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ECOFISIOLOGIA VEGETAL Prof. GISLENE GANADE Lab. Ecologia da Restauração Crescimento & Alocação de Recursos Crescimento • Crescimento vegetal pode ser definido como o aumento da biomassa seca da planta ou de partes da planta no tempo. • Crescimento reflete o movimento líquido de recursos que entram e saem da planta em seus muitos orgãos. O crescimento das plantas pode ser regulado por fatores: 1) endógenos: hormônios vegetais 2) exógenos: luz, água, nutriente, temperatura, Hormônios Vegetais 1) Moléculas orgânicas produzidas pela planta em diversos tecidos 2) Afetam o crescimento e desenvolvimento da planta em baixas concentrações 3) Agem em geral em partes da planta diferentes dos locais aonde são produzidos Hormônios Vegetais 1) Auxinas: Induz o crescimento em direção à luz 2) Giberelina: Estimula divisão e alongamento celular. 3) Citocinina: Retarda a senescencia e estimula a divisão e o alongamento celular. 4) Ácido Abscísico: Perda e inibição de crescimento de folha, fechamento estomatal e induz senescencia. 5) Etileno: Induz senescencia e influencia crescimento celular 6) Brassinosteróides: Promove alongamento celular e crescimento Quais recursos exógenos poderiam regular o crescimento das plantas? Medidas de Crescimento • Os recursos que as plantas necessitam são quimicamente mais simples do que os recursos que os animais necessitam • Plantas usam energia solar, CO2, água, e cerca de 12 íons ex: N,P,K, Ca, Mg etc. Medidas de Crescimento Taxa Relativa de Crescimento (RGR) RGR = Log(pesoT1) –Log(pesoT2) T2 –T1 Medidas de Crescimento • O aumento do peso seco de plantas crescendo em condições ideais seria um crescimento exponencial (o equivalente ao acúmulo de juros compostos) • Pode ser medido através da Taxa Relativa de Crescimento (RGR) Crescimento exponencial em condições ideais • Plantas não podem continuar crescento exponencialmente por mais que um curto período de tempo. • O crescimento deve ser regulado por disponibiidade de recurso Plantas com maior concentração de lignina no tecido tem menor taxa relativa de crescimento Características Espécies de crescimento rápido Espécies de crescimento lento Habitat - suprimento de nutrientes alto baixo - potencial de produtividade alto baixo Morfologia e Alocação - razão da área da folha alta baixa - área específica da folha alta baixa - razão de massa foliar mais alta mais baixa - razão de massa de raiz mais baixa mais alta Fisiologia - fotossíntese (por unidade de área foliar) igual igual (por unidade de massa foliar) alta baixa - uso de Carbono na respiração (% do total de Carbono fixado) baixo alto - taxa de aquisição de íons (por unidade de massa da raiz) alta baixa Composição Química - concentração quantitativa de compostos secundários baixa alta - concentração qualitativa de compostos secundários variável variável Outros Aspectos - densidade da massa foliar baixa alta - densidade da massa da raiz baixa alta - substituição de folhas alta baixa - substituição de raízes alta? baixa? - longevidade da folha baixa alta - longevidade da raiz baixa? alta? Características típicas de espécies herbáceas C3 de crescimento rápido e crescimento lento. Nota: Diferenças referem-se ao crescimento de plantas com livre acesso aos nutrientes. O sinal ? indica que mais estudos são necessários. História de vida • Definição: representa as estratégias de crescimento, diferenciação e reprodução de um organismo durante a sua existência Características de história de vida: -Tamanho ao nascer - Padrão de crescimento - Idade que atinge a maturidade - Número, tamanho e razão sexual da prole - Investimento de energia em reprodução - Tempo de vida Características de plantas que refletem sua história de vida • Taxa Relativa de Crescimento • Tempo de vida • Forma de crescimento (erva, arbusto, árvora, trepadeira) • Ciclo de vida • Tamanho de semente e número produzido • Área específica da folha Características de plantas que refletem sua história de vida Forma de Crescimento Trepadeira ÁrvoreArbusto Tamanho de semente Sementes pequenas Sementes grandes Crescimento Defesa Troca ecologica entre crescimento e defesa Área da folha / por unidade de massa (mm2 g-1) Área especifica da folha (SLA) Área Especifica da Folha SLA (Specific Leaf Area) Baixo SLA Alto SLA História de vida • Estudos de história de vida de organismos procuram padrões e a explicação para estes padrões • Ex: Porque orquídeas produzem uma infinidade de sementes pequenas enquanto árvores tropicais produzem poucas sementes muito grandes? • Esta diferenças em tamanho de sementes poderiam estar relacionadas à diferenças entre o habitat que elas ocupam? Porque a seleção natural favoreceu estas características? História de vida Existem dois extremos de um contínuo de explicações biológicas do porque certas características de história de vida são observadas Adaptações: Características que evoluem em resposta a um sinal ambiental específico e que aumentam a adaptabilidade do organismo Restrições Filogenéticas: Características podem ser atribuídas à restrições químicas e físicas do organismo que foram mantidas durante sua filogenia Estratégias de História de Vida Evolução coordenada de características de forma de vida • Estratégia r -Espécies de vida curta -alta taxa reprodutiva -maturidade rápida -prole numerosa de tamanho de corpo pequeno, -alto esforço reprodutivo -vida curta • Estratégia K -Espécies de vida longa -baixa taxa reprodutiva -maturidade tardia - pouca prole de tamanho de corpo grande, -baixo esforço reprodutivo -vida longa Estratégias de história de vida semelhantes podem evoluir em ambientes semelhantes • Classificação triangular de Grime (1979) Três estratégias ecológicas de plantas relacionadas a: -níveis de perturbação (desastres ambientais,herbívoros, patógenos) -disponibilidade de recurso do ambiente (luz, água ou nutrientes) 1-Tolerantes a stress - Ambientes com baixos níveis de perturbação e recursos escassoz 2-Ruderais- Ambientes com altos níveis de perturbação e recursos abundantes 3-Competitiva- Ambientes com baixos níveis de perturbação e altos níveis de recursos. Estratégias de história de vida semelhantes podem evoluir em ambientes semelhantes 1-Tolerantes a stress - Ambientes com baixos níveis de perturbação e recursos escassoz 2-Ruderais- Ambientes com altos níveis de perturbação e recursos abundantes 3-Competitiva- Ambientes com baixos níveis de perturbação e altos níveis de recurso 1- Baixa taxa de crescimento relativo, alta longevidade de orgãos, 2- Ciclo de vida adaptado a explorar momentos favoráveis do ambiente, investimento em produção de sementes 3-Alta taxa relativa de crescimento, alta captura de recursos e baixa longevidade de orgãos C re sc im en to Suprimento de Recursos Espécies de ambientes com muitos recursos Espécies de ambientes com poucos recursos TRADE-OFFS ou TROCA ECOLÓGICA • O investimento evolutivo em uma estratégia de forma de vida pode levar à perda de outras estratégias que seriam também necessárias em um ambiente variável. Colonização VERSUS Competição • ex: r e K • O competidor inferior (r) persiste devido a sua grande capacidade de colonização, quando encontra o competidor superior (K) perde em competição e não se estabelece • Recrutamento de K é limitado por sementes enquanto recrutamento de r não é limitado por semente e sim por sobrevivencia Alocação em RAÍZ versus PARTE AÉREA • Em sua evolução plantas se adaptaram à trocas em investimento em raíz em relação a parte aérea • Plantas pioneiras: maior alocação em raíz para rápida utilização de nutrientes em condições de alta luz • Sucessão tardia: maior investimento em parte aérea para obter luzCrescimento VERSUS Defesa • Plantas com baixas taxas relativas de crescimento tem baixa capacidade de obter recurso e recompor o tecido perdido por herbivoria: ALTO INVESTIMENTO EM DEFESA • Plantas com altas taxas relativas de crescimento tem alta capacidade de obter recurso e baixa longevidade foliar: Podem mais facilmente recompor o tecido perdido por herbivoria: BAIXO INVESTIMENTO EM DEFESA Área foliar VERSUS massa da folha • SLA: área específica da folha • SLA= área/massa Investimento em fotossíntese: alto SLA Evitar perda de água: baixo SLA Tamanho VERSUS Número de sementes • Para um investimento fixo em reprodução a planta precisa “escolher” entre • Sementes grandes: alta sobrevivência da plântula, baixa dispersão • Sementes pequenas: baixa sobrevivência da plântula, alta dispersão Varias características da planta estão relacionada com a taxa relativa de crescimento Alocação de Recursos • Plantas podem alocar reservas e biomassa em raíz, parte aérea e estruturas reprodutivas dependendo da disponibilidade de recursos do ambiente que elas se encontram Dureza do solo afeta taxa de crescimento da raiz em comprimento Alocação em Estoque • Plantas podem alocar alguns dos seus recursos em compartimentos de estoque onde o recurso estocado fica disponivel para crescimento future. • Estoque pode ocorrer em folhas, galhos e raízes Adaptações de Estoque em árvores da Caatinga Ziziphus joazeiro (Rhamnaceae) JOAZEIRO Spondias tuberosa (Anacardiaceae) UMBU Orgãos e formas químicas de estoque • Cabohidratos são estocados como açúcares soluveis em raízes tuberosas, bulbos. • Um custo importante do estoque é a produção de estruturas características de estoque. Adaptações das Raízes para ESTOQUE Commiphora leptophloeos Burseraceae Imburana Amburana cearensis Fabaceae Cumaru Pseudobombax marginatum Malvaceae Imbiratanha Cochlospermum vitifolium Bixaceae Algodão Orgãos e formas químicas de estoque • Nitrogênio é estocado como Nitrato em galhos e pecíolos em plantas de crescimento rápido que recebem altos níveis de N. • Quando a disponibilidade de N é media ou baixa este é estocado como amino acido e proteína (ex: Rubisco) “Luxury Consumption” • Consumo luxuoso Absorção de nutrients que vai além da quantidade necessaria para aumentar a taxa relative de crescimento. O recurso então pode ser estocado Investimento em Defesa: herbivoria predação e interação planta- patogenos Plantas contem uma vasta variedade de compostos que não são usados nas vias biosinteticas e catabolitas : COMPOSTOS SECUNDARIOS Compostos secundarios Tem papel importante em deter herbívoros e proteger contra patogenos HERBIVORIA FOLIAR HERBIVORIA • Galhadores • Insetos que induzem a produção de tumores que protegem suas larvas de predadores e parasitas HERBIVORIA INSETOS MINADORES Predação de sementes • Pré- dispersão: Ataque da semente por animais consumidores (predadores de semente) que ocorre quando esta ainda se encontra conectada à planta mãe ex: Insetos: Besouros Bruchideos, Aves • Pós-dispersão: Ataque da semente que ocorre após a dispersão da semente para locais de estabelecimento ex: Roedores, Aves, insetos Besouros Bruchideos e Curculeonideos predadores de sementes A fauna consumidora de sementes pode reduzir substancialmente o estabelecimento de plantas Predação de sementes de pinhão EXPERIMENTO DE PREDAÇÃO DE SEMENTES FLONA – São Francisco de Paula, RS Sobrevivência das sementes 0 20 40 60 80 100 12/04 A M J J A S O 0 20 40 60 80 100 12/04 A M J J A S O 0 20 40 60 80 100 12/04 A M J J A S O 0 20 40 60 80 100 12/04 A M J J A S O Mês Mês Araucaria angustifolia Eugenia uniflora Nectandra megapotamica Criptocaria aschersoniana Porcentagem de sementes predadas após 4 meses do experimento Eugenia uniflora (pitanga) 88,75% Araucaria angustifolia (pinhão) Cryptocaria aschersoniana (canela-areia) Nectandra megapotamica (canela-preta) 94% 76,25% 98,25% Mamíferos herbívoros são uma das maiores causas de mortalidade em plantas Insetos herbívoros Frequentemente reduzem adaptabilidade (fitness). Sendo uma pressão seletiva importante para a fixação de genótipos de plantas que apresentam resistência aos herbívoros Defesas contra Herbivoria Química Física Biológica Corrida armamenticia entre planta e herbívoros • PLANTA: Evolução continua de estruturas e compostos de defesa cada vez mais tóxicos •HERBIVOROS: Evolução continua de mecanismos comportamentais e químicos para lidar com essas estruturas e compostos Defesas Físicas • Espinhos - Mamíferos • Tricomas (anzol, flexa, espada) -Insetos • Tricomas glandulares - Insetos • Látex - Insetos Espinhos (Opuntia werneri) www.cactos.com.br/pages/deutsche_14_opuntia.html Tricomas www.biologie.uni-hamburg.de/b-online/e05/r10.htm Defesas contra Herbivoria Química Física Biológica Defesas Químicas Qualitativas Quantitativas (móveis) (imóveis) Defesas Qualitativas (móveis) • altamente tóxicas • ocorrem em pequena quantidade • são translocáveis • vida curta • algumas vezes aparecem só após herbivoria Defesas Quantitativas (imóveis) • redutores de digestibilidade • ocorrem em grande quantidade • não são traslocáveis • vida longa Exemplos de defesas químicas • Qualitativas (móveis) - Compostos cianogênicos - Alcaloides - Terpenoides • Quantitativas (imóveis) - Celulose - Hemicelulose - Tanino - Lignina - Silica Modo de ação Adaptações para processamento de material vegetal Respostas de herbivoros aos tipos de defesa químicas • Qualitativas (móveis) Vários exemplos de processos coevolutivos onde existe adaptação de herbívoros a defesas qualitativas • Quantitativas (imóveis) Pouca evidencia de mecanismos de adaptação para quebra de compostos quantitativos Cicuta virosa Planta de onde se extraia a cicuta, veneno que matou Socrates Defesa química em urtiga • Tocar a planta quebra os pelos das folhas e do caule. O pelo fino contem sílica e perfura a pele sendo que o conteúdo químico (possivelmente serotonina / peptina) da folha penetra a pele causando dor e inchaço Planta ataca: Senecio jacobeae produz alcaloides pirrolozidinicos para evitar herbivoria. Herbivoros se adaptam – Tyria jacobeae estoca alcaloides pirrolizidinicos no corpo e se defende contra predadores Asclepia curassavia produz glicosidios cardiacos (composto amargo que estimula o batimento cardiaco em baixas doses mas que é letal em altas doses Borboleta Limenitis archippus mimetiza o padrão de coloração e evita predadores mesmo não sendo tóxica Danaus plexippus (borboleta monarca) incorpora glicosidios cardíacos no corpo para se defender contra pássaros predadores. Como as plantas evitam morrer pelo seu próprio veneno? • A maior parte dos compostos de defesa são também tóxicos para as plantas •Acido prussico (HCN) e produzido por mais de 2000 espécies de plantas em 110 familias •Plantas não estocam cianeto mas estocam glicosideos cianogenicos ou lipidios cianogenicos (Sapindaceae) e que só produzem HCN através de hidrolise mediada por enzimas Plantas podem utilizar metodos “não venenosos” para se defenderem contra herbivoros •Formigas visitam a planta patrulham e ingerem os herbivoros defendendo a planta contra herbivoria •Plantas que atraem formigas Inga uruguensis (Fabaceae) Kersch & Fonseca (em preparação) Cecropia purpuracens (Cecropiaceae) MIRMECÓFITAS Plantas com domáceas para formigas Domáceas : Estruturas ocas desenvolvidas pelas plantas que servem de sítio de nidificação para as formigas Formigas defendem a planta contra herbívoros Cecropia purpuracens (Cecropiaceae) Tococa bullifera (Melastomataceae) Pourumaheterophila (Cecropiaceae) Maieta guianensis (Melastomataceae) Cordia nodosa (Boraginaceae) Tachigali myrmecophila (Caesalpinaceae) Nível de herbivoria Defesa contra Patogenos • Como as plantas podem se defender de uma infecção de organismos fitopatogenicos em seus tecidos? 1) Hipersensibilidade ao ataque: provocando uma rápida morte das células infectadas, privando assim o agressor de nutrição 2) Encapsulamento do invasor com polissacarídeos 3) Substancias antibióticas que já existem no tecido vegetal antes da infecção ocorrer (agentes de pré infecção) 4) Substancias formadas após ataque do vírus, bactéria ou fungo (agentes pos infecção – fitoalexinas) Defesa contra Patogenos Hipersensibilidade ao ataque: provocando uma rápida morte das células infectadas, privando assim o agressor de nutrição Defesa de plantas contra Patogenos Fitoalexinas :Antibióticos produzidos após infecção: Mais de 200 fitoalexinas são conhecidas Exemplos gerais: Quinona, Cumarina, Difeniletileno Mais especificos de determinadas familias botanicas Isoflavoneides (Fabaceae) Sesquiterpenos (Solanaceae) Poliacetileno (Asteraceae) Fenantreno (Orquidaceae)
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