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Crimes em espécie creiof

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Conrado José Neto de Queiroz Reis 
 
 
CURSO PREPARATÓRIO: OFICIAL DE PROMOTORIA MPSP 
DISCIPLINA: PROCESSO PENAL 
PROFESSOR: CONRADO REIS 
 
DIREITO PENAL 
CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA (Art. 293 a 301 e 305 CP): O objeto jurídico tutelado pela norma 
é a fé pública, ou seja, a legitimidade e a autenticidade documental. Em regra, qualquer pessoa 
pode ser sujeito ativo de crime contra a fé pública, tratando-se de crime comum. Porém, 
excepcionalmente, exige-se uma condição especial do sujeito ativo, tratando-se de crime próprio, 
como no crime de falsidade de atestado médico (Art. 302), em que o sujeito ativo só pode ser o 
médico, que não será objeto deste concurso, no falso reconhecimento de firma ou letra (Art. 
300), bem como no crime de certidão ou atestado ideologicamente falso (Art. 301), em que o 
sujeito ativo é o funcionário público, quem exerce cargo, emprego ou função pública, ainda que em 
entidade paraestatal (Ex: SESC) ou funcionário de empresa prestadora de serviço contratada ou 
conveniada para a execução de atividade típica da Administração pública (Ex: indivíduo que exercia 
função de lançamento de informações no sistema de dados da Caixa Econômica Federal), conforme 
disposto no Art. 327 CP. O sujeito passivo é o Estado, bem como quem sofre eventual lesão 
decorrente da conduta típica. 
 
FALSIFICAÇÃO DE PAPÉIS PÚBLICOS: O caput do Art. 293 do CP tipifica a falsificação de papéis 
públicos, especial e expressamente no que concerne às ações de fabricar e alterar “selo 
destinado a controle tributário” (Ex: selo de IPI), papel selado ou qualquer papel de emissão legal 
destinado à arrecadação de tributo; “papel de crédito público” que não seja moeda de curso legal 
(documento, nominativo ou ao portador, que representa dívida federal, estadual, municipal ou de 
qualquer entidade de Direito Público, como títulos da dívida pública Ex: Letra do Tesouro Nacional, 
no qual o investidor recebe o retorno de seu investimento na data do vencimento do título pelo valor 
nominal de resgate); “vale postal” (Revogado tacitamente pelo Art. 36 da Lei 6.539/78 - Falsificar, 
fabricando ou adulterando, selo, outra fórmula de franqueamento ou vale-postal: Pena: reclusão, até 
oito anos, e pagamento de cinco a quinze dias-multa.); “cautela de penhor” (título de crédito 
representativo de contrato de mútuo, para cuja garantia o mutuário transfere ao mutante a posse de uma coisa 
móvel, que deverá ser restituída quando efetuado o pagamento), “caderneta de depósito de caixa 
econômica” (falsificar a guia de retirada) ou de outro estabelecimento mantido por entidade de 
direito público; “talão, recibo, guia (Ex: falsificação de Guia de Arrecadação Estadual - GARE, 
referente ao recolhimento da taxa de custa judicial, destinada à Previdência dos Advogados de São 
Paulo, administrada pelo IPESP) alvará” ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de 
rendas públicas ou depósito ou caução por que o poder público seja responsável; bilhete (CPTM), 
passe, ou conhecimento de empresa de transporte, administrada pela União, por Estado ou por 
Município. Pena: Reclusão, de 2 a 8 anos, e multa. Incorre na mesma pena quem restitui à 
circulação selo falsificado destinado a controle tributário. Quem suprimir carimbo ou sinal indicativo 
 
 
Conrado José Neto de Queiroz Reis 
 
 
CURSO PREPARATÓRIO: OFICIAL DE PROMOTORIA MPSP 
DISCIPLINA: PROCESSO PENAL 
PROFESSOR: CONRADO REIS 
 
da inutilização dos papéis públicos com o fim de torna-los utilizáveis, está sujeito a uma pena de 
reclusão de 1 a 4 anos, e multa, podendo ser beneficiado pelo sursis processual do Art. 89 da Lei 
9.099/1995: “Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas 
ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do 
processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha 
sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão 
condicional da pena previstos no Art. 77 do Código Penal”. Por sua vez, quem restituir à circulação 
qualquer dos papéis falsificados, com exceção do selo destinado à controle tributário, estando antes 
de boa-fé, estará sujeito a uma pena de detenção (cumprimento inicial em regime semiaberto ou 
aberto, de acordo com o Art. 33 CP) de 6 meses a 2 anos. Neste caso, aplica-se o rito 
sumaríssimo dos Juizados Especiais, com base no Art. 61 da Lei 9.099/1995: “Consideram-se infrações 
penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei 
comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa”, sujeita, portanto, a TCO e 
não a APFD. Desse modo, antes de oferecida a Queixa-Crime (particular) ou a Denúncia (Ministério Público), 
é garantido ao suposto infrator a oportunidade de lhe ser aplicada de imediato pena não privativa de liberdade 
(Art. 72 e 76, Lei 9.099/95), o que lhe livra de responder à Ação Penal, mas, sem admitir culpa, tem de cumprir 
penas alternativas, tais como prestação de serviços à comunidade, pagamento de determinado valor para 
instituição de caridade, entre outras. É a chamada Transação Penal. Em todo caso, se o agente é funcionário 
público e comete o crime prevalecendo-se do cargo, a pena é aumentada de 1/6 (Art. 295 CP). 
 
PETRECHO DE FALSIFICAÇÃO: O Art. 294, por opção do legislador, optou por punir os atos 
preparatórios do iter criminis de falsificação de papéis públicos. Assim, quem tem objeto 
especialmente destinado à falsificação de papéis públicos já comete crime, punido com pena de 
reclusão de 1 a 3 anos, e multa, podendo também ser beneficiado com a suspensão condicional do 
processo. Trata-se de crime subsidiário em relação ao crime de falsificação de papéis públicos, 
razão pela qual o indivíduo que dispõe do objeto e realiza a falsificação só responde pela própria 
falsificação do Art. 293 CP. Da mesma forma, se o agente é funcionário público, e comete o crime 
prevalecendo-se do cargo, a pena é aumentada de 1/6. 
 
FALSIDADE DE SELO OU SINAL PÚBLICO: No Art. 296, o objeto jurídico tutelado não é o 
documento em si, mas sim o selo público destinado a autenticar atos oficiais da união, do Estado ou 
do Município, bem como selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, 
ou sinal público de tabelião. Percebam que o legislador, por deslize, não mencionou o Distrito 
Federal. O crime é punido com pena de reclusão de 2 a 6 anos, e multa. Nas mesmas penas, 
incorre quem faz uso de selo ou sinal falsificado, quem utiliza indevidamente o selo ou o sinal 
verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio e altera, falsifica ou faz uso 
 
 
Conrado José Neto de Queiroz Reis 
 
 
CURSO PREPARATÓRIO: OFICIAL DE PROMOTORIA MPSP 
DISCIPLINA: PROCESSO PENAL 
PROFESSOR: CONRADO REIS 
 
indevido de marca, logotipo, sigla ou outro símbolo identificador de órgão ou entidade da 
Administração Pública (Ex: uso de selo falsificado do INMETRO em extintor de incêndio). Da mesma 
forma, se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, a pena é 
aumentada de 1/6. 
 
FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO: Segundo o Art. 232 do CPP "Consideram-se 
documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares. Parágrafo único: À 
fotografia do documento, devidamente autenticada, se dará o mesmo valor do original". Dessa 
forma, a cópia não autenticada não tem valor legal, mas a cópia autenticada sim. Entende a 
doutrina, que documento público é o elaborado por funcionário público competente, no exercício de 
suas atribuições, com a observância das formalidades legais, enquanto que documento particular é 
exatamente o que não é público propriamente dito nem por equiparação legal. O Art. 297 define o 
crime de falsificação de documento público, consistente em falsificar, notodo ou em parte, 
documento público, ou alterar documento público verdadeiro, cuja pena é de reclusão de 2 a 6 
anos, e multa. Importante registrar que, para os efeitos penais, equiparam -se a documento público 
o emanado de entidade paraestatal (Ex: SESC), o título ao portador ou transmissível por endosso 
(cheque e letra de câmbio), as ações de sociedade comercial, os livros mercantis (Livro Diário; Livro 
Razão) e o testamento particular". Da mesma forma, se o agente é funcionário público, e comete 
o crime prevalecendo-se do cargo, a pena é aumentada de 1/6. A simples substituição de 
fotografia em carteira de identidade verdadeira configura o crime de falsidade de documento público. 
A Lei 9.983/00, que dispõe sobre os crimes contra a Previdência Social, revogou as alíneas “g”, “h” 
e “i”, da Lei 8.212/91 (Seguridade Social) e acrescentou os §§ 3° e 4° ao Art. 297. Contudo, tais 
condutas não correspondem à falsidade material do crime de falsificação de documento público, 
mas sim à falsidade de conteúdo, portanto, deveria constar no Art. 299 da falsidade ideológica, 
razão pela qual, sabidamente, o agente comete o crime de falsidade ideológica, porém, 
respondem pela pena do crime de falsificação de documento público por conta da expressa 
determinação de tais parágrafos do Art. 297, ou seja, reclusão de 2 a 6 anos, e multa. Assim, 
quem insere ou faz inserir: a) na folha de pagamento ou em documento de informações que seja 
destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de 
segurado obrigatório; b) na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em 
documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da 
que deveria ter sido escrita; e) em documento contábil o u em qualquer outro documento 
relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou 
diversa da que deveria ter constado e f) quem omite, em tais documentos, o nome do segurado e 
seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de 
 
 
Conrado José Neto de Queiroz Reis 
 
 
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serviço. Importante registrar que o cheque devolvido por falta de provisão de fundos não pode ser 
transmitido por endosso, razão pela qual não pode ser equiparado a documento público, restando 
ser classificado como documento particular. 
 
FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PARTICULAR: O Art. 298 define o crime de falsificação de 
documento particular, consistente em falsificar, no todo ou em parte, documento particular, ou 
alterar documento particular verdadeiro, cuja pena é de reclusão de 1 a 5 anos, e multa. Difere do 
crime previsto no Art. 297 no que diz respeito ao tipo de documento e à reprimenda, pois a alteração 
também aqui é material e não ideológica. Registre-se que a falsidade material apresenta vício na 
forma do documento, razão pela qual exige perícia para a constatação. Importante alteração foi 
produzida pela Lei 12.737/2012, que inseriu o parágrafo único ao Art. 298 e nele equiparou o cartão 
de crédito ou débito a documento particular, para os fins deste delito. Importante registrar neste 
ponto o posicionamento da Súmula 17 STJ: "Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais 
potencialidade lesiva, é por este absorvido". É a aplicação do princípio da consunção. 
 
(...) 1. In casu, os recibos falsos de despesas odontológicas foram usados com 
o fim único e específico de burlar o Fisco, visando, exclusivamente, à 
sonegação de tributos. A lesividade da conduta não transcendeu, assim, o 
crime fiscal, razão porque tem aplicação, na espécie, mutatis mutandis, o 
comando do Enunciado n.º 17 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça, ad 
litteram: "Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade 
lesiva, é por este absorvido". 
2. Agravo regimental desprovido. (AgRg no AREsp 356.859/PE, Rel. Ministra 
LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 15/05/2014, DJe 23/05/2014). 
 
Embora o crime de uso de documento falso do Art. 304 não esteja previsto neste concurso, é bom 
registrar que há a aplicação do princípio da consunção como crime de falsificação de documento, na 
situação em que o mesmo indivíduo falsifica e usa o documento falso, respondendo apenas pela 
falsificação. 
 
"O entendimento sufragado pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal 
é de que se o mesmo sujeito falsifica e, em seguida, usa o documento 
falsificado, responde apenas pela falsificação" (STJ, 6• T., HC 70703/GO, j. 
23/02/2012). 
 
FALSIDADE IDEOLÓGICA: Na falsidade ideológica, o documento não possui vício na forma, mas 
sim no conteúdo, razão pela qual não será necessária a realização de perícia para a sua 
constatação. A conduta típica do Art. 299 consiste em omitir, em documento público ou particular, 
declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da 
que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato 
 
 
Conrado José Neto de Queiroz Reis 
 
 
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PROFESSOR: CONRADO REIS 
 
juridicamente relevante. O tipo penal comporta as modalidades comissiva e omissiva. Ex: Diretor de 
Presídio atesta ao Juiz de Direito da Execução Penal a prestação de serviço não realizado pelo 
condenado, a fim de incidir remição de sua pena. Pelo princípio da especialidade, “dar parto alheio 
como próprio; registrar como seu o filho de outrem’ é crime de parto suposto e supressão ou 
alteração de direito inerente ao estado civil de recém-nascido, previsto no Art. 242 CP, também 
chamado de “adoção à brasileira”. Se o documento é público, a pena cominada é de reclusão de 1 a 
5 a nos, e multa; se é particular, a pena é de reclusão de 1 a 3 anos, e multa, e, neste caso, 
comporta suspensão condicional do processo (Art. 89 da Lei 9.099/1995). Da mesma forma, se o 
agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, a pena é aumentada 
de 1/6. 
 
FALSO RECONHECIMENTO DE FIRMA OU LETRA: O Art. 300 assim dispõe: “Reconhecer, como 
verdadeira, no exercício de função pública, firma ou letra que o não seja”. Trata-se de crime é 
próprio, somente podendo ser praticado por funcionário público com a função específica de 
reconhecer firma ou letra, como a do Tabelião de Notas. O funcionário público atesta a assinatura 
ou manuscrito de alguém reproduzido em algum documento. Se o documento é público, a pena é de 
1 a 5 anos, e multa; se é particular, a pena é de 1 a 3 anos, e multa. É possível a aplicação da 
suspensão condicional d o processo (Art. 89 da Lei n.0 9.099/95). 
 
CERTIDÃO OU ATESTADO IDEOLOGICAMENTE FALSO: O Art. 301 dispõe “Atestar ou certificar 
falsamente, em razão de função pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo 
público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem”. Também 
trata-se de crime próprio que só pode ser praticado por funcionário público, em razão da função 
pública. A certidão é baseada em documento guardado na repartição pública, enquanto que o 
atestado constitui num testemunho do próprio funcionário público. Ex: Ficha 19 (Certificado de 
Ensino Médio). Pena de detenção de 2 meses a 1 ano, cabendo transação penal. O parágrafo 
primeiro do Art. 301 trata-se de crime comum, que não exige qualidade especial do agente, e de 
delito autônomo "Falsificar, no todo ou em parte, a testado ou certidão, ou alterar o teor de certidão 
ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo 
público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem: com pena 
diferente até mesmo por se tratar de delito material e não ideológico - detenção, de três meses a 
dois anos", também comportandotransação penal. "Se o crime é pratica do com o fim de lucro, 
aplica-se, além da pena privativa de liberdade, a de multa ", que não fora prevista no crime do caput. 
 
 
 
 
Conrado José Neto de Queiroz Reis 
 
 
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PROFESSOR: CONRADO REIS 
 
SUPRESSÃO DE DOCUMENTO: Previsto no Art. 305 “Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício 
próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não 
podia dispor”: Pena · reclusão de dois a seis anos, e multa, se o documento é público, e reclusão 
de um a cinco anos, e multa, se o documento é particular, neste caso cabendo a suspensão 
condicional do processo (Art. 89 Lei 9;099/1995). Trata-se de crime comum, pois não exige 
qualidade especial do agente para a realização do tipo penal. 
 
FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PÚBLICO: O Art. 311 A foi introduzido no 
ordenamento jurídico com a publicação da Lei 12.550/11, prevendo a figura típica da fraude em 
certame de interesse público, bem como trouxe nova modalidade de pena de interdição temporária 
de direito relativa à proibição de inscrever-se em concurso público. A conduta é, basicamente, 
utilizar ou divulgar informações sigilosas que possam comprometer a credibilidade do certame. Na 
prática, está relacionada ao “vazamento” de questões e gabaritos de provas de concurso público, 
processo seletivo para exame no ensino superior (Vestibular, ENEM), avaliação em exame 
psicotécnico, mestrado e exame da OAB, ou seja, não incide apenas nos concursos públicos, 
com pena de reclusão de 1 a 4 anos, e multa, cabível também a suspensão condicional do 
processo. O crime é comum, visto que pode ser cometido por qualquer pessoa, mas, se for 
praticado por funcionário público, a pena será aumentada de 1/3. 
 
CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (Art. 312 a 317; 319 a 333; 337; 339 a 344; 
347; 357 e 359 CP): Dividem-se em cinco capítulos: dos crimes praticados por funcionário público 
contra a Administração em Geral: trata-se dos crimes funcionais; dos crimes praticados por 
particular contra a Administração em Geral; dos crimes praticados por particular contra a 
Administração Pública Estrangeira (incluído pela Lei n.0 10.467/02), que não será objeto deste 
concurso; dos crimes contra a Administração da Justiça; dos crimes contra as Finanças Públicas 
(incluído pela Lei 10.028/00), que também não será objeto deste concurso. Os crimes funcionais 
(funcionário público contra a administração em Geral) se divide em: a) próprio: a condição de 
funcionário público é essencial para a configuração do tipo penal, pois sem ela haverá atipicidade 
absoluta. Ex: Prevaricação (Art. 319); b) impróprio: a ausência da condição de funcionário 
desclassifica a infração para outro tipo penal. Ex: peculato apropriação (Art. 312) para apropriação 
indébita (Art. 168). Assim, os crimes funcionais impróprios são aqueles que podem revestir-se de 
parcial atipicidade. Apesar de serem crimes funcionais, o particular (extraneus) pode concorrer 
para o crime do funcionário público (intraneus), pois o Art. 30 CP dispõe que “Não se comunicam as 
circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”. O dado 
“funcionário público” é uma elementar normativa relacionada a uma condição pessoal do agente e 
 
 
Conrado José Neto de Queiroz Reis 
 
 
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DISCIPLINA: PROCESSO PENAL 
PROFESSOR: CONRADO REIS 
 
dessa forma se comunica, sendo possível o concurso de pessoas entre o funcionário público e o 
particular, desde que o particular tenha conhecimento da qualidade de funcionário público do 
agente, sob pena de responderem por crimes diversos. O particular que, em conjunto com a esposa, 
funcionária pública, apropriar-se de bens do Estado responderá por peculato, ainda que não seja 
membro da administração. 
 
PECULATO: O Art. 312 dispõe Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer 
outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em 
proveito próprio ou alheio” :Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Trata-se de crime 
próprio, pois o tipo penal exige que o sujeito ativo seja funcionário público. O particular (extraneus) 
pode ser coautor ou partícipe, desde que conheça a qualidade de funcionário do outro agente (Art. 
30 do CP). O delito de peculato, para sua configuração, exige a condição de funcionário público do 
agente ativo e que ele tenha se valido das facilidades que o cargo lhe propicia para proveito próprio 
ou alheio, apropriando-se ou desviando valor ou outro bem móvel. É mister que a posse seja lícita, 
ou seja, que a entrega do bem resulte de mandamento legal ou inveterada praxe, não proibida por 
lei. no Artigo 312, §1º temos a caracterização do chamado peculato-furto que ocorre quando o 
funcionário público não detém a posse da coisa (valor, dinheiro ou outro bem móvel) em razão do 
cargo que ocupa, mas sua qualidade de funcionário público propicia facilidade para a ocorrência da 
subtração devido ao trânsito que mantém no órgão público em que atua ou desempenha suas 
funções. O funcionário público que ao visitar um colega de outro órgão e se aproveita para subtrair 
bem público, responde por peculato furto. Responde pela modalidade culposa o funcionário que 
concorre culposamente para o crime de outrem. Aqui o funcionário age com imprudência, 
negligência ou imperícia, razão pela qual a pena será de detenção de 3 meses a 1 ano, sendo 
cabível a transação penal. No caso do peculato culposo, a reparação do dano, se precede à 
sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena 
imposta. 
 
PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM: É também conhecido como peculato estelionato na 
doutrina. Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, 
recebeu por erro de outrem: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
INSERÇÃO DE DADO FALSO EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO: Também conhecido como 
peculato eletrônico. Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autorizado, a inserção de dados 
falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de 
dados da Administração Pública com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou 
 
 
Conrado José Neto de Queiroz Reis 
 
 
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para causar dano: Pena – reclusão de 2 a 12 anos, e multa. Trata-se de crime próprio, pois só pode 
ser cometido por funcionário autorizado a armazenar informação em banco de dados. Ex: inserir, em 
razão do cargo, no sistema informatizado de pagamentos da Prefeitura, dados falsos relativos à 
prestação de serviços não executados e à aquisição de bens não entregues à municipalidade, 
resultando no pagamento indevido. 
 
MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES: Art. 
313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou programa de informática sem 
autorização ou solicitação de autoridade competente: Pena – detenção, de 3 meses a 2 anos, e 
multa, cabendo transação penal. Como podemos observar, neste crime não há a necessidade de o 
funcionário público ser pessoa autorizada a operar o sistema. O parágrafo único do art. 313-B 
dispõe que a penalização prevista será aumentada de 1/3 até a metade caso a alteração ou 
modificação derive dano para a Administração Pública. 
 
SONEGAÇÃO, EXTRAVIO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO: Art. 314 - Extraviar 
livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razão do cargo; sonegá-lo ou inutilizá-
lo, total ou parcialmente: Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, se o fato não constitui crime mais grave, 
cabendo suspensão condicional do processo. Também trata-se de crime própriode funcionário 
público. Ex: Livro de RMB de OME. Esse crime tem como correspondente o crime de SUBTRAÇÃO 
OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO (Art. 337) praticado pelo particular contra a 
Administração em Geral, cuja pena é de reclusão de 2 a 5 anos, se o fato não constitui crime mais 
grave. Percebam que tais crimes são suscetíveis de aplicação do princípio da subsidiariedade, 
pois, a depender da gravidade da conduta, o crime pode ser outro, como o de supressão de 
documento público ou particular do Art. 305 CP, cuja pena é de reclusão de 2 a 6 anos, e multa se 
o documento é público e de 1 a 5 anos, e multa se o documento é particular. 
 
EMPREGO IRREGULAR DE VERBA OU RENDA PÚBLICA: Art. 315 - Dar às verbas ou rendas 
públicas aplicação diversa da estabelecida em lei: Pena - detenção, de 1 a 3 meses, ou multa, 
cabível a transação penal. Trata-se de crime próprio de funcionário público com poder de disposição 
de verba pública. Em razão do princípio da especialidade, o Presidente da República e Governador 
de Estado respondem por crime de responsabilidade da Lei 1.079/1950 e o Prefeito pelo decreto Lei 
201/1967. Ex: Ordenador de Despesa de determinado órgão empenha como diária o pagamento de 
prestação de serviço. Observe, portanto, que é dispensável o prejuízo para a Administração para a 
consumação do delito. É importante destacar que o emprego de verbas públicas em obra símile, 
sem demonstração de desvio de recursos em proveito próprio ou de terceiros e sem que sequer 
 
 
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tenha sido demonstrado superfaturamento na obra realizada, não caracteriza o delito de peculato 
(Art. 312 do CPB), e sim o de emprego irregular de verbas públicas (Art. 315 do CPB). 
 
CONCUSSÃO: Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da 
função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão de dois a 
oito anos, e multa. Assim, o delito de concussão se tipifica quando o funcionário público exige, 
impõe, ameaça ou intima a vantagem espúria e o sujeito passivo cede à exigência pelo temor. 
Conduta típica é exigir, impor como obrigação, ordenar, reclamar vantagem indevida, aproveitando-
se o agente do medo do poder público, ou seja, do temor de represálias a que fica constrangida a 
vítima. Em outros termos, o crime de concussão é uma espécie de “extorsão” praticada pelo 
funcionário público, com abuso de autoridade, contra particular que cede ou virá a ceder em face do 
“medo” do poder público. "O médico de hospital credenciado pelo SUS que presta atendimento a 
segurado, por ser considerado funcionário público para efeitos penais, pode ser sujeito ativo do 
delito de concussão" (STJ, 5ª T., H C 5 1054/RS, j.09/05/2006). Observe que, mesmo de férias ou 
de licença especial, o agente público pode cometer tal delito caso venha a agir em razão da função 
pública, desde que exija, imponha como obrigação, ainda que de forma indireta por intermédio de 
terceira pessoa. O crime é formal, ou seja, se consuma com a exigência, ainda que o funcionário 
público não chegue a receber a vantagem indevida exigida, que revela mero exaurimento do crime. 
O crime de excesso de exação é uma espécie de concussão operada com relação à cobrança de 
tributo ou contribuição social que não é devida ou cobrada de forma vexatória quando devida, cuja 
reclusão é de 3 a 8 anos, e multa. A forma qualificada da concussão (Art. 316, § 2°) se dá quando o 
funcionário público desvia o que recebeu indevidamente antes de recolher aos cofres públicos, cuja 
reprimenda é de reclusão de 2 a 12 anos e multa, pois, caso o funcionário recolha aos cofres 
públicos o que recebeu e depois se aproprie desse dinheiro ou utilidade, caracteriza-se o crime de 
peculato (Art. 312). É importante destacar que se o funcionário público exigir ou solicitar vantagem 
indevida para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social ou cobrá-los parcialmente não 
haverá crime de concussão ou excesso de exação, mas sim crime contra a ordem tributária previsto 
na Lei 8.137/1990. Ou seja, a exigência de vantagem indevida por funcionário público para deixar de 
emitir auto de infração por débito tributário ou para deixar de cobrar multa é tratada como crime 
contra a ordem tributária. 
 
CORRUPÇÃO PASSIVA: Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou 
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem 
indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão de 2 a 12 anos, e multa. O 
particular que oferece ou promete vantagem indevida a funcionário público para determina-lo a 
 
 
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praticar, omitir ou retardar ato de ofício comete o crime de CORRUPÇÃO ATIVA do Art. 333. Trata-
se de exceção dualista à Teoria Monista, pois, neste caso, não há concurso de pessoas entre 
corruptor e corrompido, devendo cada um responder por crime distinto. É importante frisar que pode 
haver corrupção ativa sem corrupção passiva e vice-versa. Não se pode pensar aqui tão somente 
na vantagem indevida para deixar de praticar ato de ofício Ex: receber propina para deixar de 
confeccionar auto de infração de trânsito, que é chamada pela doutrina de corrupção passiva 
própria, mas também a conduta de receber vantagem indevida para praticar ato de ofício, o que a 
doutrina chama de corrupção passiva imprópria Ex: VT da PM que recebe propina para ficar em 
PBF no horário de fechamento de casa lotérica. "Pratica corrupção passiva um agente de polícia 
que recebe dinheiro da vítima para utilizá-lo na aquisição de gasolina para a viatura, a fim de ir ao 
local do crime investigar" (CESPE-PCAL-2012). Assim como o crime de concussão, o crime de 
corrupção é formal, sendo despiciendo o recebimento da vantagem indevida para a sua 
consumação, bastando a solicitação ou a simples aceitação da promessa de vantagem. Caso o 
funcionário público receba ou aceite promessa de vantagem indevida para retardar, deixar de 
praticar ou praticar ato infringindo dever funcional, receberá pena com aumento de 1/3. A 
corrupção passiva privilegiada ocorre quando o funcionário público efetivamente deixa de praticar 
ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem, 
cuja reprimenda é de detenção de 3 meses a 1 ano, ou multa, o que não se confunde com o crime 
de PREVARICAÇÃO (Art. 319), pois, neste, o funcionário busca satisfazer interesse ou 
sentimento pessoal, cuja pena é de detenção de 3 meses a 1 ano, e multa. Outra diferença 
significativa é que na corrupção passiva privilegiada existe a figura do corruptor, enquanto que na 
prevaricação não existe tal figura. Registre-se que no crime de prevaricação o funcionário público 
deve estar efetivamente no exercício de suas funções. 
 
CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA: Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de 
responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte 
competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena - detenção, de 
quinze dias a um mês, ou multa. Indulgência é tolerância, clemência, brandura e caso o motivo 
envolva sentimento pessoal ou interesse pessoal o crime será de prevaricação. Trata-se de crime 
próprio de funcionário público que exerça função hierarquicamente superior. A infração praticada 
pelo subalterno deve guardar conexão com o exercício do cargo como faltas administrativas, 
corrupção passiva, concussão, prevaricação e não a fatos da sua vida particular, mesmo que 
imorais ou até criminosos. Importante registrar que a amizade já induz o sentimento pessoal 
passível de caracterizar crime de prevaricaçãoe não o de condescendência. 
 
 
 
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ADVOCACIA ADMINISTRATIVA: Art. 321 - Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado 
perante a administração pública, valendo-se da qualidade de funcionário: Pena - detenção de 1 a 3 
meses, ou multa. Ex: Policial Federal trata com empresa de vigilância sobre renovação de 
certificado de funcionamento, de forma totalmente parcial, indo além do seu dever de informação 
para patrocinar interesse do empresário, ainda que seu interesse seja legítimo. Caso o interesse 
seja ilegítimo, a pena é de detenção de 3 meses a 1 ano, e multa. A sanção penal abstratamente 
cominada ao crime de advocacia administrativa depende da legitimidade, ou não, do interesse 
privado patrocinado perante a administração pública. 
 
VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA: Art. 322 Praticar violência, no exercício de função ou a pretexto de 
exercê-la: Pena - detenção, de 6 meses a 3 anos, além da pena correspondente à violência. 
Embora o tipo penal tenha sido tratado inteiramente no Art. 3º, “i” da Lei 4.898/1968 (Lei de Abuso 
de Autoridade), o STF entende que o Art. 322 não foi revogado tacitamente, uma vez que a Lei de 
Abuso de Autoridade não dispôs sobre a cumulação de pena, como o fez o Art. 322. 
 
ABANDONO DE FUNÇÃO: Art. 323 - Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei: 
Pena - detenção, de 15 dias a 1 mês, ou multa. Na verdade, trata-se de abandono de cargo 
público, inclusive o cargo comissionado. Art. 138 da Lei 8112/1990 “Configura abandono de cargo a 
ausência intencional do servidor ao serviço por mais de 30 dias consecutivos”. Porém, 
independentemente de prazo, se o fato resultar prejuízo público, haverá o crime e a pena será de 
detenção de 3 meses a 1 ano, e multa e se o abandono ocorre na faixa de fronteira a pena é de 
detenção de 1 ano a 3 anos, e multa. 
 
EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE ANTECIPADO OU PROLONGADO: Art. 324 - Entrar no 
exercício de função pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem 
autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou suspenso: 
Pena - detenção de 15 dias a 1 mês, ou multa. Em razão da expressão exonerado, percebe-se 
que pode ser cometido por um particular, pois já se trata de ex funcionário público, tratando-se de 
crime comum. A exigência legal prevista no tipo é o termo de posse assinado pelo funcionário 
público depois que é nomeado após a aprovação no concurso público. 
 
VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL: Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo 
e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação. Pena - detenção de 6 meses a 2 
anos, ou multa, se o fato não constitui crime mais grave. Ex: Delegado da PF vazou dados da 
Operação Satiagraha para o banqueiro Daniel Dantas. Também aqui cabe o princípio da 
 
 
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subsidiariedade. Assim, caso o funcionário público revele fato em razão do recebimento de propina 
o crime será de corrupção passiva do Art. 317 CP ou até mesmo o crime de fraude em certame de 
interesse público do Art. 311-A CP. Há de se registrar que o crime de VIOLAÇÃO DO SIGILO DE 
PROPOSTA DE CONCORRÊNCIA (Art. 326 CP) foi tacitamente revogado pelo Art. 94 da Lei 
8.666/1993 (Lei de Licitações e Contratos Administrativos). 
 
FUNCIONÁRIO PÚBLICO (Art. 327 CP): Trata-se de norma penal não incriminadora explicativa, 
pois dá o conceito legal de funcionário público. Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os 
efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou 
função pública. § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em 
entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou 
conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. § 2º - A pena será 
aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes 
de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração 
direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder 
público. Paraestatal são pessoas jurídicas de direito privado que são autorizadas por lei a prestar 
serviços de interesse público não exclusivos do Estado. Ex: SESC (Serviço Social do Comércio): 
pessoa jurídica de direito privado que celebra contrato de gestão com o Poder Público para a 
formação de parceria e fixação de metas qualificando-se como Organização Social. Observe que a 
Lei não mencionou expressamente o ocupante de cargo comissionado ou função de confiança em 
autarquia como causa de aumento de pena. 
 
USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA: Art. 328 Usurpar o exercício de função pública: Pena - 
detenção de 3 meses a 2 anos, e multa. Trata-se de crime comum, pois o sujeito ativo pode ser 
qualquer pessoa, exigindo-se a prática de ato oficial para a sua consumação. Se da prática do ato 
oficial o agente aufere vantagem a pena é de reclusão de 2 anos a 5 anos, e multa. Ex: “araque” de 
polícia: a conduta do agente que, embora estranho aos quadros da Polícia Civil, age como se 
policial fosse, a convite do Delegado de Polícia, comete o crime do Art. 328, cujo Delegado é 
considerado coautor do delito, pois concorre para o crime. 
 
RESITÊNCIA (Art. 329): Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a 
funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: Pena de detenção 
de 2 meses a 2 anos, cabendo transação penal por ser infração penal de menor potencial ofensivo. 
É crime comum que pode ser cometido por qualquer pessoa. É possível a prática do crime de 
resistência por quem não esteja sofrendo diretamente a execução do ato legal. Ex: Pai tenta evitar a 
 
 
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prisão do filho. De acordo com o Art. 301 CPP, qualquer pessoa do povo pode prender quem quer 
que seja encontrado em flagrante. Porém, caso a pessoa que esteja sendo presa resista a essa 
prisão legal, não estará cometendo o crime de resistência, pois não está agindo contra funcionário 
público. Se o ato legal não se executa em razão da resistência, a pena é de reclusão de 1 a 3 anos, 
também sem aplicação de multa. As penas do crime de resistência são aplicáveis sem prejuízo das 
correspondentes à violência. 
 
DESOBEDIÊNCIA (Art. 330 CP): Desobedecer a ordem legal de funcionário público: Pena - 
detenção de 15 dias a 6 meses, e multa. Também trata-se de crime comum, podendo ser cometido 
por qualquer pessoa, inclusive pelo funcionário público, embora o título seja crimes praticados por 
particulares contra a Administração em Geral, desde que o funcionário esteja fora do exercício de 
suas funções. "O funcionário público, fora do exercício de suas funções, pode ser sujeito ativo do 
delito de desobediência" Porém, o funcionário deverá responder por prevaricação caso esteja no 
exercício de suas atribuições e desobedeça ordem legal. 
 
DESACATO (Art. 331): Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela: 
Pena de detenção de 6 meses a 2 anos, ou multa, cabendo transação penal. O funcionário público 
não pode praticar desacato, já que se trata de crime praticado por particular contra a Administração 
em Geral. Entretanto, essa posição admite que se o funcionário não estiver agindo no exercício das 
suas funções pode responder pelo delito, pois equipara-se ao particular para fins legais. Desacatar 
significa humilhar, desprestigiar ou simplesmente ofender, ainda que o funcionário não esteja no 
exercíciode sua profissão, mas pelo menos em razão dela. Ex: indivíduo diz ao funcionário que ele 
é um lixo para o Estado. Observe que a ofensa deve se dar na presença do funcionário, pois do 
contrário o crime será de difamação previsto no Art. 139 CP. 
 
TRÁFICO DE INFLUÊNCIA (Art. 332): Solicitar, exigir, cobrar ou obter. para si ou para outrem, 
vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público 
no exercício da função: Reclusão de 2 anos a 5 anos, e multa. Ex: Indivíduo, alega, de forma 
fraudulenta, a terceiros interessados que, por ter influência sobre determinado funcionário público, 
pode acelerar a conclusão de processo administrativo de interesse do grupo, e cobra desse grupo 
quantia em dinheiro, mesmo sabendo-se que ele não tem qualquer acesso ou influência sobre o 
referido funcionário, comete crime de tráfico de influência. Se alegar que a vantagem ou parte dela é 
destinada a funcionário público, a pena é aumentada da metade. 
 
 
 
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DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA (Art. 339): Dar causa à instauração de investigação policial, de 
processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade 
administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente: Pena - reclusão de 2 a 8 
anos, e multa. Na denunciação caluniosa a legitimidade ativa pertence ao Ministério Público, haja 
vista não estar expressamente previsto no Art. 339 do CP, que a Ação Penal é privativa do ofendido, 
ou condicionada à representação. Nos crime de Ação Penal Pública Condicionada à Representação 
do ofendido (Ex: Estupro), pode haver retratação da representação até o oferecimento da Denúncia 
(Art. 25 CPP). Como o crime de denunciação caluniosa é de Ação Penal Pública Incondicionada, 
não há previsão de retratação apta a extinguir a punibilidade. A pena é aumentada de 1/6 se o 
agente se serve de anonimato ou de nome suposto. A pena é diminuída de metade se a imputação 
falsa é de contravenção penal. 
 
COMUNICAÇÃO FALSA DE CRIME OU CONTRAVENÇÃO: (Art. 340) Provocar a ação de 
autoridade, comunicando-lhe a ocorrência de crime ou de contravenção que sabe não se ter 
verificado: Pena - detenção, de 1 a 6 meses, ou multa. Pode ocorrer por qualquer meio (escrita, 
verbalmente, anônima, com nome falso etc.). Trata-se de infração penal de menor potencial 
ofensivo, cabendo transação penal. Ex: Advogada comunica furto do próprio carro visando dar golpe 
do seguro, sem prejuízo de responder também pelo crime de estelionato. Ex: Passar “trote” para a 
CIODS da PM. 
 
AUTOACUSAÇÃO FALSA DE CRIME (Art. 341): Acusar-se, perante a autoridade, de crime 
inexistente ou praticado por outrem: Pena - detenção, de 3 meses a 2 anos, ou multa. Por óbvio, se 
houver abuso de autoridade por parte da polícia, não haverá dolo (consciência e vontade), portanto, 
não haverá crime por parte do acusado. 
 
FALSO TESTEMUNHO OU FALSA PERÍCIA (Art. 342) Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a 
verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou 
administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão de 2 a 4 anos, e multa. Trata-
se de crime próprio, porque o sujeito ativo deve necessariamente ser testemunha, perito, contador, 
tradutor o u intérprete; e de mão própria, quando exige a atuação pessoal do agente expressamente 
indicado no tipo. A testemunha comete o crime ainda que não advertida pela autoridade do 
compromisso de dizer a verdade (Art. 415 CPC e Art. 203 CPP). o STJ vem reiteradamente 
decidindo que o compromisso de dizer a verdade não é pressuposto do crime de falso testemunho 
(6ª T., AgRg no HC 190766/RS, j. 25/06/2013). "As penas aumentam-se de 1/6 a 1/3, se o crime é 
praticado mediante suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em 
 
 
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processo penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta 
ou indireta ". Observe que a Lei não mencionou processo trabalhista para os casos de aumento de 
pena. "O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o 
agente se retrata ou declara a verdade". Precisa ser antes da sentença recorrível. 
 
CORRUPÇÃO ATIVA DE TESTEMUNHA, PERITO, CONTADOR TRADUTOR OU INTÉRPRETE 
(Art. 343): Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, 
contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em 
depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: Pena - reclusão de 3 a 4 anos, e multa. 
Também trata-se de exceção dualista à Teoria monista, pois a testemunha, se mentir em tais 
depoimentos, pratica o crime do Art. 342. Observe que se o advogado apenas instruir a testemunha 
a mentir, sem dar-lhe suborno, pratica o crime do Art. 342 como partícipe. Porém, se der suborno, 
pratica o crime do Art. 343. Aliás, STJ "firmou compreensão de que, apesar de o crime de falso 
testemunho ser de mão própria, pode haver a participação do advogado no seu cometimento" (6ª T., 
HC 30858/RS, j. 12/06/2006). Dessa forma, admite-se o concurso de pessoas no crime de falso 
testemunho. 
 
COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO (Art. 344) Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de 
favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que 
funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral: 
Pena - reclusão de 1 a 4 anos, e multa, além da pena correspondente à violência. Ex.: Depois de 
ser preso em flagrante, e visando a influenciar o resultado da investigação, o agente ameaça a 
vítima e as testemunhas (STJ, HC i52.526/MG, j. 06/12/2011). É classificado como delito de 
intenção ou de tendência interna transcendente, pois a sua consumação ocorre com o uso da 
violência ou da ameaça, ainda que o agente não alcance seu objetivo. Da mesma forma, classifica-
se como crime formal, cujo fim buscado é mero exaurimento do crime. Se for cometido mediante 
violência, haverá concurso de crimes. Se for cometido mediante ameaça, esta será absorvida pelo 
crime do Art. 344. 
 
FRAUDE PROCESSUAL (Art. 347) Art. 347. Inovar artificiosamente, na pendência de processo 
civil ou administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de induzir a erro o juiz 
ou o perito: Pena - detenção de 3 meses a 2 anos, e multa, cabendo transação penal por ser 
infração penal de menor potencial ofensivo. É conhecido como “estelionato” processual. Inovar 
significa mudar, alterar ou substituir e, artificiosamente quer dizer com ardil, de forma fraudulenta. É 
necessário que o processo civil ou administrativo já tenha sido instaurado e ainda não tenha sido 
 
 
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finalizado. Já com relação ao processo penal, este não precisa ter sido deflagrado, sendo que a 
pena se aplica em dobro. Trata-se de crime formal, pois se consuma no momento em que o autor 
executa a inovação artificiosa, ainda que não consiga induzir o juiz ou perito a erro. Ex: Alexandre 
Mardoni foi também condenado a 8 meses de detenção pelo crime de fraude processual. 
 
EXPLORAÇÃO DE PRESTÍGIO (Art. 357) Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, 
a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, 
tradutor, intérprete ou testemunha: Pena - reclusão de 1 a 5 anos, e multa, cabível sursis 
processual. O agente usa manobras fraudulentas, como a mentira, para induzir a vítimaem erro. 
Caso o autor alegue ou insinue que o dinheiro ou parte dele também se destina a qualquer daquelas 
pessoas referidas no tipo, a pena é aumentada de 1/3. Caso a alegação seja a pretexto de influir em 
ato praticado por funcionário público sem especificar que se trata de funcionário da Justiça, o crime 
é o de tráfico de influência do Art. 332 CP. 
 
DESOBEDIÊNCIA À DETERMINAÇÃO JUDICIAL SOBRE PERDA OU SUSPENSÃO DE DIREITO 
(Art. 359) Art. 359. Exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, de que foi suspenso ou 
privado por decisão judicial: Pena - detenção de 3 meses a 2 anos, ou multa. É crime próprio, já 
que o sujeito ativo somente poderá ser aquele que foi suspenso ou privado, por decisão judicial, de 
exercer função, atividade, direito, autoridade ou múnus, lembrando que a decisão judicial pode ser 
de natureza penal, civil, trabalhista, etc. Não confundir com o Art. 44, § 4º, do Código Penal: "A pena 
restritiva de direitos (Ex: interdição temporária de direitos) converte-se em privativa de liberdade 
quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. Já o descumprimento de 
decisão judicial que aplica efeito extrapenal específico da condenação com base no Art. 92 CP (Ex: 
inabilitação para dirigir veículo) configura o crime do Art. 359 CP. 
 
 
 
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