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Relatório - Saída de campo- Praia do Forte

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Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO 
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde – CCBS 
Instituto de Biociências – IBIO 
Departamento de Ciências Naturais – DCN 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Disciplina: Elementos de Ecologia 
 
 
 
 
 
Curso: Biomedicina 
 
 
 
 
 
 
 
 
Saída de Campo – Praia do Forte 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
 
 
 
 
 
 
 
Semestre 02 Ano 2014 
 
 
 
 
I) Praia 
I.1) Morfologia 
O espaço é identificado como praia, pois apresenta algumas 
características próprias, tais como substratos (areia), onda e maré. O regime 
de marés varia de acordo com a posição do sol e da lua devido à força 
gravitacional exercida por esses astros. Nas luas nova e cheia, as forças 
gravitacionais do Sol e da Lua interagem determinando o período de sizígia, 
aquele com as maiores amplitudes entre maré alta e baixa. Há também o 
período de quadratura, no qual as marés oscilam pouco como resultado de 
diferentes interações da gravitação dos astros. Os detritos que vêm com a 
maré, formam a linha de deixa, que também pode ser considerado separação 
entre os espaços aquático e terrestre. 
Há as zonas supralitoral, litoral e infralitoral. A supralitoral é aquela que 
só é molhada por borrifos de água e por marés altas excepcionais durante a 
sizígia. Oposto é a infralitoral, cuja característica é estar constantemente 
submersa, salvo por marés excepcionalmente baixas durante a sizígia. A litoral 
(média) é a faixa entre a maré alta e a baixa. Essa zona se subdivide em 
retenção, ressurgência e saturada. A última é o local mais próximo da 
infralitoral, constantemente molhada; a de ressurgência é aquela em que o 
lençol freático aflora depois da passagem de ondas; enquanto a de retenção, 
como o nome sugere, retém água que é escoada para o lençol freático. 
Fatores abióticos e bióticos formam as características do local. Assim as 
praias oceânicas são divididas em dissipativas, nas quais as ondas quebram 
longe do litoral e perdem força, gerando uma areia fina, e em refletivas, em que 
as ondas quebram perto da praia, formando uma areia mais grossa devido ao 
impacto. 
I.2) Biota 
Este ambiente pode apresentar macrobentos (ou macrofauna), 
meiobentos (ou meiofauna) e microbentos (ou microfauna). Os bentos são 
seres que vivem sobre o substrato (fundo), podendo ser móveis ou sésseis, 
sendo classificados pelo tamanho, dependendo da malha em que são filtrados. 
Apresentam-se conforme as zonas, de acordo com as adaptações para a vida 
terrestre, como resistência à dessecação e à temperatura. 
Um dos animais que se adaptam melhor nas praias dissipativas na zona 
litoral média é o tatuí (Emerita brasilienseis), que pertence à macrofauna e 
pode ser usado como bioindicador, pois quando há poluição eles não são 
encontrados com facilidade. A maioria dos seres da região possui corpo liso 
para facilitar a penetração na areia. O tatuí, além dessa característica, possui 
membros traseiros especializados para escavação. A cor mais clara facilita sua 
sobrevivência no local, pois reflete ao invés de não reter calor, além de ser uma 
adaptação para camuflagem. É um animal filtrador, capaz de nadar e que se 
enterra na areia, mantendo apenas a cabeça para fora, para se nutrir. 
Não é comum que haja competição por espaço no ecossistema de praia 
devido a dois fatores: o primeiro é que não há falta do elemento para as 
comunidades locais; o segundo é que a zonação da praia condiz com a 
distribuição da fauna pelo local de acordo com a adaptabilidade para viver sem 
água. Entretanto, estudos recentes tentam relacionar o crescimento da 
população de moluscos bivalves com o decréscimo no número de tatuís no 
mesmo ecossistema. 
 
I.3) Atividade realizada 
 Consistiu em usar uma pá e uma malha com poros de 1 mm para tentar 
capturar e observar animais (macrobentos) localizados na subdivisão de 
ressurgência da zona litoral. Primeiramente, esperou-se as ondas passarem e 
a água escoar pela areia para, então, cavar uma grande massa de areia com a 
pá e coloca-la sobre a rede. A malha foi levada fechada para as ondas a fim de 
lavá-la do substrato, deixando apenas os organismos encontrados. Os tatuís 
capturados foram postos em uma bacia com água e areia e foi possível 
observar-se suas características físicas e seu comportamento já descritos. 
 
 
 
II) Costão 
II.1) Morfologia 
Por muito tempo foi o ecossistema de limite entre marinho e terrestre 
mais estudado, porque se consideravam as praias ambientes de caráter 
desértico. 
Costões rochosos podem ser classificados como expostos ou como 
protegidos. O primeiro tipo recebe maior impacto das ondas, apresentando-se 
como um paredão liso, pouco sedimentado e que sofre intensa zonação. Já os 
costões protegidos não sofrem tanto impacto do mar e podem se apresentar de 
forma mais sedimentada, com fraca ou nenhuma zonação. 
A referida zonação permite dividir o costão em regiões de acordo com 
suas características bióticas e abióticas, analogamente à praia. A região supra 
litoral é aquela apenas molhada por borrifos de água; a zona meso litoral é 
caracterizada por estar hora submersa, hora emersa; enquanto a zona infra 
litoral é aquela que se apresenta sempre submersa. Essa última regão pode 
ainda ser dividida em dois ambientes: o consolidado, que é o local da pedra, e 
o inconsolidado, o da areia. 
II.2) Biota 
 Os limites entre as regiões do costão podem ser mais facilmente 
identificadas pelos organismos residentes desse habitat, uma vez que o 
substrato é limitado e existe cerrada competição por espaço. As espécies 
estritamente marinhas encontram-se na zona infra litoral, também onde 
ocorrem maiores relações de herbivoria. Na zona supra litoral encontram-se os 
organismos mais adaptados à vida terrestre (dentre os do costão). Já a região 
meso litoral apresenta organismos adaptados a se fixarem fortemente ao 
substrato e a resistirem aos impactos de ondas e flutuações da maré. 
Seres que vivem nas regiões secas ou úmidas dos costões têm 
adaptações como filamentos, ventosas e patas musculosas para a fixação no 
substrato. Também costumam possuir cores claras para reflexão da luz ou alta 
mobilidade para se esconder do sol, entre outras formas de proteção contra 
desidratação. Em sua maioria, os animais são filtradores e se alimentam de 
sedimentos que vem do mar. O que mais chama atenção é a abundância de 
algas, o que se deve ao grande hidrodinamismo, que propicia quantidade alta e 
estável de nutrientes para os vegetais além de impedir intenso herbivorismo. 
 
 
 
Alguns dos seres vivos que podem ser encontrados em costões são: 
algas verdes, vermelhas e pardas, corais, gastrópodes, mexilhões, poliquetas, 
caranguejos, siris, cracas, estrelas do mar, ouriços do mar. Quanto menos 
íngreme o costão, maior a diversidade biológica encontrada, pois maior é o 
espaço disponível e a facilidade de fixação dos organismos. Em relação à 
cadeia alimentar, a estrela do mar é o animal que está em seu topo. Sua 
importância para o costão é que seu predatismo promove uma ciclagem das 
populações uma vez que abre espaços para fixação de novos organismos no 
substrato. A importância ecológica desse ecossistema é justamente sua 
biodiversidade, que permite intensos estudos científicos além de servir muitas 
vezes como berçário de diversas espécies, inclusive algumas que não o 
habitam, tal qual pássaros. 
II.3) Atividade realizada 
 Consistiu apenas na observação do meio e dos seres encontrados, 
voltando especial atenção para a zonação do costão e para as adaptações dos 
organismos. 
 
 
 
III) Teia trófica 
A teia alimentar se diferencia da cadeia por possuir uma rede de fluxo de 
energia, na qual as espécies possuem mais de um predador e se alimentam de 
mais de uma espécie, ao passo que a cadeia apresenta um fluxo linear de 
energia e raramente abrange toda a complexidade das relações tróficas. 
Quando uma espécie é drasticamente reduzida ou extinta, toda a teia é 
prejudicada. Inicialmente, as populações que eram predadas poresse ser, irão 
crescer, consequentemente predando mais. Isso causará redução da 
população predada pela hipertrofizada e gerará escassez de alimento para 
esta, levando à morte de parte dos indivíduos. A teia trófica não poderá se 
estabilizar novamente se as espécies não forem normalizadas, podendo até 
extinguir-se. No caso do costão rochoso, a falta de um predador de topo pode 
ainda desestabilizar o ecossistema por eliminar a ciclagem dos indivíduos, 
necessária devido à competição pelo espaço restrito sobre substrato. 
A prática consistiu em reproduzir a analogia de uma teia alimentar por 
meio de um barbante entrelaçado com os integrantes do grupo que 
representavam, cada um, um organismo. Essa analogia permitiu a visualização 
da interdependência dos seres vivos e da desestabilização da malha mediante 
extinção de um componente. 
A seguir é mostrado um esquema de teia trófica com alguns organismos 
encontrados no costão rochoso e, mais abaixo, outro de cadeia alimentar 
destacada dessa teia. Em ambas, as setas indicam fluxo de energia e matéria, 
porém sem gradações. Detritos representam matéria orgânica morta, daí todos 
os seres terem um fluxo em direção a esse elemento. Na cadeia, o plâncton 
ocupa o primeiro nível trófico, de produtor; as cracas são consumidoras 
primárias, segundo nível trófico; o gastrópode Stramonita haemastoma ocupa o 
terceiro nível trófico, como consumidor secundário. 
Plancton → Cracas → Stramonita haemastoma 
 
 
IV) Considerações finais 
 A atividade em campo permitiu observar as diferentes adaptações 
adquiridas pelos seres vivos para que pudessem viver nos ecossistemas da 
praia e do costão rochoso, além de propiciar o estudo das relações entre 
tróficas entre eles. Pôde-se averiguar que animais que lidam com o meio 
terrestre desenvolveram mecanismos para retenção de líquido e para pouca 
absorção de calor. Também foi possível compreender a importância ecológica 
da comunidade do costão rochoso ao observar-se a biodiversidade presente 
nesse habitat e a fragilidade das relações tróficas ao simular-se a extinção de 
um componente dessa teia alimentar. 
 A prática colocou os participantes em contato com o trabalho de campo, 
seus métodos e objetivos, e foi muito instrutiva por permitir a visualização dos 
conceitos estudados na teoria. Ademais, a atividade propiciou a diferenciação 
no cotidiano de aulas em sala, o que a tornou ainda mais interessante. 
 
 
 
V) Referências bibliográficas 
 Páginas da internet 
[1]Praias arenosas. Disponível em 
<http://www.aquariodeubatuba.com.br/aqnovo/ECO-
POWER2.asp?Codigo1=24>. Acessado em 21/09/2014 
[2] Ecossistema de praias arenosas. Disponível em 
<http://ambientes.ambientebrasil.com.br/agua/ecossitema_costeiro/praias_aren
osas.html>. Acessado em 21/09/2014. 
[3] Ecossistema de costão rochoso. Disponível (em todos os links) em 
<http://www.ib.usp.br/ecosteiros/textos_educ/costao/index2.htm>. Acessados 
em 21/09/2014