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UNIVERSIDADE POLITÉCNICA – APOLITÉCNICA Escola Superior de Estudos Universitários de Nampula- ESEUNA Utilização de Tijolos ecológicos em Coberturas Abóbadas: “Estudo de Caso Cidade de Quelimane” Zarino Juma Zubaire Nauaga Nampula 2019 Zarino Juma Zubaire Nauaga Utilização de Tijolos ecológicos em Coberturas Abóbadas: “Estudo de Caso Cidade de Quelimane” Monografia Científica apresentada à Universidade Politécnica, Escola Superior de Estudos Universitários de Nampula - ESEUNA, Como requisito parcial para a obtenção do Grau de Licenciado em Engenharia Civil. Tutor: Engenheiro Ângelo Daniel Soares Nampula 2019 Folha de Aprovação Scanned by CamScanner iii Parecer do Tutor Eu, Ângelo Daniel Soares, tutor da monografia de licenciatura do estudante Zarino Juma Zubaire Nauaga intitulada Utilização de Tijolos ecológicos em Coberturas Abóbadas: “Estudo de Caso Cidade de Quelimane”, outorgo o mesmo à minha apreciação positiva. O mesmo é resultado da pesquisa original do autor, com excepção da informação citada e constante das referências bibliográficas. Por este motivo considero o presente trabalho apto para ser submetido a avaliação e defesa pública perante o júri nomeado para o efeito. O Tutor ______________________________ Ângelo Daniel Soares Nampula, 12 de Setembro de 2019 iv Dedicatória Numa viagem como esta de academia, é ingénuo aquele que pensa que tem forças para caminhar sozinho, sem a bengala dos “bons”. E, como de ingenuidade tive e até que baste, neste momento resta-me olhar para o caminho percorrido e concluir que sou o que sou “nada”. Porque tive todo o vosso amparo em vários momentos desta jornada: antes de cá estar, ao longo do meu curso e agora na elaboração do trabalho de final do curso. Esta monografia, dedico em especial aos meus pais o casal JJ (Juma Mutimbua Zubaire Nauaga e Juleca Jaime Abdul Suluba), que tudo fazem e tudo exerce para garantir a minha melhor formação, como os anteriores filhos tiveram. Aos meus irmãos (Zaurute, Zanura, Zuabir, Zainadine, Zurate e Ismael). v Agradecimentos Esta página, as palavras com certeza que são do tamanho de um átomo por aquilo que vós fizestes por mim, e não terei e nem teria como agradecer à proporção dos feitos. Daí que devo começar por algum lado: Agradeço, primeiramente, à Allah por me conceder forças para lutar contra as tempestades que, às vezes, a vida nos impõe, iluminando minha caminhada nessa jornada árdua e me mostrando, interiormente, que a "sabedoria" ainda é a melhor forma de não desistir de nada. Agradeço Ao Arquitecto e planeador físico Delfim Emílio Eugénio director geral da D|E•arquitectos•lda, pelas ideias, aconselhamentos, manuais e amparo. Ao meu tutor Ângelo Daniel Soares, pelo apoio incondicional na realização e conclusão deste trabalho, dos ensinamentos, criticas e disponibilidade para me ouvir em vários momentos. Aos meus Docentes ao longo do curso, ao Professor Doutor Carlos Moya, ao Mestre Maria Victoria Salis, e ao Mestre Bélgica Velasquez Harissone. Aos meus colegas do curso de engenharia civil, na Faculdade de Ciências e Tecnologia na Universidade A Politécnica Quelimane, particularmente aos amigos Nordinho Francisco, Eufrasia Rodriges Rohiua, Eurídice Sequeira, Samusone Maxwell Roupa, Fred Jorge Adriano, José Manuel Jaime, (dispenso detalhes) e aos que directamente, ou não, contribuíram para a conclusão do meu curso. Por fim, sem com isso significar o seu lugar na minha vida, um pedido de desculpas aos meus amigos Pinto Chel Júnior, Jamal Amade Monamela e o Tzé Ching Chang, (dispenso detalhes), em particular à minha namorada, pela ausência em vários momentos importantes ao longo destes meses, apesar de sempre puder contar com o seu amor, solidariedade e carga moral que me incentivou a seguir em frente. O meu muito obrigado à Todos. Aos meus queridos e incomparáveis irmãos, com quem convivo diariamente. Obrigada pelos conselhos, o apoio, respeito e a amizade de irmãos amo vocês. À todos os meus demais familiares, que tiveram contribuição para minha formação de personalidade. Nossa família é a base para meu fortalecimento. vi Aos amigos queridos, que de perto ou de longe, estão em meu coração e tornam meus dias melhores. À instituição na qual me formei Universidade Politécnica A Politécnica delegação de Quelimane, o meu muito obrigado…pela qualidade de Ensino – Aprendizagem. Sem me esquecer da Universidade Politécnica – A Politécnica Escola Superior de Estudos Universitários de Nampula- ESEUNA. À Direcção Provincial da Educação e Desenvolvimento Humano da Zambézia (DPEDHZ) em particular na Unidade De Construção Equipamentos Escolares (UCEE) departamento de planificação, pela recepção e ensinamentos da prática, no período de estágio profissional. A todos o meu profundo agradecimento. vii Epigrafe ´´Ainda que a argila possa receber a forma de vaso, A essência do vaso reside em seu vazio interior.´´ Lao Tsé ´´Se não jogar, jamais irá vencer, então Comece a desenvolver os seus Conhecimentos a produzir dinheiro´´ Zarino Nauaga viii Resumo A presente pesquisa monográfica intitulada: Utilização de Tijolos ecológicos em Coberturas Abóbadas, foi desenvolvida através de um estudo de caso realizado na Cidade de Quelimane. Foram traçados os objectivos da pesquisa dos quais, de forma genérica Identificar as razões que levam os citadinos de Quelimane a escolherem outras técnicas de cobertura em detrimento das coberturas abóbadas de tijolos ecológicos. Como forma de alcançar os objectivos da pesquisa, assim como responder a pergunta de partida e as suas respectivas perguntas de pesquisa, foram adoptadas certos métodos que com os quais a pesquisa se guiaria. Assim sendo, escolheu-se a pesquisa quanti-qualitativa por se pretender traduzir opiniões em números e depois interpreta-los, utilizou-se também o estudo de caso que tinha em vista analisar apenas um dado caso e posteriormente generaliza-lo a outras realidades; com vista a se obterem os dados, utilizou-se a entrevista que foi dirigida a um grupo de cidadãos constituídos por cerca de 25 indivíduos e a observação directa que foi feita as casas dos entrevistados assim como as outras ao seu redor. A partir destas técnicas, a pesquisa constatou que por cobertura entende-se a todo um conjunto de elementos que tem a função de proteger uma edificação contra a acção das intempéries. As coberturas são classificadas de acordo com as formas sendo possível encontrar duas principais, isto é, planas e curvas ou abóbadas. Constatou-se ainda com a apresente pesquisa que na cidade de Quelimane apenas são feitas coberturas planas utilizando material como o betão armado, chapas de zinco, fibrocimento, telhas e folhas de coqueiro localmente conhecidos como Nhoca. Concluiu-se ainda que se desconhecem as coberturas abóbadas assim como a utilização de tijolos ecológicos neste tipo de coberturas apesar das inúmeras vantagens que esta técnica e material possuem. A cobertura abóbadas de tijolos ecológicos para além de não necessitarem de avultados valores monetários traria também uma nova imagem ao panorama arquitectónico da cidade de Quelimane garantindo também, uma vida útil mais longa aos edifícios. Palavras-chave: coberturas, abóbadas, tijolos ecológico, cidade de Quelimane. ix Abstract The present monographic research entitled: Use of ecological bricks in vaulted roofs, was developed through a case study conducted in Quelimane City. The objectives of the research were outlined and in a general way Identify the reasons that lead Quelimane's citizens to choose other roofingtechniques over green roof vaults. In order to achieve the research objectives, as well as to answer the starting question and its respective research questions, certain methods were adopted with which the research would be guided. Therefore, we chose the quantitative and qualitative research because it is intended to translate opinions into numbers and then interpret them. We also used the case study that aimed to analyze only one case and then generalize it to other realities; In order to obtain the data, we used the interview that was directed to a group of citizens made up of about 25 individuals and the direct observation that was made the homes of respondents as well as others around them. From these techniques, the research found that by coverage is meant a whole set of elements that have the function of protecting a building against the action of the weather. The roofs are classified according to the shapes and it is possible to find two main ones, that is, flat and curved or vaults. It was also found with the present research that in Quelimane only flat roofs are made using material such as reinforced concrete, zinc sheets, fiber cement, tiles and coconut leaves locally known as Nhoca. It was also concluded that the roof vaults as well as the use of ecological bricks in this type of roofs are unknown despite the numerous advantages that this technique and material have. Covering green brick vaults, as well as not requiring large monetary values would also bring a new image to the architectural panorama of the city of Quelimane also ensuring a longer service life to buildings. Keywords: roofs, vaults, ecological bricks, Quelimane city. x Lista de Tabelas Tabela 1: Indicação dos sujeitos envolvidos na pesquisa ............................................... 19 Tabela 2: Idade dos entrevistados ................................................................................... 22 Tabela 3: Morada dos participantes ................................................................................ 23 Tabela 4: Definição de cobertura.................................................................................... 23 Tabela 5: Materiais usados nas coberturas das habitações em Quelimane..................... 24 Tabela 6: Tipos de coberturas feitas pelos engenheiros de construção civil .................. 25 Tabela 7: Razões da preferência das coberturas planas segundo os entrevistados ......... 25 Tabela 8: Material de cobertura mais aderido pelos citadinos da cidade de Quelimane durante o ano de 2018 ..................................................................................................... 27 Tabela 9: Opinião dos entrevistados em relação as coberturas abóbadas ...................... 27 xi Lista de siglas e abreviaturas BTC (Bitcoin) CTA (Confederação das Associações Económicas) Comer. (Comerciante) D|E (Delfim Eugénio) Eng o (Engenheiro) ESEUNA – Escola Superior de Estudos Universitários de Nampula INE (Instituto Nacional de Estatística) Etc. (Etecetera) UCEE (Unidade De Construção Equipamentos Escolares) Nr.◦ (Número) DPEDHZ (Direcção Provincial da Educação e Desenvolvimento Humano da Zambézia) xii Lista de Símbolos α (ângulo) % (Percentagem) & (E Comercial) Cm 3 (Centímetros Cúbicos). Índice Geral Parecer do Tutor ........................................................................................................... iii Dedicatória ................................................................................................................... iv Agradecimentos ............................................................................................................ v Epigrafe ....................................................................................................................... vii Resumo ...................................................................................................................... viii Abstract ........................................................................................................................ ix Lista de Tabelas ............................................................................................................ x Lista de siglas e abreviaturas ....................................................................................... xi Lista de Símbolos ........................................................................................................ xii Capítulo I .......................................................................................................................... 1 1.1. Introdução .............................................................................................................. 1 Capítulo II ......................................................................................................................... 4 2. Revisão Da Literatura................................................................................................ 4 2.1. Definição de conceitos básicos .............................................................................. 4 2.2. Cobertura ............................................................................................................... 4 2.3. Abóbada ................................................................................................................. 4 2.4. Funções Principais Da Cobertura .......................................................................... 5 2.5. Contextualização histórica da cobertura ................................................................ 5 2.6. Tipos de coberturas ................................................................................................ 7 2.6.1. Naturais .............................................................................................................. 7 2.6.2. Coberturas planas ............................................................................................... 8 2.6.4. Cobertura encurvada – abobada ......................................................................... 9 2.7. A técnica da cobertura abobada de tijolos ecológicos ......................................... 10 2.8. A economia da cobertura abobada de tijolos ecológico ...................................... 11 2.9. Os materiais usados na cobertura de tijolos ecológico ........................................ 11 2.10. A mão-de-obra da cobertura de tijolos ecológico ............................................ 12 2.11. A descrição ...................................................................................................... 12 2.12. Vantagens e desvantagens da cobertura abóbada de tijolos ecológico ............ 14 Capítulo III ..................................................................................................................... 16 3. Metodologia ............................................................................................................ 16 3.1. Tipos de pesquisa .................................................................................................... 17 3.2. Participantes ............................................................................................................ 18 3.3. Técnicas e instrumentos de recolha de dados .......................................................... 20 3.3.1. Entrevista .............................................................................................................. 20 3.3.3. Observação ........................................................................................................... 20 3.4. Procedimentos administrativos ................................................................................ 21 3.4.1. Critérios de Inclusão ............................................................................................. 21 3.5. Critério de Exclusão................................................................................................ 21 Capítulo IV ..................................................................................................................... 22 4. Apresentação dos dados recolhidos ............................................................................ 22 Capítulo V ...................................................................................................................... 29 5. Análise dos resultados ................................................................................................ 29 Capítulo VI ..................................................................................................................... 32 6. Conclusão ................................................................................................................... 32 6.1. Sugestão ................................................................................................................... 33 Referências Bibliográficas .............................................................................................. 34 APÊNDICES .................................................................................................................. 36 ANEXOS ........................................................................................................................ 45 1 Capítulo I 1.1. Introdução A necessidade de se proteger das diversas intempéries da natureza levou o Homem a procurar abrigos naturais numa primeira fase (cavernas) e posteriormente a construir seus próprios abrigos a partir de materiais fáceis de movimentar tendo em conta o carácter nómada que tinha e estas construções eram cobertas de materiais facilmente perecíveis como: casca de madeira, colmo, peles de animais, entre outros. Posteriormente, com o advento do sedentarismo, a construção em alvenaria que constitui uma das mais antigas técnicas de construção ainda se mantém na construção civil actual. Esta técnica terá surgido entre as primeiras civilizações hidráulicas, desde então, a alvenaria e a madeira foram os materiais de construção por excelência, embora a partir do uso generalizado do aço e do betão armado na construção, tenham vindo a ser substituídos gradualmente por esses novos materiais. Não obstante, a edificação de infra-estruturas maiores e mais resistentes fez surgir a necessidade de invenção de técnicas de cobertura que seriam capazes de suportar o clima e os seus elementos. Assim, surgem as coberturas que são constituídas de um conjunto de elementos resistentes e protectores destinados a fechar a parte superior dos edifícios utilizando-se técnicas novas como o adobe e a cerâmica, posteriormente, o betão, fibrocimento, alumínio, galvanizada, etc. estas técnicas melhoraram as construções em diversos aspectos, tal como em termos de estética, tempo de uso e economia. Actualmente, no nosso país, a crise económica e financeira está a afectar directamente a economia nacional. De acordo com a confederação das associações económicas (CTA) o sector da construção civil e as pequenas, médias empresas são os mais afectados. E isto nos conduz a realizar estudos que resultaram na implantação e racionalização de diferentes sistemas construtivos capazes de serem suportados pelo cidadão como por exemplo, como a utilização do adobe em coberturas abóbadas. A utilização de tijolos ecológicos em coberturas abóbadas apesar de ser um sistema milenar e ainda utilizado nos tempos modernos, tem a vantagem de ser económica e térmica. Estas vantagens fazem com que seja uma forma de cobrir o espaço com um custo muito baixo. Do ponto de vista executivo, a utilização de tijolos 2 ecológicos em coberturas abóbadas é caracterizada por ser simples e eficiente, uma vez que é facilmente projectada. Sendo por sua vez, de fácil racionalização. Mas, apesar de tais vantagens, em Moçambique é pouco praticada esta técnica em particular na Província da Zambézia Cidade de Quelimane, não é usada este tipo de cobertura. Nesta ordem de ideia que surge a pergunta: Porque é que não se usam coberturas abóbadas de tijolos ecológicos nos edifícios da cidade de Quelimane? É neste contexto que o presente trabalho se desenvolveu com base numa pesquisa com o tema: Utilização de Tijolos ecológicos em Coberturas Abóbadas: “Estudo de Caso Cidade de Quelimane” visto que há modos de economizar nas construções actuais para minimizar os prejuízos dos donos das construções. A necessidade de desenvolver esta pesquisa surge num contexto em que os custos dos materiais de construção estão cada vez mais altos e que na Cidade de Quelimane assim como na Província da Zambézia não se utiliza o tijolos ecológicos nas coberturas e além disso, não há construções abobadas na sua maioria. A pesquisa objectiva na generalidade Identificar as razões que levam os citadinos a escolherem outras técnicas de cobertura em detrimento das abóbadas de tijolos ecológicos. De forma específica pretendia-se também Caracterizar o tipo de cobertura predominante na cidade de Quelimane, Apresentar as vantagens e desvantagens deste tipo de cobertura, Propor o uso de coberturas abóbadas de tijolos ecológicos e Avaliar os factores que conduzem a escolha deste tipo de cobertura em detrimento das outras. Portanto, tendo em conta os aspectos supracitados, a pesquisa foi desenvolvida através de um estudo de caso apoiada na abordagem qualitativa, descritiva e bibliográfica. Como tal, a colecta dos dados foi feita com base em uma entrevista do tipo semiestruturada que foi pensada na necessidade de e acrescentar outras questões se fossem precisas durante a pesquisa. A entrevista foi dirigida a um grupo amplo tendo em conta a vastidão dos intervenientes na construção. E a apresentação dos dados foi feita com base em tabelas. 3 Estrutura do trabalho No que se refere a estrutura do presente trabalho, a mesma encontra-se dividido em 6 capítulos a destacar: Capítulo I Elementos de Pesquisa: Neste capítulo encontra-se a introdução, onde se fazem o enquadramento e as considerações gerais do tema “Utilização de tijolos ecológicos em Coberturas Abóbadas: “Estudo de Caso Cidade de Quelimane”, para além de se apresentar o problema de investigação e sua respectiva pergunta de partida, os objectivos, a justificativa para a escolha do assunto, e as características do ambiente do estudo. Apresenta-se neste capítulo também os pressupostos teóricos, os elementos levantados durante a pesquisa em estudo, onde trazem-se as contribuições dos diversos autores em relação a temática em alusão; Capítulo II Revisão da Literatura: apresenta-se neste capítulo os pressupostos teóricos, os elementos levantados durante a pesquisa em estudo, onde os diversos autores trazem as suas contribuições no desenvolvimento do tema; Capítulo III Metodologia aplicada: Este é o capítulo pelo qual descreve-se de forma detalhada todo o caminho que percorreu-se desde o início até a fase final da elaboração do presente trabalho detalhando-se as técnicas, os instrumentos e os caminhos utilizados para alcançar os objectivos pretendidos; Capítulo IV Apresentação dos dados Recolhidos: encontram-se neste capítulo a leitura e interpretação dos dados obtidos durante a pesquisa; Capítulo V Análise dos resultados: Neste capítulo procura explicar-se os resultados obtidos confrontando-se com as diversas abordagens dos autores consultados durante a pesquisa e que foram apresentados no capítulo referente a revulsão da literatura; Capítulo VI Conclusão e Sugestão: são apresentadas as conclusões da pesquisa e as sugestões dadas aos cidadãos em geral como forma de passar-se a utilizar esta técnica de construção que pensamos ser mais económica tendo em conta a conjuntura actual. 4 Capítulo II 2. Revisão Da Literatura 2.1. Definição de conceitosbásicos 2.2. Cobertura Segundo a morfologia das estruturas (do grego: morfo = forma, e lógia = estudo), as coberturas são estruturas que se definem pela forma, observando as características de função e estilo arquitectónico das edificações. As coberturas têm como função principal a protecção das edificações, contra a acção das intempéries, atendendo às funções utilitárias, estéticas e económicas. A cobertura é um sistema ou, todo o conjunto de elementos que tem a função de proteger uma edificação contra a acção das intempéries, tais como chuva, vento, raios solares, neve e também impedir a penetração de poeiras e ruídos no seu interior (MOLITERNO, 1981). Defende (SILVA, 2005) que, uma cobertura é todo o conjunto de elementos resistentes e protectores destinados a proteger a parte superior de um edifício. Ela pode ser inclinada, horizontal ou côncava. De acordo com o último autor supracitado, todo o género de construção encontra na cobertura o seu coroamento, ou seja, a sua finalização e, é dela que a estrutura é protegida dos raios do sol, da precipitação, da poeira, do frio, etc. 2.3. Abóbada Se recordamos que a palavra abóbada vem do latim volvita, que significa dar volta, girar. As abóbadas, em nossa definição, têm por padrão geométrico o cilindro; então as superfícies que se constroem com esta técnica de tijolo ecológicos a superfícies que se assemelham a uma esfera, ou seja, são esferóides ou superfícies esferoidais. A cobertura Abóbada é todo um tecto côncavo cuja sua concavidade é virada para baixo e que, diferentemente de outros tipos de coberturas não apresenta muita complexidade (AZEREDO, 1977). 5 Segundo (DIESTE, 1917-2000), “resistir pelo peso não é mais do que uma torpe acumulação da matéria; ao contrário, não temos nada mais nobre e elegante do que resistir pela forma”. 2.4. Funções Principais Da Cobertura Na visão de (RIPPER, 1995), em síntese, as coberturas devem preencher as seguintes condições/funções: a) Funções utilitárias: impermeabilidade, leveza, isolamento térmico e acústico; b) Funções estéticas: forma e aspecto harmónico com a linha arquitectónica, dimensão dos elementos, textura e coloração; c) Funções económicas: custo da solução adoptada, durabilidade e fácil conservação dos elementos. Contudo, ainda de acordo com (RIPPER, 1995), para a especificação técnica de uma cobertura ideal, o profissional deve observar os factores do clima (calor, frio, vento, chuva, granizo, neve etc.), que determinam os detalhes das coberturas, conforme as necessidades de cada situação. Entre os detalhes a serem definidos em uma cobertura, deverá ser sempre especificado, o sistema de drenagem das águas pluviais, por meio de elementos de protecção, captação e escoamento, tais como: a) Detalhes inerentes ao projecto arquitectónico: rufos, contra-rumos, calha, colectores e analectas; b) Detalhes inerentes ao projecto hidráulico: tubos de queda, caixas de derivação e redes pluviais. 2.5. Contextualização histórica da cobertura Na leitura a tenta das referências bibliográficas disponíveis são constata-se que, desde cedo o Homem procurou proteger-se dos agentes agressivos do meio procurando numa primeira fase abrigos naturais como cavernas e posteriormente construindo seus próprios abrigos. 6 Não é consensual a data em que o homem começou a utilizar a terra na construção. (MINKE, 2006) refere que deve ter sido há mais de 9.000 anos, estribando essa convicção na descoberta de habitações no actual Turquemenistão à base de blocos de terra (adobe) datadas de um período entre 8.000 a 6.000 a.C. Já (POLLOCK, 1999) afirma que a utilização da terra para construção remonta ao período de El-Obeid na Mesopotâmia (5.000 a 4.000 a.C.). Por outro lado, (BERGE, 2009) refere que datam de 7.500 A.C os exemplares mais antigos de blocos de adobe, os quais foram descobertos na bacia do rio Tigre, pelo que na sua opinião as habitações em terra poderão ter começado a ser usadas há mais de 10.000 anos. Não parece contudo ser muito relevante (no que ao presente livro respeita), saber se a construção em terra se iniciou há mais de 9.000 ou há mais de 10.000 anos. Porém, não se estará muito longe da verdade se se admitir que a construção em terra tenha tido o seu início juntamente com o início das primeiras sociedades agrícolas num período cujos conhecimentos actuais remontam entre 12.000 a 7.000 A.C. São inúmeros os casos de construções em terra, que executadas há alguns milhares de anos atrás conseguiram chegar ao séc. XXI. Nesta vertente, (SILVA, 2005) afirma que, as primeiras coberturas pré-históricas eram fortemente inclinadas e, feitas com materiais perecíveis como a palha, o capim, cascas de árvores, peles de animais, etc. na tentativa de encontrar materiais mais consistentes que o poderiam proteger por um período relativamente longo foi descobrindo novas técnicas, foi nesse contexto que, o Homem usando pedras a partir de grandes placas ou blocos, que eram encaixados no formato de uma meia esfera, proporcionando um Auto travamento no sistema. O desenvolvimento das sociedades primitivas fez crescer os locais dos seus abrigos e, com o aumento da sedentarização, criou a necessidade de estruturas que favorecessem a defesa em relação a outros grupos, e de tornar mais duradouras as suas construções (BRASIL, 2016). Em fase já muito avançada da evolução da vida em sociedade, estruturam-se as povoações em termos de cidade, com sistemas administrativos e normas estabelecidas para finalidades que visam a satisfação de necessidades que ultrapassam já os contornos das que têm interesse específico para os seus habitantes, e cada uma pretende conquistar posições de domínio, em relação a outras cidades. 7 Nesta fase, as técnicas de cobertura vão sendo melhoradas e, por sua vez, assiste-se a introdução de novos elementos e tipos de cobertura sendo utilizadas numa primeira fase o adobe em algumas civilizações, os tijolos entre outras técnicas mas tudo com a finalidade de dar as edificações maior consistência garantindo maior utilidade das mesmas (SANTOS, 2014). Afirma (SOUSA, 1996) que o uso de coberturas de tijolo sem cimbre é uma técnica milenar originada provavelmente no Oriente Próximo e é uma técnica secular em países do terceiro mundo. Seus antecedentes se encontram especialmente na antiga Mesopotâmia e na parte meridional de Egipto e numa época mais próxima na zona central da República Mexicana. Ainda de acordo com o mesmo autor, um de seus vestígios está no Centro Funerário de Ramsés ou Rameassem, situado no Vale dos Reis, na ribeira oposta do Nilo na cidade de Luxor. Esta construção, que ainda em nossos dias pode se observar, foi realizada há 3.300 anos. As coberturas se conhecem como abóbadas núbicas e outras são conhecidas como mexicanas. Ambas partem do mesmo princípio básico o tijolo inclinado ou recarregado mas se diferenciam, tanto no tipo de tijolo utilizado adobe em Núbia e pequenas peças cozidas no México, como na forma de apoiar-se. Nas núbicas por exemplo, as abóbadas se apoiam contra uma parede que é mais alta que as paredes sobre as quais se desloca. Ao passo que nas mexicanas, os apoios são os lados menores no caso de uma abóbada alongada ou as esquinas, literalmente uns pontos, para abóbadas de forma quadrada. 2.6. Tipos de coberturas Em concordância com (BAUER, 1995) existem diversos tipos de coberturas. Mas, a sua classificação é feita de acordo com os sistemas construtivos das coberturas, ou seja, quanto às características estruturais determinadas pela aplicação de uma técnica construtiva e/ou materiais utilizados, podemos classificar as coberturas em: 2.6.1. Naturais a) Coberturas minerais: são materiais de origem mineral, tais como pedras em lousas (placas), muito utilizadas na antiguidade (castelos medievais). 8 b) Coberturas vegetais rústicas(sape): de uso restrito a construções provisórias ou com finalidade decorativa, são caracterizadas pelo uso de folhas de árvores, depositadas e amarradas sobre estruturas de madeiras rústicas ou beneficiadas. c) Coberturas vegetam beneficiadas: podem ser executadas com pequenas tábuas (telhado de tabuinha) ou por tábuas corridas superpostas ou ainda, em chapas de papelão betumado; d) Coberturas com membranas: caracterizadas pelo uso de membranas plásticas (lonas), assentadas sobre estruturas metálicas ou de madeiras; e) Coberturas em malhas metálicas: caracterizadas por sistemas estruturais sofisticados, em estruturas metálicas articuladas, com vedação de elementos plásticos, acrílicos ou vidros. f) Coberturas tipo cascam: caracterizadas por estruturas de lajes em arcos, em concreto armado, tratado com sistemas de impermeabilização; g) Terraços: estruturas em concreto armado, formadas por painéis apoiados em vigas, tratados com sistemas de impermeabilização, isolamento térmico e assentamento de material para piso, se houver tráfego; h) Telhados: são as coberturas caracterizadas pela existência de uma armação - sistema de apoio de cobertura, revestidas com telhas (materiais de revestimento). É o sistema construtivo mais utilizado na construção civil, especialmente nas edificações (BAUER, 1995). 2.6.2. Coberturas planas Para (BAUER, 1995) Outro tipo de coberturas são as chamadas planas, cuja classificação é baseada no ângulo a que elas descrevem, ou seja, elas são caracterizadas por superfícies planas, ou planos de cobertura, também denominados de panos ou águas de uma cobertura. Na maior parte dos casos, os planos de cobertura têm inclinações ( - Ângulos) iguais e, portanto, declividades iguais. No seu conjunto, podemos encontrar três principais: a) Coberturas com pequenas declividades, denominados terraços; b) Coberturas em arcos; 9 c) Coberturas planas em superfícies inclinadas, determinadas por painéis de captação de água. Portanto, dos diversos tipos de cobertura e suas características anteriormente apresentadas, interessa nesta pesquisa a cobertura em arco, ou seja, encurvada/abobada por ser considerada a que não é ainda utilizada na Cidade de Quelimane e por se pretender ainda perceber as razões que levam a escolha de outros tipos de coberturas em detrimento desta. 2.6.3. Tijolo ou Adobe O adobe é uma técnica de construção com simplicidade de fabrico e edificação e talvez por essa razão a maioria das construções em terra antigas, muitas delas ainda habitadas actualmente, foram feitas em adobe. Tijolo ou paralelepípedo feito com uma mistura de barro cru, areia em pequena quantidade, estrume e fibra vegetal ou ainda crina de animais. Possui em geral grandes dimensões e é seco à sombra e, depois, ao sol, que difere do tijolo por não ser cozido ao forno. Deve ser revestido com massa de cal e areia e podem ser argamassados com barro. O termo adobe deriva do árabe “attob” que significa tijolo seco ao sol (ROGERS & SMALLEY, 1995). Este facto leva a pensar que esta técnica terá sido introduzida na Península Ibérica durante a ocupação Árabe. No Sul de Portugal são frequentes edifícios de habitação com alvenaria em adobe (solo arenoso e cal), ainda em razoáveis condições de conservação que datam do início do século XX. O seu fabrico consiste na moldagem de pequenos blocos normalmente utilizando moldes em madeira, desmoldados ainda no estado fresco e colocados a secar à temperatura ambiente. Existem diversos formatos e diversas dimensões de blocos de adobe. 2.6.4. Cobertura encurvada – abobada Do ponto de vista geométrico, a abóbada tem origem num arco que se desloca e gira sobre o próprio eixo, cobrindo toda a superfície do tecto. Assim, segundo as formas, as abóbadas variam de acordo com a forma do arco de origem. Sendo possível encontrar de acordo com o (DICIONÁRIO DE CONSTRUÇÃO CIVIL, 2008) os seguintes tipos: 10 Abóbada ogival, também chamada gótica, cujo arco tem forma de ogiva, é uma marca da arquitectura árabe. Abóbada aviajada tem origem num arco cujas extremidades estão em desníveis. E ainda a abóbada de lunetas que é de menor altura, um tipo está presente nas casas de estilo colonial americano e facilita a iluminação interior. 2.7. A técnica da cobertura abobada de tijolos ecológicos É uma técnica milenar não inventada por arquitectos ou engenheiros. É fruto do saber popular, com demasiada frequência ignorada, ou ao menos, deixada de lado pelos profissionais e académicos, a técnica pode-se utilizar, além disso, tanto para contra pisos como para coberturas de terraço. É uma técnica que pode ser aprendida e apreendida por construtores profissionais e também por Auto construtores (NEVES E FARIA, 2011). Uma técnica muito inteligente e sábia. Por tal razão, é uma técnica que não se ensina nas escolas e tende a desaparecer. A técnica permite construir coberturas de até dez metros de vão menor e, portanto, isto inclui a possibilidade de cobrir a maioria absoluta dos espaços arquitectónicos especialmente os habitacionais, destinados a moradias unifamiliares ou colectivas; os espaços educativos e os assistenciais, entre outros. Esta técnica construtiva de coberturas de tijolo sem cimbre é uma técnica milenar no Oriente Próximo e é uma técnica secular no México. Seus antecedentes se encontram especialmente na antiga Mesopotâmia e na parte meridional de Egipto e numa época mais próxima na zona central da República Mexicana. Um de seus vestígios está no Centro Funerário de Ramsés ou Ramesseum, situado no Vale dos Reis, na ribeira oposta do Nilo na cidade de Luxor. Esta construção, que ainda em nossos dias pode se observar, foi realizada há 3.300 anos (FATHY, 1975). As coberturas se conhecem como abóbadas núbicas. Às nossas chamaremos “abóbadas” mexicanas. Ambas partem do mesmo princípio básico o tijolo inclinado ou recarregado mas se diferenciam, tanto no tipo de tijolo utilizado tijolos ecológicos em Núbia e pequenas peças cozidas no México, como na forma de apoiar-se. Nas núbicas, as abóbadas se apoiam contra uma parede que é mais alta que as paredes sobre as quais 11 se desloca. Nas nossas abóbadas, os apoios são os lados menores no caso de uma abóbada alongada ou as esquinas, literalmente uns pontos, para abóbadas de forma quadrada; como mostraremos nos diagramas correspondentes No México esta técnica data da segunda parte do século XIX e tem dois possíveis locais originários: San Juan del Río em Querétaro e Lagos de Moreno em Jalisco. Seria necessária uma história desta técnica e caberá aos historiadores pesquisar as datas e lugares precisos. Assim como explicar como esta técnica pôde viajar mais ou menos quinze mil quilómetros para o ocidente, conservando a mesma latitude, e aparecer em nosso país, pouco mais de três mil anos depois (FATHY, 1975). 2.8. A economia da cobertura abobada de tijolos ecológico Seu baixo custo se baseia em três condições. A primeira é, não requer nenhum tipo de cimbre ou suporte algum enquanto se constrói. Além do mais, se utilizam materiais de baixo custo, como o tijolo comum de barro ou tijolo de solo-cimento ou simplesmente adobe. E em terceiro lugar, a mão-de-obra tem um alto grau de eficiência, pois só se necessitam duas horas/homem, em média, para construir um metro quadrado de cobertura. Com o critério que chamamos “construir terminando”, pois a abóbada fica acabada em sua parte inferior. Tão pouco requer reforços ferro ou concretos adicionais. Só usa peças de barro e talento construtor (GALVÃO, 1980). 2.9. Os materiais usados na cobertura de tijolos ecológico O tijolo com que se constrói pode ser o tijolo de barro normal feito à mão ou um tijolo de barro cozido, comummente chamado de tijolo ecológico ou um tijolo de solo- cimento na proporção de 1 a 10. Suas dimensões são 5 x 10 x 20 cm sendo os 10cm a espessura da abóbada e em caso de que não se consiga o tijolo com estas medidas ou resulte custoso elaborá-lo, então também se pode usar o tijolo comum de parede inteiro ou pela metade que em nosso país mede 6 x 12 x 24 cm. Neste último caso, as abóbadas terão 12 cm de espessura. A argamassa utilizada é uma mescla “tripartite” cal, cimento e areia semelhante à utilizada nas paredes (GALVÃO, 1980). 12 2.10. A mão-de-obra da cobertura de tijolos ecológico Normalmente, este tipo de cobertura é realizado por construtores especializados, chamados “bovedeiros” (construtores de abóbadas) com seus ajudantes. Eles realizam seu trabalho por empreitada, que inclui os movimentos dos andaimes necessários, a realização da abóbada propriamente dita e o acabamento interior aparente do tijolo. Isto faz, graças a sua eficiência, que os construtores sejam mais bem pagos. Parta além disso, esta técnica pode ser aprendida por qualquer construtor e por qualquer pessoa estudantes, Auto construtores ou profissionais com vontade e interesse em fazê-lo (GALVÃO, 1980). 2.11. A descrição Ao iniciar a construção, o primeiro tijolo é cortado na metade e colocado com uma inclinação de 45 graus em uma das esquinas, apoiado sobre a argamassa e fragmentos do próprio tijolo. O início pelos cantos é, geralmente, em abóbadas sobre plantas de forma quadrada ou rectangular cuja proporção não é maior a uma vez e meia a relação entre seus lados. Um critério semelhante à classificação das lajes de concreto em perímetros ou simplesmente apoiadas. Depois temos a primeira fiada, que descansa sobre o meio tijolo inicial, a segunda sobre a primeira e assim sucessivamente (TERENO, 2011). O artesão cuida para que a distância que avança cada fiada seja a mesma nos dois lados de apoio. Não faz nenhum traço adicional. Cada fiada tem uma longitude que se incrementa ao avançar. Estas fiadas começam nas bordas com tijolos completos e os ajustes se fazem aproximadamente no centro. Tudo isto se realiza nos quatro cantos, formando secções cónicas (SOUZA, 1996). A autora supracitado acrescenta que, estes mantos se juntam nos centros dos vãos em nosso exemplo aos dois metros e a partir daí constroem-se as fiadas uma de cada lado. No avanço das fiadas o ângulo que forma com a horizontal vai aumentando até que na parte final, os tijolos do centro são praticamente verticais pois seu ângulo é de 90 graus. A união mais simples entre as secções iniciais é em forma de fecho ou em zig-zag. Os artesãos inventam belas uniões que são, em suas próprias palavras, “para dar desenho à abóbada”. 13 A argamassa se coloca de maneira que a junta entre tijolo se encha na parte inferior e deixe ocos na superior. Faz-se assim para que ao cobrir-se a abóbada por cima, o tijolo superior penetre dentro das juntas. De acordo com (SILVA, 2005), esta actividade é executada por somente duas pessoas o bovedeiro e seu ajudante. Este se encarrega de auxiliar e limpar a abóbada em seu interior conforme avança a construção. É uma técnica de cobertura muito inteligente e singular. Dado que, ao invés de enfrentar-se e preparar uma luta desigual contra a gravidade, se declara de princípio vencida ante ela. Ao invés de sua derrota, ganha sua estabilidade, apoiada por outros factores a seu favor, entre eles, sua leveza a de um pequeno tijolo e a forma “abobadada” da cobertura. Defende (TERENO, 2011), que dentro do procedimento existem três características da técnica a saber: 1. Os tijolos se apoiam uns sobre os outros numa contínua sucessão. 2. O tijolo para ser suportado necessita ser leve e pequeno. Ao contrário de um tijolo portanto que requer ser grande e pesado. Com as pequenas reduções de suas medidas, o tijolo passa de 1728 cm 3 a somente 1000 cm 3 . E pesa quase 60% do tijolo de parede. 3. O tijolo diferentemente do tijolo de parede se monta a seco, para aumentar sua aderência. A argamassa é composta por cimento, cal e areia na proporção 1:1:8; ou 1:1:10; segundo a quantidade de areia definida por cada artesão. Portanto, a abóbada mais simples se constrói sobre quatro paredes rectas horizontais em forma quadrada. Como citamos, se inicia apoiando o tijolo sobre os quatro cantos, com uma inclinação de 45 graus. Os arcos recarregados são as geratrizes da superfície e as linhas perimetrais sobre as quais se apoia são suas directrizes. A seção das abóbadas pode limitar-se dentro da área das compressões até chegar aos pontos de inflexão. Alguns especialistas localizam estes pontos na intersecção do arco com um ângulo entre 51 e 52 graus com a vertical e outros no mesmo ângulo mas com a horizontal Enquanto os especialistas se põem de acordo, nós trabalhamos no meio de suas propostas, a 45 graus. Isto não significa que não possam construir-se coberturas para além desses limites. Pode-se, mas é necessário reforçar com corcholata ou tela de 14 galinheiro de polegada, meio metro acima e abaixo, como uma braçadeira, a zona dos pontos de inflexão. A lógica construtiva da técnica adiciona-lhe uma de suas principais características: seu baixo custo. Quer dizer, é uma técnica que permite “delimitar e envolver o espaço” em palavras de Torreja de forma económica. Os dados precisos variam segundo as regiões e as dimensões, mas podemos dizer que, na Cidade do México o custo actual das abóbadas por m 2 está entre os 50% e os 60% do custo de uma laje comum de concreto, em vãos até de 4 metros. Em vãos maiores, a redução do custo se incrementa (TORROJA, 2014). De outra parte, a técnica permite cobrir superfícies aonde o vão menor pode ser até de 10 metros sem nenhum reforço adicional. Isto quer dizer, que os espaços da maioria dos géneros arquitectónicos de maneira principal, o habitacional, o assistencial e o educacional podem ser construídos com esta técnica. 2.12. Vantagens e desvantagens da cobertura abóbada de tijolos ecológico Pela cobertura abóbada de adobe apresentar uma distribuição de cargas diferente da estrutura em Betão armado e de chapas, o edifício em cobertura abóbada de adobe, apresenta uma grande redução no consumo de argamassa e uma diminuição significativa na quantidade de aço como o betão, sendo assim aferir que o critério económico não é o único a ser levado em consideração. Outros factores também devem ser considerados, como: oferta de mão-de-obra qualificada, relacionamento com fornecedores, disponibilidade de materiais próximos ao local da obra, entre outros. Além disso, a produção de tijolos de cerâmicos em Moçambique poderá atender alta demanda por fácil produção, diferente de betão armado que não está conseguindo atender à alta demanda, o que vêem gerando aumento de prazos de entrega e atrasos de obra. Portanto, existem também outras vantagens a considerar nesta técnica de cobertura, como: Fácil de fabricar, secar e empilhar. Material com considerável capacidade isolante devido a sua porosidade. Permite a diversidade de formas e dimensões. 15 É 100% reciclável. Não requer mão-de-obra especializada e o equipamento artesanal (molde) é muito económico. Pode ser usado para construir paredes, arcos, abóbadas e cúpulas. A matéria-prima é abundante. Como desvantagens, podem ser apontadas: A baixa resistência à tracção e à flexão em relação às alvenarias executadas com BTC ou outro tipo de componente (tijolo e bloco cerâmico, bloco de concreto). A fabricação artesanal do componente requer esforço humano considerável e área ampla e arejada para a secagem. A necessidade de muita água na sua fabricação. A dificuldade de obter as dimensões regulares do componente. A qualidade do componente está condicionada à mistura e ao repouso de alguns dias da mistura para sua hidratação (“dormir” o barro). Nas zonas afectadas por sismos, a cobertura em cúpula e abóbadas pesadas não são convenientes,e a alvenaria exige reforços e contrafortes apropriados (NEVES e FARIA, 2011). 16 Capítulo III 3. Metodologia É neste capítulo onde se descreve de forma detalhada todo o procedimento referente elaboração do presente trabalho de pesquisa, desde o início até a fase final. Nele, indicar-se-ão ainda os caminhos necessários que foram percorridos com vista a se obterem dados que ajudaram no alcance dos objectivos traçados assim como resposta à questão levantada. Para escolha da metodologia do presente trabalho, foi necessário passar pela compressão do termo metodologia e da expressão metodológica da pesquisa. Partindo desse pressuposto, metodologia é uma palavra derivada de “método”, do Latim “métodos” cujo significado é “caminho ou via para se alcançar um determinado fim, que neste caso são os objectivos traçados (GIL, 2008). Como se pode ver, Gil define o método no seu todo sem ter que especificar a área abrangida. E com vista a compreender melhor este termo, consultou-se Richardson que acrescenta a componente pesquisa, ou seja, método de pesquisa. Assim, (RICHARDDSON, 1999:70), define o método de pesquisa como sendo: (…) a escolha de procedimentos sistemáticos para a descrição e explicação de fenómenos. E tais procedimentos se aproximam dos seguidos pelo método científico consistentes na delimitação de um problema, realce de observações com consequentes interpretações fundamentando-se nas teorias existentes com base nas relações encontradas. Na perspectiva de (GIL, 2000) a metodologia é um reflexo acerca de conjunto de métodos lógicos e científicos, usados na realização de uma pesquisa. A pesquisa foi desenvolvida na cidade de Quelimane, por meio de entrevista, que foi aplicado a diversos grupos de cidadãos entre profissionais da área de construção civil, comerciantes de material de construção, cidadãos comum e estudantes. Igualmente recorreu-se a revisão bibliográfica para a recolha de informações relacionados a técnicas de coberturas abobadas usando o adobe. 17 3.1. Tipos de pesquisa Do ponto de vista do seu objectivo a pesquisa é descritiva porque procura descrever as características da população estudada que é, portanto, cidadãos com idades compreendidas entre 18 há 42 anos de idade num total de 25 pacientes. Quanto ao objectivo a pesquisa é descritiva/explicativa, pois, a partir desta, registaram-se e descreveram-se os factos observados no local da pesquisa sem interferir neles e posteriormente explicou-se a relação existente entre tais fenómenos. A pesquisa descritiva utilizou-se assim como fundamenta (PRODANOV E FREITAS, 2013), com vista a descrever as características do local onde se desenvolveu o estudo e o estabelecimento de relações entre diversos aspectos relacionados aos aspectos aqui estudados e por isso, com vista ao alcance dos objectivos esta pesquisa envolveu o uso de técnicas padronizadas de colecta de dados como a entrevista e observação directa. Outrossim, o autor registou, analisou e ordenou dados, sem manipulá-los, isto é, sem a sua interferência. E para colecta de tais dados, utilizou uma técnica específica que anteriormente foi feita menção (entrevista semiestruturada). Mas também, a pesquisa é explicativa, pois, através da descrição das características do local de estudo, assim como análise de diversos aspectos referentes aos tipos de cobertura usadas nesta cidade o autor explicou a relação existente entre as o tipo de cobertura e as razões que levam os cidadãos a preferirem estes tipos de cobertura ao invés das coberturas em abóbadas recorrendo-se o adobe. (PRODANOV E FREITAS, 2013), referindo-se sobre as pesquisas explicativas, advoga que esse tipo de pesquisa é o que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão e o porquê das coisas. A pesquisa é também na sua forma de abordagem quanti-qualitativa porque procurou descrever a relação dinâmica que há entre o mundo objectivo e a subjectividade do sujeito. A interpretação dos fenómenos e a atribuição dos significados são básicas, isto é, objectivou gerar conhecimentos úteis para o avanço da ciência sem 18 aplicação prática, mas também procurou traduzir em números opiniões e informações para classificá-los e analisá-las. Quanto aos procedimentos, a pesquisa recorreu ao estudo de caso e este permitiu o aprofundamento do tema estudado, fazendo-se também, o uso de material bibliográfico como livros, artigos e publicações disponíveis na internet. 3.2. Participantes Para a realização deste trabalho tomou-se como participantes, os cidadãos residentes na cidade de Quelimane com idades compreendidas entre 18 a 42 anos de idade que fazem um total (universo) de 81.983 habitantes (INE, 2011). Do universo acima referenciado, apenas 25 indivíduos foram envolvidos o que constitui neste caso a amostra da pesquisa. Assim como se pode notar na tabela que se segue. 19 Tabela 1: Indicação dos sujeitos envolvidos na pesquisa Entrevistados Ordem Sexo Idade Profissão Homens Mulheres 1 X 25 Eng o de Construção Civil 2 X 26 Comer. de material de construção 3 X 18 Estudante de Engenharia Civil 4 X 22 Estudante 5 X 26 Professor 6 X 42 Eng o de Construção Civil 7 X 38 Comer. de material de construção 8 X 23 Estudante 9 X 41 Carpinteiro 10 X 35 Carpinteiro 11 X 24 Empreendedora 12 X 27 Pedreiro 13 X 42 Comer. de material de construção 14 X 22 Estudante de Engenharia Civil 15 X 21 Estudante de Engenharia Civil 16 X 32 Médica 17 X 32 Médico 18 X 35 Motorista 19 X 25 Técnico de Construção Civil 20 X 19 Estudante 21 X 18 Estudante 22 X 25 Professora 23 X 26 Comer. de material de construção 24 X 18 Estudante 25 X 27 Pedreiro Total 25 Fonte: Adaptado pelo autor (2018) As entrevistas basearam-se na recolha de informações que não estão disponíveis em fontes e escritas, como por exemplo: o tipo de cobertura da sua habitação, material usado, os factores que conduziram a escolha deste material, preço dos materiais de construção principalmente os que são usados na cobertura dos edifícios, o número de casas cobertas com um determinado tipo de material, etc. a partir destes dados, fez-se a comparação com os dados disponíveis em meios bibliográficos apurando-se principalmente as causas que levam os citadinos da cidade de Quelimane a não utilizarem as coberturas abóbadas utilizando principalmente o adobe. 20 3.3. Técnicas e instrumentos de recolha de dados Foram realizadas visitas a alguns bairros, onde se aplicaram técnicas de observação directa e de investigação por entrevistas e da acção conversacional. A técnica de colecta de dados segundo (MARCONI E LAKATOS, 2003,p.222) é “considerada como um conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma ciência, são, também, a habilidade para usar esses preceitos ou normas, na obtenção de seus propósitos”. 3.3.1. Entrevista Usou-se esta técnica para esclarecimento de detalhes não documentados, cujos mesmos foram muito relevantes para a pesquisa, que segundo (LAKATOS E MARCONI, 2003: p.222),“Entrevista é uma conversação efectuada face a face, de maneira metódica; proporciona ao entrevistador, verbalmente, a informação necessária”. A entrevista, em investigação, tem como objectivo a produção de um discurso sobre um determinado tema, no âmbito da problemática a investigar. Permite, ao investigador, conhecer a forma como os diferentes actores interpretam determinados aspectos do problema. Nesta ordem de ideias, elaborou-se um guião de entrevista semiestruturada elaborado com vista a facilitar na discussão dos dados. A mesma foi dirigida a diversos grupos de cidadãos entre profissionais da área de construção civil, comerciantes, estudantes da área e cidadãos comuns. 3.3.3. Observação A observaçãoSegundo (LAKATOS E MARCONI, 1992), é uma técnica de uso dos sentidos para obtenção de determinados aspectos da realidade. Não consiste em apenas ver e ouvir, mas também em examinar factos ou fenómenos que se deseja estudar. Pois existem aspectos que só ficam claros observando-os. Feita a recolha de dados, efectuou-se a análise dos mesmos. Para tal, foi usada a observação assistemática, que consistiu na simples e espontânea, informal não planificada o que permitiu a pesquisadora a actuar como uma mera espectadora em face da realidade que foi estudada que é portanto, utilização de adobe em coberturas abóbadas. 21 3.4. Procedimentos administrativos O procedimento para a realização do estudo consistiu em escolha do tema onde não houve muitas dificuldades, pois já havia sido identificado como preocupação; em seguida efectuou-se a selecção das fontes bibliográficas especializadas e documentos disponíveis, pelo facto de ser desenvolvida usando o levantamento bibliográfico e a consulta documental no qual privilegiaram-se fontes que tratam do tema aqui estudado, sendo: Utilização de Tijolos ecológicos em Coberturas Abóbadas: “Estudo de Caso Cidade de Quelimane” A pesquisa bibliográfica, consistiu no levantamento de informações relacionadas com as coberturas e sua contextualização histórica, tipos de coberturas e suas características e coberturas abobadas com adobe suas vantagens e desvantagens. Numa terceira fase, efectuou-se uma pesquisa de campo que consistiu no levantamento de dados, através da aplicação da entrevista. Portanto, a entrevista era semiestruturada com vista a permitir que os entrevistados aprofundassem um pouco mais sobre as respostas o que permitiria uma fácil e discussão dos dados. 3.4.1. Critérios de Inclusão Participaram na pesquisa indivíduos que com ou sem noção das técnicas de coberturas com idades compreendidas entre 18 há 42 anos. 3.5. Critério de Exclusão Foram excluídos todos os indivíduos com ou sem noção das técnicas coberturas e suas vantagens e desvantagens menores de 18 anos de idade e maiores de 42 anos de idade. 22 Capítulo IV 4. Apresentação dos dados recolhidos Neste capítulo são apresentados os resultados da pesquisa que foi desenvolvida na cidade de Quelimane. Os dados foram obtidos mediante o uso da entrevista tendo se elaborado, três guiões de pesquisa dos quais um foi dirigido aos profissionais da área de construção civil (engenheiros), outro foi dirigido apenas aos estudantes da mesma área o terceiro guião foi dirigido aos cidadãos comuns e por fim o quarto guião foi dirigido aos comerciantes de material de construção. Do total do grupo alvo considerado pertinente para ser entrevistado, que era de 81.983 habitantes, apenas 25 indivíduos foram envolvidos na pesquisa. De salientar que neste grupo, fizeram parte diversas individualidades desde profissionais da área de construção civil, estudantes da mesma área, estudantes de outras áreas do saber, comerciantes de materiais de construção civil, até cidadãos com diversas outras profissões. As respostas obtidas por estes foram agrupadas de modo a permitir a obtenção de informações seguras que conduziriam ao alcance dos objectivos assim como a resposta a questão levantada. Assim, os dados apresentados nas tabelas que se seguem, são ilustrações claras dos dados obtidos durante a pesquisa de campo. Tabela 2: Idade dos entrevistados Idade em Anos Frequência Percentagem Percentagem Válida Percentagem Acumulada 18 - 24 Anos 10 40.0% 40.0% 40.0% 25 - 30 Anos 8 32.0% 32.0% 72.0% 31- 35 Anos 4 16.0% 16.0% 88.0% 36 - 42 Anos 3 12.0% 12.0% 100.0% Total 25 100.0% 100.0% Fonte: Adaptado pelo autor (2018) A tabela acima ilustra as idades dos indivíduos envolvidos na pesquisa e a partir destes dados, foi possível constatar que todos os participantes da pesquisa são indivíduos maiores de 18 anos o que leva-nos a crer que estávamos com pessoas 23 capazes de fornecerem dados fidedignos e ainda, capazes de serem submetidos a análise e interpretação dos mesmos. Tabela 3: Morada dos participantes Área/Zona Frequência Percentagem Percentagem Válida Percentagem Acumulada Zona cimento 8 32.0% 32.0% 32.0% Zona suburbana 10 40.0% 40.0% 72.0% Zona de expansão 7 28.0% 28.0% 100.0% Total 25 100.0% 100.0% Fonte: Adaptado pelo autor (2018) Os dados da tabela acima indicam que todos os indivíduos envolvidos na pesquisa são residentes da cidade de Quelimane, que é portanto o local onde se desenvolveu a pesquisa, apesar de, as zonas de residência divergirem como por exemplo: 8 indivíduos que equivalem a 32.0% residem na zona cimento, 10 indivíduos que equivale a 40% residem na zona suburbana e 7 indivíduos que equivale a 28% da amostra vivem nas zonas de expansão como Aeroporto e Namuinho. Tabela 4: Definição de cobertura Noção da definição de cobertura Frequência Percentagem Percentagem Válida Percentagem Acumulada Tem noção 14 56.0% 56.0% 56.0% Não tem noção 11 44.0% 44.0% 100.0% Total 25 100.0% 100.0% Fonte: Adaptado pelo autor (2018) A partir dos dados apresentados na tabela acima é possivel aferir que há entre os individuos participantes na pesquisa dois grupos sendo que o primeiro que é constituído por cerca de 14 indivíduos o que equivale a 56.0% tem noção do que seja a cobertura e de acordo com os mesmos, por cobertura entende-se como sendo todo o conjunto de elementos que tem a função de proteger um edifício da acção do clima e dos seus agentes (calor, humidade, poeiras, raios solares, precipitação, etc.). O segundo grupo tal como ilustra a tabela é constituído por cerca de 11 indivíduos o que equivale a 44.0% do total dos entrevistados e estes, não conseguiram responder a questão número 1 dos guiões de entrevista. 24 Através da observação directa as habitações dos indivíduos envolvidos na pesquisa, sobretudo as coberturas das mesmas, foi possível constar que a maior parte destas foi feita utilizando chapas de zinco tal como ilustra a tabela 5 (tabela abaixo). Tabela 5: Materiais usados nas coberturas das habitações em Quelimane Material Usado Frequência Percentagem Percentagem Válida Percentagem Acumulada Betão armado 5 20.0% 20.0% 20.0% Chapas de zinco 8 32.0% 32.0% 52.0% Fibrocimento 5 20.0% 20.0% 72.0% Telhas 4 16.0% 16.0% 88% Folhas de coqueiro/Nhoca 3 12.0% 12.0% 100% Total 25 100.0% 100.0% Fonte: Adaptado pelo autor (2018) A tabela acima ilustra os dados referentes aos materiais usados na cobertura das residências dos indivíduos envolvidos na pesquisa e a partir destes dados, foi possível constatar que todas as residências têm coberturas planas onde o material predominante são as chapas de zinco com 32.0%, seguido de betão armado e fibrocimento com 20.0% para cada e posteriormente as telhas com 16.0% e folhas de coqueiro/Nhoca constituído por 12.0%. Utilizando a pergunta número 3 do Apêndice I, foi possível constatar que a maior parte das coberturas feitas nas casas feitas pelos engenheiros de construção civil são constituídas de betão armado, telhas, chapas de zinco e fibrocimento. A tabela que se segue, ilustra a distribuição em números dos tipos de coberturas feitas pelos engenheiros de construção civil envolvidos na presente pesquisa e o respectivo material utilizado. 25 Tabela 6: Tipos de coberturas feitas pelos engenheiros de construção civil Tipos de coberturas Material Usado Frequência Percentagem Percentagem Válida Percentagem Acumulada Coberturas Planas Betão armado 25 24.3% 24.3% 24.3% Chapas de zinco/IBR 39 37.9% 37.9% 62,2% Fibrocimento 18 17.5% 17.5% 79.7% Chapas de zinco ondulada 7 6.8% 6.8% 86.5% Telhas 14 13.5% 13.5% 100% Folhas de coqueiro/Nhoca 0 0.0% 0.0% Coberturas encurvadas Adobe 0 0.0% 0.0% Tijolos 0 0.0%0.0% Total 103 100.0% 100.0% Fonte: Adaptado pelo autor (2018) Com base nos dados da tabela acima é possível aferir que na cidade de Quelimane apenas fazem-se as coberturas planas ocupando um total de 100% do total das coberturas mencionadas pelos entrevistados. Deste universo, o material mais usado são as chapas IBR que ocupam primeiro lugar com cerca de 39 coberturas que fazem um total de 37.9% seguido de, betão armado com cerca de 25 coberturas equivalente a 24.3%. Depois destes materiais estão as fibrocimentos (17.5%) e telhas cerâmicas (13.5%) e finalmente as chapas de zinco onduladas. Feita a questão número 5 do apêndice I e número 4 dos apêndices II, III e IV constatou-se que, existem várias razões que levam as pessoas a preferirem as coberturas planas que usam um determinado material (betão armado, telhas, fibrocimento e chapas de zinco), em detrimento das coberturas encurvadas abóbadas. Tabela 7: Razões da preferência das coberturas planas segundo os entrevistados Razões da preferência Frequência Percentagem Percentagem Válida Percentagem Acumulada Hábito 8 32.0% 32.0% 32.0% Gosto pela planta 5 20.0% 20.0% 52.0% Falta de recursos financeiros 6 24.0% 24.0% 76.0% Desconhecimento de outros tipos de coberturas 4 16.0% 16.0% 92.0% Facilidade de aquisição do material 2 8.0% 8.0% 100% Total 25 100.0% 100.0% Fonte: Adaptado pelo autor (2018) 26 Portanto, os dados da tabela acima ilustram a distribuição das motivações que estão por detrás da escolha deste tipo de cobertura ao invés das coberturas encurvadas (abóbadas). A partir destes dados, constatou-se que a maior parte dos entrevistados apontaram a questão hábito como o principal motivo que leva a escolha dos tipos de cobertura predominantes na Cidade de Quelimane. Este aspecto, foi apontado por cerca de 8 indivíduos que representam 32.0%, em segundo lugar, foi apontada a questão referente a falta de recursos financeiros para fazer coberturas usando material mais duradouro como por exemplo as telhas e o betão armado. Este factor foi apontado por cerca de 6 indivíduos que equivalem a 24.0%. De salientar que, esta resposta foi dada por aqueles que as coberturas foram feitas utilizando chapas de zinco onduladas e folhas de coqueiro/Nhoca. Apontou-se também a questão do gosto pela planta (5 indivíduos equivalente a 20.0%), ou seja pelo material usado na cobertura onde uns olham as chapas IBR e as telhas como sendo resistentes e belas quando utilizadas nas coberturas. Outro grupo de entrevistados constituídos por cerca de 4 indivíduos equivalentes a 16.0% referiu que desconhecem outros tipos de coberturas ou seja, as coberturas abóbadas de tijolos ecológicos e como tal, utilizam apenas as que são vulgares na cidade de Quelimane assim como no país. Finalmente, 2 dos entrevistados afirmaram que a facilidade de aquisição do material é o motivo principal que está por detrás do tipo de cobertura das suas casas assim como do material usado. Quando questionado os vendedores de materiais de construção sobre tudo qual era o material mais aderido para as coberturas das habitações dos citadinos da cidade de Quelimane (pergunta nr◦. 3 do apêndice II), estes responderam de acordo com os dados da tabela que segue. 27 Tabela 8: Material de cobertura mais aderido pelos citadinos da cidade de Quelimane durante o ano de 2018 Material aderido Nr. de pessoas Percentagem Percentagem Válida Percentagem Acumulada Ferro e cimento 29 19.3% 19.3% 19.3% Chapas de zinco IBR 45 30.0% 30.0% 49.3% Chapas de zinco onduladas 69 46.0% 46.0% 95.3% Fibrocimento 7 4.7 4.7 100% Telhas 0 0.0% 0.0% Total 150 100.0% 100.0% Fonte: Adaptado pelo autor (2018) Com base nos dados apresentados na tabela acima é possível constatar que há uma variação no que diz respeito ao material mais aderido pelos cidadãos da cidade de Quelimane. Neste contexto, os comerciantes de material de construção/cobertura indicaram as chapas de zinco onduladas como sendo o material que foi mais aderido principalmente durante o ano de 2018, sendo que, cerca de 69 dos seus clientes o que equivale a 46.0% compraram este material. Outro material também muito aderido foram as chapas de zinco IBR que durante o referido ano, 45 cidadãos o que equivale a 30.0% do total dos seus clientes do ano de 2018, compraram este material para as suas coberturas. O betão armado ficou em terceiro lugar como um do material mais aderido durante o ano de 2018 sendo que, cerca de 29 cidadãos que equivalem a 19.3% do total dos clientes e por fim temos o fibrocimento como o que foi menos aderido com cerca de 4.7%. Do material vendido nas lojas destes comerciantes, apesar das telhas ser vendido em pequenas quantidades, durante o ano de 2018 não foi comprado pelos cidadãos da cidade de Quelimane. Tabela 9: Opinião dos entrevistados em relação as coberturas abóbadas Opinião Frequência Percentagem Percentagem Válida Percentagem Acumulada Inovador 17 68.0% 68.0% 68.0% Desconhecem 8 32.0% 32.0% 100% Total 25 100.0% 100.0% Fonte: Adaptado pelo autor (2018) A tabela acima demonstra as opiniões dos nossos entrevistados em relação as coberturas abóbadas. De acordo com os dados ilustrados na referida tabela, cerca de 17 indivíduos o que equivale a 68.0% defenderam que é uma técnica inovadora e que seria 28 óptimo se começa-se a ser utilizada na nossa cidade além de mais, daria uma nova imagem ao panorama arquitectónico da nossa cidade. Outro grupo de entrevistados que foi constituído por 8 indivíduos equivalentes a 32.0% afirmou que desconhecem esta técnica. Feita a última questão dos 4 apêndices, o mesmo grupo constituído por 17 indivíduos que representa 68.0% da amostra e que na questão anterior disse que era uma técnica inovadora, referiu aqui que, o uso de tijolos ecológicos nas coberturas abóbadas seria económico tendo em conta a crescente procura de materiais de construção/cobertura acompanhada pela escassez de recursos financeiros. O segundo grupo dos entrevistados constituídos por 8 indivíduos o que equivale a 32.0% argumentou que, a utilização dos tijolos ecológicos nas coberturas não é eficaz tendo em conta a sua vida útil que não é muito longa. 29 Capítulo V 5. Análise dos resultados Dos dados apresentados no capítulo anterior constatou-se que, no que se refere as idades dos indivíduos que participaram na pesquisa, todos eles eram maiores de 18 anos sendo que, a idade mínima foi de 18 anos de idade e a idade máxima foi de 42 anos de idade. Em relação a sua morada, constatou-se que todos eles são residentes da área onde se desenvolveu a pesquisa, ou seja, na cidade de Quelimane mas, em zonas residenciais bem distintas, o que tornou a pesquisa mais abrangente. Com vista a se obter dados mais fidedignos, a pesquisa envolveu cidadãos de diversas categorias profissionais como tal, a tabela 1 mostra tal divergência no que se refere as profissões dos nossos entrevistados, sendo que, foram envolvidos na mesma, Engenheiros de construção civil, professores, comerciantes, estudantes, médicos, pedreiros, carpinteiros e motoristas. No que se refere a definição do conceito de cobertura a pesquisa revelou que a maior parte dos nossos entrevistados tinham noção do mesmo e para os mesmos, por cobertura entende-se como sendo todo o conjunto de elementos que tem a função de proteger um edifício da acção do clima e dos seus agentes (calor, humidade, poeiras, raios solares, precipitação, etc.). Este conceito, entra em concordância com um dos conceitos dados pelos autores consultados e que foi apresentado no capítulo II, que segundo o qual, a cobertura é um sistema ou, todo o conjunto de elementos que tem a função de proteger uma edificação contraa acção das intempéries, tais como chuva, vento, raios solares, neve e também impedir a penetração de poeiras e ruídos no seu interior (MOLITERNO, 1981). A pesquisa revelou com base na tabela 5 que todas as residências observadas tem coberturas planas onde o material mais utilizado são as chapas de zinco com 32.0%, seguido de betão armado e fibrocimento com 20.0% para cada e posteriormente as telhas com 16.0% e folhas de coqueiro/Nhoca constituído por 12.0%. Ainda com base nesta pesquisa, foi revelado a partir dos dados da tabela 6 que na cidade de Quelimane apenas fazem-se as coberturas planas e as mesmas ocupam um total de 100% do total das coberturas mencionadas pelos entrevistados (engenheiros de 30 construção civil). Deste universo, o material mais usado são as chapas IBR que ocupam primeiro lugar com cerca de 39 coberturas que fazem um total de 37.9% seguido de, betão armado com cerca de 25 coberturas equivalente a 24.3%. Depois destes materiais está as fibrocimentos (17.5%) e telhas cerâmicas (13.5%) e finalmente as chapas de zinco onduladas. Portanto, a partir destes dados, foi possível constatar que, na cidade de Quelimane não se fazem coberturas encurvadas ou seja, coberturas abóbadas não só, mas também não se utiliza o tijolo ecológico como material de cobertura. Esta pesquisa revelou também que o hábito é o principal motivo que leva a escolha dos tipos de cobertura predominantes na Cidade de Quelimane, pois, um total de 32.0% dos nossos entrevistados apontaram este aspecto, em segundo lugar, a falta de recursos financeiros para fazer coberturas usando material mais duradouro como por exemplo as telhas e o betão armado. Este factor foi apontado por cerca de 6 indivíduos que equivalem a 24.0%. De salientar que, esta resposta foi dada por aqueles que as coberturas foram feitas utilizando chapas de zinco onduladas e folhas de coqueiro/Nhoca. Foi dito também que o gosto pela planta motiva na escolha do tipo de cobertura usada pelos cidadãos da cidade de Quelimane não só, mas também o desconhecimento de outros tipos de coberturas motiva na escolha dos tipos e dos materiais utilizado. A partir da tabela 8, foi visto que, dentre o material utilizado nas coberturas das habitações dos cidadãos da cidade de Quelimane as chapas de zinco onduladas constituem o material mais aderido, sendo que, durante o ano de 2018, cerca de 69 dos seus clientes o que equivale a 46.0% compraram este material. A pesquisa revelou também que outro material muito aderido é as chapas de zinco IBR que durante o referido ano, 45 cidadãos o que equivale a 30.0% do total dos seus clientes do ano de 2018, compraram este material para as suas coberturas. O betão armado ficou em terceiro lugar como um do material mais aderido durante o ano de 2018 sendo que, cerca de 29 cidadãos que equivalem a 19.3% do total dos clientes e por fim temos o fibrocimento como o que foi menos aderido com cerca de 4.7%. No que se refere há coberturas abóbadas de tijolos ecológicos constatou-se que esta é uma técnica inovadora e que seria muito útil se fosse introduzida na nossa cidade o que, daria uma nova imagem as nossas habitações. 31 Quanto a utilização de tijolo ecológico neste tipo de cobertura, a pesquisa revelou que é uma material muito fácil de obter e trabalhar e com isso facilitaria a vida dos cidadãos tendo em conta os custos do material de construção que cada vez mais estão a subir e ainda, que a maior parte dos cidadãos residentes na cidade de Quelimane são de baixa renda. Estes factos, coadjuvadas as vantagens apresentadas por (NEVES E FARIA, 2011) onde referem que as coberturas abóbada de tijolos ecológicos apresentar uma distribuição de cargas diferente da estrutura em betão armado e de chapas, o edifício em cobertura abóbada de tijolos ecológicos, apresenta uma grande redução no consumo de argamassa e uma diminuição significativa na quantidade de aço como o betão, sendo assim aferir que o critério económico não é o único a ser levado em consideração. Outros factores também devem ser considerados, como: oferta de mão-de-obra qualificada, relacionamento com fornecedores, disponibilidade de materiais próximos ao local da obra, entre outros. Além disso, a produção de tijolos de cerâmicos em Moçambique poderá atender alta demanda por fácil produção, diferente de betão armado que não está conseguindo atender à alta demanda, o que vêem gerando aumento de prazos de entrega e atrasos de obra. Portanto, o mesmo autor faz menção de outras vantagens nesta técnica de cobertura, como: Fácil de fabricar, secar e empilhar. Material com considerável capacidade isolante devido a sua porosidade. Permite a diversidade de formas e dimensões. É 100% reciclável. Não requer mão-de-obra especializada e o equipamento artesanal (molde) é muito económico. Pode ser usado para construir paredes, arcos, abóbadas e cúpulas. A matéria-prima é abundante. 32 Capítulo VI 6. Conclusão Visando responder a principal causa da indagação da presente pesquisa que se preocupava porque é que não se usam coberturas abóbadas de tijolos ecológicos nos edifícios da cidade de Quelimane? A partir desta questão, foram elaborados um conjunto de perguntas de pesquisa assim como um grupo de objectivos desde o geral até os específicos. Foram adoptadas técnicas e caminhos apropriados que levassem a resposta a questão aqui levantada assim como o alcance dos objectivos definidos. Foi visto também que as coberturas da cidade de Quelimane são todas planas e que, a maioria delas utilizam as chapas de zinco entre as onduladas e IBR como material para cobrir. Mas também, constatou-se que as coberturas da cidade de Quelimane são feitas de betão armado, telhas, e folhas de coqueiro/Nhoca. Este facto, torna este material como sendo uma óptima alternativa para contornar os elevados custos dos materiais utilizados nas coberturas além de mais, a introdução de coberturas encurvadas, ou seja, abóbadas para além de não necessitarem de avultados valores monetários trariam também uma nova imagem ao panorama arquitectónico da cidade de Quelimane garantindo também, uma vida útil mais longa aos edifícios não só, mas também, dando aos seus utentes mais conforto do que é dado em outros tipos de coberturas cujo material utilizado são as chapas de zinco. Há que também ressaltar o facto de que, as coberturas abóbada de tijolos ecológicos apresentam uma distribuição de cargas diferente da estrutura em betão armado e de chapas, o edifício em cobertura abóbada de tijolos ecológicos, apresenta uma grande redução no consumo de argamassa e uma diminuição significativa na quantidade de aço como o betão, sendo assim aferir que o critério económico não é o único a ser levado em consideração. 33 6.1. Sugestão Dada a pesquisa coadjuvada pelos resultados obtidos assim como, as conclusões tiradas, sugere-se aos arquitectos e aos engenheiros de construção civil que olhando para as vantagens das coberturas abóbadas de tijolos ecológicos comecem-se projectar plantas cujas coberturas tenham as formas abóbadas. Que se realizem feiras de arquitectura com vista a divulgar este tipo de plantas como forma de se conhecer cada vez mais pelos cidadãos não apenas os profissionais da área de construção civil, mas também, os cidadãos em comum. Que se comece a divulgar as vantagens do uso do adobe como material não apenas de construção mas também de cobertura. Tendo em conta a abundância de solos argilosos na cidade de Quelimane e arredores se massifique o fabrico de tijolos ecológicos para uso próprio ou mesmo para venda mas que, esta venda seja feita a preços muito abaixo dos preços do mercado no que se refere a outros materiais de construção o que garantiriam a sua aquisição pelos cidadãos de baixa renda. Que se massifique
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