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Psicologia 9ª Edição-David G Mayers-Emoção

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CapÍTULÜ 1 2
Emoção, Estresse 
i f
e Saúde
N
inguém precisa lhe dizer que os senti­
m en tos dão co r à vida, ou que em 
m om entos de estresse eles podem per­
turbá-la, ou m esm o salvá-la. Dentre 
todas as espécies, nós parecemos ser a 
mais em ocional (Hebb, 1 9 8 0 ). Mais do que 
qualquer outra criatura, expressamos medo, 
raiva, tristeza, alegria e am or, e esses estados 
psicológicos em geral geram reações físicas. 
Nervosos diante de um encontro im portante, 
sentim os o estôm ago em brulhar. Ansiosos 
quando falamos em público, vamos con stan ­
tem en te ao b anh eiro . Brigando com um 
membro da família, sofremos dores de cabeça 
avassaladoras.
Todos podemos lembrar de m om entos nos 
quais fom os dom inados pelas em oções. Eu 
guardo a lem brança de um dia em que fui a 
um a gigantesca loja de departam entos para 
revelar um filme com Peter, meu filho mais 
velho, quando ele tinha 2 anos. Eu estava com 
ele ao meu lado enquanto entregava o filme 
e preenchia o papel para a revelação, quando 
um passante falou: “É m elhor ter cuidado 
com esse m enino ou irá p erdê-lo .” Alguns 
segundos depois, após deixar o filme, eu me 
virei e Peter não estava mais ao meu lado.
Com um a leve ansiedade, olhei ao redor, 
até um a extrem idade do corredor onde eu 
estava. N ão o vi. Um pouco m ais ansioso, 
procurei do outro lado. Ele não estava lá tam ­
bém. Nessa hora, já com o coração acelerado, 
circulei pelos corredores vizinhos. Nada de 
Peter. À medida que a ansiedade se transfor­
mava em pânico, com ecei a correr pelos cor­
redores da loja. Ele n ão estava em lugar 
nenhum que eu conseguisse ver. Apreensivo 
com o meu estado, o gerente usou o sistema 
de som da loja para com unicar o desapareci­
m ento de um a criança. Pouco depois, passei 
pelo m esm o cliente que então me disse cheio 
de desprezo: "Eu lhe disse que você ia perdê- 
lo !” Já cogitando um seqüestro (os desconhe­
cidos adoravam aquela bela crian ça), percebi 
a possibilidade de m inha negligência ter-m e 
feito perder aquilo que amava acim a de todas
as coisas, e — pesadelo dos pesadelos — que 
eu teria de voltar para casa e olhar no rosto 
de m inha m ulher sem o nosso filho.
Mas, ao passar novam ente pelo serviço de 
inform ação ao cliente, lá estava ele: alguém 
o en co n trara ! Em um in stan te, saí de um 
pesadelo diretam ente para o êxtase. Abracei 
fortem en te m eu filho, com lágrim as nos 
olhos, e, sentindo-m e incapaz de sequer agra­
decer, saí da loja, cheio de alegria.
Qual é a origem dessas em oções? Por que 
as sentim os? De que são feitas? As emoções 
são respostas adaptativas de nosso corpo. Elas 
existem não para nos proporcionar experiên­
cias im portantes, m as para perm itir a nossa 
sobrevivência. Quando enfrentam os desafios, 
as em oções põem nossa atenção em foco e 
energizam nossas ações. O coração acelera. 
Apressamos o passo. Todos os nossos senti­
dos entram em alerta. Ao receber boas n otí­
cias inesperadam ente, nossos olhos podem 
se en cher de lágrim as. Levantam os nossas 
mãos em triunfo. Sentim o-nos exuberantes 
e cheios de confiança. Q uando o estresse per­
siste, porém , ele pode prejudicar seriamente 
nossa saúde, com o veremos.
Não apenas a emoção, mas a 
maioria dos fenômenos fisiológicos 
(visão, sono, memória, sexo etc.) 
pode ser abordada a partir de três 
perspectivas — fisiologicamente, 
comportamentalmente e 
cognitivamente. •
Teorias da Emoção
1: Quais são os componentes de 
uma emoção?
COM O MINHA ANGUSTIANTE BUSCA POR 
PETER ilustra, as emoções são um a mistura 
de (1 ) ativação fisiológica (batim entos car­
díacos acelerad o s), ( 2 ) co m p o rtam en to s 
expressivos (apressar o passo) e (3 ) pensa-
TEORIAS DA EMOÇÃO 
EMOÇÃO CORPORI FICADA
Emoções e o Sistema 
Nervoso Autônomo 
Semelhanças Fisiológicas 
entre Emoções Específicas 
Diferenças Fisiológicas entre 
Emoções Específicas 
Cognição e Emoção 
Pensando C riticam ente 
Sobre: Detecção 
de Mentiras
EMOÇÃO EXPRESSADA
Detectando a Emoção 
Gênero, Emoção e 
Comportamento Não Verbal 
Cultura e Expressão 
Emocional 
O s Efeitos das 
Expressões Faciais
EMOÇÕES
EXPERIENCIADAS
Medo
Raiva
Felicidade 
Em Foco: Como 
Ser Mais Feliz 
ESTRESSE E SAÚDE
Estresse e Doença 
Estresse e o Coração 
Estresse e Suscetibilidade 
a Doenças 
PROMOVENDO A SAÚDE 
Enfrentando o Estresse 
Em Foco: O s Animais 
de Estimação Também 
São Amigos 
Administrando o Estresse 
Pensando C riticam ente 
Sobre: Medicina Alternativa 
e Complementar 
Em Foco: A Resposta 
de Relaxamento
steli
Realce
steli
Realce
steli
Realce
steli
Realce
m entos (será um seqüestro?) e sentim entos (u m a sensação 
de medo e depois de alegria) conscientem ente experiencia- 
dos. O quebra-cabeça que os psicólogos vêm tentando m on ­
tar é entender com o essas três peças se encaixam .
Existem duas controvérsias a respeito dessa interação entre 
fisiologia, expressões e experiência nas emoções. A primeira, 
um debate do tipo “o ovo ou a galinha”, é antiga: a resposta 
fisiológica precede ou sucede a experiência emocional? (Pri­
meiro eu percebo meu coração acelerar e meu passo mais rápido 
e, só depois, sinto ansiedade assustadora por perder Peter? Ou 
a sensação do medo vem primeiro, o que leva meu coração e 
minhas pernas a responder?) A segunda controvérsia está rela­
cionada à interface entre pensam ento e sentimento: será que 
a cognição sempre precede a em oção? (Eu pensei sobre a am e­
aça de seqüestro antes de reagir em ocionalm ente?)
Segundo o senso com um , choram os por estar tristes, xin­
gamos por estar zangados, trememos por estar com medo. Pri­
meiro vem a consciência de nós mesmos, e então observamos 
as respostas fisiológicas. Mas, para o psicólogo pioneiro William 
James, esse senso com um sobre a em oção estava incorreto. De 
acordo com James, “Nós nos sentimos tristes porque chora­
mos, zangados porque brigamos e assustados porque trem e­
m os” (1 8 9 0 , p. 1 0 6 6 ). Talvez você se lembre de alguma vez em 
que seu carro derrapou no asfalto escorregadio. Nesse momento, 
você apertou o freio e readquiriu o controle do veículo. Logo 
após, você se deu con ta do perigo por que passou, percebeu 
seu coração disparado e, então, tremendo de medo, sentiu-se 
inundado pela em oção. Seu sentim ento de medo seguiu sua 
resposta corporal. A ideia de Jam es, tam bém proposta pelo 
fisiologista dinamarquês Carl Lange, é cham ada de teoria de 
James-Lange. Primeiro vem uma resposta fisiológica distinta, 
depois (por observarmos essa resposta) vem a emoção.
A teoria de James-Lange foi considerada implausível pelo 
fisiologista W alter Cannon. Cannon afirmou que as respostas 
corporais não seriam distintas o suficiente para evocar dife­
rentes emoções. A aceleração do coração será um sinal de medo, 
raiva ou am or? Além disso, alterações na frequência cardíaca, 
na transpiração e na tem peratura corporal parecem ser muito 
lentas para deflagrar emoções súbitas. Cannon e, mais tarde, 
outro fisiologista, Philip Bard, concluíram que a resposta fisio­
lógica e nossas experiências em ocionais ocorrem ao mesmo 
tempo: o estímulo que deflagra a emoção é encaminhado simul­
taneam ente para o córtex cerebral, causando a consciência 
subjetiva da emoção, e para o sistema nervoso simpático, cau­
sando a excitação corporal. A teoria de Cannon-Bard implica
afirmar que o coração com eça a disparar quando com eçam os 
a sentir o medo; um não causa o outro. Nossa resposta fisio­
lógica e a em oção vivenciada são duas coisas separadas.
Vamos verificar a compreensão das teorias de James-Lange 
e de C annon-Bard. Imagine que o seu cérebro não pudesse 
sentir o disparo de seu coração ou seu estôm ago cheio. De 
acordo com cada teoria, com o isso afetaria as suas emoções 
experienciadas?
C annon e Bard esperariam que você experienciasse as em o­
ções norm alm ente, pois acreditavam que as em oções ocor­
riam separadam ente da excitação corporal (em bora sim ul­
tan eam en te a ela). Jam es e Langeesperariam um a grande 
redução das em oções, pois acreditavam que para experien- 
ciar a em oção você deveria inicialm ente perceber a excitação 
corporal.
Stanley Schachter e Jerome Singer (1 9 6 2 ) propuseram uma 
terceira teoria: a de que nossa fisiologia e cognição — percep­
ções, m em órias e interpretações — juntas criam a em oção. 
Em sua teoria dos dois fatores, as em oções têm portanto 
dois com p on en tes: excitação física e o rótulo cognitivo 
(FIGURA 1 2 .1 ). Com o Jam es e Lange, Schachter e Singer 
presum iram que a experiência da em oção cresce a partir da 
consciência da resposta corporal. Assim com o Cannon e Bard, 
Schachter e Singer tam bém sustentavam que as emoções eram 
fisiologicamente semelhantes. Assim, a partir dessa perspec­
tiva, um a experiência em ocional exige um a interpretação 
consciente da excitação.
Para avaliar as teorias de James-Lange, C annon-Bard e a 
dos dois fatores, vamos considerar na próxim a seção as res­
postas que os pesquisadores apresentaram para as três per­
guntas a seguir:
• A excitação fisiológica sempre precede a experiência 
em ocional?
• Emoções diferentes são m arcadas por respostas 
fisiológicas diferentes?
• Qual é a relação entre o que pensam os e com o nos 
sentimos?
ANTES DE PROSSEGUIR.
>- P ergunte a S i M esmo
Você se lembra de alguma ocasião em que começou a se 
sentir aborrecido ou constrangido e só depois conseguiu 
identificar esses sentimentos?
Expressão de alegria Segundo a teoria de James-Lange, não 
sorrimos apenas por compartilhar a alegria do time. Também 
compartilhamos a alegria porque estamos rindo com eles.
> Teste a Si Mesmo 1
Christine está segurando seu bebê de 8 meses quando um 
cão feroz surge repentinamente e, com a boca aberta, começa 
a lamber o rosto do bebê. Christine imediatamente puxa o 
bebê e grita com o cão. Só então percebe que seu coração 
está batendo mais forte e ela começa a suar frio. Como as 
teorias de James-Lange, Cannon-Bard e dos dois fatores da 
emoção explicam a resposta emocional de Christine?
As respostas às questões Teste a Si Mesmo podem ser encontradas no 
Apêndice B, no final do livro.
emoção uma resposta de todo o organismo que 
envolve (1 ) excitação fisiológica, (2 ) comportamentos 
expressivos e (3) experiência consciente.
teoria de James-Lange a teoria segundo a qual nossa 
experiência das emoções é nossa consciência das 
respostas fisiológicas a estímulos que as despertam.
steli
Realce
steli
Realce
Visão de um carro 
em sua direção
(percepção do 
estímulo)
Teoria de
Coração acelerado
(excitação)
Medo
(emoção)
James-Lange
Teoria dos Dois Fatores 
de Schachter-Singer
Coração acelerado
(excitação)
Rótulo
cognitivo
Medo
(emoção)
Coração acelerado
(excitação)
“ Estou com medo
Medo
(emoção)
► F IG U R A 12.1 
Teorias da emoção
teoria de Cannon-Bard a teoria segundo a qual um 
estímulo que desperta uma emoção simultaneamente 
desencadeia (1 ) respostas fisiológicas e (2 ) a 
experiência subjetiva da emoção.
teoria dos dois fatores a teoria de Schachter-Singer 
segundo a qual para se experimentar uma emoção é 
preciso (1) estar fisicamente desperto e (2 ) rotular 
cognitivamente a excitação.
Emoção Corporificada
QUER VOCÊ ESTEJA AVIDAMENTE esperando férias há 
m uito planejadas, apaixonado ou triste ou chorando a m orte 
de um a pessoa amada, não são necessários m uitos argum en­
tos para convencê-lo de que as em oções envolvem o corpo. 
Algumas respostas físicas são facilmente percebidas, enquanto 
outras acon tecem sem nos darm os con ta — m uitas vezes 
ocorrendo ao nível dos neurônios.
Emoções e o Sistema Nervoso Autônomo
2 : Qual a relaçáo entre a excitação emocional e o 
sistema nervoso autônomo?
Conform e aprendemos no Capítulo 2, em um a crise, é o seu 
sistem a nervoso autônom o (SNA) que mobiliza seu corpo para
a ação e o acalm a quando passa a crise (FIGURA 1 2 .2 ) . Sem 
nenhum esforço consciente, sua resposta corporal ao perigo 
é m aravilhosam ente coordenada e adaptativa — preparando 
você para lutar ou fugir.
“□ medo lhe dá a sa s nos pés.”
Virgílio, Eneida, 19 a.C.
A divisão sim pática do seu SNA induz as glândulas suprar- 
renais a liberar os horm ônios do estresse, a epinefrina (adre­
nalina) e a norepinefrina (n oradrenalina). Influenciado por 
esse surto horm onal para prover energia, seu fígado despeja 
mais açúcar na corrente sanguínea. Para ajudar a queimar o 
açúcar, sua respiração se acelera para suprir o oxigênio neces­
sário. Seus batim entos cardíacos e sua pressão sanguínea 
aum entam . Sua digestão se torna mais lenta, desviando san­
gue dos órgãos internos para os m úsculos. C om o açúcar se 
dirigindo para os grandes m úsculos, correr se to rn a mais 
fácil. Suas pupilas se dilatam, permitindo m aior entrada de 
luz. Para esfriar seu corpo pronto para a batalha, você trans­
pira. Se for ferido, seu sangue coagulará mais rápido.
Q uando a crise passar, a divisão parassim pática do SNA 
assume o controle, acalm ando o corpo. Os centros neurais 
parassim páticos inibem a liberação de mais horm ônios do
steli
Realce
O Sistema Nervoso Autônomo Controla a Excitação Fisiológica
Divisão
Divisão simpática 
(excitação)
parassimpática
(calma)
Dilatação das pupitas OLHOS Contração das pupilas
Diminui SALIVAÇÃO Aumenta
Transpira PELE Seca
Aumenta RESPIRAÇÃO Diminui
Acelera CORAÇÃO Desacelera
Inibe DIGESTÃO Ativa
Secreta hormônios 
de estresse
GLÂNDULAS
SUPRARRENAIS
Diminui a secreção dos 
hormônios do estresse
> FIGURA 12.2
Excitação emocional Como um centro de controle de crises, o sistema nervoso autônomo excita o corpo em uma crise e o acalma quando o 
perigo termina.
estresse, m as aqueles que já foram liberados na corrente san­
guínea perm anecem ativos por um tem po, fazendo assim a 
excitação diminuir lentam ente.
Em m uitas situações, a excitação é adaptativa. Q uando 
você está fazendo um a prova, m an tém -se em um grau de 
alerta m oderado — atento, m as não trem endo de nervoso 
(FIGURA 1 2 .3 ). Pouca excitação (sonolência, por exemplo) 
pode atrapalhar, e um estado de excitação física prolongado 
cobra um preço ao corpo (veja mais sobre isso mais adiante, 
neste capítulo).
"N inguém n u n ca m e contou que a tr is te z a se p arece 
ta n to com o medo. Não estou com medo, m as a sen sa çã o é 
a m esm a, A m esm a dor no estôm ago, a m esm a 
in q u ietação , os bocejos. Eu vou agu entand o.”
C. S. Lewis, A Grief Observed, 19E1
Em 1966, um jovem chamado Charles W hitm an matou 
a mulher, subiu no to p o de uma to rre na U niversity o f 
Texas e a tirou em 38 pessoas. Uma autópsia mais ta rde 
revelou um tum or no cérebro pressionando a amígdala, 
o que pode te r con tribu ído para a vio lência.
Semelhanças Fisiológicas entre 
Emoções Específicas
3 : Emoções diteremes ativam diferentes respostas 
fisiológicas e padrões cerebrais?
Imagine-se conduzindo um experim ento que m eça as respos­
tas fisiológicas da em oção. Em quatro salas diferentes, um a 
pessoa está assistindo a um filme: na prim eira, a pessoa vê 
um filme de terror; na segunda, um filme que provoca raiva; 
na terceira, um filme sexualmente excitante; e na quarta, um 
filme extrem am ente entediante. Do centro de controle, você
> FIGURA 12.3
Excitação e desempenho Picos de desempenho nos níveis mais 
baixo de excitação para tarefas difíceis, e em níveis mais altos para 
tarefas mais fáceis ou bem aprendidas. Assim, os corredores em geral 
atingem seu pico de desempenho quando estão altamente excitados 
pela competição. Mas, diante de uma prova difícil, a alta ansiedade 
pode afetar o desempenho. Ensinar estudantes ansiosos a relaxar 
antes de uma prova os ajuda a obter melhor desempenho (Hembree, 
1988).
Alto
Tarefas difíceis Tarefas fáceis
Nível de 
desempenho
Baixo
Baixo
Excitação
steli
Realce
steli
Realce
Excitação emocionai A excitação por motivo de alegria e por 
pânico envolve estímulos emocionais semelhantes. Essa semelhança 
permite a rápida alternânciaentre as duas emoções.
m onitora a resposta fisiológica de cada um a delas, medindo 
a transpiração, a respiração e a frequência cardíaca. Você acha 
que seria capaz de identificar quem se sente assustado, zan­
gado, sexualmente excitado ou entediado?
Com treinam ento, provavelmente você acertaria a pessoa 
que está entediada. Mas discernir as diferenças fisiológicas 
entre medo, raiva e excitação sexual seria muito mais difícil 
(Barrett, 2 0 0 6 ) . Diferentes emoções não têm assinaturas bio­
lógicas acentuadam ente distintas.
Para você e para m im , medo, raiva e excitação sexual são 
sentidos de form as diferentes. E, a despeito de produzirem 
um a excitação semelhante, medo e raiva m uitas vezes pare­
cem diferentes. Pessoas podem parecer “paralisadas de m edo” 
ou “prontas para explodir”. Será então que os pesquisadores 
são capazes de apontar algum indicador fisiológico ou padrão 
cerebral d istinto para cada em oção? Às vezes. C on tin u e 
lendo.
Diferenças Fisiológicas entre 
Emoções Específicas
Os pesquisadores identificaram distinções fisiológicas, embora 
sutis, entre as em oções. A tem peratura dos dedos e as secre­
ções horm onais que acom panham o medo e a raiva podem, 
em alguns casos, ser diferentes (Ax, 1 953 ; Levenson, 1 9 9 2 ). 
E, embora o medo e a alegria possam determ inar um aum ento 
semelhante na frequência cardíaca, eles estimulam músculos 
faciais diferentes. Durante o medo, os músculos dos super- 
cílios se contraem . Em m om entos de alegria, os músculos da 
bochecha e da parte de baixo dos olhos são puxados de m odo 
a form ar um sorriso (W itvliet e Vrana, 1 9 9 5 ).
As emoções se diferenciam muito mais pelos circuitos cere­
brais que utilizam (Panksepp, 2 0 0 7 ) . Com parados a obser­
vadores que olham faces que aparentam raiva, aqueles que 
observam faces que aparentam medo (a quem im itam leve­
m ente) apresentam mais atividade na amígdala, o centro de 
controle em ocional no sistema límbico do cérebro (W halen 
et al., 2 0 0 1 ) . (A amígdala cerebral tam bém oferece um ata­
lho para algum as das nossas respostas em ocionais, com o 
veremos mais adiante neste capítulo.) Tomografias do cére­
bro e eletroencefalogramas m ostram que as emoções tam bém 
ativam diferentes áreas do córtex cerebral, com alguma ten ­
dência de as em oções negativas se ligarem ao hem isfério 
direito e as em oções positivas, ao hem isfério esquerdo. O 
desgosto, por exemplo, dispara mais atividades no córtex pré-
fron tal direito do que no esquerdo. Pessoas propensas à 
depressão e aquelas com personalidades geralmente negati­
vas tam bém dem onstram mais atividade frontal direita (H ar- 
m on-Jones et al., 2 0 0 2 ) .
O hum or positivo tende a disparar mais atividade do lobo 
frontal esquerdo. As pessoas com personalidades positivas — 
exuberantes na infância e adultos alertas, entusiásticos, enér­
gicos e persistentemente focados em m etas — tam bém apre­
sentam mais atividade no lobo frontal esquerdo do que no 
direito (Davidson, 2 0 0 0 ,2 0 0 3 ; U rryet al., 2 0 0 4 ) . Na verdade, 
quanto mais a atividade basal do lobo frontal pende para a 
esquerda — ou é levada à esquerda pela atividade perceptiva 
—, mais otim ista a pessoa é (Drake e Myers, 2 0 0 6 ) . Lesões 
cerebrais podem deslocar a atividade para a esquerda. Um 
hom em , tendo perdido parte de seu lobo frontal direito em 
u m a cirurgia cerebral, se torn ou — com o sua feliz m ulher 
relatou — m enos irritável e mais afetivo (G olem an, 1 9 9 5 ). 
Após um derrame no hemisfério direito aos 92 anos, meu pai 
viveu os dois últimos anos de vida em feliz gratidão sem nunca 
expressar descontentam ento ou um a em oção negativa.
O rico suprim ento de receptores de dopam ina no lobo 
frontal esquerdo pode ajudar a explicar por que um vigoroso 
hem isfério esquerdo se correlacion a a um a personalidade 
ativa. Um a via neural que au m enta os níveis de dopam ina 
vai dos lobos frontais até um grupam ento próxim o de neu­
rônios, o nucleus accumbens. Essa pequena região se ilum ina 
quando as pessoas vivenciam prazeres naturais ou induzi­
dos por m edicam entos. (Q uando você está feliz e sabe disso, 
seu cérebro certam en te o d em o n strará .) N os estudos de 
caso, o estím ulo elétrico do nucleus accumbens de pacientes 
deprimidos causou sorrisos, risadas e euforia (O kun et al.,
2 0 0 4 ) .
* * *
Vimos que emoções tão diversas com o medo, alegria e raiva 
envolvem um a excitação autônom a geral semelhante (com o 
m esm o ritm o cardíaco). Vimos tam bém que existem diferen­
ças psicológicas e cerebrais reais, embora sutis, entre as em o­
ções. C om o essas novas evidências afetam a avaliação das 
teorias da em oção de James-Lange, Cannon-Bard e dos dois 
fatores? A evidência de distinções reais entre as emoções torna 
a teoria de James-Lange plausível. Observações de pessoas que 
sofreram lesões na medula oferecem com provação adicional. 
O psicólogo George H ohm ann (1 9 6 6 ) pediu a 25 soldados 
que sofreram esse tipo de lesão na Segunda Guerra Mundial 
que lembrassem de incidentes que provocaram emoções ocor­
ridos antes e depois de suas lesões. Aqueles com lesões na 
parte inferior da medula, que perderam as sensações apenas 
das pernas, relataram pouca m udança em term os das em o­
ções. Mas, com o James e Lange esperavam, aqueles com lesões 
mais graves abaixo do pescoço inform aram um a redução con­
siderável na intensidade emocional. A raiva, com o um homem 
observou, “não tem o calor que costumava ter. É um a espécie 
de raiva m en tal” . Aqueles com lesões na parte superior da 
m edula espinhal experienciaram suas em oções mais acim a 
do pescoço. Relataram aum entos de episódios de choro, nós 
na garganta, engasgos ao rezar, em despedidas ou assistindo 
a um filme em ocionante. Essas evidências, acreditam alguns 
pesquisadores, confirm am a visão de que os nossos sentim en­
tos são “principalm ente sombras” das nossas respostas cor­
porais e com portam entos (D am asio, 2 0 0 3 ) .
Será que isso significa que C annon e Bard estavam erra­
dos? Não. A m aioria dos pesquisadores agora concorda que 
as nossas emoções vivenciadas tam bém envolvem a cognição, 
o próximo tópico deste capítulo (Averill, 1993 ; Barrett, 2 0 0 6 ) . 
Sentir medo de um hom em que nos segue em um a rua escura
steli
Realce
steli
Realce
steli
Realce
steli
Realce
steli
Realce
depende inteiram ente da nossa interpretação de suas ações 
com o am eaçadoras ou amigáveis. Assim, com Jam es e Lange, 
podemos afirmar que as reações do nosso corpo são um ingre­
diente im portante da em oção. E, com C annon e Bard, pode­
m os afirm ar que existe mais na experiência da em oção do 
que ler as respostas dos nossos corpos. Se esse não fosse o 
caso, os detectores de m entira seriam infalíveis, o que não é 
verdade (con su lte a seção Pensando C riticam en te Sobre: 
Detecção de M entiras).
Cognição e Emoção
........ • ..................................................................................... ..................
4 : Para vivenciar emoções, devemos 
conscientemente interpretá-las e identificá-las?
Qual a relação entre o que pensam os e o que sentimos? Qual 
é a galinha, qual é o ovo? Podemos experienciar a em oção 
sem pensar? Ou será que nos tornam os o que pensamos?
A Cognição Pode Definir a Emoção
Às vezes, nossa resposta a um evento é transferida para a res­
posta que dam os a outro evento. Imagine chegar em casa 
depois de um a corrida revigorante e encontrar um a m ensa­
gem dizendo que você conseguiu aquele emprego tão dese­
jado. C om a excitação da corrida ainda presente, você se sen­
tiria m ais alegre se tivesse recebido essa n otícia depois de 
despertar de um cochilo?
O efeito de transbordam ento A excitação provocada por um jogo 
de futebol pode alimentar a raiva, que pode se transformar em 
tumulto ou em outros tipos de confrontos violentos.
Para descobrir se esse efeito de transbordamento existe, Stan­
ley Schachter e Jerom e Singer(1 9 6 2 ) estim ularam alunos 
universitários do sexo m asculino com injeções do horm ônio 
epinefrina (ad ren alina). Im agine-se com o um dos partici­
pantes desse estudo: depois de receber a injeção, você vai para 
um a sala de espera, onde encontra outra pessoa (n a verdade, 
um cúmplice dos autores do experim ento) que está eufórica
P E N S A N D O C R I T I C A M E N T E S O B R E
Detecção de Mentiras
Será que testes do poligrafo como este conseguemsera qu 
identifiicar os mentirosos? Para saber mais, continue lendo.
Os criadores e usuários do de tec to r de mentiras, ou poligrafo, 
acreditam que nossos indicadores físicos das emoções podem 
ser um equiva lente ao nariz do P inóquio para denunciar os 
m entirosos. Na verdade, os po lígrafos não de tectam lite ra l­
m ente a m entira, e sua precisão vem sendo questionada à
m edida que aum enta o nosso en tend im ento das dimensões 
fis io lóg icas das emoções.
Os polígrafos medem várias respostas físicas que acom pa­
nham a emoção, com o alterações na respiração, na atividade 
cardiovascular e na transpiração. Um examinador m onitora suas 
respostas à medida que você responde às perguntas. Alguns 
itens, chamados de testes-controle, têm o propósito de deixar 
qualquer um nervoso. Ao responder a "nos últim os 20 anos 
você pegou algo que não lhe pertencia?” , muitas pessoas dirão 
uma pequena m entira respondendo não, causando alterações 
físicas que a máquina detectará. Se suas reações físicas a ques­
tões críticas ( “você já roubou algo de seu últim o patrão?” ) forem 
mais fracas que as das reações ao controle, o examinador infe­
rirá que está sendo dita a verdade.
Mas existem dois problemas: em prim eiro lugar, nossa exci­
tação fis io lóg ica é m u ito sem elhante en tre uma em oção e 
ou tra — ansiedade, em oção e culpa estim ulam uma reação 
fis io lóg ica semelhante. Em segundo lugar, esses testes erram 
em um te rço das vezes, especialm ente quando pessoas ino­
centes respondem com um aum ento da tensão a acusações 
im plícitas pelas perguntas críticas (FIGURA 12.4). Muitas v íti­
mas de estupro por exem plo "fa lham ” ao de tec to r de m en ti­
ras quando reagem de form a em ocional ao falarem a verdade 
sobre a agressão (Lykken, 1991).
Um relatório da US National Academ y o f Sciences de 2002 
observou que “ nenhum espião fo i pego pelo uso do po lig ra fo” . 
Não foi por falta de tentativas. O FBI, a CIA e o Departam ento 
de Defesa e Energia nos Estados Unidos gastaram milhões de 
dólares testando dezenas de milhares de empregados. Enquanto 
isso, A ldrich Ames, espião russo in filtrado na CIA, que tinha um 
padrão de vida inexplicavelm ente esbanjador, não fo i detec-
( C o n t in u a )
Porcentagem 8 0 %
70 
60 
50 
40 
30 
20 
10 
0
XS Inocentes segundo o polígrafo
I Culpados segundo o polígrafo
> FIGURA 12.4
Com que frequência os detectores de mentira 
mentem? Benjamin Kleinmuntz e Julian Szucko (1984) fizeram 
especialistas em polígrafo estudarem dados de 50 suspeitos de 
roubo que posteriormente, confessaram sua culpa e de 50 
suspeitos cuja inocência foi posteriormente determinada pela 
confissão de outra pessoa. Se os polígrafos especialistas fossem 
os juizes, mais de 1/3 dos inocentes teria sido declarado culpado 
e quase 1/4 dos culpados teria sido declarado inocente.
tado. Ames fez “vários testes do polígrafo e passou por todos” , 
relatou Robert Park (1999). "N inguém pensou em estudar sua 
súbita melhora de padrão de vida — afinal de contas, ele havia 
passado por todos os testes com os detectores de m entira” . A 
verdade é: os detectores de mentira podem mentir.
Uma abordagem mais e fic ien te para de tecta r m entira usa 
o teste da culpa conhecida, que avalia as respostas fis io lóg i­
cas do suspeito com detalhes sobre a cena do crim e que ape­
nas a polícia e o cu lpado podem conhecer (Ben-Shakhar e 
Elaad, 2003). Se uma câmera e um com putador tiverem sido 
roubados, por exem plo, presum ivelm ente, apenas o culpado 
reagiria fo rtem ente quando as marcas da câmera ou do com ­
pu tador fossem especificadas. Com provas específicas sufi­
cientes, uma pessoa inocente raram ente será acusada.
Inocentes Culpados >- FIGURA 12.5
Pernas curtas Uma ressonância magnética funcional 
identificou duas áreas do cérebro que se tornam especialmente 
ativas quando um participante mente sobre ter um cinco de 
paus na mão.
Várias equipes de pesquisa do século XXI estão explorando 
novas maneiras de pegar os mentirosos. Algumas estão desen­
volvendo um softw are de com putador que com para a lingua­
gem utilizada por aqueies que dizem a verdade e a dos m en­
tirosos (que usam menos pronom es pessoais e mais palavras 
que expressam emoções negativas). O utro so ftw are analisa 
as m icroexpressões faciais ligadas à m entira (Adelson, 2004 ; 
Newman et al., 2003). O psicólogo Paul Ekman (2 0 0 3 ) rea li­
zou seminários de tre inam ento para ensinar os ofic ia is da lei 
a d e te c ta r os supostos sinais passageiros da m en tira nas 
expressões faciais.
O utros pesquisadores estão indo d ire to ao cen tro da m en­
tira — o cérebro. Registros de eletroencefa logram as revela­
ram ondas cerebrais que indicam fam iliaridade com cenas do 
crime, e exames de ressonância magnética funcional m ostram 
os cérebros dos m entirosos se ilum inando em locais que não 
se ilum inam nos cérebros de pessoas honestas (Langleben et 
al., 2002, 2005, 2006). O sinal que entregou Pinóquio talvez 
não seja o tam anho do seu nariz, mas a reveladora ativ idade 
em locais com o seu lobo fron ta l esquerdo e o córtex c ingu- 
lado an terio r, que se to rna a tivo quando o cérebro in ibe a 
pessoa de dizer a verdade (FIGURA 12.5). Um novo p ro je to 
de “ Lei e Neurociências” de US$ 10 milhões, liderado pelo psi­
có logo Michael Gazzaniga, tem com o ob je tivo avaliar os usos 
apropriados da nova tecnologia por aqueles que buscam iden­
tif ic a r terroristas, condenar crim inosos e p ro tege r os inocen­
tes (D ingfe lder, 2007).
ou irritada. Ao observar essa pessoa, você com eça a sentir seu 
coração disparar, seu corpo esquentar, e sua respiração fica 
ofegante. Se lhe tivessem dito que esses efeitos eram espera­
dos devido à injeção, o que você sentiria? Os voluntários de 
Schachter e Singer sentiram pouca em oção — porque atribu­
íram sua excitação ao m edicam ento. Mas, se lhes fosse dito 
que a injeção não produziria efeitos, o que você sentiria? Tal­
vez reagisse com o os membros do outro grupo de participan­
tes, que “cap taram ” a em oção aparente da pessoa que esta­
vam observando — ficando felizes se o outro participante 
estivesse agindo de form a eufórica, m al-hum orados caso o 
com portam ento fosse irritado.
A descoberta — de que um estado resultante de um a pro­
vocação pode ser vivenciado com o u m a em oção ou outra 
muito diferente, dependendo da form a com o a interpretamos 
e o rotulam os — vem sendo replicada em dezenas de experi­
m entos. Insulte pessoas que acabaram de pedalar em um a
bicicleta ergom étrica ou de assistir a um vídeo de rock e facil­
m ente elas atribuirão equivocadam ente a excitação delas à 
provocação. A raiva excederá a de outras pessoas que foram 
provocadas de form a semelhante e não submetidas a estím u­
los anteriores. Da m esm a form a, pessoas sexualmente exci­
tadas reagem com mais hostilidade em situações que provo­
cam raiva. E, vice-versa, a excitação que persiste após um a 
discussão acalorada ou um a experiência assustadora pode 
intensificar a paixão sexual (Palace, 1 9 9 5 ). Exatam ente com o 
a teoria dos dois fatores de Schachter-Singer prevê: excitação 
+ rotulação = em oção. A excitação em ocional talvez não seja 
tão indiferenciada com o acreditavam Schachter e Singer, mas 
a excitação por em oções tão diferentes quanto raiva, medo e 
excitação sexual pode de fato ser transferida de um a em oção 
para outra (Reisenzein, 1 9 8 3 ; Sinclair et al., 1 994 ; Zillmann,
1 9 8 6 ) . Ponto a lem brar:A excitação alim enta a em oção; a 
cognição a canaliza.
steli
Realce
steli
Realce
steli
Realce
A Cognição nem Sempre 
Precede a Emoção
O coração está sempre sujeito à mente? Robert Zajonc (1 9 8 0 ; 
1 9 8 4 a ) argum enta que realmente temos muitas reações em o­
cionais que estão separadas ou m esm o são formadas antes 
das nossas in terpretações das situações. Im agine receber 
alguma notícia inquietante. Você descobre que esqueceu um 
prazo im portante ou que m agoou alguém. À medida que a 
continuação da conversa distrai sua atenção, você deixa de 
pensar na notícia ruim . Ainda assim, o sentim ento está pre­
sente. Você se sente um pouco m al. Sabe que existe um 
m otivo, m as não consegue identificá-lo naquele m om ento. 
A excitação perm anece, m as sem identificação.
"□s sentim entos interpretados como medo diante de uma 
simples gota podem ser considerados desejo diante de 
uma simples blusa.”
Daniel Gilbert, Stumbling on H appiness, 2006
Você se recorda de algo ou de alguém de que 
tenha gostado imediatamente sem saber o porquê?
Nos capítulos anteriores, observamos que quando as pes­
soas repetidamente viam estímulos apresentados rapidamente 
demais para que pudessem ser interpretados, m uito m enos 
identificados, ainda assim preferiam esses estím ulos. Sem 
estar conscientem ente cientes de terem visto os estímulos, 
ainda assim se apegam a eles. Com o confirm a um estudo da 
Universidade de Amsterdã, parecemos ter um radar autom á­
tico sensível a informações com carga em ocional significativa 
(Zeelenberg et al., 2 0 0 6 ) . Quando os pesquisadores apresen­
tavam u m a palavra positiva ou negativa de quatro letras 
(com o kiss [beijo] ou dead [m orto]), as pessoas as identifica­
vam mais prontam ente do que um a palavra neutra com um 
(com o fa to ).
Um estímulo subliminar, com o um sorriso, um rosto zan­
gado ou um a cena desagradável, tam bém pode ativar previa­
m ente um hum or ou em oção específica, e isso nos levar a 
nos sentir m elhor ou pior em relação a um estímulo subse­
quente (M urphy et al., 1 995 ; Ruys e Stapel, 2 0 0 8 ) . Em um 
grupo de experim entos, pessoas com sede receberam um a 
bebida com sabor de fruta depois de ver um a imagem subli­
m in ar (p o rtan to não percebida) de um rosto. As pessoas 
expostas a um rosto sorridente beberam 50% mais do que as 
expostas a um rosto neutro (Berridge e W inkielm an, 2 0 0 3 ) . 
Aqueles que viam um rosto zangado bebiam substancialmente 
menos.
poligrafo máquina normalmente usada em tentativas 
de detectar mentiras, que mede várias respostas 
fisiológicas que acompanham a emoção (como 
mudanças na transpiração, na respiração e no sistema 
cardiovascular).
A pesquisa em neurociência nos ajuda a compreender esses 
achados surpreendentes. Com o reflexos rápidos que funcio­
nam distantes do córtex cerebral responsável pelos pensa­
m en tos, algum as em oções exigem o que Joseph LeDoux 
(2 0 0 2 ) cham a “segunda via”, por cam inhos neurais que se 
desviam do córtex (que oferece o cam inho alternativo pri­
m eira via). A segunda via vai direto dos olhos ou ouvidos 
através do tálam o até a am ígdala, sem passar pelo córtex 
(FIGURA 1 2 .6 ). Esse atalho permite um a resposta em ocio­
nal im ediata antes que o intelecto intervenha. A reação da 
amígdala é tão rápida que podemos não ficar cientes do que 
aconteceu (Dimberg et al., 2 0 0 0 ) . Em um experim ento fas­
cinante, Paul W halen e seus colegas (2 0 0 4 ) usaram exames 
de ressonância m agnética funcional para observar a resposta 
da am ígdala a olhos assustados apresentados sublim inar- 
m ente (FIGURA 1 2 .7 ). Com parados com um a condição de 
controle que apresentou olhos felizes, os olhos assustados 
geraram m aior atividade da amígdala (apesar de ninguém ter 
consciência de tê-los visto).
A amígdala envia mais projeções neurais para o córtex do 
que recebe. Isso faz com que seja mais fácil os sentim entos 
tom arem conta dos pensamentos do que o inverso, observa­
ram LeDoux e Jorge Armony (1 9 9 9 ) . Na floresta, nos alarm a­
mos imediatamente com o som proveniente dos arbustos pró­
ximos, deixando que o córtex decida posteriormente se o som 
foi feito por um predador ou apenas pelo vento. Tal experiên-
Estímulo 
do medo
(a) A via secundária, rápida (b) A via principal, reflexiva
> FIGURA 12.6 
O atalha da cérebro para as 
emoções Em um cérebro de duas vias, 
a entrada sensorial pode ser enviada 
(a) diretamente para a amígdala (via 
tálamo), com a finalidade de produzir 
uma resposta emocional mais 
instantânea, ou (b) para o córtex, para 
análise.
Estímulo 
do medo
Resposta
do medol
Resposta 
do medo
Córtex
pré-frontal
Córtex
sensorial
steli
Realce
O o
Olhos Olhos
assustados felizes
► FIGURA 12.7
A sensibilidade do cérebro a ameaças Mesmo quando olhos 
assustados (à esquerda) foram apresentados de forma rápida demais 
para que as pessoas os percebessem conscientemente, exames de 
ressonância magnética funcional revelaram que suas amígdalas 
supen/igilantes estavam alertas (Whalen et al., 2004). Os olhos felizes 
à direita não causaram esse efeito.
cia apoia a crença de Zajonc de que algumas de nossas reações 
emocionais não envolvem pensamentos deliberados.
O pesquisador das em oções Richard Lazarus (1 9 9 1 ,1 9 9 8 ) 
afirma que os nossos cérebros processam e reagem a enormes 
quantidades de informações sem nossa percepção consciente, 
alegando que algumas reações em ocionais não precisam do 
nosso pensam ento consciente. Boa parte da nossa vida em o­
cional opera através da segunda via, autom ática, fácil e rápida. 
No entanto, ele observou, m esm o em oções sentidas instan­
taneam ente requerem algum tipo de avaliação cognitiva da 
situação; caso contrário, com o saberíam os contra o que esta­
mos reagindo? A avaliação pode ser fácil e talvez não tenha­
m os consciência dela, mas ainda assim é um a função m en­
tal. Para saber se algo é bom ou ruim , o cérebro deve ter 
alguma ideia do que se trata (Storbeck et al., 2 0 0 6 ) . Assim, 
as emoções surgem quando avaliamos um evento com o bené­
fico ou prejudicial ao nosso bem -estar, quer saibamos disso 
ou não. Avaliamos o som proveniente dos arbustos com o a 
presença de um a am eaça; só depois percebemos que era “ape­
nas o vento”.
Para resumir, com o Zajonc e LeDoux dem onstraram , algu­
mas respostas em ocionais — especialmente gostos, desgostos 
e medos com uns — não envolvem o pensam ento consciente 
(FIGURA 1 2 .8 ). Podemos ter medo de um a aranha, m esm o 
“sabendo” que ela é inofensiva. Tais respostas são difíceis 
de alterar pela simples m udança de nosso pensam ento.
O cérebro em ocional influencia até m esm o as decisões 
políticas das pessoas, levando m uitas a votar em candidatos 
de quem gostam autom aticam ente em detrim ento de outro 
que talvez expresse posições mais próxim as às suas. Quando 
os eleitores são subm etidos a u m a to m o grafia cerebral 
enquanto observam os candidatos, seus circuitos da em oção 
estão mais ligados do que seus lobos frontais racionais (W es­
ten, 2 0 0 7 ) .
M as, com o acon tece com outras em oções — incluindo 
estados de espírito, com o depressão e sentim entos com ple­
xos, com o ódio, culpa, felicidade e am or —, nossos sentim en­
tos sobre a política, segundo previsto por Lazarus, Schachter 
e Singer, são enorm em ente influenciados por nossas m em ó­
rias, expectativas e interpretações. Pessoas altam ente em o-
Avaliação
- t ---------- Lazarus/
Schachter-Singer
Evento Resposta
emocional
Zajonc/LeDoux
> FIGURA 12.8
Outro exemplo de processamento dual: duas vias para a 
emoção Como Zajonc e LeDoux enfatizaram, algumas respostas 
emocionais são imediatas, antes de qualquer avaliação consciente. De 
acordo com Lazarus, Schachter e Singer, nossa avaliação e rotulação 
dos eventos também determinam nossas respostas emocionais.
cionais são intensas em parte por causa de suas interpreta­
ções. Elas podem personalizar eventos com o estando de alguma 
form a direcionadosa elas, e podem generalizar suas experi­
ências reagindo de form a desproporcional a incidentes úni­
cos (Larsen et al., 1 9 8 7 ). Ao lidar com em oções complexas, 
com o veremos no Capítulo 14, aprender a pensar de form a 
m ais positiva pode ajudar as pessoas a se sen tir m elhor. 
Embora a segunda via funcione autom aticam ente, a primeira 
via nos permite reassumir algum controle sobre nossa vida 
em ocional.
Um testem u nh o dram ático sobre a inter-relação entre 
em oção e cognição vem dos pacientes de Antonio Damasio 
(1 9 9 4 , 2 0 0 3 ) que sofreram lesões cerebrais e aparentem ente 
não sentiam em oções. Ele criou um jogo de cartas simples 
no qual, após várias tentativas, as pessoas poderiam ganhar 
ou perder dinheiro. Sem lesões cerebrais, a m aioria das pes­
soas ganha dinheiro na medida em que as emoções geradas 
por seu cérebro inconsciente descobrem as coisas antes do 
seu raciocínio consciente. Sem esses sentim entos para infor­
m ar seu pensam ento, os pacientes sem em oções em geral 
perdem dinheiro. Isso dem onstra mais um a vez que as nossas 
m entes de duas vias incluem um inconsciente inteligente. A 
em oção autom ática e o pensam ento consciente juntos tecem 
a tram a das nossas mentes (Forgas, 2 0 0 8 ) .
ANTES DE PROSSEGUIR...
>• P ergunte a Si M esmo
Você lembra de algum evento recente em que percebeu que 
suas reações corporais a uma situação emocionalmente 
desafiadora, como um encontro social difícil ou talvez 
mesmo um teste ou um jogo que o estavam preocupando por 
antecipação? Você viveu a situação como um desafio ou 
como uma ameaça? Como você se saiu?
> Teste a Si Mesmo 2
Como as duas divisões do sistema nervoso autônomo nos 
ajudam a responder a uma crise a nos recuperarmos dela, e 
por que isso é relevante ao estudo das emoções?
As respostas às questões Teste a Si Mesmo podem ser encontradas no 
Apêndice B. no final do livro.
steli
Realce
steli
Realce
Emoção Expressada
•#•••••••••••••••••• t t H H I H ••••••• • • • f !*•••••• •
5 : Como nos comunicamos de forma nao verbal?
EXISTE UM OUTRO MÉTODO SIMPLES DE decifrar as em o­
ções das pessoas: nós lemos seus corpos, ouvimos seu tom 
de voz e estudamos seus rostos. O com portam ento das pes­
soas revela sua em oção. Será que a linguagem não verbal varia 
conform e a cultura, ou é universal? Será que as nossas expres­
sões influenciam as em oções experienciadas?
“Vossa face, meu senhor, é um livro no qual os homens 
leem estranhas coisas."
Lady Macbeth ao marido, em 
M acbeth, de William Shakespeare
Detectando a Emoção
Todos nós nos com unicam os de form a tan to verbal quanto 
não verbal. Para os ocidentais, um firme aperto de m ão im e­
diatam ente transm ite um a personalidade extrovertida (C h a- 
plin et al., 2 0 0 0 ) . Com um olhar, baixando os olhos ou enca­
rando fixamente, podemos com unicar intimidade, submissão 
ou dom inação (Kleinke, 1 9 8 6 ). Entre os apaixonados, o olhar 
para o ou tro é tipicam en te prolongado e m ú tu o (Rubin, 
1 9 7 0 ) . Joan Kellerm an, Jam es Lewis e Jam es Laird (1 9 8 9 ) 
ponderaram se esses olhares íntim os podem criar tais senti­
m entos entre estranhos. Para descobrir, eles pediram a pares 
de hom ens e mulheres desconhecidos para se olharem inten­
sam ente por 2 m inutos ou para suas mãos ou nos olhos do 
ou tro . Após serem separados, os casais relataram sentir 
pequena atração e afeição.
A maioria de nós costum a ser capaz de ler os sinais não ver­
bais e decifrar as emoções em um filme mudo de antigamente. 
Somos especialmente bons para detectar ameaças não verbais. 
Mesmo quando ouvimos emoções transmitidas em outra lín­
gua, as pessoas mais prontam ente detectam a raiva (Scherer 
et al., 2 0 0 1 ). Quando palavras são apresentadas de forma subli­
minar, é mais freqüente percebermos a presença de um a pala­
vra negativa com o bomba ou cobra (Dijksterhuis e Aarts, 2 0 0 3 ). 
Em um grupo de rostos, um a única face raivosa vai se destacar 
mais rápido que um a única face alegre (Fox et al., 2 0 0 0 ; H an­
sen e Hansen, 1988 ; Õ hm an et al., 2 0 0 1 ) .
A experiência tam bém pode nos sensibilizar para determ i­
nadas emoções, com o dem onstrado por alguns experimentos 
usando um a série de rostos (com o os da FIGURA 12.9) que 
passam do m edo (o u tristeza) para a raiva. D iante desses
Qual dos sorrisos de Paul Ekman é falso e qual é verdadeiro? O
sorriso à direita utiliza os músculos faciais de um sorriso natural.
rostos, crianças que sofreram abusos físicos são m uito mais 
rápidas para identificar os sinais de raiva. Diante de um rosto 
que é 60% medo e 40% raiva, elas têm m aior probabilidade 
de perceber o m edo com o sendo raiva. Suas percepções se 
to rn aram m ais sensíveis a pequenos sinais de perigo que 
crianças que não sofreram abuso não percebem.
Os m úsculos faciais são difíceis de con trolar e revelam 
sinais de em oções que estam os tentando esconder. Erguer 
somente a parte interna das sobrancelhas, o que apenas algu­
mas pessoas fazem conscientem ente, revela desagrado ou pre­
ocupação. Sobrancelhas erguidas e juntas significam medo. 
A ativação dos músculos que estão abaixo dos olhos e a ele­
vação das bochechas sugerem um sorriso natural. Um sorriso 
falso, com o o que fazemos para um fotógrafo, costum a durar 
4 ou 5 segundos. A m aior parte das expressões autênticas já 
terá acabado nesse tem po. Sorrisos falsos tam bém podem 
aparecer e desaparecer de form a mais abrupta que um sorriso 
espontâneo (Bugental, 1 9 8 6 ) .
Nossos cérebros são na verdade fantásticos detectores de 
expressões sutis. Elisha Babad, Frank Bernieri e Robert Rosen- 
th al (1 9 9 1 ) verificaram isso ao gravar professores falando 
para crianças que não podiam ver. Um simples clipe de 10 
segundos do rosto ou da voz do professor era suficiente para 
fornecer pistas, tanto para observadores jovens quanto para 
experientes, para que determinassem se os professores gosta­
vam e admiravam os alunos em questão. Em outro experi­
m ento, ver um rosto por apenas um décimo de segundo era 
suficiente para as pessoas julgarem se alguém era ou não con ­
fiável (W illis e Todorov, 2 0 0 6 ) . Q uando os pesquisadores 
em baçam ou ocultam os rostos para causar distração, as pes­
soas ainda dem onstram um a incrível habilidade para reco­
nhecer em oções distintas (Sm ith et al., 2 0 0 5 ) . A exposição 
de partes diferentes do rosto demonstrou que os olhos e a boca 
são as mais reveladoras, pois lemos o medo e a raiva princi­
palmente nos olhos, e a alegria na boca (Adolphs, 2 0 0 6 .)
> FIGURA 12.9
A experiência influencia o modo como percebemos as emoções Apresentando faces que modificam sua expressão de medo ou tristeza 
para raiva, ou misturando tais emoções, crianças que sofreram abuso foram mais propensas a perceber os rostos como expressões de raiva 
(Pollak e Kistler, 2002; Pollak e Tolléy-Schell, 2003).
Apesar da capacidade dos nossos cérebros para detectar emo­
ções, acham os difícil identificar expressões enganosas (Porter 
e ten Brinke, 2 0 0 8 ) . No m undo todo, acredita-se que um sinal 
revelador da m entira é evitar o olhar de alguém (Bond et al.,
2 0 0 6 ). Talvez o ex-presidente George W. Bush tivesse isso em 
mente quando afirmou para as tropas norte-am ericanas em 
Bagdá que ele tinha vindo “olhar nos olhos do primeiro-minis­
tro Maliki para determ inar se ele estava tão dedicado à liber­
dade do Iraque quanto os soldados” (Burns e Filkins, 2 0 0 6 ) . 
Ainda assim, em um a sinopse de 2 0 6 estudos sobre com o dis­
tinguir a verdade da mentira, as pessoas reportaram um grau 
de precisão de apenas 54% — ligeiramente melhor do que lan­
çar um a moeda (Bond e DePaulo, 2 0 0 6 ) . Além disso, ao con­
trário das alegações de que alguns especialistas conseguem 
identificar mentiras, as pesquisas disponíveis indicam que pra­
ticam ente ninguém supera os resultados obtidos pela m era 
sorte (Bond e DePaulo, 2 0 0 8 ) .
Algumas pessoas, no entanto, são mais sensíveis do que outras 
paraidentificar essas pistas físicas. Robert Rosenthal, Judith Hall 
e seus colaboradores (1 9 7 9 ) descobriram isso mostrando a cen­
tenas de pessoas filmes curtos de porções de faces ou corpos 
expressivos em ocionalm ente, às vezes adicionando um a voz 
truncada. Por exemplo, após uma cena de 2 segundos revelando 
apenas a face contrariada de um a mulher, os pesquisadores per­
guntavam se a mulher estava criticando alguém por estar atra­
sado ou se estava falando sobre o seu divórcio. Rosenthal e Hall 
relataram que algumas pessoas eram muito melhores que outras 
para detectar a emoção. Introvertidos tendem a ser melhores na 
leitura de emoções alheias; já extrovertidos são mais fáceis de 
serem lidos (Ambady et al., 1 9 95 ).
Gestos, expressões faciais e tons de voz estão todos ausen­
tes na com unicação pelo computador. Mensagens por correio 
eletrônico (e-m ail) às vezes incluem emoticons, ou ícones que 
representam as em oções, com o ; - ) para indicar um a pisca­
dela de um conhecido e :- ( para expressar aborrecim ento. 
Mas o correio eletrônico e as discussões pela internet não 
propiciam as pistas não verbais de status, idade e personali­
dade. Ninguém sabe com o você se parece nem sabe nada que 
indique sua condição; você é julgado som ente por suas pala­
vras. As pessoas geralmente se surpreendem em um primeiro 
encontro face a face com um interlocutor virtual.
Também é fácil ler de m odo equivocado com unicações por 
e-mail, em que a ausência de expressões em ocionais pode dar 
margem a emoções ambíguas. Da m esm a form a, a ausência 
de nuanças vocais que sinalizam se um a afirm ação é séria, 
brincalhona ou sarcástica torna difícil a interpretação. A pes­
quisa de Justin Kruger e seus colaboradores (2 0 0 5 ) m ostra 
que os internautas geralmente pensam que sua intenção de 
estar “apenas brincando” está sempre clara, quer se com u ­
niquem por e-m ail ou por voz. Mas, em geral, dem onstram 
egocentrism o ao não prever interpretações errôneas diante 
da falta de pistas não verbais.
Utilizada com o arma na guerra contra as rugas, a 
toxina botu lín ica paralisa os músculos faciais que 
criam as rugas, perm itindo à pele sobrejacente relaxar 
e perm anecer lisa. Será que o desaparecim ento 
dessas expressões sutis com o o franzir da testa e o 
apertar dos olhos, por esse procedim ento cosmético, 
pode esconder emoções sutis?
Gênero, Emoção e 
Comportamento Não Verbal
Será que a in tu ição fem inina, com o tan to s acred itam , é 
m esm o superior à dos hom ens? Considere a seguinte histó­
ria: quando Jackie Larsen deixou seu grupo de orações em 
G rand Marais, M innesota, em um a m anhã de abril de 2 0 0 1 , 
ela encontrou Christopher Bono, um jovem de boas m anei­
ras. O carro de Bono havia quebrado e ele disse que estava 
p rocu ran do u m a caro n a para en co n trar seus am igos em 
Thunder Bay. Quando Bono apareceu mais tarde na loja de 
Larsen, onde ela disse que o ajudaria a telefonar para os am i­
gos, ela sentiu um frio na barriga. Intuitivam ente sentiu que 
havia algo de errado com aquele jovem e insistiu para que 
conversassem do lado de fora da loja. “Eu disse ‘Eu sou mãe 
e tenho que falar com você com o m ãe... Eu posso dizer, por 
suas boas m aneiras, que sua mãe é um a pessoa adorável’.” 
Q uando ela m encionou a m ãe dele, seus olhos se fixaram 
nela. “Eu não sei onde está m inha m ãe”, ele disse.
Q uando a conversa term inou, Larsen levou Bono de volta 
até a igreja para encontrar o pastor. Ela tam bém cham ou a 
polícia e sugeriu que eles rastreassem as placas dos veículos. 
O carro estava registrado em nom e da m ãe dele, em Illinois. 
Q uando a polícia chegou ao apartam ento dela, encontrou 
sangue por todo lado, e Lucy Bono m orta na banheira. Chris­
topher Bono, 16 anos, foi acusado de assassinato em primeiro 
grau (Biggs, 2 0 0 1 ) .
Terá sido coincidência que Jackie Larsen, que viu através 
da calm a exterior de Bono, fosse m ulher? Alguns psicólogos 
responderiam que não. Em sua análise de 125 estudos sobre 
sensibilidade a pistas não verbais, Judith Hall (1 9 8 4 , 19 8 7 ) 
concluiu que as mulheres em geral superam os hom ens na 
leitura de pistas em ocionais das pessoas. A sensibilidade não 
verbal das mulheres tam bém lhes dá um a vantagem em iden­
tificar m entiras (DePaulo, 1 9 9 4 ). Elas superam os hom ens 
no reconhecim ento de casais verdadeiramente apaixonados 
ou que apenas m antêm um rom ance de fachada, e no reco­
nhecim ento de quem é o supervisor em um a foto com duas 
pessoas (Barnes e Sternberg, 1 9 8 9 ).
A sensibilidade não verbal das mulheres ajuda a explicar 
sua m aior percepção em ocional. Convidados por Lisa Feld­
m an Barrett e seus colaboradores (2 0 0 0 ) a descrever com o 
se sentiam em certas situações, os hom ens descreveram rea­
ções em ocionais simples. Você talvez queira experim entar o 
teste: pergunte a algumas pessoas com o elas se sentiriam ao 
se despedir de amigos depois da form atura. O trabalho de 
B arrett sugere que é mais provável ouvir de um hom em sim­
plesmente “Eu vou me sentir m al”, e ouvir de um a m ulher a 
expressão de emoções mais complexas com o “Eu vou sentir 
em oções conflitantes: feliz e triste ao m esm o tem po” .
A habilidade feminina de decodificar as emoções dos outros 
pode contribuir tam bém para sua m aior capacidade de res­
posta em ocional em situações em ocionais positivas ou nega­
tivas (G rossm an e W ood, 1 9 9 3 ; Sprecher e Sedikides, 1993 ; 
Stoppard e Gruchy, 1 9 9 3 ). Em estudos com 2 3 .0 0 0 pessoas 
de 2 6 culturas ao redor do m undo, as mulheres, mais que os 
hom ens, relataram ter sentim entos mais abertos (C osta et 
al., 2 0 0 1 ) . Isso ajuda a explicar a percepção extrem am ente 
forte de que a em oção é “mais verdadeira para a m ulher” — 
uma percepção expressa por quase 100% dos americanos entre 
18 e 2 9 anos (N ewport, 2 0 0 1 ) .
Um a exceção: a raiva é considerada pela m aioria das pes­
soas um a em oção mais m asculina. Peça a alguém para im a­
ginar um rosto zangado e pergunte: é um h om em , com o 
parece ser para três de quatro alunos da University of Arizona 
(Becker et al., 2 0 0 7 )? Os pesquisadores tam bém encontram 
que as pessoas identificam a raiva nos rostos masculinos de 
form a mais im ediata. E, se um rosto neutro tem um a apa­
rência zangada, a m aioria das pessoas percebe o rosto com o 
sendo de um hom em . Se estiver sorrindo, tende a ser perce­
bido mais com o um rosto fem inino (FIGURA 12.10).
> FIGURA 12.10
Raiva = Masculino Quando Vaughn Becker e 
colaboradores (2007) manipularam um rosto neutro em 
termos de gênero, as pessoas tendiam a vê-lo mais como 
um rosto masculino quando lhe atribuíam uma expressão 
raivosa.
Q uando entrevistadas, as mulheres apresentam probabi­
lidade bem m aior do que os hom ens de se descreverem com o 
empáticas. Se você tem empatia, identifica-se com os outros 
e se imagina no lugar do outro. Você se alegra com aqueles 
que se alegram e ch ora com aqueles que choram . Medidas 
fisiológicas de empatia, com o a frequência cardíaca de alguém 
ao observar outra pessoa angustiada, revelam um a distância 
m uito m enor que a esperada entre os gêneros do que a rela­
tada em levantam entos (Einsenberg e Lennon, 1 9 8 3 ) . C on ­
tudo, mulheres têm m aior probabilidade de expressar empatia 
— chorar e relatar m al-estar quando observam alguém angus­
tiado. Ann Kring e Albert G ordon (1 9 9 8 ) observaram essa 
diferença de gênero em vídeos de estudantes dos sexos m as­
culino e feminino que assistiam a filmes tristes (crianças com 
um dos pais m orrendo), alegres (comédias pastelão) ou assus­
tadores (um hom em prestes a cair da cobertura de um prédio 
m uito a lto ). C om o a FIGURA 12.11 ilustra, as m ulheres 
reagiram de form a m ais visível a cada um dos filmes. As 
m ulheres tam bém tendem a sentir de form a mais intensa
16
Número de 14 
expressões
12
10
M ulheres
iJM
Triste Alegre Assustada
Tipo de filme
> FIGURA12.11
Gênero e expressividade Embora estudantes tanto do sexo 
masculino quanto do feminino não difiram acentuadamente em 
emoções autorrelatadas ou em respostas fisiológicas enquanto 
observam filmes emocionantes, os rostos das mulheres demonstram 
muito mais emoção. (De Kring e Gordon, 1998.)
eventos emocionais (tais com o ver fotos de mutilados) — com 
mais ativação cerebral em áreas sensíveis às em oções — e 
depois se lem bram m elhor das cenas três semanas mais tarde 
(C anli et al., 2 0 0 2 ) .
Em outro estudo sobre gênero e expressão facial, Harold 
Hill e Alan Joh n ston (2 0 0 1 ) anim aram um a face com um 
com expressões (sorrisos, movimentos com a cabeça e sobran­
celhas erguidas) capturadas digitalmente dos rostos de estu­
dantes da London University enquanto liam um a piada. A 
despeito de não existirem pistas anatôm icas do gênero, os 
observadores n orm alm en te podem d etectar 0 gênero nas 
expressões reveladoras.
Cultura e ExDressão Emocional
6: As expressões não verbais da emoção são 
compreendidas universalmente?
O sentido dos gestos varia de acordo com a cultura. Alguns 
anos atrás, o psicólogo O tto Klineberg (1 9 3 8 ) observou que, 
na literatura chinesa, as pessoas aplaudem para expressar pre­
ocupação e desapontam ento, gargalham um sonoro “H o-H o” 
para expressar raiva e colocam a língua para fora para demons­
trar surpresa. De form a semelhante, o sinal de OK feito pelos 
norte-am ericanos pode significar insulto em outras culturas. 
(Q uando 0 presidente Nixon 0 utilizou no Brasil, não imagi­
nava que estava expressando um a ofensa.) A im portância da 
definição cultural dos gestos pode ser dem onstrada por um 
fato ocorrido em 1968 , quando a Coreia do Norte publicou a 
foto de oficiais supostamente alegres em um navio da Mari­
nha dos Estados Unidos. Na foto, três homens mostravam 0 
dedo médio. Eles explicaram a seus captores que se tratava de 
um “sinal havaiano de boa sorte” (Fleming e Scott, 1 9 9 1 ).
Será que as expressões faciais tam bém têm diferentes sen­
tidos em diferentes culturas? Para descobrir, duas equipes de 
investigadores — um a liderada por Paul Ekman, W allace Frie­
sen e colaboradores (1 9 7 5 ,1 9 8 7 , 1 9 9 4 ) e a outra por Carroll 
Izard (1 9 7 7 , 1 9 9 4 ) — m ostraram fotografias de variadas 
expressões faciais para pessoas de diferentes partes do mundo 
e pediram-lhes que adivinhassem a em oção relacionada. Você 
pode ten tar isso. Relacione as seis em oções com os seis ros­
tos na FIGURA 12.12.
Você provavelmente se saiu bem, independentemente de 
sua cultura. Um sorriso é um sorriso em qualquer parte do 
m undo. O m esm o vale para a raiva e, em m enor escala, para 
outras expressões básicas (Elfenbein e Ambady, 1 9 9 9 ) . (N ão 
existe cultura nenhum a em que as pessoas franzam as sobran-
> FIGURA 12.12
Expressões culturalmente universais ou 
específicas de uma cultura? Assim como pessoas 
de diferentes culturas e raças, nossos rostos falam 
linguagens diferentes? Qual rosto expressa nojo?
Raiva? Medo? Felicidade? Tristeza? Surpresa? (De 
Matsumoto e Ekman, 1989.) Veja as respostas a seguir.
vfou 9 daidj 'Dzajsu) 'opdui ‘osajdjns ‘apopaija j 
:oxiDq DjDd d lu o ap 'o j/ s j/ p d d jd ó Dpjanbsa dq
celhas quando estão felizes.) Assim, um a análise rápida nas 
expressões espontâneas dos competidores após um a disputa 
olím pica de judô oferece u m a boa dica de quem ganhou, 
independentem ente do seu país de origem (M atsum oto e 
W illingham, 2 0 0 6 ) .
Será que as pessoas de diferentes culturas fazem e inter­
pretam as expressões faciais de form a sem elhante porque 
experim entam influências similares, com o de filmes am eri­
canos e de redes de TV a cabo, com o BBC e C N N ? Aparen­
tem ente não. Ekman e sua equipe pediram a pessoas isoladas 
na Nova Guiné para dem onstrar várias emoções, em resposta 
a afirmações com o “Finja que seu filho m orreu”. Q uando os 
pesquisadores m ostraram os filmes das reações faciais dos 
m oradores da Nova Guiné a universitários n orte-am erica­
nos, estes leram as em oções com facilidade.
As expressões faciais contêm alguns indicadores não ver­
bais que fornecem pistas culturais (M arsh et al., 2 0 0 3 ) . Por­
tanto, não surpreende o fato de que os dados de 182 estudos 
dem onstrem precisão ligeiramente superior quando as pes­
soas julgam em oções a partir de sua própria cultura (Elfen- 
bein e Ambady, 2 0 0 2 , 2 0 0 3 a ,b ). Ainda assim, os sinais reve­
ladores das em oções geralmente perm eiam várias culturas. 
M esmo nossas regras para dem onstrar em oções (tais com o 
expressar mais em oção aos colegas do grupo do que a estra­
nhos) estão presentes em várias culturas (M atsum oto et al., 
2 0 0 8 ) .
Expressões faciais de crianças — m esm o de crianças cegas 
que nunca viram um rosto — são tam bém universais (Eibl- 
Eibesfeldt, 1 9 7 1 ). Pessoas cegas de nascença exibem espon­
taneam ente as expressões faciais associadas a alegria, tristeza, 
medo e raiva (G alati et al., 1 9 9 7 ). Pelo m undo afora, as crian­
ças ch oram quando estão assustadas, balançam a cabeça 
quando estão desafiando e sorriem quando estão contentes.
A descoberta de que os músculos faciais falam um a lin­
guagem universal não seria um a surpresa para o pesquisador 
pioneiro das emoções Charles Darwin (1 8 0 9 -1 8 8 2 ) . Ele espe­
culou que em tem pos pré-históricos, antes de nossos ances­
trais se com unicarem por palavras, sua habilidade de demons­
trar am eaças, reconhecim ento e submissão com expressões 
faciais os ajudava a sobreviver. Essa herança, ele acreditava, 
explica por que as em oções hum anas básicas são expressas 
por expressões faciais semelhantes. Um sorriso de escárnio, 
por exemplo, retém elem entos de um anim al m ostrando os 
dentes ao rosnar. Expressões emocionais podem facilitar nossa 
sobrevivência de outras form as tam bém . A surpresa eleva as 
sobrancelhas e abre os olhos, perm itindo-nos colher mais
inform ações. O nojo contorce o nariz, fechando-o para odo­
res desagradáveis.
“Para ter notícias do coração, pergunte ao rosto."
Provérbio guineano
• E xpos tos à ausênc ia de g ra v id a d e , os líq u id o s 
corpora is dos astronautas se m ovem para a parte de 
cima do corpo, e seus rostos ficam inchados. Isso torna 
a com unicação não verbal mais d ifíc il, aum entando o 
risco de desentendimento, sobretudo em uma tripulação 
m ultinaciona l (Gelman, 1989). •
Sorrisos tam bém são fenômenos sociais, assim com o refle­
xos em ocionais. Jogadores de boliche não sorriem quando 
derrubam todos os pinos — eles o fazem quando se viram 
para os colegas (Jones et al., 1991 ; Kraut e Johnston, 1 9 7 9 ). 
M esm o ganhadores de medalhas de ouro olímpicas em geral 
não sorriem enquanto estão esperando a cerim ônia, mas o 
fazem quando interagem com as pessoas que entregam as 
medalhas e quando encaram a multidão e as câm eras (Fer- 
nández-Dols e Ruiz-Belda, 1 9 9 5 ).
Também tem sido adaptativo para nossa espécie interpre­
ta r rostos em con textos particulares. (Lem bre o m on stro 
agressivo ou am edrontado do Capítulo 6 .) As pessoas julgam 
um a face de raiva em um a situação assustadora com o uma 
face assustada (Carroll e Russell, 1 9 9 6 ) . Diretores de cinem a 
aproveitam esse fenômeno criando contextos e trilhas sonoras 
que amplificam nossas percepções de em oções específicas.
Embora as culturas partilhem um a linguagem facial uni­
versal para as emoções básicas, elas diferem na quantidade de 
em oção que expressam. As culturas que encorajam a indivi­
dualidade, com o na Europa Ocidental, Austrália, Nova Zelân­
dia e Am érica do N orte, m anifestam as em oções de form a 
visível (van H em ert et al., 2 0 0 7 ) . Na cultura chinesa, por 
exemplo, que encoraja as pessoas a se ajustar aos outros, as 
emoções pessoais são expressas de form a muito menos visível 
(Tsai et al., 2 0 0 7 ) . O m esm o se aplica ao Japão, onde as pes­
soas inferem as emoções mais do contexto ao redor e onde osolhos, tão difíceis de controlar, transm item mais em oção do 
que a boca, que é tão expressiva na América do Norte (Masuda 
et al., 2 0 0 8 ; Yuki et al., 2 0 0 7 ) . Os olhos transm item emoção
Influências biológicas: Influências psicológicas:
• excitação fisiológica • rotulação cognitiva
• adaptação evolucionista • diferenças de gênero
• vias cerebrais
• efeito de transbordamento
t
Influências socioculturais
• expressividade
• presença dos outros
• expectativas culturais
> FIGURA 12.13
Níveis de análise para o estudo da emoção Como acontece 
com outros fenômenos psicológicos, os pesquisadores exploram a 
emoção nos níveis biológico, fisiológico e sociocultural.
de muitas m aneiras. Q uando alguém lhe faz um a pergunta 
que exige algum tipo de raciocínio, você tende a olhar para 
cim a ou para baixo? No Japão, as pessoas em geral olham para 
baixo, pois isso representa respeito pelos outros. Os canaden­
ses em geral olham para cim a (M cCarthy et al., 2 0 0 6 ) .
As diferenças culturais tam bém existem em um a m esm a 
nação. Os irlandeses e os seus descendentes irlandenses-am e- 
ricanos tendem a ser mais expressivos do que os escandina­
vos e os seus descendentes escandinavos-am ericanos (Tsai e 
C hentsova-D utton, 2 0 0 3 ) . E isso nos faz lem brar um a lição 
familiar: com o a m aior parte dos eventos psicológicos, a em o­
ção é mais bem compreendida não só com o fenôm eno bio­
lógico e cognitivo, mas tam bém com o fenômeno sociocultural 
(FIGURA 1 2 .1 3 ).
"Toda vez que sinto medo, levanto a cabeça e assobio 
uma melodia alegre.”
Richard Rodgers e Oscar 
Hammerstein, 0 Rei e Eu, 19SB
Estaria Darwin certo? Vamos testar a hipótese de Darwin: 
simule um largo sorriso. Agora uma carranca. Você consegue 
sentir a diferença da “terapia da carinha feliz”? Os participan­
tes de dezenas de experimentos sentiram a diferença. Por exem­
plo, James Laird e seus colaboradores (1 9 7 4 ,1 9 8 4 ,1 9 8 9 ) indu­
ziram sutilmente estudantes a fazer uma expressão carrancuda, 
pedindo-lhes que “contraíssem os músculos do cenho” e “apro­
ximassem as sobrancelhas” (supostamente para facilitar a colo­
cação de eletrodos faciais). O resultado? Os estudantes relata­
ram sentir alguma raiva. Pessoas induzidas de forma semelhante 
a moldar seus rostos de form a a expressar outras emoções bási­
cas tam bém sentiram essas emoções (FIGURA 12 .1 4 ). Elas 
relataram, por exemplo, ter sentido mais medo do que raiva, 
nojo ou tristeza quando tiveram que form ar um a face de medo: 
“Levante as sobrancelhas e abra bem os olhos. Mova sua cabeça 
para trás, de forma que seu queixo fique um pouco pregueado, 
e relaxe a boca deixando-a um pouco aberta” (Duelos et al.,
1 9 8 9 ). O rosto é mais do que um mural que exibe nossos sen­
timentos; ele também alimenta esses sentimentos.
N a ausência de em oções competitivas, esse efeito de feed­
back facia l é sutil, ainda que detectável. Estudantes que foram 
induzidos a sorrir sentiram-se mais felizes e recuperaram lem­
branças mais alegres do que os que franziram as sobrance­
lhas. Ativar apenas um dos músculos envolvidos no sorriso 
ao segurar um a caneta entre os dentes (em vez de com os 
lábios, que ativa os músculos que form am um a carran ca) é 
o suficiente para fazer com que desenhos pareçam mais engra­
çados (Strack et al., 1 9 8 8 ) . Um sorriso amplo — feito não 
apenas com a boca, m as tam bém com as bochechas que 
em purram os olhos — au m en ta os sentim entos positivos, 
ainda mais quando reagimos a algo prazeroso ou divertido 
(Soussignan, 2 0 0 1 ) . Um sorriso caloroso no rosto fará você 
se sentir m elhor. Q uando você sorri, entende ainda mais 
rapidamente frases que descrevem eventos agradáveis (Havas 
et al., 2 0 0 7 ) . Rosne e o m undo inteiro rosnará de volta.
Dois novos estudos dem onstram o poder dos sinais faciais. 
Em um deles, Tiffany Ito e seus colaboradores (2 0 0 6 ) usaram 
o procedim ento da can eta nos dentes para induzir o senti­
m ento de felicidade enquanto as pessoas viam fotos de ros­
tos. Se tivessem visto rostos negros em vez de brancos, mais 
tarde, em um Teste de Associação Im plícita, apresentaram 
m enos preconceito con tra negros. O sentim ento bom foi 
induzido por associação. O utro estudo usou injeções de Botox
Os Efeitos das Expressões Faciais
7 : As nossas expressões faciais influenciam nossos 
sentimentos?
Ao enfrentar sentim entos de depressão e tristeza, W illiam 
James passou a acreditar que podemos controlar as emoções 
“passando pelos movimentos que externam ” as em oções que 
queremos vivenciar. “Para nos sentirm os alegres”, aconse­
lhou, “devemos nos sentar com alegria, olhar em volta com 
alegria e agir com o se a alegria já estivesse ali.”
Os estudos sobre os efeitos emocionais das expressões faciais 
revelam precisamente o que James previra. As expressões não 
apenas comunicam emoção, elas também as amplificam e regu­
lam. Em seu livro de 1872, A expressão das emoções no homem 
e nos animais, Darwin escreveu que “a expressão livre por meio 
de sinais externos de um a em oção a intensifica... Aquele que 
der vazão a gestos violentos vai aum entar sua raiva”.
> FIGURA 12.14
Como fazer as pessoas franzirem o cenho sem pedir a elas 
para fazerem isso? A solução de Randy Larsen, Margaret Kasimatis e 
Kurt Frey (1992): colaram dois adesivos acima das sobrancelhas 
e solicitaram aos sujeitos que fizessem com que os adesivos se 
tocassem. Os sujeitos se sentiam tristes ao assistirem a cenas de guerra, 
doença e fome, e ainda mais tristes a partir da ativação dos músculos 
para "rosto triste".
steli
Realce
steli
Realce
steli
Realce
steli
Realce
para paralisar os músculos da testa de 10 pacientes deprimi­
dos (Finzi e W asserm an, 2 0 0 6 ) . Dois meses após o tra ta ­
m ento, 9 dos 10 pacientes que não franziam a testa não esta­
vam mais deprimidos. (Este intrigante estudo aguarda repli- 
cação com um grupo de controle não tratado.)
Sara Snodgrass e seus associados (1 9 8 6 ) observaram o 
fenôm eno de feedback comportamental na m archa. Você pode 
repetir a experiência: ande por alguns m inutos com passos 
curtos e arrastados, m antendo os olhos baixos. Agora ande 
com passos largos, com os braços balançando, e os olhos vol­
tados para a frente. Será que você sentirá seu hum or mudar? 
Efetuar os m ovim entos desperta as emoções.
Uma pequena form a de você se tornar mais empático é dei­
xar que seu rosto imite a expressão de outra pessoa (Vaughn 
e Lanzetta, 1 9 8 1 ). Agir com o o outro nos ajuda a sentir com o 
o outro. Na verdade, a imitação natural das emoções das outras 
pessoas ajuda a explicar por que as emoções são contagiosas 
■ Dimberg et al., 2 0 0 0 ; Neum ann e Strack, 2 0 0 0 ) . Bloquear a 
imitação natural da pessoas, por exemplo, fazendo-as morder 
um lápis com os dentes, atrapalha sua capacidade de reconhe­
cer as emoções dos outros (O berm an et al., 2 0 0 7 )
ü m p e d id o d o a u to r: so rria sem pre e n q u a n to lê 
este liv ro .
“Recuse-se a expressar uma paixão e ela morrerá ... Se 
quiserm os conquistar tendências emocionais 
indesejáveis em nós, devemos ... efetuar os movimentos 
exteriores dessas disposições contrárias que preferimos 
cultivar."
William James, Principies o f Psychology, 189D
ANTES DE PROSSEGUIR...
>• P ergunte a S i M esmo
Você consegue pensar em uma situação em relação à qual 
você gostaria de mudar a maneira como se sente, e criar um 
plano simples para fazê-lo? Por exemplo, se você quiser se 
sentir mais animado no caminho para sua aula amanhã de 
manhã, em vez de se arrastar até lá, ande animadamente — 
com a cabeça erguida e uma expressão de alegria no rosto.
> Teste a Si Mesm o 3
Quem tende a expressar mais emoção — homens ou 
mulheres? Como podemos saber a resposta para esta 
questão?
As respostas às questões Teste a Si Mesmo podem ser encontradas no 
Apêndice B. no final do livro.
Emoções experienciadas
QUANTAS EMOÇÕES DISTINTAS EXISTEM? Carroll Izard 
(1 9 7 7 ) isolou 10emoções básicas (felicidade, interesse-exci- 
tação, surpresa, tristeza, raiva, nojo, desprezo, medo, vergo­
nha e culpa), a m aioria das quais está presente na infância 
(FIGURA 1 2 .1 5 ) . Jessica Tracey e Richard Robins (2 0 0 4 ) 
acreditam que o orgulho tam bém é um a em oção distinta, 
indicada por um sorriso curto, cabeça ligeiramente voltada 
para trás e um a postura aberta. Phillip Shaver e seus colabo­
radores (1 9 9 6 ) acreditam que o am or tam bém pode ser um a 
em oção básica, mas Izard argum enta que as outras emoções 
são com binações dessas 10, com o am or, por exemplo, sendo 
um a m istura de felicidade e interesse-excitação.
(a) Felicidade (boca formando 
um sorriso, bochechas 
levantadas, brilho nos olhos)
(d) Nojo (nariz contorcido, lábio 
superior erguido, língua para 
fora)
(b) Raiva (sobrancelhas 
franzidas, olhos fixos, boca 
cerrada)
(e) Surpresa (sobrancelhas 
erguidas, olhos arregalados, 
boca ovalada)
(c) Interesse (sobrancelhas 
erguidas ou unidas, boca 
suavemente arredondada, 
lábios fechados)
(f) Tristeza (lados internos das 
sobrancelhas erguidos, cantos 
da boca virados para baixo)
► F IG U R A 12.15 
As emoções que ocorrem 
naturalmente na infância Para 
identificar as emoções presentes 
desde o nascimento, Carroll Izard 
analisou as expressões faciais de 
crianças.
(g) Medo (sobrancelhas no 
mesmo nível, viradas para dentro 
e para baixo, pálpebras erguidas, 
cantos da boca retraídos)
Agradável/Positivo
entusiasmado
Alta
excitação
desanimado medroso-
-tr is te zangado
Desagradável/Negativo
>- FIG URA 12.16
Duas dimensões da emoção James Russell, David Watson, Auke 
Tellegen e outros descrevem as emoções como variações em duas 
dimensões - excitação (baixa x alta) e valência (sentimentos 
agradáveis x desagradáveis).
Os ingredientes das em oções incluem não apenas a fisio­
logia e o com portam ento expresso, mas tam bém nossa expe­
riência consciente. Povos de várias nações, incluindo esto- 
nianos, poloneses, gregos, chineses e canadenses, incluem a 
experiência em ocional nas duas dim ensões ilustradas na 
FIG U RA 1 2 .1 6 - valência agradável/positiva versus desagra­
dável/negativa e excitação baixa versus alta (Russell et al., 
1989; 1999a,b ; W atson et al., 1 9 9 9 ). Nas dimensões de valên­
cia e excitação, apavorado é mais intenso (m ais desagradável 
e excitado) do que assustado; enfurecido é mais do que irri­
tado; encantado é mais do que feliz.
Agora, vamos focalizar três dessas em oções im portantes: 
medo, raiva e felicidade. Que funções elas têm? O que influen­
cia nossa experiência de cada um a delas?
Medo
8 : Qual é a função do medo, e como aprendemos 
a ter medos?
O medo pode ser venenoso. Ele pode nos atorm entar, roubar 
o nosso sono e preocupar nossos pensam entos. As pessoas 
podem literalmente m orrer de medo. O medo pode ser con ­
tagioso. Em 1903, alguém gritou “Fogo!”, quando um incên­
dio com eçou no Teatro Iroquois, em Chicago. Eddie Foy, o 
comediante que estava no palco nessa hora, tentou reassumir 
o controle da multidão falando: “Não se assustem. N ão há 
perigo. C alm a!” Mesmo assim a multidão entrou em pânico. 
Durante os 10 minutos que se passaram até o corpo de bom ­
beiros chegar ao local e rapidamente apagar o fogo, mais de 
500 pessoas m orreram , a maior parte presa ou esmagada nas 
grades. Os corpos ficaram empilhados nas escadas, e muitos 
apresentavam marcas de sapatos no rosto (Brown, 1 9 6 5 ).
Frequentem ente, o medo é adaptativo. É um sistema de 
alarme que prepara nosso corpo para enfrentar o perigo. O 
medo de inimigos reais ou im aginários une as pessoas em
torno de famílias, tribos e nações. O medo de acidentes pode 
nos proteger do perigo. O medo de punição ou de retaliação 
pode nos impedir de m ach u car outra pessoa. O medo nos 
ajuda a abordar um problema e a experim entar estratégias 
para resolvê-lo. Expressões de medo m elhoram a visão peri­
férica e os m ovim entos rápidos dos olhos, im pulsionando o 
input sensorial (Susskind et al., 2 0 0 8 ) .
Uma explicação para a m orte súbita provocada por 
uma “ m a ld ição” vudu é que o sistema nervoso 
parassim pático da pessoa aterrorizada, cuja função é 
acalm ar o corpo, reage exageradam ente à excitação 
extrem a, o que leva lentam ente o coração a parar de 
ba ter (Seligm an, 1974).
Aprendendo o Medo
As pessoas podem ter medo de praticam ente qualquer coisa
— “medo da verdade, medo da fortuna, medo da m orte e medo 
dos outros” , observou Ralph W aldo Emerson. A “política do 
m edo” surge a partir do medo das pessoas — medo dos terro­
ristas, medo dos imigrantes, medo dos crim inosos. Por que 
tan tos medos? Lembre, do Capítulo 7, que crianças podem 
sentir medo de objetos de pelúcia associados a barulhos assus­
tadores. À medida que as crianças com eçam a engatinhar, elas 
experimentam quedas e quase quedas — e com eçam a ter medo 
de altura (Cam pos et al., 1 9 9 2 ). Devido a esse condiciona­
m ento, a pequena lista de eventos naturalm ente dolorosos e 
assustadores pode se multiplicar em uma longa lista de medos 
hum anos — medo de dirigir ou voar, medo de ratos ou bara­
tas, medo de espaços fechados ou abertos, medo de falhar, 
medo do sucesso, medo de outras raças ou nações.
O aprendizado por observação faz com que a lista vá aum en­
tando. Susan Mineka (1 9 8 5 , 2 0 0 2 ) tentou explicar por que 
praticamente todos os m acacos criados na natureza têm medo 
de cobras, ao contrário dos m acacos criados em laboratórios. 
Certam ente, a maioria dos m acacos selvagens não foi de fato 
mordida por cobras. Eles aprenderam esse medo por observa­
ção? Para descobrir, Mineka estudou seis m acacos selvagens 
(todos com muito medo de cobras) e seus filhotes criados em 
laboratório (nenhum com medo de cobras). Após observarem 
repetidamente que seus pais ou amigos se recusavam a pegar 
a comida próxima das cobras, os m acacos mais jovens desen­
volveram um forte medo semelhante das cobras. Quando tes­
tados novamente depois de três meses, o medo aprendido per­
sistiu. Os hum anos, da mesm a forma, aprendem com a obser­
vação (O lsson et al., 2 0 0 7 ) . Isso sugere que nossos medos 
podem refletir não apenas traum as passados, m as tam bém 
medos aprendidos de nossos pais e amigos.
A Biologia do Medo
Podem os estar biologicam ente preparados para aprender 
alguns medos mais rapidam ente que outros. M acacos apren­
dem a tem er as cobras até m esm o assistindo a filmes de m aca­
cos reagindo com medo a cobras; m as não aprendem a tem er 
flores quando, pela manipulação de imagens, o estímulo am e- 
d ron tad or é transform ad o em um a flor (C ook e M ineka, 
1 9 9 1 ) . Nós, hum anos, aprendem os rapidam ente a tem er 
cobras, aranhas e penhascos — medos que provavelm ente 
ajudaram nossos ancestrais a sobreviver (Õ hm an e Mineka,
2 0 0 3 ) . No entanto, os medos da Idade da Pedra nos deixa­
ram despreparados para os perigos m odernos — carros, ele­
tricidade, bombas e o aquecim ento global — todas ameaças 
m uito mais perigosas hoje.
Um a chave para o aprendizado do medo encontra-se na 
amígdala, um centro neural do sistema límbico localizado no
Baixa
excitação
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> FIGURA 12.17
A amígdala - a chave neural para a aprendizagem do 
medo Fibras nervosas que saem desses nós de tecido neural, 
localizados em cada lado do centro do cérebro, transmitem mensagens 
que controlam frequência cardíaca, suor, hormônios do estresse, atenção 
e outras engrenagens que são acionadas em situações ameaçadoras. (A 
reprodução colorida desta figura encontra-se no Encarte em Cores.)
interior do cérebro (FIG U R A 1 2 .1 7 ) . A amígdala tem um 
papel fundamental na associação de várias emoções, incluindo 
o medo, a certas situações (Barinaga, 1992b ; Reijmers et al.,
2 0 0 7 ) . Coelhos aprendem a reagir com medo a um sinal 
sonoro que anteceda um pequeno choque — mas não quando 
suas amígdalas são lesionadas. Se ratos tiverem a amígdala

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