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aula2_economia_SP_TE_TCE_CE_85753

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Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE 
 Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, 
Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia 
 Aula 02 
 Prof. Francisco Mariotti 
 
 
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AULA DOIS 
 
Olá! 
 
 Tudo tranquilo com você? A propósito, como foi o estudo da aula um? 
Espero que os conceitos tenham ficado bem fixados. Lembro que estou à sua 
disposição por meio do fórum de dúvidas, ok? 
 
 Nesta segunda aula abordarei os seguintes itens presentes no conteúdo 
programático: 
 
Princípios Econômicos de Tributação 
 
Estes itens do conteúdo programático nos remetem ao introito do tema 
tributação, tão presente em nosso dia a dia. Costumo dizer que regularmente 
são cobradas questões sobre este tema nas provas. Sendo assim, muita 
atenção, ok? 
 
 
Um abraço, 
 
Mariotti 
 
Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE 
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1. Princípios Econômicos de Tributação 1 
 
Os tributos constituem a principal fonte de arrecadação de recursos 
governamentais. No sentido de promover uma introdução sobre estes, procurei 
fazer uma explanação sobre suas espécies, com fins de fundamentar a 
abordagem que faremos ao longo das aulas dois e três. 
 
Bem, posso dizer que os tributos são divididos em espécies, conforme 
preconiza o Código Tributário Nacional e a jurisprudência existente. 
 
 O art. 145 da CF enumera apenas três espécies de tributos - impostos, 
taxas e contribuições de melhoria. De todo modo, o Supremo Tribunal Federal 
firmou o entendimento de que, a par destas, integram o Sistema Tributário 
Nacional as demais contribuições e os empréstimos compulsórios. 
Portanto, frisam-se, as diversas espécies tributárias existentes em nosso 
ordenamento, são: 
 
(a) os impostos; 
(b) as taxas; 
(c) as contribuições de melhoria; 
(d) as contribuições do art. 149 da CF; e 
(e) os empréstimos compulsórios. 
 
 1.1 Impostos 
 
 Segundo o art. 16 do Código Tributário Nacional, impostos são espécies 
tributárias cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de 
 
1
 Cabe ressaltar que este tópico tratará apenas das definições referentes às espécies de tributo, sem realizar um 
aprofundamento sobre o tema. A perfeita compreensão das espécies tributárias fica a cargo da disciplina de Direito 
Tributário, cobrada neste concurso. 
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qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte, o qual não recebe 
contraprestação direta ou imediata pelo pagamento. 
 
 Segundo CARRAZA2, “o imposto tem por hipótese de incidência ou um 
comportamento do contribuinte (ICMS, que tem entre suas hipóteses de 
incidência uma operação mercantil; ISS, que tem por fato gerador uma pessoa 
prestar, a terceiro, em caráter negocial, um serviço especificado na lista anexa 
ao Decreto-Lei nº 406/68.), ou uma situação na qual o contribuinte se 
encontre (o IPTU, p. ex., tem por hipótese de incidência o fato de uma pessoa 
ser proprietária de um imóvel localizado na zona urbana de um Município. 
 
 1.2 Taxas e Tarifas (Preço Público) 
 
 De acordo com o art. 77 do Código Tributário Nacional, as taxas são a 
espécie de tributo que tem como fato gerador o exercício regular do poder de 
polícia administrativa, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço 
público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto a sua 
disposição. 
 
 A taxa é, então, um tributo que tem como fato gerador ou hipótese de 
incidência uma atuação estatal específica relativa ao contribuinte. Por ser a 
hipótese de incidência da taxa vinculada a um ato ou fato do Estado, diz-se ser 
ela um tributo vinculado. 
 
As taxas de poder de polícia são derivadas da intervenção do Estado 
em determinadas atividades com o fito de garantir a ordem e a segurança. Já 
as taxas de serviço são derivadas da prestação/utilização de serviços 
públicos. Destaca-se que, para que a taxa seja cobrada, não há necessidade 
 
2
 Cf. CARRAZA, Roque Antonio, Curso de Direito Constitucional Tributário. 9ª ed. rev. e amp. São Paulo, Malheiros, 1997. p. 308. 
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de o particular fazer uso do serviço, bastando apenas que o Poder Público 
coloque tal serviço à disposição do contribuinte. 
 
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Distinção entre Taxa e Preço Público (Tarifa) 
 
Taxas são compulsórias (decorrem de lei). O que legitima o Estado a cobrar 
a taxa é a prestação de serviços públicos específicos e divisíveis ou o regular 
exercício do Poder de Polícia. A relação decorre de lei, sendo regida por 
normas de direito público. 
 
Preço Público, ou Tarifa, decorre da utilização de serviços facultativos que a 
Administração Pública, de forma direta ou por delegação (concessão ou 
permissão), coloca à disposição da população, que poderá escolher se os 
contrata ou não. São serviços prestados em decorrência de uma relação 
contratual regida pelo direito privado. 
 
Há casos em que não é simples estabelecer se um serviço é remunerado por 
taxa ou por preço público. Como exemplo, podemos citar o caso do 
fornecimento de energia elétrica. Em localidades onde estes serviços forem 
colocados à disposição do usuário, pelo Estado, mas cuja utilização seja de 
uso obrigatório, compulsório (por exemplo, a lei não permite que se coloque 
um gerador de energia elétrica), a remuneração destes serviços é feita 
mediante taxa e sofrerá as limitações impostas pelos princípios gerais de 
tributação (legalidade, anterioridade,...). Por outro lado, se a lei permite o uso 
de gerador próprio para obtenção de energia elétrica, o serviço estatal 
oferecido pelo ente público, ou por seus delegados, nãoteria natureza 
obrigatória, seria facultativo e, portanto, seria remunerado mediante preço 
público. 
 
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1.3 Contribuição Fiscal – Contribuição de Melhoria 
 
O conceito de contribuição fiscal associa-se às contribuições de melhoria, 
espécie de tributo. Diferentemente destas contribuições, as demais 
contribuições são aquelas dispostas no artigo 149 da Constituição Federal. 
 
De acordo com o art. 81 do CTN, a Contribuição de Melhoria é cobrada 
para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização 
imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual 
o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. 
 
A obrigação de pagar esse tributo é decorrente da hipótese de que uma 
obra pública aumenta o valor do imóvel do contribuinte. Cabe destacar que 
existem limites para a sua cobrança: limite individual: uma vez que de o 
contribuinte só pode ser exigido até o montante da valorização imobiliária; 
limite geral: o Estado só pode cobrar dos contribuintes o valor do custo da 
obra. 
 
1.4 Empréstimo Compulsório 
 
Segundo os incisos I e II do art. 148 da Constituição da República, a 
União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios 
nas seguintes hipóteses: 
 
(i) para atender a despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, 
de guerra externa ou sua iminência; e 
 
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(ii) no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante 
interesse nacional, observado o disposto no seu art. 150, III, b. 
 
De acordo com a Constituição Federal, são quatro os requisitos para a 
instituição do empréstimo compulsório: 
 
- instituição por lei complementar; 
- ocorrência das situações urgentes descritas no referido art. 148; 
- destinação legal dos recursos às despesas que deram origem à criação 
do tributo; e 
- previsão legal para a restituição, pois o empréstimo compulsório é um 
ingresso de recursos temporários em favor do Estado. 
 
Destaque-se que os empréstimos compulsórios instituídos para 
investimento público sujeitam-se ao princípio da anterioridade, enquanto que 
aqueles decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua 
iminência não estão sujeitos a tal princípio (artigo 150, III, “b” e § 1º da 
CF/88). 
 
Importante considerar que a Constituição não destaca o fato gerador do 
empréstimo compulsório, permitindo que a lei possa eleger a mesma base de 
imposição dos outros tributos para instituição do empréstimo compulsório. 
 
 1.5 Contribuições Parafiscais ou Contribuições Sociais; de 
Intervenção no Domínio Econômico, Contribuição de Interesse das 
Categorias Profissionais ou Econômicas; e Contribuição para o Custeio 
de Serviço de Iluminação Pública - CIP 
 
 1.5.1 Contribuições Sociais ou Parafiscais 
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Classificada como espécie de contribuição, conforme previsões do artigo 
149 da Constituição da República, as contribuições sociais são tributos 
vinculados a uma atividade estatal que visa atender aos direitos sociais 
previstos na Constituição Federal. Pode-se afirmar que as contribuições sociais 
atendem a duas finalidades básicas: seguridade social (saúde, previdência e 
assistência social) e outros direitos sociais a exemplo do salário educação. 
Incluem-se ainda as contribuições que visam ao custeio dos serviços sociais 
autônomos: Serviço Social da Indústria - SESI, Serviço Social do Comércio - 
SESC e Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI. 
 
Seguridade Social 
 
Conforme o art. 195 da Constituição Federal, a seguridade social será 
financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, mediante recursos 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de contribuições 
sociais. Em complemento, a composição das receitas que financiam a 
seguridade social é discriminada nos arts. 11 e 27 da Lei no 8.212, de 24 de 
julho de 1991, que instituiu o Plano de Custeio da Seguridade Social. 
 
As receitas que integram o Orçamento da Seguridade Social classificam-se 
como Contribuições Sociais e Demais Receitas, por meio da seguinte 
metodologia: 
 
Contribuições Sociais: para integrarem o Orçamento da Seguridade Social, 
devem cumprir dois requisitos básicos: 
 
a) quanto à origem, a norma constitucional ou infraconstitucional instituidora 
deve explicitar que a receita se destina ao financiamento da seguridade social; 
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e 
b) quanto à finalidade, a receita criada deve ser destinada para as áreas de 
saúde, previdência ou assistência social. 
 
Demais Receitas: consideram-se receitas do Orçamento da Seguridade Social 
aquelas que: 
 
a) receitas próprias que integram exclusivamente o Orçamento da Seguridade 
Social; ou seja, das unidades que compõem os Ministérios da Saúde e da 
Previdência Social, a Assistência Social e o Fundo de Amparo ao Trabalhador, 
subordinado ao Ministério do Trabalho; 
 
b) a classificação orçamentária caracterize como originárias da prestação de 
serviços de saúde, independentemente das entidades às quais pertençam; e 
 
c) vinculem-se à seguridade social por determinação legal. 
 
1.5.2 Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico 
 
 A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico – CIDE é tributo 
classificado no orçamento público como uma espécie de contribuição que 
atinge determinado setor da economia, com finalidade qualificada, em sede 
constitucional, instituídamediante um motivo específico. É competência 
exclusiva da União a sua instituição, conforme previsto no art. 149 da Carta 
Magna. 
 
O conceito de intervenção se dá pela fiscalização e por atividades de 
fomento como, por exemplo, o desenvolvimento de pesquisas para 
crescimento de um determinado setor e oferecimento de linhas de crédito para 
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expansão da produção. Um exemplo de CIDE é o Adicional sobre Tarifas de 
Passagens Aéreas Domésticas, voltado à suplementação tarifária de linhas 
aéreas regionais de passageiros, de baixo e médio potencial de tráfego. 
 
1.5.3 Contribuição de Interesse das Categorias Profissionais ou 
Econômicas 
 
Esta espécie de contribuição se caracteriza por atender a determinadas 
categorias profissionais ou econômicas, vinculando sua arrecadação às 
entidades que as instituíram. Não transita pelo orçamento da União. 
 
Essas contribuições são destinadas ao custeio das organizações de 
interesse de grupos profissionais, como, por exemplo, Ordem dos Advogados 
do Brasil – OAB, Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura – CREA, 
Conselho Regional de Medicina – CRM, entre outros. 
 
1.5.4 Contribuição para o Custeio de Serviço de Iluminação 
Pública 
 
Instituída pela Emenda Constitucional 39, a qual acrescentou o art. 149-
A à CF, a Contribuição para o Custeio de Serviço de Iluminação Pública possui, 
por lógica, a finalidade de custear o serviço de iluminação pública. Cabe 
destacar que a competência para instituição é dos Municípios e do Distrito 
Federal. 
 
Feitas as considerações relativas as espécie tributárias, passemos agora 
à abordagem referente à classificação dos impostos, principal espécie 
tributária, momento no qual compreenderemos um pouco mais de que forma 
se dá a incidência tributária sobre os agentes econômicos. 
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2. Princípios Econômicos de Tributação (efetivamente falando) 
 
 Para que o Estado3, como um dos participantes do processo econômico, 
possa realizar a intervenção no processo econômico, no sentido de correção 
das Falhas de Mercado existentes, deve criar mecanismos que possibilitem o 
financiamento de suas atividades, especialmente através da imposição do seu 
Poder de Império. De forma a tornar esta intervenção a menos onerosa 
possível à própria sociedade, o mesmo Estado deve balizar o financiamento de 
suas atividades segundo os chamados Princípios Teóricos da Tributação, os 
quais têm como uma das orientações aquela relacionada à equidade na 
taxação da sociedade. 
 
 Destarte, com fins de adentramos ao estudo destes princípios, importa-
nos destacar que a própria tributação deve adotar determinados pressupostos, 
em especial aquele que diz que a utilidade marginal da renda (Umg) é 
decrescente. O entendimento do conceito de utilidade marginal (ou utilidade 
adicional) é o de que quanto maior a renda adicional recebida pelos 
componentes da sociedade (consumidores, por exemplo), menor é a utilidade 
que essa mesma renda propicia ao seu recebedor. Vamos a um exemplo: os 
indivíduos de classes de renda mais altas já possuem, em tese, melhores 
condições de vida. Sendo assim, o ganho adicional de renda será utilizado na 
compra de bens e serviços que são, não exaustivamente, supérfluos para uma 
qualidade de vida digna. 
 
 Dentro deste contexto, tanto a tributação incidente sobre a renda 
adicional de um trabalhador de maior poder aquisitivo quanto a tributação 
sobre os bens supérfluos, deverão ser mais “pesadas” do que aquelas 
 
3
 O Estado citado por nós neste caso se refere à Instituição Estatal, a qual podemos tratar para fins deste curso como 
sendo sinônimo de governo. 
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incidentes sobre os bens de primeira necessidade, visto que estes últimos são 
consumidos de forma indistinta por pessoas de qualquer nível de renda. 
 
Considerado assim os pontos abordados, caminhemos para o 
entendimento dos chamados princípios teóricos ou econômicos da 
tributação. 
 
2.1 Princípio da Neutralidade 
 
O princípio da neutralidade impõe que os impactos gerados pelo ônus 
tributário não devem interferir na alocação de recursos na economia. 
Considerando que os preços são a melhor forma de se estabelecer uma relação 
de troca de recursos em uma economia, pode-se inferir que o impacto da 
tributação sobre os preços dos bens e serviços deve ser neutro, ou seja, a 
relação de preços existente entre os diversos bens deve-se manter igual (preço 
de um produto em relação aos outros). Vamos a um exemplo simples: 
 
Antes de incidência da tributação o bem X custava R$ 10 e os demais 
bens chamados de Y, R$ 5. Com isso o preço relativo do bem X em relação 
ao bem Y era igual a 2. 
 
 Preço X / Preço de Y = 10/5 = 2 
 
 
Para que seja mantida a neutralidade tributária, a incidência da 
tributação sobre o bem X deve ser igual aos dos demais bens (Y). 
 
Imaginemos o caso de um aumento de cerca de 10% na tributação 
para todos os bens. O preço do bem X passa a custar R$ 11 e o bem Y R$ 
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5,50, mantendo-se a neutralidade sobre os preços mesmo com um nível 
maior de arrecadação. 
 
Preço de X / Preço de Y = 11/5,5 = 2 
 
Este exemplo simples é a elucidação básica do que chamamos de 
princípio da neutralidade. Na verdade uma tributação neutra é aquela que 
procura minimizar os impactos nas decisões econômicas dos agentes 
atuantes no mercado (famílias, empresas). 
 
Quandonos referimos à imposição de impostos sobre consumidores de 
maneira neutra, estamos falando de impostos denominados “lump-sun 
tax”, ou seja, impostos que recaiam de forma igual entre os agentes. De 
forma diferente, a imposição pelo governo de imposto dito seletivo, ou 
seja, que recaia sobre o bem X e não sobre o bem Y, tende a impactar os 
preços relativos, deixando de ser neutro. Por tudo isso, a alocação de bens 
deixa de ser eficiente, tornando possível a existência do que chamamos de 
peso morto dos impostos, assunto a ser tratado por nós oportunamente. 
 
O Sistema Tributário deve privilegiar a eficiência econômica, 
podendo ser utilizado inclusive para corrigir distorções existentes no 
mercado. O princípio da neutralidade está intimamente ligado ao conceito 
econômico chamado de Ótimo de Pareto4, que seria a aplicação da 
tributação pelo governo da forma mais eficiente possível. 
 
 
4 Em sentido ao Ótimo de Pareto, a tributação incidente sobre os agentes econômicos não pode ser reorganizada para 
aumentar o bem-estar de alguns indivíduos sem prejudicar o bem-estar dos demais indivíduos. 
 
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Destaca-se ainda que as regras de um sistema tributário que gerem 
eficiência econômica devem ser simples (princípio implícito da simplicidade), 
de forma que a operacionalização do processo de cobrança seja fácil e 
objetiva. 
 
2.2 Princípio da Equidade 
 
O princípio da equidade afirma que os impactos gerados pela 
tributação devem ser equânimes, isto é, o ônus da tributação deve ser 
distribuído de maneira justa entre os componentes da sociedade. 
 
 A equidade é baseada em critérios estabelecidos entre os indivíduos. 
Para isso, temos que nos valer do chamado princípio da equidade 
horizontal, em que deve ser dispensado tratamento igual entre indivíduos 
considerados iguais. 
 
Adicionalmente a este, temos o chamado princípio da equidade 
vertical, em que os indivíduos considerados desiguais devem ser tratados 
de forma desigual. 
 
Os dois critérios de equidade narrados acima são por si só 
complementares, posto que sua função é a de garantir o tratamento justo 
àqueles que possuem as mesmas condições, realizando a devida 
diferenciação apenas quando estes de fato puderem ser diferenciáveis. 
 
Muito embora o princípio da equidade seja fortemente aceito, a sua 
efetivação não é tão fácil assim. Considerando as diferentes interpretações 
sobre equidade, ou que também podemos chamar de padrão desejável de 
distribuição vertical da “carga do imposto” entre diferentes componentes da 
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sociedade, torna-se necessário a elucidação de dois outros princípios 
orientadores: o princípio do benefício e o princípio da capacidade de 
pagamento. 
 
2.2.1 Princípio do Benefício 
 
 
O princípio do benefício afirma que o consumidor deve pagar ao 
governo na forma de tributos o equivalente ao total de benefícios que este 
recebe. Trata-se de um princípio de fácil entendimento, mas de difícil 
aplicação. O problema encontrado para sua correta aplicação deve-se à 
dificuldade de se conseguir individualizar os serviços recebidos do governo, 
uma vez que estamos falando de bens e serviços chamados públicos, em que o 
acesso da sociedade é amplo e irrestrito. 
 
Um bom exemplo da aplicação do princípio do benefício é o referente às 
contribuições previdenciárias feitas pelos indivíduos no seu período de 
trabalho. Quanto maiores forem as suas contribuições ao longo da vida 
profissional, maiores serão – limitados ao teto do regime geral de previdência 
social– os benefícios percebidos após a sua aposentadoria. 
 
Em termos econômicos poderíamos ainda dizer que o princípio do 
benefício garante que o preço do tributo deve ser igual ao chamado 
benefício marginal adquirido com a cobrança tributária. (O que eu tenho de 
benefício a mais por pagar um pouco mais). 
 
2.2.2 Princípio da capacidade de pagamento 
 
A capacidade de pagamento está diretamente relacionada à renda 
recebida pelos agentes. Quanto maior a renda maior é a capacidade de 
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pagamento dos indivíduos. Um exemplo típico da aplicação do princípio da 
capacidade de pagamento é o imposto de renda. Quanto maior a faixa salarial 
maior a alíquota incidente sobre a renda. 
 
O princípio em questão é mais fácil de ser medido do que o princípio do 
benefício concedido pelo Estado, haja vista que a própria renda, o consumo e o 
patrimônio são os parâmetros utilizados pelo Estado para a imposição da sua 
atividade de tributação. 
 
Veremos adiante que o governo procura redistribuir a renda gerada na 
economia evitando a sua concentração nas mãos de poucos. A maneira pela 
qual ele executa essa atividade é, ao menos em teoria, através da imposição 
dos chamados impostos progressivos, de forma que, para níveis maiores de 
renda, consumo e patrimônio, maior é a carga fiscal5 incidente. O objetivo da 
tributação progressiva é que, com a maior arrecadação, o governo pode 
executar os chamados programas de transferência de renda para a população 
de menor poder aquisitivo. 
 
Pelo exposto e, como forma de fixar os conceitos estudados até o 
momento, vamos à resolução em aula de algumas questões que, mesmo 
sendo um pouco antigas, ajudam na fixação do conteúdo, ok? 
 
(AFRF/SRF – ESAF/2000) A teoria econômica moderna estabelece 
critérios de imposição de tributos. O critério que postula que a 
tributação não introduza distorções nos mecanismos de funcionamento 
e alocação de recursos da economia de mercado é o da 
 
5
 Existem diferenças entre carga fiscal e carga tributária. No cálculo da carga tributária está computado apenas os 
valores decorrentes da imposição das chamadas receitas tributárias, tais como os receita de impostos, taxas e 
contribuições de melhoria. No caso da carga fiscal, deve-se adicionar as demais receitas de caráter impositivo, tais 
como as receitas previdenciárias. 
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a) Universalidade 
b) eqüidade 
c) neutralidade 
d) justiça social 
e) adequação 
 
Comentários: 
 
A questão é direta ao afirmar que: O critério que postula que a tributação 
não introduza distorções nos mecanismos de funcionamento e alocação de 
recursos da economia de mercado. Conforme verificamos, para que não 
haja distorções nos mecanismos de mercado e na atual alocação de 
recursos é necessário que a tributação realizada pelo Estado não altere os 
preços relativos dos produtos, ou seja, que os preços de um produto em 
relação ao outro sejam mantidas constantes. Essa definição refere-se ao 
princípio que conceituamos por neutralidade da tributação. Essa mesma 
neutralidade está associada à idéia de eficiência do sistema tributário. 
 
Gabarito: letra “c”. 
 
(AFRF/SRF – ESAF/2002) Segundo o princípio da eqüidade, na 
teoria da tributação, dois critérios são propostos: a classificação 
dos indivíduos que são considerados iguais e o estabelecimento de 
normas adequadas de diferenciação. Indique quais são esses 
critérios: 
a) Neutralidade e eficiência 
b) Benefício e capacidade de pagamento 
c) Unidade e universalidade 
d) Eficiência e justiça 
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e) Produtividade e eficiência. 
 
Comentários: 
 
Perceba que a questão já fala do princípio da equidade, solicitando ao 
concursando os critérios utilizados para a aplicação deste princípio. A única 
estranheza, na forma de pegadinha, refere-se à conceituação do primeiro 
critério utilizado: a classificação dos indivíduos que são considerados 
iguais. Esse conceito remete ao que definimos por equidade horizontal, 
em que é dispensado tratamento igual aos iguais. O segundo critério vai 
direto ao ponto: estabelecimento de normas adequadas de diferenciação. O 
estabelecimento de diferenciação, no que se refere à equidade, está 
diretamente relacionado ao princípio da capacidade de pagamento. 
 
Bem, por eliminação já poderíamos marcar a letra “b” que é o gabarito, 
mas é importante considerarmos o seguinte: Conforme verificamos, de 
acordo com o princípio do benefício, o consumidor deve pagar ao governo, 
na forma de tributos, o equivalente ao total de benefícios que este recebe. 
Ou seja, todos aqueles que recebem benefício na forma de bens públicos, 
iguais, devem pagar a mesma tributação. 
 
Gabarito: letra “b”. 
 
(AFRF/SRF – ESAF/2002) A principal fonte de receita do setor 
público é a arrecadação tributária. Com relação às características 
de um sistema tributário ideal, assinale a opção falsa: 
a) A distribuição do ônus tributário deve ser eqüitativa. 
b) A cobrança dos impostos deve ser conduzida no sentido de onerar mais 
aquelas pessoas com maior capacidade de pagamento. 
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c) O sistema tributário deve ser estruturado de forma a interferir o 
minimamente possível na alocação de recursos da economia. 
d) O sistema tributário deve ser eficiente e maximizar os custos de 
fiscalização da arrecadação. 
e) O sistema tributário deve ser de fácil compreensão para o contribuinte e 
de fácil arrecadação para o governo. 
 
Comentários: 
 
Essa questão é moleza. Entendo que mesmo não tendo estudado a matéria, 
e estando atento na interpretação das alternativas, marcaríamos a letra 
“d”. Não é razoável que os custos de fiscalização da arrecadação tributária 
sejam maximizados. Quando o sistema tributário é eficiente - parte 
correta da questão – o custo para o controle da arrecadação já é 
minimizado. Não obstante, é importante que o trabalho de fiscalização da 
arrecadação seja feito de forma mais eficiente possível e menos custosa 
aos cofres públicos. 
 
As demais alternativas tendem a maximizar o chamado “sistema tributário 
ideal”. 
 
2.3 Os impostos diretos e indiretos 
 
 Destacamos em aula que o Estado deve preocupar-se sobre a forma 
como a incidência tributária recai sobre os agentes econômicos. Na esteira 
desta preocupação inclui-se o destino do imposto (espécie de tributo), visto ser 
este, dentre os diversos existentes, a maior fonte arrecadadora governamental 
(de forma especial, o ICMS). 
 
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 Considerando que as relações econômicas incluem tratamentos diversos 
entre os fiscos (União, Estados, DF e Municípios) e a sociedade, torna-se 
necessário conhecermos o caminho do imposto, ou seja, se este possui 
destinação específica (impostos diretos), a exemplo do imposto incidente sobre 
a propriedade de veículos automotores, ou destinação não específica (impostos 
indiretos), a exemplo do próprio ICMS citado acima, ou do IPI. 
 
Cabe esclarecer que a diferenciação entre os impostos diretos e indiretos 
está associada à possibilidade de transferência do seu ônus a terceiros ou não. 
Para isso, analisemos os subitens abaixo. 
 
2.3.1 Impostos diretos 
 
 Os impostos diretos são aqueles que incidem diretamente sobre a 
renda e o patrimônio de pessoas físicas e jurídicas. Os exemplos mais comuns 
deste tipo de imposto são o IPTU – Imposto Territorial Urbano, o IPVA – 
Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores e o IR – Imposto sobre 
a Renda e Proventos de qualquer natureza. 
 
 Entende-se que os impostos diretos são aqueles em que a tributação 
incide de uma vez só, diretamente sobre o destinatário final da espécie de 
tributo. Vale destacar que os impostos diretos não configuram transferência do 
ônus tributário aos demais contribuintes, como no caso de impostos como o 
Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI ou o Imposto sobre Circulação 
de Mercadorias e Serviços –ICMS. 
 
 De todo modo, importante ressaltar o chamado efeito translação. 
Derivado especialmente da tributação incidente sobre os salários (renda), este 
efeito se caracteriza, especialmente no Brasil, pela repartição da tributação 
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incidente sobre a renda entre empregadores e empregados. A idéia de 
translação é que, consideradas as condições de mercado existentes (oferta e 
demanda por trabalho), o empresário poderia em maior ou menor grau, 
esquivar-se do pagamento do tributo mediante redução dos salários pagos aos 
seus empregados. Como o empregador necessita arcar com o aumento no 
custo da folha de pagamento, pode ocorrer a redução do salário efetivamente 
disponível ao trabalhador. Segundo estudos da Receita Federal do Brasil6, o 
resultado do aumento da incidência de tributação direta sobre os salários pode 
gerar três efeitos: 
 
I. Não ocorre translação. O efeito econômico reflete perfeitamente o 
dispositivo legal, com cada agente econômico assumindo, de fato, a 
carga fiscal predita no ordenamento jurídico; 
 
II. Ocorre uma translação parcial. Em resposta às condições específicas 
de mercado, empregado e empregadores compartilham igualmente a 
carga que originalmente destinava-se apenas aos empregadores; 
 
III. Translação total. Os empregadores estão em situação que permite 
transferir todo o ônus contributivo que a legislação lhes imputa ao custo 
da mão-de-obra. É o caso extremo em que a mecânica do mercado 
frustra, parcialmente, o critério distributivo da carga tributária definido 
pelo sistema tributário. 
 
 
6
 Carga tributária incidente sobre os salários. Disponível em 
http://www.receita.fazenda.gov.br/Publico/estudotributarios/estatisticas/03CargaTributariasobreSalarios.pdf 
 
 
http://www.receita.fazenda.gov.br/Publico/estudotributarios/estatisticas/03CargaTributariasobreSalarios.pdf
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O aumento da incidência tributária sobre a folha de pagamento das 
empresas tende a reduzir a demanda de mão-de-obra7 pelas empresas, 
especialmente porque estas não conseguem repassar na integralidade o 
aumento do custo para os empregados. 
 
 2.3.2 Impostos indiretos: Impostos Ad Valorem e impostos 
específicos, impostos sobre valor adicionado, impostos únicos (excise 
tax) 
 
Os impostos indiretos são aqueles em que a pessoa responsável pela 
arrecadação arca, em parte, com o ônus tributário. Estes impostos incidem 
diretamente sobre a produção de bens e serviços da economia (na verdade 
estes incidem sobre os preços dos bens e serviços). Exemplos de impostos 
indiretos são o ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços e o 
IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados, considerados impostos sobre o 
valor agregado – IVA. 
 
 Destaca-se assim que os impostos incidentes sobre a produção são 
aqueles repassados até o consumidor final, ao todo ou em parte, de acordo 
com o mercado tributado (concorrencial, monopolizado, etc.), através da 
cadeia produtiva de agregação de valor. 
 
 Os impostos indiretos (IPI e ICMS) são considerados como incidentes 
sobre o consumo. Quando aumentamos o espectro de análise aos demais 
tributos sobre o consumo, tais como as contribuições sociais incidentes sobre o 
faturamento das empresas (COFINS e PIS-PASEP), inviabiliza-se a mensuração 
 
7
 No mercado de trabalho, diferentemente do mercado de bens e serviços, quem oferta mão-de-obra são os 
trabalhadores. Assim, quanto maior o salário, maior a oferta de trabalho. Do mesmo modo, no mercado de trabalho, a 
demanda por mão-de-obra é feita pelas empresas, tendo esta mesma demanda relação inversa com o salário. 
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adequada da tributação indireta, confundindo-se assim, na composição dos 
preços dos bens e serviços, o que efetivamente é ganho das empresas e o que 
é parcela dos próprios tributos devidos. 
 
 Uma questão importante relativa aos impactos dos impostos indiretos 
refere-se aos chamados subsídios. Estes representam uma ajuda 
governamental para que a produção de bens e serviços seja vendida a um 
valor em que o bem ou serviço produzido tenha o seu preço inferior aos custos 
de produção. Desta maneira, entende-se que os subsídios tendem a minimizar 
os impactos dos impostos indiretos sobre o sujeito passivo do ônus tributário.
 
 Destaca-se ainda que os impostos indiretos podem ser cobrados como 
sendo um valor único (ad rem), chamado de imposto específico, ou como uma 
alíquota sobre o valor da transação, conhecidos como impostos ad valorem. 
Um exemplo de imposto ad valorem é o ICMS, que é um percentual sobre o 
valor do bem ou da transação. Já um bom exemplo de imposto específico é o 
IPI sobre a produção de cigarros, que possui valor fixo por cada carteira de 
cigarros produzida. 
 
 Ao longo da próxima aula voltaremos a debater, quando da abordagem 
referente à incidência tributária, mais aspectos relativos aos impostos 
indiretos. 
 
 2.4 Impostos Progressivos, Regressivos e Proporcionais 
(Neutros) 
 
A incidência dos impostos sobre a sociedade, sejam eles diretos ou 
indiretos, busca dar aos governos fontes de recursos necessárias ao 
atendimento às funções por estes exercidas. Um dos princípios basilares desta 
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intervenção é o de que deve ser seguida a máxima de que quem ganha mais, 
paga mais. Isso poderia ser considerado um mundo ideal, mas que, 
infelizmente,não ocorre, especialmente se levarmos em conta a atual 
estrutura tributária brasileira. 
 
A noção de progressividade, regressividade e neutralidade dos tributos 
associa-se à forma de incidência destes sobre a renda da sociedade. Vamos 
então a esta análise. 
 
 
2.4.1 Impostos Progressivos 
 
 Os Impostos progressivos são aqueles que na medida em que a renda 
aumenta, o percentual de imposto cobrado sobre a renda aumenta em uma 
proporção maior do que o aumento ocorrido na própria renda. Esta afirmação 
diz na verdade que a razão entre imposto e renda é crescente. Conforme 
dissemos anteriormente, trata-se da noção de que quem ganha mais, paga 
mais (em proporção à sua renda). 
 
 O Imposto de Renda representa bem a proposta do chamado imposto 
progressivo. Vejamos um exemplo, tirando como referência a tabela divulgada 
pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, referente ao ano calendário 
20138, quem recebe até R$ 1.710,78 mensais é isento de tributação do 
imposto. Já quem recebe entre R$ 1.710,79 e R$ 2.563,91 mensais é tributado 
em 7,5%, no que exceder R$ 1.710,78. Quem recebe entre R$ 2.563,92 e R$ 
3.418,59 mensais é tributado em 15%, no que exceder o valor de R$ 
2.563,91. Adicionalmente, quem recebe entre R$ 3.418,60 e R$ 4.721,59 será 
 
8
 Caso tenha interesse de saber a atual tabela, referente ao ano de 2015, basta acessar 
http://www.receita.fazenda.gov.br/Aliquotas/TabProgressivaCalcMens.htm 
 
http://www.receita.fazenda.gov.br/Aliquotas/TabProgressivaCalcMens.htm
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tributado em 22,5%, no que exceder R$ 3.418,59. Finalmente, quem recebe 
acima de R$ 3.418,59 mensais será tributado em 27,5%. Destaca-se, para fins 
de conformidade, que para cada uma das faixas de incidência do imposto, 
existe uma parcela redutora do imposto devido. 
 
 Vejamos o gráfico abaixo que demonstra a relação entre incidência 
tributária e imposto devido: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os impostos progressivos estão diretamente relacionados ao conceito de 
impostos diretos, ou seja, recaem diretamente sobre o contribuinte final. 
Menciona-se ainda que os impostos progressivos contribuem para a melhor 
distribuição da renda, possibilitando assim o atendimento de uma das funções 
governamentais. 
 
Adiciona-se que os impostos progressivos são considerados 
anticíclicos, ou seja, na medida em que a economia vai mal, ou seja, a 
renda agregada (PIB) diminui, o resultado é a maior concentração da renda 
em faixas de alíquotas menores de incidência deste imposto, levando assim 
a uma minimização do efeito do decréscimo da renda gerada na economia. 
Relação 
Imposto/Renda 
(em reais) 
Renda (Y) 
Na medida em que a renda 
cresce, o imposto devido 
cresce numa maior 
proporção. 
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No ano de 2009, em decorrência dos efeitos da crise econômica mundial, a 
arrecadação de imposto no Brasil reduziu em proporção maior do que a 
redução do PIB, mesmo excluindo-se as reduções nas alíquotas dos 
impostos provocadas pelo governo. 
 
De forma contrária, com o crescimento da renda, passa a ocorrer uma 
maior concentração da renda da sociedade em faixas de incidência de 
alíquotas maiores do imposto. A idéia é a de que um maior número de 
pessoas passam a ter a maior parte da sua renda tributada na faixa dos 
27,5%, o que leva novamente ao efeito anticíclico do imposto, ou seja, a 
renda bruta cresce, mas a renda disponível, descontada do imposto, cresce 
numa menor proporção. 
 
2.4.2 Impostos Regressivos 
 
Os Impostos regressivos são aqueles em que na medida em que a renda 
aumenta, a carga do imposto diminui proporcionalmente à renda. 
 
Um exemplo de imposto regressivo são os chamados impostos indiretos, 
caracterizados como os impostos incidentes sobre as cadeias de produção de 
bens. Estes acabam por não diferenciar quem é o comprador final do bem ou 
serviço produzido. Não se trata assim de categorizar a relação entre o imposto 
e a renda proveniente dos salários, mas sim o impacto dos impostos sobre o 
consumidor. Destaca-se apenas que os impostos diretos também podem ser 
considerados regressivos, desde que as alíquotas imputadas, como no caso do 
IR, diminuam em função do crescimento da renda. 
 
Vamos então a um exemplo que melhor exemplifica a relação entre os 
impostos regressivos e os impostos indiretos: 
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Dois indivíduos, com diferentes níveis de renda, decidem comprar bens 
iguais. Imaginemos que o IPI incidente sobre o determinado bem seja de 
15% e que o preço de venda desse bem seja de R$ 500,00. 
 
O imposto embutido no valor do bem é de R$ 75,00 (R$ 500,00 * 
0,15). 
 
Para uma pessoa “A”, que recebe R$ 2000,00, o percentual pago de 
imposto perante a renda do indivíduo é de 3,75%. 
 
No caso de uma pessoa “B”, que recebe R$ 1000,00, o percentual 
pago de imposto é de 7,5%. 
 
Esta característica destaca bem o grau de regressividade do imposto. 
Em situações na qual o ônus do imposto é considerado regressivo, a 
distribuição da renda tende a se tornar pior, em direção à concentração 
desta nas mãos dos que ganham mais. 
 
Vejamos o gráfico que demonstra a relação entre o imposto cobrado e 
a renda do consumidor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Relação 
Imposto/Renda 
(em reais) 
Renda (Y) 
O total de imposto pago ao 
governo diminui em 
proporção do aumento da 
renda dos trabalhadores. 
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Destaca-se ainda que os impostosregressivos, quando incidentes 
sobre a Renda (IR), podem ser considerados pró-cíclicos. Em situações de 
crise econômica, em que ocorre naturalmente a queda da renda dos 
trabalhadores, os mais afetados serão os de baixa renda, que pagarão uma 
maior fatia de impostos em relação a sua renda. 
 
Pelo exemplo visto acima, verifica-se que a noção de regressividade é 
mais aplicada ao consumo dos trabalhadores (associado à compra de bens e 
serviços e que são tributados pelos impostos indiretos) do que propriamente 
sobre a renda. 
 
2.4.3 Impostos Proporcionais ou Neutros 
 
Os impostos proporcionais ou neutros são representados pelos 
impostos que mantêm uma relação constante entre a alíquota de cobrança e 
a renda. Dessa maneira, na medida em que a renda aumenta, o imposto 
devido (unidades monetárias) mantém proporção constante. Um imposto 
neutro pode ser obtido através da tributação por meio de uma alíquota única 
para a renda de cada trabalhador. Senão vejamos: 
 
Alíquota de 15% sobre a Renda; 
Renda indivíduo A = R$ 2000,00; 
Renda indivíduo B = R$ 5.000,00; 
Imposto devido por A = 15% de R$ 2000,00 = 300,00 
Imposto devido por B = 15% de R$ 5.000,00 = 750,00 
 
Percentual de Imposto pago por A = 300/2000 = 15% 
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Percentual de Imposto pago por B = 750/5000 = 15% 
 
 A proposição de um IR em que a alíquota seja a mesma independente 
da faixa de renda, representa o caso típico de proporcionalidade. Vale 
mencionar que não estamos falando de valores absolutos recolhidos aos 
cofres públicos, mas sim o percentual (relativo) do imposto sobre a renda. 
 
 Anota-se ainda que os impostos proporcionais não alteram a 
distribuição da renda na sociedade. 
 
 Vamos a um exemplo: 
 
X ganha R$ 2.000,00 e paga 10% de imposto = R$ 200,00; 
 
Y ganha R$ 10.000,00 e também paga 10% de imposto = R$ 1000,00. 
 
Veja que se calcularmos o valor relativo do imposto sobre a renda, 
teremos a chamada neutralidade ou proporcionalidade mantida. 
 
Relação (Imposto recolhido/renda) de X = 200/2000 = 10% 
 
Relação (Imposto recolhido/renda) de Y = 1.000/10.000 = 10% 
 
 
 
 
 
 
 
Relação 
Imposto/Renda 
(em reais) 
Renda (Y) 
Imposto Neutro ou 
Proporcional 
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Importante lembrar que os impostos neutros atendem ao princípio 
teórico da tributação que afirma que o ônus tributário não deve provocar 
uma re-alocação dos recursos econômicos, nos moldes da alteração dos 
preços relativos. Finalmente, destaca-se que os impostos proporcionais não 
são considerados pró ou anticíclicos, tendo o seu ônus atuando literalmente 
de forma neutra. 
 
2.5 Conclusões prévias 
 
Estudos realizados pela Receita Federal do Brasil9 demonstram que a 
tributação incidente sobre o consumo é essencialmente regressiva, 
impactando mais as classes de baixa renda. O mesmo estudo afirma que a 
tributação incidente sobre a renda é progressiva, em que as famílias com 
maior classe salarial contribuem com uma maior fatia da sua renda na forma 
de tributos. 
 
Ainda segundo o estudo, mesmo ocorrendo um amortecimento da 
estrutura progressiva do sistema tributário, o efeito progressivo da 
tributação sobre a renda é superior ao efeito negativo da regressividade 
sobre o consumo de bens e serviços. Destaca-se que o mesmo estudo 
considerou os efeitos provenientes do efeito translação, ficando claro que na 
medida em que maior é o repasse da tributação sobre a renda, maior é a 
carga tributária paga pelas famílias. 
 
2.6 Adendo - Impostos Seletivos 
 
 
9
Disponível em: 
http://www.receita.fazenda.gov.br/Publico/estudotributarios/estatisticas/03CargaTributariasobreSalarios.pdf 
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 Os chamados impostos seletivos são representados por impostos que 
visam desestimular a produção de bens considerados prejudiciais à 
população. Trata-se, pois, dos chamados bens não meritórios e que estão 
normalmente associados à geração de externalidades negativas. 
 
 O IPI sobre cigarros e bebidas é considerado um imposto seletivo. Por 
meio deste imposto ad rem, ou seja, tributando-se por meio de um valor 
específico, busca-se inibir o consumo do produto. 
 
Cabe apenas ressaltar que a simples aplicação deste imposto tende a 
tornar ainda mais regressiva a tributação sobre o consumo, dado que itens 
como cigarros e bebidas são consumidos por todas as classes sociais e que, 
desta forma, aqueles que ganham menos pagarão um imposto maior em 
proporção a sua renda em função do consumo destes mesmos bens. 
 
Outra forma de imposto seletivo refere-se ao imposto sobre grandes 
fortunas - IGF, previsto, mas ainda não regulamentado. Este tipo de imposto 
tende, ao contrário do IPI sobre cigarro e bebidas, a tornar ainda mais 
progressiva a tributação sobre a renda, uma vez que se subentende que 
pessoas proprietários de grandes fortunas são aquelas com maior 
capacidade contributiva. Adiciona-se ainda, a questão de que com a 
imposição do imposto sobre grandes fortunas, o governo promove a geração 
de receita extra com fins de garantir fonte complementar de financiamento 
das políticas assistencialistas desenvolvidas. 
 
Conclui-se assim que não é possível afirmar que os impostos seletivos 
são progressivos ou regressivos, apenas sendo possível alguma vinculação 
caso este seja aplicado a cada tipo de análise (IPI sobre cigarros, imposto 
sobre grandes fortunas, etc.). 
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Para fixação do conteúdo da aula, passemos agora à resolução de 
exercícios. 
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Questões Propostas: 
 
1 - (ANALISTA DE REGUL./CE – FCC/2011) No Sistema Tributário 
Brasileiro, a instituição de contribuições de intervenção no domínio 
econômico é de competência 
(A) exclusiva dos Municípios. 
(B) exclusiva dos Estados e do Distrito Federal. 
(C) exclusiva da União. 
(D) concorrente de Estados, Distrito Federal e União. 
(E) concorrente de Municípios, Estados, Distrito Federal e União. 
 
2 - (APOFP/EST. SP – FCC/2010) Em 2009, o Governo Federal 
promoveu a reestruturação da tabela de faixas de rendimentos e 
alíquotas do imposto de renda das pessoas físicas, em resposta à 
crise financeira internacional. Em relação a essa medida de política 
tributária, é correto afirmar que 
(A) o governo utilizou um instrumento de política econômica visando 
cumprir sua função estabilizadora. 
(B) o princípio da progressividade foi temporariamente deixado em segundo 
plano, em favor da recuperação da atividade econômica. 
(C) a medida não foi eficaz, pois como se destinou às pessoas físicas, não 
conseguiu estimular a expansão ou manutenção do nível de emprego. 
(D) a medida não produziu efeitos anticíclicos porque a renda pessoal 
disponível da economia permaneceu a mesma. 
(E) o governo utilizou um instrumento visando cumprir sua função alocativa, 
induzindo as empresas a produzirem mais bens de consumo não duráveis. 
 
3 - (ANALISTA ECO./TJ-PA – FCC/2009) O prefeito de uma cidade 
pretende elevar a arrecadação de impostos em sua gestão e para 
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tanto decidiu utilizar o IPTU. Para que seja respeitado o princípio da 
capacidade de pagamento, ele deverá 
(A) lançar um imposto de valor fixo para cada unidade imobiliária, 
independentemente de seu uso e/ou tamanho. 
(B) considerar a possibilidade de adotar alíquotas progressivas sobre o valor 
venal do imóvel. 
(C) adotar alíquotas inversamente proporcionais ao tamanho e valor venal 
do imóvel. 
(D) definir a base de cálculo do imposto exclusivamente com base no 
número de pavimentos da edificação. 
(E) impedir o pagamento parcelado do imposto em qualquer circunstância. 
 
4 – (Fiscal de Rendas/Séc. Fazenda RJ – FGV/2009) Os impostos 
progressivos têm como característica: 
a) a taxa marginal de imposto sobre a renda mais alta que a taxa média 
para todo o nível de renda dos contribuintes, sem efeitos perversos sobre o 
incentivo de aumentar a renda. 
b) o efeito perverso direto sobre a capacidade de arrecadação do Estado. 
c) a taxa marginal de imposto sobre a renda menor que a taxa média para 
todo o nível de renda dos contribuintes. 
d) o efeito perverso sobre os incentivos marginais dos agentes econômicos 
cuja renda ultrapassa certo nível. 
e) a redução do seu montante com o nível de renda do agente tributado. 
 
5 – (Fiscal de Tributos Municipal/São Paulo – FCC/2007) Imposto é 
tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação 
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao 
contribuinte. Um imposto cuja alíquota vai aumentando conforme vai 
aumentando sua base de cálculo é classificado como 
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(A) proporcional. 
(B) regressivo. 
(C) progressivo. 
(D) indireto. 
(E) alternativo. 
 
6 – (Fiscal de Tributos Municipal/São Paulo – FCC/2007) Em 
contrato de locação de imóvel urbano, a obrigatoriedade de 
pagamento de IPTU por parte do locatário, imposta em contrato de 
locação, sem que o Fisco tenha assim autorizado em razão de lei, faz 
com que o IPTU se classifique, neste caso, como imposto 
(A) real. 
(B) pessoal. 
(C) indireto. 
(D) direto. 
(E) proporcional. 
 
7 - (AUDITOR/TRIB. CONT. EST. SP – FCC/2008) De acordo com o 
Princípio da Eqüidade, um imposto sobre vendas com alíquota 
uniforme, incidindo sobre todas as vendas de bens e serviços de 
forma não cumulativa, é 
a) justo, porque onera apenas os que têm maior nível de renda e de 
consumo de bens e serviços. 
b) regressivo, porque os consumidores mais ricos contribuirão 
proporcionalmente menos em relação à sua renda que os consumidores 
pobres. 
c) progressivo, porque os consumidores que despendem mais pagarão um 
valor total de imposto superior aos que despendem menos. 
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d) proporcional, porque todos os consumidores pagam uma percentagem 
uniforme sobre todas as compras. 
e) neutro, uma vez que a alteração que provoca na alocação de recursos por 
parte do setor privado é muito grande. 
 
8 - (EPPGG/GOV. BAHIA – FCC/2004) Com base na teoria da 
tributação, é INCORRETO afirmar: 
a) O princípio do benefício afirma que o contribuinte deve contribuir com uma 
quantia proporcional aos benefícios gerados pelo consumo dos bens públicos. 
b) O conceito da neutralidade afirma que o imposto não deve provocar 
distorção na alocação de recursos da economia. 
c) O conceito de simplicidade relaciona-se com a facilidade da 
operacionalização da cobrança do tributo. 
d) O princípio da eqüidade vertical afirma que as contribuições dos 
contribuintes devem diferenciar-se conforme suas respectivas capacidades de 
pagamento. 
 
9 - (EPPGG/EST. BAHIA – FCC/2004) Diz-se que um imposto sobre a 
renda é 
a) progressivo, quando se retira uma proporção decrescente da renda do 
contribuinte à medida que a renda deste aumenta. 
b) regressivo, quando se retira uma porçãocrescente da renda do contribuinte, 
à medida que sua renda aumenta. 
c) proporcional, quando se retira uma proporção constante da renda do 
contribuinte, independentemente da renda que este aufere. 
d) regressivo, quando se retira uma porção decrescente da renda do 
contribuinte, à medida que sua renda decresce. 
e) proporcional, quando a alíquota cresce proporcionalmente com o nível de 
renda do contribuinte. 
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10 – (ECONOMISTA/MAPA – FUNDAÇÃO DOM CINTRA/2010) A 
característica do sistema tributário que faz com que ele não 
provoque uma distorção na alocação de recursos, prejudicando a 
eficiência do sistema econômico, traduz o: 
A) conceito de simplicidade; 
B) princípio alocativo; 
C) princípio da capacidade de pagamento; 
D) conceito da neutralidade; 
E) conceito de equidade. 
 
11 – (EPPGG/SEPLAG – CEPERJ/2009) A idéia de que os impostos 
devem minimizar os possíveis impactos negativos da tributação sobre 
a eficiência econômica é denominado Princípio da: 
a) Progressividade 
b) Equidade 
c) Simplicidade 
d) Transitividade 
e) Neutralidade 
 
12 – (EPS/SEPLAG – CEPERJ/2009) Não é considerado um exemplo de 
tributo indireto 
a) Imposto sobre Produtos Industrializados 
b) Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços 
c) Imposto sobre serviços 
d) Imposto de importação 
e) Imposto sobre a propriedade de veículos automotores 
 
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13 – (EPPGG/SEPLAG – CEPERJ/2009) Quanto aos diferentes tipos de 
impostos, é correto afirmar que: 
a) Contribuição é um tributo cobrado pelo governo sem um fim específico 
definido com contrapartida. 
b) Os impostos diretos incidem sobre as atividades ou objetos. 
c) Os impostos indiretos incidem sobre os indivíduos. 
d) As bases de incidência dos impostos são a renda, o patrimônio e o consumo. 
e) O imposto de renda é uma forma de tributação indireta. 
 
14 - (Auditor Fiscal do Tesouro do Estado/RS – FUNDATEC/2009) 
Inúmeras influências atuaram para a construção dos sistemas 
tributários na atualidade, destacando-se os princípios da equidade e 
da neutralidade. Descrevem-se, a seguir, conceitos, critério e efeitos 
relacionados aos sistemas tributários considerados ideais. Qual item 
está incorretamente definido? 
 
a) A imposição de um imposto seletivo sobre o consumo observa o princípio da 
neutralidade, pois não provoca uma distorção na alocação de recursos, nem 
prejudica a eficiência econômica. 
 b) O critério da capacidade de pagamento advoga que a repartição do ônus 
tributário seja estabelecida em função das respectivas capacidades individuais 
de contribuição. 
c) O critério do benefício postula que cada contribuinte deve ser tributado com 
uma quantia proporcional a sua demanda por serviços públicos. 
d) As contribuições para a previdência social são exemplo de tributação pelo 
critério do benefício. 
e) Na aplicação do critério da capacidade de contribuição, se o aumento na 
contribuição tributária for menos que proporcional que ao ocorrido no aumento 
da renda, configura uma distribuição regressiva da carga tributária. 
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15 - (APO/Séc. Fazenda de São Paulo – ESAF/2009) Assinale a opção 
falsa com relação aos Princípios Teóricos da Tributação. 
a) Do ponto de vista do princípio do benefício, os impostos são vistos como 
preços que os cidadãos pagam pelas mercadorias e serviços que adquirem por 
meio de seus governos, presumivelmente cobrados de acordo com os 
benefícios individuais direta ou indiretamente recebidos. 
b) A neutralidade, na ótica da alocação de recursos, deveria ser 
complementada pela equidade na repartição da carga tributária. 
c) O princípio da capacidade de pagamento sugere que os contribuintes devem 
arcar com cargas fiscais que representem igual sacrifício de bem-estar, 
interpretado pelas perdas de satisfação no setor privado. 
d) Não existem meios práticos que permitam operacionalizar o critério do 
benefício, por não ser a produção pública sujeita à lei do preço. 
e) A equidade horizontal requer que indivíduos com diferentes habilidades 
paguem tributos em montantes diferenciados. 
 
16 – (APO/MPOG – ESAF/2008) O financiamento para que o Estado 
cumpra suas funções com a sociedade é feito por meio de 
arrecadação tributária, ou receita fiscal. Identifique a única opção 
errada referente aos princípios de tributação. 
a) Pelo princípio da eqüidade, um imposto, além de ser neutro, deve ser 
equânime, no sentido de distribuir o seu ônus de maneira justa entre os 
indivíduos. 
b) De acordo com o princípio do benefício, um tributo justo é aquele em 
que cada contribuinte paga ao Estado um montante diretamente 
relacionado com os benefícios que recebe do governo. 
c) A neutralidade pode ser avaliada sob dois princípios: princípio do 
benefício e princípio da capacidade de pagamento. 
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d) Os impostos podem ser utilizados na correção de ineficiências do setor 
privado. 
e) Os argumentos favoráveis à utilização da renda como capacidade de 
pagamento baseiam-se na abrangência desta medida, pois renda inclui 
consumo e poupança. 
 
17 - (AFRF/SRF – ESAF/2002) Segundo o princípio da eqüidade, na 
teoria da tributação, dois critérios são propostos: a classificação 
dos indivíduos que são considerados iguais e o estabelecimento de 
normas adequadas de diferenciação. Indique quais são esses 
critérios: 
a) Neutralidade e eficiência 
b) Benefício e capacidade de pagamento 
c) Unidade e universalidade

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