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LINGUAGEM EM FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA PARTE III Conteudista Prof. Me. João De Assis Soares O QUE CONSUMIMOS DA FOTOGRAFIA PUBLICITÁRIA? A fotografia publicitária tem assim a virtude de nos vender "mais" do que o próprio produto. No anúncio de jeans, por exemplo, além da calça azul, queremos a liberdade e toda a juventude que lhe foram anexadas. Na fotografia do automóvel, desejamos também o idílio amoroso, presente na linda mulher de branco que está ao lado do carro. Na fotografia do sorvete colorido queremos, além do frescor do produto, todas as alegrias do verão. Consumimos, com os produtos, ideais de felicidade e prazer que se desprendem deles nas fotografias. Para Nelson Martins: A fotografia de publicidade abrange tudo o que pode ser anunciado, o que significa um universo híbrido e muito amplo, com os produtos mais variados. Para anunciar um tipo de piso, por exemplo, faz-se uma foto de arquitetura; na propaganda de um banco, pode-se vender a satisfação do cliente por meio de belos retratos; num pacote turístico, as paisagens são o foco; o anúncio de uma jóia pode exigir macrofotografia. (2012: p. 248) Poder-se-ia dizer, então, que o bom anúncio, ou pelo menos o mais eficaz, seria aquele que fere mais fundo uma frustração latente do receptor da mensagem comercial. Sim e não. Sim, porque a fotografia comercial cava-se no reino da abundância, promete sempre uma Canaã, plena de prazeres, juventude, amor e perene felicidade. E não, pois de fato desejamos ser fortes, saudáveis, belos, inteligentes e amados. Na publicidade a fotografia não apenas faz com que os consumidores se lembrem dos anunciantes, mas permite que desejem seu produto. Contudo, para que a imagem esteja adequada, o Diretor de Arte precisa analisá-la sobre vários aspectos. Você não precisa ser fotógrafo, mas conhecer algumas coisinhas ajuda. 3 Em geral, as fotografias publicitárias são de ostentação de produto, em oposição existem as fotografias de encenação publicitária, essa última, trata-se de uma representação em que o produto não se encontra presente. Esse tipo de produção remete para um determinado estilo de vida, um imaginário, que surge na fotografia de forma propositada e preparada. E, quando a mensagem funciona, a fotografia publicitária pode não só identificar os produtos, mas também os destinatários, na medida em que o spectator pode sentir-se representado na fotografia. Segundo Ricardo Cordeiro: “Se na ostentação publicitária o conceito chave é o espaço, na encenação esse papel pertence ao tempo” (2005, p. 13). Isto porque: “mais do que significar uma presença, procura-se assegurar a significação de uma história, de uma narrativa que tenha por função enquadrar o produto num conjunto de qualidades morais” (CAMILO, Eduardo Apud CORDEIRO: 2005, p. 13). Tentar estabelecer um conjunto de regras e princípios na produção da fotografia na publicidade é algo muito difícil de fazer, uma vez que a única condição garantida à partida é a criatividade do fotógrafo e mesmo essa está condicionada pelas imposições dos diretores artísticos. Além disso, o receptor faz a mensagem. Que isto quer dizer? Precisamente que a mensagem não é a ideia do emissor, nem o conteúdo literal preparado por este, nem ainda o que os meios transmitem. A verdadeira mensagem comunicada é a percebida pelo receptor. Numa palavra: é o que este entende, constrói em si mesmo, elabora e grava em seu cérebro. A técnica publicitária consiste em saber como se preparará e transmitirá uma mensagem que corresponda ao que se quis dizer, quando cada um dos espectadores a quem se dirige a mensagem forme a sua própria imagem dela. É justo reconhecer que grande parte da publicidade é incompreensível, inoperante e aborrecida, porque se limita a transmitir o conceito do produto anunciado, sem considerar nem prever a forma como o citado conceito poderá ser interpretado pelo consumidor. Dessa forma, o receptor o elabora, o compreende, o memoriza. Em outras palavras, a mensagem publicitária, como qualquer outra comunicação, não é algo que se possa transmitir. O que se transmite, isto sim, é a 4 possibilidade através da qual a mensagem “aparece” no receptor. Nasce nele e constitui a mensagem realmente comunicada. Evidentemente, face dessas relações tão complexas, a publicidade ganha categoria e aumenta de importância. O uso da linguagem dos mecanismos de comunicação confere ao publicitário a oportunidade de pôr em prática, mediante a elaboração de minuciosas análises e técnicas específicas, os trabalhos necessários para formar a mensagem exata nos clientes do produto anunciado. Mesmo assim, é possível estabelecer uma aproximação fazendo uma análise sobre os cenários, luzes e enquadramentos mais frequentes na fotografia publicitária. Outras coisas que contam: o equilíbrio, o tema, a composição. Nada, entretanto, é mais importante do que a luz. É muito natural, fácil de entender. Fotografar é escrever com a luz. E, este é o maior segredo sem dúvida. Explica César: Hoje, a tecnologia fotográfica pode registrar uma cena em milionésimo de segundo, mostrando detalhes de imagens que o olho humano não perceberia. Isso é possível porque os equipamentos evoluem a cada dia. Sistemas de iluminação, máquinas e lentes poderosas possibilitam imagens ímpares, apaixonantes. Mesmo quem nada entende de fotografia pode ser apaixonado por ela. (2000: p. 210) Mas quando a fotografia foi descoberta chegavam a acreditar que era magia ou bruxaria, o fato de a máquina produzir fotos tão perfeitas causava euforia e medo. Segundo César (2000) o fascínio das pessoas foi tão grande, pela nova descoberta, que elas faziam qualquer coisa para serem fotografadas. De acordo com Kubrusly (1983: p. 38), no “ano de 1841 trouxe chapas mais sensíveis e objetivas mais luminosas” permitiram que as pessoas vissem suas imagens reveladas em chapinhas metálicas. Com as cabeças sustentadas por pinças em cadeiras especiais, impedindo o movimento, elas ficavam durante muito tempo sem se movimentar, para que a imagem pudesse ser registrada. 5 Das diferenças existentes entre percepção do mundo e sua representação nas imagens. Ocupemo-nos agora de estabelecer algumas implicações concretas próprias do método dominante de representação do espaço que se tem imposto ao longo da história moderna da cultura ocidental. Precisamente, para mostrar seu caráter convencional e as eleições e exclusões que surgem com sua utilização. Uma fotografia publicitária deve conter uma dramatização completa, com personagens, cenário, e algumas vezes, até falas, sendo que tudo isso, deve reproduzir o sujeito olhado como gostaria de ser olhado ou o que gostaria que olhassem nele, e por tanto, como diz Barthes (1980) injetando nela qualidade moral ao jogo social. O fazer fotográfico da imagem publicitária, tem todo um projeto estético de cenógrafo, onde não se separa o captador da imagem do dramaturgo que simula a cena. Esta função congrega domínio da espacialidade, uso de luz, sombra, perspectiva, movimento e construção de texto, que é cultural, e por tanto, tem que conter pontuações sociais, psicológicas, geográficas e afetivas. Conforme esclarece César: “como as fotografias são bidimensionais, para conseguir sentido de profundidade é preciso criar uma sensação de terceira dimensão. Para tal, usa-se a perspectiva. A perspectiva é uma ilusão causada pelo ângulo e distância com que as imagens são observadas” (2000: p. 212). A perspectiva é chamada indistintamente perspectiva “artificial” ou linear e constitui-se um método empregado para representar espaços tridimensionais em uma superfície plana. Em outras palavras, perspectiva é um recurso de expressão que ajuda o artista a criar uma ilusão de profundidade e espaço tridimensional no papel ou tela (que são superfícies planas,bidimensionais). Ela se baseia em quatro conceitos: nível do olho (altura da qual seus olhos observam um objeto); horizonte (linha onde o céu e a terra parecem se encontrar e que está ao nível do olho); linhas convergentes (descrevem o efeito da perspectiva sobre as linhas paralelas, as quais parecem que tendem a se unir na medida em que se aproximam da linha do horizonte); 6 ponto de fuga (ponto imaginário do horizonte, para onde as linhas paralelas parecem convergir quando vistas em perspectiva). Esclarece Dondis: A representação da dimensão em formatos visuais bidimensionais depende da ilusão. A dimensão existe no mundo real. Não só podemos senti-la, mas também podemos vê-la, com o auxílio de nossa visão estereóptica e binocular. Mas em nenhuma das representações bidimensionais da realidade, como o desenho, a pintura, a fotografia, o cinema e a televisão, existe uma dimensão real; ela é apenas implícita. A ilusão pode ser reforçada de muitas maneiras, mas o principal artifício para simulá-la é a convenção técnica da perspectiva. (1991: p. 75) A perspectiva na arte possui quase as mesmas características da que encontramos em nossa vida cotidiana, quer dizer, a maneira na qual percebemos o espaço e os objetos. No entanto, a perspectiva linear está no ponto de vista fixo de um só olho e se obtém matematicamente, por isso, apenas se aproxima do complexo funcionamento da visão humana. A ciência da perspectiva está estreitamente relacionada à ótica (o estudo das leis da visão), uma disciplina que floresceu na Antiga Grécia, em Roma e durante a Idade Média. Aquilo que se vê depende de onde nos situamos e quando. O que apreendemos pela visão é função da nossa posição no tempo e no espaço. César classifica em: Existem três tipos de perspectiva: a perspectiva por escala, a linear e a de sobreposição. Perspectiva por escala: quanto mais afastados os objetos estiverem do observador, menor eles parecerão em relação ao que está mais próximo. Perspectiva linear: linhas retas e paralelas convergindo e determinando a distância. 7 Perspectiva de sobreposição: um dos objetos cobrindo parcialmente o outro causando a impressão de profundidade (2000: p. 212). Imagine uma pessoa que olha para uma sala vazia. As linhas do solo e paredes, na medida em que se distanciam do observador, parecem convergir todas para um ponto situado na altura dos olhos desse. A linha situada nesse nível parece horizontal sem profundidade. Porém, se alguém quiser retratar realmente esta linha do nível ótico, teria que desprezar a profundidade. Se o nível ótico do observador ascender ou descender modificando, por conseguinte, seu ponto de vista, as paralelas seguem convergindo num ponto nesse novo nível; as linhas situadas sobre o nível ótico sempre parecem horizontais, inclusive as que se distanciam do observador. Explica César: “quando a imagem é retratada com perspectiva e iluminação contrastante, a foto ganha muito em dramaticidade” (2000: p. 212). Outra diferença entre percepção e representação nas imagens, é que na fotografia, quase tudo se transforma. A gota d'água escorrendo pelo copo, a fumaça que sai da xícara de café, a espuma da cerveja... Só de lembrar dá até água na boca. Porém, na grande maioria das fotos e filmes - publicitários principalmente -, o que parece ser nem sempre é. Explicando melhor, sabe aquele copo de cerveja suando com gotículas d'água? Muito provavelmente ele não está tão gelado quanto aparenta estar. Sabe aquela espuma de cerveja escorrendo pela borda do copo? Pode ter gosto de sal, bicarbonato de sódio e até de sabão. E a fumaça? É qualquer coisa, menos fumaça de calor. Existe sempre um "truquezinho" para copiar um efeito e dar uma sensação mais agradável ou convincente a determinados objetos. A finalidade? Causar sede, dar uma irresistível vontade de tomar cerveja, aguçar a fome, etc. Enfim, provocar sensações, estimular os sentidos para que ele (o consumidor) seja persuadido a comprar o produto. E, realmente dá certo, pois o resultado, se bem feito, fica tão parecido quanto o objeto real, muitas vezes até mais chamativo. 8 Muitos produtos são substituídos por outros que ficam mais atraentes sob o efeito das luzes. Outros são apenas incrementados com um toque de anilina para ficarem com as cores mais fortes e, conseqüentemente, com uma aparência mais apetitosa. No entanto, em alguns casos, o processo é um pouco mais trabalhoso. O material real é substituído por outro, às vezes é misturado, até que a mesma aparência e consistência sejam alcançadas. As receitas são diversas e cada profissional costuma ter uma própria, conseguida depois de muito experimentar. Provavelmente, o truque mais comum é o de cobrir garrafas e copos com gotas d'água "falsa", uma vez que a água sozinha não agüentaria por muito tempo sem escorrer, debaixo da luz quente dos flashes de estúdio. Nesse caso, como é preciso manter as gotas imóveis até que a foto seja feita, fotógrafos e produtores costumam utilizar dois ingredientes básicos: água e glicerina. Alguns ainda acrescentam vaselina e também outras substâncias que continuam em segredo. O melhor resultado é usar um spray anti-reflexo incolor no copo ou garrafa - para dar a aparência opaca de um vidro gelado - e, em seguida, borrifar água com glicerina. A fumaça é outro efeito bastante utilizado, principalmente em fotos publicitárias e de culinária. São vários os modos de produzi-la. O próprio cigarro pode ser um bom aliado, desde que alguém se disponha a fumar (sem tragar) e soltar vagarosamente a fumaça com a ajuda de canudos escondidos, geralmente, atrás do prato. Há quem prefere usar a fumaça de uma panela de pressão com água fervente. Outra alternativa, para os não-fumantes, é o incenso. Colocados em pequenos pedaços e escondidos atrás do objeto, eles também produzem uma bela fumaça. Já os especialistas em efeitos especiais, acostumados a truques de maior impacto, apostam na mistura de alguns ácidos para produzir uma área esfumaçada mais ampla e dramática. Mas nenhuma das opções citadas funcionará se não for usada contra um fundo escuro - condição fundamental para que a fumaça apareça na foto. 9 Se um dia fosse verdade tudo que as fotografias comerciais prometem, a sociedade ocidental teria, certamente, alcançado seu ideal de perfeição. A maneira de dispor os elementos de uma foto é chamada de composição, ela influencia muito na representação da imagem e depende muito do ponto de vista de cada fotógrafo. A composição nada mais é do que dispor, ainda que mentalmente, as formas, as linhas, os pesos, os tons, as cores e a importância dos objetos que fazem parte da imagem fotográfica. Segundo as orientações do César: Ao analisar a composição fotográfica, é preciso fazer certas perguntas: o tema principal está definido? Existe um ponto de atração, algo que os olhos percebam primeiro? O que está em segundo plano faz sentido? Não existem detalhes que desviem a atenção? O enquadramento permite que os olhos fiquem na área de maior interesse na foto? O peso das imagens na foto está em proporções aceitáveis? Existe equilíbrio ou a imagem 'pesa' mais para um lado do que para o outro? Ao encontrar as respostas, você terá uma boa composição. (2000: p. 212) Além da beleza da cena, a iluminação é que faz a grande diferença. A luz é a grande responsável pela beleza da foto. As texturas, as formas, os detalhes são revelados ou escondidos conforme a luz. Quanto mais luz incidir em determinado assunto, mais claro ele ficará. Não significa que será mais nítido. Luz demais é ruim. Quando a luz é muito acentuada, o objeto fotografado pode ficar com partes invisíveis, disformes. Pouca luz também é ruim. O equilíbrio entre claro e escuro é fundamental. Dizer que fotografar é pintar com a luz é a mais absoluta verdade.O fotógrafo pode possuir o melhor equipamento disponível no mercado, estar diante de um tema completamente inusitado, a foto em equilíbrio, uma composição impecável. Com uma luz ruim, a foto será prejudicada. Além de 10 todo o equipamento de iluminação, o mais importante são os olhos do fotógrafo e sua sensibilidade. A luz precisa ser o pincel; o objeto a ser fotografado, o quadro. A mesma sensibilidade é necessária ao Diretor de Arte quando for escolher a foto. A sensibilidade surge com a observação. Quanto mais se observa um lugar, uma pessoa ou um objeto, maior a possibilidade de ver o que ninguém mais viu. É comum encontrar um grande número de fotógrafos com o mesmo nível de qualidade e conhecimento. Difícil são os que se destacam. Somente aqueles que despendem boa parte do tempo observando, procurando o melhor ângulo, a expressão única, a luz diferenciada e o assunto visto por uma perspectiva nova é que se diferenciam. É muito importante aguçar o sentido de observação e sensibilidade. De nada vale um fotógrafo ou Diretor de Arte entender as técnicas de fotografia se a observação e a sensibilidade forem postas de lado. Segmento da Fotografia Publicitária O fotógrafo publicitário executa uma gama enorme de trabalhos, desde uma simples foto de embalagem de produto em fundo branco até de fotos de carros em grandes estúdios. Fotos de paisagens, de gente, comércio, indústrias, serviços, aéreas, tudo o que o cliente solicitar. A fotografia publicitária exige conhecimento técnico apurado, por isso, enxerga-la como um campo menor dentro da área é um erro. É importantíssimo ter a teoria apurada, aprender as técnicas, conhecer equipamentos, observar muitas fotos, ter curiosidade em saber como foi realizado etc. Tudo é importante, mas só na prática é que se depara com problemas jamais estudados. Os desafios são novos a cada trabalho. O foco, a concentração, conhecimento e experiência são testados a cada dia. Dificilmente um fotógrafo publicitário terá uma determinada área de atuação, principalmente quando está iniciando. 11 Concorda Cordeiro: De facto, apesar da criatividade que se lhe reconhece, o fotógrafo publicitário trabalha constrangido por uma ideia pré concebida que está representada num esquema feito, normalmente, pelo director artístico da agência publicitária. Deste modo, ao fotógrafo publicitário é exigido que domine um vasto leque de técnicas para poder satisfazer as exigências do director artístico. (2005/2006, p. 10-11) Podemos definir esse vasto leque de técnicas dominadas pelo fotógrafo publicitário de segmentos, como: gente, moda, gastronomia etc. É sobre as características de alguns desses segmentos que vamos fazer uma breve descrição a seguir. A foto publicitária, diferente das outras áreas, precisa ter um estúdio para realizar o trabalho. No caso de alguns segmentos o estúdio precisa ter equipamentos específicos. Gastronomia, por exemplo, precisa de uma cozinha espaçosa para a produção dos pratos, com fogão, geladeira, forno de microondas e um freezer. No caso de moda um camarim para que a modelo seja maquiada e produzida. O segmento da gastronomia está quase sempre associado ao da foto publicitária, mas exige um especialista. Fotografar comida é bem mais complicado do que muita gente imagina. Para o alimento parecer apetitoso e atraente em anúncios, revistas de culinária e embalagens, existem várias técnicas e truques. Neste tipo de foto, o trabalho de um produtor especializado faz a diferença. Na maioria dos casos, o ajuste de iluminação é crucial. A solução pode estar na escolha de um filtro colorido que torne a foto mais intimista, ou no uso de uma luz intensa na parte que se quer destacar. Outras vezes, ainda é preciso falsear os alimentos por meio de réplicas (mock-ups), coisa que os food stylists (estilistas de comida) fazem bem. Quanto à fotografia de editorial de moda, é a menina dos olhos de todo o fotografo, o tipo de imagem que todos sonham construir, ela tem a maior liberdade de uso expressivo, uso de equipamento, de cenografia e de dialogo 12 estético. Sua função é veicular tendência de moda, dialogar com o desejo da leitora dentro do espaço mais onírico da revista. Seu vínculo com o real é o tema da edição, os objetos a serem usados são os produtos dos anunciantes, mas não existe nela a veiculação da marca nem o compromisso com os índices de comercialização, sua função é formar opinião, trabalhar antecipadamente formando o novo gosto, induzindo novo padrão de cultura e imagem. A fotografia dos editoriais é a imagem da moda, é nela que está o poder de criar a nova gíria da linguagem do corpo. A moda, de uma forma geral, é tudo o que for usado como peça de vestuário e for fotografado é foto de moda. Lingeries, maiôs, biquínis, vestidos, blusas, calças, sapatos e acessórios. Tudo isso no corpo da modelo, sendo fotografada é moda. Todavia, o segmento da fotografia de moda é bem mais complexa. Além dos desfiles, pode-se fazer fotos de catálogos – lançamentos de novas grifes e tendências, editoriais de revistas e até anúncios. Embora anúncios onde as fotos são de moda, não de publicidade. A fotografia de moda envolve produção, gente. De maneira geral, as agências de publicidade são a principal fonte de trabalho para os fotógrafos que pretendem ingressar na fotografia comercial. Há também os escritórios de design e os clientes diretos, como chamamos os que procuram pessoalmente o fotógrafo. Há duas diferenças básicas entre as agências de publicidade e os escritórios de design: as agências possuem uma estrutura maior, com diversos departamentos e tarefas setorizadas, além de terem trânsito nas mídias impressas e eletrônicas; os escritórios, com sua estrutura mais enxuta, concentram o trabalho. Outra diferença básica é que, nas agências, a criação está centrada num objetivo comercial, de venda, enquanto nos escritórios de design a criação se dirige à comunicação visual, em que o objetivo é a divulgação, sem necessariamente estar ligada à comercialização de algum produto. 13 Além disso, a pequena estrutura de um escritório predispõe o grupo a trabalhar em conjunto. Raramente o designer manda um leiaute pronto para o fotógrafo (um leiaute já com uma foto). Ele sempre manda um rough (rabisco, esboço), uma idéia preconcebida, mas não efetivamente resolvida. E isso permite ao fotógrafo criar ativamente com quem concebeu a idéia. É nas agências de publicidade que se ganha realmente dinheiro. No entanto, muitas vezes a criação do fotógrafo é limitada. Nas agências, a fotografia é a ponta de um processo: o cliente encomenda um trabalho, a criação (um dos setores da agência) gera a peça que é, então, apresentada ao cliente. Depois da idéia aprovada, aquela peça é executada em conjunto pela criação e pelo ilustrador (no caso, o fotógrafo). Esse trâmite - encomendar, aprovar a idéia, aprovar a peça final - é feito por outra pessoa e, portanto, não há contato direto entre o cliente, a criação e o fotógrafo. Nem é preciso dizer que limitações acontecem nesse processo de trabalho. Os diretores de arte costumam mostrar para o cliente um leiaute da propaganda já com uma foto, geralmente capturada de um banco de imagens. Como o cliente vê aquela foto (ou montagem) que já está resolvida esteticamente, fica difícil convencê-lo a aceitar outra imagem - ele quer uma que seja o mais próximo possível daquela que viu. No final das contas, o fotógrafo acaba imitando uma imagem já existente. Isso não é regra, mas é muito comum no trabalho com agências. O fotógrafo pode até propor uma idéia diferente, mas como opção. Além do mais, não há tempo para grandes alterações. As coisas acontecem muito rápido nas agências. Tudo é para ontem, Na publicidade, a rotatividade de profissionais fornecedores é baixa. Os fotógrafos consagrados oferecema segurança de um trabalho reconhecido e por isso acabam ocupando a maioria dos espaços. Os custos são altos e o cliente só vai investir num trabalho se souber que o fotógrafo é 100% confiável. A publicidade precisa acertar sempre, o que estabelece uma espécie de pacto de credibilidade: o cliente confia na agência, a agência em seus criadores e os criadores em seus fornecedores. 14 Uma das maiores preocupações na fotografia publicitária é o direito de imagem. Recomenda-se que o fotógrafo providencie as assinaturas de autorizações de modelos ou propriedades sempre antes da realização das fotos, para evitar problemas com a justiça. Com relação aos modelos, a autorização de uso de imagem com fim comercial se faz por meio de um contrato de prestação de serviços e licença de imagem. Quando não há fins comerciais, como exposições, ilustração de artigos etc., é necessária apenas a autorização para o uso de imagem. Um termo de compromisso que descreva as obrigações do modelo também deve ser elaborado. Da mesma maneira, quando o fotógrafo clica um imóvel, animais, objetos, obras de arte, automóveis, ou qualquer bem que tenha um proprietário que possa ser identificado, precisa providenciar uma autorização assinada do uso de imagem da propriedade. 15 Referências Bibliográficas CESAR, Newton. Direção de Arte em Propaganda. São Paulo: Futura, 2000. CESAR, Newton e PIOVAN, Marco. Making Of: Revelações sobre o dia-a-dia da Fotografia. 1ª Edição. São Paulo: Futura, 2003. CORDEIRO, Ricardo. Fotografia publicitária e fotografia jornalística: pontos em comum. Portugal: Universidade da Beira Interior, “Comunicação e Promoção: Teorias da Publicidade”, mestrado em Ciências da Comunicação, 2005/2006 DONDIS, Donis A. Sintaxe da Linguagem Visual. São Paulo: Martins Fontes, 1991. HACKING, Juliet (Ed. Geral). Tudo sobre fotografia. Rio de Janeiro: Sextante, 2012. KUBRUSLY, Cláudio Araújo. O que é fotografa. São Paulo, Brasiliense, 1983. Coleção Primeiros Passos vol. 82. MARTINS, Nelson. Fotografia: da analógica à digital. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2012. PALACIN, Vitché e CRUZ, Goya. Fazer fotografia. São Paulo: B4 Editores, 2012. PALACIN, Vitché. Fotografia: teoria e prática. São Paulo: Saraiva, 2012. PIOVAN, Marco e CESAR, Newton. Making Of: Revelações sobre o dia-a-dia da Fotografia. 1ª Edição. São Paulo: Futura, 2003. PIRATININGA Luiz Celso de. Publicidade: arte ou artifício? São Paulo: T. A. Queiroz, Editor, 1994. 16 SOARES, João de Assis. Fotografia: ficção ou realidade. Bauru (SP): UNESP - Universidade Estadual Paulista, Seção de Pós-Graduação, Área de Concentração: Comunicação, 2001.
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