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COVID 19 ACIDENTE DE TRABALHO?

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INTRODUÇÃO
	O presente estudo de caso tem como intuito a discussão acerca da Contaminação por Covid-19, se esta pode ser considerada acidente do trabalho.
	A lei 8.213/91, em seu art. 19, caracteriza o acidente de trabalho como o que "ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho". O art. 20, da mesma lei, destaca as entidades mórbidas equiparadas e acidente de trabalho: doença do trabalho, doença profissional e concausalidade.
	Já o art. 21, dispõe sobre os eventos que se equiparam ao acidente de trabalho para fins legais, destacando em seu inciso III: a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade, e o § 1º do art. 21 elenca as hipóteses que não serão consideradas como doença do trabalho e prevê, em sua alínea "d", a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.
Desde 11.3.2020, quando a OMS reconheceu a pandemia do coronavírus e as autoridades de saúde mundiais decretaram que uma das medidas mais eficazes para evitar a propagação do vírus é o isolamento social, muitas dúvidas surgiram no campo trabalhista relacionadas aos contratos de trabalho, à suspensão e redução de jornadas, aos benefícios previdenciários, trazendo insegurança para empresários e trabalhadores. 
DESENVOLVIMENTO:
	Com aumento significativo do numero de casos de covid-19 e sob a problemática de que muitas destas vítimas podem ter contraído o coronaíirus no desempenho de suas funções laborais, surgiu o questionamento da caracterização de nexo causal, o covid-19 pode ser considerada como doença ocupacional, equiparada a acidente de trabalho?
	O art 19 da MP 927/2020 em consonacia com o artigo 21 da lei 8312/91 estabeleceu que os casos de contaminação pelo coronavírus (covid-19) não poderiam ser considerados ocupacionais, exceto mediante comprovação do nexo causal,  posicionamento da jurisprudência em matéria trabalhista, que adota, como regra, a teoria da responsabilidade civil subjetiva, prevista nos arts. 186 e 927, do CC e no art. 7º, XXVIII, da CF/88, segundo o qual, há necessidade de averiguação e comprovação do nexo causal, além da culpa do empregador.. 
	Pouco mais de um mes apos ser criada a MP o STF decidiu em liminar julgada no dia 29/04/2020 por retirar a vigência do art. 29 da mp, nao definindo o contrario do disposto, ou seja, a suspensão da validade do citado art. 29 não significa, automaticamente, a possibilidade de reconhecimento da doença ocupacional para qualquer trabalhador, mas visou equilibrar a situação vez que a compreensão fria do artigo levava a entender de que se tratava de uma exceção, sendo imprescindível a comprovação, pelo trabalhador, o que colocava o trabalhador em desvantagem.
	No caso dos trabalhadores de serviços essenciais por exemplo que estão na linha de frente do combate ao vírus, especialmente os profissionais da saúde, estão potencialmente mais expostos à infecção e por isso, é presumido, caso testarem positivo para a doença, que a contaminação se deu no desempenho da atividade laboral.
	Os trabalhadores que desempenham atividades de risco ou essenciais terão a seu favor a presunção de que a doença foi contraída no trabalho, caracterizando a doença ocupacional, equiparada a acidente de trabalho, bastando demonstrar a atividade laboral exercida (nexo causal), e cabendo à empresa o ônus da prova de que cumpriu com todas as medidas de proteção visando evitar a contaminação dos trabalhadores do local. 
	Enquanto que aos trabalhadores que atuam em empresas não reconhecidas pelos órgãos regionais como focos de contágio, que mantiverem suas atividades de acordo com as orientações dos órgãos de saúde, que respeitarem as medidas de proteção e distanciamento estes permanecem com o ônus de demonstrar que o contágio se deu nas dependências da empresa ou em razão do trabalho, gozando o empregador da presunção de que não se trata de acidente de trabalho.
Conclusão:
	Desta forma podemos observa que é complexo provar o nexo causal da doença com o local de trabalho tendo em vista que o trabalhador nao tem contato somente com os outros funcionários e com o local da empresa, e que se embora nao haja como provar que nas dependências da empresa foi infectado e seja verdade, afasta os direitos que o empregado faz jus, ao mesmo tempo que a não necessidade de comprovação do nexo pode ser um uso indevido do beneficio previdenciário. 
BIBLIOGRAFIA: 
HAJE, Lara. Projeto revoga portaria que reitrou Covid-19 da lista de doenças do trabalho. Disponível em: < https://www.camara.leg.br/noticias/689873-projeto-revoga-portaria-que-retirou-covid-19-da-lista-de-doencas-do-trabalho/> Acesso em: 14/10/2020.
SARAIVA, Romulo. STF reconhece Covid como acidente de trabalho. Disponível em: < https://agora.folha.uol.com.br/grana/2020/05/stf-reconhece-covid-como-acidente-de-trabalho.shtml> Acesso em: 14/10/2020
KÜNZEL, Rocheli. Covid-19 e doença ocupacional: efeitos da decisão do STF. Disponivel em: <https://migalhas.uol.com.br/depeso/328267/covid-19-e-doenca-ocupacional--efeitos-da-decisao-do-stf> Acesso em: 14/10/2020.

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