Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 1 AULA DOIS Olá! Tudo tranquilo com você? A propósito, como foi o estudo da aula um? Espero que os conceitos tenham ficado bem fixados. Lembro que estou à sua disposição por meio do fórum de dúvidas, ok? Nesta segunda aula abordarei os seguintes itens presentes no conteúdo programático: Princípios Econômicos de Tributação Estes itens do conteúdo programático nos remetem ao introito do tema tributação, tão presente em nosso dia a dia. Costumo dizer que regularmente são cobradas questões sobre este tema nas provas. Sendo assim, muita atenção, ok? Um abraço, Mariotti Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 2 1. Princípios Econômicos de Tributação 1 Os tributos constituem a principal fonte de arrecadação de recursos governamentais. No sentido de promover uma introdução sobre estes, procurei fazer uma explanação sobre suas espécies, com fins de fundamentar a abordagem que faremos ao longo das aulas dois e três. Bem, posso dizer que os tributos são divididos em espécies, conforme preconiza o Código Tributário Nacional e a jurisprudência existente. O art. 145 da CF enumera apenas três espécies de tributos - impostos, taxas e contribuições de melhoria. De todo modo, o Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que, a par destas, integram o Sistema Tributário Nacional as demais contribuições e os empréstimos compulsórios. Portanto, frisam-se, as diversas espécies tributárias existentes em nosso ordenamento, são: (a) os impostos; (b) as taxas; (c) as contribuições de melhoria; (d) as contribuições do art. 149 da CF; e (e) os empréstimos compulsórios. 1.1 Impostos Segundo o art. 16 do Código Tributário Nacional, impostos são espécies tributárias cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de 1 Cabe ressaltar que este tópico tratará apenas das definições referentes às espécies de tributo, sem realizar um aprofundamento sobre o tema. A perfeita compreensão das espécies tributárias fica a cargo da disciplina de Direito Tributário, cobrada neste concurso. Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 3 qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte, o qual não recebe contraprestação direta ou imediata pelo pagamento. Segundo CARRAZA2, “o imposto tem por hipótese de incidência ou um comportamento do contribuinte (ICMS, que tem entre suas hipóteses de incidência uma operação mercantil; ISS, que tem por fato gerador uma pessoa prestar, a terceiro, em caráter negocial, um serviço especificado na lista anexa ao Decreto-Lei nº 406/68.), ou uma situação na qual o contribuinte se encontre (o IPTU, p. ex., tem por hipótese de incidência o fato de uma pessoa ser proprietária de um imóvel localizado na zona urbana de um Município. 1.2 Taxas e Tarifas (Preço Público) De acordo com o art. 77 do Código Tributário Nacional, as taxas são a espécie de tributo que tem como fato gerador o exercício regular do poder de polícia administrativa, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto a sua disposição. A taxa é, então, um tributo que tem como fato gerador ou hipótese de incidência uma atuação estatal específica relativa ao contribuinte. Por ser a hipótese de incidência da taxa vinculada a um ato ou fato do Estado, diz-se ser ela um tributo vinculado. As taxas de poder de polícia são derivadas da intervenção do Estado em determinadas atividades com o fito de garantir a ordem e a segurança. Já as taxas de serviço são derivadas da prestação/utilização de serviços públicos. Destaca-se que, para que a taxa seja cobrada, não há necessidade 2 Cf. CARRAZA, Roque Antonio, Curso de Direito Constitucional Tributário. 9ª ed. rev. e amp. São Paulo, Malheiros, 1997. p. 308. Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 4 de o particular fazer uso do serviço, bastando apenas que o Poder Público coloque tal serviço à disposição do contribuinte. OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Distinção entre Taxa e Preço Público (Tarifa) Taxas são compulsórias (decorrem de lei). O que legitima o Estado a cobrar a taxa é a prestação de serviços públicos específicos e divisíveis ou o regular exercício do Poder de Polícia. A relação decorre de lei, sendo regida por normas de direito público. Preço Público, ou Tarifa, decorre da utilização de serviços facultativos que a Administração Pública, de forma direta ou por delegação (concessão ou permissão), coloca à disposição da população, que poderá escolher se os contrata ou não. São serviços prestados em decorrência de uma relação contratual regida pelo direito privado. Há casos em que não é simples estabelecer se um serviço é remunerado por taxa ou por preço público. Como exemplo, podemos citar o caso do fornecimento de energia elétrica. Em localidades onde estes serviços forem colocados à disposição do usuário, pelo Estado, mas cuja utilização seja de uso obrigatório, compulsório (por exemplo, a lei não permite que se coloque um gerador de energia elétrica), a remuneração destes serviços é feita mediante taxa e sofrerá as limitações impostas pelos princípios gerais de tributação (legalidade, anterioridade,...). Por outro lado, se a lei permite o uso de gerador próprio para obtenção de energia elétrica, o serviço estatal oferecido pelo ente público, ou por seus delegados, nãoteria natureza obrigatória, seria facultativo e, portanto, seria remunerado mediante preço público. Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 5 1.3 Contribuição Fiscal – Contribuição de Melhoria O conceito de contribuição fiscal associa-se às contribuições de melhoria, espécie de tributo. Diferentemente destas contribuições, as demais contribuições são aquelas dispostas no artigo 149 da Constituição Federal. De acordo com o art. 81 do CTN, a Contribuição de Melhoria é cobrada para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado. A obrigação de pagar esse tributo é decorrente da hipótese de que uma obra pública aumenta o valor do imóvel do contribuinte. Cabe destacar que existem limites para a sua cobrança: limite individual: uma vez que de o contribuinte só pode ser exigido até o montante da valorização imobiliária; limite geral: o Estado só pode cobrar dos contribuintes o valor do custo da obra. 1.4 Empréstimo Compulsório Segundo os incisos I e II do art. 148 da Constituição da República, a União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios nas seguintes hipóteses: (i) para atender a despesas extraordinárias decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; e Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 6 (ii) no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no seu art. 150, III, b. De acordo com a Constituição Federal, são quatro os requisitos para a instituição do empréstimo compulsório: - instituição por lei complementar; - ocorrência das situações urgentes descritas no referido art. 148; - destinação legal dos recursos às despesas que deram origem à criação do tributo; e - previsão legal para a restituição, pois o empréstimo compulsório é um ingresso de recursos temporários em favor do Estado. Destaque-se que os empréstimos compulsórios instituídos para investimento público sujeitam-se ao princípio da anterioridade, enquanto que aqueles decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência não estão sujeitos a tal princípio (artigo 150, III, “b” e § 1º da CF/88). Importante considerar que a Constituição não destaca o fato gerador do empréstimo compulsório, permitindo que a lei possa eleger a mesma base de imposição dos outros tributos para instituição do empréstimo compulsório. 1.5 Contribuições Parafiscais ou Contribuições Sociais; de Intervenção no Domínio Econômico, Contribuição de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas; e Contribuição para o Custeio de Serviço de Iluminação Pública - CIP 1.5.1 Contribuições Sociais ou Parafiscais Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 7 Classificada como espécie de contribuição, conforme previsões do artigo 149 da Constituição da República, as contribuições sociais são tributos vinculados a uma atividade estatal que visa atender aos direitos sociais previstos na Constituição Federal. Pode-se afirmar que as contribuições sociais atendem a duas finalidades básicas: seguridade social (saúde, previdência e assistência social) e outros direitos sociais a exemplo do salário educação. Incluem-se ainda as contribuições que visam ao custeio dos serviços sociais autônomos: Serviço Social da Indústria - SESI, Serviço Social do Comércio - SESC e Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI. Seguridade Social Conforme o art. 195 da Constituição Federal, a seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, mediante recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de contribuições sociais. Em complemento, a composição das receitas que financiam a seguridade social é discriminada nos arts. 11 e 27 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, que instituiu o Plano de Custeio da Seguridade Social. As receitas que integram o Orçamento da Seguridade Social classificam-se como Contribuições Sociais e Demais Receitas, por meio da seguinte metodologia: Contribuições Sociais: para integrarem o Orçamento da Seguridade Social, devem cumprir dois requisitos básicos: a) quanto à origem, a norma constitucional ou infraconstitucional instituidora deve explicitar que a receita se destina ao financiamento da seguridade social; Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 8 e b) quanto à finalidade, a receita criada deve ser destinada para as áreas de saúde, previdência ou assistência social. Demais Receitas: consideram-se receitas do Orçamento da Seguridade Social aquelas que: a) receitas próprias que integram exclusivamente o Orçamento da Seguridade Social; ou seja, das unidades que compõem os Ministérios da Saúde e da Previdência Social, a Assistência Social e o Fundo de Amparo ao Trabalhador, subordinado ao Ministério do Trabalho; b) a classificação orçamentária caracterize como originárias da prestação de serviços de saúde, independentemente das entidades às quais pertençam; e c) vinculem-se à seguridade social por determinação legal. 1.5.2 Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico – CIDE é tributo classificado no orçamento público como uma espécie de contribuição que atinge determinado setor da economia, com finalidade qualificada, em sede constitucional, instituídamediante um motivo específico. É competência exclusiva da União a sua instituição, conforme previsto no art. 149 da Carta Magna. O conceito de intervenção se dá pela fiscalização e por atividades de fomento como, por exemplo, o desenvolvimento de pesquisas para crescimento de um determinado setor e oferecimento de linhas de crédito para Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 9 expansão da produção. Um exemplo de CIDE é o Adicional sobre Tarifas de Passagens Aéreas Domésticas, voltado à suplementação tarifária de linhas aéreas regionais de passageiros, de baixo e médio potencial de tráfego. 1.5.3 Contribuição de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas Esta espécie de contribuição se caracteriza por atender a determinadas categorias profissionais ou econômicas, vinculando sua arrecadação às entidades que as instituíram. Não transita pelo orçamento da União. Essas contribuições são destinadas ao custeio das organizações de interesse de grupos profissionais, como, por exemplo, Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura – CREA, Conselho Regional de Medicina – CRM, entre outros. 1.5.4 Contribuição para o Custeio de Serviço de Iluminação Pública Instituída pela Emenda Constitucional 39, a qual acrescentou o art. 149- A à CF, a Contribuição para o Custeio de Serviço de Iluminação Pública possui, por lógica, a finalidade de custear o serviço de iluminação pública. Cabe destacar que a competência para instituição é dos Municípios e do Distrito Federal. Feitas as considerações relativas as espécie tributárias, passemos agora à abordagem referente à classificação dos impostos, principal espécie tributária, momento no qual compreenderemos um pouco mais de que forma se dá a incidência tributária sobre os agentes econômicos. Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 10 2. Princípios Econômicos de Tributação (efetivamente falando) Para que o Estado3, como um dos participantes do processo econômico, possa realizar a intervenção no processo econômico, no sentido de correção das Falhas de Mercado existentes, deve criar mecanismos que possibilitem o financiamento de suas atividades, especialmente através da imposição do seu Poder de Império. De forma a tornar esta intervenção a menos onerosa possível à própria sociedade, o mesmo Estado deve balizar o financiamento de suas atividades segundo os chamados Princípios Teóricos da Tributação, os quais têm como uma das orientações aquela relacionada à equidade na taxação da sociedade. Destarte, com fins de adentramos ao estudo destes princípios, importa- nos destacar que a própria tributação deve adotar determinados pressupostos, em especial aquele que diz que a utilidade marginal da renda (Umg) é decrescente. O entendimento do conceito de utilidade marginal (ou utilidade adicional) é o de que quanto maior a renda adicional recebida pelos componentes da sociedade (consumidores, por exemplo), menor é a utilidade que essa mesma renda propicia ao seu recebedor. Vamos a um exemplo: os indivíduos de classes de renda mais altas já possuem, em tese, melhores condições de vida. Sendo assim, o ganho adicional de renda será utilizado na compra de bens e serviços que são, não exaustivamente, supérfluos para uma qualidade de vida digna. Dentro deste contexto, tanto a tributação incidente sobre a renda adicional de um trabalhador de maior poder aquisitivo quanto a tributação sobre os bens supérfluos, deverão ser mais “pesadas” do que aquelas 3 O Estado citado por nós neste caso se refere à Instituição Estatal, a qual podemos tratar para fins deste curso como sendo sinônimo de governo. Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 11 incidentes sobre os bens de primeira necessidade, visto que estes últimos são consumidos de forma indistinta por pessoas de qualquer nível de renda. Considerado assim os pontos abordados, caminhemos para o entendimento dos chamados princípios teóricos ou econômicos da tributação. 2.1 Princípio da Neutralidade O princípio da neutralidade impõe que os impactos gerados pelo ônus tributário não devem interferir na alocação de recursos na economia. Considerando que os preços são a melhor forma de se estabelecer uma relação de troca de recursos em uma economia, pode-se inferir que o impacto da tributação sobre os preços dos bens e serviços deve ser neutro, ou seja, a relação de preços existente entre os diversos bens deve-se manter igual (preço de um produto em relação aos outros). Vamos a um exemplo simples: Antes de incidência da tributação o bem X custava R$ 10 e os demais bens chamados de Y, R$ 5. Com isso o preço relativo do bem X em relação ao bem Y era igual a 2. Preço X / Preço de Y = 10/5 = 2 Para que seja mantida a neutralidade tributária, a incidência da tributação sobre o bem X deve ser igual aos dos demais bens (Y). Imaginemos o caso de um aumento de cerca de 10% na tributação para todos os bens. O preço do bem X passa a custar R$ 11 e o bem Y R$ Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 12 5,50, mantendo-se a neutralidade sobre os preços mesmo com um nível maior de arrecadação. Preço de X / Preço de Y = 11/5,5 = 2 Este exemplo simples é a elucidação básica do que chamamos de princípio da neutralidade. Na verdade uma tributação neutra é aquela que procura minimizar os impactos nas decisões econômicas dos agentes atuantes no mercado (famílias, empresas). Quandonos referimos à imposição de impostos sobre consumidores de maneira neutra, estamos falando de impostos denominados “lump-sun tax”, ou seja, impostos que recaiam de forma igual entre os agentes. De forma diferente, a imposição pelo governo de imposto dito seletivo, ou seja, que recaia sobre o bem X e não sobre o bem Y, tende a impactar os preços relativos, deixando de ser neutro. Por tudo isso, a alocação de bens deixa de ser eficiente, tornando possível a existência do que chamamos de peso morto dos impostos, assunto a ser tratado por nós oportunamente. O Sistema Tributário deve privilegiar a eficiência econômica, podendo ser utilizado inclusive para corrigir distorções existentes no mercado. O princípio da neutralidade está intimamente ligado ao conceito econômico chamado de Ótimo de Pareto4, que seria a aplicação da tributação pelo governo da forma mais eficiente possível. 4 Em sentido ao Ótimo de Pareto, a tributação incidente sobre os agentes econômicos não pode ser reorganizada para aumentar o bem-estar de alguns indivíduos sem prejudicar o bem-estar dos demais indivíduos. Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 13 Destaca-se ainda que as regras de um sistema tributário que gerem eficiência econômica devem ser simples (princípio implícito da simplicidade), de forma que a operacionalização do processo de cobrança seja fácil e objetiva. 2.2 Princípio da Equidade O princípio da equidade afirma que os impactos gerados pela tributação devem ser equânimes, isto é, o ônus da tributação deve ser distribuído de maneira justa entre os componentes da sociedade. A equidade é baseada em critérios estabelecidos entre os indivíduos. Para isso, temos que nos valer do chamado princípio da equidade horizontal, em que deve ser dispensado tratamento igual entre indivíduos considerados iguais. Adicionalmente a este, temos o chamado princípio da equidade vertical, em que os indivíduos considerados desiguais devem ser tratados de forma desigual. Os dois critérios de equidade narrados acima são por si só complementares, posto que sua função é a de garantir o tratamento justo àqueles que possuem as mesmas condições, realizando a devida diferenciação apenas quando estes de fato puderem ser diferenciáveis. Muito embora o princípio da equidade seja fortemente aceito, a sua efetivação não é tão fácil assim. Considerando as diferentes interpretações sobre equidade, ou que também podemos chamar de padrão desejável de distribuição vertical da “carga do imposto” entre diferentes componentes da Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 14 sociedade, torna-se necessário a elucidação de dois outros princípios orientadores: o princípio do benefício e o princípio da capacidade de pagamento. 2.2.1 Princípio do Benefício O princípio do benefício afirma que o consumidor deve pagar ao governo na forma de tributos o equivalente ao total de benefícios que este recebe. Trata-se de um princípio de fácil entendimento, mas de difícil aplicação. O problema encontrado para sua correta aplicação deve-se à dificuldade de se conseguir individualizar os serviços recebidos do governo, uma vez que estamos falando de bens e serviços chamados públicos, em que o acesso da sociedade é amplo e irrestrito. Um bom exemplo da aplicação do princípio do benefício é o referente às contribuições previdenciárias feitas pelos indivíduos no seu período de trabalho. Quanto maiores forem as suas contribuições ao longo da vida profissional, maiores serão – limitados ao teto do regime geral de previdência social– os benefícios percebidos após a sua aposentadoria. Em termos econômicos poderíamos ainda dizer que o princípio do benefício garante que o preço do tributo deve ser igual ao chamado benefício marginal adquirido com a cobrança tributária. (O que eu tenho de benefício a mais por pagar um pouco mais). 2.2.2 Princípio da capacidade de pagamento A capacidade de pagamento está diretamente relacionada à renda recebida pelos agentes. Quanto maior a renda maior é a capacidade de Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 15 pagamento dos indivíduos. Um exemplo típico da aplicação do princípio da capacidade de pagamento é o imposto de renda. Quanto maior a faixa salarial maior a alíquota incidente sobre a renda. O princípio em questão é mais fácil de ser medido do que o princípio do benefício concedido pelo Estado, haja vista que a própria renda, o consumo e o patrimônio são os parâmetros utilizados pelo Estado para a imposição da sua atividade de tributação. Veremos adiante que o governo procura redistribuir a renda gerada na economia evitando a sua concentração nas mãos de poucos. A maneira pela qual ele executa essa atividade é, ao menos em teoria, através da imposição dos chamados impostos progressivos, de forma que, para níveis maiores de renda, consumo e patrimônio, maior é a carga fiscal5 incidente. O objetivo da tributação progressiva é que, com a maior arrecadação, o governo pode executar os chamados programas de transferência de renda para a população de menor poder aquisitivo. Pelo exposto e, como forma de fixar os conceitos estudados até o momento, vamos à resolução em aula de algumas questões que, mesmo sendo um pouco antigas, ajudam na fixação do conteúdo, ok? (AFRF/SRF – ESAF/2000) A teoria econômica moderna estabelece critérios de imposição de tributos. O critério que postula que a tributação não introduza distorções nos mecanismos de funcionamento e alocação de recursos da economia de mercado é o da 5 Existem diferenças entre carga fiscal e carga tributária. No cálculo da carga tributária está computado apenas os valores decorrentes da imposição das chamadas receitas tributárias, tais como os receita de impostos, taxas e contribuições de melhoria. No caso da carga fiscal, deve-se adicionar as demais receitas de caráter impositivo, tais como as receitas previdenciárias. Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades:Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 16 a) Universalidade b) eqüidade c) neutralidade d) justiça social e) adequação Comentários: A questão é direta ao afirmar que: O critério que postula que a tributação não introduza distorções nos mecanismos de funcionamento e alocação de recursos da economia de mercado. Conforme verificamos, para que não haja distorções nos mecanismos de mercado e na atual alocação de recursos é necessário que a tributação realizada pelo Estado não altere os preços relativos dos produtos, ou seja, que os preços de um produto em relação ao outro sejam mantidas constantes. Essa definição refere-se ao princípio que conceituamos por neutralidade da tributação. Essa mesma neutralidade está associada à idéia de eficiência do sistema tributário. Gabarito: letra “c”. (AFRF/SRF – ESAF/2002) Segundo o princípio da eqüidade, na teoria da tributação, dois critérios são propostos: a classificação dos indivíduos que são considerados iguais e o estabelecimento de normas adequadas de diferenciação. Indique quais são esses critérios: a) Neutralidade e eficiência b) Benefício e capacidade de pagamento c) Unidade e universalidade d) Eficiência e justiça Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 17 e) Produtividade e eficiência. Comentários: Perceba que a questão já fala do princípio da equidade, solicitando ao concursando os critérios utilizados para a aplicação deste princípio. A única estranheza, na forma de pegadinha, refere-se à conceituação do primeiro critério utilizado: a classificação dos indivíduos que são considerados iguais. Esse conceito remete ao que definimos por equidade horizontal, em que é dispensado tratamento igual aos iguais. O segundo critério vai direto ao ponto: estabelecimento de normas adequadas de diferenciação. O estabelecimento de diferenciação, no que se refere à equidade, está diretamente relacionado ao princípio da capacidade de pagamento. Bem, por eliminação já poderíamos marcar a letra “b” que é o gabarito, mas é importante considerarmos o seguinte: Conforme verificamos, de acordo com o princípio do benefício, o consumidor deve pagar ao governo, na forma de tributos, o equivalente ao total de benefícios que este recebe. Ou seja, todos aqueles que recebem benefício na forma de bens públicos, iguais, devem pagar a mesma tributação. Gabarito: letra “b”. (AFRF/SRF – ESAF/2002) A principal fonte de receita do setor público é a arrecadação tributária. Com relação às características de um sistema tributário ideal, assinale a opção falsa: a) A distribuição do ônus tributário deve ser eqüitativa. b) A cobrança dos impostos deve ser conduzida no sentido de onerar mais aquelas pessoas com maior capacidade de pagamento. Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 18 c) O sistema tributário deve ser estruturado de forma a interferir o minimamente possível na alocação de recursos da economia. d) O sistema tributário deve ser eficiente e maximizar os custos de fiscalização da arrecadação. e) O sistema tributário deve ser de fácil compreensão para o contribuinte e de fácil arrecadação para o governo. Comentários: Essa questão é moleza. Entendo que mesmo não tendo estudado a matéria, e estando atento na interpretação das alternativas, marcaríamos a letra “d”. Não é razoável que os custos de fiscalização da arrecadação tributária sejam maximizados. Quando o sistema tributário é eficiente - parte correta da questão – o custo para o controle da arrecadação já é minimizado. Não obstante, é importante que o trabalho de fiscalização da arrecadação seja feito de forma mais eficiente possível e menos custosa aos cofres públicos. As demais alternativas tendem a maximizar o chamado “sistema tributário ideal”. 2.3 Os impostos diretos e indiretos Destacamos em aula que o Estado deve preocupar-se sobre a forma como a incidência tributária recai sobre os agentes econômicos. Na esteira desta preocupação inclui-se o destino do imposto (espécie de tributo), visto ser este, dentre os diversos existentes, a maior fonte arrecadadora governamental (de forma especial, o ICMS). Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 19 Considerando que as relações econômicas incluem tratamentos diversos entre os fiscos (União, Estados, DF e Municípios) e a sociedade, torna-se necessário conhecermos o caminho do imposto, ou seja, se este possui destinação específica (impostos diretos), a exemplo do imposto incidente sobre a propriedade de veículos automotores, ou destinação não específica (impostos indiretos), a exemplo do próprio ICMS citado acima, ou do IPI. Cabe esclarecer que a diferenciação entre os impostos diretos e indiretos está associada à possibilidade de transferência do seu ônus a terceiros ou não. Para isso, analisemos os subitens abaixo. 2.3.1 Impostos diretos Os impostos diretos são aqueles que incidem diretamente sobre a renda e o patrimônio de pessoas físicas e jurídicas. Os exemplos mais comuns deste tipo de imposto são o IPTU – Imposto Territorial Urbano, o IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores e o IR – Imposto sobre a Renda e Proventos de qualquer natureza. Entende-se que os impostos diretos são aqueles em que a tributação incide de uma vez só, diretamente sobre o destinatário final da espécie de tributo. Vale destacar que os impostos diretos não configuram transferência do ônus tributário aos demais contribuintes, como no caso de impostos como o Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI ou o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços –ICMS. De todo modo, importante ressaltar o chamado efeito translação. Derivado especialmente da tributação incidente sobre os salários (renda), este efeito se caracteriza, especialmente no Brasil, pela repartição da tributação Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 20 incidente sobre a renda entre empregadores e empregados. A idéia de translação é que, consideradas as condições de mercado existentes (oferta e demanda por trabalho), o empresário poderia em maior ou menor grau, esquivar-se do pagamento do tributo mediante redução dos salários pagos aos seus empregados. Como o empregador necessita arcar com o aumento no custo da folha de pagamento, pode ocorrer a redução do salário efetivamente disponível ao trabalhador. Segundo estudos da Receita Federal do Brasil6, o resultado do aumento da incidência de tributação direta sobre os salários pode gerar três efeitos: I. Não ocorre translação. O efeito econômico reflete perfeitamente o dispositivo legal, com cada agente econômico assumindo, de fato, a carga fiscal predita no ordenamento jurídico; II. Ocorre uma translação parcial. Em resposta às condições específicas de mercado, empregado e empregadores compartilham igualmente a carga que originalmente destinava-se apenas aos empregadores; III. Translação total. Os empregadores estão em situação que permite transferir todo o ônus contributivo que a legislação lhes imputa ao custo da mão-de-obra. É o caso extremo em que a mecânica do mercado frustra, parcialmente, o critério distributivo da carga tributária definido pelo sistema tributário. 6 Carga tributária incidente sobre os salários. Disponível em http://www.receita.fazenda.gov.br/Publico/estudotributarios/estatisticas/03CargaTributariasobreSalarios.pdf http://www.receita.fazenda.gov.br/Publico/estudotributarios/estatisticas/03CargaTributariasobreSalarios.pdf Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 21 O aumento da incidência tributária sobre a folha de pagamento das empresas tende a reduzir a demanda de mão-de-obra7 pelas empresas, especialmente porque estas não conseguem repassar na integralidade o aumento do custo para os empregados. 2.3.2 Impostos indiretos: Impostos Ad Valorem e impostos específicos, impostos sobre valor adicionado, impostos únicos (excise tax) Os impostos indiretos são aqueles em que a pessoa responsável pela arrecadação arca, em parte, com o ônus tributário. Estes impostos incidem diretamente sobre a produção de bens e serviços da economia (na verdade estes incidem sobre os preços dos bens e serviços). Exemplos de impostos indiretos são o ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços e o IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados, considerados impostos sobre o valor agregado – IVA. Destaca-se assim que os impostos incidentes sobre a produção são aqueles repassados até o consumidor final, ao todo ou em parte, de acordo com o mercado tributado (concorrencial, monopolizado, etc.), através da cadeia produtiva de agregação de valor. Os impostos indiretos (IPI e ICMS) são considerados como incidentes sobre o consumo. Quando aumentamos o espectro de análise aos demais tributos sobre o consumo, tais como as contribuições sociais incidentes sobre o faturamento das empresas (COFINS e PIS-PASEP), inviabiliza-se a mensuração 7 No mercado de trabalho, diferentemente do mercado de bens e serviços, quem oferta mão-de-obra são os trabalhadores. Assim, quanto maior o salário, maior a oferta de trabalho. Do mesmo modo, no mercado de trabalho, a demanda por mão-de-obra é feita pelas empresas, tendo esta mesma demanda relação inversa com o salário. Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 22 adequada da tributação indireta, confundindo-se assim, na composição dos preços dos bens e serviços, o que efetivamente é ganho das empresas e o que é parcela dos próprios tributos devidos. Uma questão importante relativa aos impactos dos impostos indiretos refere-se aos chamados subsídios. Estes representam uma ajuda governamental para que a produção de bens e serviços seja vendida a um valor em que o bem ou serviço produzido tenha o seu preço inferior aos custos de produção. Desta maneira, entende-se que os subsídios tendem a minimizar os impactos dos impostos indiretos sobre o sujeito passivo do ônus tributário. Destaca-se ainda que os impostos indiretos podem ser cobrados como sendo um valor único (ad rem), chamado de imposto específico, ou como uma alíquota sobre o valor da transação, conhecidos como impostos ad valorem. Um exemplo de imposto ad valorem é o ICMS, que é um percentual sobre o valor do bem ou da transação. Já um bom exemplo de imposto específico é o IPI sobre a produção de cigarros, que possui valor fixo por cada carteira de cigarros produzida. Ao longo da próxima aula voltaremos a debater, quando da abordagem referente à incidência tributária, mais aspectos relativos aos impostos indiretos. 2.4 Impostos Progressivos, Regressivos e Proporcionais (Neutros) A incidência dos impostos sobre a sociedade, sejam eles diretos ou indiretos, busca dar aos governos fontes de recursos necessárias ao atendimento às funções por estes exercidas. Um dos princípios basilares desta Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 23 intervenção é o de que deve ser seguida a máxima de que quem ganha mais, paga mais. Isso poderia ser considerado um mundo ideal, mas que, infelizmente,não ocorre, especialmente se levarmos em conta a atual estrutura tributária brasileira. A noção de progressividade, regressividade e neutralidade dos tributos associa-se à forma de incidência destes sobre a renda da sociedade. Vamos então a esta análise. 2.4.1 Impostos Progressivos Os Impostos progressivos são aqueles que na medida em que a renda aumenta, o percentual de imposto cobrado sobre a renda aumenta em uma proporção maior do que o aumento ocorrido na própria renda. Esta afirmação diz na verdade que a razão entre imposto e renda é crescente. Conforme dissemos anteriormente, trata-se da noção de que quem ganha mais, paga mais (em proporção à sua renda). O Imposto de Renda representa bem a proposta do chamado imposto progressivo. Vejamos um exemplo, tirando como referência a tabela divulgada pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, referente ao ano calendário 20138, quem recebe até R$ 1.710,78 mensais é isento de tributação do imposto. Já quem recebe entre R$ 1.710,79 e R$ 2.563,91 mensais é tributado em 7,5%, no que exceder R$ 1.710,78. Quem recebe entre R$ 2.563,92 e R$ 3.418,59 mensais é tributado em 15%, no que exceder o valor de R$ 2.563,91. Adicionalmente, quem recebe entre R$ 3.418,60 e R$ 4.721,59 será 8 Caso tenha interesse de saber a atual tabela, referente ao ano de 2015, basta acessar http://www.receita.fazenda.gov.br/Aliquotas/TabProgressivaCalcMens.htm http://www.receita.fazenda.gov.br/Aliquotas/TabProgressivaCalcMens.htm Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 24 tributado em 22,5%, no que exceder R$ 3.418,59. Finalmente, quem recebe acima de R$ 3.418,59 mensais será tributado em 27,5%. Destaca-se, para fins de conformidade, que para cada uma das faixas de incidência do imposto, existe uma parcela redutora do imposto devido. Vejamos o gráfico abaixo que demonstra a relação entre incidência tributária e imposto devido: Os impostos progressivos estão diretamente relacionados ao conceito de impostos diretos, ou seja, recaem diretamente sobre o contribuinte final. Menciona-se ainda que os impostos progressivos contribuem para a melhor distribuição da renda, possibilitando assim o atendimento de uma das funções governamentais. Adiciona-se que os impostos progressivos são considerados anticíclicos, ou seja, na medida em que a economia vai mal, ou seja, a renda agregada (PIB) diminui, o resultado é a maior concentração da renda em faixas de alíquotas menores de incidência deste imposto, levando assim a uma minimização do efeito do decréscimo da renda gerada na economia. Relação Imposto/Renda (em reais) Renda (Y) Na medida em que a renda cresce, o imposto devido cresce numa maior proporção. Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 25 No ano de 2009, em decorrência dos efeitos da crise econômica mundial, a arrecadação de imposto no Brasil reduziu em proporção maior do que a redução do PIB, mesmo excluindo-se as reduções nas alíquotas dos impostos provocadas pelo governo. De forma contrária, com o crescimento da renda, passa a ocorrer uma maior concentração da renda da sociedade em faixas de incidência de alíquotas maiores do imposto. A idéia é a de que um maior número de pessoas passam a ter a maior parte da sua renda tributada na faixa dos 27,5%, o que leva novamente ao efeito anticíclico do imposto, ou seja, a renda bruta cresce, mas a renda disponível, descontada do imposto, cresce numa menor proporção. 2.4.2 Impostos Regressivos Os Impostos regressivos são aqueles em que na medida em que a renda aumenta, a carga do imposto diminui proporcionalmente à renda. Um exemplo de imposto regressivo são os chamados impostos indiretos, caracterizados como os impostos incidentes sobre as cadeias de produção de bens. Estes acabam por não diferenciar quem é o comprador final do bem ou serviço produzido. Não se trata assim de categorizar a relação entre o imposto e a renda proveniente dos salários, mas sim o impacto dos impostos sobre o consumidor. Destaca-se apenas que os impostos diretos também podem ser considerados regressivos, desde que as alíquotas imputadas, como no caso do IR, diminuam em função do crescimento da renda. Vamos então a um exemplo que melhor exemplifica a relação entre os impostos regressivos e os impostos indiretos: Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 26 Dois indivíduos, com diferentes níveis de renda, decidem comprar bens iguais. Imaginemos que o IPI incidente sobre o determinado bem seja de 15% e que o preço de venda desse bem seja de R$ 500,00. O imposto embutido no valor do bem é de R$ 75,00 (R$ 500,00 * 0,15). Para uma pessoa “A”, que recebe R$ 2000,00, o percentual pago de imposto perante a renda do indivíduo é de 3,75%. No caso de uma pessoa “B”, que recebe R$ 1000,00, o percentual pago de imposto é de 7,5%. Esta característica destaca bem o grau de regressividade do imposto. Em situações na qual o ônus do imposto é considerado regressivo, a distribuição da renda tende a se tornar pior, em direção à concentração desta nas mãos dos que ganham mais. Vejamos o gráfico que demonstra a relação entre o imposto cobrado e a renda do consumidor. Relação Imposto/Renda (em reais) Renda (Y) O total de imposto pago ao governo diminui em proporção do aumento da renda dos trabalhadores. Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 27 Destaca-se ainda que os impostosregressivos, quando incidentes sobre a Renda (IR), podem ser considerados pró-cíclicos. Em situações de crise econômica, em que ocorre naturalmente a queda da renda dos trabalhadores, os mais afetados serão os de baixa renda, que pagarão uma maior fatia de impostos em relação a sua renda. Pelo exemplo visto acima, verifica-se que a noção de regressividade é mais aplicada ao consumo dos trabalhadores (associado à compra de bens e serviços e que são tributados pelos impostos indiretos) do que propriamente sobre a renda. 2.4.3 Impostos Proporcionais ou Neutros Os impostos proporcionais ou neutros são representados pelos impostos que mantêm uma relação constante entre a alíquota de cobrança e a renda. Dessa maneira, na medida em que a renda aumenta, o imposto devido (unidades monetárias) mantém proporção constante. Um imposto neutro pode ser obtido através da tributação por meio de uma alíquota única para a renda de cada trabalhador. Senão vejamos: Alíquota de 15% sobre a Renda; Renda indivíduo A = R$ 2000,00; Renda indivíduo B = R$ 5.000,00; Imposto devido por A = 15% de R$ 2000,00 = 300,00 Imposto devido por B = 15% de R$ 5.000,00 = 750,00 Percentual de Imposto pago por A = 300/2000 = 15% Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 28 Percentual de Imposto pago por B = 750/5000 = 15% A proposição de um IR em que a alíquota seja a mesma independente da faixa de renda, representa o caso típico de proporcionalidade. Vale mencionar que não estamos falando de valores absolutos recolhidos aos cofres públicos, mas sim o percentual (relativo) do imposto sobre a renda. Anota-se ainda que os impostos proporcionais não alteram a distribuição da renda na sociedade. Vamos a um exemplo: X ganha R$ 2.000,00 e paga 10% de imposto = R$ 200,00; Y ganha R$ 10.000,00 e também paga 10% de imposto = R$ 1000,00. Veja que se calcularmos o valor relativo do imposto sobre a renda, teremos a chamada neutralidade ou proporcionalidade mantida. Relação (Imposto recolhido/renda) de X = 200/2000 = 10% Relação (Imposto recolhido/renda) de Y = 1.000/10.000 = 10% Relação Imposto/Renda (em reais) Renda (Y) Imposto Neutro ou Proporcional Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 29 Importante lembrar que os impostos neutros atendem ao princípio teórico da tributação que afirma que o ônus tributário não deve provocar uma re-alocação dos recursos econômicos, nos moldes da alteração dos preços relativos. Finalmente, destaca-se que os impostos proporcionais não são considerados pró ou anticíclicos, tendo o seu ônus atuando literalmente de forma neutra. 2.5 Conclusões prévias Estudos realizados pela Receita Federal do Brasil9 demonstram que a tributação incidente sobre o consumo é essencialmente regressiva, impactando mais as classes de baixa renda. O mesmo estudo afirma que a tributação incidente sobre a renda é progressiva, em que as famílias com maior classe salarial contribuem com uma maior fatia da sua renda na forma de tributos. Ainda segundo o estudo, mesmo ocorrendo um amortecimento da estrutura progressiva do sistema tributário, o efeito progressivo da tributação sobre a renda é superior ao efeito negativo da regressividade sobre o consumo de bens e serviços. Destaca-se que o mesmo estudo considerou os efeitos provenientes do efeito translação, ficando claro que na medida em que maior é o repasse da tributação sobre a renda, maior é a carga tributária paga pelas famílias. 2.6 Adendo - Impostos Seletivos 9 Disponível em: http://www.receita.fazenda.gov.br/Publico/estudotributarios/estatisticas/03CargaTributariasobreSalarios.pdf http://www.receita.fazenda.gov.br/Publico/estudotributarios/estatisticas/03CargaTributariasobreSalarios.pdf Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 30 Os chamados impostos seletivos são representados por impostos que visam desestimular a produção de bens considerados prejudiciais à população. Trata-se, pois, dos chamados bens não meritórios e que estão normalmente associados à geração de externalidades negativas. O IPI sobre cigarros e bebidas é considerado um imposto seletivo. Por meio deste imposto ad rem, ou seja, tributando-se por meio de um valor específico, busca-se inibir o consumo do produto. Cabe apenas ressaltar que a simples aplicação deste imposto tende a tornar ainda mais regressiva a tributação sobre o consumo, dado que itens como cigarros e bebidas são consumidos por todas as classes sociais e que, desta forma, aqueles que ganham menos pagarão um imposto maior em proporção a sua renda em função do consumo destes mesmos bens. Outra forma de imposto seletivo refere-se ao imposto sobre grandes fortunas - IGF, previsto, mas ainda não regulamentado. Este tipo de imposto tende, ao contrário do IPI sobre cigarro e bebidas, a tornar ainda mais progressiva a tributação sobre a renda, uma vez que se subentende que pessoas proprietários de grandes fortunas são aquelas com maior capacidade contributiva. Adiciona-se ainda, a questão de que com a imposição do imposto sobre grandes fortunas, o governo promove a geração de receita extra com fins de garantir fonte complementar de financiamento das políticas assistencialistas desenvolvidas. Conclui-se assim que não é possível afirmar que os impostos seletivos são progressivos ou regressivos, apenas sendo possível alguma vinculação caso este seja aplicado a cada tipo de análise (IPI sobre cigarros, imposto sobre grandes fortunas, etc.). Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 31 Para fixação do conteúdo da aula, passemos agora à resolução de exercícios. Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 32 Questões Propostas: 1 - (ANALISTA DE REGUL./CE – FCC/2011) No Sistema Tributário Brasileiro, a instituição de contribuições de intervenção no domínio econômico é de competência (A) exclusiva dos Municípios. (B) exclusiva dos Estados e do Distrito Federal. (C) exclusiva da União. (D) concorrente de Estados, Distrito Federal e União. (E) concorrente de Municípios, Estados, Distrito Federal e União. 2 - (APOFP/EST. SP – FCC/2010) Em 2009, o Governo Federal promoveu a reestruturação da tabela de faixas de rendimentos e alíquotas do imposto de renda das pessoas físicas, em resposta à crise financeira internacional. Em relação a essa medida de política tributária, é correto afirmar que (A) o governo utilizou um instrumento de política econômica visando cumprir sua função estabilizadora. (B) o princípio da progressividade foi temporariamente deixado em segundo plano, em favor da recuperação da atividade econômica. (C) a medida não foi eficaz, pois como se destinou às pessoas físicas, não conseguiu estimular a expansão ou manutenção do nível de emprego. (D) a medida não produziu efeitos anticíclicos porque a renda pessoal disponível da economia permaneceu a mesma. (E) o governo utilizou um instrumento visando cumprir sua função alocativa, induzindo as empresas a produzirem mais bens de consumo não duráveis. 3 - (ANALISTA ECO./TJ-PA – FCC/2009) O prefeito de uma cidade pretende elevar a arrecadação de impostos em sua gestão e para Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 33 tanto decidiu utilizar o IPTU. Para que seja respeitado o princípio da capacidade de pagamento, ele deverá (A) lançar um imposto de valor fixo para cada unidade imobiliária, independentemente de seu uso e/ou tamanho. (B) considerar a possibilidade de adotar alíquotas progressivas sobre o valor venal do imóvel. (C) adotar alíquotas inversamente proporcionais ao tamanho e valor venal do imóvel. (D) definir a base de cálculo do imposto exclusivamente com base no número de pavimentos da edificação. (E) impedir o pagamento parcelado do imposto em qualquer circunstância. 4 – (Fiscal de Rendas/Séc. Fazenda RJ – FGV/2009) Os impostos progressivos têm como característica: a) a taxa marginal de imposto sobre a renda mais alta que a taxa média para todo o nível de renda dos contribuintes, sem efeitos perversos sobre o incentivo de aumentar a renda. b) o efeito perverso direto sobre a capacidade de arrecadação do Estado. c) a taxa marginal de imposto sobre a renda menor que a taxa média para todo o nível de renda dos contribuintes. d) o efeito perverso sobre os incentivos marginais dos agentes econômicos cuja renda ultrapassa certo nível. e) a redução do seu montante com o nível de renda do agente tributado. 5 – (Fiscal de Tributos Municipal/São Paulo – FCC/2007) Imposto é tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte. Um imposto cuja alíquota vai aumentando conforme vai aumentando sua base de cálculo é classificado como Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 34 (A) proporcional. (B) regressivo. (C) progressivo. (D) indireto. (E) alternativo. 6 – (Fiscal de Tributos Municipal/São Paulo – FCC/2007) Em contrato de locação de imóvel urbano, a obrigatoriedade de pagamento de IPTU por parte do locatário, imposta em contrato de locação, sem que o Fisco tenha assim autorizado em razão de lei, faz com que o IPTU se classifique, neste caso, como imposto (A) real. (B) pessoal. (C) indireto. (D) direto. (E) proporcional. 7 - (AUDITOR/TRIB. CONT. EST. SP – FCC/2008) De acordo com o Princípio da Eqüidade, um imposto sobre vendas com alíquota uniforme, incidindo sobre todas as vendas de bens e serviços de forma não cumulativa, é a) justo, porque onera apenas os que têm maior nível de renda e de consumo de bens e serviços. b) regressivo, porque os consumidores mais ricos contribuirão proporcionalmente menos em relação à sua renda que os consumidores pobres. c) progressivo, porque os consumidores que despendem mais pagarão um valor total de imposto superior aos que despendem menos. Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 35 d) proporcional, porque todos os consumidores pagam uma percentagem uniforme sobre todas as compras. e) neutro, uma vez que a alteração que provoca na alocação de recursos por parte do setor privado é muito grande. 8 - (EPPGG/GOV. BAHIA – FCC/2004) Com base na teoria da tributação, é INCORRETO afirmar: a) O princípio do benefício afirma que o contribuinte deve contribuir com uma quantia proporcional aos benefícios gerados pelo consumo dos bens públicos. b) O conceito da neutralidade afirma que o imposto não deve provocar distorção na alocação de recursos da economia. c) O conceito de simplicidade relaciona-se com a facilidade da operacionalização da cobrança do tributo. d) O princípio da eqüidade vertical afirma que as contribuições dos contribuintes devem diferenciar-se conforme suas respectivas capacidades de pagamento. 9 - (EPPGG/EST. BAHIA – FCC/2004) Diz-se que um imposto sobre a renda é a) progressivo, quando se retira uma proporção decrescente da renda do contribuinte à medida que a renda deste aumenta. b) regressivo, quando se retira uma porçãocrescente da renda do contribuinte, à medida que sua renda aumenta. c) proporcional, quando se retira uma proporção constante da renda do contribuinte, independentemente da renda que este aufere. d) regressivo, quando se retira uma porção decrescente da renda do contribuinte, à medida que sua renda decresce. e) proporcional, quando a alíquota cresce proporcionalmente com o nível de renda do contribuinte. Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 36 10 – (ECONOMISTA/MAPA – FUNDAÇÃO DOM CINTRA/2010) A característica do sistema tributário que faz com que ele não provoque uma distorção na alocação de recursos, prejudicando a eficiência do sistema econômico, traduz o: A) conceito de simplicidade; B) princípio alocativo; C) princípio da capacidade de pagamento; D) conceito da neutralidade; E) conceito de equidade. 11 – (EPPGG/SEPLAG – CEPERJ/2009) A idéia de que os impostos devem minimizar os possíveis impactos negativos da tributação sobre a eficiência econômica é denominado Princípio da: a) Progressividade b) Equidade c) Simplicidade d) Transitividade e) Neutralidade 12 – (EPS/SEPLAG – CEPERJ/2009) Não é considerado um exemplo de tributo indireto a) Imposto sobre Produtos Industrializados b) Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços c) Imposto sobre serviços d) Imposto de importação e) Imposto sobre a propriedade de veículos automotores Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 37 13 – (EPPGG/SEPLAG – CEPERJ/2009) Quanto aos diferentes tipos de impostos, é correto afirmar que: a) Contribuição é um tributo cobrado pelo governo sem um fim específico definido com contrapartida. b) Os impostos diretos incidem sobre as atividades ou objetos. c) Os impostos indiretos incidem sobre os indivíduos. d) As bases de incidência dos impostos são a renda, o patrimônio e o consumo. e) O imposto de renda é uma forma de tributação indireta. 14 - (Auditor Fiscal do Tesouro do Estado/RS – FUNDATEC/2009) Inúmeras influências atuaram para a construção dos sistemas tributários na atualidade, destacando-se os princípios da equidade e da neutralidade. Descrevem-se, a seguir, conceitos, critério e efeitos relacionados aos sistemas tributários considerados ideais. Qual item está incorretamente definido? a) A imposição de um imposto seletivo sobre o consumo observa o princípio da neutralidade, pois não provoca uma distorção na alocação de recursos, nem prejudica a eficiência econômica. b) O critério da capacidade de pagamento advoga que a repartição do ônus tributário seja estabelecida em função das respectivas capacidades individuais de contribuição. c) O critério do benefício postula que cada contribuinte deve ser tributado com uma quantia proporcional a sua demanda por serviços públicos. d) As contribuições para a previdência social são exemplo de tributação pelo critério do benefício. e) Na aplicação do critério da capacidade de contribuição, se o aumento na contribuição tributária for menos que proporcional que ao ocorrido no aumento da renda, configura uma distribuição regressiva da carga tributária. Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 38 15 - (APO/Séc. Fazenda de São Paulo – ESAF/2009) Assinale a opção falsa com relação aos Princípios Teóricos da Tributação. a) Do ponto de vista do princípio do benefício, os impostos são vistos como preços que os cidadãos pagam pelas mercadorias e serviços que adquirem por meio de seus governos, presumivelmente cobrados de acordo com os benefícios individuais direta ou indiretamente recebidos. b) A neutralidade, na ótica da alocação de recursos, deveria ser complementada pela equidade na repartição da carga tributária. c) O princípio da capacidade de pagamento sugere que os contribuintes devem arcar com cargas fiscais que representem igual sacrifício de bem-estar, interpretado pelas perdas de satisfação no setor privado. d) Não existem meios práticos que permitam operacionalizar o critério do benefício, por não ser a produção pública sujeita à lei do preço. e) A equidade horizontal requer que indivíduos com diferentes habilidades paguem tributos em montantes diferenciados. 16 – (APO/MPOG – ESAF/2008) O financiamento para que o Estado cumpra suas funções com a sociedade é feito por meio de arrecadação tributária, ou receita fiscal. Identifique a única opção errada referente aos princípios de tributação. a) Pelo princípio da eqüidade, um imposto, além de ser neutro, deve ser equânime, no sentido de distribuir o seu ônus de maneira justa entre os indivíduos. b) De acordo com o princípio do benefício, um tributo justo é aquele em que cada contribuinte paga ao Estado um montante diretamente relacionado com os benefícios que recebe do governo. c) A neutralidade pode ser avaliada sob dois princípios: princípio do benefício e princípio da capacidade de pagamento. Economia do Setor Público em Teoria e Exercícios – ACE/TCE-CE Especialidades: Auditoria Governamental, Auditoria de Obras, Tecnologia da Informação, Atividade Jurídica, Ciências Contábeis e Biblioteconomia Aula 02 Prof. Francisco Mariotti www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Francisco Mariotti 39 d) Os impostos podem ser utilizados na correção de ineficiências do setor privado. e) Os argumentos favoráveis à utilização da renda como capacidade de pagamento baseiam-se na abrangência desta medida, pois renda inclui consumo e poupança. 17 - (AFRF/SRF – ESAF/2002) Segundo o princípio da eqüidade, na teoria da tributação, dois critérios são propostos: a classificação dos indivíduos que são considerados iguais e o estabelecimento de normas adequadas de diferenciação. Indique quais são esses critérios: a) Neutralidade e eficiência b) Benefício e capacidade de pagamento c) Unidade e universalidade
Compartilhar