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Abordagem ao queimado

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1 
4º SEMESTRE 2021 – UNIFTC PRÁTICAS MÉDICAS II – CIRURGIA 
JULIANA OLIVEIRA 
ABORDAGEM AO 
QUEIMADO 
CONCEITOS 
➔ O que é queimadura? 
É qualquer ferida traumática causada, na maioria das vezes, 
por agentes térmicos, químicos, elétricos ou radioativos e 
que vai atingir não só a pele, mas também o tecido celular 
subcutâneo, musculatura e tendão, causando repercussão 
sistêmica, desencadeando uma resposta inflamatória que 
ocasionará efeitos sistêmicos como alterações 
hemodinâmica, aumento da permeabilidade capilar, 
imunossupressão, hipermetabolismo, edema e diminuição 
do fluxo sanguíneo renal. 
EPIDEMIOLOGIA 
Tem-se cerca de: 1.000.000 acidentes/ano. 
 2.500 mortes/ano. 
 2/3 domiciliares. 
 10.000 atendimentos hospitalares. 
 
A queimadura é a quinta causa de morte acidental no 
mundo, de acordo com a OMS. 
 
➔ População e fatores de risco: 
Crianças menores de 5 anos, devido a queimadura por 
contato e escaldadura. 
Adultos estão susceptíveis devido a ingesta de álcool, 
senilidades, transtornos psiquiátricos ou doenças 
neurológicas. 
Idosos. 
PROGNÓSTICO 
▪ Porcentagem de superfície corpórea queimada. 
▪ Idade. 
▪ Obesidade. 
▪ Alterações neurológicas. 
▪ Lesão inalatória aumenta em 7x a mortalidade. 
▪ Traumas associados. 
▪ Abuso de álcool. 
▪ Doenças cardíaca, hepática e pulmonar pré-existentes. 
FISIOPATOLOGIA 
O local que sofreu a queimadura sofre uma necrose de 
coagulação, a profundidade dessa necrose depende da 
temperatura do agente lesivo, tempo de exposição e do 
calor específico, ou seja, a capacidade que se tem de passar 
o calor para a vítima. 
TEMPERATURA x TEMPO DE CONTATO 
▪ <44ºC tem-se a destruição térmica se houver 
exposição prolongada. 
▪ 44ºC – 69ºC tem-se o dobro da taxa de destruição a 
cada aumento de 1ºC. 
▪ >70ºC tem-se a destruição celular instantânea. 
TIPOS DE QUEIMADURAS 
▪ Lesões térmicas são as queimaduras por chamas e 
normalmente são mais comuns em adultos, diferente 
da escaldadura que são mais comuns em crianças. 
▪ Lesões químicas, lesões elétricas, lesões por fricção, 
por radiação. 
NÍVEIS DE QUEIMADURA 
A depender da profundidade da queimadura, pode-se ter 
uma lesão de primeiro, segundo ou terceiro grau. Quando 
se tem uma queimadura de 1º grau, a epiderme não é 
ultrapassada, na queimadura de 2º grau a derme é atingida, 
já na queimadura de 3º grau o subcutâneo é atingido. 
 
 
 
▪ Queimadura de 1º grau: 
Atinge a camada mais superficial da pele, que é a epiderme. 
Características: Ardor; 
 Vermelhidão ou hiperemia; 
 Áreas esbranquiçada com a pressão 
digital e depois avermelhado, devido à ausência de vasos; 
 Sensibilidade aumentada; 
 Regeneração rápida (3 – 6 dias) 
 Descamação; 
Tratamento: 
Hidratação oral, analgésicos e hidratação da pele 
(ex: compressas frias nas primeiras horas pós trauma) 
 
▪ Queimadura de 2º grau: 
Atinge a epiderme e derme, há literaturas que usa a 
expressão “espessura parcial.” 
(ex: escaldaduras ou por chamas) 
Características: Dor; 
 Inchaço; 
 Bolhas; 
 Lesão úmida; 
 Regeneração lenta; 
SUPERFICIAL: 
Alcança a camada papilar da derme. 
o Flictenas róseo: Ao remover a bolha tem-se um leito 
vermelho, que é um indício de não destruição do plexo 
subepidérmico com reepitelização garantida. 
o Dor e hiperemia. 
o Restauração em 2 semanas. 
 
2 
4º SEMESTRE 2021 – UNIFTC PRÁTICAS MÉDICAS II – CIRURGIA 
JULIANA OLIVEIRA 
o O atendimento inicial deve consistir em 
desbridamento, lavagem com soro e adição de 
antibiótico tópico ou malha curativa de prata – possui 
um agente pró-tópico (ex: sulfadiazina de prata), e deve 
ser feito o curativo. 
 
PROFUNDA: 
Alcança a camada reticular, que é a camada mais profunda 
da derme. 
o Flictenas esbranquiçado: Ao romper a bolha nota-se 
um líquido esbranquiçado, visto que todos os capilares 
da derme superficial já foram destruídos, bem como a 
epiderme, precisando então de enxertia ou cirurgia. 
o Restauração em 3 semanas com formação de cicatriz. 
Obs: A repitelização ocorre pelas bordas da ferida e pelos 
anexos cutâneos (gland. Sebácea, sudorípara e folículos 
pilosos), assim, quanto mais anexo a região afetada tiver, 
menor a formação de cicatriz e maior a reepitelização. 
▪ Queimadura de 3º grau: 
Lesão que atinge, pelo menos o TCSC, mas pode atingir 
ossos, levando a deformidades sérias, além de trazer riscos 
para carcinoma espinocelular (queimadura por altas 
temperaturas, química ou elétrica). 
Características: Indolor; 
 Área escura ou marrom; 
 Lesão seca; 
 Utiliza-se enxerto para reconstrução. 
 Hipoálgica (sem dor devido ao 
comprometimento da inervação sensitiva). 
 
ATENÇÃO: 
Quando existir uma lesão com grau de queimadura mais 
avançado no centro, ao seu redor terá um grau menor 
envolvendo-a. Devido a isso, a dor na queimadura de 3º 
grau não deve ser excluída, pois, ao redor dessa lesão de 3º 
grau tem-se outros graus de queimadura, com isso, a dor 
aumenta na periferia devido a destruição das fibras 
nervosas. 
 
Tratamento: 
Ressecação, desbrdamento precoce e cirurgia. 
 
▪ Queimadura de 4º grau: 
Lesão tão profunda que acomete ossos e musculatura, 
fazendo mumificação, ocasionando a perda funcional, de 
forma que se faz necessário a amputação do membro. 
ZONAS DE JACKSON 
Quando se tem uma queimadura, tem-se uma área 
arroxeada chamada de zona de coagulação, ao redor dessa 
zona tem-se a zona de estase, a qual margeia a queimadura 
de fato. 
Zona de coagulação: Consiste na parte central onde 
ocorre a necrose, resultando em morte celular e em uma 
coagulação imediata das proteínas celulares. É irreversível. 
 
Zona de estase: É uma área de hipoperfusão devido ao 
edema tecidual, logo, a microcirculação fica comprometida, 
sendo essa uma zona que está em isquemia, mas que é 
reversível. Pode melhorar com a oferta de líquido. 
Obs: A reanimação volêmica nas primeiras 24h evita que a 
zona de estase vire uma zona de coagulação. 
 
Zona de inflamação: Mediadores pró-inflamatórios + 
vasodilatação. 
 
ATENDIMENTO INICIAL AO QUEIMADO 
O tratamento do grande queimado necessita de avaliação 
inicial e ABCDE do trauma antes mesmo do curativo. 
1. Deve-se analisar a segurança do ambiente. 
2. Retirar o paciente da cena quando seguro o ambiente. 
3. Interromper o processo de queimadura e cobrir a 
pessoa com um pano limpo ou manta térmica. 
4. Retirar roupas, anéis e joias. 
5. Suspeitar de lesão por inalação: IOT + VM. 
6. Iniciar reposição volêmica. 
7. Colar cervical + prancha rígida. 
8. Aquecer o paciente. 
9. Água a temperatura ambiente na lesão (primeiros 15 
min). 
O paciente segue o protocolo ATLS que é indicado ao 
politraumatizado, com isso tem-se: 
➔ Avaliação primária + reanimação. 
 
A. Vias aéreas ou AIRWAY: 
Deve-se manter o colar cervical. 
Na avaliação da via aérea deve-se buscar comprometimento 
por inalação = Intubação orotraqueal. 
Nos casos de queimaduras por via aérea, a mortalidade 
aumenta em 30 a 40%, é o maior preditor de mortalidade, 
sendo superior a extensão da lesão.É importante saber a 
cinética do trauma. 
 
Suspeita de lesão por inalação: 
Ambiente fechado; 
Queimaduras em face; 
Exposição a fumaça; 
 
3 
4º SEMESTRE 2021 – UNIFTC PRÁTICAS MÉDICAS II – CIRURGIA 
JULIANA OLIVEIRA 
Rouquidão; 
Escarro carbonáceo; 
Dispneia IRA com estridor e tosse; 
Queimadura de vibrissas; 
Queimadura de via aérea culmina em intubação 
orotraqueal, se não, pode-se ter um edema de glote. 
 
Suspeita de intoxicação por monóxido de carbono: 
O monóxido possui uma afinidade 240x com a hemoglobina 
maior do que com o oxigênio normal, assim, ao se ligar a 
hemoglobina leva cerca de 12h para se dissociar, deixando 
o paciente hipoxêmico, assim, há uma oferta de O2 
100% com máscara reinalante se o paciente tiver acordado, 
mas se o paciente estiver com queimadura ou desacordado 
deve-se fazer uma intubação orotraqueal e ventilação 
mecânica com fração de inspiração de O2 a 100%, fazendo 
com que a molécula de carboxiemoglobina se dissocie mais 
rápido. 
 
Logo após o atendimento, o paciente deve fazer uma 
endoscopia/broncoscopia com lavado bronquioalveolar com 
repetição 48h depois, deve-se fazer o raio-x e a gasometria 
do paciente. 
Se o paciente queimar a via aérea irá causar edema, esse 
diminui ou impossibilita a respiração do paciente, logo, não 
há como proceder com a intubação orotraqueal, tendo que 
fazer uma via aérea cirúrgica ou cricotomia. 
 
B. Respiração ou breathing: 
Deve-se pensar sempre em uma síndrome compartimental 
torácica, onde se tem uma queimadura de 3º grau, que 
restringe o movimento respiratório, ocasionando uma 
hipoventilação, para isso deve-se fazer uma escarotomia 
que consiste em uma incisão no tórax para ocasionar a 
descompressão e posteriormente promover a respiração. 
 
Nesses casos não se faz necessário a anestesia, visto que é 
uma queimadura de 3º grau. 
 
C. Circulação ou circulation: 
Tem-se uma síndrome compartimental dos músculos e 
membros. Os braços e pernas são retidos em 
compartimentos, denominado de fáscias, os quais envolvem 
os músculos, quando se tem uma queimadura tem-se a 
formação de um edema, o qual ocasiona a compressão dos 
vasos, artérias e nervos podendo levar ao amputamento do 
membro, caso a fasciotomia não seja feita para 
descomprimir a região, reestabelecendo a circulação. 
 
Utiliza-se 2 acessos venosos calibrosos (14 ou 16G) e se faz 
a reposição volêmica com ringer lactato. 
 
D. Drogas ou drugs: 
Deve-se analisar o Glasgow (3 a 15) e se há resquícios de 
intoxicação exógena. 
Se o Glasgow <8: intubação para proteger as vias aéreas. 
 
E. Exposição ou exposure: 
Deve-se expor o corpo para analisar e estimar a superfície 
corpórea queimada, a fim de prevenir hipotermia, por meio 
do uso de uma manta térmica e para que seja aplicado na 
fórmula de Parkland. 
 
Regra de Wallace ou regra dos nove: 
Permite uma projeção da superfície corpórea queimada 
através de números múltiplos de nove. 
Obs: A palma da mão do paciente equivale a 0,5% da área 
total da superfície corporal e toda a superfície palmar, 
incluindo os dedos, é 1% em crianças e adultos. 
 
Diagrama de Lund – Browder: 
É mais preciso e varia de acordo com a idade para cabeça, 
coxa e perna. 
 
 
 
As crianças p.ex. têm cabeças proporcionalmente maiores e 
extremidades inferiores menores, portanto, a porcentagem 
de SCQ é estimada com mais precisão usando esse gráfico. 
 
 
4 
4º SEMESTRE 2021 – UNIFTC PRÁTICAS MÉDICAS II – CIRURGIA 
JULIANA OLIVEIRA 
F. Fluído ou fluids, ressuscitação hipovolêmica ou 
flow ressucitation: 
O paciente queimado perde barreira, logo, é necessário que 
ele seja reidratado com ringer lactato, pois é isotônico, 
evita-se o soro, pois pode causar acidose hiperclorêmica, 
mas caso seja o único presente pode utilizar. 
 
o O ATLS da última edição sugere que ao invés de usar a 
fórmula de Parkland, use-se a fórmula modificada, a 
Brook: 2 a 3 x peso (kg) x SCQ. Deve-se manter a 
fórmula de Parkland para queimaduras elétricas. 
o A verificação de oferta apropriada é feita através da 
sonda vesical de demora, que fornece o débito 
urinário, normal: 
Se a diurese for > do que 0,5 mL/kg/hora; 
Queimadura elétrica tem meta de débito urinário 
dobrada (mL/kg/h), bem como de diurese (60 a 100 
mL/h). 
 
Deve-se avaliar a extensão e profundidade da queimadura, 
faz-se necessário acesso venoso, analgesia com opioide 
forte, cateterismo vesical para monitorar a diurese, 
curativo e encaminhar para o centro de tratamento de 
queimados (CTQ). 
 
ATENÇÃO: 
Fórmula de Parkland: 4 x peso (kg) x SCQ (%) 
Deve-se colocar na fórmula de 20 a 50%, se tiver dado 10, 
não se aplica a fórmula, e a conduta deve ser a reidratação. 
 
➔ Avaliação secundária + reanimação: 
▪ História clínica e exame físico completo e detalhado. 
▪ História e mecanismo do trauma: Fonte, tempo de 
exposição, mecanismos associados, confinamento. 
▪ Documentação e fotos. 
 
➔ Medidas auxiliares. 
▪ Sondagem vesical de demora: 
▪ Monitorização da perfusão tecidual: Adulto > 0,5 
mL/kg/h e criança > 1mL/kg/h. 
▪ Sondagem nasogástrica: 
▪ Descompressão do estômago. 
▪ Evitar vômitos e risco de bronco aspiração. 
▪ Avaliação se o paciente precisa de imunização 
antitetânica. 
▪ Radiografia: Coluna cervical: AP e lateral. 
 Tórax: AP 
 Pelve: AP 
▪ Outros exames: Broncoscopia caso tenha suspeita de 
lesão inalatória, tomografia de tórax ou abdome, 
endoscopia. 
Obs: Os exames complementares são feitos após a 
estabilização inicial do paciente. 
 
▪ Deve-se deixar o paciente em jejum, pois, pode 
necessitar de cirurgias. 
Não utilizar atb sistêmico na fase inicial. 
▪ Analgesia: Endovenosa; 
 Deve-se ter cuidado com narcóticos. 
▪ Protetor gástrico: Evitar úlcera de Curling. 
▪ Tratamento inicial das feridas: 
o Lavagem com soro fisiológico 0.9% e degermante, 
ou seja, para descolonizar a ferida. 
o Desbridamento de tecidos desvitelizados. 
o Curativo estéril: 
Objetiva evitar perdas hidroeletrolíticas, é uma 
proteção contra infecção, evita perda de calor e 
promove o alívio da dor. 
O curativo inicial deve ser feito com 4 camadas: 
1ª: Agente tópico 
 Usa-se ácido graxo para hidratar a pele. 
 Pomada de atb (>20% SCQ): Sulfadiazina de 
prata, nitrato de cério. 
2ª: Camada antiaderente: Rayon. 
3ª: Camada absortiva: Gaze a algodão. 
4ª: Camada protetora: Faixas. 
 
CUIDADO PARA: 
 
➔ Transferência: 
▪ Contato com equipe que irá receber o paciente no 
centro de queimado. 
▪ Encaminhas toda a documentação pertinente. 
▪ Realizar a transferência após a estabilização inicial. 
Critérios para internação em centro de queimados: 
 
 
 
 
5 
4º SEMESTRE 2021 – UNIFTC PRÁTICAS MÉDICAS II – CIRURGIA 
JULIANA OLIVEIRA 
ANEXOS 
1. Queimadura de primeiro grau: 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. Queimadura de segundo grau: 
o Superficial: Com flictena danificada; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
o Profunda: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. Queimadura de terceiro grau: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. Queimadura de quarto grau: 
 
 Como diferenciar? 
 
 
Camadas da pele.

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