para a concretização desse escopo, foi utilizada a metodologia do estudo de caso, sendo pesquisada uma empresa de grande porte na indústria calçadista. Essa empresa adota um programa de sugestões como forma de participação dos trabalhadores. Pôde-se observar que, muitas contribuições são obtidas a partir deste programa, tanto no que diz respeito à geração, quanto à codificação, transferência e utilização do conhecimento, ou seja, em todos os aspectos da gestão do conhecimento dentro da abordagem de Davenport (1998). ABSTRACT PINTO, Marcel de Gois. Suggestions Program Contribution for the Knowledge Management in a Producing Footwear Company: study case. 2006. Course Conclusion Work. Industrial Mechanics Engineering Graduation Course, UFPB, João Pessoa. Since the sprouting of the first factory until the current days, much if has argued under the forms of workers participation. In this quarrel, it has who understands that the participation of the workers in the organizations is good in such a way for the company how much for the workers; others understand this is good only for the companies. To the edge of this quarrel, this work search to understand how the participation of the workers can collaborate for the knowledge management in the organizations. The sprouting of a new paradigm, the knowledge age, justifies this subject importance, therefore in this postindustrial period, the knowledge starts to be the bigger importance capital for the companies. In this way, this work longs for to present the contributions that one suggestions program can offer for the knowledge management in a producing footwear company. For the concretion of this target, the methodology of the study of case was used, being searched a great company in the footwear industry. This company adopted a program of suggestions as form of the workers participation. It could be observed many contributions are gotten from this program, as much in the one that says respect to the generation, codification, transference and use of the knowledge, or either, in all the aspects of the management of the knowledge inside of the boarding of Davenport (1998). CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 1.1 – Definição do Tema Em cada época do desenvolvimento da economia, a produção e geração de riqueza sempre foram determinadas por um fator predominante. Notadamente, na era agrícola, a detenção da terra caracterizava-se como fator determinante de ascendência econômica. Na sociedade Industrial, a posse do capital foi este fator, assim como o trabalho na economia de serviços e economia global. Atualmente, percebe-se uma transformação nas bases em que a competição e o predomínio econômico são estabelecidos através do surgimento de um novo paradigma de economia: a era da informação. Neste novo paradigma, o fator que diferencia as pessoas, empresas, e até mesmo as nações passa a ser a detenção de conhecimento. Este processo de conversão das bases em que se estabelece a competição acentuou-se a partir da década de 50 com o advento e popularização dos equipamentos de processamento de dados que provocaram a transição da sociedade industrial para a sociedade de informação, transformando algumas organizações tradicionais em organizações baseadas na informação (SVEIBY, 1998; STEWART, 1998). Estas mesmas tecnologias de processamento de dados que deram força ao movimento de globalização das economias, facilitando o acesso às empresas, a mercados, até outrora impensáveis ou inacessíveis, ampliou as oportunidades de negócio, acirrou as concorrências e aumentou a exigência dos mercados consumidores. Diante dessa conjuntura, tornou-se vital, para a sobrevivência das organizações, a obtenção de vantagem competitiva através da gestão do conhecimento. De modo análogo aos demais recursos, como máquinas, equipamentos e mão-de-obra, que necessitam de um gerenciamento adequado para que se extraiam todo o seu poder de transformação e de geração de riqueza, assim se dá com o conhecimento, deve ser gerenciado para que seja útil na criação de vantagem competitiva para as organizações. TERRA (2000) afirma que a gestão do conhecimento é um esforço para fazer com que o conhecimento de uma organização esteja disponível para aqueles que dele necessitem dentro dela, quando isso se faça necessário, onde isso se faça necessário e na forma como se faça necessário, com o objetivo de aumentar o desempenho humano e organizacional. Destaca-se na gestão do conhecimento a necessidade e a importância do conhecimento tácito, ou seja, aquele conhecimento adquirido pela prática, mais relacionado à experiência pessoal e corpórea que à racionalidade; bem como o processo de transformação deste conhecimento tácito em conhecimento explícito, ou seja, descrito, tabulado e sistematizado. Voltando ao período anterior à revolução industrial, verifica-se que o trabalho desenvolvido pelos artesões era qualificado em termos de conhecimento total do produto e dos processos produtivos por ele desenvolvidos. Após a revolução industrial esse conhecimento passou a ser fragmentado através da divisão industrial do trabalho. Nesta nova organização do trabalho os operadores passaram a não ter conhecimento do produto como um todo, tampouco de todos os processos necessários para a obtenção do resultado final, o produto acabado. A fragmentação do conhecimentode produto e processo, defendida por Adam Smith e concretizada por Taylor, gerou a alta especialização e repetição da tarefa, esvaziando o conteúdo do trabalho dos operadores. O conhecimento que emanava do chão de fábrica passou a ser desprezado ou considerado “empírico”, não atendendo, portanto às necessidades da administração. Elton Mayo foi um dos pioneiros na introdução do conceito de participação dos trabalhadores na empresa ainda na sociedade industrial, contrapondo-se à visão de Taylor, e abrindo um debate ainda atual e polêmico. Muitas foram as formas encontradas pelas empresas para manifestação desta participação, entre elas estão os programas de sugestões, consultas, equipes multidisciplinares, círculos de controle de qualidade e comissões, entre outros (COUTINHO, 2002). Nessas bases, este trabalho se propõe a responder a seguinte questão: Quais as contribuições de um programa de sugestões para a gestão do conhecimento em uma empresa produtora de calçados? 1.2 – Justificativa Entre as fases do desenvolvimento econômico, as ferramentas e estilos gerenciais sempre foram e são reflexos da estrutura social, da visão de homem da época, da tecnologia disponível, das teorias aceitas, enfim, da cultura vigente. É sabido que o fim de uma Era econômica não é marcada pelo encerramento das atividades relativas a esta, mas do fim do predomínio desta atividade enquanto maior importância econômica, seja global ou localmente. Pode-se dizer ainda, que nas sociedades coexistem as eras agrícola, industrial e do conhecimento, ou ainda, que o nível de crescimento econômico de uma nação, por exemplo, pode ser determinado por qual atividade econômica é a mais importante para esta nação. Dessa forma, se for traçada uma curva evolutiva das eras econômicas, aquelas sociedades em que as atividades de predominância estivessem mais para o inicio da curva seriam sociedades mais atrasadas economicamente, onde seus produtos possuiriam um menor valor agregado, e as sociedades cujas atividades predominantes estivessem mais ao final da curva teriam seus produtos com maior valor agregado, sendo mais evoluídas economicamente. Analogamente, à experiência gerencial pode ser realizado tal sistemática de comparação. Na figura a seguir pode-se observar a evolução do pensamento gerencial paralelamente à evolução das tecnologias de produção. Figura 1 – Evolução da Tecnologia e Metodologia de Gestão Fonte: BRUNSTEIN, Israel apud NAKAGAWA, Masayuki (1994) No início da era industrial, a visão de homem, a tecnologia mecânica das máquinas-ferramenta e, principalmente, o pensamento de Adam Smith inspirou Taylor em sua Administração Científica. O papel dos colaboradores nesta época foi dividido por Taylor entre os que executam e os que pensam os métodos e dispositivos. Após o surgimento da Administração Científica, muitas outras idéias gerenciais surgiram no mundo dos negócios, sempre alinhadas com as correntes da sociedade e economia (DAVERNPORT e PRUSAK, 2003). Entre essas idéias gerenciais estão a Gestão da Qualidade Total, Just-in-time e o Toyotismo, advindas da experiência industrial japonesa, que são expressão da necessidade japonesa de ascender rapidamente suas empresas, produtos e marcas, sendo, sobretudo, reflexo da cultura deste povo em termos de disciplina e valorização da virtude. Nesses novos paradigmas de estilo gerencial surgidos, a divisão entre os que pensam e os que executam foi estreitada, sendo amplamente valorizadas a participação das pessoas, com contribuição em programas tais como os Círculos de Controle de Qualidade, Manutenção Autônoma, Programas de Sugestão, entre outros. Nesses programas o conhecimento que emergia do chão-de-fábrica passou a ser considerado como importante para a resolução de problemas e oportunidade de ganhos. Estes movimentos também estavam em sintonia com as necessidades de mercado, através do aumento da exigência dos consumidores por produtos de qualidade e customizados, causados pelo excedente de oferta em comparação à demanda no pós-guerra. O mercado global em que as organizações passaram a competir acentuou a importância do conhecimento para as organizações, e nesta dimensão Davenport (2003, p. 194) afirma: “O movimento de Gestão do Conhecimento também entrou em sincronismo com o fervor em torno da globalização econômica. À medida que as empresas difundiram seu pessoal ao redor do mundo, precisavam de meios para difundir o conhecimento globalmente também. Pouco se escreveu na imprensa popular sobre a relação entre esses dois fenômenos, mas a globalização e a Gestão do Conhecimento ganharam impulso no início da década de 1990. As conseqüências da globalização despertaram os interesses dos executivos na Gestão do Conhecimento”. Ainda segundo o mesmo autor, a globalização facilitou o crescimento de empresas baseadas no conhecimento. Desse modo, pode-se inferir que a globalização foi, bem como o ambiente tecnológico, social e econômico que dão a esta impulso e força, a conjuntura na qual a Gestão do Conhecimento surgiu, e talvez até mesmo o motivo pelo qual surgiu. Neste momento, o conhecimento passa a ser o principal e maior recurso a ser gerenciado. Assim, neste trabalho intenta-se estudar um programa de sugestões de uma empresa calçadista visando identificar se esse programa pode contribuir para o gerenciamento do conhecimento existente na organização. 1.3 – Objetivos 1.3.1 – Objetivo Geral Identificar as contribuições de um programa de sugestões para a gestão do conhecimento em uma empresa produtora de calçados 1.3.2 – Objetivos Específicos a) Revisar teoricamente as definições, conceitos e principais abordagens da gestão do conhecimento; b) Conhecer a sistemática de funcionamento do programa de sugestões e seus resultados na unidade fabril estudada; c) Identificar as contribuições deste programa de sugestões para a gestão do conhecimento da organização. CAPÍTULO 2 - MARCO TEÓRICO A sociedade do conhecimento na qual as organizações estão inseridas tem como seu marco inicial o ano de 1991. Nesse ano, os investimentos das empresas em tecnologias de informação superaram os investimentos em tecnologias de produção, acontecimento que marcou o surgimento desse novo paradigma. Figura 2 - Marco Inicial da Era da Informação Fonte: Stewart, T.A (1997) Nessa nova sociedade o conhecimento ganha status de principal ativo de uma empresa. A gestão adequada desse ativo é, portanto ferramenta imprescindível para a criação de vantagem competitiva. Caso este conhecimento esteja disperso na empresa, perderá todo o potencial que uma verdadeira sinergia poderia gerar para a empresa. O conhecimento que não é bem gerido poderia ser comparado ao ruído da comunicação que faz com que a informação original do emissor não chegue ao receptor, seja pela distorção ou pela perda. 2.1 – Gestão do Conhecimento WAH (2000) aponta que a gestão do conhecimento cuida de agregar valor às informações, filtrando, resumindo e sintetizando as informações, e, dessa forma, desenvolve um perfil de utilização pessoal que ajuda a chegar ao tipo de informação necessário para passar à ação. SABBAG apud MOTTA (2001) propõe um modelo-guia de ações composto de quatro componentes que formam um ciclo abrangente de pessoas, grupos e a organização como um todo, a fim de transformar um novo conhecimento em um saber autêntico, incorporado ou arraigado nas pessoas e na organização. Estes componentes são: Ações ligadas à geração de novos conhecimentos; Ações ligadas à codificação ou explicitação; Ações de disseminação; Ações de Apropriação. Tais ações funcionam, segundo o autor, como um ciclo ou uma sistemática de gestão do conhecimento. Muitas são as abordagens que buscam definir o que vem a ser a gestão doconhecimento. A abordagem de Leonard-Barton (1995) apud Souto (2003) apresenta-a como um sistema composto das dimensões tempo (presente e futuro) e espaço (interno e externo). A busca de solução de problemas e de condições de competências futuras consistem, respectivamente, nas características presente e futura da dimensão tempo. Implantação e integração representam a dimensão interna da dimensão espaço, enquanto que a importação de conhecimento significa a dimensão externa. Sveiby (1998) apresenta a gestão do conhecimento como a arte de gerar valor a partir de ativos intangíveis, classificando os ativos intangíveis em três grupos, a saber: estrutura interna da organização (consistindo no relacionamento com todos os stakeholders), estrutura externa da organização (patentes, modelos, softwares, etc) e competência do funcionário. Muito embora cada uma dessas abordagens, além de outras não citadas, tenham uma representatividade conceitual importante ao tema gestão do conhecimento, as abordagens escolhidas para efeito deste estudo foram as de Nonaka e Takeuchi (1997), sob a ótica da criação do conhecimento, e a de Davenport (1998) no que tange ao processo de geração do conhecimento, codificação, transferência e utilização do conhecimento. A adequação dessas abordagens ao objeto de estudo em questão, notadamente, um programa de sugestões em uma empresa calçadista, justificam a escolha dessas abordagens. 2.1.1 – Tipos de Conhecimento Antes de deter-se aos conceitos e práticas da gestão do conhecimento, faz-se necessário conceituar quais são os recursos ou ativos que se deseja gerir a fim de obter vantagem no ambiente de competição, notadamente, dados, informações e conhecimento. Dados são a representação de eventos ou registros estruturados de forma a serem tratados pelos seres humanos. Esse referido tratamento dos dados, através da organização, comparação e armazenamento, ou seja, atribuindo relevância, a fim de transmitir uma mensagem de forma visível entre emissor e receptor, é o que denomina-se informação. Segundo Nonaka (1997) apud Souto (2003) a informação proporciona um novo ponto de vista para a interpretação de eventos, o que possibilita a ligação com outros dados, informações ou conhecimento. Para Davenport (1998) apud Souto (2003) o conhecimento é uma mistura de experiência condensada, valores, informação contextual e insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura para incorporação e avaliação de novas experiências e informações. Delvin (2000) apud Souto (2003) conceitua conhecimento como o resultado da soma entre informação internalizada e a capacidade de utilizar esta informação. Polanyi apud Nonaka e Takeuchi (1997) foi o primeiro estudioso a estabelecer duas dimensões para o conhecimento: uma dimensão tácita, onde o conhecimento é apresentado como pessoal e específico do contexto e de difícil transmissão, e a dimensão explicita, onde o conhecimento é codificado e sua transmissão pode ocorrer através da linguagem formal e sistemática. O autor argumenta ainda, que os seres humanos adquirem conhecimento criando e organizando ativamente suas próprias experiências, o que pode ser expresso em números ou palavras e são uma parte do conhecimento como um todo, segundo ele "podemos saber mais do que podemos dizer" (POLANYI apud NONAKA e TAKEUCHI, 1997). O conhecimento da organização, também chamado de capital intelectual, foi definido por Sveiby (1998), Davenport (1998) e Nonaka e Takeuchi (1997) e, todos são unânimes reconhecê-lo como um ativo intangível. Segundo a visão cognitiva de Tuthil (1990), aquisição do conhecimento é um processo interno de compreensão das informações recebidas, que ocorre de forma diferente em cada indivíduo. Ele divide o conhecimento em dois grupos, o de senso comum e o heurístico. O conhecimento de senso comum apresenta duas dimensões e constitui-se da combinação existente entre declarações (fatos, “ou como as coisas são”) e procedimentos (método, “ou como as coisas funcionam“, “ou como fazer“). A acumulação dos conhecimentos declarados e de procedimentos resultará no conhecimento de senso comum, isto é, o conhecimento óbvio para todos. O heurístico pode ser identificado pela dificuldade no aprendizado de determinados assuntos que surge como decorrência dos três níveis existentes no conhecimento, fatos, conceitos e regras. Desta forma, uma série de fatos, quando possuem pontos em comum irão constituir um conceito e o aprimoramento, a análise e a combinação dos conceitos irão resultar em regras e, a síntese dos fatos, conceitos e regras definem o conhecimento heurístico. Essas duas dimensões para o conhecimento podem ser claramente identificadas com os conceitos de Polanyi em relação ao conhecimento tácito, intimamente ligado ao conceito de conhecimento de senso comum e o conhecimento explícito ligado ao heurístico. Para De Long (1997) o conhecimento apresenta duas dimensões: a primeira onde o conhecimento é de propriedade do indivíduo, do grupo ou da organização e sempre deve ser utilizado para o crescimento organizacional; a segunda divide-se em conhecimento estruturado e não estruturado, explicando-o como: o conhecimento estruturado ou explícito pode ser compartilhado através de métodos formais tais como documentos e bases de dados; o conhecimento tácito ou não estruturado é apresentado como dependente das ações, do contexto e das experiências pessoais o que dificulta sua comunicação pelos meios formais, ou seja, aquilo que sabemos, mas não podemos explicar. Sem fazer distinção entre tácito e explícito, Davenport (1998) reconhece-o como uma mistura de elementos formalmente estruturados e intuitivos e, neste caso, de difícil representação ou entendimento lógico. Para ele somente a participação das pessoas torna possível a transformação da informação em conhecimento. Isso ocorre quando comparam novas informações com outras já conhecidas, analisam suas conseqüências no processo de tomada de decisão e discutem as idéias a respeito do assunto com outras pessoas, em um processo semelhante à conversão de dados em informação. Mesmo não estando declarado, observa-se um componente tácito e explícito em sua definição. A importância do conhecimento tácito pode ser identificada na constante presença desse componente em todas as definições de conhecimento apresentadas, rompendo com as definições cartesianas de conhecimento, que separam o sujeito do objeto do conhecimento. Essa visão gera um novo paradigma que se aproxima da cultura oriental de não separação entre as partes – visão holística do conhecimento – dando às organizações um direcionamento no sentido de aproveitar os potenciais de conhecimento existentes no interior da própria organização de modo a beneficiar-se com isto. 2.1.2 – Criação do Conhecimento Dentro da óptica da criação do conhecimento de Nonaka e Takeuchi (1997), o conhecimento organizacional é criado sob duas perspectivas: a ontológica e a epistemológica. Para os autores a dimensão ontológica refere-se aos agentes que criam o conhecimento. O conhecimento é criado por indivíduos, e este, por sua vez, vai sendo ampliado “organizacionalmente” e cristaliza-se na rede de conhecimentos da organização. Esse processo ocorre numa cadeia de expansão, passando por indivíduos, departamentos e extrapolando os limites da organização. Com relação à dimensão epistemológica, esta se relaciona à existência de uma dimensão tácita e outra explícita do conhecimento. O quadro a seguir relaciona os dois tipos de conhecimento, estabelecendo diferenças entre eles: Quadro 1 - Comparação entre Conhecimento Explícito e Tácito Conhecimento Tácito (Subjetivo) Conhecimento Explícito (Objetivo) Conhecimento de Experiência (Corpo) Conhecimento da Racionalidade (Mente) Conhecimento Simultâneo (Aquie Agora) Conhecimento Seqüencial (Lá e Então) Conhecimento Análogo (Prática) Conhecimento Digital (Teoria) Fonte: NONAKA e TAKEUCHI, 1997. A criação do conhecimento pode ser resumida à conversão do conhecimento tácito em conhecimento explícito e vice-versa. Existem quatro modos de conversão do conhecimento: tácito em tácito, tácito em explícito, explícito em explícito e explícito em tácito. Na figura a seguir, pode-se visualizar a espiral do conhecimento, proposta pelos autores como modelo de criação do conhecimento. Figura 3 – Espiral do Conhecimento Fonte: NONAKA e TAKEUCHI, 1997. A seguir são definidos os quatro modos de conversão do conhecimento propostos por estes mesmos autores. Socialização (tácito em tácito) – é um processo de compartilhamento de experiências, podendo acontecer até mesmo sem o uso da linguagem, como numa relação entre mestre e aprendiz, onde a observação, a imitação e a prática são a forma de troca de conhecimento e conseqüente transformação. Em termos organizacionais, as sessões de Brainstorming são bons exemplos de socialização do conhecimento. Externalização (tácito em explícito) – consiste num processo dinâmico, pois acontece na medida em que o conhecimento tácito torna-se explícito, sendo utilizadas para isso metáforas, analogias, conceitos, hipóteses ou modelos. Combinação (explícito em explícito) – este modo de conversão de conhecimento envolve a combinação de conjuntos diferentes de conhecimento explícito. As pessoas trocam e combinam conhecimentos através de documentos, reuniões, conversas ao telefone, sistemas de computador, etc. A reconfiguração das informações existentes através da classificação, do acréscimo, da combinação e da categorização do conhecimento explícito leva a novos conhecimentos. Internalização (explícito em tácito) – está intimamente relacionado ao “aprender fazendo”. Para tal transformação, faz-se necessário a verbalização e diagramação do conhecimento sob a forma de documentos, manuais ou histórias orais. A documentação de uma experiência explicita um conhecimento tácito, e quando lida por outro, leva o leitor a vivenciar a experiência, invertendo o processo de transformação. O tipo de conhecimento criado em cada um dos modos de conversão é diferente: a socialização gera o conhecimento compartilhado; já a externalização, o conhecimento conceitual; a combinação, por sua vez, cria o conhecimento sistêmico e, finalmente, a internalização produz o conhecimento operacional. A constante conversão de um tipo de conhecimento em outro, passando por todos os entes ontológicos da organização constituem a espiral de criação do conhecimento organizacional. Para Nonaka e Takeushi (1997) criar conhecimentos não é uma questão de aprender com os outros ou adquirir conhecimentos externos. O conhecimento deve ser obtido por uma interação intensiva entre os membros da organização. Esta constante interação entre os entes da organização é que faz com que o conhecimento ascenda nos níveis ontológicos, passando de departamentos, unidades, chegando até mesmo em outras organizações. Esse processo está representado na próxima figura. Figura 4 - Espiral de Criação do Conhecimento Fonte: NONAKA e TAKEUCHI, 1997. Para que estes processos de criação do conhecimento aconteçam, os autores propõem a existência de cinco condições facilitadoras, elas são: a) Intenção A intenção organizacional é definida como a aspiração de uma organização às suas metas, manifestada em termos da criação do conhecimento na definição de que tipo de conhecimento deve ser desenvolvido na organização. Nesse nível organizacional, a intenção é freqüentemente expressa por padrões organizacionais ou visões que podem servir para avaliar e justificar o conhecimento criado. Segundo a visão dos autores, para criar conhecimento, as organizações devem estimular o compromisso de seus colaboradores, formulando uma intenção organizacional e propondo-lhes essa intenção. Confirmando a importância da intenção enquanto condição facilitadora da criação do conhecimento Terra (2000) afirma, em uma das suas sete dimensões para a gestão do conhecimento, que o papel da alta administração é a definição de “áreas de conhecimento” a serem exploradas pela empresa e o estabelecimento de macrovisões para a condução de projetos inovadores. Dessa forma, a organização busca “intencionalmente” dirigir os esforços de criação do conhecimento à consecução de algo maior, ou seja, os próprios objetivos da organização. b) Autonomia Todos os membros de uma organização devem agir de forma autônoma conforme as circunstâncias, assim a organização aumenta a probabilidade de ocorrerem inovações, aumentando também a automotivação para os indivíduos criarem novos conhecimentos. Nas organizações uma ferramenta que pode ser utilizada na criação de situações onde os indivíduos possam agir de forma autônoma é a equipe auto- organizada. Essa equipe deve ser multifuncional, envolvendo membros das mais variadas funções na organização, que tenham tido carreira funcional com experiências em vários setores. Conseqüentemente, idéias originais, que emanam de indivíduos autônomos, difundem-se dentro da equipe, transformando-se então em idéias da organização. c) Flutuação e Caos Criativo Flutuação e caos criativo são condições que estimulam a interação entre a organização e o ambiente externo. A flutuação consiste na interrupção do estado de ser habitual e confortável, através do questionamento de atitudes e premissas, ajudado pela reflexão, a criar novos conceitos. O caos criativo é algo intencional onde os líderes da organização podem criar uma situação de crise entre os membros da organização propondo metas desafiadoras. Esse caos intencional aumenta a atenção dos membros da organização na definição do problema e resolução da situação de crise. Nesta direção, KOBAYASHI apud NONAKA (1997, p. 91) afirma: “Relaxada, em algum lugar confortável, raramente uma pessoa consegue pensar friamente. Extrai-se a sabedoria de quem está à beira do abismo, lutando para sobreviver... sem essa luta, jamais teríamos sido capazes de chegar perto da IBM”. d) Redundância Redundância significa a superposição intencional de informações sobre atividades da empresa, responsabilidades da gerência e da empresa como um todo. O que se busca com a redundância é o compartilhamento de conhecimento tácito, permitindo a fixação de conceitos por toda a organização. Além disso, as informações redundantes ajudam a desenvolver canais de comunicação incomuns. Uma das maneiras de uma organização criar redundância é através de um “rodízio estratégico” de pessoal, especialmente entre áreas muito diferentes de tecnologia ou funções. Isso permite, ainda, que cada funcionário diversifique suas habilidades e suas fontes de informação. e) Variedade de requisitos A variedade de requisitos consiste em dar condições de acesso rápido e flexível às informações em todos os níveis da organização. Ela deve corresponder à variedade e à complexidade do ambiente para permitir que a organização enfrente os desafios impostos pelo ambiente. Uma das formas de lidar com a complexidade é o desenvolvimento de uma estrutura organizacional horizontal e flexível, na qual diferentes setores ou unidades estão interligados por intermédio de uma rede de informações. Davenport (1998), baseado em suas experiências, propõe cinco maneiras de geração do conhecimento: Aquisição – para o autor, esta é a maneira mais rápida e eficaz de gerar conhecimento. Dá-se através da contratação de indivíduos ou compra de empresas detentoras de conhecimento. Contudo, o sucesso dessa forma de aquisição dependerá dos esforços gerenciais de localização, avaliação do conhecimento, bemcomo a proteção dos colaboradores antes e depois da compra, buscando incentivar a combinação dos conhecimentos existentes e os recém adquiridos. Aluguel ou financiamento do conhecimento – esta forma pode ocorrer através de um financiamento à pesquisa ou pela contratação de um consultor para um projeto específico. Deve-se buscar mecanismos para reter na organização a maior parte do conhecimento. O aluguel deve envolver transferência. Pesquisa e desenvolvimento – dirigindo recursos para este fim, a empresa está promovendo a geração de novos conhecimentos buscando a solução para os problemas do cotidiano. Cabe aos gestores da organização promover formas de transferir o conhecimento oriundo da pesquisa, para onde eles possam ser aproveitados. Fusão – nesta forma de geração do conhecimento, as pessoas são reunidas com o objetivo de trabalhar um problema, obrigando-as a chegar a um ponto comum, uma resposta conjunta semelhante ao “caos criativo” proposto por Nonaka e Takeuchi (1997). Adaptação – consiste na capacidade da organização em reagir às mudanças ambientais internas e externas de forma contínua. Ainda que a sensação de crise tenha que ser gerada obrigando a superação através da geração de novos conhecimentos. Conhecidas as definições de conhecimento e as formas de criação do conhecimento, pode-se passar à gestão desse ativo nas organizações. Afinal, gerenciar o conhecimento, disponibilizando-o àqueles que dele necessitam na organização, no momento em que precisam, deve ser o objetivo da adoção da gestão do conhecimento. 2.1.3 – Abordagem Adotada O gerenciamento adequado do conhecimento existente em uma organização perpassa as dimensões de produção, difusão e uso do conhecimento (DAVENPORT,1998). Entretanto, mesmo nestes novos tempos, onde o conhecimento ganhou status de ativo competitivo, para que haja transformação do conhecimento em valor, a organização necessita estar focada no seu objetivo; isso quer dizer que a gestão do conhecimento deve ser alinhada com o negócio da organização. Dessa forma, antes de iniciar um processo de gestão do conhecimento na organização, a gestão deve preocupar-se com o alinhamento estratégico de seu trabalho, isto é, suas metas devem ser coerentes com as metas empresariais contribuindo para a consecução dos objetivos da organização (DAVENPORT, 1998). Na prática, a gestão do conhecimento significa identificar e mapear os ativos intelectuais existentes na organização, a geração de novos conhecimentos para obtenção de vantagem competitiva e tornar disponível para toda a corporação as melhores práticas e tecnologias para o desenvolvimento empresarial (BARCLAY e MURRAY, 1997). A concretização da gestão do conhecimento deve ser realizada através de projetos inseridos na organização. Após a análise de vários projetos, Davenport (1998), observou três objetivos comuns a todos: a) Criação de repositórios de conhecimento – esta iniciativa visa à incorporação do conhecimento aos documentos tais como; memorandos, relatórios, apresentações, artigos, etc. Esse objetivo prevê a existência de meios de armazenamento de informações que representam conhecimento para seus usuários. Com relação ao conhecimento tácito, algumas empresas estudadas optam por discussões, armazenando dicas, experiências e observações em bancos de dados disponibilizados para todos. b) Provimento de acesso – consiste na facilitação de transferência ou na utilização de técnicas que facilitem a transferência de conhecimento entre os indivíduos. Diferente dos repositórios, estes se concentram em identificar detentores do conhecimento e divulgar formas de acesso a essas pessoas pelos interessados neste conhecimento. c) Estabelecimento de uma ambiente propício - projetos cujo esforço consistia em aumentar ou incentivar iniciativas no sentido da mudança do comportamento da organização em relação ao conhecimento, facilitando assim sua gestão. Nessas bases, Davenport (1998) propõe que a gestão do conhecimento deve contribuir na geração, codificação, transferência e utilização do conhecimento existente no seio de uma organização. Os aspectos relativos à geração do conhecimento já foram discutidos anteriormente, onde foram apresentados os conceitos de Nonaka e Takeuchi (1997) além da visão de Davenport (1998) daquilo que uma empresa deve fazer para criar ou gerar o conhecimento. O conhecimento uma vez gerado precisa ser bem gerenciado para passar à utilização onde se é requerido Para que esta não se dê ao acaso ou pela sorte, deve ser um processo intencional e provocado, antes de um processo natural, como pressupõe a própria aplicação da palavra gestão. Para que o conhecimento gerado seja transmitido ou utilizado ele precisa ser codificado, ou seja, estar disponível em formatos que possibilitem acesso, armazenagem, compartilhamento, manipulação e utilização. (SOUTO, 2003). Davenport e Prusak (1998, p.84) apresentam quatro princípios aos quais a codificação deve realizada: Decidir a que objetivos o conhecimento codificado irá servir; Identificar o conhecimento existente nas várias formas apropriadas para atingir tais objetivos; Avaliar o conhecimento segundo a sua utilidade para a organização; Identificar um meio apropriado para a codificação e distribuição. De modo a corroborar com a codificação e transferência do conhecimento podem ser utilizados mapas de conhecimento. Tais mapas identificam onde estão localizadas as fontes de conhecimento na organização (especialistas, técnicos) ou externamente à organização (universidades, vendedores, clientes, consultores e outras companhias). O resultado dessa identificação pode ser uma lista de pessoas classificadas por tipo de conhecimento que possuem ou um banco de dados que indicará onde se localizam estas pessoas dentro da empresa ou fora dela. Esses mapas não contêm o conhecimento, mas correspondem a uma lista de quem sabe o quê, facilitando o acesso a especialistas e o encontro entre aquele que tem um problema e aquele que pode ajudar a resolver. Entretanto, isso não garante que haverá transferência de conhecimento, pois significa que a troca ocorrerá apenas quando o detentor tiver disponibilidade ou interesse em compartilhar o conhecimento, ou que o conhecimento disponível será perdido caso o detentor saia da organização. Logo, as empresas devem preocupar- se com a disponibilidade do conhecimento e, para isto, podem utilizar recursos computacionais como a multimídia, o hipertexto e as intranets como forma de captura de uma fração significativa do conhecimento tácito, permitindo o acesso a outras pessoas evitando assim possíveis perdas pela indisponibilidade deste, transformando-o em conhecimento explícito. Outras formas que podem ser utilizadas pelas empresas é o uso de treinamentos e vídeos onde são passados conhecimentos e experiências dos colaboradores mais antigos aos menos experientes. Para Sveiby (1998) existem duas formas de transferência do conhecimento. A primeira ele chama de informação, e consiste num método indireto, onde é utilizada a língua escrita ou falada, sendo o método adequado para a transmissão do conhecimento explícito. Aulas e palestras são exemplos desse tipo de transferência A ultima forma é denominada pelo autor de tradição, sendo um método direto de transferência de conhecimento, caracterizado pela participação do indivíduo no processo e adequado para a transmissão de conhecimento tácito. Um exemplo prático deste tipo de transferência são as relações entre mestre e aprendiz. O valor dos relatos e narrativas para a codificação e transferência do conhecimento tácito é muito superior a qualquer tipo de documentação ou registro formalizado em documentos, procedimentos, manuais e desenhos técnicos (DAVENPORT, 1998). A transferência do conhecimentoocorre diariamente nas organizações de maneira fragmentada e informal, quando os colaboradores discutem entre si problemas cotidianos de seu trabalho, pedem alguma ajuda para elaboração de alguma tarefa, entre outros. Muito embora, a pouca estruturação dessas conversas seja um dos maiores motivos para o sucesso desta transferência de conhecimento, não é plausível se supor um sistema de gestão baseado apenas em afinidades de relacionamento, proximidade física entre os colegas de trabalho e ao acaso, ainda que esta sistemática seja fonte de muitos casos de sucesso. Basicamente a não estruturação e a possibilidade de conversas com os colegas são os pontos de partida de um processo de transferência de conhecimento, o que pode acontecer também através de feiras e eventos onde há a possibilidade de as pessoas se reunirem e conversar face a face. Empresas comprometidas com a transferência de conhecimento tácito costumam montar programas formais de orientação, e tornam a transmissão do conhecimento para colaboradores mais jovens uma atividade explícita na descrição de cargo do pessoal qualificado de alto nível. Outras estratégias podem ser adotadas para incentivar a transferência do conhecimento tais como: o reconhecimento público por uma contribuição, um sistema interno de premiação (ALLEE, 2000). A filial americana da seguradora sueca Skandia desenvolveu três programas de incentivo ao compartilhamento de conhecimentos: o primeiro "Meet on the Cabinet" reúne executivos e colaboradores em reuniões informais onde os empregados aprendem mais sobre a companhia e os executivos podem aprender com os empregados; o segundo programa é “Question of the week", que está inserido no boletim semanal distribuído aos empregados.; o último programa consiste em um prêmio em dinheiro e um relógio de mesa, para colaboradores que voluntariamente dividiram seu conhecimento com seus companheiros.(SKANDIA, 1998). Como se pode perceber, é a empresa, que através do quanto valoriza o conhecimento, que cria o ambiente favorável à transferência deste. Destarte, a cultura organizacional deve refletir essa tendência e não desmenti-la. A cultura organizacional pode ser descrita através dos valores de uma organização, ou seja, a verdadeira motivação comportamental para atingir os objetivos; suas normas, que definem os padrões esperados de comportamento para todos os trabalhadores e as práticas, que são as rotinas formais ou informais usadas para a realização do trabalho. Os valores têm uma característica tácita estando profundamente enraizado na organização apresentando uma grande dificuldade na mudança (DE LONG,1997). Para a criação de tal ambiente favorável a empresa deve estar atenta àquilo que Davenport (1998) chama de atritos ao compartilhamento do conhecimento e as formas de superá-los, quais sejam: a) Confiança Mútua e Senso Comum – a transferência de conhecimento é facilitada quando as pessoas se entendem, têm um vocabulário em comum. Isso também estabelece uma base para o respeito mútuo construindo relacionamentos e confiança através de reuniões face a face b) Falta de Tempo e de locais de encontro – é normalmente originada da idéia estreita de trabalho produtivo. Para isso, devem-se criar tempo e locais para transferência de conhecimento. c) Status do possuidor do conhecimento – basear a qualidade do conhecimento pela reputação ou cargo de seu possuidor pode ser reduzida pelas avaliações de desempenho e oferecendo incentivos baseados no compartilhamento. d) Falta de capacidade de absorção pelos recipientes – educar colaboradores para flexibilidade, propiciar tempo para o aprendizado e basear as contratações na abertura à idéias. e) Crença de que o conhecimento é prerrogativa de determinados grupos – estimular a aproximação não hierárquica do conhecimento. f) Intolerância com erros ou necessidade de ajuda – aceitar e recompensar erros criativos. Importante é destacar que, para Davenport (1998), a transferência engloba a transmissão, absorção e uso do conhecimento. Se esses três componentes não existirem a transferência do conhecimento não foi completa e não atendeu a seus objetivos, que são o uso desse conhecimento para a geração de vantagem para a organização. 2.2 – Programas de Sugestão A participação dos trabalhadores, como visto, é um tema polêmico e complexo, que remonta aos primórdios da industrialização. Elton Mayo foi o primeiro teórico a introduzir a concepção humanista nas organizações, contrapondo-se à divisão do trabalho e a separação entre os que pensam e os que executam. Esse debate foi retomado a partir da década de 60, nos Estados Unidos, devido à existência de diversos fatores sociais dos países ocidentais industrializados no período do pós-guerra. Entre eles, pode-se destacar: a ascensão e declínio da hegemonia econômica dos EUA, os obstáculos à produtividade decorrentes de relações industriais conflitantes, o crescente aumento de exigências para os trabalhadores, as mudanças tecnológicas requerendo maior capacidade de adaptação dos empregados, a busca de soluções pelas empresas para as manifestações de alienação dos trabalhadores. (STORCH, 1985 apud COUTINHO, 2002). Diante desse quadro, surgiram no ambiente organizacional vários modos de tornar possível a participação dos colaboradores. Entre eles estão os programas de sugestão, também conhecidos como caixinhas de sugestão. Em tais programas, os colaboradores preenchem formulários, estruturados ou não, e o depositam em uma caixa, que posteriormente são recolhidos para a análise do conteúdo. Os benefícios obtidos com as sugestões podem ser recompensados por reconhecimento formal, informal, percentual de participação nas economias obtidas ou outros prêmios. Não existe consenso entre os teóricos no que se refere ao juízo de valor dos programas de participação dos colaboradores nas organizações. Duas posições antagônicas caracterizam e resumem o debate: Alguns pesquisadores vêem a gestão participativa como dando aos trabalhadores uma oportunidade para exercer um poder crescente, baseado no aumento das responsabilidades. Outros pesquisadores vêem a gestão participativa como uma nova estratégia da gerência para extrair dos trabalhadores, não somente trabalho, mas, também, o conhecimento da produção. (HODSON, 1996 apud COUTINHO, 2002, p. 719) Pateman (1992) considera a existência de três categorias nas quais ela classifica o exercício de participação dos trabalhadores nas organizações, a saber: Pseudoparticipação – a autora define como sendo práticas utilizadas apenas para persuadir os empregados a aceitarem decisões tomadas pelas chefias e que visam o aumento da eficiência da organização; Participação Parcial – refere-se a um processo no qual o trabalhador pode influenciar na tomada de decisões, mas a decisão final não é dele. Fica evidente a desigualdade nas relações entre superiores e subordinados, já que a “prerrogativa” da decisão final permanece sempre com a administração; Participação Plena – para a autora, este tipo de participação só pode ocorrer em grupos isolados. Uma participação que envolvesse toda a organização teria impacto na própria estrutura em que se dão as relações de trabalho no capitalismo. Bernstein (1983) apresenta um quadro teórico onde identifica três dimensões da participação dos colaboradores em empresas de produção, quais sejam: Grau de controle dos empregados sobre cada decisão – varia desde a colocação de sugestões em uma caixinha até a participação dos trabalhadores em conselhos ou assembléias; Tipo de questões sobre as quais este controle é exercido – varia desde questões relativas diretamente à situação de trabalho do empregado, ou relativas aos recursos organizacionais, podendo chegar ao envolvimento com problemas mais amplosda empresa, tais como atividades relacionadas com o estabelecimento dos objetivos da empresa; Nível organizacional das decisões dos empregados – refere-se às instâncias da organização onde os empregados participam, podendo ser desde suas atividades ou de sua equipe de trabalho, no seu departamento, na sua divisão e, até mesmo como representante na direção. A interligação entre os conceitos de Pateman (1992) e Bernstein (1983) permitiu a elaboração de um quadro teórico relativo à participação dos colaboradores nas organizações: Quadro 2 - Formas e Dimensões de Participação dos Trabalhadores FORMAS DIMENSÕES Grau de Controle Tipo de Questões Nível Organizacional Ampla (Plena) Auto-gerenciamento pelos trabalhadores Objetivos da Empresa Associação Industrial, proprietário, quadro de diretores, comitê executivo Parcial Gerenciamento Conjunto Recursos Organizacionais Divisão, fábrica ou escritório, departamento ou chão-de-fábrica, grupo de trabalho Cooperação Limitada (Pseudoparticipação) Consulta Próprio Trabalho dos Trabalhadores Indivíduo (Trabalhador) Caixinha de Sugestões FONTE: Coutinho, 2002. É importante considerar que estudos realizados em diferentes países têm demonstrado que os empregados de níveis hierárquicos inferiores têm pouca oportunidade de influenciar no trabalho (HELLER, 1998 apud COUTINHO, 2002). Todavia, toda proposta gerencial deve ser analisada no âmbito de sua aplicação prática, pois, ainda que insuficientes os modelos de participação presentes em uma organização, eles são um indicativo de abertura da administração à participação dos colaboradores, sendo também introdutórios de níveis mais elevados de participação. 2.3 – Industria Calçadista A indústria calçadista nacional teve sua origem no Rio Grande do Sul, região ainda detentora do maior número de empresas, conseqüentemente responsável por grande percentual da produção e da geração de empregos da indústria do calçado nacional. Essa indústria foi aos poucos sendo espalhada em outras regiões. Observa-se que, ao longo dos anos noventa, muitas empresas de calçados instalaram suas fábricas na região Nordeste do país, num processo claro de transferência de capital. Isso é verificado através de dados relativos ao emprego formal na indústria calçadista no Nordeste que cresceu 24% de 1994 a 2000 e decresceu nas regiões Sul e Sudeste nesse mesmo período. Pode-se dizer que a principal causa dessa migração da indústria é à busca de mão-de-obra barata. (PROCHNIK, YOSHINORI UNE, 2004). Dados da Abicalçados (2005) indicam um crescimento da indústria do calçado no Brasil. Pode-se perceber, pelo quadro abaixo, um crescimento tanto na produção, como na importação e exportação brasileiras entre os anos de 2002 e 2004. Quadro 3 - Mercado de Calçados no Brasil ITEM 2002 2003 2004 PRODUÇÃO (1) 642 665 755 IMPORTAÇÃO (1) 5 5 9 EXPORTAÇÃO (1) 164 189 212 CONSUMO APARENTE (1) 483 481 552 CONSUMO PER CAPITA (2) 2,84 2,83 3,02 (1) Em milhões de pares (2) Em pares Fonte: Abicalçados – Resenha Estatística 2005 No Brasil, o setor é composto de aproximadamente oito mil empresas, que geram 272 mil empregos. Aproximadamente 70% da produção nacional de calçados são destinados ao mercado interno e os 30% restantes à exportação que resultaram em 1,8 bilhões de dólares em exportações no ano de 2004. No quadro a seguir, podem ser visualizados a distribuição da indústria nacional nos estados, com dados relativos a número de empresas e empregos gerados. Quadro 4 - Estados Produtores de Calçados ESTADOS EMPRESAS EMPREGO MÉDIA DE EMPREGO POR EMPRESA % EMPREGO P/ ESTADO RIO GRANDE DO SUL 2.970 129.300 43 47,52 SÃO PAULO 2.329 48.005 20 17,64 CEARÁ 199 41.454 208 15,24 MINAS GERAIS 1.350 18.760 14 6,89 BAHIA 97 15.418 159 5,67 PARAÍBA 97 6.185 64 2,27 SANTA CATARINA 300 4.387 15 1,61 RIO GRANDE DO NORTE 21 1.775 85 0,65 PARANÁ 155 1.399 9 0,51 ESPIRITO SANTO 44 1.354 31 0,5 GOIÁS 143 989 7 0,36 RIO DE JANEIRO 66 890 13 0,33 SERGIPE 7 852 122 0,31 PERNAMBUCO 34 558 16 0,21 MATO GROSSO DO SUL 23 404 18 0,15 MATO GROSSO 18 75 4 0,03 RONDONIA 7 71 10 0,03 ALAGOAS 8 67 8 0,02 DISTRITO FEDERAL 7 54 8 0,02 PIAUÍ 12 44 4 0,02 PARÁ 6 18 3 0,01 TOCANTINS 7 16 2 0,01 RORAIMA 2 9 5 0 MARANHÃO 5 8 2 0 OUTROS 1 1 1 0 TOTAIS 7.908 272.093 34 100 Fonte: Abicalçados – Resenha Estatística 2005 O Estado da Paraíba é responsável por 2,27% da geração de empregos na indústria nacional, com 6.185 postos formais de trabalho e 97 empresas formais instaladas. Percebe-se que é o sexto maior estado empregador da indústria calçadista. O terceiro maior produtor mundial de calçados é o Brasil, com 5,01% de participação na produção mundial, que em 2004 foi de 13.264,10 milhões de pares. Nesse mercado, a China desponta como maior produtor, apresentando números extremamente superiores aos demais concorrentes, tornando o país um líder imbatível no cenário mundial, principalmente pelos baixos preços obtidos pelo uso intensivo de mão-de-obra barata. Quadro 5 - Mercado Mundial de Calçados PAÍS PRODUÇÃO IMPORTAÇÃO EXPORTAÇÃO CONSUMO China 7.800,00 8,4 5.026,00 2.782,40 EUA 39,8 1.968,10 30,8 1.977,10 Índia 780 4 70 714 Japão 107,8 494 1,8 600 Brasil 665 5 189 481 Indonésia 511 30 181 360 Alemanha 28,2 382,8 77,6 333,4 Reino Unido 24 338 30 332 França 60,9 309,8 48 322,7 Itália 303,4 268,7 297,6 274,5 Paquistão 250 5 19 236 Rússia 44,7 145 2 187,7 México 192 28 35 185 Outros 2457,3 4021 2289,9 4188,4 TOTAIS 13.264,10 8.007,80 8.297,70 12.974,20 Fonte: Abicalçados – Resenha Estatística 2005 O Brasil aponta, ainda, como o quinto maior exportador de calçados do mundo, sendo responsável por 2,28% do volume exportado entre os países e como o quinto maior consumidor de calçados. Verifica-se que o volume de pares exportados tem crescido ano a ano, bem como o preço médio obtido pelos calçados brasileiros, demonstrando a importância da indústria nacional no mercado mundial. Quadro 6 - Exportação Calçadista Brasileira – Série Histórica ANO VALOR (US$ Milhões) PARES (Milhões) PREÇO MÉDIO (US$) Década de 70* 144,90 25,30 5,00 Década de 80* 855,80 115,20 7,53 Década de 90* 1.418,80 149,70 9,50 2000 1.547,00 163,00 9,52 2001 1.615,00 171,00 9,44 2002 1.449,00 164,00 8,83 2003 1.549,00 189,00 8,21 2004 1.809,00 212,00 8,53 * Média Anual Fonte: Abicalçados – Resenha Estatística 2005 O maior mercado consumidor dos calçados brasileiros são os EUA, que compram 56% dos produtos exportados pelo Brasil. Seguindo os EUA, tem-se o Reino Unido e a Argentina como mercados consumidores importantes da indústria nacional. Quadro 7 - Destino das Exportações Brasileiras – 2004 PAÍS US$ % PARES Estados Unidos 1.024.795.342 56,6 97.625.384 Reino Unido 136.066.186 7,5 9.532.475 Argentina 104.647.495 5,8 15.364.606 Mexico 68.669.746 3,8 13.645.825 Canadá 50.315.090 2,8 5.188.288 Espanha 37.747.169 2,1 5.375.315 Chile 34.398.105 1,9 4.228.903 Alemanha 21.342.376 1,2 2.304.714 Paises Baixos 20.155.281 1,1 1.543.395 Porto Rico 17.598.252 1 2.067.256 Paraguai 16.710.615 0,9 9.011.142 Bolívia 16.096.895 0,9 3.039.800 Portugal 15.394.039 0,9 2.269.181 Venezuela 13.964.313 0,8 3.527.539 Itália 13.873.460 0,8 2.322.150 Outros 217.628.671 12 34.954.115 TOTAIS 1.809.403.035 100 212.000.088 Fonte: Abicalçados – Resenha Estatística 2005 No quadro a seguir estão detalhadas as exportações do Brasil por Estado produtor. Verifica-se que a Paraíba aponta como o quinto exportador, sendo responsável por 2,10% do volume de dinheiro entrante no país através da indústria do calçado, o que representa US$ 38 milhões anuais. Quadro 8 - Exportações Brasileiras por Estado– 2004 ESTADOS US$ (Milhões) % PARES (Milhões) Preço Médio RIO GRANDE DO SUL 1.272 70,32% 120 10,62 SÃO PAULO 221 12,22% 24 9,16 CEARÁ 186 10,28% 40 4,61 BAHIA 51 2,82% 8 6,72 PARAÍBA 38 2,10% 11 3,5 MINAS GERAIS 17 0,94% 3 6,44 SANTA CATARINA 10 0,55% 2 6,24 PARANÁ 6 0,33% 1 9,88 PERNAMBUCO 4 0,22% 3 1,2 ESPÍRITO SANTO 2 0,11% - 4,31 SERGIPE 2 0,11% - 5,3 GOIÁS 1 0,06% - 11,68 RIO DE JANEIRO 1 0,06% - 7,14 PARÁ 0 0,00% - 6,12 RIO GRANDE DO NORTE 0 0,00% - 10,32 OUTROS 1 0,06% - 2,85 TOTAIS 1.809 100 212 8,53 Fonte: Abicalçados – Resenha Estatística 2005 A indústria de calçados possui uma importância muito grande, principalmente no que diz respeito à geração de empregos. Esta característica é oriunda do nível de tecnologia dessa indústria, que necessita de mão-de-obra intensiva para a sua funcionalidade. Outra característica que merece destaque é a concentração dessa indústria em pólos muito fortes, tanto a nível global como nacional, com a China e a região sul do Brasil correspondendo, respectivamente a esses pólos. Através desses dados apresentados verifica-se a importância desta indústria para o Estado, não obstante a sua concentração, principalmente, no que diz respeito à geração de empregos e nas exportações, sendo fonte de receitas, impostos e distribuição de renda. CAPÍTULO 3 – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 3.1 – Abordagem do Problema As formas de abordar um problema estão intimamente relacionadas com o tipo de fenômeno ou objeto do estudo da pesquisa, elas são: qualitativa e quantitativa. Acerca da abordagem qualitativa, Godoy (1995) apud Souto (2003) afirma: “Envolve a obtenção de dados descritivos sobre as pessoas, lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situação estudada, procurando compreender os fenômenos segundo as perspectivas dos sujeitos, ou seja, dos participantes da situação em estudo”. A pesquisa qualitativa não procura medir ou fazer inferências estatísticas na análise dos dados. Segundo a mesma autora, essa abordagem é indicada quando: A pesquisa é de caráter exploratório; O estudo é descritivo, tanto no levantamento como na análise dos dados; O fenômeno é estudado a partir de uma visão holística; As compreensões das relações sociais e culturais existentes nas organizações são contempladas na pesquisa. Através dessas definições e da natureza do objeto de estudo, pode-se concluir que para a pesquisa ora desenvolvida, a abordagem qualitativa é a mais recomendada. 3.2 – Classificação da Pesquisa Segundo a abordagem de Vergara (1997), as pesquisas são classificadas segundo dois critérios: quanto aos fins, ou seja, a finalidade da pesquisa, e quanto aos meios, que corresponde à como pesquisar. Para o autor as pesquisas classificam-se quanto aos fins em: exploratória, descritiva, explicativa, metodológica, aplicada e intervencionista. Já quanto aos meios, classifica as pesquisas em: pesquisa de campo, pesquisa de laboratório, telematizada, documental, bibliográfica, experimental, expost-facto, participante, pesquisa-ação e estudo de caso. A pesquisa aqui desenvolvida pode ser classificada, quanto aos fins, em descritiva e explicativa. Sendo classificada como descritiva na medida em que descreve o funcionamento de um programa de sugestões em uma empresa calçadista e explicativa no que se refere a relacionar esta técnica de participação dos colaboradores à teoria de gestão do conhecimento, buscando entender como esse programa pode auxiliar a empresa a gerenciar o próprio conhecimento existente em seu âmbito. Quanto aos meios de pesquisa, pode ser classificada como bibliográfica, de campo e estudo de caso. Sendo uma pesquisa bibliográfica enquanto se apóia em informações e conhecimento obtidos em publicações relacionados aos temas gestão do conhecimento, programas de sugestão e indústria calçadista, permitindo, deste modo, fundamentar a pesquisa de campo. A pesquisa caracteriza-se como de campo por extrapolar os limites da exploração teórica e laboratorial, buscando observar o objeto de estudo na realidade objetiva onde se desenvolve. Caracteriza-se como um estudo de caso, pois o objeto de estudo é uma unidade analisada em profundidade. Segundo Godoy (1995) apud Souto (2003), referido método de pesquisa é utilizado quando: As questões são do tipo “como” e “por quê” um determinado fenômeno ocorre; Quase não é possível controlar o fenômeno em estudo; Trata-se de fenômenos atuais que só poderão ser analisados no contexto da vida real. A adoção do estudo de caso deu-se pela necessidade de estudar a contribuição de programas de sugestão na gestão do conhecimento, o que requer profundidade de conhecimento do assunto e análise de uma situação real. 3.3 – Área de Atuação Localização Geográfica A empresa, objeto do estudo de caso, está localizada na cidade de Santa Rita, no Estado da Paraíba, sendo uma unidade fabril de uma grande empresa sediada no Estado de São Paulo. Esta unidade é responsável pela produção de calçados esportivos e estará em breve sendo ampliada para comportar o deslocamento de uma unidade fabril do Estado do Rio Grande do Sul. Setor A empresa em questão está situada no setor calçadista, pertencente ao ramo têxtil. A escolha desse setor está relacionada ao movimento de transferência das unidades fabris de calçados do Sul e Sudeste em direção ao Nordeste do Brasil. Além desse motivo, a existência de um programa de sugestões na unidade pesquisada e o uso intensivo de mão-de-obra direta justifica a escolha desse setor industrial, pois o que se busca estudar é a participação dos trabalhadores diretos na geração do conhecimento da empresa. Porte A empresa pesquisada é de grande porte, tomando-se por base o critério referente ao número de empregados, conforme define a CNI (Confederação Nacional da Indústria). Foi escolhida uma empresa de grande porte por se tratar de um setor onde a tecnologia de produção ainda emprega elevado grau de mão-de- obra direta e possui na sua estrutura de gestão um programa de sugestões, o que seria difícil de obter estudando uma empresa de pequeno porte. 3.4 – Construção do Modelo de Análise Quadro 9 - Modelo de Análise CONCEITOS DIMENSÕES COMPONENTES INDICADORES P R O G R A M A D E S U G E S T Õ E S E A G E S T Ã O D O C O N H E C IM E N T O Geração do Conhecimento Condições Facilitadoras Intenção Existências de Metas Estrutura do Programa Autonomia Disponibilidade de Tempo Equipes autônomas Flutuação e Caos Criativo Estímulos ao envio de sugestões Redundância Divulgação de informações em outros departamentos e unidades do grupo Variedade de Requisitos Acesso a informações Acesso a sugestões de outras unidades Acesso à Internet Codificação Instrumentos Utilizados Intranet Instruções de Trabalho Fotografias Filmagens Scanners Transferência e Utilização Sugestões Implantadas Divulgação de resultados Intranet Fonte: Elaborado pelo autor 3.5 – Instrumentos de Coleta de Dados Os instrumentos de coleta de dados utilizados na pesquisa foram resultantes da observação direta e da análise documental, dispostos em cada momento da pesquisa conforme a tabela a seguir: Quadro 10 - Instrumentos de Coleta de Dados ETAPA PESQUISA DOCUMENTAL OBSERVAÇÃO SISTEMÁTICA Revisão Bibliográfica Publicações nacionais e internacionais sobre gestão do conhecimento e programas de sugestão. Estudo de Caso Documentos da Empresa (Sugestões, indicadores, relatórios). Observação do funcionamento do programa e da implementação de sugestões. 3.6 – Tratamento dos Dados A pesquisa foi baseada na coleta de dados provenientes de observação sistemática e da análise documental.Por se tratar de uma pesquisa qualitativa, não requer tratamento estatístico, contudo, alguns dados da empresa referentes a indicadores de desempenho foram utilizados para mensurar a importância do programa no âmbito da empresa. Para o tratamento desses dados foi utilizado o Microsoft Excel. CAPÍTULO 4 – IDENTIFICAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES DE UM PROGRAMA DE SUGESTÃO EM UMA EMPRESA CALÇADISTA – ESTUDO DE CASO 4.1 – Caracterização da empresa objeto do estudo de caso A empresa objeto de estudo deste trabalho monográfico foi fundada no início do século XX, na cidade de São Paulo e atua em quatro focos de negócios, notadamente, sendo sandálias, artigos esportivos, têxteis de utilização industrial e desenvolvimento de negócios através da obtenção de concessões de produção de marcas internacionais. A seguir, pode ser observado o organograma da empresa: Presidência Comitê de Marketing Inteligência de Negócios Têxteis Industriais Sandálias Desenv. de Negócios Artigos Esportivos Finanças Pesquisa e Desenvolv. Recursos Humanos Jurídico Industrial Comunicação e Mídia Unidades de Negócios Áreas Corporativas Figura 5 - Organograma Corporativo Fonte: Pesquisa Direta Possui atualmente oito fábricas para a produção de seus artigos, dentro das linhas de negócios descritas, para cumprir a missão descrita pela própria organização de desenvolver e comercializar produtos inovadores, de alto valor percebido, com qualidade e rentabilidade, classe mundial e criação de valor para os acionistas, colaboradores, fornecedores e clientes, atuando com responsabilidade social e ambiental. Essas fábricas estão diretamente subordinadas à área corporativa denominada de diretoria industrial (observar na figura 5) Para o objeto de descrição da contribuição do programa de sugestões para a gestão do conhecimento, convém destacar que a organização assume, dentro de seu planejamento estratégico, a inovação como um de seus valores. Em 2004, a receita bruta coorporativa de vendas somou R$ 1.118.300,00, um crescimento de 22% na comparação com 2003, comercializando 142 milhões de pares de calçados, 20,2 milhões de metros quadrados de lonas e encerados, e dois milhões de artigos esportivos. Do total da receita, 6% foi originado de exportações. Quadro 11 - Desempenho Financeiro da Empresa Estudada Ano 2000 2001 2002 2003 2004 Vendas Brutas R$ 690,70 R$ 727,60 R$ 816,20 R$ 919,60 1,118,3 Vendas Líquidas R$ 580,30 R$ 610,30 R$ 683,90 R$ 767,20 R$ 884,20 Lucro Bruto R$ 223,30 R$ 227,30 R$ 257,90 R$ 290,00 R$ 355,66 Lucro Operacional* R$ 67,00 R$ 50,60 R$ 82,60 R$ 77,30 R$ 95,00 Lucro Líquido R$ 67,70 R$ 32,70 R$ 47,80 R$ 82,00 R$ 95,60 EBITDA R$ 79,20 R$ 72,00 R$ 89,60 R$ 90,20 R$ 127,70 Margem Bruta 38,5% 37,20% 37,70% 37,80% 40,2% Margem EBITDA 13,6% 11,80% 13,10% 11,70% 14,4% Obs: Valores financeiros em milhões de reais * Antes da variação cambial e encargos financeiros sobre impostos Fonte: Pesquisa Direta A pesquisa realizada está centrada em uma das unidades fabris, cuja responsabilidade é a fabricação de calçados esportivos, através de processos vulcanizados e cimentados. Esta unidade, que possui 18 anos de existência, fabrica em torno de 50 diferentes artigos em sua planta e possui uma capacidade instalada para a produção de 12.000 pares de calçados por dia. O lead-time produtivo é de sete dias desde o início do corte do material até o seu armazenamento temporário no armazém da unidade. A estrutura organizacional dessa unidade pode ser claramente definido como departamental, possuindo uma estrutura ampla de apoio à produção, notadamente, laboratório de desenvolvimento e controle de borrachas, engenharia do produto, engenharia industrial, engenharia de manutenção, SESMT (serviços especializados em engenharia de segurança e medicina do trabalho) e PCP. Possuindo ainda o setor administrativo e de recursos humanos. A seguir pode ser observado o organograma da unidade pesquisada. Gerência de Fábrica Gerência de Produção Recursos Humanos PCP Engenharia Industrial SESMT Laboratório Administração Ger. do Corte e Costura Manutenção Coordenação de Borracha Supervisão de Produção Supervisão de Produção Almoxarifado Armazém Supervisão de Produção Engenharia do Produto Figura 6 - Organograma da Unidade Pesquisada Fonte: Pesquisa Direta A seqüência de produção passa pelas seguintes etapas: corte de componentes e serigrafia, costura dos cabedais, fabricação dos componentes de borracha e solas, montagem do calçado, vulcanização em autoclave (para artigos autoclavados) e acabamento. Essa unidade fabril é constituída de um complexo produtivo com a produção ocorrendo em galpões industriais em separado. O corte de componentes e serigrafia ocorre em um galpão; costura dos cabedais ocorre em três fábricas satélites e em algumas empresas terceirizadas; montagem, borracha, autoclave e acabamento ocorrem em um único galpão. Por fim, os produtos acabados retornam ao edifício inicial para a armazenagem temporária. O layout interno desses setores agrega as três formas básicas de layout existente, quais sejam: posicional (serigrafia), funcional (corte de componentes, fabricação de componentes de borracha e autoclaves) e linear (costura dos cabedais e montagem do calçado). Esse complexo possui em torno de 2.000 colaboradores e a organização do trabalho é caracterizada pela alta divisão de tarefas, onde cada operador realiza parte do trabalho, sendo percebida a alta especialização, repetitividade e o desconhecimento da totalidade do produto e do processo necessário à sua produção. Tal organização do trabalho, que pode ser classificada como Taylorista, também se caracteriza pelo uso de padronização de métodos e tempos para a realização do trabalho e pela utilização de incentivos à produtividade, qualidade e assiduidade através de um plano de participação nos resultados (PPR). Existem alguns programas gerenciais implantados na companhia que objetivam a participação dos trabalhadores. Contudo, observa-se que aquele em que o operador tem maiores condições de intervir no próprio ambiente de trabalho e no modo como é realizada a tarefa é o programa de sugestões existente na companhia. 4.2 – Programa de Sugestões da Empresa objeto do estudo de caso Neste item é apresentado o programa, a partir de sua estrutura, regras de funcionamento, sendo por fim, apresentados os resultados desse programa na unidade pesquisada relativamente ao ano de 2005. 4.2.1 – Estrutura do Programa de Sugestões A própria empresa define que o programa foi criado para o aproveitamento de pequenas e grandes idéias ou iniciativas dos colaboradores que contribuam para a simplificação e o aperfeiçoamento dos processos produtivos e administrativos da empresa. Este é um programa permanente e existe em todas as unidades da organização. O programa estimula a criatividade na resolução de problemas, e dele podem participar todos os colaboradores da empresa. Sua intenção é captar as sugestões que gerem: Redução de custo; Melhoria da qualidade dos produtos, processos e serviços; Qualidade de vida no trabalho. Para participar a pessoa pode enviar suas sugestões através da Intranet ou através de formulários disponibilizados na empresa, que devem ser entregues à coordenação do programa. Elas devem ter as seguintes informações: Qual situação atual ou problema a ser solucionado; Qual a idéia ou melhoria proposta; Como implantar a melhoria; Quais os benefícios esperados; Identificação da(s) pessoa(s). Os critérios de premiação variam de acordo com o tipo de benefício trazido pela idéia. Se trouxer uma economia mensurável (tangível) o participante é premiado com 2% da economia líquida anual gerada pela sua idéia, limitados a R$ 15.000,00. Caso
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