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Anatomia Veterinária II ❘ Prof.ª Polyana Marinho ❘ Medicina Veterinária UNIPAC 2021 ❘ @mariamed.vet Anatomia Veterinária II É o ramo da ciência direcionado com a forma, disposição e estrutura dos tecidos e órgãos que compõem o organismo. Ana = partes de um todo ou parcelas. Tomia = remete a cortar, separar. Dissecação • Ato ou efeito de dissecar. • Separação metódica dos órgãos ou dos tecidos de um cadáver, animal morto ou vegetal. • Exame minucioso, análise. Planos e Eixos • Planos são linhas de corte utilizadas para referenciar dissecções, posição dos órgãos corporais, leitura de exames de imagem. Horizontal / Transversal – divide o corpo ou órgão em uma metade superior e uma inferior. Coronal / Frontal – divide o corpo ou órgão em uma metade anterior (rostral) e uma posterior (caudal). Mediano / Sagital – divide o corpo ou órgão em uma metade direita e uma esquerda. Terminologia Externo: Situado externamente – partes do corpo e órgãos. Interno: Situado internamente – partes do corpo e órgãos. Superficial: Situado próximo à superfície – partes do corpo e órgãos. Profundo: Situado profundamente – partes do corpo e órgãos. Temporal: Em direção à têmpora – olho. Nasal: Em direção ao nariz – olho. Superior: Em cima – pálpebra. Inferior: Embaixo – pálpebra. Sistemas de Órgãos Pele: cobertura protetora do animal. Esqueleto e articulações: estrutura de suporte do corpo. Musculatura esquelética: locomoção. Sistema digestório: ingestão de excreção. Sistema respiratório: suprimento de oxigênio, eliminação de dióxido de carbono e fonação. Sistema urinário e genital: excreção e reprodução. Sistema circulatório: transporte e troca de substâncias. Sistema nervoso: regulação, transmissão, reação a estímulos externos. Órgãos dos sentidos: recepção de estímulos externos. Glândulas endócrinas: regulação de funcionamento celular por meio de hormônios. Sistema imune: reação a infecções. _________________________________ Anatomia Veterinária II ❘ Prof.ª Polyana Marinho ❘ Medicina Veterinária UNIPAC 2021 ❘ @mariamed.vet Legenda: A – Superfície visceral do estômago (canino): 1 – cárdia; 2 – piloro. B – Interior do estômago: 1 – abertura cardíaca; 2 – fundo; 3 – antro pilórico; 4 – canal pilórico. C – Protusão do cárdia canino; D – Demarcação entre a região: 1 – aglandular e 2 – glandular (suíno). Legenda: A - Corte mediano do tronco do cão, propiciando visão geral de vísceras. 1 – Coração. 2 – Pulmão. 3 – Fígado. 4 – Estômago. 5 – Intestino. Legenda: B – Aspecto ventral do tronco do cão com visão geral de vísceras: 1 – coração; 2 – diafragma; 3 – estômago; 4 – baço; 5 – duodeno. C – Aumento de parte de B mostrando vísceras torácicas: 1 – coração; 2 – lobos pulmonares; 3 – timo. D – Vísceras abdominais: 1 – fígado; 2 – estômago; 3 – baço; 4 – intestino delgado; 5 – bexiga. Legenda: E – Aspecto ventral das vísceras abdominais do gato, alças intestinais estão ocultas pelo omento maior cheio de gordura: 1 – baço; 2 – parte de útero gravídico com duas ampolas; 3 – bexiga. F – Aspecto ventral de vísceras felinas após remoção do omento: 1 – coração; 2 – diafragma 3 – fígado; 4 – intestino; 5 – baço; 6 – bexiga. G – Aspecto ventral do abdome do gato: 1 – fígado; 2 – rins; 3 – veia cava caudal; 4 – aorta; 5 – útero. Anatomia Veterinária II ❘ Prof.ª Polyana Marinho ❘ Medicina Veterinária UNIPAC 2021 ❘ @mariamed.vet Anatomia geral das vísceras Esplancnologia – estudo dos órgãos internos de acordo com o sistema. Anatomia topográfica – estudo voltado para uma região do corpo e para as funções e interações dos órgãos naquela região. • Cada órgão varia quanto à sua localização, estrutura e função. • Semelhanças estruturais e funcionais – sistemas. → Mucosa visceral (túnica mucosa) → Tecido conectivo visceral (interstitium). → Motilidade visceral (túnica muscularis). → Cavidades corporais e seu revestimento seroso (túnica serosa). → Mucosa visceral Está em contato com o lúmen x ambiente externo (boca, nariz, ânus, vagina e uretra). O revestimento interno desses órgãos é uma camada de mucosa que normalmente produz muco. Os revestimentos dos sistemas circulatório e nervoso são duas exceções, pois não produzem muco. Toda mucosa é composta de duas camadas: • Um revestimento epitelial na face interna do órgão. • Uma camada subjacente de tecido conectivo frouxo. Epitélio • Proteção contra influências mecânicas, químicas, térmicas ou osmóticas. • Proteção contra partículas de poeira inaladas ou partículas suspensas no ar. • Proteção contra agentes infecciosos e defesa imunológica. Legenda: Mucosa gástrica. A mucosa é responsável pela absorção de substâncias. Para aumentar a área de superfície capaz de absorção, a mucosa forma vilosidades, criptas, pregas ou cristas. O epitélio também secreta substâncias. Ele produz, armazena e secreta, por exemplo, muco e enzimas digestórias no lúmen do trato gastrointestinal. O epitélio é, até certo ponto, especializado, pois contém células epiteliais únicas, diferenciadas e específicas para diferentes órgãos, denominadas células caliciformes. A lâmina própria da mucosa contém vasos que irrigam a mucosa (vasos sanguíneos e linfáticos) bem como trato nervosos que a inervem (nervos sensoriais e vegetativos). Essa camada compõe-se de tecido conectivo frouxo. Anatomia Veterinária II ❘ Prof.ª Polyana Marinho ❘ Medicina Veterinária UNIPAC 2021 ❘ @mariamed.vet → Tecido Conectivo Visceral O tecido conectivo da víscera apresenta uma ampla gama de funções. Ele forma uma cápsula externa que envolve os órgãos, estabiliza a forma dos órgãos e fornece caminhos no tecido conectivo para os vasos e nervos. O grau de flexibilidade fornecido pelo tecido conectivo permite que os órgãos se adaptem a volumes variáveis e possibilita o movimento sem atrito entre os órgãos. Podem-se encontrar dois tipos de tecido conectivo em um órgão: • Tecido conectivo não específico, também denominado estroma ou tecido conectivo intersticial. • Tecido específico do órgão, denominado de parênquima, o qual define a função de um órgão. Esses órgãos também são chamados de órgãos parenquimatosos. O estroma envolve as porções parenquimáticas do órgão e envolve os vasos e os nervos. Ele forma a lâmina própria da mucosa no epitélio, a túnica adventícia no exterior do órgão e, também a cápsula do órgão. Vasos e tratos nervosos penetram juntos no órgão em um determinado ponto (hilo). Nesse ponto, o estroma do órgão se torna o mesentério, que fornece apoio para a continuação dos vasos e dos nervos. → Motilidade Visceral É responsável pelo transporte do conteúdo dos diferentes órgãos. Desse modo, ela controla a quantidade de conteúdos encontrada no órgão em um dado momento. Essa motilidade também é responsável pelo fechamento dos esfíncteres como, por exemplo, na saída estomacal (piloro) ou na vesícula urinária. A motilidade dos órgãos internos é o movimento peristáltico, controlado por impulsos nervosos vegetativos autônomos. As duas exceções são o coração e a língua, ambos compostos de músculo estriado. O músculo liso dos órgãos ocos viscerais está disposto caracteristicamente como a: • Túnica muscular com: - Uma camada interna circular de células musculares. - Uma camada longitudinal externa de células musculares.→ Cavidades do corpo e seu revestimento seroso A maioria dos órgãos internos está situada nas cavidades do corpo, onde resta pouco espaço livre. Os mesentérios flexíveis e os pequenos espaços preenchidos com fluidos entre os órgãos reduzem o atrito a um nível mínimo e, desse modo, permitem que os órgãos deslizem livremente um contra o outro. As cavidades do corpo se encontram no tronco e, de modo semelhante às vértebras, podem ser divididas em três zonas diferentes: Tórax, Abdome e Pelve. O diafragma se desenvolve a partir do septo transverso perpendicular e do músculo Anatomia Veterinária II ❘ Prof.ª Polyana Marinho ❘ Medicina Veterinária UNIPAC 2021 ❘ @mariamed.vet mesenquimal próximo à ele. O diafragma separa a unidade primária do corpo em: Cavidade torácica e Cavidade abdominal. As cavidades torácica e abdominal se comunicam por meio de três aberturas: - Forame da veia cava caudal. - Hiato esofágico: pelo qual passam o esôfago, os troncos do nervo vagal e os vasos esofágicos. - Hiato aórtico: por onde passam a aorta, o ducto torácico e as veias ázigo e hemiázigo. Entre o limite dorsal dos músculos do pilar diafragmático e da musculatura psoas, uma pequena área permanece preenchida com tecido conectivo, o arco lombocostal. • Arco lombocostal: Por onde passam os nervos do tronco simpático e esplâncnicos de cada lado. Essa área é um ponto frágil entre as cavidades torácica e abdominal. Parede interna das cavidades • Tegumento comum • Fáscia superficial do tronco • Músculos esqueléticos • Fáscia interna do tronco • Membrana serosa (túnica serosa com tela subserosa): As membranas serosas revestem o corpo ou as cavidades serosas quase completamente. Existem quatro cavidades serosas: - As cavidades pleurais esquerda e direita. - A cavidade peritoneal. - A cavidade pericárdica com o pericárdio. Uma túnica serosa compõe-se de uma única camada de epitélio de revestimento (mesotélio) e uma camada subjacente (subepitelial) de tecido conectivo, a lâmina própria serosa. A túnica serosa é capaz de excretar e reabsorver fluidos seroaquosos e de reabsorver ar ou substâncias gasosas. A túnica serosa cobre a superfície dos órgãos e reveste as paredes internas das cavidades do corpo, e sua aparência fisiológica é transparente, úmida, lisa e brilhante. Os fluidos serosos contêm, além de um sistema de amortecimento fisiológico, células mesoteliais e células imunológicas não específicas que envolvem corpos estranhos. Os fluidos serosos, juntamente com as células mesoteliais da parede interna das cavidades do corpo, funcionam como uma barreira. Essa função é extremamente importante na clínica. Anatomia Veterinária II ❘ Prof.ª Polyana Marinho ❘ Medicina Veterinária UNIPAC 2021 ❘ @mariamed.vet Legenda: Secção transversal das camadas da parede abdominal (representação esquemática). A tela subserosa, uma camada de tecido conectivo frouxo, posiciona-se sob a túnica serosa. Essa camada contém tecido adiposo e vasos sanguíneos e linfáticos. Uma delicada rede de plexos nervosos na camada subepitelial é sensível a estímulos táteis, mecânicos, térmicos e químicos que atuam sobre as superfícies serosas. Entre as membranas serosas e a parede das cavidades do corpo encontram-se espaços estreitos como fissuras formadas pela tela subserosa. Na parede abdominal dorsal e no assoalho da cavidade pélvica, esse espaço retrosseroso se alarga até se tornar o espaço retroperitoneal. Nesse espaço posicionam-se os rins e os dois ureteres. A expressão retroperitoneal (atrás do peritônio) se refere à localização dos órgãos situados no espaço retroperitoneal e, portanto, cobertos com peritônio em apenas um lado. Esses órgãos podem ser alcançados cirurgicamente sem a necessidade de abrir a cavidade peritoneal. Os órgãos peritoneais completamente cobertos pelas membranas serosas se localizam intraperitonealmente. Os órgãos viscerais localizados no tórax que são cobertos por membranas serosas por todos os lados são chamados de intrapleurais. A parede das cavidades serosas se divide em três tipos gerais: • Serosa parietal (ou lâmina parietalis): É a membrana serosa que reveste a parede interna das cavidades do corpo. Serosas que revestem os órgãos recebem o prefixo de “peri” (em torno de) e o nome grego do órgão como, por exemplo, pericárdio de perimétrio. Ao contrário das outras membranas serosas, a serosa parietal é extremamente sensível à dor. Para procedimentos cirúrgicos, deve-se aplicar anestesia local na parede corporal para que a serosa fique insensível à dor. A serosa parietal se divide em regiões denominadas conforme sua localização: - Pleura parietal no tórax relacionado aos pulmões. - Peritônio parietal no abdome e na pelve. • Serosa intermediária: São as membranas serosas que formam os mesentérios. A serosa intermediária é uma continuação da serosa parietal dos lados esquerdo e direito de cada Anatomia Veterinária II ❘ Prof.ª Polyana Marinho ❘ Medicina Veterinária UNIPAC 2021 ❘ @mariamed.vet cavidade do corpo. Esses dois lados se unem para formar uma serosa de duas camadas que se origina da parede da cavidade. Isso ocorre tanto na parte superior quanto na parte inferior da cavidade do corpo, criando mesentérios dorsais e ventrais. → Alguns mesentérios recebem o prefixo “meso” e o nome grego do órgão que alcançam, como, por exemplo, mesogástrio. O mesogástrio é o mesentério que conduz ao estômago e o sustenta na cavidade abdominal. Os mesentérios primários também proporcionam um caminho para que artérias, veias, nervos e vasos linfáticos alcancem os órgãos para nutri-los. Já os mesentérios secundários sustentam e estabilizam as posições dos órgãos. → Um mesentério compõe-se de tecido conectivo e depósitos de gordura. → Os mesentérios de gatos também contêm mecanorreceptores, mais frequentemente corpúsculos de Vater-Pacini, que reagem a pressão. • Serosa Visceral: É a parte do mesentério que cobre o órgão. Cada porção recebe o prefixo “epi” em combinação com a nomenclatura em grego do órgão como, por exemplo, epicárdio. As porções média e caudal dos intestinos não apresentam um mesentério ventral devido ao processo de desenvolvimento embrionário. Omento Maior - Se origina da parede abdominal dorsal e se prolonga caudalmente em carnívoros e ruminantes até a abertura pélvica cranial e retrocede na direção oposta, prosseguindo cranialmente até se fixar na curvatura maior do estômago. Se desenvolve a partir do mesentério dorsal do estômago, o qual se prolonga e retorna sobre si mesmo, formando uma espécie de evaginação, a bolsa omental. Dobras de extensão do omento maior se unem a outros órgãos, restringindo sua mobilidade e também, formando nichos onde órgãos deslocados podem ficar presos, como o espaço esplenorenal no equino. A porção proximal do mesogástrio ventral, o ligamento hepatogástrico, se prolonga até a curvatura menor do estômago e a fissura portal. Omento Menor - Na face parietal do fígado, o mesogástrio ventral prossegue como o ligamento falciforme, até finalmente se fixar à linha alba da parede abdominal ventral. Juntos, o ligamento hepatogástrico e o único mesentério intestinal ventral, o ligamento hepatoduenal, formam o Omento menor. Os órgãos localizados próximos à parede dorsal das cavidades corporais são cobertos apenas em um dos lados pela membrana serosa.Essa posição é descrita de forma geral como “retrosserosa”. Na cavidade abdominal, os órgãos apresentam posição “retroperitoneal”. Os órgãos da cavidade pélvica caudal encontram-se na posição “extraperitoneal”. Figura 1 - Representação esquemática das membranas serosas conforme exemplo na cavidade perineal. Anatomia Veterinária II ❘ Prof.ª Polyana Marinho ❘ Medicina Veterinária UNIPAC 2021 ❘ @mariamed.vet Figura 2 - Representação esquemática dos mesentérios dorsal e ventral no início do desenvolvimento embrionário. Figura 3 - Representação esquemática dos mesentérios gástricos dorsal e ventral em estágio embrionário inicial com o desenvolvimento do omento maior e do omento menor.
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