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CapÍTULÜ 1 2 Emoção, Estresse i f e Saúde N inguém precisa lhe dizer que os senti m en tos dão co r à vida, ou que em m om entos de estresse eles podem per turbá-la, ou m esm o salvá-la. Dentre todas as espécies, nós parecemos ser a mais em ocional (Hebb, 1 9 8 0 ). Mais do que qualquer outra criatura, expressamos medo, raiva, tristeza, alegria e am or, e esses estados psicológicos em geral geram reações físicas. Nervosos diante de um encontro im portante, sentim os o estôm ago em brulhar. Ansiosos quando falamos em público, vamos con stan tem en te ao b anh eiro . Brigando com um membro da família, sofremos dores de cabeça avassaladoras. Todos podemos lembrar de m om entos nos quais fom os dom inados pelas em oções. Eu guardo a lem brança de um dia em que fui a um a gigantesca loja de departam entos para revelar um filme com Peter, meu filho mais velho, quando ele tinha 2 anos. Eu estava com ele ao meu lado enquanto entregava o filme e preenchia o papel para a revelação, quando um passante falou: “É m elhor ter cuidado com esse m enino ou irá p erdê-lo .” Alguns segundos depois, após deixar o filme, eu me virei e Peter não estava mais ao meu lado. Com um a leve ansiedade, olhei ao redor, até um a extrem idade do corredor onde eu estava. N ão o vi. Um pouco m ais ansioso, procurei do outro lado. Ele não estava lá tam bém. Nessa hora, já com o coração acelerado, circulei pelos corredores vizinhos. Nada de Peter. À medida que a ansiedade se transfor mava em pânico, com ecei a correr pelos cor redores da loja. Ele n ão estava em lugar nenhum que eu conseguisse ver. Apreensivo com o meu estado, o gerente usou o sistema de som da loja para com unicar o desapareci m ento de um a criança. Pouco depois, passei pelo m esm o cliente que então me disse cheio de desprezo: "Eu lhe disse que você ia perdê- lo !” Já cogitando um seqüestro (os desconhe cidos adoravam aquela bela crian ça), percebi a possibilidade de m inha negligência ter-m e feito perder aquilo que amava acim a de todas as coisas, e — pesadelo dos pesadelos — que eu teria de voltar para casa e olhar no rosto de m inha m ulher sem o nosso filho. Mas, ao passar novam ente pelo serviço de inform ação ao cliente, lá estava ele: alguém o en co n trara ! Em um in stan te, saí de um pesadelo diretam ente para o êxtase. Abracei fortem en te m eu filho, com lágrim as nos olhos, e, sentindo-m e incapaz de sequer agra decer, saí da loja, cheio de alegria. Qual é a origem dessas em oções? Por que as sentim os? De que são feitas? As emoções são respostas adaptativas de nosso corpo. Elas existem não para nos proporcionar experiên cias im portantes, m as para perm itir a nossa sobrevivência. Quando enfrentam os desafios, as em oções põem nossa atenção em foco e energizam nossas ações. O coração acelera. Apressamos o passo. Todos os nossos senti dos entram em alerta. Ao receber boas n otí cias inesperadam ente, nossos olhos podem se en cher de lágrim as. Levantam os nossas mãos em triunfo. Sentim o-nos exuberantes e cheios de confiança. Q uando o estresse per siste, porém , ele pode prejudicar seriamente nossa saúde, com o veremos. Não apenas a emoção, mas a maioria dos fenômenos fisiológicos (visão, sono, memória, sexo etc.) pode ser abordada a partir de três perspectivas — fisiologicamente, comportamentalmente e cognitivamente. • Teorias da Emoção 1: Quais são os componentes de uma emoção? COM O MINHA ANGUSTIANTE BUSCA POR PETER ilustra, as emoções são um a mistura de (1 ) ativação fisiológica (batim entos car díacos acelerad o s), ( 2 ) co m p o rtam en to s expressivos (apressar o passo) e (3 ) pensa- TEORIAS DA EMOÇÃO EMOÇÃO CORPORI FICADA Emoções e o Sistema Nervoso Autônomo Semelhanças Fisiológicas entre Emoções Específicas Diferenças Fisiológicas entre Emoções Específicas Cognição e Emoção Pensando C riticam ente Sobre: Detecção de Mentiras EMOÇÃO EXPRESSADA Detectando a Emoção Gênero, Emoção e Comportamento Não Verbal Cultura e Expressão Emocional O s Efeitos das Expressões Faciais EMOÇÕES EXPERIENCIADAS Medo Raiva Felicidade Em Foco: Como Ser Mais Feliz ESTRESSE E SAÚDE Estresse e Doença Estresse e o Coração Estresse e Suscetibilidade a Doenças PROMOVENDO A SAÚDE Enfrentando o Estresse Em Foco: O s Animais de Estimação Também São Amigos Administrando o Estresse Pensando C riticam ente Sobre: Medicina Alternativa e Complementar Em Foco: A Resposta de Relaxamento steli Realce steli Realce steli Realce steli Realce m entos (será um seqüestro?) e sentim entos (u m a sensação de medo e depois de alegria) conscientem ente experiencia- dos. O quebra-cabeça que os psicólogos vêm tentando m on tar é entender com o essas três peças se encaixam . Existem duas controvérsias a respeito dessa interação entre fisiologia, expressões e experiência nas emoções. A primeira, um debate do tipo “o ovo ou a galinha”, é antiga: a resposta fisiológica precede ou sucede a experiência emocional? (Pri meiro eu percebo meu coração acelerar e meu passo mais rápido e, só depois, sinto ansiedade assustadora por perder Peter? Ou a sensação do medo vem primeiro, o que leva meu coração e minhas pernas a responder?) A segunda controvérsia está rela cionada à interface entre pensam ento e sentimento: será que a cognição sempre precede a em oção? (Eu pensei sobre a am e aça de seqüestro antes de reagir em ocionalm ente?) Segundo o senso com um , choram os por estar tristes, xin gamos por estar zangados, trememos por estar com medo. Pri meiro vem a consciência de nós mesmos, e então observamos as respostas fisiológicas. Mas, para o psicólogo pioneiro William James, esse senso com um sobre a em oção estava incorreto. De acordo com James, “Nós nos sentimos tristes porque chora mos, zangados porque brigamos e assustados porque trem e m os” (1 8 9 0 , p. 1 0 6 6 ). Talvez você se lembre de alguma vez em que seu carro derrapou no asfalto escorregadio. Nesse momento, você apertou o freio e readquiriu o controle do veículo. Logo após, você se deu con ta do perigo por que passou, percebeu seu coração disparado e, então, tremendo de medo, sentiu-se inundado pela em oção. Seu sentim ento de medo seguiu sua resposta corporal. A ideia de Jam es, tam bém proposta pelo fisiologista dinamarquês Carl Lange, é cham ada de teoria de James-Lange. Primeiro vem uma resposta fisiológica distinta, depois (por observarmos essa resposta) vem a emoção. A teoria de James-Lange foi considerada implausível pelo fisiologista W alter Cannon. Cannon afirmou que as respostas corporais não seriam distintas o suficiente para evocar dife rentes emoções. A aceleração do coração será um sinal de medo, raiva ou am or? Além disso, alterações na frequência cardíaca, na transpiração e na tem peratura corporal parecem ser muito lentas para deflagrar emoções súbitas. Cannon e, mais tarde, outro fisiologista, Philip Bard, concluíram que a resposta fisio lógica e nossas experiências em ocionais ocorrem ao mesmo tempo: o estímulo que deflagra a emoção é encaminhado simul taneam ente para o córtex cerebral, causando a consciência subjetiva da emoção, e para o sistema nervoso simpático, cau sando a excitação corporal. A teoria de Cannon-Bard implica afirmar que o coração com eça a disparar quando com eçam os a sentir o medo; um não causa o outro. Nossa resposta fisio lógica e a em oção vivenciada são duas coisas separadas. Vamos verificar a compreensão das teorias de James-Lange e de C annon-Bard. Imagine que o seu cérebro não pudesse sentir o disparo de seu coração ou seu estôm ago cheio. De acordo com cada teoria, com o isso afetaria as suas emoções experienciadas? C annon e Bard esperariam que você experienciasse as em o ções norm alm ente, pois acreditavam que as em oções ocor riam separadam ente da excitação corporal (em bora sim ul tan eam en te a ela). Jam es e Langeesperariam um a grande redução das em oções, pois acreditavam que para experien- ciar a em oção você deveria inicialm ente perceber a excitação corporal. Stanley Schachter e Jerome Singer (1 9 6 2 ) propuseram uma terceira teoria: a de que nossa fisiologia e cognição — percep ções, m em órias e interpretações — juntas criam a em oção. Em sua teoria dos dois fatores, as em oções têm portanto dois com p on en tes: excitação física e o rótulo cognitivo (FIGURA 1 2 .1 ). Com o Jam es e Lange, Schachter e Singer presum iram que a experiência da em oção cresce a partir da consciência da resposta corporal. Assim com o Cannon e Bard, Schachter e Singer tam bém sustentavam que as emoções eram fisiologicamente semelhantes. Assim, a partir dessa perspec tiva, um a experiência em ocional exige um a interpretação consciente da excitação. Para avaliar as teorias de James-Lange, C annon-Bard e a dos dois fatores, vamos considerar na próxim a seção as res postas que os pesquisadores apresentaram para as três per guntas a seguir: • A excitação fisiológica sempre precede a experiência em ocional? • Emoções diferentes são m arcadas por respostas fisiológicas diferentes? • Qual é a relação entre o que pensam os e com o nos sentimos? ANTES DE PROSSEGUIR. >- P ergunte a S i M esmo Você se lembra de alguma ocasião em que começou a se sentir aborrecido ou constrangido e só depois conseguiu identificar esses sentimentos? Expressão de alegria Segundo a teoria de James-Lange, não sorrimos apenas por compartilhar a alegria do time. Também compartilhamos a alegria porque estamos rindo com eles. > Teste a Si Mesmo 1 Christine está segurando seu bebê de 8 meses quando um cão feroz surge repentinamente e, com a boca aberta, começa a lamber o rosto do bebê. Christine imediatamente puxa o bebê e grita com o cão. Só então percebe que seu coração está batendo mais forte e ela começa a suar frio. Como as teorias de James-Lange, Cannon-Bard e dos dois fatores da emoção explicam a resposta emocional de Christine? As respostas às questões Teste a Si Mesmo podem ser encontradas no Apêndice B, no final do livro. emoção uma resposta de todo o organismo que envolve (1 ) excitação fisiológica, (2 ) comportamentos expressivos e (3) experiência consciente. teoria de James-Lange a teoria segundo a qual nossa experiência das emoções é nossa consciência das respostas fisiológicas a estímulos que as despertam. steli Realce steli Realce Visão de um carro em sua direção (percepção do estímulo) Teoria de Coração acelerado (excitação) Medo (emoção) James-Lange Teoria dos Dois Fatores de Schachter-Singer Coração acelerado (excitação) Rótulo cognitivo Medo (emoção) Coração acelerado (excitação) “ Estou com medo Medo (emoção) ► F IG U R A 12.1 Teorias da emoção teoria de Cannon-Bard a teoria segundo a qual um estímulo que desperta uma emoção simultaneamente desencadeia (1 ) respostas fisiológicas e (2 ) a experiência subjetiva da emoção. teoria dos dois fatores a teoria de Schachter-Singer segundo a qual para se experimentar uma emoção é preciso (1) estar fisicamente desperto e (2 ) rotular cognitivamente a excitação. Emoção Corporificada QUER VOCÊ ESTEJA AVIDAMENTE esperando férias há m uito planejadas, apaixonado ou triste ou chorando a m orte de um a pessoa amada, não são necessários m uitos argum en tos para convencê-lo de que as em oções envolvem o corpo. Algumas respostas físicas são facilmente percebidas, enquanto outras acon tecem sem nos darm os con ta — m uitas vezes ocorrendo ao nível dos neurônios. Emoções e o Sistema Nervoso Autônomo 2 : Qual a relaçáo entre a excitação emocional e o sistema nervoso autônomo? Conform e aprendemos no Capítulo 2, em um a crise, é o seu sistem a nervoso autônom o (SNA) que mobiliza seu corpo para a ação e o acalm a quando passa a crise (FIGURA 1 2 .2 ) . Sem nenhum esforço consciente, sua resposta corporal ao perigo é m aravilhosam ente coordenada e adaptativa — preparando você para lutar ou fugir. “□ medo lhe dá a sa s nos pés.” Virgílio, Eneida, 19 a.C. A divisão sim pática do seu SNA induz as glândulas suprar- renais a liberar os horm ônios do estresse, a epinefrina (adre nalina) e a norepinefrina (n oradrenalina). Influenciado por esse surto horm onal para prover energia, seu fígado despeja mais açúcar na corrente sanguínea. Para ajudar a queimar o açúcar, sua respiração se acelera para suprir o oxigênio neces sário. Seus batim entos cardíacos e sua pressão sanguínea aum entam . Sua digestão se torna mais lenta, desviando san gue dos órgãos internos para os m úsculos. C om o açúcar se dirigindo para os grandes m úsculos, correr se to rn a mais fácil. Suas pupilas se dilatam, permitindo m aior entrada de luz. Para esfriar seu corpo pronto para a batalha, você trans pira. Se for ferido, seu sangue coagulará mais rápido. Q uando a crise passar, a divisão parassim pática do SNA assume o controle, acalm ando o corpo. Os centros neurais parassim páticos inibem a liberação de mais horm ônios do steli Realce O Sistema Nervoso Autônomo Controla a Excitação Fisiológica Divisão Divisão simpática (excitação) parassimpática (calma) Dilatação das pupitas OLHOS Contração das pupilas Diminui SALIVAÇÃO Aumenta Transpira PELE Seca Aumenta RESPIRAÇÃO Diminui Acelera CORAÇÃO Desacelera Inibe DIGESTÃO Ativa Secreta hormônios de estresse GLÂNDULAS SUPRARRENAIS Diminui a secreção dos hormônios do estresse > FIGURA 12.2 Excitação emocional Como um centro de controle de crises, o sistema nervoso autônomo excita o corpo em uma crise e o acalma quando o perigo termina. estresse, m as aqueles que já foram liberados na corrente san guínea perm anecem ativos por um tem po, fazendo assim a excitação diminuir lentam ente. Em m uitas situações, a excitação é adaptativa. Q uando você está fazendo um a prova, m an tém -se em um grau de alerta m oderado — atento, m as não trem endo de nervoso (FIGURA 1 2 .3 ). Pouca excitação (sonolência, por exemplo) pode atrapalhar, e um estado de excitação física prolongado cobra um preço ao corpo (veja mais sobre isso mais adiante, neste capítulo). "N inguém n u n ca m e contou que a tr is te z a se p arece ta n to com o medo. Não estou com medo, m as a sen sa çã o é a m esm a, A m esm a dor no estôm ago, a m esm a in q u ietação , os bocejos. Eu vou agu entand o.” C. S. Lewis, A Grief Observed, 19E1 Em 1966, um jovem chamado Charles W hitm an matou a mulher, subiu no to p o de uma to rre na U niversity o f Texas e a tirou em 38 pessoas. Uma autópsia mais ta rde revelou um tum or no cérebro pressionando a amígdala, o que pode te r con tribu ído para a vio lência. Semelhanças Fisiológicas entre Emoções Específicas 3 : Emoções diteremes ativam diferentes respostas fisiológicas e padrões cerebrais? Imagine-se conduzindo um experim ento que m eça as respos tas fisiológicas da em oção. Em quatro salas diferentes, um a pessoa está assistindo a um filme: na prim eira, a pessoa vê um filme de terror; na segunda, um filme que provoca raiva; na terceira, um filme sexualmente excitante; e na quarta, um filme extrem am ente entediante. Do centro de controle, você > FIGURA 12.3 Excitação e desempenho Picos de desempenho nos níveis mais baixo de excitação para tarefas difíceis, e em níveis mais altos para tarefas mais fáceis ou bem aprendidas. Assim, os corredores em geral atingem seu pico de desempenho quando estão altamente excitados pela competição. Mas, diante de uma prova difícil, a alta ansiedade pode afetar o desempenho. Ensinar estudantes ansiosos a relaxar antes de uma prova os ajuda a obter melhor desempenho (Hembree, 1988). Alto Tarefas difíceis Tarefas fáceis Nível de desempenho Baixo Baixo Excitação steli Realce steli Realce Excitação emocionai A excitação por motivo de alegria e por pânico envolve estímulos emocionais semelhantes. Essa semelhança permite a rápida alternânciaentre as duas emoções. m onitora a resposta fisiológica de cada um a delas, medindo a transpiração, a respiração e a frequência cardíaca. Você acha que seria capaz de identificar quem se sente assustado, zan gado, sexualmente excitado ou entediado? Com treinam ento, provavelmente você acertaria a pessoa que está entediada. Mas discernir as diferenças fisiológicas entre medo, raiva e excitação sexual seria muito mais difícil (Barrett, 2 0 0 6 ) . Diferentes emoções não têm assinaturas bio lógicas acentuadam ente distintas. Para você e para m im , medo, raiva e excitação sexual são sentidos de form as diferentes. E, a despeito de produzirem um a excitação semelhante, medo e raiva m uitas vezes pare cem diferentes. Pessoas podem parecer “paralisadas de m edo” ou “prontas para explodir”. Será então que os pesquisadores são capazes de apontar algum indicador fisiológico ou padrão cerebral d istinto para cada em oção? Às vezes. C on tin u e lendo. Diferenças Fisiológicas entre Emoções Específicas Os pesquisadores identificaram distinções fisiológicas, embora sutis, entre as em oções. A tem peratura dos dedos e as secre ções horm onais que acom panham o medo e a raiva podem, em alguns casos, ser diferentes (Ax, 1 953 ; Levenson, 1 9 9 2 ). E, embora o medo e a alegria possam determ inar um aum ento semelhante na frequência cardíaca, eles estimulam músculos faciais diferentes. Durante o medo, os músculos dos super- cílios se contraem . Em m om entos de alegria, os músculos da bochecha e da parte de baixo dos olhos são puxados de m odo a form ar um sorriso (W itvliet e Vrana, 1 9 9 5 ). As emoções se diferenciam muito mais pelos circuitos cere brais que utilizam (Panksepp, 2 0 0 7 ) . Com parados a obser vadores que olham faces que aparentam raiva, aqueles que observam faces que aparentam medo (a quem im itam leve m ente) apresentam mais atividade na amígdala, o centro de controle em ocional no sistema límbico do cérebro (W halen et al., 2 0 0 1 ) . (A amígdala cerebral tam bém oferece um ata lho para algum as das nossas respostas em ocionais, com o veremos mais adiante neste capítulo.) Tomografias do cére bro e eletroencefalogramas m ostram que as emoções tam bém ativam diferentes áreas do córtex cerebral, com alguma ten dência de as em oções negativas se ligarem ao hem isfério direito e as em oções positivas, ao hem isfério esquerdo. O desgosto, por exemplo, dispara mais atividades no córtex pré- fron tal direito do que no esquerdo. Pessoas propensas à depressão e aquelas com personalidades geralmente negati vas tam bém dem onstram mais atividade frontal direita (H ar- m on-Jones et al., 2 0 0 2 ) . O hum or positivo tende a disparar mais atividade do lobo frontal esquerdo. As pessoas com personalidades positivas — exuberantes na infância e adultos alertas, entusiásticos, enér gicos e persistentemente focados em m etas — tam bém apre sentam mais atividade no lobo frontal esquerdo do que no direito (Davidson, 2 0 0 0 ,2 0 0 3 ; U rryet al., 2 0 0 4 ) . Na verdade, quanto mais a atividade basal do lobo frontal pende para a esquerda — ou é levada à esquerda pela atividade perceptiva —, mais otim ista a pessoa é (Drake e Myers, 2 0 0 6 ) . Lesões cerebrais podem deslocar a atividade para a esquerda. Um hom em , tendo perdido parte de seu lobo frontal direito em u m a cirurgia cerebral, se torn ou — com o sua feliz m ulher relatou — m enos irritável e mais afetivo (G olem an, 1 9 9 5 ). Após um derrame no hemisfério direito aos 92 anos, meu pai viveu os dois últimos anos de vida em feliz gratidão sem nunca expressar descontentam ento ou um a em oção negativa. O rico suprim ento de receptores de dopam ina no lobo frontal esquerdo pode ajudar a explicar por que um vigoroso hem isfério esquerdo se correlacion a a um a personalidade ativa. Um a via neural que au m enta os níveis de dopam ina vai dos lobos frontais até um grupam ento próxim o de neu rônios, o nucleus accumbens. Essa pequena região se ilum ina quando as pessoas vivenciam prazeres naturais ou induzi dos por m edicam entos. (Q uando você está feliz e sabe disso, seu cérebro certam en te o d em o n strará .) N os estudos de caso, o estím ulo elétrico do nucleus accumbens de pacientes deprimidos causou sorrisos, risadas e euforia (O kun et al., 2 0 0 4 ) . * * * Vimos que emoções tão diversas com o medo, alegria e raiva envolvem um a excitação autônom a geral semelhante (com o m esm o ritm o cardíaco). Vimos tam bém que existem diferen ças psicológicas e cerebrais reais, embora sutis, entre as em o ções. C om o essas novas evidências afetam a avaliação das teorias da em oção de James-Lange, Cannon-Bard e dos dois fatores? A evidência de distinções reais entre as emoções torna a teoria de James-Lange plausível. Observações de pessoas que sofreram lesões na medula oferecem com provação adicional. O psicólogo George H ohm ann (1 9 6 6 ) pediu a 25 soldados que sofreram esse tipo de lesão na Segunda Guerra Mundial que lembrassem de incidentes que provocaram emoções ocor ridos antes e depois de suas lesões. Aqueles com lesões na parte inferior da medula, que perderam as sensações apenas das pernas, relataram pouca m udança em term os das em o ções. Mas, com o James e Lange esperavam, aqueles com lesões mais graves abaixo do pescoço inform aram um a redução con siderável na intensidade emocional. A raiva, com o um homem observou, “não tem o calor que costumava ter. É um a espécie de raiva m en tal” . Aqueles com lesões na parte superior da m edula espinhal experienciaram suas em oções mais acim a do pescoço. Relataram aum entos de episódios de choro, nós na garganta, engasgos ao rezar, em despedidas ou assistindo a um filme em ocionante. Essas evidências, acreditam alguns pesquisadores, confirm am a visão de que os nossos sentim en tos são “principalm ente sombras” das nossas respostas cor porais e com portam entos (D am asio, 2 0 0 3 ) . Será que isso significa que C annon e Bard estavam erra dos? Não. A m aioria dos pesquisadores agora concorda que as nossas emoções vivenciadas tam bém envolvem a cognição, o próximo tópico deste capítulo (Averill, 1993 ; Barrett, 2 0 0 6 ) . Sentir medo de um hom em que nos segue em um a rua escura steli Realce steli Realce steli Realce steli Realce steli Realce depende inteiram ente da nossa interpretação de suas ações com o am eaçadoras ou amigáveis. Assim, com Jam es e Lange, podemos afirmar que as reações do nosso corpo são um ingre diente im portante da em oção. E, com C annon e Bard, pode m os afirm ar que existe mais na experiência da em oção do que ler as respostas dos nossos corpos. Se esse não fosse o caso, os detectores de m entira seriam infalíveis, o que não é verdade (con su lte a seção Pensando C riticam en te Sobre: Detecção de M entiras). Cognição e Emoção ........ • ..................................................................................... .................. 4 : Para vivenciar emoções, devemos conscientemente interpretá-las e identificá-las? Qual a relação entre o que pensam os e o que sentimos? Qual é a galinha, qual é o ovo? Podemos experienciar a em oção sem pensar? Ou será que nos tornam os o que pensamos? A Cognição Pode Definir a Emoção Às vezes, nossa resposta a um evento é transferida para a res posta que dam os a outro evento. Imagine chegar em casa depois de um a corrida revigorante e encontrar um a m ensa gem dizendo que você conseguiu aquele emprego tão dese jado. C om a excitação da corrida ainda presente, você se sen tiria m ais alegre se tivesse recebido essa n otícia depois de despertar de um cochilo? O efeito de transbordam ento A excitação provocada por um jogo de futebol pode alimentar a raiva, que pode se transformar em tumulto ou em outros tipos de confrontos violentos. Para descobrir se esse efeito de transbordamento existe, Stan ley Schachter e Jerom e Singer(1 9 6 2 ) estim ularam alunos universitários do sexo m asculino com injeções do horm ônio epinefrina (ad ren alina). Im agine-se com o um dos partici pantes desse estudo: depois de receber a injeção, você vai para um a sala de espera, onde encontra outra pessoa (n a verdade, um cúmplice dos autores do experim ento) que está eufórica P E N S A N D O C R I T I C A M E N T E S O B R E Detecção de Mentiras Será que testes do poligrafo como este conseguemsera qu identifiicar os mentirosos? Para saber mais, continue lendo. Os criadores e usuários do de tec to r de mentiras, ou poligrafo, acreditam que nossos indicadores físicos das emoções podem ser um equiva lente ao nariz do P inóquio para denunciar os m entirosos. Na verdade, os po lígrafos não de tectam lite ra l m ente a m entira, e sua precisão vem sendo questionada à m edida que aum enta o nosso en tend im ento das dimensões fis io lóg icas das emoções. Os polígrafos medem várias respostas físicas que acom pa nham a emoção, com o alterações na respiração, na atividade cardiovascular e na transpiração. Um examinador m onitora suas respostas à medida que você responde às perguntas. Alguns itens, chamados de testes-controle, têm o propósito de deixar qualquer um nervoso. Ao responder a "nos últim os 20 anos você pegou algo que não lhe pertencia?” , muitas pessoas dirão uma pequena m entira respondendo não, causando alterações físicas que a máquina detectará. Se suas reações físicas a ques tões críticas ( “você já roubou algo de seu últim o patrão?” ) forem mais fracas que as das reações ao controle, o examinador infe rirá que está sendo dita a verdade. Mas existem dois problemas: em prim eiro lugar, nossa exci tação fis io lóg ica é m u ito sem elhante en tre uma em oção e ou tra — ansiedade, em oção e culpa estim ulam uma reação fis io lóg ica semelhante. Em segundo lugar, esses testes erram em um te rço das vezes, especialm ente quando pessoas ino centes respondem com um aum ento da tensão a acusações im plícitas pelas perguntas críticas (FIGURA 12.4). Muitas v íti mas de estupro por exem plo "fa lham ” ao de tec to r de m en ti ras quando reagem de form a em ocional ao falarem a verdade sobre a agressão (Lykken, 1991). Um relatório da US National Academ y o f Sciences de 2002 observou que “ nenhum espião fo i pego pelo uso do po lig ra fo” . Não foi por falta de tentativas. O FBI, a CIA e o Departam ento de Defesa e Energia nos Estados Unidos gastaram milhões de dólares testando dezenas de milhares de empregados. Enquanto isso, A ldrich Ames, espião russo in filtrado na CIA, que tinha um padrão de vida inexplicavelm ente esbanjador, não fo i detec- ( C o n t in u a ) Porcentagem 8 0 % 70 60 50 40 30 20 10 0 XS Inocentes segundo o polígrafo I Culpados segundo o polígrafo > FIGURA 12.4 Com que frequência os detectores de mentira mentem? Benjamin Kleinmuntz e Julian Szucko (1984) fizeram especialistas em polígrafo estudarem dados de 50 suspeitos de roubo que posteriormente, confessaram sua culpa e de 50 suspeitos cuja inocência foi posteriormente determinada pela confissão de outra pessoa. Se os polígrafos especialistas fossem os juizes, mais de 1/3 dos inocentes teria sido declarado culpado e quase 1/4 dos culpados teria sido declarado inocente. tado. Ames fez “vários testes do polígrafo e passou por todos” , relatou Robert Park (1999). "N inguém pensou em estudar sua súbita melhora de padrão de vida — afinal de contas, ele havia passado por todos os testes com os detectores de m entira” . A verdade é: os detectores de mentira podem mentir. Uma abordagem mais e fic ien te para de tecta r m entira usa o teste da culpa conhecida, que avalia as respostas fis io lóg i cas do suspeito com detalhes sobre a cena do crim e que ape nas a polícia e o cu lpado podem conhecer (Ben-Shakhar e Elaad, 2003). Se uma câmera e um com putador tiverem sido roubados, por exem plo, presum ivelm ente, apenas o culpado reagiria fo rtem ente quando as marcas da câmera ou do com pu tador fossem especificadas. Com provas específicas sufi cientes, uma pessoa inocente raram ente será acusada. Inocentes Culpados >- FIGURA 12.5 Pernas curtas Uma ressonância magnética funcional identificou duas áreas do cérebro que se tornam especialmente ativas quando um participante mente sobre ter um cinco de paus na mão. Várias equipes de pesquisa do século XXI estão explorando novas maneiras de pegar os mentirosos. Algumas estão desen volvendo um softw are de com putador que com para a lingua gem utilizada por aqueies que dizem a verdade e a dos m en tirosos (que usam menos pronom es pessoais e mais palavras que expressam emoções negativas). O utro so ftw are analisa as m icroexpressões faciais ligadas à m entira (Adelson, 2004 ; Newman et al., 2003). O psicólogo Paul Ekman (2 0 0 3 ) rea li zou seminários de tre inam ento para ensinar os ofic ia is da lei a d e te c ta r os supostos sinais passageiros da m en tira nas expressões faciais. O utros pesquisadores estão indo d ire to ao cen tro da m en tira — o cérebro. Registros de eletroencefa logram as revela ram ondas cerebrais que indicam fam iliaridade com cenas do crime, e exames de ressonância magnética funcional m ostram os cérebros dos m entirosos se ilum inando em locais que não se ilum inam nos cérebros de pessoas honestas (Langleben et al., 2002, 2005, 2006). O sinal que entregou Pinóquio talvez não seja o tam anho do seu nariz, mas a reveladora ativ idade em locais com o seu lobo fron ta l esquerdo e o córtex c ingu- lado an terio r, que se to rna a tivo quando o cérebro in ibe a pessoa de dizer a verdade (FIGURA 12.5). Um novo p ro je to de “ Lei e Neurociências” de US$ 10 milhões, liderado pelo psi có logo Michael Gazzaniga, tem com o ob je tivo avaliar os usos apropriados da nova tecnologia por aqueles que buscam iden tif ic a r terroristas, condenar crim inosos e p ro tege r os inocen tes (D ingfe lder, 2007). ou irritada. Ao observar essa pessoa, você com eça a sentir seu coração disparar, seu corpo esquentar, e sua respiração fica ofegante. Se lhe tivessem dito que esses efeitos eram espera dos devido à injeção, o que você sentiria? Os voluntários de Schachter e Singer sentiram pouca em oção — porque atribu íram sua excitação ao m edicam ento. Mas, se lhes fosse dito que a injeção não produziria efeitos, o que você sentiria? Tal vez reagisse com o os membros do outro grupo de participan tes, que “cap taram ” a em oção aparente da pessoa que esta vam observando — ficando felizes se o outro participante estivesse agindo de form a eufórica, m al-hum orados caso o com portam ento fosse irritado. A descoberta — de que um estado resultante de um a pro vocação pode ser vivenciado com o u m a em oção ou outra muito diferente, dependendo da form a com o a interpretamos e o rotulam os — vem sendo replicada em dezenas de experi m entos. Insulte pessoas que acabaram de pedalar em um a bicicleta ergom étrica ou de assistir a um vídeo de rock e facil m ente elas atribuirão equivocadam ente a excitação delas à provocação. A raiva excederá a de outras pessoas que foram provocadas de form a semelhante e não submetidas a estím u los anteriores. Da m esm a form a, pessoas sexualmente exci tadas reagem com mais hostilidade em situações que provo cam raiva. E, vice-versa, a excitação que persiste após um a discussão acalorada ou um a experiência assustadora pode intensificar a paixão sexual (Palace, 1 9 9 5 ). Exatam ente com o a teoria dos dois fatores de Schachter-Singer prevê: excitação + rotulação = em oção. A excitação em ocional talvez não seja tão indiferenciada com o acreditavam Schachter e Singer, mas a excitação por em oções tão diferentes quanto raiva, medo e excitação sexual pode de fato ser transferida de um a em oção para outra (Reisenzein, 1 9 8 3 ; Sinclair et al., 1 994 ; Zillmann, 1 9 8 6 ) . Ponto a lem brar:A excitação alim enta a em oção; a cognição a canaliza. steli Realce steli Realce steli Realce A Cognição nem Sempre Precede a Emoção O coração está sempre sujeito à mente? Robert Zajonc (1 9 8 0 ; 1 9 8 4 a ) argum enta que realmente temos muitas reações em o cionais que estão separadas ou m esm o são formadas antes das nossas in terpretações das situações. Im agine receber alguma notícia inquietante. Você descobre que esqueceu um prazo im portante ou que m agoou alguém. À medida que a continuação da conversa distrai sua atenção, você deixa de pensar na notícia ruim . Ainda assim, o sentim ento está pre sente. Você se sente um pouco m al. Sabe que existe um m otivo, m as não consegue identificá-lo naquele m om ento. A excitação perm anece, m as sem identificação. "□s sentim entos interpretados como medo diante de uma simples gota podem ser considerados desejo diante de uma simples blusa.” Daniel Gilbert, Stumbling on H appiness, 2006 Você se recorda de algo ou de alguém de que tenha gostado imediatamente sem saber o porquê? Nos capítulos anteriores, observamos que quando as pes soas repetidamente viam estímulos apresentados rapidamente demais para que pudessem ser interpretados, m uito m enos identificados, ainda assim preferiam esses estím ulos. Sem estar conscientem ente cientes de terem visto os estímulos, ainda assim se apegam a eles. Com o confirm a um estudo da Universidade de Amsterdã, parecemos ter um radar autom á tico sensível a informações com carga em ocional significativa (Zeelenberg et al., 2 0 0 6 ) . Quando os pesquisadores apresen tavam u m a palavra positiva ou negativa de quatro letras (com o kiss [beijo] ou dead [m orto]), as pessoas as identifica vam mais prontam ente do que um a palavra neutra com um (com o fa to ). Um estímulo subliminar, com o um sorriso, um rosto zan gado ou um a cena desagradável, tam bém pode ativar previa m ente um hum or ou em oção específica, e isso nos levar a nos sentir m elhor ou pior em relação a um estímulo subse quente (M urphy et al., 1 995 ; Ruys e Stapel, 2 0 0 8 ) . Em um grupo de experim entos, pessoas com sede receberam um a bebida com sabor de fruta depois de ver um a imagem subli m in ar (p o rtan to não percebida) de um rosto. As pessoas expostas a um rosto sorridente beberam 50% mais do que as expostas a um rosto neutro (Berridge e W inkielm an, 2 0 0 3 ) . Aqueles que viam um rosto zangado bebiam substancialmente menos. poligrafo máquina normalmente usada em tentativas de detectar mentiras, que mede várias respostas fisiológicas que acompanham a emoção (como mudanças na transpiração, na respiração e no sistema cardiovascular). A pesquisa em neurociência nos ajuda a compreender esses achados surpreendentes. Com o reflexos rápidos que funcio nam distantes do córtex cerebral responsável pelos pensa m en tos, algum as em oções exigem o que Joseph LeDoux (2 0 0 2 ) cham a “segunda via”, por cam inhos neurais que se desviam do córtex (que oferece o cam inho alternativo pri m eira via). A segunda via vai direto dos olhos ou ouvidos através do tálam o até a am ígdala, sem passar pelo córtex (FIGURA 1 2 .6 ). Esse atalho permite um a resposta em ocio nal im ediata antes que o intelecto intervenha. A reação da amígdala é tão rápida que podemos não ficar cientes do que aconteceu (Dimberg et al., 2 0 0 0 ) . Em um experim ento fas cinante, Paul W halen e seus colegas (2 0 0 4 ) usaram exames de ressonância m agnética funcional para observar a resposta da am ígdala a olhos assustados apresentados sublim inar- m ente (FIGURA 1 2 .7 ). Com parados com um a condição de controle que apresentou olhos felizes, os olhos assustados geraram m aior atividade da amígdala (apesar de ninguém ter consciência de tê-los visto). A amígdala envia mais projeções neurais para o córtex do que recebe. Isso faz com que seja mais fácil os sentim entos tom arem conta dos pensamentos do que o inverso, observa ram LeDoux e Jorge Armony (1 9 9 9 ) . Na floresta, nos alarm a mos imediatamente com o som proveniente dos arbustos pró ximos, deixando que o córtex decida posteriormente se o som foi feito por um predador ou apenas pelo vento. Tal experiên- Estímulo do medo (a) A via secundária, rápida (b) A via principal, reflexiva > FIGURA 12.6 O atalha da cérebro para as emoções Em um cérebro de duas vias, a entrada sensorial pode ser enviada (a) diretamente para a amígdala (via tálamo), com a finalidade de produzir uma resposta emocional mais instantânea, ou (b) para o córtex, para análise. Estímulo do medo Resposta do medol Resposta do medo Córtex pré-frontal Córtex sensorial steli Realce O o Olhos Olhos assustados felizes ► FIGURA 12.7 A sensibilidade do cérebro a ameaças Mesmo quando olhos assustados (à esquerda) foram apresentados de forma rápida demais para que as pessoas os percebessem conscientemente, exames de ressonância magnética funcional revelaram que suas amígdalas supen/igilantes estavam alertas (Whalen et al., 2004). Os olhos felizes à direita não causaram esse efeito. cia apoia a crença de Zajonc de que algumas de nossas reações emocionais não envolvem pensamentos deliberados. O pesquisador das em oções Richard Lazarus (1 9 9 1 ,1 9 9 8 ) afirma que os nossos cérebros processam e reagem a enormes quantidades de informações sem nossa percepção consciente, alegando que algumas reações em ocionais não precisam do nosso pensam ento consciente. Boa parte da nossa vida em o cional opera através da segunda via, autom ática, fácil e rápida. No entanto, ele observou, m esm o em oções sentidas instan taneam ente requerem algum tipo de avaliação cognitiva da situação; caso contrário, com o saberíam os contra o que esta mos reagindo? A avaliação pode ser fácil e talvez não tenha m os consciência dela, mas ainda assim é um a função m en tal. Para saber se algo é bom ou ruim , o cérebro deve ter alguma ideia do que se trata (Storbeck et al., 2 0 0 6 ) . Assim, as emoções surgem quando avaliamos um evento com o bené fico ou prejudicial ao nosso bem -estar, quer saibamos disso ou não. Avaliamos o som proveniente dos arbustos com o a presença de um a am eaça; só depois percebemos que era “ape nas o vento”. Para resumir, com o Zajonc e LeDoux dem onstraram , algu mas respostas em ocionais — especialmente gostos, desgostos e medos com uns — não envolvem o pensam ento consciente (FIGURA 1 2 .8 ). Podemos ter medo de um a aranha, m esm o “sabendo” que ela é inofensiva. Tais respostas são difíceis de alterar pela simples m udança de nosso pensam ento. O cérebro em ocional influencia até m esm o as decisões políticas das pessoas, levando m uitas a votar em candidatos de quem gostam autom aticam ente em detrim ento de outro que talvez expresse posições mais próxim as às suas. Quando os eleitores são subm etidos a u m a to m o grafia cerebral enquanto observam os candidatos, seus circuitos da em oção estão mais ligados do que seus lobos frontais racionais (W es ten, 2 0 0 7 ) . M as, com o acon tece com outras em oções — incluindo estados de espírito, com o depressão e sentim entos com ple xos, com o ódio, culpa, felicidade e am or —, nossos sentim en tos sobre a política, segundo previsto por Lazarus, Schachter e Singer, são enorm em ente influenciados por nossas m em ó rias, expectativas e interpretações. Pessoas altam ente em o- Avaliação - t ---------- Lazarus/ Schachter-Singer Evento Resposta emocional Zajonc/LeDoux > FIGURA 12.8 Outro exemplo de processamento dual: duas vias para a emoção Como Zajonc e LeDoux enfatizaram, algumas respostas emocionais são imediatas, antes de qualquer avaliação consciente. De acordo com Lazarus, Schachter e Singer, nossa avaliação e rotulação dos eventos também determinam nossas respostas emocionais. cionais são intensas em parte por causa de suas interpreta ções. Elas podem personalizar eventos com o estando de alguma form a direcionadosa elas, e podem generalizar suas experi ências reagindo de form a desproporcional a incidentes úni cos (Larsen et al., 1 9 8 7 ). Ao lidar com em oções complexas, com o veremos no Capítulo 14, aprender a pensar de form a m ais positiva pode ajudar as pessoas a se sen tir m elhor. Embora a segunda via funcione autom aticam ente, a primeira via nos permite reassumir algum controle sobre nossa vida em ocional. Um testem u nh o dram ático sobre a inter-relação entre em oção e cognição vem dos pacientes de Antonio Damasio (1 9 9 4 , 2 0 0 3 ) que sofreram lesões cerebrais e aparentem ente não sentiam em oções. Ele criou um jogo de cartas simples no qual, após várias tentativas, as pessoas poderiam ganhar ou perder dinheiro. Sem lesões cerebrais, a m aioria das pes soas ganha dinheiro na medida em que as emoções geradas por seu cérebro inconsciente descobrem as coisas antes do seu raciocínio consciente. Sem esses sentim entos para infor m ar seu pensam ento, os pacientes sem em oções em geral perdem dinheiro. Isso dem onstra mais um a vez que as nossas m entes de duas vias incluem um inconsciente inteligente. A em oção autom ática e o pensam ento consciente juntos tecem a tram a das nossas mentes (Forgas, 2 0 0 8 ) . ANTES DE PROSSEGUIR... >• P ergunte a Si M esmo Você lembra de algum evento recente em que percebeu que suas reações corporais a uma situação emocionalmente desafiadora, como um encontro social difícil ou talvez mesmo um teste ou um jogo que o estavam preocupando por antecipação? Você viveu a situação como um desafio ou como uma ameaça? Como você se saiu? > Teste a Si Mesmo 2 Como as duas divisões do sistema nervoso autônomo nos ajudam a responder a uma crise a nos recuperarmos dela, e por que isso é relevante ao estudo das emoções? As respostas às questões Teste a Si Mesmo podem ser encontradas no Apêndice B. no final do livro. steli Realce steli Realce Emoção Expressada •#•••••••••••••••••• t t H H I H ••••••• • • • f !*•••••• • 5 : Como nos comunicamos de forma nao verbal? EXISTE UM OUTRO MÉTODO SIMPLES DE decifrar as em o ções das pessoas: nós lemos seus corpos, ouvimos seu tom de voz e estudamos seus rostos. O com portam ento das pes soas revela sua em oção. Será que a linguagem não verbal varia conform e a cultura, ou é universal? Será que as nossas expres sões influenciam as em oções experienciadas? “Vossa face, meu senhor, é um livro no qual os homens leem estranhas coisas." Lady Macbeth ao marido, em M acbeth, de William Shakespeare Detectando a Emoção Todos nós nos com unicam os de form a tan to verbal quanto não verbal. Para os ocidentais, um firme aperto de m ão im e diatam ente transm ite um a personalidade extrovertida (C h a- plin et al., 2 0 0 0 ) . Com um olhar, baixando os olhos ou enca rando fixamente, podemos com unicar intimidade, submissão ou dom inação (Kleinke, 1 9 8 6 ). Entre os apaixonados, o olhar para o ou tro é tipicam en te prolongado e m ú tu o (Rubin, 1 9 7 0 ) . Joan Kellerm an, Jam es Lewis e Jam es Laird (1 9 8 9 ) ponderaram se esses olhares íntim os podem criar tais senti m entos entre estranhos. Para descobrir, eles pediram a pares de hom ens e mulheres desconhecidos para se olharem inten sam ente por 2 m inutos ou para suas mãos ou nos olhos do ou tro . Após serem separados, os casais relataram sentir pequena atração e afeição. A maioria de nós costum a ser capaz de ler os sinais não ver bais e decifrar as emoções em um filme mudo de antigamente. Somos especialmente bons para detectar ameaças não verbais. Mesmo quando ouvimos emoções transmitidas em outra lín gua, as pessoas mais prontam ente detectam a raiva (Scherer et al., 2 0 0 1 ). Quando palavras são apresentadas de forma subli minar, é mais freqüente percebermos a presença de um a pala vra negativa com o bomba ou cobra (Dijksterhuis e Aarts, 2 0 0 3 ). Em um grupo de rostos, um a única face raivosa vai se destacar mais rápido que um a única face alegre (Fox et al., 2 0 0 0 ; H an sen e Hansen, 1988 ; Õ hm an et al., 2 0 0 1 ) . A experiência tam bém pode nos sensibilizar para determ i nadas emoções, com o dem onstrado por alguns experimentos usando um a série de rostos (com o os da FIGURA 12.9) que passam do m edo (o u tristeza) para a raiva. D iante desses Qual dos sorrisos de Paul Ekman é falso e qual é verdadeiro? O sorriso à direita utiliza os músculos faciais de um sorriso natural. rostos, crianças que sofreram abusos físicos são m uito mais rápidas para identificar os sinais de raiva. Diante de um rosto que é 60% medo e 40% raiva, elas têm m aior probabilidade de perceber o m edo com o sendo raiva. Suas percepções se to rn aram m ais sensíveis a pequenos sinais de perigo que crianças que não sofreram abuso não percebem. Os m úsculos faciais são difíceis de con trolar e revelam sinais de em oções que estam os tentando esconder. Erguer somente a parte interna das sobrancelhas, o que apenas algu mas pessoas fazem conscientem ente, revela desagrado ou pre ocupação. Sobrancelhas erguidas e juntas significam medo. A ativação dos músculos que estão abaixo dos olhos e a ele vação das bochechas sugerem um sorriso natural. Um sorriso falso, com o o que fazemos para um fotógrafo, costum a durar 4 ou 5 segundos. A m aior parte das expressões autênticas já terá acabado nesse tem po. Sorrisos falsos tam bém podem aparecer e desaparecer de form a mais abrupta que um sorriso espontâneo (Bugental, 1 9 8 6 ) . Nossos cérebros são na verdade fantásticos detectores de expressões sutis. Elisha Babad, Frank Bernieri e Robert Rosen- th al (1 9 9 1 ) verificaram isso ao gravar professores falando para crianças que não podiam ver. Um simples clipe de 10 segundos do rosto ou da voz do professor era suficiente para fornecer pistas, tanto para observadores jovens quanto para experientes, para que determinassem se os professores gosta vam e admiravam os alunos em questão. Em outro experi m ento, ver um rosto por apenas um décimo de segundo era suficiente para as pessoas julgarem se alguém era ou não con fiável (W illis e Todorov, 2 0 0 6 ) . Q uando os pesquisadores em baçam ou ocultam os rostos para causar distração, as pes soas ainda dem onstram um a incrível habilidade para reco nhecer em oções distintas (Sm ith et al., 2 0 0 5 ) . A exposição de partes diferentes do rosto demonstrou que os olhos e a boca são as mais reveladoras, pois lemos o medo e a raiva princi palmente nos olhos, e a alegria na boca (Adolphs, 2 0 0 6 .) > FIGURA 12.9 A experiência influencia o modo como percebemos as emoções Apresentando faces que modificam sua expressão de medo ou tristeza para raiva, ou misturando tais emoções, crianças que sofreram abuso foram mais propensas a perceber os rostos como expressões de raiva (Pollak e Kistler, 2002; Pollak e Tolléy-Schell, 2003). Apesar da capacidade dos nossos cérebros para detectar emo ções, acham os difícil identificar expressões enganosas (Porter e ten Brinke, 2 0 0 8 ) . No m undo todo, acredita-se que um sinal revelador da m entira é evitar o olhar de alguém (Bond et al., 2 0 0 6 ). Talvez o ex-presidente George W. Bush tivesse isso em mente quando afirmou para as tropas norte-am ericanas em Bagdá que ele tinha vindo “olhar nos olhos do primeiro-minis tro Maliki para determ inar se ele estava tão dedicado à liber dade do Iraque quanto os soldados” (Burns e Filkins, 2 0 0 6 ) . Ainda assim, em um a sinopse de 2 0 6 estudos sobre com o dis tinguir a verdade da mentira, as pessoas reportaram um grau de precisão de apenas 54% — ligeiramente melhor do que lan çar um a moeda (Bond e DePaulo, 2 0 0 6 ) . Além disso, ao con trário das alegações de que alguns especialistas conseguem identificar mentiras, as pesquisas disponíveis indicam que pra ticam ente ninguém supera os resultados obtidos pela m era sorte (Bond e DePaulo, 2 0 0 8 ) . Algumas pessoas, no entanto, são mais sensíveis do que outras paraidentificar essas pistas físicas. Robert Rosenthal, Judith Hall e seus colaboradores (1 9 7 9 ) descobriram isso mostrando a cen tenas de pessoas filmes curtos de porções de faces ou corpos expressivos em ocionalm ente, às vezes adicionando um a voz truncada. Por exemplo, após uma cena de 2 segundos revelando apenas a face contrariada de um a mulher, os pesquisadores per guntavam se a mulher estava criticando alguém por estar atra sado ou se estava falando sobre o seu divórcio. Rosenthal e Hall relataram que algumas pessoas eram muito melhores que outras para detectar a emoção. Introvertidos tendem a ser melhores na leitura de emoções alheias; já extrovertidos são mais fáceis de serem lidos (Ambady et al., 1 9 95 ). Gestos, expressões faciais e tons de voz estão todos ausen tes na com unicação pelo computador. Mensagens por correio eletrônico (e-m ail) às vezes incluem emoticons, ou ícones que representam as em oções, com o ; - ) para indicar um a pisca dela de um conhecido e :- ( para expressar aborrecim ento. Mas o correio eletrônico e as discussões pela internet não propiciam as pistas não verbais de status, idade e personali dade. Ninguém sabe com o você se parece nem sabe nada que indique sua condição; você é julgado som ente por suas pala vras. As pessoas geralmente se surpreendem em um primeiro encontro face a face com um interlocutor virtual. Também é fácil ler de m odo equivocado com unicações por e-mail, em que a ausência de expressões em ocionais pode dar margem a emoções ambíguas. Da m esm a form a, a ausência de nuanças vocais que sinalizam se um a afirm ação é séria, brincalhona ou sarcástica torna difícil a interpretação. A pes quisa de Justin Kruger e seus colaboradores (2 0 0 5 ) m ostra que os internautas geralmente pensam que sua intenção de estar “apenas brincando” está sempre clara, quer se com u niquem por e-m ail ou por voz. Mas, em geral, dem onstram egocentrism o ao não prever interpretações errôneas diante da falta de pistas não verbais. Utilizada com o arma na guerra contra as rugas, a toxina botu lín ica paralisa os músculos faciais que criam as rugas, perm itindo à pele sobrejacente relaxar e perm anecer lisa. Será que o desaparecim ento dessas expressões sutis com o o franzir da testa e o apertar dos olhos, por esse procedim ento cosmético, pode esconder emoções sutis? Gênero, Emoção e Comportamento Não Verbal Será que a in tu ição fem inina, com o tan to s acred itam , é m esm o superior à dos hom ens? Considere a seguinte histó ria: quando Jackie Larsen deixou seu grupo de orações em G rand Marais, M innesota, em um a m anhã de abril de 2 0 0 1 , ela encontrou Christopher Bono, um jovem de boas m anei ras. O carro de Bono havia quebrado e ele disse que estava p rocu ran do u m a caro n a para en co n trar seus am igos em Thunder Bay. Quando Bono apareceu mais tarde na loja de Larsen, onde ela disse que o ajudaria a telefonar para os am i gos, ela sentiu um frio na barriga. Intuitivam ente sentiu que havia algo de errado com aquele jovem e insistiu para que conversassem do lado de fora da loja. “Eu disse ‘Eu sou mãe e tenho que falar com você com o m ãe... Eu posso dizer, por suas boas m aneiras, que sua mãe é um a pessoa adorável’.” Q uando ela m encionou a m ãe dele, seus olhos se fixaram nela. “Eu não sei onde está m inha m ãe”, ele disse. Q uando a conversa term inou, Larsen levou Bono de volta até a igreja para encontrar o pastor. Ela tam bém cham ou a polícia e sugeriu que eles rastreassem as placas dos veículos. O carro estava registrado em nom e da m ãe dele, em Illinois. Q uando a polícia chegou ao apartam ento dela, encontrou sangue por todo lado, e Lucy Bono m orta na banheira. Chris topher Bono, 16 anos, foi acusado de assassinato em primeiro grau (Biggs, 2 0 0 1 ) . Terá sido coincidência que Jackie Larsen, que viu através da calm a exterior de Bono, fosse m ulher? Alguns psicólogos responderiam que não. Em sua análise de 125 estudos sobre sensibilidade a pistas não verbais, Judith Hall (1 9 8 4 , 19 8 7 ) concluiu que as mulheres em geral superam os hom ens na leitura de pistas em ocionais das pessoas. A sensibilidade não verbal das mulheres tam bém lhes dá um a vantagem em iden tificar m entiras (DePaulo, 1 9 9 4 ). Elas superam os hom ens no reconhecim ento de casais verdadeiramente apaixonados ou que apenas m antêm um rom ance de fachada, e no reco nhecim ento de quem é o supervisor em um a foto com duas pessoas (Barnes e Sternberg, 1 9 8 9 ). A sensibilidade não verbal das mulheres ajuda a explicar sua m aior percepção em ocional. Convidados por Lisa Feld m an Barrett e seus colaboradores (2 0 0 0 ) a descrever com o se sentiam em certas situações, os hom ens descreveram rea ções em ocionais simples. Você talvez queira experim entar o teste: pergunte a algumas pessoas com o elas se sentiriam ao se despedir de amigos depois da form atura. O trabalho de B arrett sugere que é mais provável ouvir de um hom em sim plesmente “Eu vou me sentir m al”, e ouvir de um a m ulher a expressão de emoções mais complexas com o “Eu vou sentir em oções conflitantes: feliz e triste ao m esm o tem po” . A habilidade feminina de decodificar as emoções dos outros pode contribuir tam bém para sua m aior capacidade de res posta em ocional em situações em ocionais positivas ou nega tivas (G rossm an e W ood, 1 9 9 3 ; Sprecher e Sedikides, 1993 ; Stoppard e Gruchy, 1 9 9 3 ). Em estudos com 2 3 .0 0 0 pessoas de 2 6 culturas ao redor do m undo, as mulheres, mais que os hom ens, relataram ter sentim entos mais abertos (C osta et al., 2 0 0 1 ) . Isso ajuda a explicar a percepção extrem am ente forte de que a em oção é “mais verdadeira para a m ulher” — uma percepção expressa por quase 100% dos americanos entre 18 e 2 9 anos (N ewport, 2 0 0 1 ) . Um a exceção: a raiva é considerada pela m aioria das pes soas um a em oção mais m asculina. Peça a alguém para im a ginar um rosto zangado e pergunte: é um h om em , com o parece ser para três de quatro alunos da University of Arizona (Becker et al., 2 0 0 7 )? Os pesquisadores tam bém encontram que as pessoas identificam a raiva nos rostos masculinos de form a mais im ediata. E, se um rosto neutro tem um a apa rência zangada, a m aioria das pessoas percebe o rosto com o sendo de um hom em . Se estiver sorrindo, tende a ser perce bido mais com o um rosto fem inino (FIGURA 12.10). > FIGURA 12.10 Raiva = Masculino Quando Vaughn Becker e colaboradores (2007) manipularam um rosto neutro em termos de gênero, as pessoas tendiam a vê-lo mais como um rosto masculino quando lhe atribuíam uma expressão raivosa. Q uando entrevistadas, as mulheres apresentam probabi lidade bem m aior do que os hom ens de se descreverem com o empáticas. Se você tem empatia, identifica-se com os outros e se imagina no lugar do outro. Você se alegra com aqueles que se alegram e ch ora com aqueles que choram . Medidas fisiológicas de empatia, com o a frequência cardíaca de alguém ao observar outra pessoa angustiada, revelam um a distância m uito m enor que a esperada entre os gêneros do que a rela tada em levantam entos (Einsenberg e Lennon, 1 9 8 3 ) . C on tudo, mulheres têm m aior probabilidade de expressar empatia — chorar e relatar m al-estar quando observam alguém angus tiado. Ann Kring e Albert G ordon (1 9 9 8 ) observaram essa diferença de gênero em vídeos de estudantes dos sexos m as culino e feminino que assistiam a filmes tristes (crianças com um dos pais m orrendo), alegres (comédias pastelão) ou assus tadores (um hom em prestes a cair da cobertura de um prédio m uito a lto ). C om o a FIGURA 12.11 ilustra, as m ulheres reagiram de form a m ais visível a cada um dos filmes. As m ulheres tam bém tendem a sentir de form a mais intensa 16 Número de 14 expressões 12 10 M ulheres iJM Triste Alegre Assustada Tipo de filme > FIGURA12.11 Gênero e expressividade Embora estudantes tanto do sexo masculino quanto do feminino não difiram acentuadamente em emoções autorrelatadas ou em respostas fisiológicas enquanto observam filmes emocionantes, os rostos das mulheres demonstram muito mais emoção. (De Kring e Gordon, 1998.) eventos emocionais (tais com o ver fotos de mutilados) — com mais ativação cerebral em áreas sensíveis às em oções — e depois se lem bram m elhor das cenas três semanas mais tarde (C anli et al., 2 0 0 2 ) . Em outro estudo sobre gênero e expressão facial, Harold Hill e Alan Joh n ston (2 0 0 1 ) anim aram um a face com um com expressões (sorrisos, movimentos com a cabeça e sobran celhas erguidas) capturadas digitalmente dos rostos de estu dantes da London University enquanto liam um a piada. A despeito de não existirem pistas anatôm icas do gênero, os observadores n orm alm en te podem d etectar 0 gênero nas expressões reveladoras. Cultura e ExDressão Emocional 6: As expressões não verbais da emoção são compreendidas universalmente? O sentido dos gestos varia de acordo com a cultura. Alguns anos atrás, o psicólogo O tto Klineberg (1 9 3 8 ) observou que, na literatura chinesa, as pessoas aplaudem para expressar pre ocupação e desapontam ento, gargalham um sonoro “H o-H o” para expressar raiva e colocam a língua para fora para demons trar surpresa. De form a semelhante, o sinal de OK feito pelos norte-am ericanos pode significar insulto em outras culturas. (Q uando 0 presidente Nixon 0 utilizou no Brasil, não imagi nava que estava expressando um a ofensa.) A im portância da definição cultural dos gestos pode ser dem onstrada por um fato ocorrido em 1968 , quando a Coreia do Norte publicou a foto de oficiais supostamente alegres em um navio da Mari nha dos Estados Unidos. Na foto, três homens mostravam 0 dedo médio. Eles explicaram a seus captores que se tratava de um “sinal havaiano de boa sorte” (Fleming e Scott, 1 9 9 1 ). Será que as expressões faciais tam bém têm diferentes sen tidos em diferentes culturas? Para descobrir, duas equipes de investigadores — um a liderada por Paul Ekman, W allace Frie sen e colaboradores (1 9 7 5 ,1 9 8 7 , 1 9 9 4 ) e a outra por Carroll Izard (1 9 7 7 , 1 9 9 4 ) — m ostraram fotografias de variadas expressões faciais para pessoas de diferentes partes do mundo e pediram-lhes que adivinhassem a em oção relacionada. Você pode ten tar isso. Relacione as seis em oções com os seis ros tos na FIGURA 12.12. Você provavelmente se saiu bem, independentemente de sua cultura. Um sorriso é um sorriso em qualquer parte do m undo. O m esm o vale para a raiva e, em m enor escala, para outras expressões básicas (Elfenbein e Ambady, 1 9 9 9 ) . (N ão existe cultura nenhum a em que as pessoas franzam as sobran- > FIGURA 12.12 Expressões culturalmente universais ou específicas de uma cultura? Assim como pessoas de diferentes culturas e raças, nossos rostos falam linguagens diferentes? Qual rosto expressa nojo? Raiva? Medo? Felicidade? Tristeza? Surpresa? (De Matsumoto e Ekman, 1989.) Veja as respostas a seguir. vfou 9 daidj 'Dzajsu) 'opdui ‘osajdjns ‘apopaija j :oxiDq DjDd d lu o ap 'o j/ s j/ p d d jd ó Dpjanbsa dq celhas quando estão felizes.) Assim, um a análise rápida nas expressões espontâneas dos competidores após um a disputa olím pica de judô oferece u m a boa dica de quem ganhou, independentem ente do seu país de origem (M atsum oto e W illingham, 2 0 0 6 ) . Será que as pessoas de diferentes culturas fazem e inter pretam as expressões faciais de form a sem elhante porque experim entam influências similares, com o de filmes am eri canos e de redes de TV a cabo, com o BBC e C N N ? Aparen tem ente não. Ekman e sua equipe pediram a pessoas isoladas na Nova Guiné para dem onstrar várias emoções, em resposta a afirmações com o “Finja que seu filho m orreu”. Q uando os pesquisadores m ostraram os filmes das reações faciais dos m oradores da Nova Guiné a universitários n orte-am erica nos, estes leram as em oções com facilidade. As expressões faciais contêm alguns indicadores não ver bais que fornecem pistas culturais (M arsh et al., 2 0 0 3 ) . Por tanto, não surpreende o fato de que os dados de 182 estudos dem onstrem precisão ligeiramente superior quando as pes soas julgam em oções a partir de sua própria cultura (Elfen- bein e Ambady, 2 0 0 2 , 2 0 0 3 a ,b ). Ainda assim, os sinais reve ladores das em oções geralmente perm eiam várias culturas. M esmo nossas regras para dem onstrar em oções (tais com o expressar mais em oção aos colegas do grupo do que a estra nhos) estão presentes em várias culturas (M atsum oto et al., 2 0 0 8 ) . Expressões faciais de crianças — m esm o de crianças cegas que nunca viram um rosto — são tam bém universais (Eibl- Eibesfeldt, 1 9 7 1 ). Pessoas cegas de nascença exibem espon taneam ente as expressões faciais associadas a alegria, tristeza, medo e raiva (G alati et al., 1 9 9 7 ). Pelo m undo afora, as crian ças ch oram quando estão assustadas, balançam a cabeça quando estão desafiando e sorriem quando estão contentes. A descoberta de que os músculos faciais falam um a lin guagem universal não seria um a surpresa para o pesquisador pioneiro das emoções Charles Darwin (1 8 0 9 -1 8 8 2 ) . Ele espe culou que em tem pos pré-históricos, antes de nossos ances trais se com unicarem por palavras, sua habilidade de demons trar am eaças, reconhecim ento e submissão com expressões faciais os ajudava a sobreviver. Essa herança, ele acreditava, explica por que as em oções hum anas básicas são expressas por expressões faciais semelhantes. Um sorriso de escárnio, por exemplo, retém elem entos de um anim al m ostrando os dentes ao rosnar. Expressões emocionais podem facilitar nossa sobrevivência de outras form as tam bém . A surpresa eleva as sobrancelhas e abre os olhos, perm itindo-nos colher mais inform ações. O nojo contorce o nariz, fechando-o para odo res desagradáveis. “Para ter notícias do coração, pergunte ao rosto." Provérbio guineano • E xpos tos à ausênc ia de g ra v id a d e , os líq u id o s corpora is dos astronautas se m ovem para a parte de cima do corpo, e seus rostos ficam inchados. Isso torna a com unicação não verbal mais d ifíc il, aum entando o risco de desentendimento, sobretudo em uma tripulação m ultinaciona l (Gelman, 1989). • Sorrisos tam bém são fenômenos sociais, assim com o refle xos em ocionais. Jogadores de boliche não sorriem quando derrubam todos os pinos — eles o fazem quando se viram para os colegas (Jones et al., 1991 ; Kraut e Johnston, 1 9 7 9 ). M esm o ganhadores de medalhas de ouro olímpicas em geral não sorriem enquanto estão esperando a cerim ônia, mas o fazem quando interagem com as pessoas que entregam as medalhas e quando encaram a multidão e as câm eras (Fer- nández-Dols e Ruiz-Belda, 1 9 9 5 ). Também tem sido adaptativo para nossa espécie interpre ta r rostos em con textos particulares. (Lem bre o m on stro agressivo ou am edrontado do Capítulo 6 .) As pessoas julgam um a face de raiva em um a situação assustadora com o uma face assustada (Carroll e Russell, 1 9 9 6 ) . Diretores de cinem a aproveitam esse fenômeno criando contextos e trilhas sonoras que amplificam nossas percepções de em oções específicas. Embora as culturas partilhem um a linguagem facial uni versal para as emoções básicas, elas diferem na quantidade de em oção que expressam. As culturas que encorajam a indivi dualidade, com o na Europa Ocidental, Austrália, Nova Zelân dia e Am érica do N orte, m anifestam as em oções de form a visível (van H em ert et al., 2 0 0 7 ) . Na cultura chinesa, por exemplo, que encoraja as pessoas a se ajustar aos outros, as emoções pessoais são expressas de form a muito menos visível (Tsai et al., 2 0 0 7 ) . O m esm o se aplica ao Japão, onde as pes soas inferem as emoções mais do contexto ao redor e onde osolhos, tão difíceis de controlar, transm item mais em oção do que a boca, que é tão expressiva na América do Norte (Masuda et al., 2 0 0 8 ; Yuki et al., 2 0 0 7 ) . Os olhos transm item emoção Influências biológicas: Influências psicológicas: • excitação fisiológica • rotulação cognitiva • adaptação evolucionista • diferenças de gênero • vias cerebrais • efeito de transbordamento t Influências socioculturais • expressividade • presença dos outros • expectativas culturais > FIGURA 12.13 Níveis de análise para o estudo da emoção Como acontece com outros fenômenos psicológicos, os pesquisadores exploram a emoção nos níveis biológico, fisiológico e sociocultural. de muitas m aneiras. Q uando alguém lhe faz um a pergunta que exige algum tipo de raciocínio, você tende a olhar para cim a ou para baixo? No Japão, as pessoas em geral olham para baixo, pois isso representa respeito pelos outros. Os canaden ses em geral olham para cim a (M cCarthy et al., 2 0 0 6 ) . As diferenças culturais tam bém existem em um a m esm a nação. Os irlandeses e os seus descendentes irlandenses-am e- ricanos tendem a ser mais expressivos do que os escandina vos e os seus descendentes escandinavos-am ericanos (Tsai e C hentsova-D utton, 2 0 0 3 ) . E isso nos faz lem brar um a lição familiar: com o a m aior parte dos eventos psicológicos, a em o ção é mais bem compreendida não só com o fenôm eno bio lógico e cognitivo, mas tam bém com o fenômeno sociocultural (FIGURA 1 2 .1 3 ). "Toda vez que sinto medo, levanto a cabeça e assobio uma melodia alegre.” Richard Rodgers e Oscar Hammerstein, 0 Rei e Eu, 19SB Estaria Darwin certo? Vamos testar a hipótese de Darwin: simule um largo sorriso. Agora uma carranca. Você consegue sentir a diferença da “terapia da carinha feliz”? Os participan tes de dezenas de experimentos sentiram a diferença. Por exem plo, James Laird e seus colaboradores (1 9 7 4 ,1 9 8 4 ,1 9 8 9 ) indu ziram sutilmente estudantes a fazer uma expressão carrancuda, pedindo-lhes que “contraíssem os músculos do cenho” e “apro ximassem as sobrancelhas” (supostamente para facilitar a colo cação de eletrodos faciais). O resultado? Os estudantes relata ram sentir alguma raiva. Pessoas induzidas de forma semelhante a moldar seus rostos de form a a expressar outras emoções bási cas tam bém sentiram essas emoções (FIGURA 12 .1 4 ). Elas relataram, por exemplo, ter sentido mais medo do que raiva, nojo ou tristeza quando tiveram que form ar um a face de medo: “Levante as sobrancelhas e abra bem os olhos. Mova sua cabeça para trás, de forma que seu queixo fique um pouco pregueado, e relaxe a boca deixando-a um pouco aberta” (Duelos et al., 1 9 8 9 ). O rosto é mais do que um mural que exibe nossos sen timentos; ele também alimenta esses sentimentos. N a ausência de em oções competitivas, esse efeito de feed back facia l é sutil, ainda que detectável. Estudantes que foram induzidos a sorrir sentiram-se mais felizes e recuperaram lem branças mais alegres do que os que franziram as sobrance lhas. Ativar apenas um dos músculos envolvidos no sorriso ao segurar um a caneta entre os dentes (em vez de com os lábios, que ativa os músculos que form am um a carran ca) é o suficiente para fazer com que desenhos pareçam mais engra çados (Strack et al., 1 9 8 8 ) . Um sorriso amplo — feito não apenas com a boca, m as tam bém com as bochechas que em purram os olhos — au m en ta os sentim entos positivos, ainda mais quando reagimos a algo prazeroso ou divertido (Soussignan, 2 0 0 1 ) . Um sorriso caloroso no rosto fará você se sentir m elhor. Q uando você sorri, entende ainda mais rapidamente frases que descrevem eventos agradáveis (Havas et al., 2 0 0 7 ) . Rosne e o m undo inteiro rosnará de volta. Dois novos estudos dem onstram o poder dos sinais faciais. Em um deles, Tiffany Ito e seus colaboradores (2 0 0 6 ) usaram o procedim ento da can eta nos dentes para induzir o senti m ento de felicidade enquanto as pessoas viam fotos de ros tos. Se tivessem visto rostos negros em vez de brancos, mais tarde, em um Teste de Associação Im plícita, apresentaram m enos preconceito con tra negros. O sentim ento bom foi induzido por associação. O utro estudo usou injeções de Botox Os Efeitos das Expressões Faciais 7 : As nossas expressões faciais influenciam nossos sentimentos? Ao enfrentar sentim entos de depressão e tristeza, W illiam James passou a acreditar que podemos controlar as emoções “passando pelos movimentos que externam ” as em oções que queremos vivenciar. “Para nos sentirm os alegres”, aconse lhou, “devemos nos sentar com alegria, olhar em volta com alegria e agir com o se a alegria já estivesse ali.” Os estudos sobre os efeitos emocionais das expressões faciais revelam precisamente o que James previra. As expressões não apenas comunicam emoção, elas também as amplificam e regu lam. Em seu livro de 1872, A expressão das emoções no homem e nos animais, Darwin escreveu que “a expressão livre por meio de sinais externos de um a em oção a intensifica... Aquele que der vazão a gestos violentos vai aum entar sua raiva”. > FIGURA 12.14 Como fazer as pessoas franzirem o cenho sem pedir a elas para fazerem isso? A solução de Randy Larsen, Margaret Kasimatis e Kurt Frey (1992): colaram dois adesivos acima das sobrancelhas e solicitaram aos sujeitos que fizessem com que os adesivos se tocassem. Os sujeitos se sentiam tristes ao assistirem a cenas de guerra, doença e fome, e ainda mais tristes a partir da ativação dos músculos para "rosto triste". steli Realce steli Realce steli Realce steli Realce para paralisar os músculos da testa de 10 pacientes deprimi dos (Finzi e W asserm an, 2 0 0 6 ) . Dois meses após o tra ta m ento, 9 dos 10 pacientes que não franziam a testa não esta vam mais deprimidos. (Este intrigante estudo aguarda repli- cação com um grupo de controle não tratado.) Sara Snodgrass e seus associados (1 9 8 6 ) observaram o fenôm eno de feedback comportamental na m archa. Você pode repetir a experiência: ande por alguns m inutos com passos curtos e arrastados, m antendo os olhos baixos. Agora ande com passos largos, com os braços balançando, e os olhos vol tados para a frente. Será que você sentirá seu hum or mudar? Efetuar os m ovim entos desperta as emoções. Uma pequena form a de você se tornar mais empático é dei xar que seu rosto imite a expressão de outra pessoa (Vaughn e Lanzetta, 1 9 8 1 ). Agir com o o outro nos ajuda a sentir com o o outro. Na verdade, a imitação natural das emoções das outras pessoas ajuda a explicar por que as emoções são contagiosas ■ Dimberg et al., 2 0 0 0 ; Neum ann e Strack, 2 0 0 0 ) . Bloquear a imitação natural da pessoas, por exemplo, fazendo-as morder um lápis com os dentes, atrapalha sua capacidade de reconhe cer as emoções dos outros (O berm an et al., 2 0 0 7 ) ü m p e d id o d o a u to r: so rria sem pre e n q u a n to lê este liv ro . “Recuse-se a expressar uma paixão e ela morrerá ... Se quiserm os conquistar tendências emocionais indesejáveis em nós, devemos ... efetuar os movimentos exteriores dessas disposições contrárias que preferimos cultivar." William James, Principies o f Psychology, 189D ANTES DE PROSSEGUIR... >• P ergunte a S i M esmo Você consegue pensar em uma situação em relação à qual você gostaria de mudar a maneira como se sente, e criar um plano simples para fazê-lo? Por exemplo, se você quiser se sentir mais animado no caminho para sua aula amanhã de manhã, em vez de se arrastar até lá, ande animadamente — com a cabeça erguida e uma expressão de alegria no rosto. > Teste a Si Mesm o 3 Quem tende a expressar mais emoção — homens ou mulheres? Como podemos saber a resposta para esta questão? As respostas às questões Teste a Si Mesmo podem ser encontradas no Apêndice B. no final do livro. Emoções experienciadas QUANTAS EMOÇÕES DISTINTAS EXISTEM? Carroll Izard (1 9 7 7 ) isolou 10emoções básicas (felicidade, interesse-exci- tação, surpresa, tristeza, raiva, nojo, desprezo, medo, vergo nha e culpa), a m aioria das quais está presente na infância (FIGURA 1 2 .1 5 ) . Jessica Tracey e Richard Robins (2 0 0 4 ) acreditam que o orgulho tam bém é um a em oção distinta, indicada por um sorriso curto, cabeça ligeiramente voltada para trás e um a postura aberta. Phillip Shaver e seus colabo radores (1 9 9 6 ) acreditam que o am or tam bém pode ser um a em oção básica, mas Izard argum enta que as outras emoções são com binações dessas 10, com o am or, por exemplo, sendo um a m istura de felicidade e interesse-excitação. (a) Felicidade (boca formando um sorriso, bochechas levantadas, brilho nos olhos) (d) Nojo (nariz contorcido, lábio superior erguido, língua para fora) (b) Raiva (sobrancelhas franzidas, olhos fixos, boca cerrada) (e) Surpresa (sobrancelhas erguidas, olhos arregalados, boca ovalada) (c) Interesse (sobrancelhas erguidas ou unidas, boca suavemente arredondada, lábios fechados) (f) Tristeza (lados internos das sobrancelhas erguidos, cantos da boca virados para baixo) ► F IG U R A 12.15 As emoções que ocorrem naturalmente na infância Para identificar as emoções presentes desde o nascimento, Carroll Izard analisou as expressões faciais de crianças. (g) Medo (sobrancelhas no mesmo nível, viradas para dentro e para baixo, pálpebras erguidas, cantos da boca retraídos) Agradável/Positivo entusiasmado Alta excitação desanimado medroso- -tr is te zangado Desagradável/Negativo >- FIG URA 12.16 Duas dimensões da emoção James Russell, David Watson, Auke Tellegen e outros descrevem as emoções como variações em duas dimensões - excitação (baixa x alta) e valência (sentimentos agradáveis x desagradáveis). Os ingredientes das em oções incluem não apenas a fisio logia e o com portam ento expresso, mas tam bém nossa expe riência consciente. Povos de várias nações, incluindo esto- nianos, poloneses, gregos, chineses e canadenses, incluem a experiência em ocional nas duas dim ensões ilustradas na FIG U RA 1 2 .1 6 - valência agradável/positiva versus desagra dável/negativa e excitação baixa versus alta (Russell et al., 1989; 1999a,b ; W atson et al., 1 9 9 9 ). Nas dimensões de valên cia e excitação, apavorado é mais intenso (m ais desagradável e excitado) do que assustado; enfurecido é mais do que irri tado; encantado é mais do que feliz. Agora, vamos focalizar três dessas em oções im portantes: medo, raiva e felicidade. Que funções elas têm? O que influen cia nossa experiência de cada um a delas? Medo 8 : Qual é a função do medo, e como aprendemos a ter medos? O medo pode ser venenoso. Ele pode nos atorm entar, roubar o nosso sono e preocupar nossos pensam entos. As pessoas podem literalmente m orrer de medo. O medo pode ser con tagioso. Em 1903, alguém gritou “Fogo!”, quando um incên dio com eçou no Teatro Iroquois, em Chicago. Eddie Foy, o comediante que estava no palco nessa hora, tentou reassumir o controle da multidão falando: “Não se assustem. N ão há perigo. C alm a!” Mesmo assim a multidão entrou em pânico. Durante os 10 minutos que se passaram até o corpo de bom beiros chegar ao local e rapidamente apagar o fogo, mais de 500 pessoas m orreram , a maior parte presa ou esmagada nas grades. Os corpos ficaram empilhados nas escadas, e muitos apresentavam marcas de sapatos no rosto (Brown, 1 9 6 5 ). Frequentem ente, o medo é adaptativo. É um sistema de alarme que prepara nosso corpo para enfrentar o perigo. O medo de inimigos reais ou im aginários une as pessoas em torno de famílias, tribos e nações. O medo de acidentes pode nos proteger do perigo. O medo de punição ou de retaliação pode nos impedir de m ach u car outra pessoa. O medo nos ajuda a abordar um problema e a experim entar estratégias para resolvê-lo. Expressões de medo m elhoram a visão peri férica e os m ovim entos rápidos dos olhos, im pulsionando o input sensorial (Susskind et al., 2 0 0 8 ) . Uma explicação para a m orte súbita provocada por uma “ m a ld ição” vudu é que o sistema nervoso parassim pático da pessoa aterrorizada, cuja função é acalm ar o corpo, reage exageradam ente à excitação extrem a, o que leva lentam ente o coração a parar de ba ter (Seligm an, 1974). Aprendendo o Medo As pessoas podem ter medo de praticam ente qualquer coisa — “medo da verdade, medo da fortuna, medo da m orte e medo dos outros” , observou Ralph W aldo Emerson. A “política do m edo” surge a partir do medo das pessoas — medo dos terro ristas, medo dos imigrantes, medo dos crim inosos. Por que tan tos medos? Lembre, do Capítulo 7, que crianças podem sentir medo de objetos de pelúcia associados a barulhos assus tadores. À medida que as crianças com eçam a engatinhar, elas experimentam quedas e quase quedas — e com eçam a ter medo de altura (Cam pos et al., 1 9 9 2 ). Devido a esse condiciona m ento, a pequena lista de eventos naturalm ente dolorosos e assustadores pode se multiplicar em uma longa lista de medos hum anos — medo de dirigir ou voar, medo de ratos ou bara tas, medo de espaços fechados ou abertos, medo de falhar, medo do sucesso, medo de outras raças ou nações. O aprendizado por observação faz com que a lista vá aum en tando. Susan Mineka (1 9 8 5 , 2 0 0 2 ) tentou explicar por que praticamente todos os m acacos criados na natureza têm medo de cobras, ao contrário dos m acacos criados em laboratórios. Certam ente, a maioria dos m acacos selvagens não foi de fato mordida por cobras. Eles aprenderam esse medo por observa ção? Para descobrir, Mineka estudou seis m acacos selvagens (todos com muito medo de cobras) e seus filhotes criados em laboratório (nenhum com medo de cobras). Após observarem repetidamente que seus pais ou amigos se recusavam a pegar a comida próxima das cobras, os m acacos mais jovens desen volveram um forte medo semelhante das cobras. Quando tes tados novamente depois de três meses, o medo aprendido per sistiu. Os hum anos, da mesm a forma, aprendem com a obser vação (O lsson et al., 2 0 0 7 ) . Isso sugere que nossos medos podem refletir não apenas traum as passados, m as tam bém medos aprendidos de nossos pais e amigos. A Biologia do Medo Podem os estar biologicam ente preparados para aprender alguns medos mais rapidam ente que outros. M acacos apren dem a tem er as cobras até m esm o assistindo a filmes de m aca cos reagindo com medo a cobras; m as não aprendem a tem er flores quando, pela manipulação de imagens, o estímulo am e- d ron tad or é transform ad o em um a flor (C ook e M ineka, 1 9 9 1 ) . Nós, hum anos, aprendem os rapidam ente a tem er cobras, aranhas e penhascos — medos que provavelm ente ajudaram nossos ancestrais a sobreviver (Õ hm an e Mineka, 2 0 0 3 ) . No entanto, os medos da Idade da Pedra nos deixa ram despreparados para os perigos m odernos — carros, ele tricidade, bombas e o aquecim ento global — todas ameaças m uito mais perigosas hoje. Um a chave para o aprendizado do medo encontra-se na amígdala, um centro neural do sistema límbico localizado no Baixa excitação steli Realce steli Realce steli Realce steli Realce > FIGURA 12.17 A amígdala - a chave neural para a aprendizagem do medo Fibras nervosas que saem desses nós de tecido neural, localizados em cada lado do centro do cérebro, transmitem mensagens que controlam frequência cardíaca, suor, hormônios do estresse, atenção e outras engrenagens que são acionadas em situações ameaçadoras. (A reprodução colorida desta figura encontra-se no Encarte em Cores.) interior do cérebro (FIG U R A 1 2 .1 7 ) . A amígdala tem um papel fundamental na associação de várias emoções, incluindo o medo, a certas situações (Barinaga, 1992b ; Reijmers et al., 2 0 0 7 ) . Coelhos aprendem a reagir com medo a um sinal sonoro que anteceda um pequeno choque — mas não quando suas amígdalas são lesionadas. Se ratos tiverem a amígdala
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