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DPOC – CONFERÊNCIA M1 MILENA BAVARESCO Definição: A DPOC é uma doença comum, passível de prevenção e tratamento, caracterizada por sintomas respiratórios persistentes e limitação de fluxo aéreo irreversível, decorrentes de anormalidades das vias aéreas e/ou alveolares usualmente causadas por uma exposição significativa a partículas ou gases nocivos. ▪ A limitação crônica do fluxo aéreo é causada por uma mistura de doença das vias aéreas (Ex.: bronquiolite obstrutiva) e destruição do parênquima pulmonar (Ex.: Enfisema). ▪ OBS: Não se caracteriza mais os pacientes com DPOC em “Enfisematosos” (Pink Puffers) ou “Bronquíticos crônicos” (Blue bloaters), visto que a maioria apresenta características de ambos. Etiologia: A DPOC é o resultado de uma interação complexa de uma exposição cumulativa de longa duração a gases e partículas nocivos, combinada com uma variedade de fatores do hospedeiro (genética, hiperresponsividade das vias aéreas e crescimento pulmonar insuficiente durante a infância). FATORES DE RISCO: ▪ Tabagismo (Principal!!) ▪ Poluição do ar. ▪ Exposição ocupacional. ▪ Genética. ▪ Idade e sexo. ▪ Crescimento e desenvolvimento pulmonar; ▪ Socioeconômico. ▪ Asma e hiperreatividade das VAs. ▪ Bronquite crônica; ▪ Infecções. Diagnóstico: Os critérios diagnósticos para DPOC incluem: 1. Sintomas Sugestivos: Dispneia, tosse crônica ou produção de escarro (Sintomas cardinais), e/ou uma história de exposição aos fatores de risco para a doença. 2. Espirometria pós-broncodilatador: Necessária para o diagnóstico! Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica Epidemiologia: Prevalência: 6 – 15,8% (Somente 5,3% com diagnóstico médico de DPOC); ▪ Mais prevalente em Homens, > 40 anos, tabagistas ou ex-tabagistas; ▪ 4ª principal causa de morte entre homens e 5ª entre mulheres; ▪ 6ª principal causa de gastos com internação hospitalar pelo SUS. DPOC – CONFERÊNCIA M1 MILENA BAVARESCO o VEF₁/CVF < 70%, sem resposta após BD, confirma a presença de limitação persistente do fluxo aéreo e, portanto, da DPOC. o OBS: GOLD 2019 – Realizar espirometria se sintomático E/OU Fator de risco! 3. Ausência de diagnóstico alternativo para os sintomas e para a limitação ao fluxo aéreo. Diagnósticos Diferenciais: O maior diagnóstico diferencial é a ASMA - Em alguns pacientes com asma crônica, uma distinção clara da DPOC não é possível usando técnicas atuais de testes imaginológicos e fisiológicos. Nestes pacientes, o tratamento atual é semelhante ao da asma. ▪ OBS: a ONU recomenda o Screening para deficiência de Alfa-1-antitripsina para todos os pacientes com diagnóstico de DPOC, principalmente em pacientes < 45a; enfisema predominante em bases; o Enfisema em não tabagistas ou com pequena carga tabágica; HF positiva de enfisema ou hepatopatia; Doença hepática associada inexplicada. ▪ Outros: o Insuficiência Cardíaca Congestiva. o Bronquiectasias. o Tuberculose. o Estenose de Via aérea. o Panbronquite difusa. o Bronquiolite constritiva. Avaliação Inicial: Os objetivos da avaliação da DPOC são determinar o nível de limitação do fluxo aéreo, seu impacto no estado de saúde do paciente e o risco de eventos futuros (como exacerbações, internações hospitalares ou morte), para, eventualmente, guiar a terapia. ▪ Para atingir esses objetivos, a avaliação da DPOC deve considerar os seguintes aspectos da doença separadamente: 1. A presença e gravidade da anormalidade espirométrica; 2. Natureza atual e magnitude dos sintomas do paciente; 3. História de exacerbações moderadas e graves e risco futuro; 4. Presença de comorbidades. 1- CLASSIFICAÇÃO DA SEVERIDADE DA OBSTRUÇÃO DO FLUXO AÉREO ▪ A classificação da gravidade da limitação do fluxo aéreo na DPOC utiliza pontos de corte espirométricos específicos; ▪ A espirometria deve ser realizada após a administração de uma dose adequada de pelo menos um broncodilatador inalatório de curta ação, a fim de minimizar a variabilidade. DPOC – CONFERÊNCIA M1 MILENA BAVARESCO ▪ ESPIROMETRIA: o Padrão ouro. o Índice de Tiffenau (VEF₁/CVF < 0,7). o (OBS: Um exame entre 0,6 e 0,8 deve ser repetido para melhor avaliação e desconsiderar a resposta broncodilatadora). 2- AVALIAÇÃO DOS SINTOMAS ▪ No passado, a DPOC era vista como uma doença amplamente caracterizada pela falta de ar. Uma medida simples de falta de ar, como o Questionário do Conselho Britânico de Pesquisa Médica Modificada (mMRC), foi considerada adequada para a avaliação dos sintomas, pois se relaciona bem com outras medidas do estado de saúde e prediz risco futuro de mortalidade. ▪ No entanto, agora é reconhecido que a DPOC afeta os pacientes além da dispneia. Por esse motivo, uma avaliação abrangente dos sintomas é recomendada usando medidas como o Teste de Avaliação da DPOC (CAT) e o Questionário de Controle da DPOC (CCQ). DPOC – CONFERÊNCIA M1 MILENA BAVARESCO 3- HISTÓRIA DE EXACERBAÇÕES ▪ O maior fator de risco para exacerbações futuras da DPOC é a história de exacerbações prévias, particularmente quando estas motivaram uma internação hospitalar. DPOC – CONFERÊNCIA M1 MILENA BAVARESCO 4- COMORBIDADES ▪ A presença de comorbidades precisa ser considerada! ▪ A DPOC é uma doença crônica grave e progressiva, e a coexistência de outras doenças crônicas graves e progressivas (ex.: ICC, hepatopatia, IRC) sempre vai afetar o prognóstico. o OBS: Muitas comorbidades podem ser consequências diretas da DPOC ou de fatores de risco “compartilhados”, por exemplo: Ca de pulmão (onde tanto a DPOC quanto o tabagismo são fatores de risco independentes), doenças cardiovasculares (associação com tabagismo), síndrome da caquexia/sarcopenia (decorrente do estado inflamatório crônico associado à DPOC, particularmente em sua forma enfisematosa), síndrome metabólica e osteoporose (condições que aumentam o risco dos glicocorticoides empregados no tratamento da DPOC), entre outras... ▪ A importância de considerar as comorbidades existentes reside no fato de que às vezes elas podem modificar a conduta terapêutica, tornando-a mais complexa e/ou limitada. Avaliação Combinada da DPOC: Uma compreensão do impacto da DPOC em um paciente combina: A avaliação sintomática com a classificação espirométrica do paciente e/ou risco de exacerbações. ▪ Esquema de avaliação revisado: o Espirometria: Determinar a gravidade da limitação do fluxo aéreo. o Avaliação de dispneia usando mMRC ou sintomas usando CAT. o História de exacerbações moderadas e graves (incluindo hospitalizações anteriores). ▪ Número = Gravidade da limitação do fluxo aéreo (grau de espirometria 1 a 4); ▪ Letra (grupos A a D) = Informações sobre a carga do sistema e risco de exacerbação que pode ser usado para orientar a terapia. ▪ Em suma, a interpretação final da classificação deve ser: o GRUPO A – “baixo risco e pouco sintomático”; o GRUPO B – “baixo risco e muito sintomático”; o GRUPO C – “alto risco e pouco sintomático”; o GRUPO D – “alto risco e muito sintomático”. DPOC – CONFERÊNCIA M1 MILENA BAVARESCO Tratamento: A base fundamental para a abordagem terapêutica da DPOC está nos seguintes pontos: 1. Abstinência ao tabagismo**; 2. Tratamento farmacológico das exacerbações; 3. Tratamento farmacológico de manutenção; 4. Programas de reabilitação cardiopulmonar; 5. Oxigenoterapia nos pacientes francamente hipoxêmicos**; 6. Avaliação da indicação de transplante pulmonar ou cirurgia pneumorredutora.** **redução na mortalidade em estudos científicos. AÇÕES COMPLEMENTARES: ▪ Cessação do Tabagismo; ▪ Fisioterapia/ Reabilitação respiratória; ▪ Oxigenoterapia Domiciliar: 1. PaO2 ≤ 55 mmHg e/ou SaO2 ≤ 88% em repouso; 2. PaO2 entre 56 e 59 mmHg ou SaO2 entre 88% e 90% com evidências de cor pulmonale e/ou policitemia (HTo > 55%).▪ Vacinação para influenza (Anual) e pneumococo (Uma dose, com reforço em 5 anos). DPOC – CONFERÊNCIA M1 MILENA BAVARESCO Exacerbações: DPOC - Baixa reserva pulmonar; o Qualquer insulto sobre o aparelho respiratório pode piorar o quadro clínico, levando à exacerbação da dispneia e eventualmente à insuficiência respiratória. ▪ Principal fator de descompensação: Infecção respiratória, bacteriana ou viral! o Infecções bacterianas das vias aéreas superiores (sinusite, traqueobronquite) ou inferiores (pneumonia) devem ser tratadas de forma precoce e eficaz. o Dados clínicos que sugerem infecção bacteriana são o aumento do volume do escarro e a alteração do seu aspecto, tornando-se purulento. ▪ Outros fatores: Hiperreatividade brônquica (broncoespasmo), drogas depressoras do centro respiratório, insuficiência cardíaca, TEP e pneumotórax. ▪ O tratamento envolve: o antibioticoterapia; o broncodilatadores; o corticosteroides sistêmicos (em alguns casos); o teofilina ou aminofilina (opcional); o ventilação não invasiva, quando necessária; o ventilação invasiva, quando necessária. ▪ Antibioticoterapia: Quando indicar a antibioticoterapia na exacerbação da DPOC? Quando houver pelo menos duas das seguintes condições: o Aumento do volume do escarro; o Alteração do seu aspecto para purulento; o Aumento da intensidade da dispneia. Outra indicação inclui pacientes com exacerbações graves, independente dos critérios acima (ex.: necessidade de suporte ventilatório invasivo). ▪ Principais agentes: o Haemophilus influenzae, o Streptococcus pneumoniae e a Moraxella catarrhalis. o Mycoplasma pneumoniae e Chlamydia pneumoniae são encontrados em 5-10% das exacerbações. o Estudos realizados nas exacerbações graves têm demonstrado a presença de micro-organismos Gram- negativos entéricos, como a Pseudomonas aeruginosa. ▪ Corticoterapia – Indicações e doses na exacerbação aguda: 1. Exacerbação aguda em pacientes com sibilância e dispneia, mas sem necessidade de internação (especialmente nos pacientes com VEF1 < 50%). o Prednisona 40 mg/d por 3 a 5 dias; a seguir, 20 mg/d por 3 a 5 dias ou dose equivalente de outro corticoide, depois reavaliação para continuação ou suspensão. 2. Exacerbação aguda com necessidade de internação. o Metilprednisona (escolha) – 0,5 a 1 mg/kg/dose (ou 62,5-125 mg) a cada 6/8 horas por 72 horas e, se possível e necessário, passar ao tratamento oral. Hidrocortisona – 3 a 5 mg/kg/dose (ou 200-300 mg) a cada 6 horas. ▪ Condições indicativas de internação: o Insuficiência respiratória aguda grave. o Aumento acentuado da dispneia. o Distúrbios de conduta ou hipersonolência. DPOC – CONFERÊNCIA M1 MILENA BAVARESCO o Incapacidade para se alimentar, dormir ou deambular. o Piora da hipoxemia ou hipercapnia com acidose respiratória aguda (comparar com gasometrias prévias do paciente). o Complicações como embolia pulmonar, pneumonia ou pneumotórax. o Comorbidades de alto risco, como arritmia, insuficiência cardíaca, diabetes mellitus, insuficiência renal e insuficiência hepática. o Impossibilidade de realizar corretamente o tratamento ambulatorial, por ausência de condição socioeconômica. o Resposta inadequada ao tratamento extra-hospitalar. o Dúvida diagnóstica. Tratamento de Manutenção: Um algoritmo separado é fornecido para o tratamento de manutenção e é baseado em sintomas e exacerbações; ▪ As recomendações de acompanhamento são para facilitar a gestão de doentes que estão sob tratamento de manutenção; ▪ Essas recomendações incorporam recentes evidências de ensaios clínicos e sobre o uso da contagem de eosinófilos do sangue periférico como um biomarcador para orientar o uso de terapia com CI para a prevenção de exacerbações.
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