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A teoria do fato consumado no direito ambiental PDF

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FACULDADE PERUÍBE 
 
 
 
 
Discente: Rosilaine Holanda Raposo de Brito 
R.A. 0366811 
 
 
 
 
 
Atividade HR 1º semestre 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A TEORIA DO FATO CONSUMADO NO DIREITO AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
Peruíbe 
2021 
 
 
 Em primeira instância é preciso compreender o que vem a ser a teoria do fato 
consumado, para posteriormente prosseguirmos com a explanação do tema 
proposto. 
 “ O fato consumado é, portanto, visto como fenômeno que inviabiliza a 
revisão do que já se consolidará, nada mais restando a fazer; em outras 
palavras, determina a manutenção da situação outrora constituída, seja por 
morosidade no processo judicial, seja na omissão da parte interessada...” 
(FENANDES, 2016, pág. 33). 
 Segundo a teoria do fato consumado, situações jurídicas amparadas por meio 
de decisão judicial e consolidadas pela passagem do tempo não devem ser 
alteradas. Ou seja, se uma decisão da justiça estabelece determinado fato, e após o 
decurso de tempo, constar não ser esta a melhor decisão cabível, ainda assim, essa 
ação não poderá ser desfeita. Em suma, é uma espécie de covalidação pelo decurso 
de longo prazo. 
 De acordo com o STJ, a teoria do fato consumado só se aplica em situações 
excepcionais, onde a morosidade judiciária ou a inércia da administração permita 
que situações precárias se consolidem com o tempo. 
 A teoria tem respaldo nos princípios da segurança jurídica, juntamente com a 
estabilidade das relações sociais, tendo como objetivo assegurar direitos e garantias 
legais. 
“ a lei não prejudicará o direito adquirido, 
o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; 
(Artigo 5º, Inciso XXXVI, Constituição 
Federal). 
 Fica o questionamento: A Teoria do Fato Consumado é aplicável em 
Direito Ambiental? 
 Ao longo dos anos esta teoria sempre foi arquitetada para justificar a 
manutenção de uma situação de dano ecológico já materializada e consolidada ao 
 
 
longo dos anos, com o intuíto de perpetuar situações ilícitas, que se estabilizaram, 
diante da morosidade ou inércia por parte do Judiciário ou da Administração. 
 A súmula 613 do STJ prevê: 
“Não se admite a aplicação da teoria do 
fato consumado em tema de direito 
ambiental” (SÚMULA 613 - PRIMEIRA 
SEÇÃO – JULGADO EM 09/05/2018, Dje 
14/05/2018). 
 Logo, fica evidenciado a inaplicabilidade da teoria do fato consumado em 
matéria de direito ambiental, considerando como exemplo uma autorização ilegal de 
exploração de área de preservação permanente, a Administração Pública pode 
anular essa autorização e impor ao poluidor o dever de recuperar o ambiente 
degradado. 
“Sem obstar a aplicação das penalidades 
previstas neste artigo, é o poluidor 
obrigado, independentemente da 
existência de culpa, a indenizar ou reparar 
os danos causados ao meio ambiente e a 
terceiros, afetados por sua atividade. O 
Ministério Público da União e dos Estados 
terá legitimidade para propor ação de 
responsabilidade civil e criminal, por 
danos causados ao meio ambiente. 
(Artigo 14º, § 1º, Lei 6938 de 31 de agosto 
de 1981). 
 A Súmula 473 STF, é expressa neste sentido: 
“A administração pode anular seus 
próprios atos, quando eivados de vícios 
que os tornam ilegais, porque dêles não 
se originam direitos; ou revogá-los, por 
motivo de conveniência ou oportunidade, 
respeitados os direitos adquiridos, e 
 
 
ressalvada, em todos os casos, a 
apreciação judicial”. (SÚMULA 473 – STF). 
 Nota-se que no âmbito de Direito Ambiental que é inconcebível a aplicação da 
teoria do fato consumado, por ser uma situação inadmissível. Usaremos como 
exemplo uma casa de veraneio, construida em área de preservação permanente. 
Imagine que a casa já foi construída há algumas décadas, inclusive com o aval 
omisso da autoridade aministrativa ambiental responsável pela fiscalização da área, 
na época dos fatos. Em face dessa situação hipotética, poderá haver até mesmo a 
caracterização de um suposto “direito adquirido de poluir”, na medida em que se 
trata de uma situação consolidada no campo fático. O exemplo citado, é um 
constante dano ecológico, pois, impede a regeneração da área, que se renova 
continuamente, agravando-se em perspectiva futuras. 
 Diante dos fatos é descabido a alegação de um suposto direito adquirido de 
manter e perpetuar a situação de agressão ao meio ambiente, impedindo a 
recuperação da área impactada pela edificação. 
“ A Política Nacional do Meio Ambiente 
tem por objetivo a preservação, melhoria 
e recuperação da qualidade ambiental 
propícia à vida, visando assegurar, no 
País, condições ao desenvolvimento 
sócio-econômico, aos interesses da 
segurança nacional e à proteção da 
dignidade da vida humana” (Artigo 2º Lei 
6938 de 31 de agosto de 1981). 
 Conforme versa: 
 
 “O possuidor de boa-fé tem direito à 
indenização das benfeitorias necessárias 
e úteis, bem como, quanto às 
voluptuárias, se não lhe forem pagas, a 
levantá-las, quando o puder sem 
detrimento da coisa, e poderá exercer o 
 
 
direito de retenção pelo valor das 
benfeitorias necessárias e úteis. (Artigo 
1219, Código Civil). 
 Não se acata também a narrativa de aplicabilidade da teoria do fato 
consumado, em razão dos moradores já ocuparem a área, com assentimento do 
Estado por anos, uma vez que se tratando de construção irregular em área de 
proteção ambiental, a situação não se convalida com o tempo. Até porque assim 
fosse, seria o equivalente a perpetuar o suposto direito de poluir, degradar, deteriorar 
e destruir, indo de encontro ao desequilíbrio ambiental, bem este de uso comum e 
essencial, para preservação e qualidade de vida para as presentes e futuras 
gerações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 www.justiça.gov.br 
 www.planalto.gov.br 
 www.noticiasr7.com.br 
 www.g1.com.br 
 www.poletize.com.br 
 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do 
Brasil. Brasília, DF 
 ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do Contrato Social . São Paulo.2013.

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