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DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC) Doença pulmonar heterogênea caracterizada por sintomas respiratórios (dispneia, tosse, expectoração, exacerbações) devido a anormalidades das vias aéreas (bronquite, bronquiolite) e/ou alvéolos (enfisema) que causam obstrução persistente, muitas vezes progressiva, do fluxo aéreo. • DPOC é caracterizada por sintomas respiratórios crônicos e limitação progressiva do fluxo aéreo que não é totalmente reversível. • A obstrução ao fluxo aéreo que ocorre na DPOC é geralmente progressiva e está associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões à inalação de partículas ou gases tóxicos. DPOC é uma síndrome caracterizada pela obstrução crônica e difusa das vias aéreas inferiores, de caráter irreversível, com destruição progressiva do parênquima pulmonar. • Geralmente estão incluídos nesta definição os pacientes com bronquite obstrutiva crônica e/ou com enfisema pulmonar, os dois principais componentes da doença, ambos relacionados a exposição à fumaça do tabaco. Obstrução da via aérea por corpo estranho, massa ou compressão extrínseca não é DPOC! Na DPOC, a obstrução é ao fluxo aéreo, é EXPIRATÓRIA. Fatores de risco • Tabagismo (principal) • Exposições ambientais e ocupacionais (queima de biomassa e poluição ambiental) • Exposição ocupacional a poeira, produtos químicos, vapores, fumaças ou gases • História familiar de DPOC • Idade avançada • Fatores genéticos (deficiência de alfa-1-antitripsina) • Processos que afetam o crescimento pulmonar ideal e, portanto, a função pulmonar Fisiopatologia O mecanismo fisiopatológico da DPOC, que resulta na obstrução crônica ao fluxo aéreo, é decorrente da associação de inflamação nas pequenas vias aéreas (bronquiolite respiratória) e destruição parenquimatosa (enfisema). • Uma característica da DPOC é inflamação crônica que afeta as vias aéreas centrais e periféricas, o parênquima pulmonar, os alvéolos e a vasculatura pulmonar • Lesões e reparos repetidos causam alterações estruturais e fisiológicas. • As alterações inflamatórias e estruturais no pulmão aumentam com a gravidade da doença e persistem após o abandono do hábito de fumar. • A resposta do hospedeiro aos estímulos inalatórios geram a reação inflamatória responsável pelas alterações nas vias aéreas, nos alvéolos e nos vasos sanguíneos pulmonares. Os principais componentes dessas mudanças são: ➢ o estreitamento e o remodelamento das vias aéreas; ➢ o maior número de células caliciformes; ➢ o aumento das glândulas mucossecretoras das vias aéreas centrais; ➢ a perda alveolar; e ➢ alterações no leito vascular que causam hipertensão pulmonar. O aumento da resistência das vias aéreas é a definição fisiológica da DPOC. • A diminuição do recuo elástico, das alterações fibróticas no parênquima pulmonar e a obstrução luminal das vias aéreas pelas secreções contribuem para aumentar a resistência das vias aéreas. • A limitação do fluxo respiratório estimula a hiperinsuflação. • A hiperinsuflação e a destruição do parênquima pulmonar predispõem os pacientes com DPOC à hipóxia, principalmente durante atividades. • A hipóxia progressiva causa o espessamento do músculo liso vascular com subsequente hipertensão pulmonar, que é um desenvolvimento tardio que resulta em um prognóstico desfavorável. • A transferência reduzida de gás também pode causar hipercapnia, à medida que a doença evolui Classificação da DPOC por etiologia ("etiótipo") Etiótipo da DPOC Descrição DPOC devido a fatores genéticos (DPOC-G) • Deficiência de alfa-1 antitripsina • Efeito combinado de múltiplas variantes comuns DPOC devido ao desenvolvimento pulmonar anormal (DPOC-D) • Maturação pulmonar prejudicada, mais comumente devido a parto prematuro e baixo peso ao nascer; a má nutrição na primeira infância também pode contribuir DPOC devido a exposições ambientais DPOC por tabagismo (DPOC-C) • Fumar cigarro ou vaporizar • Exposição passiva à fumaça do tabaco Exposição à biomassa e à poluição (COPD-P) • Exposição à combustão de biomassa • Poluição do ar ambiente, incluindo fumaça de incêndio florestal • Exposições a riscos ocupacionais DPOC devido a infecções (DPOC-I) • Infecções na primeira infância; bronquiectasia • DPOC associada ao HIV; DPOC associada à tuberculose DPOC e asma (DPOC-A) • Desenvolvimento pulmonar anormal associado à asma infantil; asma concomitante e DPOC DPOC de causa desconhecida (DPOC-U) • Pacientes sem fatores de risco atualmente conhecidos QUADRO CLÍNICO Os sintomas têm início insidioso, são persistentes, pioram com exercício, e tendem a aumentar em frequência e intensidade ao longo do tempo, com períodos de piora aguda dos sintomas respiratórios (exacerbações). • Principais sintomas: dispneia, tosse crônica e produção de expectoração; • Uma história de tosse produtiva, sibilância e dispneia, sobretudo com exercícios, é típica. Tosse: • Tosse é presente em quase todos os pacientes, é tipicamente o primeiro sintoma e, muitas vezes, vista apenas como consequência do tabagismo, uma das causas de tosse crônica, mesmo sem obstrução ao fluxo aéreo. • Frequentemente uma tosse matinal, mas que se torna constante conforme a doença evolui. • Geralmente produtiva, e a qualidade do escarro pode ser alterada com as exacerbações ou infecções sobrepostas. Dispneia: • A dispneia geralmente é progressiva com a evolução da doença e é o principal sintoma associado à incapacidade, à redução da qualidade de vida e ao pior prognóstico • Inicialmente com exercícios, mas pode progredir para dispneia até mesmo em repouso. • Os pacientes podem ter dificuldades em falar frases inteiras • Geralmente os pacientes só referem a presença da dispneia numa fase mais avançada da doença, uma vez que costumam atribuir parte da incapacidade física ao envelhecimento e à falta de condicionamento físico. Sintomas menos comuns: sibilos e aperto no peito • Os pacientes podem se queixar de fadiga como um resultado de interrupções do sono por tosse noturna constante, hipóxia e hipercapnia persistentes Exame físico • Início da doença: exame físico normal ou presença de sibilância e/ou tempo expiratório prolongado na manobra de expiração forçada. • Doença mais avançada: sinais de hiperinsuflação pulmonar, diminuição dos murmúrios vesiculares, abafamento das bulhas cardíacas, aumento do diâmetro anteroposterior do tórax e sinais de cor pulmonale Achados: • Tórax em tonel: O diâmetro anteroposterior do peito aumenta. Isso sugere hiperinsuflação e aprisionamento de ar resultante de expiração incompleta • hiper-ressonância/timpanismo à percussão: Causada por hiperinsuflação e aprisionamento de ar resultante de expiração incompleta. • murmúrio vesicular diminuído à ausculta pulmonar: Causado por tórax em tonel, hiperinsuflação e aprisionamento de ar • expansibilidade reduzida à ausculta: Resultante da perda de elasticidade pulmonar e da decomposição do tecido pulmonar • Sibilância: É indicativo de inflamação e de resistência das vias aéreas. • Crepitação grossa: Indicativo de inflamação nas vias aéreas e excesso de secreção de muco. A presença de baqueteamento digital é incomum nos pacientes com DPOC. • Procure condições associadas (p. ex., câncer de pulmão) ou avalie um diagnóstico diferencial (p. ex., doença intersticial pulmonar, bronquiectasia). História Fatores de risco • História de família • História de fumar • Idade de iniciação • Quantidade média fumada por dia desde o início • Data em que parou de fumar ou é fumante atual • História ambiental • A história ambiental obtida cronologicamente pode revelar fatores de risco importantes para DPOC • História de infecções pulmonares na infância, HIV ou tuberculose • Asma Sintomas • Dispneia (Pergunte sobre a quantidade de esforço necessária para induzir uma respiração desconfortável. Muitosindivíduos negarão sintomas de dispneia, mas terão reduzido substancialmente os seus níveis de atividade). • Tosse (A tosse com ou sem produção de expectoração deve ser uma indicação para testes espirométricos. A presença de tosse crônica e expectoração tem sido utilizada para definir bronquite crônica). • Chiado (Chiado ou ruídos estridentes que ocorrem durante a respiração indicam a presença de obstrução ao fluxo de ar) • Doenças torácicas agudas • Indagar sobre a ocorrência e frequência de episódios de aumento de tosse e expectoração com sibilos, dispneia ou febre Exame físico Os achados físicos geralmente estão presentes apenas na doença grave Peito • A presença de enfisema (apenas quando grave) é indicada por: distensão excessiva dos pulmões no estado estável (tórax mantido próximo da posição inspiratória completa no final da expiração normal, posição diafragmática baixa), diminuição da intensidade da respiração e dos sons cardíacos e expiração prolongada. Estágio • Evidência de obstrução ao fluxo aéreo: sibilos durante a ausculta com respiração lenta ou forçada e prolongamento do tempo expiratório forçado • Frequentemente observado na doença grave (característica, mas não diagnóstica): respiração com lábios franzidos, uso de músculos respiratórios acessórios, retração dos espaços interespaciais inferiores Outro • Posições incomuns para aliviar a dispneia em repouso • O baqueteamento digital NÃO é típico na DPOC (mesmo com hipoxemia associada) e sugere outros diagnósticos (p. ex., câncer de pulmão, bronquiectasia, fibrose pulmonar) • Edema dependente leve pode ser observado na ausência de insuficiência cardíaca direita EXAMES COMPLEMENTARES Hemograma • Permite avaliação de anemia como possível causa de dispneia. • A presença de policitemia sugere hipoxemia crônica. • O valor dos eosinófilos no sangue periférico pode ser útil para avaliar possível resposta ao tratamento com corticoide inalado (como terapia adicional ao broncodilatador de manutenção). Gasometria arterial • Indicada para pacientes com SpO2 ≤ 92% para avaliação de oxigenoterapia. • Em pacientes com DPOC estável o aumento de bicarbonato é sugestivo de alcalose metabólica compensatória à hipercapnia crônica. • A hipercapnia aguda não compensada é frequente em exacerbação aguda, principalmente em pacientes com redução do nível de consciência Dosagem de alfa-1-antitripsina • É recomendada dosagem da enzima em todo paciente com DPOC, especialmente em regiões de alta prevalência da doença, presença de enfisema precoce (< 45 anos), baixa ou ausência de exposição tabágica, enfisema com predomínio basal e história familiar positiva. ECG e ECO • Além da avaliação de cardiopatias primárias que são comumente encontradas em pacientes com DPOC, também são indicados para pacientes com suspeita de hipertensão pulmonar e cor pulmonale. Radiografia de tórax • Baixa sensibilidade no diagnóstico de DPOC, mas auxilia na avaliação de diagnósticos alternativos ou na presença de complicações/comorbidades. • As alterações radiológicas compatíveis com DPOC são: sinais de hiperinsuflação pulmonar (aumento do espaço retroesternal e dos espaços intercostais, retificação dos arcos costais, abaixamento das cúpulas diafragmáticas), hiperlucência, presença de bolhas, redução da vasculatura pulmonar Tomografia de tórax • Apesar de maior sensibilidade e especificidade na identificação de enfisema, não é usada de rotina para diagnóstico ou acompanhamento, a não ser em pacientes com indicação de rastreio de neoplasia pulmonar. • Também auxilia no diagnóstico diferencial com outras doenças e na avaliação de complicações. • Indicada na avaliação de pacientes para procedimentos de redução de volume pulmonar (cirúrgico ou endoscópico) ou transplante pulmonar • Indicações: exacerbações persistentes, aqueles com sintomas que não corresponderem à gravidade da doença nos testes de função pulmonar, aqueles com VEF1 <45% do previsto com hiperinsuflação significativa e aqueles que atendam a critérios para rastreamento de câncer de pulmão. Espirometria A espirometria é necessária para se fazer o diagnóstico de DPOC e também é usada para monitorar a evolução da doença • Os pacientes com DPOC apresentam uma redução no VEF1 (volume expiratório forçado no primeiro segundo) e na razão VEF1/CVF (capacidade vital forçada). • A presença de limitação do fluxo aéreo é definida como um VEF1/CVF pós-broncodilatador < 0.70 A espirometria também indica a gravidade da obstrução do fluxo aéreo: Determinação dos volumes pulmonares (pletismografia) • Não é necessária para manejo clínico, porém, quando há redução da CVF a determinação dos volumes pulmonares auxiliam para diferenciar aprisionamento aéreo (aumento do volume residual), hiperinsuflação (aumento da capacidade pulmonar total) e associação com distúrbio restritivo. Capacidade de difusão de monóxido de carbono (DLCO) • A DLCO reduzida (< 60%) é uma variável independente de pior prognóstico no paciente com DPOC e tem associação com: menor tolerância ao esforço, sintomas mais intensos e aumento do risco de morte. • Deve sempre ser realizada no paciente com dispneia desproporcional à limitação do fluxo aéreo. • Também é utilizada para cálculo de risco cirúrgico em pacientes em programação de ressecção pulmonar ou procedimento de redução de volume pulmonar (cirúrgico e/ou endoscópico). Espirometria ➢ A espirometria é o exame essencial para confirmar o diagnóstico e estabelecer o estadiamento da DPOC. ➢ Se os valores estiverem anormais, um teste pós-broncodilatador pode ser indicado. ➢ A limitação do fluxo aéreo irreversível ou apenas parcialmente reversível com broncodilatador é sugestiva de DPOC e não de asma. ➢ Uma relação VEF 1 /CVF pós-broncodilatador <0,7 ou <LIN de VEF 1 /CVF é usada para estabelecer a presença de limitação do fluxo aéreo. Na presença de um VEF 1 /CVF baixo, a porcentagem do VEF 1 previsto é usada para determinar a gravidade da limitação do fluxo aéreo. • GOLD 1: Leve (VEF 1 ≥80% do previsto) • GOLD 2: Moderado (50% do previsto ≤VEF 1 <80% do previsto) • GOLD 3: Grave (30% do previsto ≤VEF 1 <50% do previsto) • GOLD 4: Muito grave (VEF 1 <30% do previsto) Volumes pulmonares A pletismografia corporal para avaliar os volumes pulmonares não é necessária, exceto em pacientes com baixa CVF na espirometria (<80% do previsto) ou quando há suspeita de doença pulmonar intersticial concomitante. Capacidade de difusão do monóxido de carbono A medição da DLCO pode ajudar a estabelecer a presença de enfisema, mas não é necessária para o diagnóstico de rotina da DPOC. Radiografia de tórax Evidências de hiperinsuflação (p. ex., pulmões aumentados, diafragma achatado, diâmetro AP aumentado) e perda de parênquima (p. ex., marcas pulmonares diminuídas, bolhas grandes) normalmente só estão presentes e são diagnósticas no enfisema grave. A radiografia é frequentemente obtida para excluir outras doenças pulmonares. Gasometria arterial (ABGs) Obstrução leve e moderada ao fluxo aéreo – ABG geralmente não é necessária. Obstrução ao fluxo aéreo moderadamente grave – a gasometria arterial é opcional, mas a oximetria deve ser realizada. Os ABGs são obtidos se a saturação de oxigênio for <92%. Obstrução grave e muito grave do fluxo aéreo – as gasometria arterial são essenciais para avaliar a hipercapnia. PFTs: provas de função pulmonar; VEF1: volume expiratório forçado no primeiro segundo; CVF: capacidade vital forçada; LIN: limite inferior da normalidade; DLCO: capacidade de difusão de monóxido de carbono. DIAGNÓSTICO O diagnóstico de DPOC requer todos os seguintes itens: • Sintomas sugestivos (dispneia, tosse crônica com ou sem expectoração) associados à exposição a fatores de risco; • Avaliação funcional com presença de obstrução ao fluxo de ar (VEF1/CVF < 0,7)*; • Ausênciade diagnóstico alternativo para os sintomas e para a limitação ao fluxo aéreo O diagnóstico de DPOC é confirmado pelo seguinte: 1. Espirometria demonstrando limitação do fluxo aéreo (VEF1/CVF < 0,7 ou abaixo do limite inferior do normal [LIN]) que é incompletamente reversível após a administração de um broncodilatador inalatório 2. Ausência de explicação alternativa para os sintomas e limitação do fluxo aéreo *Entretanto, a relação entre volumes e capacidades pulmonares varia conforme idade, sexo e altura, sendo que a razão fixa de 0,7 pode não ter acurácia para a detecção de obstrução em determinados grupos etários, sendo indicado, para evitar sub ou sobre diagnóstico, a utilização do limite inferior da normalidade (LIN) para avaliação da relação VEF1/CVF. • Nessas situações, é recomendada a avaliação por pneumologista para a elucidação diagnóstica. Classificação A classificação da DPOC com base na gravidade da limitação ao fluxo aéreo é realizada por meio do valor do VEF1 • Entretanto, é necessária a avaliação de outros aspectos da doença, como gravidade dos sintomas, frequência de exacerbações e presença de comorbidades, para uma melhor caracterização da gravidade, do prognóstico e da estratégia terapêutica na doença O melhor preditor de exacerbações frequentes (≥ 2 por ano) é uma história de exacerbações previamente tratadas. • Além disso, o risco de exacerbações é consideravelmente maior nos pacientes com limitação do fluxo aéreo a <50% (DPOC grave ou muito grave) As diretrizes GOLD usam uma abordagem de avaliação da DPOC combinada para agrupar os pacientes de acordo com os sintomas e a história pregressa de exacerbações. Os sintomas são avaliados pelo uso da escala mMRC ou CAT. As exacerbações são avaliadas independentemente dos sintomas para destacar sua relevância clínica • Grupo A: baixo risco (0-1 exacerbação por ano, sem necessidade de hospitalização) e menos sintomas (mMRC 0-1 ou CAT <10) • Grupo B: baixo risco (0-1 exacerbação por ano, sem necessidade de hospitalização) e mais sintomas (mMRC ≥2 ou CAT ≥10) • Grupo E: alto risco (≥2 exacerbações por ano, ou uma ou mais exacerbações com necessidade de hospitalização) e qualquer nível de sintomas. * Os grupos A e B permanecem inalterados, mas os grupos C e D estão agora fundidos num único grupo denominado “E” para realçar a relevância clínica das exacerbações. O questionário modificado do Medical Research Council (mMRC) ou o Teste de Avaliação da DPOC (CAT) são recomendados para avaliar os sintomas • Cuidado com uso da escala de dispneia mMRC isoladamente para avaliar os pacientes, pois os sintomas da DPOC vão além de apenas dispneia. Por esse motivo, o CAT é preferível DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DE DPOC Diagnóstico Recursos sugestivos DPOC Início na meia-idade; início no início da idade adulta deve levantar suspeita de deficiência de alfa-1 antitripsina Sintomas lentamente progressivos Longa história de tabagismo, embora possa ocorrer em não fumantes Dispneia durante o exercício Limitação do fluxo de ar em grande parte irreversível Asma Início precoce na vida (geralmente na infância) Os sintomas variam de dia para dia Sintomas à noite/de manhã cedo Alergia, rinite e/ou eczema também estão presentes História familiar de asma Limitação do fluxo de ar amplamente reversível Chiado monofônico ou estridor Obstrução central das vias aéreas (por exemplo, câncer broncogênico ou metastático, linfadenopatia, cicatrizes do tubo endotraqueal) Desaceleração inspiratória variável ou fixa no loop de volume de fluxo Radiografia de tórax geralmente normal Estreitamento das vias aéreas na reconstrução tridimensional da TCAR Insuficiência cardíaca Crepitações basilares finas na ausculta Radiografia de tórax mostra coração dilatado, edema pulmonar Os testes de função pulmonar geralmente indicam restrição de volume, mas às vezes pode ser observada limitação do fluxo aéreo Bronquiectasia Grandes volumes de expectoração purulenta Comumente associada a infecção bacteriana recorrente ou persistente Estalos grosseiros na ausculta, baqueteamento digital Radiografia de tórax/TCAR mostra dilatação brônquica, espessamento da parede brônquica Tuberculose Início em todas as idades A radiografia de tórax mostra cicatrizes na zona pulmonar superior e/ou granulomas calcificados PPD ou IGRA positivo Alta prevalência local de tuberculose Bronquiolite obliterante Início em idade mais jovem, não fumantes Pode ter história de artrite reumatóide ou exposição a vapores TCAR em expiração mostra áreas hipodensas, padrão em mosaico Panbronquiolite difusa A maioria dos pacientes são homens e não fumantes Maior prevalência no Leste Asiático Quase todos têm sinusite crônica Radiografia de tórax e TCAR mostram pequenas opacidades nodulares centrolobulares difusas e hiperinsuflação TRATAMENTO DA DPOC ESTÁVEL Nenhum medicamento demonstrou alteração da diminuição em longo prazo da função pulmonar, e o principal objetivo da farmacoterapia é controlar os sintomas e prevenir as complicações TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO O tratamento não farmacológico é composto por vacinação, cessação tabágica, reabilitação pulmonar, Oxigenoterapia Domiciliar Prolongada (ODP), uso de Bilevel domiciliar, cirurgia de redução volumétrica pulmonar, procedimentos endoscópicos e, em casos avançados e progressivos, a despeito da terapêutica otimizada, transplante pulmonar, caso não haja contraindicação ao procedimento. Entre as diferentes modalidades terapêuticas para DPOC, os únicos dois fatores que melhoram a sobrevida são o abandono do hábito de fumar e a suplementação de oxigênio Cessar tabagismo • O abandono do hábito de fumar reduz significativamente a taxa de progressão da DPOC e o risco de malignidades. Vacinação • A vacina anti-influenza anual está indicada para todos os pacientes com DPOC. • As vacinas pneumocócica 13-conjugada e polissacarídica 23-valente estão indicadas para pacientes com DPOC sintomáticos e exacerbadores; pacientes de qualquer grupo de risco da doença com comorbidades associadas a maior risco de doença pneumocócica grave (diabetes, insuficiência renal, insuficiência cardíaca, etc.). Deve-se aplicar as duas vacinas com intervalo de 6 meses, iniciando pela 13 conjugada. É recomendado o reforço para a vacina 23-valente em 5 anos ou, se iniciada após os 65 anos, em dose única. Reabilitação pulmonar A reabilitação pulmonar compreende exercício aeróbico, treinamento de força e educação. • Indicação: pacientes com carga de sintomas elevada e risco de exacerbação (ou seja, grupos B e E) • O programa de exercícios promove recondicionamento físico e cardiovascular, além de treinamento muscular de membros superiores e inferiores e de resistência física, contribuindo para a melhora da qualidade de vida, redução de exacerbações e de hospitalizações, assim como melhora da capacidade de realizar exercícios físicos. • Devem ser priorizados os pacientes que estejam com terapia medicamentosa otimizada, mantendo dispneia associada à baixa tolerância ao exercício ou restrição para atividades diárias (pontuação na escala mMRC > 2). • Em caso de indisponibilidade de serviços de reabilitação pulmonar, deve-se estimular os pacientes a praticar exercícios físicos no domicílio (caminhar, subir escadas, sentar e levantar da cadeira e realizar exercícios físicos com os membros superiores) Oxigenoterapia domiciliar • Prescrição de oxigenoterapia em longo prazo por pelo menos 15 h/dia nos adultos com DPOC que apresentem hipoxemia crônica grave em repouso Os critérios para oxigenoterapia domiciliar são: • PaO2 < 55 mmHg, ou SpO2 < 88%; ou • PaO2 entre 55 e 59 mmHg ou SpO2 ≤ 89% (com sinais de hipertensão arterial pulmonar: policitemia, edema periférico, turgência jugular, segunda bulha cardíaca hiperfonética,eletrocardiograma com onda p pulmonale). O oxigênio suplementar deve ser ajustado para atingir uma SaO₂ ≥90%. • Deve-se estabelecer o fluxo de oxigênio necessário para manter PaO2 superior a 60 mmHg e SpO2 superior a 90%, utilizando-o também durante o sono e o exercício. • O paciente deve ser reavaliado após 60 a 90 dias para se determinar se o oxigênio ainda é indicado e terapêutico • Seu uso por mais de 15 horas/dia reduz a mortalidade em pacientes com hipoxemia crônica grave Tratamento cirúrgico As intervenções cirúrgicas são o último passo no tratamento da DPOC e incluem bulectomia, cirurgia redutora de volume pulmonar e transplante de pulmão • Pacientes com obstrução grave ou muito grave (GOLD 3 ou 4), ou com enfisema bolhoso heterogêneo, com idade elegível, sem comorbidades graves, que permanecem muito sintomáticos apesar de terapêutica medicamentosa otimizada e após participação em programa de reabilitação pulmonar devem ser encaminhados para serviços especializados (pneumologia e cirurgia torácica) para avaliar possibilidade de outros tratamentos (cirurgia redutora de volume ou redução de volume por via endoscópica, transplante pulmonar, bulectomia). TRATAMENTO FARMACOLÓGICO O tratamento inicial é determinado pelo grupo GOLD do paciente no momento do diagnóstico • Os broncodilatadores são a base do tratamento medicamentoso. • Broncodilatadores de resgate de ação curta devem ser prescritos para todos os pacientes, para alívio imediato dos sintomas. • A ausência de resposta ao broncodilatador de ação curta pode significar uma exacerbação aguda. GRUPO A • Oferece-se inicialmente um broncodilatador de ação curta ou prolongada (LABA e LAMA são preferidos em relação aos broncodilatadores de ação curta, exceto para pacientes com dispneia ocasional apenas). • Se um broncodilatador de ação prolongada for prescrito, deve-se também prescrever um broncodilatador de ação curta como terapia de resgate. • O uso regular de broncodilatadores de ação curta não é geralmente recomendado. • Os SAMAs devem ser descontinuados caso se prescreva algum LAMA GRUPO B • O tratamento combinado LABA/LAMA deve ser oferecido em primeira linha na ausência de problemas com efeitos colaterais ou disponibilidade. Caso contrário, pode ser prescrito um LAMA ou um LABA. • Deve-se prescrever, um broncodilatador de ação curta (SABA ou SAMA) para alívio imediato dos sintomas GRUPO E • O tratamento combinado LABA+LAMA é a terapia de primeira linha na ausência de problemas com efeitos colaterais ou disponibilidade. • A adição de um corticosteroide inalatório (CI) a uma combinação LABA/LAMA pode ser considerada se a contagem de eosinófilos no sangue do paciente for ≥300 células/microlitro (terapia tripla). • Deve-se prescrever, um broncodilatador de ação curta (SABA ou SAMA) para alívio imediato dos sintomas Terapia adicional O tratamento adicional é determinado pela carga de sintomas de dispneia/limitação de exercício do paciente e pela frequência das exacerbações após a revisão e é independente do grupo GOLD do paciente ao diagnóstico. • A GOLD recomenda diferentes vias de tratamento, dependendo do objetivo do tratamento primário: aliviar os sintomas de dispneia/limitação para o exercício ou reduzir as exacerbações. • Se o tratamento for necessário para ambos os fins, os médicos devem seguir a via da exacerbação O reforço da terapia recomendado para os pacientes com dispneia/limitação para o exercício após a terapia inicial deve ser da seguinte forma: • Pacientes submetidos a monoterapia com broncodilatador de ação prolongada devem iniciar um segundo broncodilatador de ação prolongada de classe diferente (LABA+ LAMA). • Se os sintomas não melhorarem, pode-se considerar mudar o inalador ou a molécula. • A combinação BALD/LAMA pode fornecer um melhor efeito terapêutico sem aumentar os efeitos adversos de cada classe. • A terapia combinada com um BALD/LAMA reduz as exacerbações em comparação com a monoterapia. • A dispneia por outras causas deve ser considerada, investigada e tratada. • A técnica de inalação e a adesão também devem ser reavaliadas, pois podem levar a uma resposta inadequada ao tratamento. O escalonamento da terapia recomendado para os pacientes com exacerbações persistentes após a terapia inicial deve ser da seguinte forma: • Pacientes submetidos à monoterapia com broncodilatador de ação prolongada devem aumentar a terapia para LABA+LAMA. • A contagem de eosinófilos no sangue pode identificar os pacientes com maior probabilidade de responderem aos CIs. • O escalonamento para terapia tripla com LABA+LAMA+CI pode ser considerado para os pacientes em monoterapia com broncodilatador de ação prolongada se a contagem de eosinófilos periféricos for ≥300 células/microlitro. • É improvável que os CI sejam benéficos nos pacientes cuja contagem de eosinófilos no sangue seja <100 células/microlitro. • Pacientes que tomam LABA+LAMA e cujos eosinófilos sanguíneos são ≥100 células/microlitro devem passar para a terapia tripla com LABA+LAMA+CI. • Os CIs podem ser descontinuados se forem ineficazes ou causarem efeitos adversos. Os pacientes com eosinófilos no sangue ≥300 células/microlitro apresentam maior risco de exacerbações após a suspensão do CI • A combinação LABA/CI não é recomendada pela GOLD. No entanto, se um paciente com DPOC e sem características de asma tiver recebido este tratamento e estiver bem controlado, ele pode continuar com BALD/CI. Se os pacientes tiverem mais exacerbações, ele devem passar para a terapia tripla, com a adição de um LAMA. Se tiverem sintomas importantes, os pacientes podem passar para LABA/LAMA. • Pacientes que tomam LABA/LAMA e cujos eosinófilos no sangue são <100 células/microlitro devem acrescentar roflumilaste ou azitromicina. • Os pacientes que tomam LABA/LAMA/CIs podem adicionar o roflumilaste ou a azitromicina. • O roflumilaste pode ser considerado para os pacientes com VEF1 <50% do predito e bronquite crônica, particularmente se tiverem apresentado pelo menos uma hospitalização por causa de exacerbação no ano anterior. Broncodilatadores • Os beta-2 agonistas aumentam a cAMP (adenosina monofosfato cíclica) intracelular, causando o relaxamento do músculo liso respiratório e a redução da resistência das vias aéreas. • Antagonistas muscarínicos (anticolinérgicos) agem como broncodilatadores ao bloquear os receptores colinérgicos no músculo liso respiratório. Isso causa relaxamento muscular e reduz a limitação do fluxo aéreo. • Dessa forma, os beta-agonistas e os antagonistas muscarínicos oferecem efeitos broncodilatadores por diferentes vias. • Ambos estão disponíveis como preparações de ação curta e de ação prolongada. Broncodilatadores de curta ação • Esses agentes podem ser usados como terapia de resgate quando o paciente estiver usando terapia broncodilatadora de ação prolongada e podem ser usados como tratamento inicial para pacientes do grupo A da GOLD se os pacientes tiverem apenas dispneia ocasional. • No entanto, o uso regular de broncodilatadores de ação curta não é geralmente recomendado Agonistas beta-2 adrenérgicos (SABA): • Salbutamol (albuterol), fenoterol - usados para o tratamento dos sintomas decorrentes da obstrução ao fluxo de ar (dispneia, sibilância, intolerância ao exercício). • Apresentam início de ação rápido, atingindo a broncodilatação em 1 a 5 minutos, e duração de 2 a 4 horas, e, portanto, são indicados para alívio da dispneia aguda. • Podem ser indicados em qualquer fase da doença; como monoterapia em casos leves (grupo A) ou como terapia para alívio de sintomas (resgate) em associação ao tratamento de manutenção nos demais grupos. • Ausência de resposta ao broncodilatador na espirometria não exclui um possível benefício em longo prazo. Antimuscarínicos(SAMA): • O brometo de ipratrópio bloqueia os receptores muscarínicos da árvore brônquica. • O ipratrópio pode ter um pequeno benefício sobre os beta-2 agonistas de ação curta no que diz respeito à melhoria da qualidade de vida relacionada à saúde • Apresenta início de ação em 1 a 3 minutos, mas com pico de ação em 1,5 a 2 horas, com duração de ação de 4 a 6 horas, sendo a sua ação mais lenta do que a dos agonistas dos receptores beta-2- adrenérgicos. • O uso em esquema regular ou conforme necessário, para alívio de dispneia, leva à melhora sintomática e aumenta a tolerância ao exercício. Broncodilatadores de longa ação Agonistas beta-2 adrenérgicos de longa ação (LABA) e de ultralonga ação (U-LABA): • O formoterol e o salmeterol levam à broncodilatação de longa duração, por até 12 horas e são usados 2 vezes/dia. • São indicados para o tratamento ambulatorial de pacientes com sintomas persistentes. • O salmeterol é o mais seletivo de todos os agonistas dos receptores beta-2- adrenérgicos, tendo início de ação após 20 minutos e, portanto, não é utilizado para tratar a dispneia aguda. • O indacaterol, vilanterol e oladaterol levam à broncodilatação por tempo mais prolongado, de até 24 horas e são usados 1 vez/dia. • Os potenciais benefícios destes medicamentos incluem redução de sintomas e melhora da qualidade de vida Antimuscarínicos (LAMA): • Brometo de glicopirrônio, de tiotrópio ou de umeclidínio: são utilizados uma vez ao dia, apresentando efeito broncodilatador de 22 a 24 horas. • LABA e LAMA melhoram significativamente a função pulmonar, dispneia, estado de saúde e reduzem as taxas de exacerbação. Os LAMA têm um efeito maior na redução da exacerbação em comparação com os LABA e diminuem as hospitalizações. • Nos casos de DPOC estável, se a decisão tomada for o uso de monoterapia, os agentes LAMA podem ser superiores aos agentes LABA • Os LAMAs têm maior efeito na redução das exacerbações do que os LABAs em pacientes com DPOC moderada a muito grave Associação LABA + LAMA: A combinação LABA/LAMA pode fornecer um melhor efeito terapêutico sem aumentar os efeitos adversos de cada classe • A broncodilatação dupla (LABA+ LAMA) aumenta a função pulmonar (VEF1), melhora sintomas e qualidade de vida, reduz exacerbações quando comparado à monoterapia, sem aumento significativo nos efeitos adversos • A terapia combinada com um LABA/LAMA reduz as exacerbações em comparação com a monoterapia. Corticosteroides inalatórios (CI) O uso de CIs em longo prazo reduz a necessidade de terapias de resgate e reduz as exacerbações, além de diminuir a mortalidade • Budesonida, beclometasona ou fluticasona (Acredita-se que os CIs são eficazes devido aos seus efeitos anti-inflamatórios) • Quando indicados para os pacientes com DPOC, os CIs devem sempre ser prescritos em combinação com broncodilatadores de ação prolongada (O tratamento regular com CI isolado, em pacientes com DPOC, não modifica o declínio do VEF1 em longo prazo, nem reduz mortalidade). • O uso de CIs com LABA isoladamente não é recomendado • A associação de CI + LABA é mais eficaz, quando comparada aos componentes isoladamente, em melhorar a função pulmonar, o estado de saúde e reduzir as exacerbações, em pacientes com DPOC moderada a grave, com exacerbações • Em comparação com as LABAs/CIs, uma combinação de LABA/LAMA apresenta menos exacerbações, maior melhora do VEF1, menor risco de pneumonia e melhora mais frequente na qualidade de vida O efeito dos esquemas de tratamento que contêm CI é mais elevado nos pacientes com maior risco de exacerbações (duas ou mais exacerbações e/ou uma hospitalização por exacerbação no ano anterior) A contagem de eosinófilos no sangue pode prever a eficácia da adição de CIs ao tratamento regular com broncodilatadores de ação prolongada para prevenir exacerbações: • Pouco ou nenhum efeito é observado nas contagens de eosinófilos <100 células/microlitro, enquanto o efeito máximo é observado nas contagens de eosinófilos >300 células/microlitro • Entretanto, o uso da contagem de eosinófilos no sangue deve ser combinado com a avaliação clínica do risco de exacerbação (história prévia de exacerbações) para prever os efeitos do CI. Indicação: • A associação de CI + LABA deve ser considerada em pacientes exacerbadores e em uso de um broncodilatador de longa ação de manutenção (LABA ou LAMA), que apresentem eosinofilia sanguínea (≥ 300 cel/mm 3 ) ou com eosinófilos ≥ 100 cel/mm 3 e ≥ 2 exacerbações moderadas ou ≥ 1 exacerbação grave (hospitalização), nos últimos 12 meses. • Um curso de tratamento com CI pode ser realizado em pacientes exacerbadores, em uso de LABA + LAMA, com eosinófilos no sangue ≥ 100 cel/mm 3. • Na ausência de resposta (redução de exacerbações) após 12-24 semanas, a suspensão do CI deve ser avaliada. Ou situação para uso de CI em pacientes com DPOC e a presença de asma sobreposta. Os fatores que devem ser considerados ao iniciar o tratamento com CI, em combinação com um ou dois broncodilatadores de ação prolongada (LABA e/ou LAMA), são: a favor: • história de hospitalização por exacerbações de DPOC; • ≥ 2 exacerbações moderadas de DPOC por ano; • eosinófilos sanguíneos ≥ 300 cel/mm3; • história concomitante de asma; considerar o uso: • 1 exacerbação moderada de DPOC por ano; • eosinófilos sanguíneos ≥ 100 cel/mm 3 a < 300 cel/mm3 ; desfavorável ao uso: • episódios repetidos de pneumonia; • eosinófilos sanguíneos < 100 cel/mm3 ; • história de infecção por micobactéria Inhaled corticosteroids (ICS) O uso de CIs em curto prazo (≤1 ano) pode estar associado com mais melhoras no VEF1 que o uso em longo prazo • O uso prolongado de corticosteroides orais na DPOC não é recomendado O uso prolongado ou doses elevadas de CI podem causar vários efeitos colaterais: • candidíase, disfonia, hematomas cutâneos superficiais secundários a traumas leves, osteopenia, catarata, glaucoma, diabetes mellitus, supressão adrenal, infecções por micobactérias (incluindo tuberculose). • O tratamento regular com CI aumenta o risco de pneumonia, especialmente em pacientes com doença grave. Corticosteroides inalatórios associados à antimuscarínicos e broncodilatadores beta-2 adrenérgicos de longa ação (terapia tripla): • A terapia tripla pode resultar em melhora da função pulmonar e de desfechos reportados por pacientes, além de prevenir exacerbações e hospitalização. • Pode ser indicada para pacientes com dispneia persistente, com limitações para a prática de atividades físicas ou com exacerbações graves ou frequentes e que estão em uso de CI + LABA. • A terapia tripla pode ser recomendada para pacientes em uso de associação LABA + LAMA, com episódios de exacerbação graves e frequentes. • Antes de prescrever a terapia tripla, avalie se outra afecção física ou mental pode estar causando os sintomas do paciente. Quando internar? EXERCEBAÇÃO AGUDA DO DPOC (EADPOC) Uma exacerbação da DPOC é definida como um evento caracterizado por dispneia e/ou tosse e expectoração que piora ao longo de < 14 dias. • A exacerbação da DPOC é um evento agudo, sendo caracterizado por piora da dispneia, aumento da tosse e/ou expectoração (volume e/ou purulência), além da variabilidade diária, suficientes para exigir modificação do tratamento habitual. • Uma exacerbação pode representar a primeira apresentação da DPOC. • Uma exacerbação aguda da DPOC normalmente está associada com o aumento da inflamação local e sistêmica, causado por infecções, poluição ou outras agressões às vias aéreas Desencadeantes: • Principal: infecções respiratórias (virais ou bacterianas) • Estima-se que vírus respiratórios sejam responsáveis por cerca de 22% a 64% das exacerbações agudas • Patógenos bacterianos mais comuns: Haemophilus influenzae, Streptococcus pneumoniae e Moraxellacatarrhalis • As exacerbações também podem ser decorrentes de poluentes ambientais como material particulado de fumaça, dióxido de enxofre, dióxido de nitrogênio e ozônio, bem como da exposição a outros irritantes, como produtos de limpeza, produtos para o cabelo e outros químicos • 1/3 dos casos de exacerbações da DPOC, não é possível identificar uma causa. Nesses pacientes, deve-se considerar uma busca cuidadosa por outras causas de descompensação respiratória (por exemplo, insuficiência cardíaca congestiva ou embolia pulmonar) Quadro clínico Podem apresentar dispneia grave e aguda, febre e dor torácica durante exacerbações infecciosas agudas • Os pacientes com DPOC podem apresentar outras afecções concomitantes que se confundem com uma exacerbação, ou até mesmo que podem agravá-la. • Assim, deve-se sempre considerar e investigar os diferentes diagnósticos diferenciais; Diagnóstico diferencial Várias doenças, inclusive pneumonia, embolia pulmonar e insuficiência cardíaca congestiva, também podem agravar os sintomas respiratórios em pacientes com DPOC; elas devem ser diferenciadas de uma exacerbação da DPOC. Classificação de gravidade • Leve: requer somente o aumento do uso de broncodilatadores de curta ação. • Moderada: requer uso de corticosteroides e/ou antibióticos por via oral. • Grave: requer visitas ao departamento de emergência ou hospitalização TRATAMENTO DA EADPOC As opções de tratamento incluem broncodilatadores, corticosteroides sistêmicos, oxigênio e antibióticos. Antibióticos Os antibióticos são reservados para as exacerbações com causa supostamente bacteriana. Indicações: • Apresente três sintomas cardinais (aumento da dispneia, aumento do volume de secreção e piora de sua purulência); • Apresente apenas dois sintomas cardinais, sendo um deles a piora da purulência; ou • Aqueles que necessitam de ventilação mecânica (invasiva ou não invasiva). Qual ATB? • A escolha deve ser baseada no perfil de resistência local, sendo geralmente iniciado de forma empírica (aminopenicilina com ácido clavulânico, macrolídeo ou tetraciclina). • O tempo recomendado varia de 5-7 dias. Devo pedir cultura? • Em pacientes com exacerbações frequentes, obstrução ao fluxo aéreo acentuada, e/ou exacerbações com necessidade de ventilação mecânica, culturas de escarro podem ser solicitadas (risco maior de bactérias gram-negativas como Pseudomonas aeruginosa, ou outros patógenos resistentes aos antibióticos anteriormente mencionados). Broncodilatadores • São recomendados os broncodilatadores de curta duração, por apresentarem início de ação rápido e elevada eficácia em alívio dos sintomas. • Podem ser utilizados por meio de nebulímetro dosimetrado ou nebulização. • Os SABA (fenoterol, salbutamol – albuterol) são considerados os broncodilatadores de escolha. • A associação de um SAMA (brometo de ipratrópio) pode ter efeito aditivo. • O intervalo de administração deverá ser avaliado conforme gravidade da crise. Corticosteroides • Relacionado com a melhora da função pulmonar, melhora da oxigenação, menor tempo de internação hospitalar, menor risco de recorrência precoce da exacerbação e de falha terapêutica. • Prednisona 40 mg/dia durante 5 dias • As administrações via oral (VO) ou endovenosa parecem ser igualmente eficazes no tratamento, sendo a via EV preferida nos pacientes com choque e incapacidade de receber medicação VO. Suporte ventilatório Oxigenoterapia: • titulada para manter uma SatO2 de 88-92%. • Uma vez iniciada suplementação de oxigênio deve-se coletar uma gasometria, a fim de observar a presença de hipercapnia e/ou acidose, especialmente em pacientes com alteração do nível de consciência e arritmias. Ventilação mecânica não invasiva (VNI): • Está indicada como primeira linha de tratamento em pacientes com insuficiência respiratória que não responderam à terapia convencional, sendo também eficazes na redução do esforço respiratório, da frequência respiratória, melhorando a oxigenação e acidose respiratória aguda. • VNE é o método de escolha quando comparado à VM. • A VNI tem impacto na mortalidade e na taxa de intubação orotraqueal, assim como na diminuição da incidência de pneumonia associada à VM, tempo de internação hospitalar, trabalho respiratório e frequência respiratória São indicações de VNI: 1. Acidose respiratória (PaCO2 > 45 e pH < 7,35); 2. Dispneia significativa com sinais de fadiga muscular ou utilização de musculatura acessória, movimentação paradoxal abdominal e retração de musculatura intercostal; 3. Hipoxemia persistente apesar da suplementação de O2. Cateter nasal de alto fluxo (CNAF): • oferecem oxigênio aquecido e umidificado a fluxos de até 60 L/minuto. • O uso de CNAF tem se associado a diminuição da frequência respiratória, menor esforço respiratório, melhora as trocas gasosas, o volume pulmonar e o colapso dinâmico, melhorando a oxigenação, a ventilação, e consequentemente a hipercapnia em pacientes durante uma exacerbação. Ventilação mecânica invasiva: • pacientes com exacerbações graves ou não responsivas a VNI devem ser intubados e conectados à ventilação invasiva. São critérios para intubação: 1. parada respiratória ou cardiorrespiratória; 2. instabilidade hemodinâmica; 3. rebaixamento do nível de consciência ou agitação psicomotora não controlada com medicamentos; 4. sinais de insuficiência respiratória progressiva; 5. falha terapêutica ou intolerância à VNI; 6. deterioração das trocas gasosas (apesar do manejo médico máximo e adequado). Broncodilatadores
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