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Triagem Neonatal

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TESTES DE TRIAGEM NEONATAL 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Todo bebê que nasce no Brasil tem o direito de ser submetido, gratuitamente, à realização 
de 4 exames muito importantes para a sua saúde. São os chamados “exames da triagem neonatal” 
(ETN), sendo eles: teste do pezinho, teste do olhinho, teste da orelhinha e teste do 
coraçãozinho. Há também o teste da linguinha, mas não é incluído pelo Ministério da Saúde 
(MS). 
O Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN) é uma agenda transversal às políticas 
de saúde pública e às redes temáticas do SUS. Seu objetivo é promover, implantar e implementar 
ações com foco na prevenção, no diagnóstico em fase pré-sintomática, na intervenção precoce e 
no acompanhamento permanente dos pacientes com as doenças incluídas no PNTN. 
Os ETN são capazes de diagnosticar doenças que, quanto mais cedo identificadas, 
apresentam melhores chances de tratamento, podendo prevenir sequelas graves e/ou óbitos. 
 
2. TESTE DO PEZINHO 
 
O momento ideal para a coleta do Teste do Pezinho é entre o 3º e o 7º dia de vida, 
nunca antes de 48 horas de amamentação e nunca superior a 30 dias. Para a realização do 
teste na rede pública de saúde, a mãe deverá comparecer ao posto de coleta onde será feita uma 
ficha cadastral da criança. Uma pequena punção do calcanhar do bebê é feita utilizando agulhas e 
luvas descartáveis, e o sangue é adsorvido em papel-filtro, que deverá permanecer em temperatura 
ambiente até a completa secagem do sangue (2 horas), e depois deve ser encaminhado ao 
laboratório. 
Realizar o teste fora do período descrito não o invalida, mas pode reduzir a efetividade da 
análise. Bebês prematuros também podem fazer o exame. No entanto, são necessárias mais 
coletas: a segunda após 120 dias do nascimento e, em caso de transfusão de sangue, mais uma 
após 120 dias da última transfusão. 
Para que uma doença seja incluída em testes de triagem neonatal, ela deve apresentar 
algumas características: 
• A doença deve ser frequente, com incidência acima de 1/6.000 nascidos vivos; 
• Não apresentar manifestações clínicas detectáveis precocemente. 
• O teste deve ter elevada sensibilidade e especificidade, reduzindo os achados de falsos-
positivos e falso-negativos. 
• A introdução do teste deve reduzir a morbidade e mortalidade da doença, refletindo bom 
custo-benefício. 
• O teste deverá ser de fácil execução. 
O teste do pezinho disponibilizado pelo MS rastreia as seguintes doenças: 
1. Fenilcetonúria (5/100.000): através da medida da fenilalanina no sangue do papel-filtro. 
2. Hipotireoidismo congênito (52/100.000): através da medida do TSH ou T4 e TSH. 
3. Doença falciforme e outras hemoglobinopatias (26/100.000): através de eletroforese de 
hemoglobina por Focalização Isoelétrica (FIE) ou Cromatografia Líquida de Alta Resolução. 
4. Fibrose Cística (30/100.000): através da medida de tripsina imunorreativa em sangue do 
papel-filtro. 
5. Hiperplasia Adrenal Congênita (5/100.000): através da dosagem da 17-OH-progesterona 
no sangue do papel-filtro. 
6. Deficiência de Biotinidase: através da dosagem da atividade da enzima biotinidase no 
sangue do papel-filtro. 
 
2.1. Procedimento de coleta 
 
1. Luvas de procedimento: lavar as mãos adequadamente antes de calçar as luvas; 
2. Posição da criança: 
a. Calcanhar abaixo do nível do coração → ↑ circulação de sangue nos pés; 
b. Acompanhante deve ficar de pé e segurar a criança com a cabeça encostada em seu 
ombro; 
c. Profissional deve estar sentado ao lado da bancada e de frente para o adulto que 
segura a criança. 
3. Assepsia: 
a. Realizar assepsia com álcool 70% (uso de outras substâncias pode interferir nos 
resultados); 
b. Massagear bem o local para ativar a circulação; 
c. Certificar que o calcanhar esteja bem vermelho; 
d. Aguardar a secagem completa do álcool; 
e. Se baixa temperatura → aquecer o pé do bebê com bolsa de água quente (máx. 44ºC) 
por 5 min sobre a meia (evitar contato direto da bolsa com o pé). 
4. Punção: 
a. Uso de lancetas descartáveis, estéreis, autorretrateis e com 
profundidade de 1,8-2 mm e largura de 1,5-2 mm; 
b. Realizar a punção em uma das laterais da região plantar (menos 
chance de atingir ossos); 
c. Segurar o pé e o tornozelo da criança, envolvendo com o dedo 
indicador e o polegar todo o calcanhar, de forma a imobilizar, mas 
não prender a circulação. 
5. Coleta de sangue: 
a. Aguardar a formação de uma grade gota de sangue; 
b. Colher a primeira gota com gaze/algodão seco (desprezar) → 
pode conter outros fluidos teciduais capazes de interferir no 
resultado; 
c. Encostar o verso do papel-filtro, região demarcada por círculos, 
na nova gota e fazer movimentos circulares com o cartão até 
preencher todo o círculo → distribuir o sangue 
homogeneamente pelo cartão evitando sua concentração; 
evitar que o sangue coagule; só desencostar o papel quando o 
círculo estiver todo preenchido; não deixar o papel empapado 
ou encharcado (inviabiliza a amostra); não tocar os círculos do papel filtro (altera o 
volume coletado); 
d. Só mudar de círculo após estar todo preenchido; não retornar a um círculo preenchido 
anteriormente; 
e. Caso ocorra interrupção do sangramento → massagear novamente o pé e usar uma 
faze/algodão para remover o tampão de fibrina e plaquetas formado (ativa a 
circulação) → se falha → realizar nova punção no mesmo orifício. 
6. Verificação da amostra coletada: 
a. Levantar o papel-filtro contra a luz após a coleta e verificar se todo o círculo tem um 
aspecto translúcido na região molhada com sangue (homogêneo); 
b. Observar se o sangue atravessou o papel (se foi absorvido de forma homogênea); 
c. Em caso de erro → nova coleta! 
7. Liberação do RN: 
a. Deitar a criança; 
b. Comprimir o local da punção com gaze/algodão até cessar o sangramento; 
c. Curativo (opcional). 
 
2.2. Recomendações 
 
 
 
Os resultados considerados alterados na triagem neonatal serão comunicados por 
telefone ao responsável pela ação no ponto de coleta de origem da amostra. Este deve contatar a 
família assim que notificado, informando ao responsável a necessidade da urgência de 
comparecimento na unidade. Proceder aos encaminhamentos segundo a necessidade informada 
pelo laboratório especializado em triagem neonatal: 
• Realização de exame de confirmação: para isso, a criança deverá comparecer ao local 
para uma nova coleta. 
• Encaminhamento para consulta especializada: seguir orientações da consulta agendada. 
 
3. TESTE DA ORELINHA 
 
O déficit auditivo apresenta-se como um problema de grande impacto na saúde infantil, 
principalmente no que concerne à elevada incidência desta afecção (5/1.000 nascidos vivos). Cerca 
de 50% das perdas auditivas são decorrentes de causas genéticas, e 70% destas são do tipo não 
sindrômico, isto é, não identificáveis ao exame morfológico. Existem também determinados fatores 
perinatais que aumentam o risco de perda auditiva (IRDA), tais como: 
1. Asfixia (APGAR < 6 no 5º minuto); 
2. História familiar de surdez congênita; 
3. Infecção TORCHS (Toxoplasma gondii, 
Rubeolla vírus, Citomegalorivus e Herpes 
simplex vírus); 
4. Hiperbilirrubinemia (> 15 mg/dl no RN a 
termo, e > 12 mg/dl no pré-termo); 
5. Sepse/meningite; 
6. Hemorragia intraventricular; 
7. Convulsões; 
8. Anomalias craniofaciais; 
9. Espinha bífida; 
10. Cromossomopatias; 
11. Drogas ototóxicas; 
12. Peso nascimento < 1.500 g; 
13. Ventilação mecânica > 5 dias.
A intensidade da fala humana situa-se entre 40-80 decibéis, e já se considera déficit auditivo 
quando há perdas ≥ 35 dB. Pode-se dividir a gravidade da deficiência auditiva em: 
• Leve: > 26 dB 
• Moderada: > 40 dB 
• Moderada/Grave: > 55 dB 
• Grave: > 70 dB 
• Grave/Profunda: > 90 dB 
O déficit auditivo, quando não corrigido, acarreta grande prejuízo na aquisição da linguagem, 
comunicação e desenvolvimento cognitivo das crianças, pois a detecção e início de tratamento para 
a perda auditiva,quando tardios, ultrapassam o momento ideal para intervenção. Nos EUA a média 
para detecção por familiares e pediatras é de 14 meses; e no Brasil, 3 anos. Se levarmos em 
consideração que o time ideal para diagnóstico é antes de 3 meses, e o momento adequado para 
iniciar o tratamento é anterior aos 6 meses, poderemos nos convencer de modo inequívoco da real 
importância da adoção de um teste de triagem universal, que nos permita identificação imediata da 
doença e instituição terapêutica precoce. 
Existem dois métodos de triagem: 
1. Emissões Otoacústicas Evocadas (EOA): é feito com o sono natural do bebê, colocando-
se um fone externo ao seu ouvido; consiste na emissão de um estímulo sonoro e na captação 
do seu retorno (eco), sendo registrado no computador e confeccionado um gráfico. Avalia 
apenas o sistema auditivo pré-neural, ou seja, sistema de condução e cóclea. É um teste 
rápido, fácil e que não necessita de sedação. Resultados falso-positivos podem ser 
produzidos pela presença de verniz caseoso ou secreções no conduto auditivo. Se o 
resultado vier alterado, recomenda-se a sua repetição até os 3 meses de vida. 
2. Bera ou Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico (PEATE): é um exame mais 
complexo, requer pessoal treinado e sedação. Fones de emissão sonora são colocados nos 
ouvidos do bebê; os eletrodos são posicionados na cabeça e têm por função captar as ondas 
eletrofisiológicas geradas pelos estímulos sonoros deflagrados pela fonte. Portanto, é um 
método capaz de detectar alterações na via neural até o tronco encefálico. Pode ocorrer 
grande número de falso-positivos pela imaturidade do SNC, e por isso recomenda-se 
repetição do exame nos casos alterados após os 4 meses. 
Comparando-se as vantagens e as desvantagens de um e outro teste, chega-se à conclusão 
de que o melhor método de triagem são as EOA, por ser rápido, barato, fácil e por avaliar as 
frequências de perda mais comuns. Todo teste alterado deverá ser confirmado antes de três meses. 
Ambos os métodos são mais eficazes do que a avaliação auditiva simples comportamental, como 
respostas ao bater palmas, tocar o sino e à voz humana. 
 
3.1. Fluxograma 
 
1. Identificação dos riscos: existem indicadores de riscos para deficiência auditiva (IRDA)?; 
2. Teste: 
a. Grupo sem IRDA (baixo risco) 
i. Realizar EOA antes da alta hospitalar → se resposta insatisfatória → repetir 
EOA (não realizar EOA mais do que 2 vezes) → se resposta insatisfatória → 
realizar PEATE automático ou em modo de triagem em 35 dBnNA → se 
resposta insatisfatória → RETESTE com PEATE após 30 dias; 
ii. Se resposta insatisfatória EAO, mas satisfatória no PEATE → monitorar até os 
3 meses de idade (maior risco de alterações de orelha média, perdas leves e 
permanentes de audição); 
b. Grupos com IRDA (alto risco) 
i. Realizar PEATE automático ou em modo de triagem em 35 dBnNA → se 
resposta insatisfatória → RETESTE com PEATE após 30 dias; 
ii. Neonatos com malformação de orelha externa deverão ser encaminhados para 
avaliação otorrinolaringológica e audiológica, em centros de referência 
especializados. 
c. Orientar os pais quanto aos resultados do teste, desenvolvimento da audição e 
linguagem, acompanhamentos se forem necessários, mesmo se houver falha orientar 
acerca do RETESTE; 
3. Reteste: 
a. 30 dias após o teste bilateralmente; 
b. Realizar PAETE automático ou em modo de triagem 35 dBnNA; 
c. Resultados satisfatórios: 
i. Sem IRDA e resultados satisfatórios → orientações e monitoramento mensal; 
ii. Sem IRDA + falha no EOA + satisfatório no PAETE → monitoramento até 3 
meses de idade e monitoramento mensal; 
iii. Com IRDA + resultados satisfatórios → orientações e monitoramento mensal 
nas consultas de puericultura na atenção básica e realização da avaliação 
audiológica entre 7 e 12 meses. 
d. Falha no reteste: 
i. encaminhar para avaliação diagnóstica otorrinolaringológica e audiológica; 
ii. se resultados satisfatórios nos testes + suspeita de perda auditiva → 
encaminhar para avaliação diagnóstica otorrinolaringológica e audiológica; 
iii. 
4. Monitoramento 
a. Mensal, avaliar o desenvolvimento da audição e da linguagem na atenção básica. 
Usar os marcos para acompanhamento do desenvolvimento de audição e linguagem, 
registrá-los na Caderneta de Saúde da Criança. É fundamental que esse 
monitoramento ocorra mensalmente durante todo o primeiro ano de vida da criança; 
b. Atenção básica deverá encaminhar para diagnóstico, qualquer criança que 
apresentar desenvolvimento aquém do esperado e em qualquer momento que os pais 
tenham uma suspeita de deficiência auditiva. Sugere-se perguntar nas consultas e 
visitas à família se a criança ouve bem. 
5. Acompanhamento (marcos do 
desenvolvimento e encaminhar) 
6. Diagnóstico 
a. Referenciar e garantir acesso ao 
diagnóstico funcional 
(otorrinolaringológico e audiológico), 
nos Centros Especializados de 
Reabilitação (CER) com o Serviço de 
Reabilitação Auditiva e no Serviço de 
Atenção à Saúde Auditiva de Alta Complexidade habilitados pelo Ministério da Saúde. 
7. Indicação, seleção e adaptação de aparelho de amplificação sonora individual (AASI) 
ou implante coclear (IC) 
8. Terapia fonoaudilógica 
9. Otorrinolaringologista 
a. Se perda auditiva → avaliação otorrinolaringológica completa. Se perda auditiva 
condutiva (ex.: otite média secretora) → tratamento clínico e/ou cirúrgico. Realizar o 
acompanhamento e a reavaliação clínica, até a normalização do aspecto otoscópico, 
e repetida a avaliação timpanométrica. 
 
4. TESTE DA OLINHO / TESTE DO REFLEXO VERMELHO / TESTE DE BRUCKNER 
 
É um exame simples, rápido, indolor e de baixo custo com objetivo de detectar precocemente 
problemas oculares congênitos que comprometem a transparência dos meios oculares e que 
podem impedir o desenvolvimento visual cortical. 
O teste é realizado com o oftalmoscópio direto, cuja luz projetada nos olhos, atravessa as 
estruturas transparentes, atinge a retina e se reflete, causando o aparecimento do reflexo vermelho 
observado nas pupilas. Um fenômeno semelhante pode ser notado nas fotografias com flash. A cor 
vermelha do reflexo ocorre devido à vasculatura da retina e coroide e do epitélio pigmentário. 
Dependendo da maior ou menor pigmentação, o reflexo pode se mostrar mais ou menos vermelho 
e até amarelo ou laranja. Na presença de opacidade dos meios oculares no eixo visual, esse reflexo 
estará ausente ou diminuído. 
Durante o teste, a sala escurecida (penumbra) facilita a observação dos reflexos, não 
havendo a necessidade de dilatação das pupilas com colírios midriáticos. O oftalmoscópio, com a 
lente do aparelho ajustada no “0” (zero, sem poder dióptrico), deve ser posicionado a uma distância 
de 50 cm a 1 m dos olhos do recém-nascido (cerca de um braço esticado). Em seguida, localizam-
se os olhos da criança através do orifício do equipamento e iluminam-se suas pupilas. Observa-se 
então, o reflexo vermelho em cada uma delas, avaliando-se sua presença ou ausência e na 
presença, comparar a intensidade e simetria entre os olhos. 
Há 3 respostas possíveis: reflexo presente, ausente ou duvidoso 
(imagens ao lado), este último quando há assimetria evidente ou suspeita do 
reflexo alterado em um e outro olho, sendo um resultado duvidoso até por 
não se saber qual é o reflexo do olho normal. O encontro de qualquer anormalidade (ex.: reflexo 
branco ou leucoria, pontos pretos ou assimetria) indica, por sua vez, a necessidade de 
dilatação pupilar (colírio de tropicamida 1%, tropicamida + fenilefrina 2,5% ou ciclopentolato 
0,25% + fenilefrina 2,5%). Se o reflexo for ausente em um ou ambos os olhos ou duvidoso, a 
criança deverá ser encaminhada ao oftalmologista para ao exame oftalmológico completo 
(biomicroscopia, retinoscopia, e mapeamento de retina) para elucidar o diagnóstico e assegurar a 
conduta necessária. É importante que o Oftalmologista envie o resultado do exame ao Pediatra.Trata-se de uma avaliação de triagem para detecção de anormalidades grosseiras do 
segmento posterior do olho: pontos pretos, assimetria ou leucocoria (reflexo branco pupilar). A 
leucocoria pode ser encontrada em situações como catarata, retinoblastoma, retinopatia da 
prematuridade (apenas graus avançados com descolamento de retina) e coriorretinite. 
É recomendada a realização do reflexo vermelho periodicamente para todas as crianças de 
0-2 anos de idade. Portanto, é preciso que o pediatra incorpore esta medida semiológica à sua 
prática médica rotineira de puericultura. 
As principais causas de alteração são a catarata congênita, glaucoma congênito, 
retinoblastoma, leucoma, inflamações intraoculares da retina e vítreo, retinopatia da prematuridade 
(ROP) no estágio 5, descolamento de retina, vascularização fetal persistente e hemorragia vítrea. 
Também podem alterar o reflexo vermelho produzindo uma assimetria entre os olhos a presença 
de estrabismo, anisometropia, altas ametropias, luxações de cristalino e malformações como o 
coloboma de polo posterior (disco e retina). 
 
4.1. Recomendações 
 
1. Teste normal não exclui a presença de catarata parcial ou de desenvolvimento, 
retinoblastoma em fase inicial. O diagnóstico precoce é fator primordial para se preservar a 
visão e seu desenvolvimento. Assim, o teste não substitui o exame oftalmológico que deve 
ser realizado nos primeiros 6 meses de vida; 
 
5. TESTE DO CORAÇÃOZINHO (OXIMETRIA DE PULSO) 
 
As cardiopatias congênitas afetam 2:1.000 nascidos vivos, e cerca de 30% não recebem 
diagnóstico hospitalar, e vem a evoluir com hipóxia, choque e óbito. Elas representam 10% dos 
óbitos infantis. Portanto, implementar um teste de triagem das cardiopatias significa tentar reduzir 
a taxa de mortalidade infantil por esta causa em nosso meio. 
O teste da oximetria objetiva a detecção precoce das cardiopatias congênitas críticas, isto é, 
aquelas cujo fluxo pulmonar ou sistêmico é dependente de canal arterial, como: 
• Cardiopatias críticas com fluxo pulmonar dependente de canal: atresia de artéria 
pulmonar; 
• Cardiopatias críticas com fluxo sistêmico dependente de canal: hipoplasia de coração 
esquerdo e coarctação grave de aorta; 
• Cardiopatias com circulação em paralelo: transposição de grandes vasos. 
Sabe-se que o canal arterial tem seu fluxo reduzido nas primeiras 10 horas de vida, e fecha-
se completamente entre o 3º-10º dia de vida. Muitas cardiopatias congênitas não se manifestam 
clinicamente antes do fechamento do canal arterial: não causam cianose tão precoce, não 
evoluem com sopro e não cursam com baixo débito. Estes sinais somente se tornarão evidentes 
após o fechamento do canal. Por isso, é necessário um teste de triagem capaz de detectar a 
possibilidade de cardiopatia ANTES dos sinais clínicos. 
O teste da oximetria deve ser feito em: 
1. Todo neonato com > 34 semanas de idade gestacional após 24 horas de vida e antes 
da alta da maternidade (48h). 
2. Local: extremidade do membro superior direito (que representa a saturação pré-ductal) e 
extremidade de um dos membros inferiores (que representam a saturação pós-ductal). É 
necessário que as extremidades estejam aquecidas no momento da avaliação. 
3. Resultado normal: saturação ≥ 95% em ambos os locais, e diferença menor que 3% entre 
as medidas do membro superior e inferior. 
4. Resultado anormal: saturação < 95% ou se a diferença entre elas for igual ou maior que 
3%. Diante de um resultado anormal, nova aferição deverá ser feita após 1 hora. Se o 
resultado anormal se mantiver, a criança deverá realizar um ecocardiograma dentro das 
próximas 24 horas. 
Este teste tem uma sensibilidade de 75% e especificidade de 99%, e pode não detectar 
algumas cardiopatias críticas, especialmente a coarctação de aorta. É recomendado pela 
Sociedade Brasileira de Pediatria e já incorporado às rotinas no Ministério da Saúde. 
 
5.1. Técnica de aferição e interpretação dos resultados 
 
1. Utilizar oxímetro de pulso com sensor neonatal e preferencialmente com sistema de proteção 
para artefatos de movimento. 
2. Realizar a medida entre 24-48 h de vida (evita falsos positivos por detecção ↓ saturação, 
associada à permeabilidade do canal arterial/forame oval, comuns nesse momento de vida). 
3. O teste pode não detectar hipoxemia se houver interferência da luz ambiente, 
desprendimento parcial do sensor, interferência eletromagnética, má perfusão no local de 
medição e/ou hemoglobinopatia. 
4. Posicionar o paciente confortavelmente, observar se as extremidades estão aquecidas e 
bem perfundidas e fazer a medida da oximetria de pulso no membro superior direito (pré-
ductal) e em algum dos membros inferiores (pós-ductal). O valor deverá ser anotado quando 
a curva de pulso do oxímetro estiver estabilizada e o teste será considerado positivo quando 
houver SaO2 < 95% ou uma diferença ≥ a 3% entre as duas medidas. 
5. Poderá ser realizada apenas a medida de saturação de um dos membros inferiores. Esta 
técnica está justificada por uma metanálise onde 60% dos estudos aferiram apenas a 
oximetria pós-ductal, e o acréscimo do diferencial da saturação com o membro superior 
propiciou um aumento de 70 para 80% de sensibilidade na triagem e redução dos falso-
positivos. Neste caso, a medida deve ser realizada em qualquer um dos membros inferiores 
(MMII) e é considerada positiva quando a saturação (SaO2) é < 95%. 
6. No caso de teste positivo, o exame deverá ser repetido após 1 hora. Se o exame inicial de 
triagem foi a medida apenas do membro inferior, recomenda-se o teste completo na 2ª 
aferição. Realizar também um exame físico detalhado buscando diagnósticos diferenciais 
como pneumonia e hipertensão pulmonar. Em caso de manutenção de SaO2 solicitar o 
parecer do cardiologista e ou a realização do ecocardiograma. 
7. O teste apresenta maior taxa de falso-positivos em altas altitudes e em RN pré-termo. 
Nesses casos não há protocolo determinado de triagem. A saturação de oxigênio aferida 
associada ao exame físico e demais sinais clínicos do RN auxiliam na suspeita diagnóstica. 
O uso frequente de oxigenioterapia devido às patologias pulmonares associadas, nesse tipo 
de paciente, pode ser causa de falso-negativos. 
8. O teste pode ser realizado em RNs que nasceram fora do ambiente hospitalar, utilizando-se 
um oxímetro portátil com sensor neonatal adequado e deverá ser interpretado da mesma 
maneira dos exames realizados intrahospitalar. 
9. Nos pacientes com teste positivo e outra causa para hipoxemia identificada que apresenta 
melhora dos sintomas, o ecocardiograma poderá não ser necessário. 
10. Orientar os familiares que a triagem negativa não afasta completamente o diagnóstico de 
cardiopatias, uma vez que algumas cardiopatias congênitas não apresentam hipoxemia. 
Cerca de 50% dos casos de coarctação de aorta podem não ser diagnosticados. 
11. A execução deste teste não descarta a necessidade de realização de exame físico minucioso 
e detalhado em todo RN, antes da alta hospitalar. Na presença de outros sinais suspeitos 
de CCC o RN também deverá 
realizar avaliação especializada 
mesmo com teste de oximetria 
normal. 
12. Caso seja confirmada a presença de 
CCC o tratamento deverá ser 
individualizado conforme cada 
patologia e o paciente deverá 
receber atendimento especializado 
de cardiologia pediátrica. 
 
6. TESTE DA LINGUINHA 
 
O teste da linguinha consiste na avaliação da anquiloglossia ou língua presa, condição na 
qual o frênulo lingual é curto ou possui tecido em excesso, limitando a movimentação da língua e, 
consequentemente, os movimentos que exerce (ex.: sucção, deglutição, mastigação e fala). O 
exame é clínico e indolor, podendo ser feito pelo fonoaudiólogo ou pediatra. Apenas anquiloglossias 
congênitas graves necessitam de correção cirúrgica. A SBP e o MS ainda não recomendam o 
teste como triagem obrigatória neonatal. 
Para realizar o teste, elevara língua do bebê para verificar se a língua está presa, e também 
observar o bebê chorando e sugando. O exame não tem contraindicações. Recomenda-se que a 
avaliação do frênulo da língua seja inicialmente realizada na maternidade. A avaliação precoce é 
ideal para que os bebês sejam diagnosticados e tratados com sucesso. 
Existem graus variados de anquiloglossia, por isso a importância de haver um teste que leva 
em consideração os aspectos anatômicos e funcionais para fazer um diagnóstico preciso e indicar 
a necessidade da realização da liberação do frênulo (frenotomia lingual/pique no frênulo). 
 
6.1. Técnica de realização do teste 
 
1. Posição adequada: solicitar ao responsável que apoie a nuca do bebê no espaço entre o 
braço e o antebraço. Em seguida é solicitado que ela segure as mãos do bebê; 
2. Elevação da língua do bebê: introduzir os dedos indicadores enluvados embaixo da língua, 
pelas margens laterais, para que se possa fazer a elevação da mesma. É preciso tomar 
muito cuidado para não abrir exageradamente a boca do bebê e prejudicar a ATM. 
3. Resultados: 
a. Teste: somente avaliação anatomofuncional do bebê. Se a soma total dos escores 
da avaliação anatomofuncional do protocolo for ≥ 7 → considerar interferência do 
frênulo nos movimentos da língua → orientar família sobre a necessidade da cirurgia. 
Se dúvida → escore entre 5 e 6 ou não for possível visualizar o frênulo → RETESTE 
e orientar sobre possíveis dificuldades de amamentação para evitar desmame 
precoce; 
b. Reteste: 
i. Realizar após 30 dias de vida; 
ii. Aplicar protocolo completo; 
iii. Bebê precisa estar bem acordado e com fome (perto da hora de mamar → 
avaliar sucção nutritiva); 
iv. Se soma dos escores (história clínica + exame clínico) ≥ 13 → considerar 
interferência do frênulo → cirurgia; 
v. Se soma dos escores (exame clínico) ≥ 9 → considerar interferência do frênulo 
→ cirurgia; 
4. Cirurgia: pode ser realizada por odontólogos e médicos. As técnicas são: frenectomia 
(remoção do frênulo lingual), frenuloplastia (reposição cirúrgica do frênulo) e frenotomia 
(corte e divulsão do frênulo). A literatura refere que, em bebês, a frenotomia é o 
procedimento mais indicado. 
5. A ficha do teste é mostrada abaixo:

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