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B.M.F 3 Fisiologia da tireóide Conceitos • Tiroxina = T4 • Tri-iodotironina = T3 • Hipertireoidismo = aumento na concentração sérica de hormônios tireoidianos • O sal deve ser iodado para que o iodo seja ofertado para toda a população, evitando assim diversas patologias • O maior depósito de iodeto do nosso corpo é a célula folicular • T4 quase não tem função (é considerado um pro-hormônio) Glândula tireoide - É uma das maiores glândulas endócrinas do corpo - Secreta os hormônios T4 (93%) e T3 (73%) - Os hormônios tireoidianos são sintetizados nos folículos tireoidianos (no coloide) Hormônios tireoidianos (T3 e T4) Características - Efeitos principais = agem na regulação da taxa metabólica basal (quantidade de energia que o organismo gasta para manter as funções básicas) e no desenvolvimento e maturação (desenvolvimento do SNC por exemplo) - São sintetizados a partir de iodeto e tireoglobulina (precursores) - São hormônios amínicos (derivados da tirosina) - Contém iodo -> iodeto - Aspectos que regulam a biossíntese (diminuem ou aumentam a biossíntese dos hormônios) = uma baixa ingestão de iodo limita a biossíntese, problemas na ação feedback eixo (eixo hipotálamo-hipófise), problemas no receptor THS (hormônio hipofisário que age na glândula tireoide), problemas no NIS (se ele tem baixa atividade não é possível captar iodeto) - Possuem característica lipofílica (necessitam de transportadores para circular no plasma, não circulam sozinhos) - 99% dos hormônios tireoidianos estão ligados á proteínas transportadoras (TBG ou TBP), os outros 1% são desligados das proteínas transportadoras para agir nos tecidos - Pontos de controle = há maior secreção de T4 do que de T3 e os hormônios tireoidianos sofrem ação de desiodases - Os 2 grandes reguladores da função tireoidiana (secreção de T3 e T4) são : TSH . Estimula a célula folicular a produzir hormônio tireoidiano através do aumento da captação de iodeto (TSH aumenta a expressão e a atividade) da NIS, aumento da síntese de tireoglobulina no folículo, aumento da atividade da pendrina (TSH aumento o influxo de iodeto para o coloide), aumenta o tamanho e a atividade secretória das células tireoidianas e aumenta o número de células tireoidianas . Seu receptor é ligado a proteína G e ativa as duas vias possíveis (via adenilato ciclase e fosfolipase C) por isso o TSH é tão potente e possui diversas ações B.M.F 3 Iodeto . As concentrações de iodeto circulante regulam a ação da célula folicular sem depender do TSH (mesmo sem TSH os hormônios tireoidianos podem ser produzidos) . Quando há uma grande concentração de iodeto circulante as células foliculares conseguem realizar suas ações sem depender do TSH (processo de autorregulação da tireoide ou efeito de wolff-chaikoff) . A glândula tireoide pode ser controlada conforme a disponibilidade de iodo na célula (independente do TSH) = efeito wolff-chaikoff Precursores de T3 e T4 . Iodeto - É o iodo obtido da dieta que é reduzido á iodeto (ao ser absorvido no TGI) - Fontes de iodo = leite, batata, camarão, alga . Tireoglobulina - Glicoproteína produzida nas células foliculares e direcionada para o coloide - Fica no coloide esperando o iodeto chegar e começar a se ligar nas tirosinas para que seja possível a síntese dos hormônios tireoidianos - Apresenta cerca de 130 resíduos de tirosina Síntese de T3 e T4 (ocorre no coloide) Começa na membrana basolateral 1- Iodo é ingerido através da dieta 2- O iodo absorvido se torna iodeto e este vai para a circulação 3- Iodeto é transportado através do NIS (transporte ativo secundário -> simporte que transporta para o mesmo sentido sódio e iodeto) para as células foliculares 4- As células foliculares absorvem o iodeto e o direcionam para o coloide (este localizado na membrana apical) Na membrana apical 5- O iodeto atravessa a membrana apical e chega no coloide através do transportador pendrina (transporte ativo secundário -> antiporte/cotransporte que transporta iodeto em troca de cloreto) 6- A tireoperoxidase (complexo da enzima tireoperoxidase + oxidase dual) oxida o iodeto e o transforma em iodo (quem recebe o elétron do iodeto para que ele se transforme em iodo é o peroxido de hidrogênio fabricado pela oxidase dual) 7- No coloide o iodo começa a iodar os resíduos de tirosina presentes na tireoglobulina (ocorre o processo de organificação/iodação) 8- Ocorre o processo de acoplamento 9- A tireoglobulina (repleta de T3, T4, DIT, MIT) sofre pinocitose (a membrana do coloide faz uma invaginação, é endocitada pela célula folicular e levada dentro de grânulos com lisossomos) 10- Os lisossomos fazem proteólise da tireoglobulina (quebram a tireoglobulina e liberam o MIT, DIT, T3 e T4 que estavam presos nela) 11- T3 e T4 são levados para a circulação e secretados e MIT e DIT são reciclados *Organificação/iodação - É o processo de adição do iodo nas tirosinas (são adicionados no máximo 2 iodos em cada tirosina) - Quando 1 iodo se liga no resíduo de tirosina esta se torna uma MIT (mono-iodo-tirosina) - Quando 2 iodos se ligam no resíduo de tirosina esta se torna DIT (di-iodo-tirosina) *Acoplamento - É o processo de junção de DIT com MIT para a formação dos hormônios tireoidianos B.M.F 3 - Uma mono-iodo-tirosina se junta com uma di-iodo-tirosina e forma T3 (tiroxina) -> MIT + DIT = T3 - Uma di-iodo-tirosina se junta com outra di- iodo-tirosina e forma T4 (tri-iodo-tironina) -> DIT + DIT = T4 Pontos de controle da NIS - Aumento da expressão de TSH (é responsável pelo aumento da expressão de NIS) - Diminuição da concentração de iodeto circulante (é responsável pelo aumento da atividade da NIS, pois esta vai trabalhar ainda mais para captar todo o iodeto disponível para evitar a redução da síntese dos hormônios tireoidianos) Reguladores da secreção de T3 e T4 Estrógeno - Reduz a metabolização das proteínas transportadoras (TBG ou TBP), ou seja, aumenta a quantidade de proteínas transportadoras circulantes aumentando a meia vida dos hormônios tireoidianos (tem mais proteínas transportadoras disponíveis para que os hormônios tireoidianos se liguem) B.M.F 3 - Reduz os hormônios tireoidianos livres, resultando no aumentando da secreção dos hormônios hipofisários e hipotalamicos que visam a normalização da secreção dos hormônios tireoidianos (tem mais proteína transportadora disponível e portanto os hormônios tireoidianos se ligam á elas, reduzindo os hormônios tireoidianos livres, a secreção deles e o feedback negativo) - Aumenta a secreção hipofisária de TSH, aumentando assim o TRH (a redução dos hormônios tireoidianos resulta em menos feedback negativo e consequentemente no aumento da secreção dos hormônios hipofisarios e hipotálamicos) Gonadotrofina coriônica - Proteína semelhante ao TSH produzida em mulheres grávidas - Por ser semelhante ao TSH, o receptor de TSH á reconhece e aumenta a atividade da célula folicular - Por este motivo, mulheres grávidas as vezes desenvolvem distúrbios na secreção de hormônios tireoidianos pois produzem estrógeno e gonadotrofina coriônica (e ambos possuem suas ações na regulação da secreção de T3 e T4) Metabolização das iodotironinas - São metabolizadas pelo fígado e rins - São as enzimas D1, D2 e D3 responsáveis pela desiodação, podem gerar produtos inativos (rT3 e T2) ou T3 - D1 (predominante no fígado, rins, músculo esquelético e leucócitos) converte T4 em T3 (desioda o T4 em T3) - D2 (predominante na hipófise, SNC, tireoide e tecido adiposo) converte T4 em T3 (desioda o T4 em T3) - D3 (predominante no cérebro, placenta e útero) é responsável pela inativação dos hormônios tireoidianos pois converte T4 e T3 em rT3 e T2 (hormônios inativos) - Em uma situação de hipertireoidismo as células aumentam a síntese de D3, resultando na inativação dos hormônios tireoidianos - Em uma situação de hipotireoidismoas células aumentam a síntese de D1 e D2, resultando na síntese de T3 (conversão a partir de T4) Mecanismos de ação dos hormônios tireoidianos - Agem no desenvolvimento ósseo e SNC, crescimento ósseo e tecidual e metabolismo - São essenciais no consumo de oxigênio e no metabolismo celular de quase todos os tecidos (taxa metabólica basal) - Possuem ação genômica/nuclear e não genômica Ação genômica/nuclear . T3 quando entra na célula vai direto pro núcleo se liga no receptor e age no DNA, alterando a transcrição de genes (aumentando ou diminuindo a expressão genica) . Pode aumentar = a expressão de GH, a síntese de ácidos graxos, enzima lisogênica, miosina . Pode inibir = prolactina, TRH e TSH (realizam o feedback negativo) B.M.F 3 Ação não genomica . T3 quando entra na célula vai pro citoplasma se ligar no receptor e age na via de sinalização (induz vias de sinalização podendo ativar e desativar proteínas) . Pode aumentar = a ativação via integrina Ações fisiológicas dos hormônios tireoidianos - Termogênese obrigatória facultativa no músculo esquelético e no tecido adiposo marrom - Potencializa a ação dos receptores beta adrenergicos no coração - Atua no desenvolvimento normal do SNC no sistema nervoso - Crescimento normal, maturação, síntese e reabsorção óssea no osso - Maturação de pré-adipócito e lipogênese no tecido adiposo - Síntese/degradação de colesterol e síntese de receptores LDL - Síntese de proteínas - Gliconeogenese, glicogenólise, incorporação da glicose nas células Termogênese obrigatória . T3 gera o aumento na síntese das UCPs (proteínas desacopladoras) mitocondriais, impedindo o gradiente H+ para síntese de ATP e resultando na dissipação de energia na forma de calor . T3 também pode aumentar a ação da bomba sódio ATPase resultado em mais gasto de ATP e mais dissipação de energia na forma de calor . Ocorre aumento do transporte ativo de íons, do consumo de ATP, da libração de calor, da mobilização de cálcio e de miosina . Pode ocorrer no tecido adiposo, fígado, músculo esquelético e coração Termogênese facultativa . T3 gera o aumento a expressão de UCPs mitocôndriais, impedindo o gradiente H+ para síntese de ATP e resultando na dissipação de energia na forma de calor . Ocorre o aumento da produção de calor de acordo com o ambiente em que o indivíduo esta . Ocorre quando o indivíduo está em ambientes frios . Pode ocorrer no músculo estriado esquelético, coração, tecido adiposo marrom Metabolismo de lipídeos . T3 age fazendo lipólise (aumento de ácidos graxos livres no plasma) e redução do colesterol (aumenta a quantidade de colesterol que é removido do plasma e liberado na bile) . Por isso indivíduos com hipotireoidismo tendem a ter maiores concentrações de colesterol circulante (tem pouco T3 para fazer a remoção do colesterol pela bile) Metabolismo de carboidratos . T3 atua na gliconeogênese e na glicogenólise (aumenta a absorção de glicose em período pós-prandial e a síntese de glicogênio em jejum) . T3 também atua na secreção de insulina (ajuda a insulina a fazer a captação de glicose e a armazenar a glicose na forma de glicogênio) e aumenta a síntese de GLUT4 (ação genômica) B.M.F 3 Efeito no sistema cardiovascular . T3 aumenta o débito cardíaco (o coração trabalha mais), o consumo de oxigênio, a vasodilatação e a frequência cardíaca . Hipertireoidismo aumenta a força de contração (aumenta a velocidade na qual o coração vai bater), esse aumento exagerado resulta em catabolismo proteico (diminui a força de contração do coração) Efeito no SNC . T3 é importante no desenvolvimento e funcionamento do SNC no período embrionário (responsável pela proliferação, sinaptogênese e mielinização) . Em hipertireoidismo o SARA (sistema de alerta integra da atividade cerebral) é mais estimulado fazendo com que o indivíduo tenha um maior nível de atenção e aprendizado. No hipotireoidismo ocorre o oposto Metabolismo de proteínas . T3 em excesso faz catabolismo protéico resultado na fraqueza muscular . Em hipotireoidismo ocorre a redução da síntese proteica resultando na fraqueza muscular, fadiga, sonolência Metabolismo ósseo . T3 é importante para o crescimento esquelético e do cérebro na fase uterina e nos primeiros anos de vida . Também é importante para síntese e reabsorção óssea (remodelação óssea) . Indivíduos com hipertireoidismo possuem uma maior suscetibilidade á osteoporose Patologias Doença de graves - Pessoas com essa doença tem hipertireoidismo (muita produção de hormônio tireoidiano) - Causa um hipertireoidismo pois é uma doença autoimune que faz a ativação do receptor de TSH (que possui inúmeras funções já citadas anteriormente) resultando em uma produção exagerada dos hormônios tireoidianos Cretinismo - Doença genética - É um hipotireoidismo congênito - É detectado no teste do pezinho e deve ser tratado - Se não tratado, a partir da segunda semana de vida a deficiência dos hormônios tireoidianos causam retardo mental grave
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